Deram suas vidas por um mundo livre, justo e de paz

 Histórias de homens e mulheres metodistas de 10 países

 

Odilon Massolar Chaves

 

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Copyright © 2025, Odilon Massolar Chaves

É permitido ler, copiar e compartilhar gratuitamente

Art. 184 do Código Penal e Lei 96710 de 19 de fevereiro de 1998. 

Livros publicados na Biblioteca Digital Wesleyana: 639

Livros publicados pelo autor: 710

Fonte: https://www.vozwesleyana.com.br/2025/02/24/igreja-perseguida

Tradutor: Google

Toda gloria a Deus!

Odilon Massolar Chaves é pastor metodista aposentado, doutor em Teologia e História pela Universidade Metodista de São Paulo.

É casado com RoseMary. Tem duas filhas: Liliana e Luciana.

Sua tese tratou sobre o avivamento metodista na Inglaterra no século XVIII e a sua contribuição como paradigma para nossos dias.

Foi editor do jornal oficial metodista e coordenador de Curso de Teologia. 

Declaração de direitos autorais: Esses arquivos são de domínio público e são derivados de uma edição eletrônica que está disponível no site da Biblioteca Etérea dos Clássicos Cristãos.

Rio de Janeiro – Brasil

 

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Indice

 

·       Introdução

·       Jurista, patriota e mártir das Filipinas na 2ª Guerra Mundial

·       O mártir da Estônia que pregava em diversas línguas

·       Assassinado como Presidente dos EUA

·       O canibal que se converteu e morreu pela paz em Fiji

·       Crucificado por ter o caráter de Cristo

·       O mestre da liberdade na Itália fascista

·       Chefe indígena, apóstolo e mártir da paz

·       Mártires e heróis de Angola

·       Mártires pelo testemunho de Jesus

·       O primeiro mártir metodista

·       Chefe Leopardo dos Artesões no Congo Belga

   ·   Notável líder e mártir em Angola

·       A Joana d’Arc que enfrentou os japoneses na Coreia 

 ·      A menina arisca que enfrentou a ditadura

 

 

Introdução

 

“Deram suas vidas por um mundo livre, justo e de paz” é um livro de 25 páginas sobre alguns personagens de 10 países que foram mortos por lutarem por um mundo de Justiça, Verdade e Paz.

Dois eram chefes indígenas de Fiji e Canadá que foram mortos por desejarem a paz entre as tribos.

Alguns foram mortos em tempo de guerra e ditadura. Lutaram por um mundo livre e pela democracia.

Um presidente metodista foi assassinado em pleno exercício da presidência dos EUA.

Também por pregarem o Evangelho metodistas foram mortos, inclusive um missionário na África.

“Houve metodistas que morreram por lutar pela justiça e liberdade, tanto como vítimas de perseguição religiosa quanto por atuar em prol dos direitos humanos e sociais. A história do Metodismo está ligada à ação social, ao despertar de uma "consciência cristã" que também se manifesta na defesa dos oprimidos e na busca por uma sociedade mais justa e livre”. [1]

Em Angola, os metodistas foram considerados terroristas pelo governo português.

“Muitos membros foram mortos e outros, presos, como o Rev. Júlio Miguel de Carvalho e seu filho, Bispo Emílio de Carvalho, que, naquele ano, era pastor da Igreja Metodista Unida Central de Luanda. Muitos missionários, incluindo o Bispo Ralph Dodge, foram deportados para a América e a Europa. Membros da igreja eram obrigados a enterrar livros, hinários e outros símbolos da Igreja Metodista. A independência custou o sangue de muitos metodistas, evangélicos, batistas e também católicos”.[2]

Histórias que revelam o propósito de homens de mulheres de coração wesleyano que se deram por um mundo melhor e pela expansão do Reino de Deus.

 

O Autor

 

Jurista, patriota e mártir das Filipinas na 2ª Guerra Mundial

 

 

Jose Abad Santos (1886-1942) nasceu em San Fernando, Pampanga, Filipinas. Em 1904, foi para os EUA como pensionista do governo. Fez o curso pré-Direito no Colégio Santa Clara, na Califórnia, e o bacharelado em Direito na Universidade Northwestern, em Evanston, Illinois. EUA.

Fez mestrado em Direito na Universidade George Washington, em 1909.

Quando voltou às Filipinas, atuou como assistente do procurador no Departamento de Justiça (1913-1917). Em 1919, foi fundamental para estabelecer as bases legais da Philippine Universidade Feminina.

