Vencendo as batalhas da mente

 

Baseado em personagens bíblicos e comentários de Wesley

 

Odilon Massolar Chaves

 

 

===============================

  

===============================

 

 

Copyright © 2025, Odilon Massolar Chaves 

Todos os direitos reservados ao autor. 

É permitido ler, copiar e compartilhar gratuitamente

Art. 184 do Código Penal e Lei 96710 de 19 de fevereiro de 1998. 

Livros publicados na Biblioteca Digital Wesleyana: 654

Livros publicados pelo autor: 704

Capa:https://pt.123rf.com//photo_112779140_mulher-mão-levantada-segurando-medalha-ouro-contra-céu-prêmio-e-vitória-conceito.html

Toda gloria a Deus!

Odilon Massolar Chaves é pastor metodista aposentado, doutor em Teologia e História pela Universidade Metodista de São Paulo.

Sua tese tratou sobre o avivamento metodista na Inglaterra no século XVIII e a sua contribuição como paradigma para nossos dias.

Foi editor do jornal oficial metodista e coordenador de Curso de Teologia.

Declaração de direitos autorais: Esses arquivos são de domínio público e são derivados de uma edição eletrônica que está disponível no site da Biblioteca Etérea dos Clássicos Cristãos.

Rio de Janeiro – Brasil

 

===============================

  A menos que você enfrente e enfraqueça os seus próprios inimigos internos, os quais chamamos de sabotadores, estes vão fazer de tudo para pilhar qualquer melhoria que você consiga alcançar”.[1]

 ===============================


Índice

 

·       Introdução

·       Derrubando as muralhas na vida de Zaqueu

·       Vencendo as batalhas na mente

·       Transformando a esterilidade em bênção

·       Como vencer diversas batalhas

·       O poder de Deus e a limitação humana

·       Resgatando a identidade perdida

 

 ===============================

 

Introdução

 

“Vencendo as batalhas da mente” é um livro de 34 páginas baseado em personagens bíblicos e nos comentários de Wesley.

Há uma luta constante entre a carne e o espírito. Na mente é que há o grande campo de batalha.

Wesley disse que temos dois inimigos: o diabo (externo) e a carne (interno). Um dos maiores antídotos é a santidade.

A santidade é simbolizada pela couraça do amor que nos protege.


“A ‘couraça do amor’ refere-se a uma metáfora da Bíblia, especificamente em 1 Tessalonicenses 5:8, onde o apóstolo Paulo instrui os crentes a vestirem-se da armadura espiritual para a batalha espiritual. Nesse contexto, a couraça da fé e do amor simboliza a proteção do coração contra ataques espirituais, enquanto o capacete da esperança da salvação protege a mente”.

Estudos e exemplos bíblicos que nos ajudam a tomar as devidas providências e cuidados para sermos vencedores.

 

O Autor

  

Derrubando as muralhas na vida de Zaqueu

 

O Antigo Testamento narra a conquista da terra prometida e a queda dos muros de Jericó.

Muitos séculos depois, um homem de Jericó precisou também derrubar muralhas para alcançar a sua vitória.

Zaqueu era um homem carregava sobre si a acusação de traidor e ladrão pelo povo porque sendo chefe de coletor de impostos trabalhava para os romanos, que explorava o povo de Israel.

João Wesley comentou: “O chefe dos publicanos - O que chamaríamos de comissário da alfândega. Um lugar muito honrado e lucrativo”.[2]

Tudo isso trazia baixa autoestima, culpa e um sentimento de rejeição.

Zaqueu precisava de paz e salvação.

Zaqueu precisava de Jesus.

Mas seus sentimentos de rejeição e sentimento de pecador eram muralhas para ele chegar até Jesus e pedir o perdão dos pecados, a cura da sua alma  e a paz para seu coração.

Jesus iria passar por Jericó e Zaqueu viu nisso uma grande oportunidade, mas havia algumas muralhas que impediam o acesso de Zaqueu até Jesus. Elas precisavam ser derrubadas mais uma vez.

Primeira muralha: Zaqueu venceu a muralha da baixa estatura subindo numa árvore

Zaqueu tomou uma atitude corajosa e humilde subindo em uma árvore.

“Ele queria ver quem era Jesus, mas, sendo de pequena estatura, não o conseguia, por causa da multidão.  Assim, correu adiante e subiu numa figueira brava para vê-lo, pois Jesus ia passar por ali”. Lucas 19.3-4.

Sem atitudes não venceremos.

Segunda muralha: Zaqueu venceu a muralha da distância de Jesus pelo Seu olhar cheio de amor

“Quando Jesus chegou àquele lugar, olhou para cima” Lucas 19.5.