Era um ferrenho metodista, membro da Igreja Metodista Central de Manilha. Casou com Amanda Teopaco e tiveram seis filhos. Foi o primeiro advogado corporativo filipino do Philippine National Bank, Manila Railroad Company. Ele se tornou procurador-geral e atuou como diretor Jurídico do presidente do Senado e do presidente da Câmara dos Deputados das Filipinas. Foi secretário de Justiça (1921-1923, 1928 e 1931).

Em 1932,  tornou-se juiz da Suprema Corte, e chefe de Justiça em 1941.

Na invasão japonesa nas Filipinas, em 1942, o presidente Manuel L. Quezon foi para os EUA e nomeou José Abad Santos como presidente interino.

Foi capturado com seu filho, Jose Jr. (Pepito). Foi para o pelotão de fuzilamento por não colaborar com os japoneses, mas antes disse ao filho: “Não chore, Pepito, mostre a estas pessoas que você é corajoso. É uma honra morrer pelo país. Nem todo mundo tem essa chance”. Foi executado em 2 de maio de 1942.

É lembrado por ter servido nas Filipinas com a máxima honra e patriotismo. Recebeu muitas homenagens: uma das escolas da Universidade das Mulheres e um dos seis campi da Universidade Arellano têm o seu nome.[3]

 

O mártir da Estônia que pregava em diversas línguas

 

Martin Prikask recebeu uma boa educação na Estônia. Serviu o exército russo e, em 1903, se graduou. O metodismo chegou à Estônia em 1907. Martin foi um dos primeiros a se converter.

Era comerciante e se tornou pregador local (1909). Estudou na faculdade para ser pastor e se formou em 1912. Ele era um bom comunicador, um pregador carismático e foi capaz de pregar em estoniano, russo, alemão e inglês.

Em 1921, Martin foi eleito membro vitalício da Cruz Vermelha da Estônia e fez parte do Banco da Estônia.

Foi editor responsável desde 1919 de uma revista sobre a família cristã. Foi editor-chefe da revista Novo Conselheiro Cristão (1928-1940). Com a 2a Guerra Mundial, as Igrejas sofreram muito com os comunistas e praticamente desapareceram.

Em 1941, passou a haver deportação em massa para a Sibéria, e três pastores metodistas foram presos, inclusive Martin Prikask. Ele foi interrogado em 1941 e morto em 1942. Sua esposa, Eliise, escapou após ter ficado na prisão. No túmulo de Martin há um monumento em sua homenagem. Ele foi o primeiro superintendente da Igreja Metodista da Estônia. Seu trabalho não foi em vão; a Igreja Metodista ressurgiu na Estônia após 1991. A prioridade da Igreja hoje é ensinar, treinar e liderar novos cristãos para anunciar o Evangelho.[4]

Assassinado como Presidente dos EUA

 

William McKinley (1843-1901) nasceu em Niles, Ohio. Convertido aos 12 anos de idade, ingressou na Igreja Metodista aos 16 anos. Sua fé fundamentou sua vida. Em 1867, William McKinley foi pela primeira vez a Canton, Ohio, para estabelecer um escritório de advocacia.

Foi ativo na Igreja Metodista e serviu como superintendente da Escola Dominical e administrador por muitos anos.

Cumpriu rigorosamente a sua educação metodista, raramente bebia ou jurava. Estudou na Faculdade de Allegheny e se formou em Direito. Casou-se com Ida Saxton. Foi governador de Ohio e o 25º presidente dos EUA.

Na sua posse, em 1897, disse: “Nossa fé nos ensina que não há dependência mais segura do que o Deus de nossos pais, que tão singularmente tem favorecido o povo americano em cada prova nacional e que não nos abandonará tão logo, se obedecermos aos seus mandamentos e andarmos humildemente em seus passos”.

Com ele, os EUA venceram a Guerra Hispano-Americana e expandiram os territórios e colônias. McKinley acreditava que o governo dos EUA tinha o dever de ajudar a espalhar o cristianismo pelo mundo. Durante sua administração, os EUA adquiriram bens que lhes permitiram se tornar uma grande potência mundial.[5]

Ele “foi assassinado em 6 de setembro de 1901, por Leon Czolgosz, um anarquista, na Exposição Pan-Americana em Buffalo, Nova Iorque. McKinley foi baleado no abdômen, e os ferimentos levaram à gangrena e à morte, oito dias depois, em 14 de setembro de 1901”.[6]

 

O canibal que se converteu e morreu pela paz em Fiji

 

O canibal Ilaijia Varani era chefe da ilha Viwa, em Fiji, e aliado de Cakobau, que era guerreiro, temido e respeitado como líder.

O missionário inglês John Hunt evangelizava em Fiji e sofreu várias ameaças de Varani. Quando Hunt o ensinou a ler, Varani ficou impressionado com a crucificação de Jesus, no Evangelho de Mateus, traduzido por Hunt.

Ele disse que ia se tornar cristão. Cakobau ameaçou comê-lo. Varani se converteu na sexta-feira santa de 1845.

Ele se casou com sua esposa principal e foi batizado na Igreja Metodista. Tornou-se um fervoroso discípulo de Cristo, com reais mudanças em sua vida.

Em 1845, um grande avivamento ocorreu em Viwa. Na primeira semana, cerca de cem pessoas se converteram com choros e arrependimento.

Varani mudou seu nome para Elias e, sob sua proteção, os missionários conseguiram espalhar o cristianismo.

Varani pagou com a própria vida ao se esforçar em levar a paz às tribos das ilhas Lovoni e Levuka que guerreavam entre si. O rei Cakobau, na ilha vizinha de Bau, ficou impressionado com as pregações e ações de Hunt.

Com a conversão de Varani, ele também se converteu, em 1854. Mudou seu nome para Epenisa (Ebenezer). Foi batizado na Igreja Metodista e conseguiu unificar as tribos em guerra e criar um reino unido em Fiji, em 1871.[7]

 

Crucificado por ter o caráter de Cristo

 

Dusty Miller nasceu em Newcastle, Inglaterra. Foi um jardineiro, um metodista simples e muito fervoroso. Foi prisioneiro dos japoneses na Tailândia durante a 2ª Guerra Mundial. 

Os prisioneiros trabalharam forçados até 18 horas por dia para construir uma estrada de ferro nas selvas da Birmânia. Mais de 16 mil morreram de desnutrição, doenças e exaustão. 

Ernest Gordon também foi preso. Muito ferido, foi colocado na cela com Dusty Miller, metodista, e Dinty Moore, católico, que deram atendimento 24 horas a Gordon e ele sobreviveu. 

Isto fez muitos prisioneiros renascerem na fé e esperança. Gordon foi impactado com a simplicidade e firme fé de Dusty diante do tratamento cruel dos japoneses. Dusty não perdeu a fé e nunca teve raiva. Era notável sua fé e amor altruísta para com seus companheiros presos e com os japoneses.

Dusty estimulou Gordon ao dizer: “Quando um homem perde a esperança, ele morre”. Inspirado por Dusty, ele chegou ao conhecimento salvador de Cristo e passou a estudar a Bíblia com os prisioneiros.

Ernest sobreviveu e depois descobriu que duas semanas antes do fim da guerra, em 1945, Dusty tinha sido crucificado por um japonês que ficou frustrado com a calma de Dusty diante das dificuldades. Já Dinty morreu quando os Aliados afundaram o navio de transporte de prisioneiros.

Em 1961, Ernest Gordon pulicou sua autobiografia, Através do Vale do Kwai, que se tornou o filme To End All Wars (Para acabar com todas as guerras) sobre a história angustiante dos prisioneiros.

O filme foi premiado com o Crystal Heart Award e o Grand Prize for Dramatic Feature no Heartland Film Festival. O estilo de vida de Dusty levou Gordon à conversão. Ele se tornou presbiteriano. Após a guerra, ele se mudou para os EUA, onde se tornou decano da capela da Universidade de Princeton.[8]

 

O mestre da liberdade na Itália fascista

 

Jacopo Lombardini (1892-1945) nasceu em Gragnana, Itália. Cresceu e foi educado numa família de mineiros de mármore. Em 1915, entrou para o Partido Republicano. Estudou com sacrifício financeiro e participou da 1ª Guerra Mundial como voluntário.

Na 2ª Guerra Mundial, por causa de sua posição política antifascista, foi impedido de trabalhar como professor.

Foi para Turim e deu aulas particulares. Descobriu a fé, em 1921, através de um grupo da Igreja Metodista.

Entre 1923-1924, estudou Teologia na Faculdade Valdense de Roma. Ele não concluiu o curso, mas se tornou um evangelista metodista, professor da Faculdade de Valdese Torre Pellice e testemunha de Cristo campo de extermínio.