O grande amor em Jesus o despertou para olhar para Zaqueu.

Há um cântico antigo que diz: “Seu maravilhoso olhar transformou meu ser, todo meu viver”.

Terceira muralha: Zaqueu venceu a muralha de ser um na multidão porque Jesus percebeu o interesse de Zaqueu

Jesus não é indiferente às nossas atitudes.

Jesus vendo isso lhe disse: "Zaqueu, desça depressa. Quero ficar em sua casa hoje". Lucas 19.5.

João Wesley disse: “Jesus disse: Zaqueu, desce depressa - Que estranha mistura de paixões Zaqueu deve ter sentido agora, ao ouvir alguém falar, como conhecedor de seu nome e de seu coração!”.[3]

Tudo que você faz com fé são sementes lançadas que um dia irão nascer e dar frutos.

Quarta muralha: Zaqueu venceu a muralha do medo de ser rejeitado e agredido pelas pessoas e agiu rapidamente

Era a sua chance tão esperada. Jesus o chamava pelo nome. “Então ele desceu rapidamente...”. Lucas 19.6.

Rapidamente mostra a urgência de sua necessidade e a sua grande alegria.

Quinta muralha: Zaqueu venceu a muralha da desconfiança e insegurança e abriu seu coração

Temos o livre arbítrio...

Zaqueu poderia ter fechado seu coração pelo medo de ser rejeitado, pela culpa, sentimento de pecado e vergonha.

A Bíblia diz que Zaqueu e “o recebeu com alegria”. Lucas 19.6. Isto é, com o coração aberto.

Sexta muralha: Zaqueu venceu às muralhas das murmurações e acusações

“Todo o povo viu isso e começou a murmurar: ‘Ele se hospedou na casa de um ‘pecador’ ".Lucas 19.7.

Isso poderia ser um obstáculo para ele abrir sua casa para Jesus com tantas pessoas mal-encaradas e fazendo acusações.

Zaqueu passou por cima disso tudo porque tinha a grande oportunidade de refazer a sua vida e de ter paz.

Sétima muralha: Zaqueu venceu às muralhas da acusação de ser pecador

Zaqueu era reconhecido pelo povo como pecador. Ele disse: “se de alguém extorqui”.

“Mas Zaqueu levantou-se e disse ao Senhor: "Olha, Senhor! Estou dando a metade dos meus bens aos pobres; e se de alguém extorqui alguma coisa, devolverei quatro vezes mais". Lucas 19.8.

João Wesley comentou: “E Zaqueu se levantou - mostrando por sua postura, seu propósito deliberado e mente pronta, e disse: Eis, Senhor, eu dou - eu decido fazê-lo imediatamente”.[4]

Zaqueu aplicou o chamado "princípio da restituição", um princípio amplamente abordado ao longo das Escrituras (Êx 22.4-9; Lv 6.5; Ez 33.14,15; etc).  Aquele que furtou ou defraudou outrem tem a obrigação de devolver o que tomou como parte dos frutos do arrependimento.[5]

“Se alguém furtar um boi ou ovelha, e o degolar ou vender, por um boi pagará cinco bois, e pela ovelha quatro ovelhas"(Êxodo 22.1).

Como resultado de tudo isso:

Jesus lhe disse: "Hoje houve salvação nesta casa! Porque este homem também é filho de Abraão. Pois o Filho do homem veio buscar e salvar o que estava perdido". Lucas 19.9-10.

João Wesley comentou: “E Jesus disse-lhe: Este dia a salvação veio a esta casa, porque também ele é filho de Abraão.

Ele também é filho de Abraão - um judeu nascido e, como tal, tem direito à primeira oferta de salvação”.[6]

 

 

Vencendo as batalhas na mente

 

Texto Base: Jz 6.11-14

Sabotagem é a danificação propositada de estradas, meios de transporte, instalações industriais, militares etc., para a interrupção dos serviços. Sua origem vem da França, onde a palavra “sabot” quer dizer tamanco e antigamente, os operários trabalhavam usando tamancos.

Nos protestos contra o patrão, eles jogavam os tamancos sobre as máquinas para danificá-las, daí o termo ficou conhecido com o seu significado atual.

O seu maior inimigo pode ser você mesmo: Autos sabotagem

Autos sabotagem ocorre quando criamos obstáculos e empecilhos para a realização das nossas tarefas, objetivos, metas e até mesmo nossos sonhos. Isso gera grandes atrasos em nossas vidas nas mais diversas áreas.