Em 24 de março de 1944, foi capturado pela SS alemã e fascistas italianos. Esteve nos campos de Fossoli, Bolzano e Mauthausen. Após vários meses de trabalho forçado e torturas, foi hospitalizado no acampamento enfermaria Melk. Foi um dos últimos mártires da guerra.

Foi morto numa câmara de gás no campo de extermínio de Mauthausen, em 24 de abril de 1945, o dia da libertação da Itália do jugo fascista e da ocupação alemã.

Em sua homenagem, Lorenzo Tibaldo escreveu o livro O andarilho da liberdade. Ele nunca usou armas. Recebeu a Medalha de Prata de Valor Militar, in memoriam. Em 1968, em Cinisello Balsamo, foi fundado o Centro Cultural Jacopo Lombardini.

Em 2006, a mesma cidade lhe concedeu O ouvido de ouro. Era homem de fé, cultura e patriota que amava a liberdade. No Dia Memorial do Holocausto, em 2015, foi apresentada a peça Jacopo Lombardini, um mestre da liberdade, patrocinada pelo Comitê para a Proteção dos valores Valpellice da Resistência e da Constituição da República. [9] 

 

 

Chefe indígena, apóstolo e mártir da paz

 

Maskepetoon (1807-1869) era chefe indígena da tribo Cree. Nasceu na região do Rio Saskatchewan, Canadá. Era respeitado por sua habilidade como caçador, sua generosidade e sabedoria.

Na juventude, foi violento e escalpelou sua esposa Susewisk. Em 1831, ele e outros chefes indígenas foram convidados pelo presidente Andrew Jackson para se reunir em Washington.

O famoso artista George Catlin pintou seu retrato. Em 1841, tornou-se amigo do pastor da Igreja Metodista Wesleyana Robert Terrill Rundle. Maskepetoon o convidou para visitar a Casa da Montanha.

Ele se converteu e foi batizado com a esposa e filhos. O reverendo James Evans criou o sistema silábico da língua Cree, que foi um dos grandes fatores para o sucesso das missões indígenas. O pastor Thomas Woolsey ensinou Maskepetoon a ler e a escrever. Ele se transformou em apóstolo da paz e procurou fazer as pazes com as tribos inimigas.

Quando conheceu quem havia matado seu pai, convidou-o para ir ao seu alojamento, o perdoou e lhe presenteou com um traje de chefe.

Em 1869, quando aumentaram as hostilidades entre a tribo Cree e as tribos da nação Kainai, Blackfoot e Piegan, ele procurou promover a paz e foi visitar o acampamento Blackfoot, levando uma bandeira branca e a Bíblia aberta, mas o chefe Big Swan o matou. Foi chamado de “Mártir da Paz” e “Gandhi dos Campos”. Ele se tornou herói em muitos livros.

Revistas da Escola Dominical destacaram sua capacidade de perdoar. Em sua homenagem, seu nome foi incluído no mural em Collicut Centre de Red Deer Alberta. Hugh A. Dempsey escreveu o livro Maskepetoon: líder, guerreiro, pacificador.[10]

 

Mártires e heróis de Angola

 

A luta pela independência de Angola do domínio português teve início em 1961. Diversos metodistas participaram dessa luta, e muitos leigos e pastores metodistas morreram.

O reverendo Guilherme Pereira Inglês morreu com sua filha Juliana. Preso, em 1961, “Foi morto de forma atroz. Cortaram um braço e outras partes do corpo. Depois, deram-lhe um tiro de misericórdia”.

Sua filha Luzia Inglês fugiu para as matas. Entrou para a guerrilha e fez os estudos primários numa escola de refugiados angolanos, no Congo, controlada por professores sobreviventes de escolas da Igreja Metodista de Angola. Hoje, ela é a secretária-geral da Organização da Mulher Angolana.

José Mendes de Carvalho, chamado de Hoji-ya-Henda (Leão do Amor), era filho de Agostinho de Carvalho, enfermeiro e metodista consagrado. José pertencia à juventude metodista e seu grupo coral.

Em 1954, foi morar em Luanda, na casa do pastor Agostinho, pai de Agostinho Neto. Depois, foi comandante das Forças Armadas Populares de Libertação de Angola e morreu em combate. É herói nacional angolano. Por sua combatividade e integridade moral, tornou-se o símbolo patriótico da juventude angolana.