Como vencer a autos sabotagem

1. Identifique os sabotadores dentro de você

- O crítico - critica a si mesmo e os outros;
- Perfeccionista - nunca está bom;
- Ansioso - quer sempre coisas novas;
- Esquivo - joga tudo para depois, inventa desculpas para não fazer;
- Vítima - acha que agem contra ele, quer que todos tenham pena dele;
- Baixa auto estima - “não vou conseguir”.

2. Enfrente os sabotadores. Decida vencê-los

A menos que você enfrente e enfraqueça os seus próprios inimigos internos, os quais chamamos de sabotadores, estes vão fazer de tudo para pilhar qualquer melhoria que você consiga alcançar”.[7]

3. Os sabotadores mentem. Procure ouvir só a verdade, os propósitos de Deus na Bíblia para sua vida

Anjo disse para Gideão: “O Senhor é contigo homem valente” (Jz 6.12).

Wesley comentou: “E o anjo do Senhor apareceu-lhe e disse-lhe: O Senhor é contigo, homem valente.

Está contigo - Isto é, te ajudará contra teus inimigos.

Homem de valor - A quem dei força e coragem para este fim”.[8]

Mas o autossabotador não reconhece a si como um valente: “Se o Senhor é conosco, porque nos sobreveio tudo isto?”  (Jz 6.13).

4. Reconheça suas potencialidades: você foi feito à imagem de Deus

O anjo sabendo disso insistiu: “Vai nesta sua força e livra Israel da mão dos midianitas” (Jz 6.14).

Wesley comenta: “Não te enviei - por meio deste, dou-te o comando e a comissão para este trabalho. Deus prepara os homens para sua obra, é uma evidência segura de que ele os chamou para isso.[9]

5. O autos sabotador insiste em colocar dificuldades e dúvidas

“Eis que a minha família é a mais pobre em Manassés, e eu, o menor na casa de meu pai” (Jz 6.15).

João Wesley comentou: “É pobre - Ou seja, fraco e desprezível.

O mínimo - seja pela idade, seja pela aptidão para um trabalho tão grande”.[10]

6. Acredite que pode. Deixa Deus te usar

“O anjo insistiu para derrotar o sabotador: “Já que eu estou contigo, ferirás os midianitas como se fossem um só homem” (Jz 6.16).

Wesley diz: “Como um homem - tão facilmente, como se fossem todos menos um homem”.[11]

7. Deseje mudar seus pensamentos

A insistência do anjo começa enfraquecer o sabotador e a trazer resultados: “Se, agora, achei mercê diante dos teus olhos, dá-me um sinal de que és tu, Senhor, que me faças” (Jz 6.17).

8. Reconheça que Deus pode te falar e que você tem valor

Quando isso acontecer é que o sabotador está fraco ou já derrotado. “Viu Gideão que era o anjo do Senhor” (Jz 6.22).

9. Não deixe o sabotador voltar

“Viu Gideão que era o anjo do Senhor e disse: Ai de mim, Senhor Deus! Pois vi o Anjo do Senhor face a face” (Jz 6.22).

10. Entenda que só o Senhor pode derrotar plenamente o sabotador. Peça ao Espírito Santo para lhe revestir.

“Porem o Senhor lhe disse: Paz seja contigo! Não temas! Não morrerás” (Jz 6.23). 

Wesley disse: “A paz seja contigo - Não receberás nenhum dano por esta visão; mas apenas paz, isto é, todas as bênçãos necessárias para tua própria felicidade e para o presente trabalho.”[12]

“Então, o Espírito do Senhor revestiu a Gideão” (Jz 6.34).

Wesley explicou: “O espírito veio - inspirando-o com extraordinária sabedoria, coragem e zelo para vindicar a honra de Deus e a liberdade de seu país. O hebraico é, O Espírito do Senhor vestiu Gideão; vestiu-o como um manto, para honrá-lo; vestiu-o como uma cota de malha para colocar uma defesa sobre ele. Aqueles que estão bem vestidos são assim vestidos”.[13]

E Gideão “fez como o Senhor lhe dissera” (Jz 6.27).

 

  

Transformando a esterilidade em bênção

 

Texto base: 1Sm 1.20

A história de Ana é a história de muitas pessoas. Ela se casou e depois viu que era estéril. Ficou com isso frustrada. Nós também temos sonhos, mas por causa das lutas parece que eles nunca irão se realizar. Tudo parece um deserto e espinhoso e ficamos paralisados quando chegamos ao nosso limite.  Achamos até que Deus não nos ama.