O pastor Evangelista Bernardo Panzo, por cerca de 14 anos, viveu com milhares de angolanos nas matas, ministrando ao povo: “construímos casas para adoração... Abri uma escola para o ensino da Bíblia. Ninguém saía para lutar sem primeiro confessar-se ao pastor”. Eles oravam às 4 horas, às 5 horas da manhã e ao meio-dia. Eram cerca de 3.500 pessoas.

Em 1975, os angolanos conseguiram a independência, com Agostinho Neto, herói nacional e metodista.[11] 

 

Mártires pelo testemunho de Jesus

 

Muitos pastores metodistas coreanos morreram durante o domínio japonês (1910-1945) e invasão da Coreia do Norte (1950-1953). O reverendo Dong-Chul Kim (1899-1950), que morreu em 1950, quando o partido comunista tomou o poder na Coreia.

Muitos outros foram mortos, entre eles os pastores metodistas coreanos Sug-Won Kim, Gimyusun e Gimyijun.

Outros metodistas foram mortos na prisão durante o domínio do Japão (1910-1945): o reverendo Lee Yeong-Han e os pregadores Kwon-Ho Won e Choi In-Gyu. O reverendo Kang Jong-Geun negou adorar os deuses japoneses e foi torturado até a morte em 3 de junho de 1943.

No total, 50 protestantes foram mortos e 2 mil sofreram na prisão porque se recusaram a adorar o santuário dos japoneses (1910-1945).

A Coreia do Norte (1950-1953) executou muitos presbiterianos, metodistas e outros cristãos.

Alguns metodistas morreram em 1950: o reverendo Kang Enyoung morreu por negar a política anticristã da Coreia do Norte; o reverendo Yongman Kim era capelão do hospital, foi preso e atirado ao mar; o reverendo Hongsik Kim e sua esposa foram mortos a tiros.  

O sacrifício deles não foi em vão. A Igreja Metodista na Coreia do Sul hoje tem 1.587.385 membros; 9.795 pastores, 6.077 igrejas; 4 universidades; 3 Seminários e Universidades Teológicas; 9 Centros da Juventude; 11 Seminários Teológicos para a mulher; 23 escolas de ensino médio; 34 escolas secundárias.

A Igreja Metodista da Coreia mantém 701 missionários em 71 países.[12]

 

O primeiro mártir metodista

 

William Seward (1702-1740) nasceu em Badsey, Inglaterra. Era filho de John e Mary, uma família rica. William foi bem sucedido financeiramente trabalhando em imobiliária. Ele foi para Londres e em 1738 após a morte de sua esposa ele conheceu Charles Wesley em Fetter Lane.

Ele logo se converteu e passou a apoiar financeiramente as causas metodistas.

Ele se tornou um cristão muito sério e um ajudante fiel que serviu ao Senhor com uma fervente devoção. Em 1740, passou a pregar ao ar livre. Certa vez encontrou multidões hostis em Gales do Sul e, em seguida, no País de Gales.

William estava com o metodista Howell Harris. Os dois novamente pregando o evangelho no País de Gales. Desta vez, eles visitaram Hay-on-Wye. De repente, alguém da multidão mirou e Seward foi atingido com uma pedra grande e caiu inconsciente no chão.

Ele foi levado da cena inconsciente. Durante alguns dias ficou entre a vida e a morte. Ele faleceu em 22 de Outubro de 1740.

 A morte de Seward, aos 38 anos, foi um golpe para o metodismo. Mas isso não impediu a pregação apaixonada. Os metodistas determinados continuaram a pregar o evangelho para o povo na Grã-Bretanha.

William tinha uma boa reputação como um generoso benfeitor dos pobres. Estava ajudando Whitefield no Orfanato na Geórgia e Whitefield passou a ter esse encargo financeiro sozinho. 

Esta e muitas outras agressões não intimidaram Wesley que confiava na providencia de Deus. Ele disse: “A surpreendente notícia da morte do pobre Sr. Seward foi confirmada. Certamente Deus vai manter sua própria causa! Justo és Senhor!”.[13]

 

 

Chefe Leopardo dos Artesões no Congo Belga

 

Aubrey Law Burleigh Jr (1919-1964) nasceu em Glenville, Gilmer County, West Virginia, EUA. Era um mecânico e missionário leigo no antigo Congo Belga (1950-1964), depois Zaire, e hoje República Democrática do Congo. Aubrey era filho de Aubrey Burleigh Law e Mollie A. Rhymer.