Às vezes, desenvolvemos um ressentimento contra Deus e as barreiras tornam-se maiores ainda.  Às vezes estamos querendo pela mente realizar nossos sonhos, mas é no nosso espírito, no homem interior que o sobrenatural acontece.

Deus deseja a felicidade de todos. Temos que ter essa perspectiva e descobrir as raízes que nos atrapalham e o que precisamos fazer para sermos felizes. Depois basta ter a fé de ousadia e a perseverança. A história de Ana nos ajuda a seguir os passos para a bênção:

Não desista de seus sonhos só por causa dos problemas que surgem

Na nossa vida sempre teremos oposição ou lutas. As provas fazem parte do processo de nosso crescimento espiritual. Lembre-se de José do Egito. Como Ana, às vezes, sofremos críticas ou oposição. De uma forma bem consciente: “E a sua competidora excessivamente a irritava para a irritar” (1Sm 1.6) ou de uma forma equivocada: “E disse-lhe Eli: Até quando estarás tu embriagada? Aparta de ti o teu vinho” (1Sm 1.14).

Não deixe que os problemas emocionais fiquem sem solução

Os problemas emocionais atingem todo nosso ser. São entulhos no caminho dos nossos sonhos.   Ana sofria e acumulava males dentro de si: "E assim o fazia ele de ano em ano; quando ela subia à Casa do SENHOR, assim a outra a irritava; pelo que chorava e não comia" (1Sm 1.7).

Ana não conseguia ter filhos e sentia por causa de seu sonho fracassado:

Ela chorava e não comia" (1Sm 1.7); tinha amargura de alma (1Sm 1.10); era  atribulada de espírito (1Sm 1.15); vivia em ansiedade e desgosto” (1Sm 1.16), etc.

Enquanto não resolvermos nossos problemas emocionais não teremos plena alegria na vida. Era assim com Ana

Mesmo o marido de Ana cuidando dela:  Ana se sentia rejeitada por Deus porque não tinha filhos e ainda se sentia mal porque sua rival sempre a magoava (1Sm 1.5-6).

Para sermos curados e restaurados precisamos abrir nosso coração e derramar nossa alma perante o Senhor

Sobre Ana a Bíblia diz: “tenho derramado a minha alma perante o Senhor" (1Sm 2.15).  Precisamos chorar aos pés do Senhor. Jogar todo lixo do nosso interior nas mãos do Senhor. O sangue de Jesus nos purifica de todo pecado. Seu Espírito derrama o amor em nossos corações.

A chave para abrir as portas do mundo espiritual é dando de todo o coração o que temos de mais precioso para Deus

Ana “fez um voto, dizendo: SENHOR dos Exércitos! Se benignamente atentares para a aflição da tua serva, e de mim te lembrares, e da tua serva te não esqueceres, mas à tua serva deres um filho varão, ao SENHOR o darei por  todos os dias da sua vida, e sobre a sua cabeça não passará navalha” (1Sm 1.11).

Wesley comentou: “Dê a ele - isto é, consagre-o ao serviço de Deus em seu templo.

Sem navalha - isto é, ele será um nazireu perpétuo”.[14]

Quando entregarmos tudo nas mãos do Senhor devemos passar a glorificá-lo  e deixar que o Espírito gere vida e o Senhor traga à existência aquilo que ainda não existe:

“E levantaram-se de madrugada, e adoraram perante o SENHOR, e voltaram, e vieram à sua casa, a Rama” (1Sm 1.19).  Ana passou a louvar ao Senhor: "Meu coração exulta no SENHOR; no SENHOR minha força é exaltada. Minha boca se exalta sobre os meus inimigos, pois me alegro em tua libertação" (1Sm 2.1).

Quando agimos por fé e de acordo com a vontade do Senhor, Ele age em nossas vidas.  “E sucedeu que, passado algum tempo, Ana concebeu, e teve um filho, e chamou o seu nome Samuel, porque, dizia ela, o tenho pedido ao SENHOR” (1Sm 1.20).

A história de Ana é a história de muitos de nós. Temos nossos sonhos, mas passamos por lutas imensas.  A história de Ana nos mostra que é possível tornar sonhos em realidade.

Samuel foi profeta e o último juiz de Israel. Ele liderou Israel como sacerdote.

Para refletir: Você luta pelos seus sonhos com fé e perseverança?

 

Como vencer diversas batalhas

 

Vencer uma batalha não é fácil! Imagine, então, vencer diversas batalhas uma atrás da outra.

Foi o que fez Davi. Ele era apenas um moco.

Certamente, Davi viveu num lar onde a Palavra do Senhor era ministrada. Isso é fundamental. Ele aprendeu também desde cedo a trabalhar e a ir para a batalha. Mas foi ainda algo, além disso, que fez a grande diferença em sua vida.

Conhecemos bem a batalha de Davi contra Golias (1Sm 17.41-58), mas nem todos conhecem as batalhas que Davi enfrentou antes de enfrentar Golias.

Não são batalhas diferentes das que nós enfrentamos também nos dias de hoje.

1. Batalha contra um espírito maligno

Saul andava atormentado por um espírito maligno (1Sm 16.14) e procurou alguém que soubesse tocar harpa para que ele se sentisse melhor.

Davi foi essa pessoa. Saul gostou dele e o fez seu escudeiro (1Sm 16.21).

E sucedia que, quando “Davi tomava a harpa e a dedilhava; então, Saul sentia alívio e se achava melhor, e o espírito maligno se retirava dele” (1Sm 16.23).

Davi enfrentou o inimigo e o venceu!

2. Batalha com seu irmão

Jessé, pai de Davi, pediu que ele fosse até seus irmãos que estavam na batalha contra o exército filisteu e Golias, para ver se eles estavam bem. Davi cumpriu fielmente a determinação do pai (1Sm 17.17-22).

Mas depois soube que o rei iria recompensar ao que vencesse Golias e começou a perguntar a cada um se era isso mesmo. Foi quando seu irmão Eliabe começou a acusá-lo de irresponsável e atacou seu caráter: “Bem conheço a tua presunção e a tua maldade” (1Sm 17.28).

Wesley comentou: “Quão infundados são seus ciúmes, quão injustas suas censuras, quão injustas são suas representações? Deus nos proteja de tal espírito!”[15]

Davi não se abalou e a Bíblia diz que “desviou-se dele para outro...” (1Sm 17.30).

3. Batalha contra uma autoridade

Sabendo das palavras de Davi, o rei Saul mandou chamá-lo, e ele foi logo dizendo que iria pelejar contra o filisteu (1Sm 17.31-32).

A palavra do rei para Davi foi de desmerecimento: “Contra o filisteu não poderás ir para pelejar com ele; pois tu és ainda moço, e ele, guerreiro desde a sua mocidade” (1Sm 17.33).

“Não poderás ir”. Uma frase que hoje faz muitos se sentirem derrotados, desmerecidos e desmotivados.

Uma palavra vinda de uma grande autoridade tem mais peso ainda. Algumas pessoas ficam inibidas diante delas. Nem conseguem falar.

Davi convenceu o rei quando falou de sua experiência ao vencer o leão e o urso (1Sm 17.34-37) e mais ainda pela demonstração de sua fé no Senhor.

4. Batalha contra o formato

Com boa intenção, o rei quis que Davi vestisse sua armadura para enfrentar Golias, mas Davi não conseguiu nem andar com ela (1Sm 17.38-40).

Ele pegou, então, as suas próprias armas bem simples, mas eram as armas e o formato que ele conhecia bem. Seu cajado, sua funda e cinco pedras.

Utilizar armas de outros pode não dar certo. Utilizar a forma de outro ministrar, pode não dar certo. Deus é criativo e conhece a capacidade de cada um. Por isso, Ele concede dons e talentos diferentes e dá estratégia particular a cada um.

5. Batalha contra a baixa autoestima

Quando Golias viu Davi, o desprezou (1Sm 17. 42), e, pelos seus deuses, ainda amaldiçoou a Davi (1Sm 17.43).

Esta é uma estratégia que algumas pessoas utilizam para enfraquecer o adversário. Procura retirar sua força pelo olhar negativo fulminante e “mexendo os pauzinhos espirituais”.

Se a pessoa é frágil, sem estrutura, já é um derrotado antes mesmo da real batalha.

6. Batalha contra os medos

Como última tentativa, Golias disse: “Vem a mim, e darei a tua carne às aves do céu e às bestas-feras do campo” (1Sm 17.44).

Ele lançou medos sobre Davi. O medo paralisa, enfraquece, trava. Muitos não conseguem ir em frente por causa de medos, alguns imaginários.

Por isso, Golias lançou medo sobre Davi. Imagine um vozeirão de um gigante de quase 3,10 metros de altura (7 covados = 45 cm).[16]

Nada disso, porém, intimidou Davi.

Davi estava bem alicerçado, firme, convicto, inabalável.

Ele disse: “Hoje mesmo o Senhor te entregará nas minhas mãos” (1Sm 17.46).

Foi o que aconteceu!

Vitória histórica, libertadora de Davi livrando o povo de Deus da opressão dos filisteus.