Ele dizia que era "um pau para toda obra para o Senhor". Sua função era a construção de um hospital com 250 leitos na estação Missão Wemba Nyama, o projeto de construção mais ambicioso no centro Congo. Ele serviu como um pastor leigo em várias das igrejas locais.

Era casado com Virginia Law Shell (1923–2004). Eles tiveram dois filhos, David e Paul, e uma filha, Margaret Ann. Aubrey conheceu sua esposa Virginia quando estudava na Asbury College. Com a Rebelião Simba, no Congo Belga, Aubrey havia pousado seu avião e estava tentando resgatar cinco famílias missionárias, mas foi morto em 04 de agosto de 1964, por um soldado rebelde. 

O país havia sido dilacerado pela violência e pela guerra depois de sua independência. Aubrey estava voltando dos EUA e sabia que poderia ser perigoso, mas disse: "Se em algum lugar, alguém tem que levantar uma cruz branca sobre a minha sepultura, eu prefiro estar no coração do Congo."

Ele foi nomeado por um congolês como Utshud um Kor, Chefe Leopardo dos Artesões no Congo Belga, um testemunho de suas habilidades.

 Virginia Law Shell escreveu o livro “Nomeação Congo” sobre a vida e morte de Aubrey.

Em 1990, a revista Good News descreveu Virginia  como uma das dez personalidades mais influência na Igreja Metodista Unida, na década de 80.

Aubrey está enterrado no Congo, que ele tanto amava como um mártir da fé cristã. Uma das orações de Aubrey foi para que sua fé passasse de “geração em geração na família Law”. Essa oração foi respondida na vida de seus filhos e netos.

Hoje seu filho Paul Burleigh Law e sua esposa Marty são missionários metodistas na República Democrática do Congo.[14]

 

Notável líder e mártir em Angola

 

 

Na luta pela independência de Angola do domínio português diversos metodistas participaram dessa luta, e muitos leigos e pastores metodistas morreram. 

Um deles foi o reverendo Guilherme Pereira Inglês morreu com sua filha Juliana. 

Guilherme nasceu em 28 de fevereiro de 1906, na aldeia de Samba Lucala, província do Cuanza- Norte. Como pastor, lutou muito para o desenvolvimento da província do Bengo.

 

Era “filho de Mateus Pereira Inglês e de Ana João, iniciou a jornada educacional na Missão do Quéssua, em Malanje, onde concluiu o exame da 4ª Classe, na actual Igreja Metodista Central. A paixão pelo aprendizado e pelo serviço levou-o a tornar-se professor”. [15]

 

“Guilherme Pereira Inglês assumiu o pastorado da região centro ocidental da Igreja Metodista, depois da morte do pastor Pedro Neto. John Marcum informa nos que ele era superintendente que reorganizou a igreja (que o pastor Pedro Neto deixou) e que proporcionou a criação das condições logísticas quer na formação dos angolanos, quer no bem-estar no seio da comunidade cristã. Como nacionalista, o seu trabalho é apreciado em três aspectos: (1) apoio à luta clandestina: mobilidade dos independentistas, pequenas logísticas e algumas provisões alimentares e higiénicas para as famílias; (2) protecção dos combatentes angolanos sob cobertura eclesiástica: entre estes, cita-se Agostinho Neto, o primeiro presidente de Angola; (3) participação diplomática para luta de libertação: secretamente, envolveu-se em algumas arenas diplomáticas (ONU) para expor a questão de Angola”.[16]

 

Reverendo Guilherme se dedicava tanto à sua família como às causas em que acreditava. “O seu trabalho incansável estendeu-se além das paredes da igreja. Dedicou-se ao desenvolvimento de escolas e internatos, oferecendo educação e formação para a juventude”.[17] 

“Em 1949, Guilherme Inglês convocou e liderou a histórica primeira conferência anual, no Mucondo. Em agosto de 1957, numa histórica intervenção durante uma das conferências anuais, realizada em Caxito, instigou a necessidade de um despertar, afirmando: ‘já chegou o dia em que África deve abrir os olhos para encontrar no mundo que é bom e começar a encarar, seriamente, o seu trabalho e o cargo que lhe é incumbido”. [18]

 

 

A Joana d’Arc que enfrentou os japoneses na Coreia  

 

Ryu Gwansun (1902-1920) nasceu em Cheonan-si, Chungcheongnam-do, Coreia do Sul. Era filha Ryu Jung-gwon e Yi So-je. Em 1919, era uma estudante na Ewha Woman's School, em Seul. 