Conclusão

Antes de começar sua série de vitórias, Davi havia sido ungido por Samuel e o “Espírito do Senhor se apossou de Davi” (1Sm 16.13).

Do Espírito do Senhor vinha toda sua força, fé, coragem e determinação.

Jesus, antes de começar seu vitorioso ministério e vencer o diabo logo no início, no deserto, Ele também foi ungido pelo Espírito Santo: “e viu o Espírito de Deus descer como pomba, sobre ele” (Mt 3.16).

Outra comparação entre Davi e Jesus é que houve derramar de sangue na luta entre Davi e Golias. Davi cortou a cabeça de Golias (1Sm 17.51).

Na cruz, também houve derramamento de sangue. A diferença é que Jesus derramou seu próprio sangue derrotando o inimigo na cruz do calvário. Foi assim que Ele cortou a cabeça de Satanás.

A Bíblia diz: “e, despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz” (Cl 2.15).

A vitória de Davi livrou o povo de Israel do jugo dos filisteus. Mas a vitória de Jesus na cruz pode livrar toda a humanidade do domínio de Satanás. A única condição é crer em Jesus como senhor e Salvador.

Duas vitórias fundamentais e direcionadas pelo Senhor. A de Davi foi para a sua época e para a Palestina. A vitória de Jesus foi para todos os tempos e para todas as nações.

 

O poder de Deus e a limitação humana

 

Texto base: 1 Reis 19.1-8

Os pastores e pastoras vivem entre as possibilidades imensas do poder de Deus e as nossas limitações humanas.

Às vezes, estamos num Monte da Transfiguração vendo o poder de Deus. Outras vezes, somos levados para um deserto para sermos tentados.

Com a história do profeta Elias aprendemos sobre as virtudes e as limitações do ser humano.

As virtudes

A sua fidelidade, coragem e ousadia: “Então Elias, o tisbita, dos moradores de Gileade, disse a Acabe: Vive o Senhor Deus de Israel, perante cuja face estou, que nestes anos nem orvalho nem chuva haverá, senão segundo a minha palavra” (1 Reis 17.1).

A sua dependência e obediência a Deus:  “Retira-te daqui, e vai para o oriente, e esconde-te junto ao ribeiro de Querite, que está diante do Jordão. E há de ser que beberás do ribeiro; e eu tenho ordenado aos corvos que ali te sustentem” (1 Reis 17.3-4).

A sua abnegação: “Levanta-te, e vai para Sarepta, que é de Sidom, e habita ali; eis que eu ordenei ali a uma mulher viúva que te sustente. Então ele se levantou, e foi a Sarepta” (1 Reis 17.9-10).

A sua fé poderosa: “Porque assim diz o Senhor Deus de Israel: A farinha da panela não se acabará, e o azeite da botija não faltará até ao dia em que o Senhor dê chuva sobre a terra” (1 Reis 17.14).

As limitações

1. Ministrar sozinho traz esgotamento emocional e físico: “Então disse Elias: “Só eu fiquei por profeta do Senhor” (1 Reis 18.22).

Existe uma síndrome muito comum nos dias atuais que tem atingido muitos profissionais e pastores. É a síndrome de burnout. Ela ocorre como “consequência do acúmulo excessivo de estresse em trabalhadores que têm uma profissão muito competitiva ou com muita responsabilidade”.[17]

Sintomas dessa síndrome: Sentir-se cansado e sem energia quase sempre; ter dor de cabeça frequente; alterações no apetite; dificuldade para pegar no sono; ter sentimentos constantes de fracasso e insegurança; sentir-se derrotado e sem esperança; vontade de se isolar dos outros, etc.[18]

2. Elias, na crise, decidiu se isolar e desejou morrer

 

Jesabel ameaçou Elias de morte e ele fugiu em vez de procurar apoio e Deus: “O que vendo ele, se levantou e, para escapar com vida, se foi, e chegando a Berseba, que é de Judá, deixou ali o seu servo. Ele, porém, foi ao deserto,

caminho de um dia, e foi sentar-se debaixo de um zimbro; e pediu para si a morte” (1 Reis 19.3-4).

Sozinhos vamos ter apenas os pensamentos negativos dirigindo nossa vida.

Aprendemos na história de Elias

1. Devemos buscar os que são do Senhor que estão em crises

“E deitou-se, e dormiu debaixo do zimbro; e eis que então um anjo o tocou, e lhe disse: Levanta-te, come. E olhou, e eis que à sua cabeceira estava um pão cozido sobre as brasas, e uma botija de água; e comeu, e bebeu, e tornou a deitar-se. E o anjo do Senhor tornou segunda vez, e o tocou, e disse: Levanta-te e come, porque te será muito longo o caminho” (1 Reis 19.5-7).

Wesley disse: “E foi - Ele vagou para cá e para lá por quarenta dias, 'até que finalmente ele chegou a Horebe, que na estrada direta não tinha mais de três ou quatro dias de jornada. Para lá o espírito do Senhor o conduziu, provavelmente além de sua própria intenção, para que pudesse ter comunhão com Deus, no mesmo lugar que Moisés teve”.[19]

Uma palavra de ânimo, um cole d’água, um abraço, uma oração inicia o processo de cura.

2. Em uma geração, não somos os únicos que estão santificados.

Elias disse: “Só eu fiquei” (1 Reis 19.14). Mas o Senhor lhe disse: “Também deixei ficar em Israel sete mil: todos os joelhos que não se dobraram a Baal, e toda a boca que não o beijou” (1 Reis 19.18).

Wesley disse: “Eu saí - Ou, eu reservei para mim mesmo; Eu evitei o contágio comum: portanto, você está enganado ao pensar que foi deixado sozinho.

Sete mil - Ou, definitivamente tantos: ou melhor, indefinidamente, por muitos milhares; o número de sete sendo frequentemente usado para um grande número.”[20]

Precisamos estar juntos como Corpo de Cristo. Sozinhos adoecemos.

3. Chega o tempo em que é hora de parar ou diminuir as nossas tarefas

“E o Senhor lhe disse: Vai, volta pelo teu caminho para o deserto de Damasco; e, chegando lá, unge a Hazael rei sobre a Síria. Também a Jeú, filho de Ninsi, ungirás rei de Israel; e também a Eliseu, filho de Safate de Abel-Meolá, ungirás profeta em teu lugar” (1 Reis 19.15-16).

Não somos super-homens ou mulheres-maravilhas. A Bíblia diz que há tempo para tudo. Precisamos cuidar da saúde. Jesus, muitas vezes, deixava a multidão de lado e ia para um lugar sozinho. Precisamos viver na simplicidade, curtindo a natureza e a bela vida que Deus nos deu.

4. O Senhor tira Elias do olho do furacão e o honra

Do jeito que Elias estava, Deus sabia que ele não poderia estar no olho do furacão enfrentando Jezabel e todos os seus demônios. Olho do furacão significa estar no centro de um problema, de uma situação muito ruim, ser vítima principal de um distúrbio.

Elias já tinha cumprido o seu ministério desarticulando todo o mal em Israel. No final, o Senhor o honrou e o elevou: “E sucedeu que, indo eles andando e falando, eis que um carro de fogo, com cavalos de fogo, os separou um do outro; e Elias subiu ao céu num redemoinho” (2Reis 2.11).

Vivemos entre as possibilidades do poder de Deus e a fragilidade humana.

  

 

Resgatando a identidade perdida

 

Texto Base: Marcos 5.18-20

Vivemos em um mundo conturbado onde há grupos interessados em destruir os valores essenciais do cristianismo. Mudanças sempre são necessárias, mas precisamos conservar o que é essencial ao bem-estar da família e a dignidade humana, conforme a Bíblia ensina. Precisamos conservar nossa identidade cristã.

I - A perda da identidade

Deus nos criou com uma identidade. Fomos criados à imagem e semelhança de Deus - com marcas do caráter de Deus - amor, livre arbítrio, senso moral, liberdade e capacidade de evoluir.

O pecado original nos fez perder parte dessa identidade. Precisamos ser restaurados pela graça de Deus e fé em Jesus.

Jesus veio para resgatar o ser humano “O Espírito de Deus está sobre mim pelo que me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos” - Lc 4.18. Mas mesmo os que readquiriram a identidade de filho e filha de Deus podem perde-la de novo, se não permanecerem com o Senhor.

II - A perda da identidade hoje

Perder uma identidade não é nada bom. Ela revela quem somos. Logo precisamos obter outra, pois não podemos andar sem identidade.

Alguns perdem a identidade por causa do curso desse mundo e pelas inclinações da carne (Efésios 2.2)

Muitos perdem a identidade por estarem fora do convívio familiar ou por causa das pressões da vida e uso de drogas, etc. Diversos adolescentes têm se identificado com os traficantes. Com a impotência diante do caos da sociedade, o adolescente se identifica com a ousadia, a radicalidade e a coragem dos traficantes.