A escola foi fundada em 1886 por Mary F. Scranton, missionária metodista dos EUA. Sua professora Alice Sharp era missionária. Gwansun entrou na Ewha Womans School com uma bolsa de estudante e ficou conhecida pela organização do Movimento 1º de Março contra o domínio colonial japonês na Coréia do Sul. 

Sua profunda fé em Deus e os ensinamentos da escola metodista Ewha Womans lhes deram coragem de agir. 

Ela voltou para sua casa em Jiryeong-ri quando o governo japonês fechou todas as escolas coreanas. Junto com sua família, começou a despertar sentimentos públicos contra a ocupação japonesa. Visitou Igrejas explicando sobre as condições das manifestações que se realizariam em Seul. 

Ambos os seus pais foram mortos a tiros pela polícia japonesa. Ela foi presa e sofreu tortura. Foi condenada a cinco anos de prisão. 

Durante o julgamento, Gwansun protestou contra a injusta administração colonial japonesa e a lei do governador-geral da Coreia. Gwansun morreu na prisão, em 28 de setembro de 1920. Suas palavras finais foram: 

"Mesmo que minhas unhas sejam arrancadas, o nariz e as orelhas sejam rasgadas e as minhas pernas e braços sejam esmagadas, esta dor física não se compara à dor de perder a minha nação. Meu único arrependimento é não ser capaz de fazer mais do que dedicar minha vida para o meu país." 

Os japoneses não queriam liberar seu corpo, mas Lulu Frey e Jeannette Walter, diretores de Ewha Womans School, ameaçaram divulgar a causa de sua morte. 

Em 14 de outubro de 1920 seu funeral foi realizado na Igreja em Jung-dong pelo ministro Kim Jong-wu. Gwansun tem sido chamada de Joana d'Arc da Coreia. Foi condecorada com a Ordem do Mérito da Independência, em 1962. É um símbolo da luta coreana pela independência através do protesto pacífico.[19]

 

 

A menina arisca que enfrentou a ditadura

 

 

Heleny Ferreira Telles Guariba (1941-1971) nasceu em Bebedouro, São Paulo. Filha de Isaac Ferreira Caetano e Pascoalina Ferreira. Ficou órfã de pai aos dois anos. Na adolescencia deu aulas para crianças e jovens na Escola Dominical da Igreja Metodista Central, em São Paulo.  

Ela escrevia artigos para os jovens metodistas na revista Cruz de Malta. Heleny teve dois filhos no casamento com o professor universitário Ulisses Telles Guariba. Foi funcionária pública da Junta Comercial de São Paulo e trabalhou como professora em um curso pré-vestibular. 

Ela se formou na Faculdade de Filosofia da USP. Em 1965
ganhou bolsa de estudos e foi para a Alemanha estudar teatro, política e artes. Na França, fez seu doutorado. No Brasil, usou o teatro como instrumento de transformação política e liberdade.
 

Deu aulas na Escola de Artes Dramáticas da USP. Em Santo André, 1968, fundou o grupo Teatro da Cidade formado em sua grande maioria por operários.

Ela escreveu diversos artigos em jornais dos anos 60 provocando a ira da ditadura. 

Foi presa em 1970 e torturada pelo Dops. Foi solta em 1971 e quando se preparava para deixar o país foi presa novamente. Testemunhas afirmam que ela foi assassinada na “Casa da Morte” da ditadura, em Petrópolis. Entrou na lista de “desaparecidos”. 

Frei Betto, numa carta enviada a Heleny, disse: “Pequena, arisca, você sempre me pareceu uma pessoa muito bonita, dessa beleza que vem de dentro para fora, enraizada no espírito ágil, que conserva, no corpo, o jeito de menina. Mesmo na prisão, sua alegria contagiava. Guardo de você a última vez que a vi. 

Era seu aniversário e seus filhos levaram um bolo com velinhas e um presente. Ao desfazer a fita de cetim rosa e papel colorido, você viu o que era e achou muita graça, começou a mostrar a todo mundo, a beijar as crianças (...),”. Tinha um modo de viver intenso. Seu nome foi dado a um centro cultural em Diadema e ao Teatro Studio Heleny Guariba, SP. É exemplo de coragem e perseverança.[20]

 

 



[1] Visão geral criada por IA do Google

[2] https://www.facebook.com/perfeito.massamba.75/posts/o-que-custou-a-liberdade-o-escritório-central-da-missão-metodista-em-luanda-foi-/1508682396767585/

[5] http://millercenter.org/president/mckinley

http://millercenter.org/president/mckinley

http://www.visionandvalues.org/2003/04/methodists-in-the-white-house-william-mckinley-and-george-w-bush/

http://topics.nytimes.com/top/reference/timestopics/people/m/william_mckinley/index.html

http://www.adherents.com/people/pm/William_McKinley.html

http://www.mysaviorrocks.org/history

[6] Visão geral da IA do Google

[8]

Pesquisa: http://www.amazon.co.uk/WyrdWood-The-Story-Dusty-Miller/dp/1460983785

https://youtu.be/PaucbxVIhr4

http://finslab.com/enciclopedia/letra-e/ernest-gordon.php

[10] Pesquisa: http://www.biographi.ca/fr/bio/mcdougall_john_chantler_14F.html

http://baptista.hu/vamospercs/beke/M.htm

http://engagingstudents.blackgold.ca/index.php/division-ii/soc-d2/social-4/4-2-the-stories-histories-and-the-people-of-alberta/let-s-bring-alberta-s-history-to-life/builders-of-alberta/maskepetoon/

[11] Pesquisa: KIPUNGO, Jose. Cristãos num mundo novo. Imprensa Metodista, São Paulo, 1984, p.66

http://m.ja.sapo.ao/politica/governador_pede_participacao_em_massa_dos_cidadaos http://m.ja.sapo.ao/politica/governador_pede_participacao_em_massa_dos_cidadaoshttp://kantoximpi.blogspot.com.br/2007/01/mulheres-angolanas-histricas-4uma.html

http://angola-luanda-pitigrili.com/who%E2%80%99s-who/l/luzia-ingles-van-dunem-inga

[12] Pesquisa: http://kcmma.org/board/bbs/board.php?bo_table=bd1

http://www.cck.or.kr/eng/html/intro01.htm

http://m.blog.daum.net/_blog/_m/articleView.do?blogid=0G7b2&articleno=7076876#

www.pastordougroman.wordpress.com

http://m.dangdangnews.com/articleView.html?idxno=21018&menu=1

http://kmc.or.kr/new_eng/about/about05.html

http://www.cck.or.kr/eng/html/intro01.htm

[13] http://www.badsey.net/past/seward.htm

Arnold Dallimore, George Whitefield, Vol 1, Banner of Truth, p.584-585

http://lexloiz.wordpress.com/2009/12/14/violence-seems-to-triumph-the-first-methodist-martyr/

http://benbeddome.blogspot.com.br/2007/03/seward-connection.html 

[14] A chamada “Rebelião Simba foi uma revolta em 1964 no Congo-Léopoldville. A rebelião foi levada pelos seguidores de

https://en.wikipedia.org/wiki/Simba_rebellion

http://www.findagrave.com/cgi-bin/fg.cgi?page=pv&GRid=110498409&PIpi=80221021

http://www.appointmentcongo.org/story/resume.html

http://goodnewsmag.org/2012/08/what-will-our-legacy-be/

https://www.asbury.edu/alumni/alumni-office/alumni-awards/virginia-shell

[15] https://www.pressreader.com/angola/jornal-de-angola/ /20231107/281603835177383?srsltid=AfmBOooj0rOwf36rFaBdPXP4rBi32FLX4b6dxXBVwGofHGdPVj08iXql

[16]https://www.historia.uff.br/cantareira/v3/wp-content/uploads/2017/05/e25a06.pdf

[17] https://www.pressreader.com/angola/jornal-de-angola/ /20231107/281603835177383?srsltid=AfmBOooj0rOwf36rFaBdPXP4rBi32FLX4b6dxXBVwGofHGdPVj08iXql

[18] Idem.

[20]   http://advivo.com.br/comentario/re-lembrancas-da-luta-armada-15

     http://memoriasdaditadura.org.br/biografias-da-resistencia/heleny-telles-ferreira-guariba/

     http://pt.wikipedia.org/wiki/Heleny_Guariba

     http://irmandadedosmartires.blogspot.com.br/

     http://memoriasdaditadura.org.br/biografias-da-resistencia/heleny-telles-ferreira-guariba/

     GUARIBA, Heleny. O falso “milagre”. Cruz de Malta,  p.31-33.

     http://revista.faculdadeunida.com.br/index.php/reflexus/article/viewFile/33/87

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