Alguns perdem a identidade pela ação das trevas

Veja o exemplo do geraseno (Mc 5.1-13):

Vivia em ambiente de morte. “Veio dos sepulcros, ao seu encontro, um homem de espírito imundo” (Mc 5.2). Sem a identidade cristã, a pessoa passa a conviver em ambientes de morte e será sem dignidade - imunda sem a luz, o amor e a paz do Senhor.

Usava de violência - “e nem mesmo com cadeias alguém podia prendê-lo porque, tendo sido muitas vezes preso com grilhões e cadeias, as cadeias foram quebradas por ele” (Mc 5.3-4).

Perdeu a noção do tempo e espaço – “Andava sempre, de noite e de dia, clamando por entre os sepulcros e pelos montes, ferindo-se com pedras” (Mc 5.5).

Tinha tormento em sua vida. A presença da Luz atormenta quem está em trevas: “Que tenho eu contigo, Jesus, Filho de Deus Altíssimo! Conjuro-te por Deus que não me atormentes!” (Mc 5.7).

Luz e trevas mão se dão.

E eis que clamavam, dizendo: Que temos nós contigo, Jesus, Filho de Deus? vieste aqui para nos atormentar antes do tempo?

Wesley comenta: O que temos nós a ver contigo - Esta é uma frase hebraica, que significa. Por que você se preocupa conosco? 2 Samuel 16:10 .[21]

Tinha perdido sua identidade: “E perguntou-lhe: qual é o teu nome? Respondeu ele: legião é o meu nome, porque somos muitos” (Mc 5.9).

Wesley diz: “Meu nome é Legião! pois somos muitos - Mas todos estes parecem ter estado sob um comandante, que, consequentemente, fala o tempo todo, tanto por eles quanto por si mesmo”.[22]

III - Como Jesus agiu e a Igreja deve agir:

Jesus resgatou o geraseno expulsando os demônios que o atormentavam (Mc 5.8): “Porque Jesus lhe dissera: Espírito imundo, sai desse homem”. A Igreja também deve exercitar a autoridade que Jesus deu para expulsar demônios.

Jesus permitiu que os demônios entrassem em porcos porque o ser humano é mais valioso (Mc 5.11-13).

Wesley diz: E havia um bom caminho longe deles um rebanho de muitos porcos pastando.

Havia uma manada de muitos porcos - que não era legal para os judeus manterem. Portanto, nosso Senhor, justa e misericordiosamente, permitiu que eles fossem destruídos.[23]

 A Igreja é chamada a libertar os cativos.

Jesus restabeleceu a identidade de filho ao que tivera legião - (Mc 5.15): “Viram o endemoninhado, o que tivera legião, assentado, vestido, em perfeito juízo”.

A Igreja existe para restaurar a dignidade, a identidade do ser humano. O sangue de Jesus purifica de todo pecado e o Espírito Santo forma o caráter cristão.

Jesus faz retornar ao convívio familiar: “Vai para tua casa, para os teus. Anuncia-lhes tudo o que o Senhor te fez e como teve compaixão de ti” (Mc 5.19).

 

 

 

 

 



[2] https://www.christianity.com/bible/commentary.php?com=wes&b=42&c=19

[3] https://www.christianity.com/bible/commentary.php?com=wes&b=42&c=19

[4] https://www.christianity.com/bible/commentary.php?com=wes&b=42&c=19

[6] https://www.christianity.com/bible/commentary.php?com=wes&b=42&c=19

[8] https://www.christianity.com/bible/commentary.php?com=wes&b=7&c=6

[9]https://www.christianity.com/bible/commentary.php?com=wes&b=7&c=6

[10] https://www.christianity.com/bible/commentary.php?com=wes&b=7&c=6

[11] https://www.christianity.com/bible/commentary.php?com=wes&b=7&c=6

[12] https://www.christianity.com/bible/commentary.php?com=wes&b=7&c=6

[13] https://www.christianity.com/bible/commentary.php?com=wes&b=7&c=6

[14] https://www.christianity.com/bible/commentary.php?com=wes&b=9&c=1

[15] https://www.christianity.com/bible/commentary.php?com=wes&b=9&c=17

[16]www.pt.wikipedia.org/wiki/Golias

[17] https://www.tuasaude.com/sindrome-de-burnout/

[18] Idem.

[19] https://www.christianity.com/bible/commentary.php?com=wes&b=11&c=19

[20] https://www.christianity.com/bible/commentary.php?com=wes&b=11&c=19

[21] https://www.christianity.com/bible/commentary.php?com=wes&b=40&c=8

[22] https://www.christianity.com/bible/commentary.php?com=wes&b=41&c=5

[23] https://www.christianity.com/bible/commentary.php?com=wes&b=40&c=8

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog