Cura Interior,
Comentários de Wesley
Odilon Massolar Chaves
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Copyright © 2025, Odilon Massolar
Chaves
É permitido ler, copiar e compartilhar gratuitamente
Art. 184 do Código Penal e Lei 96710 de 19 de fevereiro de 1998.
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Tradutor: Google
Toda gloria a Deus!
Odilon Massolar Chaves é pastor metodista aposentado, doutor em Teologia
e História pela Universidade Metodista de São Paulo.
É casado com RoseMary. Tem duas filhas: Liliana e Luciana.
Sua tese tratou sobre o avivamento metodista na Inglaterra no século
XVIII e a sua contribuição como paradigma para nossos dias.
Foi editor do jornal oficial metodista e coordenador de Curso de Teologia.
Declaração de direitos autorais: Esses arquivos são de domínio
público e são derivados de uma edição eletrônica que está disponível no site da
Biblioteca Etérea dos Clássicos Cristãos.
Rio de Janeiro – Brasil
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ÍNDICE
Introdução
I - Curado
no divã do Mestre Jesus
O que é Cura Interior
Como adquirimos as doenças
Como receber a Cura Interior
Os métodos de Jesus para curar
II -
Feridas e doenças que precisam ser tratadas
Juízo
doentio
Maledicência
Ódio
Raiz
de amargura
Sentimento de culpa
Sentimento de rejeição
Complexo
Medo
Manias
Ansiedade
Depressão
Rebeldia
Síndrome de Caim
A
“Dalila”
A
transferência da imagem do pai
A
máscara
Olhos
doentes
As
feridas
O
melindre
A
catatimia
Síndrome do pânico
As
algemas
Os
impulsos
A dor
da perda
Os
traumas
III -
Tratando das raízes doentes do coração
Intervindo no passado
A necessidade de arrancar as raízes venenosas
e amargas
Raiz de incredulidade e de infidelidade a
Deus
A chave para entendermos nossas atitudes na
vida sentimental
A chave para entendermos nossas atitudes na
vida espiritual
A chave para eliminarmos as heranças
negativas
dos nossos antepassados
Como as raízes nascem nos corações
Como arrancar as raízes venenosas e
proporcionar o surgimento de raízes
saudáveis
IV -
Caminhando para ser um ser humano
perfeito
Sondando o coração
A confissão
Os milagres do coração
A circuncisão do coração
A necessidade da santificação
Uma vida cristã normal
Jesus, padrão de normalidade
Nosso alvo: termos o mesmo caráter de
Jesus 146
INTRODUÇÃO
“Cura Interior, um caminho para a santificação” é um livro de 107 páginas, que trata sobre as doenças da alma.
Vivemos num mundo que adoece gradativamente.
Dados da Organização Mundial da Saúde “revelam que mais de 1 bilhão de pessoas vivem com transtornos mentais. Houve uma alta ligeira, mas significativa, em relação à última recolha em 2000.
Ansiedade
e depressão são as condições mais prevalentes, segundo a informação divulgada
na terça-feira, em Genebra. Menos de 10% dos afetados em países de baixa renda
recebem atendimento para o tipo de questões, em comparação com mais de metade
em nações de alta renda.
Os relatórios “Saúde Mental Mundial
Hoje” e “Atlas da Saúde Mental 2024” ressaltam o aumento da prevalência de
transtornos mentais em todos os países e comunidades afetando pessoas de todas
as faixas etárias e rendimentos”.[1]
Vivemos num mundo doente que precisa ser tratado. As pessoas não têm tido qualidade de vida. Muitos vegetam. Não é sem motivo que Jesus se deu pelo mundo (Jo 3.16). Foi por isso que Jesus disse que veio, para que tivéssemos vida em abundância. O mundo precisa ser amado, curado, restaurado. A Igreja deve ser a porta-voz, o instrumento de Deus para um mundo desequilibrado, doente, neurótico. Mas ela precisa também ser tratada. Os apóstolos precisaram.
A Cura Interior é um projeto de Deus. Desde que Adão e Eva pecaram, o Senhor iniciou um projeto para restaurar o ser humano. Ele saiu à procura de Adão: "Onde estás?" (Gn 3.9). Depois ainda fez vestimenta para eles (Gn 3.21). Com Caim, o Senhor agiu também com amor, apesar dele ser um assassino. Para protegê-lo, colocou um sinal em Caim "para que o não ferisse de morte quem quer que o encontrasse" (Gn 4.15).
O Senhor chamou Abrão para abençoar todas as famílias da terra (Gn 12.1-3). Jesus declarou que havia vindo para pôr em liberdade os oprimidos (Lc 4.18).
Hoje temos a oportunidade de utilizar diferentes métodos, mas é pela graça de Deus que as pessoas são curadas e restauradas. O propósito do Senhor é a restauração de todas as coisas (At 3.21).
No tratamento de Jesus com diversas pessoas, podemos aprender diferentes maneiras de curar. Foi assim com Zaqueu, a Samaritana, Pedro etc.
Todos nós temos que chegar até o divã do maior psicólogo que é Jesus. Os psicólogos ajudam a curar enfermidades emocionais, mas a cura plena e perfeita só Jesus pode realizar: "O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para pregar boas novas aos pobres. Ele me enviou para proclamar liberdade aos presos e recuperação da vista aos cegos, para libertar os oprimidos e proclamar o ano da graça do Senhor". (Lucas 4.18-19).
Neste livro oferecemos nossa experiência, nosso conhecimento e desejamos que a graça de Deus o alcance profundamente.
Este livro é resultado de uma longa pesquisa, experiência e aprendizado sobre a Cura Interior.
Wesley participa com vários comentários.
Que Deus o abençoe grandemente em sua leitura.
O Autor
I -
Curado no divã do Mestre Jesus
O que é Cura Interior
Num primeiro momento do Movimento Carismático nas décadas de setenta e oitenta no Brasil, muitas pessoas confundiram Cura Interior com "arrebatamento" ou "cair no espírito". Muitos ministros e ministras sem qualificação começaram também a fazer "regressão de idade" em pessoas que tinham problemas emocionais. Em alguns casos, houve agravamento do problema.
Com o passar do tempo, porém, veio o amadurecimento. Cursos foram ministrados por líderes capacitados, como Fábio Damasceno, pastor e psiquiatra. Livros chegaram até nós, como os escritos por David A. Seamands; entre eles, A Cura das Memórias, que levaram a uma compreensão mais ampla do que é Cura Interior.
A Cura Interior é a ministração que tem por objetivo curar as feridas e
as doenças da alma que afetam o corpo do ser humano trazendo doenças físicas.
As ministrações (aconselhamento, ensino, oração etc) têm por objetivo final
retirar as "travas" que impedem o desenvolvimento da pessoa para que
ela alcance maturidade e adquira o caráter de Jesus.
Isso é uma Cura Interior!
A Cura Interior é a cura das lembranças desagradáveis, bem como dos registros negativos que estão arquivados no inconsciente trazendo perturbações e doenças físicas. Todos temos um arquivo, um depósito, uma fita com tudo gravado sobre nossas vidas desde o útero materno. Em determinados momentos, essas lembranças se manifestam.
Certa vez, uma jovem senhora me procurou porque estava tendo pensamentos de suicídio. Na ministração, o Espirito Santo lhe mostrou que, aos quatro anos, ela havia perdido a avó, que ela amava muito, e, por isso, também tinha grande influência em sua vida. Ela teve uma reativação da memória e viu a avó morta em cima da cama. Aquele sentimento de perda, de morte ficou registrado dentro dela. Em determinados momentos, este pensamento aparecia trazendo o sentimento de morte e suicídio.
Quando ministramos e procuramos reativar a memória do inconsciente, a pessoa vê, como num filme ou vídeo, toda a história de sua vida sem perder a consciência. Inclusive, ela conversa comigo sobre o que está vendo.
Isso é tão maravilhoso que podemos rever fatos que não lembrávamos mais.
Certa vez, uma jovem senhora veio me procurar com saudade de sua mãe que havia
falecido quando tinha três anos de idade. Na ministração, viu o rosto de uma
senhora com trança. No mesmo dia, perguntou ao irmão mais velho sobre a mãe e ficou confirmado que ela usava trança.
É importante termos consciência de que o ser humano constitui de:
Corpo - parte física,
externa;
Alma - constituída de
sentimentos, intelecto, vontade e emoção.
Espírito - chamado na Bíblia de homem interior (Ef 3.16) onde habita o Espírito de Deus. É o "espírito" com letra minúscula. Com letra maiúscula se refere ao Espírito Santo.
O ser humano não pode ser entendido separadamente. Ele só é entendido como sendo integral, indivisível. Quando uma parte dele não está bem, a outra sofre. Por exemplo: uma pessoa que está com sentimento de ira, ódio acaba gerando no seu corpo colite, pressão alta, úlcera etc.
As pessoas precisam entender que o fato de nascerem de novo não lhes dá garantia de ter logo uma vida perfeita e sem problemas. Nascer de novo não é o final de tudo. É o início (Ef 4.13). O caminho pode ser longo e penoso, mas não podemos desanimar. A perseverança é fundamental. Sem fé não se chega a lugar nenhum. A cura é possível.
A Cura Interior está dentro do projeto de Deus. Desde que o ser humano pecou, houve toda uma ação de Deus para resgatar, restaurar o ser humano.
Sua primeira palavra foi: "Adão, onde estás?" O chamado de Abraão, a vinda de Jesus, o derramar do Espírito, a criação da Igreja fazem parte do projeto de Deus para que o ser humano volte novamente a ser imagem de Deus: "... nos predestinou para sermos conformes à imagem do seu Filho" (Rm 8.29).
Esse é o objetivo principal da Cura Interior.
Como adquirimos as doenças
Nós adquirimos enfermidades emocionais através de diversas influências,
entre elas:
1. Herança dos nossos antepassados
Muitas pessoas não entendem e nem aceitam a afirmação de que podemos receber influências dos nossos antepassados. Não é só geneticamente que recebemos heranças, mas também psicologicamente.
Logo associam isso à maldição. Na verdade herdamos tradições, costumes, vícios, virtudes etc. Em determinados momentos de nossas vidas podemos recorrer a essas heranças de uma forma inconsciente. Jeremias afirmou: "... Nossos pais herdaram só mentiras e cousas vãs..." (Jr 16.19).
Se observarmos, o povo de Israel, após a saída do Egito, estava cheio de idolatria, incredulidade, rebeldia. Não era para menos após viverem 400 anos nas terras do inimigo.
Certa vez, ministrei Cura Interior em uma pessoa que tinha, entre outras coisas, insatisfação em trabalhar na cozinha. Não entendia a razão. Na ministração, reativando a memória, ela reviu cenas da vida da bisavó. Ela havia se casado ainda nova com um viúvo que já tinha dois filhos. Teve muitos outros. Cerca de 12. A cozinha passou a ser um local de constante frequência, pois tinha que dar alimento para muitas pessoas. A cozinha passou a ser associada a um local de sofrimento. Isso ficou registrado em seu inconsciente. Seus filhos, netos e bisnetos herdaram essa sensação; inclusive a neta que tinha pavor de cozinha.
É evidente que essa imagem, esse sentimento pode ser mudado por meio do poder de Deus utilizando-se uma técnica especial.
2. Influência dos problemas
diários
Vivemos num mundo neurótico, pecaminoso, desumano. Não ficamos sem sofrer influências negativas através de relacionamentos inadequados, traumas, decepções, stress etc.
Somos marcados pelos nossos pais, pelos nossos amigos, e até por estranhos. Uma pessoa violentada sexualmente ficará marcada a vida toda. Um lar desfeito trará marcas da quebra da unidade dentro do ser humano.
Já ministrei em diversas pessoas que foram molestadas sexualmente por parentes, inclusive pelo pai. Nas ministrações pedimos que o Senhor revele a existência de espíritos atrás das pessoas que agiram de forma inadequada. Isso acontece e serve para retirar o peso, o espírito de vingança em relação aos parentes. Pedimos também que o Espírito Santo mostre como seria a atitude da pessoas sem os demônios. Em todas as vezes, há uma mudança radical. As pessoas têm atitudes normais, equilibradas, de carinho, respeito.
Algumas pessoas são marcadas por perdas. Há todo um processo de restauração desde o ato de querer negar o fato até a cicatrização. Às vezes, essas etapas demoram.
Os sentimentos de rejeição e de
culpa também marcam profundamente as pessoas trazendo consequências ainda maiores. As pessoas que não conseguem
enfrentar suas memórias penosas continuam presas a um certo estágio de
desenvolvimento emocional.1
3. Atuação das trevas
O inimigo procura perturbar a vida das pessoas: "... andastes outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência; entre os quais também todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais" (Ef 2.2-3).
Há uma estratégia maligna para destruir as pessoas.
Como receber a Cura Interior
A ministração de Cura Interior é realizada de diversas maneiras; depende muito da pessoa que ministra, do problema da pessoa e da ação do Espírito Santo. O propósito de Deus é que todos estejam abertos a Sua graça. Seu propósito e restaurar a todos. Jesus veio para que todos tenham vida em abundância.
De um modo geral, podemos enumerar as seguintes formas de ministração:
1. No divã com Jesus Cristo
Isto acontece quando entregamos os nossos problemas nas mãos do Senhor: " Vinde a mim os que estão cansados e oprimidos e eu vos aliviarei", disse Jesus. A Bíblia ainda diz: "Entrega o teu caminho ao Senhor, confia nele e o mais Ele fará" (Sl 37.5).
É uma entrega total nas mãos do Senhor. Ele assume o comando e nós
descansamos em paz.
Pode ser no momento do louvor, na oração individual, no altar, debaixo de um chuveiro etc. O importante é a entrega total nas mãos do Senhor.
Certa vez, quando jovem, estava muito decepcionado e sem esperanças. Não via saída para aquele momento. Fui até o banheiro e pensei em dar fim à minha vida utilizando, talvez, uma gilete. Disse com toda a seriedade para o Senhor que se Ele não retirasse a guerra que estava em minha cabeça, não via outra saída. Então, senti uma brisa suave vindo sobre mim e como uma borracha apagou toda a revolta, o ódio e o sentimento de morte que estavam em minha mente sofrida.
O Salmo 23 nos diz que o Senhor nos conduz para os verdes pastos, para as águas tranquilas. Diz também que Ele enche o nosso cálice.
Verdadeiramente aqui está o que chamamos de deitar no divã de Jesus Cristo. Ele ministra diretamente aos nossos corações, cura as nossas feridas e doenças e restaura as nossas forças.
No divã com Jesus, "deitamos em verdes pastos". Somos guiados mansamente às "águas tranquilas". Temos refrigério para a alma.
A pecadora que ungiu Jesus foi curada quando se colocou no divã de Jesus (Lc 7.36-50). Seu estado era aflitivo. Vencendo todo o medo, ela entrou na casa do seu pior inimigo - um fariseu. Sabia que Jesus, o grande psicólogo, estava ali.
Jesus procurou curá-la, apesar da crítica do fariseu. Ele a elogiou
diante de todos. Com toda sabedoria, o nosso Psicólogo disse: "Vês esta
mulher?" O Senhor passou a falar de suas belas atitudes mostrando ao
fariseu que o passado não mais importava. Ele a estava perdoando naquele
momento (Lc 7.47). Por fim, Jesus lhe disse: " ... a tua fé te salvou;
vai-te em paz" (Lc 7. 50).
2. Quando conhecemos a verdade
Há muitas pessoas que são prisioneiras do passado. Vivem aprisionadas e não sabem. Jesus disse que se conhecermos a verdade, a verdade nos libertará (Jo 8.32).
Ninguém pode desejar a cura , se não tem consciência de que precisa. Nós vivemos num meio onde as pessoas, na grande maioria, acham que não precisam de nada, pois já aceitaram a Jesus e nasceram de novo. Outras pessoas já se acham perfeitas, ou santas o suficiente.
Sempre digo que o padrão é Jesus. Como Ele foi, nós devemos ser. Temos já o mesmo amor, a mesma humildade, a mesma mansidão, a mesma fé, a mesma autoridade, a mesma comunhão com o Pai?
Um dia Pedro aprendeu a lição. Através da graça de Deus, Pedro teve uma visão e descobriu que tinha preconceito em relação aos gentios. Foi preciso uma intervenção de Deus para mostrar que ainda havia doenças em sua alma. Ele disse: "Deus me demonstrou que a nenhum homem considerasse comum ou imundo" (At 10.28).
Nas ministrações individuais, peço sempre ao Espírito para mostrar como está o coração da pessoa que nos procurou. Em algumas ocasiões, a pessoa se vê num espelho como verdadeiramente está. Também vê como está o seu coração.
Certa vez ministrei Cura Interior em uma senhora que durante sessenta anos achou que havia sido molestada sexualmente pelo pai. Isso trouxe revolta contra o pai e problemas depois no relacionamento com o marido.
Na ministração ela conheceu a verdade e se libertou do passado. O pai fazia carinho nela, mas a mãe, cheia de tabus, viu na atitude do pai um abuso sexual. A mãe passou essa imagem para a filha.
Na ministrarão, ela teve a oportunidade de rever a cena e ver que havia sido apenas um ato de carinho. O Espírito Santo lhe mostrou ainda diversas outras vezes em que o pai a havia tratado igualmente com carinho e respeito.
Quando somos sinceros com Jesus no divã, então, Ele pode entrar em nosso coração e sarar as feridas. Não adianta esconder nada, pois Ele sabe tudo.
À Samaritana, Jesus disse: "Bem disseste, não tenho marido; porque cinco maridos já tiveste, e esse que agora tens não é teu marido; isto disseste com verdade" (Jo 4.17b,18).
Veja que Jesus não acusou a mulher, mas procurou levá-la ao encontro do
verdadeiro Messias.
3. Quando somos preenchidos em nossas necessidades
Veja que esta afirmação tem limites. Há pessoas que são um "saco sem fundo". Nunca ficarão satisfeitas. Precisam de uma profunda restauração. Acima de tudo, precisam de Jesus. Como disse Paulo: "Tudo posso naquele que me fortalece" (Fp 4.13). Antes, ele disse: "Aprendi a viver contente em toda e qualquer situação" (Fp 4.11b).
Mas não vamos ser simplórios. Há muitos e muitos cristãos que têm necessidades não preenchidas. Há pessoas dentro da igreja que são carentes; outras são medrosas e ainda outras têm insegurança etc.
Cristo preencheu algumas necessidades e há ainda outras que não foram preenchidas. Vamos aprender a nos disciplinar, a mudar o rumo das nossas satisfações. Quando não estivermos mais no centro e sim Jesus, então, nos satisfaremos n’Ele, que preencherá as nossas necessidades.
É preciso também disciplina e sacrificar a carne com os seus desejos. Enquanto ela dominar, nada nos satisfará. O Espírito Santo é quem poderá preencher as nossas necessidades. Ele pode derramar o amor em nossos corações (Rm 5.5).
Zaqueu era uma pessoa com insatisfação. Era revoltado por ser de pequena estatura (Lc 19). Quis ser o maioral para compensar, mas a sua satisfação nunca era preenchida. Ele se sentia complexado, desmerecido pelas pessoas. Jesus o valorizou e preencheu as suas necessidades. Ele precisava que alguém importante e com autoridade o restaurasse. Jesus o chamou pelo nome e disse que iria à sua casa. Ele se sentiu alguém, ele se sentiu amado e importante. Não precisava mais de dinheiro ilícito.
Zaqueu esteve no divã com Jesus e foi curado em Seu grande amor por nós.
Há pessoas que precisam ouvir apenas uma palavra de perdão para ter alívio em seu sentimento de culpa e encontrar a paz. Há outras pessoas que precisam de aceitação para se sentir amadas.
Segundo os psicólogos, uma criança que não recebe pelo menos quatro abraços por dia não resistirá e morrerá. Ela tem que receber uma média de oito abraços por dia para poder crescer de uma forma normal. Com doze, terá condições de criar coisas e de dar amor.
" Qualquer contato de pele entre as pessoas implica um sentimento de comunicação. A afetividade sentida por uma criança reflete-se no modo pelo qual a mãe a segura." 2
A pele reflete o estado emocional. A urticária, a coceira, o eczema estão relacionados à insegurança. Não é sem motivo que Jesus tocava as pessoas para curá-las.
4.
Quando a nossa memória é transformada pelo poder de Deus
O Espírito do Senhor pode sondar os corações e descobrir pensamentos e imagens de fatos registrados em nosso inconsciente e que precisam ser tratados. O Senhor pode entrar em nosso interior (Ap 3.20) e mudar os registros negativos. Ele faz isso para curar as nossas feridas. Davi pediu: " Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração" (Sl 139.23a). Disse mais: "... e conhece os meus pensamentos" (Sl 139.23b).
O Senhor realiza uma profunda "operação" no inconsciente. Para que isto aconteça, a pessoa precisa entrar em relaxamento assentada ou deitada para o inconsciente fluir. Usando um fundo musical, pedimos ao Espírito Santo para trazer à memória da pessoa os registros de sua vida que abrangem desde a sua formação no ventre materno. Também ali estão registradas as heranças dos seus antepassados que o psicólogo Jung chamava de inconsciente coletivo.
É possível que algumas pessoas tenham dificuldades e bloqueios no princípio por causa do cansaço, medo, preconceito, stress etc. É preciso ter compreensão e paciência para que a pessoa possa depois ser ministrada com eficiência.
Neste tipo de ministração procuramos decodificar os registros negativos e remover as imagens e sentimentos ligados a eles. Procuramos quebrar as cadeias negativas e construir cadeias positivas.
É preciso ter algum conhecimento de psicologia, uma vida equilibrada, discernimento e bastante comunhão com Deus. Os resultados têm sido muito bons.
A pessoa faz uma viagem fantástica. Ela entra em contato com os personagens registrados em seu inconsciente, pois não existe o tempo. O ontem é como o hoje. Imagens são mudadas, pois também os anjos agem quando pedimos. A própria pessoa vê a ação dos anjos.
Algo que temos aprendido nas ministrações: os demônios escondidos no inconsciente são destruídos sem haver manifestação. A própria pessoa vê essa destruição.
A Cura Interior é algo espiritual. É um projeto de Deus para restaurar o ser humano para que ele volte a ser novamente imagem e semelhança de Deus.
Mas, não é só isso. Aprendemos que podemos herdar sentimentos, pensamentos, virtudes e defeitos dos nossos antepassados da mesma forma que herdamos traços físicos.
Há coisas fantásticas que acontecem neste tipo de ministração, mas que
também só poderão ser entendidas por pessoas espirituais.
Os métodos de Jesus para curar
Todo psicólogo tem um método, uma técnica, um fundamento. Ele sabe aonde quer chegar ao atender um paciente.
E Jesus, como agiu?
Ele deu exemplos práticos -
Nos diversos diálogos com os discípulos e com as pessoas que tinham problemas,
Jesus ministrou cura agindo assim: utilizou o exemplo da natureza. Aos
discípulos que estavam ansiosos, Ele pediu para olharem os lírios e os pássaros
(Lc 12.24-27). Com isso, Jesus mostrou que Deus cuida dos seus filhos e filhas
com muito amor.
Teve paciência e mansidão - Ele teve toda a calma para resolver o problema.Quando lhe apresentaram a mulher pecadora, Jesus começou a escrever na areia. Esteve à disposição do Espírito de Deus para saber agir da maneira correta (Jo 8.6).
Usou de franqueza - Jesus disse à Marta que ela estava fazendo muitas coisas ao mesmo tempo e que isso não era bom. Foi claro e objetivo e disse que Maria tinha escolhido a boa parte (Lc 10.42).
Foi direto ao problema - Ele apareceu aos seus discípulos e pediu que Tomé colocasse o dedo nas feridas e visse suas mãos furadas (Jo 20. 27).
Tomou a iniciativa do diálogo - Jesus viu Zaqueu na árvore e o chamou pelo nome. Reconheceu assim que ele era alguém. Disse também que iria ficar em sua casa (Lc 19.5).
Utilizou parábolas - Assim as pessoas podiam refletir e achar a solução para os seus problemas. Foi assim que Jesus quebrou preconceitos, tabus e retirou as pessoas do círculo vicioso, levando-as à reflexão (Lc 15.3-16.13).
Ouviu atentamente - A samaritana abriu o seu coração e Jesus revelou a sua real situação.
Ela teve um encontro com o verdadeiro Messias (Jo 4.1-42).
Fez perguntas iniciais - Jesus perguntou a Maria por que ela chorava e a quem procurava (Jo 20.15).
Chamava as pessoas pelo nome - Foi assim com Zaqueu (Lc 19.5), Marta (Lc 10.42), Simão (Lc 7.40), Maria (Jo 20.16). Assim, Jesus mostrava ser amigo e ter interesse pela pessoa.
Falou ao coração das pessoas - "Não se turbe o vosso coração..." (Jo 14.1). Disse ainda: "Olhai os lírios do campo ..." (Lc 12.27). No Seu diálogo com os sofredores, não há palavras ásperas ou ofensivas, mas doces e esperançosas.
Respeitou as pessoas - Ele não falou nada para Zaqueu sobre coisas ilícitas (Lc 19) e nem para a mulher que foi apanhada em adultério (Jo 8). Seu amor e compreensão estavam em primeiro lugar.
Procurou realizar mudança de vida - Em todo momento, Jesus procurou levar as pessoas a uma mudança. À pecadora disse: "Vai, e não peques mais" (Jo 8.11). À samaritana Jesus disse que era o Messias que ela esperava (Jo 4.25-26). Aos discípulos ansiosos disse para buscarem o Reino em primeiro lugar (Lc 12. 31).
Com esses e muitos outros procedimentos de Jesus que vemos na Bíblia entendemos a razão das pessoas serem curadas e restauradas. Lembramos também que Jesus tinha unção e um ministério dado por Deus.
Nos dias de hoje podemos ainda sentar no divã de Jesus. Ele quer nos curar e restaurar. Esse divã pode ser em sua casa, no altar do Senhor, num monte ou outro lugar qualquer. O importante é a disposição do coração e a entrega total em Suas mãos.
Mas, se você deseja mesmo estar literalmente no divã de Jesus, faça o seguinte: coloque um fundo musical, de preferência instrumental evangélico, e fique assentado ou deitado. Pela sua fé, visualize Jesus ministrando em seus problemas emocionais. Tome posse.
Certamente, isso acontecerá em sua vida. Ele mesmo ministrará. Você sentirá todas as suas dores saindo. Uma paz muito grande inundará todo o seu ser.
Faça isso quantas vezes forem necessárias. Seria aconselhável que houvesse alguém perto de você para acompanhar toda a ministração. Alguém da igreja que crê no poder de Deus.
Lembre-se de que "os que esperam no Senhor renovam as suas forças,
sobem com asas como águias, correm e não se cansam, caminham e não se
fatigam" (Is 40.31).
Notas
1. SEAMANDS, David A. A Cura das Memórias. Editora Mundo Cristão, 1995, p.40.
2. Publicado no Jornal O Globo com o título " A pele revela distúrbios psíquicos, em
" Jornal da Família", 1996.
II -
Feridas e doenças que precisam
ser tratadas
Nem todas as pessoas entendem que as mágoas, os ressentimentos, a amargura são males que estão dentro de nós e que precisam ser urgentemente eliminados, caso contrário, teremos problemas físicos sérios. São "granadas", "bombas" prontas a explodir.
A Bíblia é clara quando afirma: "Ferido como a erva, secou-se o meu coração" (Sl 102.4).
As feridas têm que ser tratadas para que não tragam doenças, e até a morte. Tenho atendido diversas pessoas com úlcera, pressão alta, colite etc. que são resultado da falta de perdão. Pessoas que vivem há mais de trinta anos doentes.
A cura emocional traz estabilidade, equilíbrio, alívio, descanso no Senhor e paz. Uma pessoa ferida sente dor, reage com violência, perde o equilíbrio, sente instabilidade, sente falta de paz. Não será com uma simples oração que as feridas emocionais serão curadas. Há pessoas que nem querem ser curadas. Preferem cultivar o ódio contra aquele que as feriu. Por isso, a oração só não resolve. Tem que haver um desejo sincero da pessoa para ela ser curada. A Bíblia adverte: "Curam superficialmente a ferida do meu povo, dizendo: Paz, paz; quando não há paz" (Jr 6.14).
Mas graças a Deus porque o Seu propósito é nos curar. Veja as diversas expressões: "Quando tento curar o povo de Israel" (Os 7.1); "Eu curarei as vossas rebeliões" (Jr 3.22); "Ouviu o Senhor a Ezequias, e sarou a alma do povo" (II Cr 30.20).
Somos curados de diversas maneiras. Para cada doença deve haver um remédio adequado. João Wesley, avivalista na Inglaterra, já havia dito isto há mais de 200 anos.
Somos curados através da fé e da posse dos méritos de Jesus na cruz (Rm 5.1). Temos que acreditar! Jeremias disse: "Cura-me, Senhor, e serei curado" (Jr 17.14).
Somos curados também através da prática do perdão. Perdoar quer dizer desatar cadeias, desatar ataduras. Quando perdoamos os que nos ofenderam, um peso sai de cima de nós. Quando também nos sentimos perdoados, um peso - o sentimento de culpa - sai de cima de nós. Por isso, a Palavra diz que “justificados temos paz”.
Quando recebemos amor, somos curados. O amor cobre multidão de pecados. O amor suporta tudo com fé, esperança e paciência (1Co 13.7).
O Senhor diz para o Seu povo: "Com amor eterno eu te amei, por isso com benignidade te atraí" (Jr 31.3).
Há casos de problemas emocionais tão profundos, tão escondidos pela própria pessoa doente como mecan1Smo de defesa, que somente através da ministrarão do poder de Deus é que o problema poderá ser resolvido.
Existem técnicas, discernimento, unção e ministérios para esses casos
difíceis.
Este
livro tem o objetivo de procurar ajudar os que passam por problemas emocionais.
Cremos que o Senhor deseja curar hoje todos os que sinceramente abrirem seus
corações.
Juízo
Doentio
Jesus disse para não julgarmos as pessoas (Mt 7.1-5). Wesley comenta que todos nós estamos sujeitos a fazer julgamento, o que é condenado pelo Senhor.
Os prejuízos são inumeráveis aos que julgam o próximo; ferem a sua própria alma e estão sujeitos ao reto juízo do Senhor.
As pessoas que são julgadas tornam-se fracas e embaraçadas; às vezes, desviam-se do caminho do Senhor.
Jesus disse: "Por que vês o cisco no olho do teu irmão": enfermidades, erros, imprudência, "porém, não reparas no pedaço de pau que tens no teu?" Isto é, orgulho satânico, maldita obstinação, amor idólatra ao mundo etc.
Cometemos esse juízo doentio, pecaminoso quando:
Condenamos um inocente. Atribuímos ações e palavras que ele nunca comentou. Às vezes, vemos uma má intenção que na verdade não é má aos olhos de Deus.
Condenamos o culpado mais severamente do que ele merece. A pessoa erra e passamos a não ver mais qualquer parcela de bem nela. Falta misericórdia e justiça em nós.
Condenamos sumariamente uma pessoa, contra a qual não existe suficiente evidência de culpa. Trabalhamos com suposição, quando os fatos devem ser provados. Temos que ouvir primeiro a pessoa (Jo 7.51).
Precisamos tirar, pela graça de Deus, o pedaço de pau dos olhos para
podermos ver claramente o que está nos olhos dos outros.
Maledicência
Sem perceber e até zelando pela igreja acabamos caindo num pecado grave - a maledicência. A Bíblia diz que devemos nos despojar de tudo o que é ruim, entre as quais está a maledicência (I Pe 2.1; I Tm 5.14 Cl 3.8).
Esta doença consiste em dizer uma falta da pessoa pelas costas, quando ela está ausente.
Wesley diz que esse pecado é muito comum entre os crentes. Ele nos ataca sob disfarce. Falamos por odiar o pecado e acabamos servindo ao diabo.
O método seguro para a cura é nos basearmos nas orientações de Jesus: "Se teu irmão pecar contra ti, vai e repreende-o entre ti e ele somente ..." (Mt 18.15).
É evidente que somente uma profunda transformação do nosso coração é que permitirá termos um coração manso, palavras doces e edificantes. (Ef 5.19-21).
Paulo recomenda: "Habite ricamente em vós a Palavra de Cristo;
instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria" (Cl 3.16).
Ódio
Às vezes, odiamos; às vezes, somos odiados. O ódio é um sentimento de agressividade, vingança, destruição. É doentio, é demoníaco.
A origem pode ser os "direitos perdidos". A maioria de nós acha que tem direito absoluto de fazer ou possuir certas coisas. Quando sentimos que alguém nos impede de exercer nossos direitos, reagimos com agressão, ira, ódio.
As consequências são graves na vida daqueles que têm ódio: minam a saúde, seu espírito é bloqueado e cessa a luz, a paz; abrem brechas para o controle de principados, a perda da vida eterna (I Jo 3.15), e a pessoa não tem amor a Deus (I Jo 4.20).
Quem está sendo odiado pode vencer o ódio se humilhando diante do Senhor (Gn 32.7) e intercedendo para que o Senhor dê livramento (Gn 32.11).
Quem está odiando deve abrir mão do seu suposto direito; reconhecer que, muitas vezes, esse direito se baseia em nosso próprio egoísmo.
A pessoa deve se colocar sob o cuidado de Deus. Ele vai colocar tudo em ordem.
Também é necessário pedir o perdão se, efetivamente, houve injustiça.
O fato é que o ódio não pode existir no coração de um servo ou serva do
Senhor. Devemos andar em amor.
Raiz de amargura
Quando alguém nos fere, ficamos magoados. Logo depois vem o ressentimento, ou seja, sentimos de novo a ferida. A tendência é o mal crescer e ficarmos amargurados. Todo o nosso ser é atingido. Ficamos infeccionados.
A Bíblia diz "... nem haja alguma raiz de amargura que, brotando, vos perturbe e, por meio dela, muitos sejam contaminados ..." (Hb 12.15).
Uma pessoa amargurada acaba contaminando a todos, pois não está em paz,
não está no centro da vontade de Deus. Na verdade, ela acaba abrindo brechas
para a atuação do inimigo.
O perdão traz paz (Rm 5.1) e
reconcilia (Mt 5.23-24). Coloca-nos debaixo da graça de Deus. Por isso, não
deixe esse mal permanecer dentro de você. O remédio é o perdão.
Sentimento de culpa
Culpa é um sentimento de remorso produzido pela certeza de havermos quebrado uma lei, uma regra. É produzido pela sua consciência.
Há pessoas que tratam a culpa de forma errada:
Iludem a si mesmas procurando enfrentar a culpa;
Arranjam desculpas falseando a verdade;
Têm sentimento de fracasso. Sentem-se como vermes e acham que não merecem o perdão de Deus.
Entram em depressão; isolam-se. Sentem que são pecadoras. Ficam na solidão.
Como vencer, então, a culpa?
Não aceitar culpa que não se firme na Palavra.
Quando os fariseus quiseram lançar culpa sobre os discípulos, Jesus foi firme e se baseou na Palavra: "Não lestes ...?" (Mt 12.2). Pela misericórdia e pela verdade se expia a culpa (Pv 16.6).
Entender que o diabo quer sempre dizer que Deus não é fiel e não lhe perdoou. Mas sabemos que a misericórdia do Senhor se renova a cada manhã por nós e que Ele é fiel e justo para nos perdoar.
Entender que o que Deus primeiro deseja é perdoar, restaurar e nunca destruir. A história do filho pródigo ilustra muito bem essa verdade. O pai procurou dar o melhor para o filho (Lc 15.21-24).
Tomar posse do perdão de Deus e se perdoar.
Devemos reconhecer que erramos e nos arrepender. Aceitar o perdão de
Deus. Assim, "justificados, pois mediante a fé, temos paz com Deus
..." (Rm 5.1).
Sentimento
de rejeição
Nós fomos criados em amor. Precisamos de compreensão e aceitação. Como vivemos num mundo carente e com falta de amor, então crescemos, geralmente, com sentimento de rejeição.
A grande mensagem da Bíblia é que Deus nos ama. Ele não nos rejeitou. Por causa do Seu amor, Ele escolheu um povo para Si (Rm 11.2). Mesmo sendo abandonado por esse povo, o Senhor escolheu um remanescente para trazer as Suas bênçãos a todas as pessoas (Rm 11.4-5). Com isso, o Senhor abriu uma oportunidade para os gentios serem salvos (Rm 11.11-12).
Mostrando o seu grande amor, Ele diz que, se Israel não permanecer na incredulidade, será enxertado de novo na Oliveira (Rm 11.23).
Mas qual a razão de termos sentimentos de que somos rejeitados por Deus?
A falta de conhecimento da Bíblia e de uma experiência do grande amor de Deus.
Temos a tendência de transferir a imagem que temos de nosso pai terreno para o Pai celeste. Se somos rejeitados pelos nossos pais, podemos achar que somos rejeitados, também, por Deus.
Mas, acima de tudo, há uma influência maligna que quer sempre nos dizer que Deus não nos ama, para assim não mais O adorarmos.
Mas Ele nos escolheu e não nos rejeitou (Is 41.9). Ele nos ajuda e sustenta (Is 41.10); os nossos inimigos serão destruídos (Is 41.11). Ele nos toma pela mão direita (Is 41.13).
Complexos
Gideão vivia num tempo de dominação do inimigo. Ele havia aprendido a fugir: "...estava malhando o trigo no lagar, para o por a salvo dos midianitas" (Jz 6.11).
Quando o Anjo chegou perto dele disse: " O Senhor é contigo, homem valente" (Jz 6.12).
Logo vieram à sua memória lembranças negativas e derrotas: "Ai, Senhor meu! Se o senhor é conosco, por que nos sobreveio tudo isto?" (Jz 6.13). Depois ainda vieram sentimentos de inferioridade: "Eis que a minha família é a mais pobre em Manassés, e eu o menor na casa de meu pai" (Jz 6.15).
Essa história se repete ainda hoje. Certa vez, numa líder, ressurgiu o complexo de inferioridade que ainda estava em seu coração. Simplesmente, ficou revoltada e magoada com o seu pastor porque ele não a deixou dirigir sozinha o culto do meio de semana. Ela queria ocupar o lugar do pastor-ajudante que era o responsável pelo culto.
Contaminada, influenciou outras pessoas contra o pastor. Ela sentia necessidade de um cargo de prestígio para apagar o seu complexo.
Havia em Gideão espírito de covardia, fraqueza, baixa autoestima. Deus via nele, contudo, um homem valente. Os filhos e filhas do Senhor não podem ser medrosos.
Paulo disse a Timóteo: "Deus não nos tem dado espírito de covardia, mas de poder" (I Tm 1.7). Foi assim que o Anjo disse a Gideão: "Vai nessa tua força e livra a Israel" (Jz 6.14).
Gideão teve paz e mais confiança depois que teve a certeza de que Deus era quem lhe falava, disse : "... vi o Anjo do Senhor face a face" ( Jz 6.22 ). O Senhor, porém, lhe disse que ele não morreria por ter visto o Senhor.
Ele foi capacitado também pelo Espírito (Jz 6.24), por isso, teve vitória frente ao inimigo.
Gideão é um exemplo de pessoa restaurada e tratada pelo Senhor para ser um vencedor.
Medo
Há um medo considerado normal que é uma proteção à nossa vida, bem como, um medo anormal, considerado doentio, neurótico.
Trazem medo às pessoas:
- Enfrentar o desconhecido
Geralmente a noite traz o medo. O Salmo 91.5 fala do terror noturno. Uma mudança para outro lugar ou um novo emprego podem trazer um medo normal do desconhecido. Quando temos domínio da situação, o medo tende a diminuir ou desaparecer.
- Situações neuróticas
São medos irracionais, especialmente de origem na infância. Geralmente, surgem por causa de lendas e ameaças. Foi o caso de uma jovem que tinha medo de quarto escuro e não sabia o motivo. Na ministração de Cura Interior veio à tona a imagem da empregada da casa dizendo para ela, na sua infância, que haviam fantasmas no seu quarto.
- Quando estamos em pecado
Quando estamos errados, temos medo. Foi o que aconteceu com Adão:
"Tive medo e me escondi" (Gn 3.10). Mas, na reconciliação com Deus,
na comunhão e no perdão, sentimos o amor e a proteção do Senhor, por isso, o
medo desaparece.
Acima de tudo, então, somos chamados a confiar no Senhor. No Salmo 27
Davi diz: "O Senhor é a minha luz e a minha salvação; de quem terei
medo?"
Manias
A mania é uma desordem mental caracterizada pela repetição impulsiva de
atos esquisitos como cuspir a toda hora.
Mania não é loucura. A pessoa até tem conhecimento de seus atos, mas não consegue se controlar. São rituais realizados todo dia, como ter o impulso de gritar obscenidades, ter ideias de que pode ter causado acidentes a alguém, verificar constantemente se fechou a porta, o registro de gás etc. É o que se chama também de neurose obsessivo-compulsiva.
A Bíblia fala das pessoas que têm "mania por questões e contendas de palavras, das quais nascem inveja, provocação, difamações, suspeitas malignas" (1Tm 6.4).
Jesus veio colocar ordem no nosso mundo interior. Ele veio trazer equilíbrio. Através do Espírito de Deus, passamos a ter as palavras de Cristo em nossos corações (Cl 3.16). Passamos a ter paz. Os "fantasmas internos" são eliminados e o fruto do Espírito passa a ser uma realidade dentro de nós.
Na mania ou neurose obsessivo-compulsiva, a pessoa é incapaz de
controlar pensamentos repetitivos e passa a praticar determinados atos contra a
sua vontade. Por isso, precisamos deixar Jesus ser o Senhor da nossa vida. Precisamos nos santificar.
Assim, rios de água viva fluirão do nosso interior.
Ansiedade
A ansiedade não é algo novo. Os irmãos de José tiveram ansiedade (Gn 42.21), bem como Davi (Sl 38.8-10).
É um desejo ardente, uma aflição, uma angústia, uma incerteza em relação ao amanhã. Traz temor, tensão, dores musculares, taquicardia, enjoos, boca seca, insônia, cansaço etc.
Wesley diz que ela é "um pecado do mais negro negrume. É uma alta afronta ao gracioso Governador e sábio ordenador de todas as coisas... Insinuamos que o Grande Juiz não julga retamente e não dirige todas as coisas".
Exercícios físicos ajudam a aliviar a tensão. Distrair-se com algo que gostamos de fazer também nos ajudará, bem como repartir as preocupações com alguém que confiamos. É melhor serem dois do que um (Ec 4.9-12).
Mas, acima de tudo, temos que buscar a solução no Senhor. Por isso, a orientação "Não andeis ansiosos de coisa alguma, em tudo, porém, sejam conhecidas diante de Deus as vossas petições..." (Fp 4.6).
O Senhor levará nosso fardo. Quem experimenta o grande amor de Deus tem segurança no amanhã, pois sabe que somos filhos e filhas. Quem recebe o poder do Espírito tem a capacidade que faltava em sua vida.
Lance o seu cuidado sobre o Senhor, porque Ele tem cuidado de nós (1Pe
5.7).
Depressão
A depressão tem sido chamada da "doença do final do século XX". Entre os seus males, estão:
A depressão faz a pessoa ficar doente: "O coração alegre é bom remédio, mas o espírito abatido faz secar os ossos" (Pv 17.22).
A depressão faz a pessoa envelhecer precocemente e traz rugas. Quem sorri ativa doze músculos do rosto e tem relaxamento que libera o neurotransmissor serotonina que agiliza a comunicação entre os neurônios cerebrais. Isto traz saúde e vida.
Podemos dizer sem medo de errar que a depressão é "o ninho de Satanás", pois só há desânimo, tristeza profunda e vontade de morrer. Por isso a Bíblia diz que a alegria do Senhor é a nossa força (Ne 8.10).
A depressão pode vir pela ação das trevas, pela vida de pecado, por um sentimento de culpa, por um problema hormonal etc. Mas há também a depressão pós-parto que é algo natural.
Certa vez, ministrei libertação a uma senhora que não era evangélica, chorava há três dias sem parar, sem saber o motivo. Na oração, houve a manifestação de um espírito de tristeza que disse que havia um " trabalho" feito em sua casa. Desde que o trabalho foi desfeito, ela parou de chorar.
Devemos procurar saber a causa da nossa depressão e, com o remédio adequado, atacá-la. Há depressão que é hereditária e só uma ministração profunda resolverá o problema.
Em muitos casos dependerá exclusivamente de sua fé. Quando era pastor no Jardim Botânico, RJ, uma senhora que morava a mais de uma hora de distância, em Campo Grande, frequentou a ministração durante um ano. Há mais de 20 anos ela sofria de depressão, por causa da morte da mãe. Chegava ao ponto de ser internada. Ela nada falava na ministração de cura interior. Um dia, ela disse que estava se dando "alta", pois havia sido curada da depressão. Seu pai havia acabado de morrer, ela sentiu e chorou naturalmente, mas não entrou mais em depressão.
Paulo é um exemplo para nós. Apesar de suas tribulações (Fp 4.14), ele
podia dizer: "Alegrai-vos no Senhor" (Fp 3.1). Disse mais:
"Aprendi a viver contente em toda e qualquer situação" (Fp
4.11).
Rebeldia
Na história do povo de Deus aprendemos que muitas vezes houve rebelião contra os líderes e o Senhor. Aprendemos também que são vários os malefícios decorrentes da rebelião, como são vários os benefícios por causa da submissão ao Senhor.
A rebeldia traz a ira do Senhor (Nm 11.1), mas a submissão traz a bênção
do Senhor (Nm 11.8).
A rebeldia retira a proteção do Senhor (Nm 12.1-2; 12.10), mas a submissão traz a presença dos anjos, a ação do Espírito, a proteção de Jesus.
A rebeldia impede-nos de entrar na terra prometida (Nm 14.2-4; 14.22), mas a mansidão, a submissão leva-nos a receber essa bênção de possuir a terra (Mt 5.5).
A rebeldia, na verdade, leva-nos a desprezar o Senhor (Nm 16.30-32),mas a submissão leva-nos a estar no centro da vontade do Senhor e a adorá-lo.
A rebeldia leva-nos a ser rejeitados por Deus e a perder a bênção (1Sm 15.23), mas a submissão leva-nos até o trono do Senhor (Ap 3.21).
A rebeldia assemelha-nos a feiticeiros (1Sm 15.23), e a loucos (Rm 1.21-22) mas a submissão faz liberar a ação do Espírito Santo na nossa vida.
Vivemos entre a rebeldia e a submissão, entre a vida e a morte. A nós
cabe escolher a melhor decisão; optar pela submissão à vontade do Senhor.
Síndrome de Caim
A história de Caim é a história de muitos que não conseguem resolver os conflitos que trazem tormento e levam à morte.
Uma síndrome pode ter diversas causas. Provavelmente, Caim herdou de seus pais sentimentos de revolta, rejeição, culpa etc. Afinal, eles estavam em pecado e foram expulsos do Jardim do Éden.
Caim, certamente, não conseguiu aceitar o fato de ter que trabalhar em uma terra amaldiçoada (Gn 3.17). Ele era lavrador.
No fundo, Caim rejeitava Deus. Por isso, deu uma oferta sem amor, sem desejo sincero. Por esse motivo, Deus rejeitou Caim e sua oferta.
Já Abel deu do que primeiro ganhou - as primícias - e ainda da gordura dos animais. Deus se agradou de Abel e de sua oferta.
Uma síndrome tem diversos sinais e sintomas. Em Caim passou a existir também a ira (Gn 4.5). Passou a ficar "prá baixo".
Uma pessoa assim não tem condições normais para se avaliar. Certamente suas decisões serão fora do propósito de Deus.
Caim quis destruir o que sentia ser a causa de sua infelicidade e rejeição: Abel. Ele se esqueceu de destruir o que estava dentro dele - a natureza terrena.
Tiramos daqui uma grande lição: Deus não nos rejeita para sempre. Ele sempre quer nos resgatar. Ele procurou a Caim e lhe disse: "Se procederes bem, não é certo que serás aceito?" (Gn 4.7).
Seremos aceitos se nos arrependermos, se aceitarmos a direção do Senhor.
Essa síndrome será quebrada. Seremos reconciliados com Deus. Viveremos
em paz.
A “Dalila"
Dalila foi uma mulher filisteia, povo inimigo de Israel. Seduziu Sansão que lutava contra os filisteus, e que acabou nas garras do inimigo.
Wesley diz que nós devemos ter um cuidado com a Dalila que ainda reside em nosso interior. Esta Dalila significa a natureza pecaminosa que quer nos seduzir e nos fazer cair em pecado.
Quando a pessoa é justificada por Deus, apesar da paz e da salvação, ainda permanecem nela dois princípios contrários: a natureza e a graça, a carne e o espírito, por isso, Wesley enfatiza a necessidade dos crentes viverem em vigilância "contra a carne, o mundo e o diabo".
Apesar de termos crucificado a carne, ela permanece e sempre luta por se desprender dos braços da cruz.
Quem nasceu de novo e anda no Espírito tem o pecado subjugado, apesar dele ainda permanecer em nós.
Devemos vigiar e caminhar para a inteira santificação, pois só assim teremos a vitória sobre a Dalila que nos induz ao mal.
Wesley enumera o pecado interior, ou seja, a Dalila que ainda permanece em nós: "qualquer sentimento, paixão ou afeição pecaminosa, tais como: o orgulho, a obstinação, o amor ao mundo de qualquer espécie, como a cobiça, a ira e a queixa ..."
Por isso, devemos andar no Espírito. Por isso, devemos vigiar.
A
transferência da imagem do pai
Às vezes, temos uma imagem de Deus equivocada por causa das nossas experiências com nossos pais. As experiências que temos com nossos pais costumamos transferir para Deus. Há filhos e filhas que têm a imagem de um Deus vingativo, punitivo, porque assim aprenderam com seus pais. Há outros que acreditam num Deus distante e indiferente porque seus pais não tinham diálogo ou não davam atenção para eles.
Temos que restaurar em nossa vida a verdadeira imagem de Deus. O Pai celeste que a Bíblia nos mostra e que Jesus veio revelar, tem essas características:
É um pai que sabe das nossas necessidades (Mt 6.8,32). Ele não é indiferente; ele conhece o nosso coração.
É um Pai que podemos procurar nos momentos mais difíceis, pois Ele vai nos escutar (Mc 14.36). No Getsêmani, Jesus disse: "Pai, se possível passa de mim esse cálice."
É um Pai em quem podemos ter inteira confiança (Lc 23.46). Por isso, no momento de partir daqui, Jesus disse: "Pai, nas Tuas mãos entrego o meu espírito".
É um Pai que confia em nós e nos concede autoridade (Jo 5.26-27,36). Seu desejo é que vivamos de uma forma madura e sejamos instrumentos do Senhor.
É um Pai que se agrada em nos dar boas coisas (Mt 7.11) e o Seu Reino (Lc 12.32). Ele é amor, por isso, sempre pode nos dar.
É preciso estudar na Bíblia sobre esse Pai. É preciso estar aberto para
esse Pai. É preciso deixar o Espírito colocar em nossos corações a verdadeira
imagem de Deus. Quando tivermos essa experiência, então, glorificaremos ao Pai
celestial.
A máscara
Máscara é uma imagem falsa que esconde a verdadeira identidade da pessoa. Muitos têm essa máscara e nem percebem. É um artifício para esconder um trauma, uma fraqueza, uma frustração ou ainda o verdadeiro caráter.
Há todo um plano maligno para ferir as pessoas (Gn 3.15), mas há também todo um plano do Senhor para resgatar e restaurar o ser humano (Lc 19.10).
Zaqueu era de baixa estatura (Lc 19.3), o que era motivo, certamente, para apelidos. Quando uma pessoa é ferida, uma das suas reações é a violência ou subir na vida de forma ilícita para estar por cima das pessoas (Mc 19.2). Mas ele passou a ser chamado também de ladrão, o que aumentou o seu sentimento de rejeição.
Por trás da grandeza de Zaqueu (era o maioral dos publicanos), estava escondida a sua identidade doentia: o complexo e o sentimento de rejeição.
Certa vez, conversei seriamente com um ministro de louvor que tinha grande vaidade e sentimento de superioridade. Ele era de baixa estatura e de família muito pobre. Ele se sentia o maioral. Não aceitava nenhuma interferência. O pastor era quem “atrapalhava a obra do Espírito”. Como seu ministério foi um fracasso, ele foi ao escritório transferir a culpa para o pastor. Ele não podia aceitar o fracasso. Por isso, procurou transferir a culpa. Tudo isso era uma máscara para esconder sua real face: o complexo. Não tinha maturidade para aceitar suas falhas e mudar. Não dava lugar ao Espírito de Deus.
Pessoas assim não são plenamente usadas por Deus. Ao contrário, são usadas pelo diabo para trazer contendas na Igreja. Elas não aceitam nenhuma correção da liderança da igreja. Qualquer pequeno comentário sobre uma falha do louvor é suficiente para ser guardado, para justificar uma reação contra a “ameaça” a sua posição. São incapazes de guardar um elogio da liderança. A crítica penetra fundo e atinge o complexo gerando agressividade para se defender da “ameaça”.
Quando estamos assim, qual é o caminho para a cura?
- Reconhecer que precisamos de cura (Lc 19.3). Zaqueu quis ver Jesus.
- Fazer um esforço para ser curado.
Zaqueu correu e subiu em uma árvore (Lc 19.4).
- Aceitar a cura. Jesus foi à casa de Zaqueu (Lc 19.5).
Jesus o curou por Seus atos de amor: Chamou-o pelo nome (Lc 19.5) e não mais pelo apelido. Foi à sua casa onde ninguém mais queria entrar (Lc 19.5). Enfim, Jesus o amou profundamente. Quebrou a capa de proteção. A máscara foi retirada. Houve, por isso, salvação.
As reações de Zaqueu foram de uma pessoa curada; deu o que tinha, quis consertar o que de errado havia feito (Lc 19.8).
É assim que o Senhor cura as feridas: por atos de amor.
Olhos
doentes
Nossos olhos são muito importantes no mundo espiritual. Eles revelam sentimentos e propósitos. Vários textos bíblicos revelam atitudes no olhar que determinam nossa vida (Gn 19.26; Gn 33.10; Mt 6.22-23).
Os olhos influenciam nosso ser (Lc 6.42). Se eles forem maus, todo o nosso corpo será de trevas, mas, se eles forem bons, nosso corpo será luminoso.
Por isso, precisamos aprender a olhar para os céus nas dificuldades (Mt 14.19), precisamos olhar sempre para o Senhor e não para os ídolos (Is 45.20-22), precisamos olhar para a bênção que queremos (Gn 13.14), precisamos olhar para a direção certa (Mq 7.6-7).
Nossa alma é cega espiritualmente sem o Espírito Santo. Precisamos, por isso, ter os olhos do coração iluminados (Ef 1.18) e passamos a conhecer toda a riqueza da glória de Deus.
Se desejamos ser vitoriosos, portanto, precisamos ter os olhos
espirituais abertos, como Estêvão tinha (At 7.55).
As
feridas
Somos agredidos pelas pessoas em determinados momentos da nossa vida. Uns sentem mais do que outros. As agressões podem trazer feridas emocionais. A Bíblia diz: "ferido como a erva, secou-se o meu coração" (Sl 102.4).
As feridas trazem enfermidades. A Bíblia adverte: "Cuidado para que ninguém se torne como planta amarga que cresce e prejudica muita gente com o seu veneno" (Hb 12.15).
Uma pessoa ferida sente dor, reage com violência, perde o equilíbrio, se sente instável e com falta de paz.
Por isso, temos que cuidar das feridas emocionais para que não tragam doenças e a própria morte. Conheço muitas pessoas que ficaram magoadas que passaram a ter ressentimentos e raiz de amargura. Como consequência, passaram a ter úlcera, pressão alta, desânimo, depressão.
Pessoas feridas precisam ser curadas adequadamente: "curam superficialmente a ferida do meu povo, dizendo: Paz, paz; quando não há paz" (Jr 6.14).
Se está sendo difícil, faça como Davi, clame ao Senhor: "Mas tu, Senhor Deus, age por mim, por amor ao Teu nome; livra-me, porque é grande a tua misericórdia. Porque estou aflito e necessitado e, dentro de mim, sinto ferido o coração" (Sl 109.21-22).
A nossa fé é que poderá apagar os dardos inflamados do Maligno. Clame pelo sangue de Jesus. Confia na Sua misericórdia e na Sua graça. A fé é um antídoto (contraveneno).
Nós podemos ser curados através da fé e da posse dos méritos de Jesus na cruz. Somos perdoados mediante a fé e alcançamos a paz (Rm 5.1); Jesus é a nossa paz (Ef 2.14).
Uma ferida não poderá ser curada enquanto o dardo estiver encravado em seu coração. Pelo perdão, pela sua fé, pela graça de Deus, esse dardo sairá e a cura virá.
O propósito do Senhor é curar: "Eu curarei as vossas rebeliões" (Jr 3.22). Diz mais: "Ouviu o Senhor a Ezequias, e sarou a alma do povo" (2Cr 30.20).
Somos curados através do perdão. Perdoar quer dizer desatar cadeias e ataduras. Quem não perdoa está preso aos espíritos; está em trevas.
Quem peca contra nós, deve ser perdoado, para sermos perdoados pelo Pai (Mt 18.21-35).
Somos curados também quando recebemos amor. O amor cobre multidão de pecados. O amor é o remédio criado por Deus para sarar as feridas emocionais. A Bíblia diz: "Com amor eterno eu te amei; por isso, com benignidade te atraí" (Jr 31.3).
Somos curados ainda quando Jesus visita o nosso interior, o arquivo da nossa vida, e retira os traumas emocionais. É obra do Espírito Santo.
É importante ter conhecimento de que nós herdamos sentimentos, pensamentos, costumes, crenças que nos prejudicam: "... nossos pais herdaram só mentiras e vaidades ..." (Jr 16.19).
Nem sempre percebemos o que há em nós, pois já faz parte da nossa
personalidade. Só a ação do Espírito Santo, como aconteceu com Pedro (At
10.9-35) poderá nos conscientizar e curar.
O
melindre
Melindre é a facilidade de se zangar, ter a disposição para sofrer influências e enfermidades. Enfim, ter os sentimentos à flor da pele; qualquer coisa é motivo para uma reação negativa.
Uma pessoa que está com melindre, na verdade, está doente emocionalmente e está sem revestimento. Para a pessoa se zangar, o coração tem que estar com ressentimento, mágoa, sentimento de rejeição, soberba etc. Para a pessoa reagir agressivamente a uma palavra ou atitude de alguém, ela só pode estar sem mansidão, domínio próprio, humildade ou amor.
Paulo orienta para que ninguém se deixe possuir de vanglória, provocando uns aos outros (Gl 5.26). Ainda diz que os espirituais devem corrigir o que está em falta, mas com espírito de brandura (Gl 6.1). Ele diz mais: "Longe de vós toda amargura, e cólera, e ira, e gritaria, e blasfêmias, e bem assim toda malícia" (Ef 4.31).
Quando o Espírito Santo molda o nosso caráter, nós temos o amor, a bondade, a mansidão, o domínio próprio (Gl 5.22-23). Por isso, Paulo fala sobre a vocação do cristão: andar de modo digno, "com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor" (Ef 4.2).
Quando temos essas virtudes no coração, então, estamos revestidos e temos um escudo contra as agressões ou contra as imaginações e impressões negativas.
Quem está com melindre está frágil e pensa muito em si próprio. Quem
está com o coração cheio de amor está forte e pensa mais no próximo.
A
catatimia
Certamente, você está achando estranha a palavra "catatimia". Significa perturbação psíquica ou mental capaz de tumultuar o raciocínio de modo a impossibilitar o ser humano de fazer bons julgamentos.
Pessoas que têm catatimia, só veem defeitos, erros, falhas. Não são capazes de ver o lado bom, o que é justo, correto. Pessoas que, por isso, são tremendamente críticas. Não têm espírito de gratidão.
Jesus já havia alertado para a catatimia: "Por que é que você olha o cisco que está no olho do seu irmão e não vê o pedaço de madeira que está no teu próprio olho?" (Mt 7.3). Por isso, ele disse: "Não julgueis" (Mt 7.1).
Uma pessoa assim tem os olhos maus e, como consequência, o seu corpo também está em trevas (Mt 6.22).
Nós somos chamados a ser portadores de boas novas. Sim, não somos chamados a ser portadores de más notícias, de más intenções ou de palavras negativas. A palavra de Jesus é clara: "Ide, portanto, fazei discípulos... ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado" (Mt 28.19). Jesus disse também que o Espírito Santo nos ensinará todas as coisas e nos fará lembrar de tudo que ele ensinou (Jo 14.26).
Uma pessoa com catatimia está fora do propósito do Senhor e não tem o
Espírito Santo dirigindo a sua vida. Uma pessoa assim precisa se humilhar,
pedir libertação desse mal para que seja curada e passe a ser apenas um
instrumento do Senhor.
Síndrome
do pânico
Pânico é um medo violento e repentino. Essa palavra tem origem em "Pã", deus grego que aparecia com os pés de bode e chifres, assustando pastores e camponeses.
É resultado de um desdobramento de uma situação patológica. A pessoa com
esta síndrome tem queixa de pelo menos quatro sintomas, dentre os seguintes:
dor no peito, tontura, angústia, palpitação, náusea, tremores, medo de morrer
ou ficar louco, medo de sair na rua, de andar sozinho, mal-estar abdominal.
Resumindo, a pessoa está carregando uma carga pesada em seu interior que não consegue suportar, trazendo assim, graves transtornos a sua vida.
Por isso, Jesus nos advertiu sobre a ansiedade dizendo para não acumularmos e nem anteciparmos os problemas: "... não fiquem preocupados com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã trará as suas próprias preocupações" (Mt 6.34).
Ele ainda disse para buscarmos o Reino de Deus em primeiro lugar (Mt 6.33). Jesus nos ensina aqui que temos um Pai que nos ama e cuida de nós: "... vosso Pai celeste sabe que necessitais de todas elas" (Mt 6.32).
Precisamos aprender a depender da graça do Senhor, saber que temos limites e precisamos descansar no Senhor, confiando em Seu amor e providências.
Esperando no Senhor teremos as nossas forças renovadas e teremos pleno
equilíbrio.
As
algemas
Uma pessoa "algemada" não tem liberdade; não pode desenvolver-se. Por isso, não é plenamente feliz.
Há muitas pessoas que são prisioneiras do passado. Às vezes, nem sabem. Precisam ser libertas.
O pecado de Adão e Eva passou para todos nós. Traz culpa, morte eterna, separa-nos de Deus. O único remédio é Jesus (Cl 2.13 e Rm 15.20-22). Jesus liberta, perdoa e restaura a comunhão com o Pai.
Há outras pessoas que estão presas a pactos, a maldições (Gl 3.13-14 e Pv 26.2). Outras estão presas a tradições, costumes e práticas dos pais (Mc 7.6-9 e Mt 15.1-6). Precisa haver o desligamento dos poderes das trevas. Nossa mente precisa andar em novidade de vida que Jesus traz. Ele faz tudo novo.
Outras pessoas ainda estão presas a fatos dolorosos do viver diário: perda de algo precioso (Jó 42.10-13), Lc 7.11-16 e 2Co 1.3-4); traumas (Jó 5.18, Is 61.1 e Jr 17.14). Precisam de uma restauração que nem sempre é instantânea. Deus cuida de nós com carinho e sabedoria.
Por fim, há pessoas que têm uma culpa que as atormenta (Pv 16.6 e 21.8). Um fato real que traz peso, vergonha, fuga, desespero. É preciso chegar diante do Pai de amor; e ser franco com Ele. Ele nos perdoará e nos dará a paz (Rm 5.1).
"Se o filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres" (Jo
8.36). Sim, essas algemas podem ser retiradas. Foi para isso que Jesus veio.
Ele veio para nos dar vida em abundância. Confia de todo o coração; o mais Ele
fará.
Os
impulsos
Enquanto a nossa natureza terrena, a carne, não é totalmente anulada, crucificada na cruz, vivemos uma luta interna muito grande entre a carne e o espírito.
Às vezes, o comando está com a carne e, então, ficamos submissos aos impulsos e desejos que estão no nosso interior, no inconsciente. Segundo Stanley Jones, missionário metodista na Índia, "os três impulsos diretivos residem no subconsciente (inconsciente): o ego, o sexo e a herança".1
Assim, vemos pessoas convertidas que ficam dominadas pela vontade de aparecer, ser superiores; vemos filhos de Deus influenciados exageradamente pelo sexo e ainda vemos pessoas bem-intencionadas na igreja que têm uma forte influência dos seus antepassados.
"O Espírito Santo precisa tomar posse do inconsciente", diz o missionário. Assim, quem vai reinar, vai dirigir a nossa vida será o Espírito e não a carne.
Paulo fala dessa luta entre a lei que comanda o corpo e a lei que há na mente (Rm 7.24-25). Ele chega a perguntar: "Quem me libertará deste corpo de morte?" (Rm 7.24).
Nossos desejos e impulsos devem estar sob a direção do Espírito Santo. Quando isso acontece, há unidade entre a mente e o inconsciente. A pessoa tem equilíbrio. Aquele que é filho de Deus sabe que deve andar como Cristo andou e o Espírito Santo lhe dá condições para que isso aconteça.
A
dor da perda
Na nossa vida diária perdemos e ganhamos algo. Algumas perdas são trágicas e marcam profundamente. Perder um pai ou uma mãe na infância não é a mesma coisa que perdê-los na vida adulta. Perder um parente de forma trágica não é a mesma coisa que perder um parente que já esperávamos, ou até achávamos que era o melhor para ele.
O valor que damos a algo que perdemos também marcará, ou não, a nossa vida. Quem está muito ligado aos bens materiais e tem o carro roubado entrará em desespero. Mas quem tem a sua vida centralizada na vontade do Senhor vai superar com mais facilidade.
Paulo perdeu coisas, mas ele declarou: "... considero tudo como completa perda por causa daquilo que tem muito mais valor: o conhecimento de Cristo Jesus, o meu Senhor" (Fp 3.8).
Ele conclui: "Por causa dele joguei tudo fora. Considero tudo isso somente como lixo, para que eu possa ganhar a Cristo" (Fp 3.8).
Paulo colocou o seu alvo no conhecer Cristo e experimentar o poder da ressurreição, por isso, ele deixou tudo para trás (Fp 3.10).
Existe ainda outras perdas que podem nos marcar: do emprego, prestígio, casamento, parte do corpo, casa etc.
Nós não devemos esconder a dor. Temos que pôr para fora o que sentimos, caso contrário, isso trará, depois, consequências negativas. Não podemos negá-la. Na cultura judaica, o luto leva 40 dias. Tempo para a pessoa superar a sua dor. Ela assumia a perda, mas procurava superá-la.
Certa vez, uma senhora ouvia a minha fita de cura interior que ministrava em cada fase da vida. Enquanto ela ouvia sobre o período da infância, começou a chorar sem parar. Sua irmã correu para ajudá-la. Depois, ela se acalmou e com o passar dos dias voltou a sorrir. A vida toda ela havia vivido triste e não chorava. Quando era pequena, perdeu a mãe e ninguém a ajudou a superar aquele momento de dor. Ela conteve o choro e, por isso, ficou doente. Quando abriu o seu coração, superou um problema de sua infância.
O psiquiatra cristão, Pr. Fábio Damasceno, fala das etapas vivenciadas diante da perda:
Fase da negação do fato - Isto pode durar alguns minutos ou muito tempo.
Fase do confronto com a realidade - No falecimento de um parente, muitas vezes, só quando vemos o corpo é que tomamos consciência da realidade. Uns têm sentimento de culpa, outros choram muito e ainda outros procuram ser fortes.
Fase da revolta - É a reação de uma pessoa que não se conformou com a perda. Costuma se irar e até arranjar um culpado. Exige de Deus explicações.
Fase da rendição ao fato
consumado - Reconhece que não pode mudar a realidade; só pode mesmo
aceitá-la.
Fase da cicatrização - A ferida aberta vai se cicatrizando lentamente e parando de doer.2
Alguns, por sentimento de culpa, acham que têm que continuar sofrendo, até por medo de trair o outro.
A atitude saudável é voltar aos poucos à vida normal. Não é necessário sentir a dor eternamente. Alguns fatos podem ajudar a cicatrizar mais rapidamente a ferida. Perdi um dos meus irmãos de forma trágica. Isso me trouxe angústia durante um bom tempo. Um dia, porém, tive um sonho. Sonhei com esse meu irmão sorrindo e dizendo que eu não deveria me preocupar mais, pois o lugar que ele estava era muito bom. Isso me deu tranquilidade e paz.
Quando estamos na dependência de Deus, nós vamos ter a cicatrização mais rápida. Jó, nas perdas, declarou: "O Senhor o deu, e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor" (Jó 1.21).
A consciência de Jó era de ter vindo a esse mundo sem nada. Ele sabia que sem nada também voltaria (Jó 1.21). Por isso, ele não blasfemou contra Deus. Sempre o louvou.
Para superar uma dor, precisamos de uma ajuda, de um apoio, de fortalecimento. Paulo encontrou isso em Jesus: "Tudo posso naquele que me fortalece" (Fp 4.13). Ele chegou a declarar: "... mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo" (2Co 12.9).
Sua fé era de que Deus conforta os abatidos (2Co 7.6). Diz ainda: "... a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória, acima de toda comparação" (2Co 4.17).
Ele aprendeu a superar a dor e a tribulação através da graça de Deus.
Ela nos sustenta. Ela nos basta.
Os traumas
Trauma é um choque emocional que traz bloqueios e diversas outras consequências negativas no relacionamento com as pessoas. Uma pessoa agredida sexualmente terá problemas na vida sexual, se não for tratada. Terá bloqueios no relacionamento conjugal ou uma atitude desequilibrada na vida sexual.
Por exemplo, uma criança do sexo masculino que é violentada poderá crescer necessitando de autoafirmação. Essa pessoa poderá ser muito ativa na vida sexual para poder assim compensar o sentimento ou a lembrança do fato negativo acontecido no passado. Seu medo de se tornar ou se sentir homossexual a levará a um mecanismo de defesa; sua atitude de "garanhão" poderá esconder um trauma.
Uma pessoa poderá também, por exemplo, ter medo de altura simplesmente porque no seu nascimento quase caiu no chão. Este fato foi compartilhado por uma pessoa publicamente numa ministrarão.
Para que haja cura plena, o fato tem que ser visto e restaurado. Não podemos camuflá-lo ou escondê-lo.
Não podemos simplesmente querer fugir. Houve um traumatismo; algo foi partido interiormente. Há uma nuvem escura sobre o seu passado. Há um abalo emocional em seu interior. Há um desequilíbrio, por isso, há necessidade de restauração.
O pior é que um trauma pode nos levar ao pecado; como mostramos acima quando a pessoa agredida sexualmente passa a ter aberrações sexuais.
A perda de alguém pode se tornar um trauma, especialmente se essa perda (morte ou abandono) for inesperada ou violenta, ou também, se não tivermos uma boa estrutura emocional para suportar. Por isso é que é um trauma: algo partido dentro de nós.
Mas graças a Deus que nos dá a vitória!
Fiquei abalado com a morte inesperada e violenta do meu irmão cuja notícia veio através de um telefonema. A partir daí, toda vez que recebia uma ligação telefônica, saia correndo para atender. Até que um dia alguém perguntou a razão de eu agir daquela maneira quando o telefone tocava. Foi aí que eu tomei consciência das consequências do trauma.
O trauma foi desmascarado. Veio à tona a verdade. Passei a controlar as minhas emoções e a nuvem escura que havia sobre esse fato saiu. Foi colocada a luz do Senhor.
O diabo pode se aproveitar de um trauma ou pode agir em fatos para trazer traumas, pois ficaremos marcados e bloqueados no nosso crescimento emocional ou profissional.
Portanto, temos que enfrentar com coragem e determinação o trauma. Por mais que você sinta novamente a dor, não desanime. O Espírito do Senhor veio retirar a emoção negativa e vai restaurar o seu passado e colocar normalidade em seu interior.
O trauma pode vir acompanhado de um sentimento de culpa. A pessoa se sente culpada da morte violenta de alguém. Esse sentimento de culpa pode gerar na pessoa autopunição; doenças aparecerão em seu corpo. Por isso, nem todas as doenças poderão ser curadas com uma só oração. Pode até ser, mas o problema poderá voltar, pois a raiz foi o trauma. Enquanto o trauma e o sentimento de culpa não forem curados, a pessoa não estará totalmente restaurada.
Portanto, também devemos entender que o processo de cura interior pode ser longo, pois há diversos problemas interrelacionados. Mas, graças a Deus que em tudo nos dá discernimento e vitória.
Notas
1.
JONES, Stanley. Enfermidades, Curas e o Espírito Santo. p.26.
2.
DAMASCENO, Fábio. Oficina de Cura
Interior. VINDE Comunicações, 1996,
pp.181-182.
III
- Tratando das raízes doentes do
coração
Certa vez, o rei da Síria mandou prender o profeta Eliseu. As tropas, cavalos e carros haviam cercado a cidade. Então, o jovem que auxiliava Eliseu disse: "Ai! meu Senhor! Que faremos?" (2Rs 6.15).
Eliseu respondeu: "Não temas; porque mais são os que estão conosco do que os que estão com eles" (2Rs 6.16).
O jovem estava apavorado diante do exército inimigo, mas Eliseu estava tranquilo. Eliseu via o que estava no mundo espiritual, mas o jovem não conseguia ver.
Isso tem muito a ver com a ministração de cura interior. Há coisas ocultas que, por não sabermos, temos medo ou bloqueios no nosso viver diário. Por isso, Eliseu orou ao Senhor dizendo: "Senhor, peço-te que lhe abras os olhos para que veja. O Senhor abriu os olhos do moço, e ele viu que o monte estava cheio de cavalos e carros de fogo, em redor de Eliseu" (2Rs 6.17).
Vamos agora falar sobre as raízes que estão no nosso interior e trazem problemas à nossa vida diária. Elas precisam ser retiradas. Precisamos também ter em nosso coração a raiz de Davi, que é Jesus. Precisamos ter o Espírito Santo que vai gerar seu fruto: amor, paz, alegria, bondade, mansidão etc.
Nem sempre sabemos o que está no nosso interior. Às vezes, descobrimos apenas a ponta do iceberg. Precisamos ir fundo. É o que Paulo disse: "Quanto ao ser humano, somente o espírito que está nele é que conhece tudo sobre ele" (I Co 2.11). Somente o Espírito pode revelar o que está no arquivo da nossa vida. Quando isso acontece, o processo de cura está iniciado.
Vamos relatar diversas experiências sobre as origens das raízes que estão em nossos corações. São relatos sérios e reais. Não queremos esconder nada. Queremos, sim, que todos sejam beneficiados.
Você encontrará aqui coisas novas e até que não entenderá. Talvez até discorde. Mas, se
você deseja ter os olhos abertos, como os do moço de Eliseu, deixe os
preconceitos de lado e espere que as coisas novas amadureçam com o tempo em seu
coração.
Intervindo no passado
No filme "Correndo contra o tempo", um cientista, prêmio Nobel, inventa uma máquina que faz voltar o tempo. Duas pessoas se colocam como voluntárias e procuram mudar a história da morte do presidente dos EUA, John Kennedy, ocorrida em 22 de novembro de 1963.
Elas queriam impedir o envio de tropas americanas para o Vietnã, onde morreriam 58 mil norte-americanos, pois o presidente substituto autorizaria o envio das tropas. O irmão de uma das pessoas, que se colocou como voluntária, também havia morrido na guerra.
Foi um fracasso a tentativa de mudar a história de Kennedy, mas conseguiram impedir que o jovem fosse para o Vietnã.
Como nesse filme, a ministração de Cura Interior, através da Reativação da Memória Inconsciente, pode intervir no passado que está registrado na memória do ser humano. Isso não é ficção e nem delírio. A psicóloga Renate Jost de Moraes, afirma que uma das propriedades específicas do inconsciente é a atemporalidade, ou seja, "ausência de limitação de espaço e de matéria".1
Isto significa que a "qualidade e a intensidade das lembranças do nível inconsciente não sofrem alteração pelo fato de se distanciarem da atualidade em direção ao passado".2 Não importa se o problema aconteceu semana passada ou 40 anos atrás. Essas lembranças são vivas em seu inconsciente. Ao reviver o fato, a pessoa o faz com emoção. A cena pode ser reelaborada.
Como numa fita de vídeo, nós temos registrado no inconsciente tudo de bom e de ruim que nos aconteceu no nosso viver diário. Além disso, trazemos os registros dos nossos antepassados. É o que o psicólogo C. G. Jung chama de inconsciente coletivo. Essas lembranças são vivas e ainda influenciam a nossa vida diária.
Como num vídeo é só saber apertar "play" e o filme da nossa vida passará na mente da pessoa que receba ministração. Não é hipnose e nem regressão de idade. O termo técnico é RMI - "Reativação da Memória Inconsciente".
Como o inconsciente trabalha com símbolos, precisamos também utilizar símbolos para abrir o inconsciente. O faraó sonhou com sete vacas magras e sete vacas gordas. José sonhou com o sol, a lua e onze estrelas que se inclinavam diante dele. A realidade é trazida à mente através de símbolos.
A obra maior será do Espírito Santo. Nós sempre pedimos que o Espírito traga à memória a razão da existência da enfermidade, o que geralmente acontece. Depois os anjos exercerão um papel fundamental. Eles lutarão contra os espíritos que atuaram e ainda estão registrados na história da pessoa.
Em vez dos demônios se manifestarem, eles serão amarrados e destruídos no inconsciente da pessoa. O bom é que a pessoa não sentirá nada e ainda verá a destruição dos demônios.
Isto é tão real que, quando ainda usava a técnica da "regressão de idade", certa vez, uma pessoa que me auxiliava ficou possessa, pois o demônio que se manifestou em determinado período da história da pessoa que recebia ministração transferiu-se para ela. Certamente, ela não estava tão preparada para auxiliar. O interessante é que a auxiliar tivera a visão da existência desse demônio e me alertara. Logo depois, ele se manifestou nela, pois saiu do inconsciente da pessoa que recebia oração.
Isso parece fantasia, mas á a mais pura realidade. É o que afirmou anteriormente a psicóloga Renate: a qualidade e a intensidade das lembranças do nível inconsciente não sofrem alteração pelo fato de se distanciarem da atualidade em direção ao passado.
Nas ministrações há sempre uma luta intensa, uma guerra espiritual. Em muitas ocasiões, os demônios resistem, mas eles acabam sempre sendo destruídos. Certa vez, ministrei cura interior em uma senhora evangélica que havia sido amaldiçoada pela mãe. Ela reviu o momento em que a mãe a amaldiçoou. Pedi, então, ao Senhor que mostrasse, revelasse a existência de demônios atrás da mãe, que era espírita. Ela disse que estava vendo uma pessoa vestida de branco, inclusive o chapéu. Logo identifiquei como sendo Zé Pilintra. Ela viu ainda, outro espírito com algo verde.
Pedi, então, que o Senhor enviasse um anjo a essa história, que se torna atual na ministração, e destruísse os demônios. Ela viu um anjo com uma tocha na mão, mas os demônios resistiram e passaram a lutar contra o anjo. A pessoa disse: "O demônio é abusado". Mas intercedi e clamei pelo nome de Jesus e os demônios foram destruídos.
Isso é tão real no inconsciente da pessoa que sem os demônios a história se torna diferente, sem o trauma anterior. Neste caso da filha que havia sido amaldiçoada foi assim. Pedi ao Espírito Santo que lhe mostrasse sua mãe perto dela naquele momento que ela a havia amaldiçoado. Sem os demônios, ela viu a sua mãe a abraçando em vez de amaldiçoando. Foi um momento de carinho. A mãe colocou a cabeça da filha em seu peito. Essa senhora hoje é diferente.
Num caso em que o pai tentou estuprar a filha, e isso a marcou negativamente, pedi ao Espírito do Senhor que lhe mostrasse a existência de demônios atrás do pai lhe influenciando. Ela viu demônios terríveis. Eles foram destruídos e, ao rever a cena, a filha viu que a atitude do pai era somente de conversar com ela.
A mesma cena aconteceu com uma menina quando ela tinha sete anos. O
cunhado a havia molestado sexualmente. Ela nunca havia dito isso para qualquer
pessoa. Na ministração isso veio à tona. Ela também viu demônios atrás dele.
Viu ainda que sem os demônios o cunhado apenas lhe abraçava com carinho e
respeito.
Uma pedra jogada em um lago faz com que as águas sejam movidas. Quando a pedra toca no fundo, há também uma movimentação da sujeira ali existente. Poderá, inclusive, sujar toda a água. É mais ou menos assim quando tocamos no inconsciente. Certa vez, o rádio relógio me acordou bem cedo. Eu ainda estava sonolento e o locutor falou algo. Logo comecei a sonhar com o que o locutor havia dito. Acordei e tomei consciência disso. O mesmo acontece quando introduzimos uma palavra no inconsciente. Há uma alteração. Quando pedimos que o Espírito Santo atue, quando pedimos que os anjos lutem, isso acontece naturalmente.
Isso também revela que uma pessoa para realizar esse tipo de ministrarão tem que saber o que está fazendo. Igualmente, ninguém pode se auto ministrar. Sei de uma pessoa que fez isso inadvertidamente e as consequências foram terríveis para ela. Por outro lado, há vários anos realizo a RMI e nunca passei por nenhum problema que prejudicasse a pessoa. Ao contrário, os resultados têm sido maravilhosos. Pena que não temos condições de ministrar adequadamente nas pessoas, pois são muitas e não podemos nos deter numa pessoa somente.
Esse tipo de ministração desgasta muito, mas as curas têm sido
maravilhosas, por isso vale a pena.
A necessidade de arrancar as
raízes venenosas
e amargas
Nem sempre é fácil arrancar raízes. Às vezes, elas estão muito
profundas. Às vezes, uma raiz tem várias ramificações. Mas é necessário
arrancá-la se nós quisermos extirpar o mal. A Bíblia fala da raiz que produz
erva venenosa e amarga (Dt 29.18).
Cortar só o mato o aparando, não adianta. Em breve o mato crescerá novamente e enfeiará o seu jardim. Vai cobrir as flores. É preciso retirar as raízes.
Uma raiz é plantada na pessoa, especialmente quando ela ainda é menor ou quando ela vive no mundo. Nós também herdamos raízes dos nossos antepassados. Um fato negativo pode criar raiz de medo, bem como de rejeição ou de insegurança; pode gerar em nosso coração a raiz do perfeccionismo ou do ativismo etc.
Uma pessoa que está doente emocionalmente não irá ser curada só com atenção e uma oração. A não ser que haja tamanha fé que o Senhor possa atuar com grande poder. Mas retirar só as dores e os sintomas não resolve o problema de origem emocional ou espiritual. João Wesley, avivalista do século XVIII, chega a chamar de charlatães aqueles que querem dar só consolo, quando a pessoa precisa de um profundo corte na alma para retirar as raízes e os dardos.
Precisamos ir à raiz do mal. A psicóloga Renate Jost de Moraes diz ainda; "Morrendo a raiz, deslancha-se um processo de quebra de cadeias, como já explicamos, e o paciente se cura"..3
As raízes geradas na infância podem produzir ervas venenosas e amargas em muitas áreas de nossa vida. Por exemplo, uma pessoa que sofre rejeição pode vir a ser complexada. O complexo pode trazer insegurança. A insegurança pode trazer medo. O medo e a insegurança, juntos com a rejeição e o complexo, podem trazer depressão. A depressão pode levar a pessoa a ter insônia e ficar dependente de remédios e assim por diante.
Quando essa pessoa vem para ser ministrada, não basta apenas orar para que ela deixe de ficar dependente dos remédios para a cura da insônia. Isso é apenas a ponta do iceberg. É preciso ir à raiz do problema, ou seja, à rejeição. É o que diz Wesley: “Enquanto o dardo estiver encravado, a doença permanecerá”.
Vamos analisar a história do povo de Deus que saiu do Egito. O povo de Israel ficou quatrocentos anos no Egito. Nesse período, muitas raízes foram plantadas nos corações dos filhos e filhas de Israel. Um povo oprimido e envolvido com outros deuses só poderia adquirir raízes de murmuração, incredulidade, temor, derrotismo etc.
Quando Moisés conduzia o povo pelo deserto se deparou com uma grande barreira: o Mar Vermelho. Atrás vinham os egípcios querendo destruir o povo. Quando o povo viu o inimigo "temeu muito" (Ex 14.10). O medo escraviza e bloqueia, por isso, eles preferiram voltar para o Egito (Ex 14.11-12). Como eles não estavam acostumados a ver a manifestação do poder de Deus, brotaram em seus corações os temores e o derrot1Smo que estavam plantados lá.
Não
havia tempo para uma "Cura Interior"; não havia tempo para arrancar
raízes. Moisés procurou acalmá-los, dizendo: "Não temais" (Ex 14.13).
Disse mais: "Aquietai-vos" (Ex 14.13). Disse ainda: "Vede o
livramento do Senhor que hoje vos fará" (Ex 14.13). Palavras que se
cumpriram (Ex 14.23-28). O inimigo foi derrotado pelo grande poder de Deus.
Isso, contudo, não foi suficiente para resolver o problema. Então, aprendi que as pessoas precisam mais do que palavras.
Depois da vitória sobre o inimigo, o povo cantou e dançou para o Senhor (Ex 15.1-21), contudo, três dias depois eles ficaram com sede e murmuraram contra Moisés (Ex 15.24). Isso me faz lembrar as pessoas que vão à igreja, gostam do culto, do sermão do pastor, cantam e até dançam. Na quarta-feira, passam por um problema e se revoltam contra Deus e o pastor. Já não acham que as pregações são tão espirituais. Já veem uma outra igreja como sendo mais espiritual. Às vezes, têm até saudade do "mundão", do Egito. São pessoas que têm raízes em seus corações e que produzem ervas venenosas e amargas. Não têm espírito de gratidão. Têm sempre uma insatisfação tão grande em suas almas porque o seu problema ainda não foi resolvido, apesar de Deus estar atuando em sua igreja, e mesmo em sua vida.
Após a murmuração por falta de água, Moisés, paciente e manso, clamou ao Senhor e um milagre aconteceu. O Senhor transformou as águas amargas em doces. O povo foi conduzido para onde havia doze fontes de água e setenta palmeiras no meio daquele deserto (Ex 14.27).
Para os nossos corações amargos ser transformados em doces, precisam sair do deserto e chegar até a Fonte da Água da Vida, que é Jesus.
Como o povo continuava com as raízes, ao sair dali faltou alimento e novamente houve murmuração contra Moisés e Arão: "Quem nos dera tivéssemos morrido pela mão do Senhor na terra do Egito, quando estávamos sentados junto as panelas de carne, e comíamos pão a fartar! Pois nos trouxestes a este deserto, para matardes de fome a toda esta multidão" (Ex 16.3).
Aprendi que só ver milagres não é suficiente para a cura.
Mais à frente, o povo voltou a murmurar (Ex 17.3). Moisés, então, foi muito claro dizendo que eles tentavam a Deus (Ex 17.2). O povo perguntava: "Está o Senhor no meio de nós ou não?" (Ex 17.7). Raiz de incredulidade plantada nos corações dos filhos e filhas de Deus, no período que viveram no deserto espiritual no Egito, no meio dos deuses.
O pior estava ainda por vir. Quando Moisés subiu ao monte para falar com Deus, o povo experimentou em seus corações o crescimento da raiz de incredulidade e de infidelidade a Deus e ao líder: "... mas vendo o povo que Moisés tardava em descer do monte, acercou-se de Arão e lhe disse: "Levanta-te, faze-nos deuses que vão adiante de nós..." (Ex 32.1).
Um
povo que tinha visto o Mar Vermelho se abrir; um povo que viu o Senhor
transformar águas amargas em doces; um povo que viu o Senhor enviar alimentos,
como poderia pedir a proteção de outros deuses?
Raiz de incredulidade e de infidelidade a
Deus
Certa vez, recebi uma pessoa como membro da igreja. Durante muito tempo, ministrei libertação nela. Havia manifestação de demônios em sua vida. Ela dizia que não conseguia deixar de gostar de "Nossa Senhora Aparecida". Até que um dia foi batizada. Passados alguns meses, ela me ligou chorando, pois estava se sentindo mal. Ao conversar com ela, descobri que ela tinha feito um pedido à "Nossa Senhora". Chorou, pediu perdão e disse que não faria mais aquilo. Raiz que estava ainda em seu coração
É preciso passar por uma profunda operação espiritual para extirpar o mal: "O Senhor teu Deus circundará o teu coração, e o coração de tua descendência, para amares ao Senhor teu Deus de todo o coração e de toda a tua alma, para que vivas" (Dt 30.6).
Só consolo, ou conselhos não cortarão a raiz. E essa raiz cresce e produz ervas venenosas e amargas que contaminam as pessoas (Dt 29.18; Hb 12.15). Talvez por isso é que Moisés naquele dia tenha sido tão radical: três mil pessoas morreram (Ex 32.25-28). O povo estava desenfreado.
Daí
o pedido de Moisés a todos: "Consagrai-vos hoje ao Senhor" (Ex
32.29).
A chave
para entendermos nossas atitudes na vida
sentimental
A chave para entendermos a vida sentimental e sexual está relacionada ao relacionamento amoroso dos nossos pais. A psicóloga Renate diz que a mulher se identifica inconscientemente à mãe e à maneira de a mãe ter tratado o pai, e o homem identifica-se inconscientemente ao pai e à maneira deste ter tratado a mãe.4
Resumindo, podemos dizer que um jovem, para saber como a sua namorada vai lhe tratar no casamento, precisa saber como a mãe dela tratou o pai. E esta jovem para saber como o seu namorado vai lhe tratar no casamento, precisa saber como o pai dele tratou a sua esposa.
É verdade que isso muda de pessoa para pessoa, mas são os pais os maiores responsáveis pelas raízes sentimentais plantadas nos corações dos filhos. Os pais podem não ter ensinado verbalmente nada, mas a ausência de atitude carinhosa ou a agressividade marcam profundamente a vida dos seus filhos e filhas.
Certa vez, uma senhora veio pedir oração e aconselhamento. Ela queria se livrar do marido com o qual vivia há 17 anos. Ela disse que não queria mais saber de homens. Perguntei sobre várias coisas, entre elas, sobre a vida sexual. Respondeu que não tinham vida sexual.
Afirmou que só queria ter mais um filho (tinha dois) mas de sexo não queria saber mais. Percebi que essa mulher vivia mancando e era deprimida. Havia uma raiz venenosa e amarga em seu coração plantada há muitos anos pelos seus pais. Segundo ela, a mãe tivera onze filhos. O pai vivia espancando os filhos. Ele não vivia bem com a esposa, que tinha grande ciúme dele, pois, segundo ela, se envolvia com as empregadas da casa.
A mãe passou uma imagem negativa do pai para a filha. O pai também não cooperava e passou uma péssima imagem para a filha. O modelo de marido foi plantado dentro dela como sendo algo negativo, traumático. A filha se casou, pois isto é algo natural. Mas a raiz lá estava dentro dela e por mais que o seu marido fosse leal e carinhoso, por mais que ela também se esforçasse, a raiz, em determinados momentos, produzia ervas venenosas e amargas.
Algumas crianças têm impressões distorcidas da vida sexual; outras têm experiências traumáticas, como o abuso sexual, e, por isso, crescem com pavor de sexo e traumas profundos. Será preciso muita ministração para esse problema ser superado.
Muitas vezes o trauma não tem nada a ver com o pai, mas transferimos para o marido a imagem negativa que nos marcou. Veja um exemplo claro: uma criança foi molestada sexualmente pelo cunhado; mais tarde, ela conheceu um homem e se casou com ele. No transcorrer dos anos, tudo nele passou a irritá-la. Quando ela veio pedir aconselhamento, já não aguentava mais viver com ele.
Quando uma pessoa vem falar dos seus problemas, temos mais que escutar do que falar. O Espírito do Senhor vai nos dar o discernimento. Ela acabou dizendo que havia sido molestada sexualmente pelo cunhado. Na ministração pedi o Senhor para lhe mostrar nitidamente o rosto do seu marido. Pedi também para que fosse revelado se havia essa transferência da imagem/atitude do cunhado para a imagem do marido. Na visão que ela estava tendo, o rosto do marido se transformou no rosto do cunhado. Ficou assim caracterizada a influência do passado no presente, a transferência de um sentimento de repulsa em relação ao cunhado para o marido.
Por mais que o marido procurasse ser bom, não adiantava, pois o seu sentimento de repulsa não mudava. A raiz venenosa e amarga estava em seu coração.
Pedi ao Senhor que lhe revelasse as diversas vezes que o seu marido lhe havia tratado com carinho. O Senhor trouxe essas imagens para ela.
Mas como retirar essa imagem negativa, essa raiz do seu coração?
Ela precisava perdoar o cunhado. Precisava, por isso, ter vontade para esse ato. Procuramos despertar nela uma forte razão para perdoar. Pedimos, então, ao Espírito do Senhor para lhe revelar a existência de um demônio atrás do cunhado, influenciando a sua atitude. Ela viu a ação maligna de uma forma muito nítida. Viu vultos atrás dele. Pedi também a intervenção dos anjos guerreiros destruindo esses demônios.
O próximo passo nessa ministração foi pedir ao Espírito Santo que lhe mostrasse qual seria a atitude do cunhado em relação a ela sem a ação dos demônios. Ela viu e descreveu o cunhado chegando perto dela, mas tratando-a com carinho e respeito.
Para terminar, pedi ao Espírito que lhe mostrasse em visão de qual deveria ser a sua atitude em relação ao seu marido; ela viu e saiu dali feliz.
Em outra ocasião, fui procurado por um jovem evangélico que estava com sérios problemas com a esposa. Ele tinha o costume de olhar para outras mulheres quando passava por elas, mesmo estando com a esposa. Isso certamente trazia desconfiança, aborrecimento, ciúme etc.
Quando ele era criança, uma pessoa o obrigou a colocar a boca no seu pênis. Esse trauma o levou, entre outras coisas, a olhar para as mulheres numa atitude de autoafirmação de sua masculinidade.
A mesma raiz venenosa e amarga foi gerada no coração de outro menino evangélico. O mesmo fato. Pela mesma necessidade de autoafirmação, ele já foi visto olhando e falando "gracinhas” às mulheres.
Às
vezes, os fatos na infância não são verdadeiros, mas as imagens gravadas
plantam raízes venenosas e amargas nos corações.
Uma jovem senhora evangélica veio me procurar porque queria se separar do marido. Após várias ministrações com os dois, a situação melhorou. Na ministração de Cura Interior, pedi ao Espírito para revelar quando essa raiz havia sido plantada em seu interior. Ela teve uma visão e se viu passando em frente ao quarto de seus pais, quando eles estavam tendo relações sexuais. A imagem que ela teve foi de uma briga. A criança viu o pai em cima da mãe. Parecia que ela resistia. Assim, a relação sexual passou a ser vista como algo negativo.
No processo de cura, pedi ao Espírito que lhe mostrasse diversas outras ralações de seus pais que estavam gravadas em seu inconsciente; as imagens eram de momentos de carinho e prazer.
Em alguns casos, serão necessárias diversas ministrações para que as raízes que são profundas possam ser retiradas. Num dos casos difíceis que enfrentei, a pessoa levou cerca de seis meses para revelar o verdadeiro problema. O trauma era tão grande, bem como a vergonha, que ela não via nada e nem falava do real problema, que era a violência sexual anal do marido.
Às
vezes, essas raízes na área sexual não só atrapalham relacionamentos futuros,
mas trazem desvios. Um dos casos que ministrei revelou um desses desvios.
Quando criança, por medo de dormir sozinha, uma criança ia dormir com os pais.
Por diversas vezes ela viu que a mãe evitava a relação sexual. Ora, a mãe é o
modelo de mulher para a criança. Mais tarde, ela teve uma decepção amorosa com
o namorado, que quis forçar uma relação sexual. Sua decepção com os homens e o
modelo de mulher que rejeita os homens a levou para o lesbian1Smo. Passou a se
interessar somente por mulheres. Nunca se casou.
Nem sempre haverá um abuso ou má interpretação na área sexual para a criança ter um trauma ou desvio. Certa vez, me procurou uma jovem que estava tendo sérios problemas conjugais com o marido. Ela já tinha procurado um psicólogo. Quando criança, com um ano de idade, ela correu em direção à cozinha, pois a chaleira fazia barulho, e ela gostava daquele barulho. A mãe, porém, naquele dia a repreendeu bruscamente com medo dela se queimar. Em seu coração foi plantada uma raiz de rejeição, vontade de morrer, e a figura da mãe ficou sendo vista por ela como muito negativa. Ela, então, se desviou para o lesbianismo.
Um dia ela sonhou com a chaleira. Contou para o seu psicólogo, mas ele não deu importância. Na ministração, o Espírito trouxe essa história à sua mente e ela passou a entender a razão de tender para o lesbianismo.
Às vezes, o fato não é verdadeiro, mas alguém assim o interpreta e o planta nos corações inocentes. Foi assim que aconteceu com uma criança. A vida toda ela soube que o pai a havia molestado sexualmente. Teve ódio do pai e não foi feliz no casamento e se separou. Já idosa veio me procurar. O Espírito logo colocou em meu coração o que havia acontecido. Pedi para o Espírito trazer a cena do abuso sexual do pai. Ele, de fato, tocara em seus órgãos sexuais, como em outras partes de seu corpo. Sua intenção nunca fora má, mas na cabeça de sua mãe o era e passou essa imagem para a filha. A mãe plantou no coração da filha uma raiz que envenenou e amargurou a sua vida sentimental. Na ministração, o Espírito mostrou claramente que em diversas outras ocasiões o pai lhe tratou com carinho e respeito, sempre brincou com ela, sempre passeou com ela.
Ela
perdoou a mãe e pediu perdão a Deus por pensar mal do pai. Conheceu a verdade e
foi liberta de um peso, ódio e revolta que trouxera em seu coração.
A chave
para entendermos nossas atitudes na vida
espiritual
A compreensão que temos de Deus-Pai é em grande parte determinada pela imagem que nossos pais nos transmitem, especialmente, o nosso pai. No seu livro Oficina de Cura Interior, Fábio Damasceno afirma que "uma característica da infância, na relação com os pais, é que a criança os idealiza. Olha para os pais com (olhos do coração) e tudo o que vê é maravilhoso e bonito". 6
Certa vez, fiquei chateado com o meu pai por uma atitude que hoje entendo até que ele tinha razão. Mas, ao ficar magoado, fechei minha comunhão com Deus. Nem sempre percebemos isso. Com o passar dos dias, comecei a ficar revoltado com Deus. Acabei ficando doente fisicamente. Até que fui pedir aconselhamento a um pastor já ancião. Ele me ouviu e disse que eu estava magoado com o meu pai. Esse era o motivo de eu estar mal espiritualmente. Naquele momento me senti envergonhado. Entendi e aprendi que o nosso relacionamento com os nossos pais determina grandemente o nosso tipo de relacionamento com Deus.
Conheci essa verdade e a verdade me libertou. Voltei a ter comunhão com o meu pai e com Deus.
Mas
a imagem dos nossos pais também pode ser transferida para Deus. Se temos um pai
frio e indiferente é assim que poderemos também ver o nosso Deus, apesar d'Ele
não ser assim.
Foi isso que aconteceu com um jovem evangélico. Eu o vi chegando para a ministrarão de cura interior. Ele veio em sua moto e participou da ministração. No final disse que era convertido há dois anos e que pertencia a uma igreja, mas disse também que sentia grande dificuldade no relacionamento com Deus. Sentia-o distante, indiferente. Gostaria de ter mais comunhão com Deus. Perguntei, então, como era o relacionamento de seu pai com ele. Sua resposta foi a que eu esperava: frio e distante. Não era de diálogo e nem de carinho. Expliquei ao jovem que isso influenciava o seu relacionamento com Deus.
Veja que mesmo tendo aceitado Jesus e lendo na Bíblia que Deus é amor, que cuida de nós, e mesmo sabendo que através da fé em Jesus podemos ter comunhão com o Pai, o jovem tinha essa dificuldade por causa da raiz má existente em seu coração.
Foi também numa ministração de cura interior em grupo que uma senhora, certa vez, exclamou: "Ah! Agora entendo porque eu pensava que Deus nunca iria me dar nada, por isso eu nem pedia".
Sempre que ela pedia algo ao seu pai, ele dizia que não podia dar ou, quando dava, dava só o que ele queria dar e não o que ela queria. Ela cresceu com essa raiz. O interessante é que, alguns meses depois dela tomar essa consciência, reencontrou uma pessoa que não via há muitos anos. Um grande amor nasceu entre eles. Podemos aqui interpretar o que ela pediu ao Senhor.
Às vezes, a imagem da mãe é transferida também para Deus.
Certa vez, uma senhora não-evangélica veio receber libertação. Estava muito deprimida. Era mãe de um ator da Rede Globo. Inclusive, houve a manifestação de demônios em sua vida. Ela só pensava em morte. Decidi ir mais a fundo em seu problema. Ela começou a relatar as desgraças de sua vida e disse que eram castigo de Deus. A imagem que ela tinha de Deus era muito negativa. Sempre dizia que Deus lhe deixava em falta e que lhe castigava. Fiz a pergunta clássica sobre o seu relacionamento com seu pai. Ela disse que era bom. Mas logo começou a dizer que a mãe havia sido cruel com ela. Sempre lhe deixou em falta. Nunca a ajudou. Inclusive, disse, que suas últimas palavras foram de maldição: "Eu quero mais é que você morra!"
Aí estava a razão do seu desejo de morte e da imagem negativa de Deus. Raiz venenosa e amarga gerada em seu coração.
Geralmente, quando ministro numa pessoa cristã que está com uma imagem negativa de Deus, eu peço ao Espírito Santo que traga à sua memória as diversas vezes em que o Senhor lhe deu proteção e amor. Pela revelação, ela vê e toma consciência de que Deus é amor e cuida dos Seus filhos e filhas.
Certa vez, uma jovem senhora separada, professora e mãe de dois filhos veio me procurar porque soube que eu poderia lhe dar aconselhamento. Ela chegou dizendo que queria conversar sobre uma dívida trabalhista.
Mostrou-se insegura dizendo que queria ver outro emprego, pois poderia ser mandada embora. Afirmou que naquele dia havia falado muitas coisas para Deus e que Ele deveria já estar cheio e chateado com ela.
Disse ainda que não estava ligada a nenhuma igreja.
Perguntei sobre sua família. Disse que a mãe estava num asilo e o pai morava no mesmo prédio em que ela morava na parte de baixo, mas que não se dava bem com ele, pois era muito impaciente. Havia perdido o que tinha e jogou a culpa na família.
Disse também que estava desiludida com a vida sentimental.
Essa imagem do pai trouxe três consequências sérias em sua vida. O fato do pai ter perdido tudo trouxe insegurança profissional para ela. Achava que podia perder o emprego.
O
fato do pai não se dar com a mãe a fez ter insegurança na vida sentimental a
ponto de se separar, como os pais.
A chave para eliminarmos as heranças negativas
dos nossos
antepassados
Essa é uma questão difícil de ser aceita por muitas pessoas. Algumas não aceitam que possamos herdar sentimentos, conceitos, traumas etc. dos nossos antepassados.
Mas vamos ouvir o que dizem alguns psicólogos cristãos. Renate Jost de Moraes afirma que "o inconsciente dos ancestrais faz parte do nosso inconsciente e que está em atividade dentro de nós; não é um arquivo morto".7
Fábio Damasceno diz que "o inconsciente é o resultado da soma dos traços que se recebe por herança mais as sínteses das experiências vividas. Tudo o que já vivemos até o presente está gravado no inconsciente".8 E, por fim, C. G. Jung fala que temos um inconsciente coletivo onde estão registrados fatos dos antepassados. Diz ele "que o inconsciente contém, não só componentes de ordem pessoal, mas também impessoal, coletiva sob a forma de categorias herdadas ou arquétipos".9 Segundo Jung, "na psique coletiva abrigam-se todas as virtudes específicas e todos os vícios da humanidade e todas as outras coisas".10 Virtudes e maldades estão contidas na psique coletiva.
Isto significa que trazemos dentro de nós raízes antigas, ou seja, impressões, sentimentos, conceitos, costumes, crenças, traumas, virtudes etc. que no transcorrer da nossa existência podem nos influenciar grandemente. Por isso, Fábio Damasceno chega a afirmar que "o que sou de fato está muito mais no inconsciente do que no consciente".11
Graças a Deus que as raízes negativas duram até a terceira e quarta gerações e as raízes sadias duram até mil gerações (Ex 20.5-6). A graça e a misericórdia do Senhor não têm fim.
Certa vez, ministrei numa jovem senhora que sentia um vazio sentimental e teve bloqueios na área sexual com o seu marido. Pedi ao Espírito para lhe mostrar quando essa raiz havia sido plantada em seu interior. O Senhor trouxe à sua memória os registros dos antepassados que estavam no arquivo do seu inconsciente. O Senhor a conduziu até o seu tataravô. Ela logo o identificou como frio e egocêntrico. Ela também viu o momento em que o seu tataravô pegou uma índia e a conduziu à cama. Ele a obrigou a ter relações sexuais. Não houve diálogo, carinho, respeito ou delicadeza. Houve a agressão de um homem machista e frio. A índia não entendeu nada. Sentiu dor, chorou e se sentiu só. Essa raiz venenosa e amarga foi plantada em seu interior e a marcou muito. Passou para a filha que nasceu, que também transmitiria às outras gerações e chegaria até a jovem que me procurou. Quando a jovem se casou, com o passar do tempo, também passou a sentir esse vazio após o ato sexual.
Como resolver essa questão e retirar as raízes?
Usamos de alguns recursos disponíveis para a ministração de cura interior: os simbolismos. O inconsciente trabalha com símbolos. Entre esses recursos, o psicólogo Fábio Damasceno, no seu livro Oficina de Cura Interior, coloca a oração, o relaxamento, a visualização, a presença de Jesus em cena etc. Exatamente como ministramos.
Na visualização, a pessoa reconstitui a cena onde ocorreu o fato. Nessa cena aparecem as pessoas implicadas no fato passado. É estabelecido um diálogo. Devemos lembrar o que já falamos: no inconsciente o tempo é sempre presente, por isso o "diálogo" sugerido é possível e Deus pode atuar removendo as raízes. Jesus entra em cena e remove as raízes. A Raiz de Davi remove as raízes venenosas.
É verdade que esse processo de cura não é realizado num toque de "mágica". Estamos lidando com toda uma existência, cujas dificuldades passaram a fazer parte da vida do ser humano. Por isso, devemos agir com prudência e amor.
Na ministração com a jovem que herdou da índia raízes amargas na vida sexual, procuramos estabelecer esse diálogo com os seus antepassados, ou seja, com os registros do seu inconsciente. Em cada geração ela estabeleceu esse diálogo procurando mostrar a cada um a raiz que existia dentro delas.
Como o inconsciente reage às ministrações, a jovem observou que no registro do seu inconsciente passou a existir uma outra história; a índia, inclusive, passou a desejar e a se preparar para o ato sexual. Seu esposo passou a tratá-la com carinho.
Num processo de cura, não devemos apenas arrancar raízes, mas proporcionar também o surgimento de raízes de amor, compreensão, respeito, como diz Efésios 3.17: "... estando vós enraizados e alicerçados em amor" para que possam compreender e conhecer o amor de Cristo (Ef 3.18-19).
Esse processo também pode ser demorado. É verdade que existem muitas experiências maravilhosas do amor de Deus. Mas esse amor em nós também amadurecerá. Esse amor nos tornará pessoas normais (I Co 13.1-13) na medida da estatura de Jesus (Ef 4.13).
O maravilhoso é que o Senhor pode curar todas as nossas feridas: as atuais e as herdadas.
Certa vez, me procurou uma senhora cristã que tinha uma séria resistência, um bloqueio em relação a Deus. O Espírito revelou sua origem: um seu antepassado havia sido bruxo na Inglaterra por volta do ano de 1720. Ela o viu lendo livros de bruxaria que se opunham a Deus. Ali estava a raiz de incredulidade plantada dentro dela. Procuramos intervir em sua história para remover a raiz de oposição ao Senhor. Como os registros são vivos e atuais, influenciam muito na nossa vida diária e houve uma forte resistência. Mas, pela oração e ministração, ela viu os livros de bruxaria ser queimados.
Uma outra pessoa nos procurou porque sentia uma forte dor nas costas, especialmente quando pegava uma faca. Ela havia recebido oração de libertação mas a dor sempre voltava. Comigo havia sido assim também. Discerni, então, que aquilo não era um problema maligno e sim emocional. Na ministração ela viu a cena: seu avô havia batido em seu pai, que nem era ainda casado, com um facão, marcando e deixando essa raiz em seu interior. O filho ficou com ódio do pai e passou esse ódio para a filha.
Quando ela reviu a cena, teve uma explosão de ódio contra o avô, que ela nem havia conhecido, pois havia morrido antes dela nascer. Mas pela ministração essa imagem, essa raiz foi retirada e ela foi curada.
Enfim, podemos dizer como Paulo: "Ele nos libertou do império das
trevas e nos transportou para o reino do Filho do Seu amor" (Cl 1.130).
Como as raízes nascem nos
corações
No livro de Hebreus está escrito que devemos seguir a paz com todos. Diz
também para ninguém ser faltoso separando-se da graça de Deus. Por fim, diz que "nem haja alguma
raiz de amargura que, brotando, vos perturbe..." (Hb 12.15).
As raízes más surgem através de uma semente: uma palavra ou um ato contrário que nos fere ou marca.
E foi na área profissional que uma raiz negativa surgiu num ex-gerente de uma empresa. Ele havia sido despedido e acabou carregando um trauma e uma revolta contra os donos da fábrica. Através das ministrações, ele tomou a decisão de perdoar aquelas pessoas. Acabou superando e vencendo essa raiz. Mas o trauma continuava e ele não conseguia se firmar em um novo emprego. As portas sempre estavam fechadas. Havia uma raiz de fracasso dentro dele.
Numa outra ministração, ele reviu o dia em que foi despedido e teve uma crise de choro. Conseguiu por para fora o que estava preso dentro dele. Pedi, então, ao Espírito de Deus que lhe revelasse porque o Senhor havia permitido a sua demissão. Numa projeção para o futuro, o Espírito mostrou que ele seria acusado de ser o causador de um grande prejuízo na fábrica. Ele, então percebeu o cuidado de Deus por ele. Isso trouxe-lhe paz e descanso no Senhor.
Há raízes de amargura em determinados corações que ninguém pode fazer nada, a não ser a própria pessoa. Se alguém é ferido isso traz mágoa, ressentimento e amargura a sua alma. Começa a haver infecção em todo o seu ser. A chave para a cura é liberar o perdão, que significa desatar ataduras, desatar cadeias.
A pessoa aceita o seu prejuízo e decide livremente perdoar, liberando assim a graça de Deus para ele e para o ofensor.
Quando há uma perda, especialmente de uma pessoa da família e isso não é resolvido dentro dela, as consequências são grandes, trazendo depressão, desânimo, vontade também de morrer, às vezes, sentimento de culpa etc.
Nem sempre é fácil superar uma perda, especialmente, se foi de uma forma brusca e sofrida. Uma criança havia perdido a mãe quando pequena e ficou com o choro contido, pois ninguém a consolou naquele momento. Como consequência, ela viveu a vida toda reprimida, fechada. Não chorava e era triste. Um dia, ela ouviu uma fita de cura interior e, quando a ministração foi no período da infância, houve um grande desabafo. Ela conseguiu por para fora o que estava preso dentro dela e passou a sorrir.
Às vezes, trazemos dentro de nós ódio e revolta contra os nossos pais e não lembramos, pois o fato aconteceu quando éramos muito pequenos ou porque o nosso inconsciente o escondeu, como mecan1Smo de defesa, para não sofrermos. Mas ele permanece dentro de nós como raiz venenosa e amarga trazendo sérios problemas ao nosso viver diário.
Certa vez, ministrei cura interior numa igreja em outro Estado. No final, pedi que as pessoas dessem seus testemunhos. Estavam presentes uma mãe e sua filha. Num dado momento, a filha levantou e pediu perdão por carregar um ódio contra ela há mais de quarenta anos. Ela disse que a mãe havia derrubado uma vasilha de água quente sobre ela e a havia queimado. Na ministração, o Senhor trouxe à sua memória essa cena e ela decidiu perdoá-la e pedir perdão. Foi um momento emocionante quando as duas se abraçaram.
Numa outra ministração, uma senhora disse que o Senhor havia lhe revelado algo quando ela tinha quatro anos, ou seja, cerca de cinquenta anos atrás. Sua família morava numa fazenda em Minas Gerais. O pai morrera e o tio tomara a fazenda para ele. Essa senhora disse que viveu em tão grande pobreza que muitas vezes teve que ir até o tio para pedir uma caixa de fósforo emprestada. Naquele momento ela disse que o Senhor tinha feito uma promessa para ela. Se ela o perdoasse, o Senhor lhe daria um rio de ouro. Ela afirmou com toda alegria: "Se é aqui ou no céu eu não sei. O que sei é que o Senhor quer que eu perdoe!"
Depois, ela chegou em casa com tanta alegria que deu até saltos a ponto de deixar seus filhos perplexos.
Precisamos entender que temos dois inimigos: o diabo (inimigo externo) e
a carne (inimigo interno), como diz Wesley. Aliás, ele chama a nossa natureza
de má, a carne também de "Dalila" que nos conduz para o mal. Por
isso, Wesley alerta para o perigo do crente se acomodar e não procurar se
santificar. Ele diz para nós orarmos e vigiarmos contra o inimigo interior, a
"Dalila".
Como
arrancar as raízes venenosas e proporcionar o
surgimento
de raízes saudáveis
Para arrancar as raízes, precisamos tomar consciência da existência da enfermidade e desejar arrancar as raízes.
Tomar consciência - Nem sempre sabemos que temos a enfermidade e muito menos a raiz. A doença passa a fazer parte da nossa vida diária e, muitas vezes, faz parte da própria família. Nós olhamos para a família e achamos tudo muito normal. Vemos isso nos maus costumes, tradições, na prática de fumar, beber, mentir e também nas doenças emocionais. Jeremias alertou contra isso: "Nossos pais herdaram só mentiras e coisas vãs, em que não há proveito" (Jr 16.19).
Pedro havia herdado o preconceito dos judeus em relação aos gentios. Não entravam nem na casa um do outro. Pedro achava isso natural, até que um dia o Espírito do Senhor lhe revelou numa visão (At 10.9-16). Então, tomou consciência da enfermidade: "... Deus me demonstrou que a nenhum homem considerasse comum ou imundo" (At 10.28).
É isso o que Jesus nos ensinou: "... conhecereis a verdade e a verdade vos libertará" (Jo 8.32).
Essa consciência é tomada ao se ler a Bíblia, um livro, ao se ouvir uma mensagem, num sonho, pela revelação do Espírito etc.
O fato é retirado do oculto e trazido à luz.
Nas ministrações de Cura Interior, a pessoa também toma consciência, pois o Espírito Santo revela o que está oculto. Certa vez, fiz diversas ministrações em uma jovem que tinha dificuldades de se compreender, especialmente na vida sentimental. Ela havia namorado todo tipo de rapaz: do pobre ao negro. Agora namorava uma pessoa bem mais velha. Ela não entendia porque agia assim. Na ministração, ela conheceu a verdade. Quando era pequena, o seu avô chamava os meninos para nadar e jogar bola, mas não a chamava. Eles podiam subir na caminhonete, mas ela não podia por ser menina.
Ela reviu toda a cena de sua infância e passou a se compreender bem mais. E foi numa ministração em que ela pôde ir bem no fundo do "arquivo" que toda a verdade veio à tona. Ela se viu num quarto e exclamou: "Mas porque estou vestida assim com roupa de homem?" Ela se viu com o cabelo curto e de calça comprida. Ela havia se masculinizado para poder agradar o avô.
Retirar os dardos - Nós somos marcados, agredidos, feridos e os dardos ficam cravados no nosso interior. Nascem as raízes que crescem e produzem ervas venenosas e amargas. Por isso, é preciso retirar esses dardos. Wesley foi bem profundo quando disse: "Uma ferida não pode ser curada enquanto o dardo estiver encravado na carne".12
Numa agressão, há muita emoção contida. Muitas vezes, a pessoa teve vontade de gritar e não o fez. Muitas vezes, uma ferida está carregada de ódio, revolta, desejo de vingança etc. Como consequência, há quebra de comunhão com Deus e doenças físicas em nosso corpo. A pessoa carrega lembranças amargas e as próprias pessoas que a agrediram. Certa vez, ministrei libertação a uma jovem senhora que mal podia andar. Como percebi que não havia demônios, comecei a verificar se havia origem emocional para a sua enfermidade física. Ela logo disse que carregava um ódio de uma pessoa que a havia ferido. Depois que lhe expliquei sobre as consequências terríveis para a sua vida, ela decidiu perdoar. Ao sair do meu escritório, ela já era outra pessoa. Já andava quase normalmente.
Quem perdoa quebra algemas, desata ataduras nas quais estava preso. Quem perdoa libera a graça de Deus e reencontra a paz.
Nós temos que tomar consciência de que o processo de cura pode ser lento. Sabiamente Wesley diz: "... nem a cura se opera tão logo seja ele (o dardo) retirado, mas a dor e o sofrimento podem durar por muito tempo".13
Proporcionar o surgimento de raízes saudáveis - Retirar somente as raízes venenosas e amargas não é o suficiente. É preciso colocar algo no lugar. É preciso proporcionar o surgimento de raízes de amor. Quando o Espírito Santo passa a habitar em nosso interior, ele gera amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio (Gl 5.22-23).
Falando sobre o processo de cura, Wesley afirma que os que são de Cristo, os que nele permanecem crucificam a carne e, "embora sintam em si mesmos a raiz de amargura, são, todavia, dotados do poder do Alto para recalcá-la continuamente debaixo dos pés, de modo que não possa florescer para os perturbar".14
O segredo, segundo Wesley, é andar no Espírito. "O Espírito lhes ensina a amar a Deus e ao próximo... Pelo Espírito são levados a todo desejo santo, a toda disposição divina e celestial até que todo pensamento que brote de seu coração resuma santidade ao Senhor".15 Ele ainda diz que pelo Espírito somos guiados a toda santidade na conversação. Nosso falar passa a ser sempre com graça; somente o que é bom e edifica.
Por isso, Paulo se punha de joelhos para que a igreja fosse fortalecida com poder mediante o Espírito no homem interior (Ef 3.14-15).
Cristo habitando em nossos corações estaremos "enraizados e alicerçados em amor" (Ef 3.17).
Quando a raiz do amor estiver plenamente em nossos corações, então seremos pessoas maduras e normais. Basta trocar a palavra "amor" de 1 Coríntios 13.1-13 pelas palavras "pessoa perfeita" ou " pessoa normal".
Na troca dessas palavras temos: Uma pessoa normal é paciente, benigna. Uma pessoa normal não arde em ciúme, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade.
Sim, uma pessoa que não tem mais raízes venenosas e amargas em seu coração, e sim raízes de amor, pode sofrer, pode suportar. Ela tem profunda fé e esperança (1Co 13.7).
Uma pessoa que vive em amor, que anda em amor terá seu caráter semelhante ao de Jesus. A única raiz que estará em seu coração será a raiz de Davi: Jesus (Is 11.1; Ap 5.5).
Notas
1.MORAES, Renate Jost de. As
Chaves do Inconsciente. Editora Agir, 7ª edição, 1985, p.61.
2.Op. cit., p. 61.
3.Op. cit., p. 57.
4.Op. cit., p. 178.
5.
Op. cit., p. 152.
6.Op. cit. p. 125.
7.Op. cit., p. 57.
8.DAMASCENO, Fábio. Oficina de
Cura Interior. VINDE Comunicações, 1996, p.96.
9.JUNG, C.G. O Eu e o
Inconsciente. Editora Vozes, 1971, p.13.
10.Op.cit., p.24.
11.DAMASCENO, Fábio. Op.cit., p.96.
12.WESLEY, João. Sermões de
Wesley. Volume 2, p.417.
13.
Idem.
14.WESLEY, João. Sermões de
Wesley. Volume 1, p.163.
15.Idem.
IV _ Caminhando para ser
um ser humano perfeito
Quando Deus fez o homem e a mulher, os fez à sua imagem e semelhança. Foram dotados de capacidades que os animais não têm: raciocínio, livre arbítrio, capacidade de doação, capacidade de evoluir, senso moral.
Com o pecado, essas capacidades foram parcialmente destruídas. Desde, então, Deus procurou tomar providências para salvar o ser humano: fez vestimenta de pele para eles e os vestiu (Gn 3.21); procurou salvar uma família justa (Gn 6.11-22), chamou Abraão para ser pai de uma grande nação (Gn 12.1-3); enviou Jesus (Jo 1.1-14), enviou o Espírito Santo (Atos 2.1-5) etc.
A Igreja de Jesus está constituída para ser sal da terra, luz do mundo. Somos embaixadores de Deus num mundo em trevas.
O alvo do Senhor é que o ser humano volte a adquirir a imagem de Deus: " os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho" (Rm 8.29). O alvo é que sejamos homens e mulheres perfeitos.
Sondando o coração
Muitas pessoas vivem com o coração fechado. Escondem um passado amargo. Preferem não lembrar mais para não sofrer outra vez. Contudo, essa atitude não é suficiente para eliminar o mal. É como colocar gaze sobre uma ferida sem tratá-la.
Davi orou e pediu ao Senhor: "Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração: prova-me e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho mau, guia-me pelo caminho eterno" (Sl 139.23-24).
O Senhor quer restaurar a nossa vida. A cada dia devemos nos parecer um pouco mais com Jesus, o nosso modelo (Rm 8.29).
Em muitas vidas em que há ódio e ressentimentos, precisa haver restauração para que haja o amor de Deus. O tamanho das dificuldades que você tem para ter comunhão com o próximo é exatamente a quantidade de amor que falta em seu coração.
Em muitas vidas tem faltado a verdadeira fé. Quando deixamos o medo nos dominar, então Jesus não pode mais ser o Senhor.
Por isso não encontramos mais vitórias. Precisamos reconhecer pelo Espírito que a falha está em nós para que, assim, humildemente, nos lancemos aos pés de Jesus.
Em muitas outras vidas tem faltado a humildade. A onipotência tem dominado muitos crentes. É o que chamamos de Síndrome de Lúcifer.
Por isso, muitos têm caído. Precisamos pedir que o Espírito nos mostre essas falhas para que continuemos cheios da graça de Deus.
Peça ao Espírito para sondar o seu coração. Ele vai mostrar aquilo que a
sua mente não pode perceber. O objetivo do Senhor é restaurar vidas.
A
confissão
Quando guardamos em nosso interior alguma culpa, ressentimento, ódio, mágoa etc., ficamos doentes. O nosso coração fica contaminado, infeccionado. Passamos a ficar fisicamente doentes também.
Foi o que aconteceu com Ana (1Sm 1-2), que viria a ser mãe de Samuel. Como ela era estéril, a sua rival a agredia constantemente e a irritava (1Sm 1.6). Chorava e não comia (1Sm 1.7). O seu coração era triste (1Sm 1.8). Vivia com amargura de alma (1Sm 1.10). Era atribulada de espírito (1Sm 1.15).
Uma pessoa assim precisa aprender a por para fora o "lixo" que está em seu coração (1Sm 1.10). Ana, um dia, decidiu derramar a sua alma perante o Senhor (1Sm 1.12). A sua aflição (1Sm 1.16) cessou porque ela descansou no Senhor (1Sm 1.18).
Ela passou a guardar a palavra do sacerdote que lhe disse: "Vai-te em paz, e o Deus de Israel te conceda a petição que lhe fizeste" (1Sm 1.17). Ana teve diversos filhos (1Sm 2.21).
A psicologia chama esse processo de catarse, que quer dizer purificação. É uma técnica para a pessoa pôr para fora todo o mal que está em seu coração. É uma exteriorização verbal e emocional de traumas afetivos reprimidos. O objetivo da catarse é a eliminação de ideias e sentimentos que produzem o mal no interior da pessoa.
A Bíblia está cheia de orientações: "Derrama perante ele o vosso coração. Deus é o nosso refúgio" (Sl 62.8). Diz ainda: "Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros, e orai uns pelos outros para serdes curados" (Tg 5.16).
Nosso coração não deve ser um depósito de "lixo" e sim um
habitat de Deus. Derrama e confessa ao Senhor todo o mal que está em você. Você
se sentirá aliviado, perdoado e terá a cura e a paz.
Os milagres no coração
Jesus ainda realiza milagres hoje. Contudo, Ele não deseja só realizar milagres externos. Deseja também realizar milagres internos, na mente, no coração.
Ele quer nos curar do medo e nos conceder o poder de falar ousadamente, como aconteceu com Pedro na Igreja Primitiva (At 2.14).
Ele deseja nos curar da idolatria e nos dar um novo espírito para podermos só glorificar o Senhor Jesus (At 2.37-38). A Bíblia diz que os idólatras não têm herança no Reino (Ef 5.5).
O Senhor quer nos curar da avareza e do egoísmo e nos conceder o poder de nos doarmos (At 2.44-45). Avarento é aquele que não dá. Ele se apega aos bens materiais. Este também não herdará o Reino (1Co 6.10).
Jesus quer nos curar, também, da autopiedade e nos conceder a graça de ter a alegria por sofrer por Cristo (At 5.41).
A alegria e o amor são tão imensos, que suportamos tudo por amor ao Evangelho.
Ele também quer nos curar do espírito de vingança e nos conceder o poder de perdoar (At 7.60). A vingança libera a ação dos espíritos. O perdão desata cadeias e libera a bênção de Deus.
Jesus veio para nos dar vida plena. Se você precisa de um milagre no seu
interior, o Senhor lhe atenderá.
A circuncisão do coração
Em diversos textos, a Bíblia fala da circuncisão (Rm 2.29; Fp 3.3; Cl 2.11-15).
O coração guarda mágoas, ressentimentos, trevas e toda espécie de obra da carne. O coração doente, ferido ou em pecado impede a ação da graça de Deus. É necessário haver uma profunda operação, que a Bíblia chama de circuncisão do coração.
O que é um coração circuncidado?
É um reto estado de alma e espírito renovados à imagem d'Aquele que os
criou. É o que chamamos de santidade ou perfeição cristã. O coração
circuncidado tem a purificação de pecados e é dotado das virtudes que havia em
Cristo Jesus; especialmente a humildade, a fé, a esperança e o amor.
A humildade nos leva a ter uma justa apreciação de nós mesmos. Purifica-nos do alto conceito, da indevida opinião acerca de nossas capacidades e talentos. Sabemos que nada podemos fazer sem o auxílio do Espírito Santo.
A fé que temos derruba fortalezas, destrói preconceitos, costumes e hábitos ruins, abre nossos olhos à revelação de Cristo em nossos corações.
A esperança vem pela testificação do Espírito ao nosso espírito. Temos convicção de receber as boas dádivas de Deus. Ficamos firmes nas tempestades.
Pela circuncisão, nossa alma é toda amor. Suprime toda cobiça da carne e pensamos em só agradar a Deus.
É assim que adquirimos a mente de Cristo.
A necessidade da santificação
A santificação, muitas vezes, tem sido entendida como puritan1Smo e bons modos. Mas é algo mais profundo. É a eliminação do pecado em nossa vida pela graça de Deus.
A natureza terrena luta contra o espírito. Ela habita em muitos corações trazendo doenças emocionais e físicas. É necessária, portanto, a sua eliminação. Isto só pode acontecer pela inteira santificação, santidade ou perfeição cristã. Só assim seremos salvos de todo pecado.
Por isso, o desejo de Paulo: "O verdadeiro Deus da paz vos santifique totalmente, e rogo a Deus para que o vosso espírito, alma e corpo sejam preservados irrepreensíveis até a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo" (I Ts 5.23).
Santificar-se totalmente. Isto é, inteira santificação ou perfeição cristã. É bom entender que essa santidade completa não exclui erros humanos. Ela não torna o ser humano um Deus.
Quando uma pessoa alcança a inteira santificação, a "sua alma é realmente toda amor, cheia de entranhas de misericórdia, bondade, mansidão, magnanimidade e tolerância, a sua vida está de acordo com estas qualidades cheias de obras de fé, de paciência, de esperança e da obra do amor. Tudo quanto faz, quer em palavras, quer em atos, ele o faz em nome, no amor e no poder do Senhor Jesus".1
Um exemplo de pessoa vencedora e que procura fazer tudo em nome de Jesus é Evander Holyfield, campeão mundial dos pesos pesados pela Associação Mundial de Boxe e campeão pela Federação Internacional de Boxe em 1997.
Apesar do boxe ser um esporte ao qual temos restrições, Holyfield está utilizando o boxe como um meio de propagar a sua fé em Jesus Cristo, pelo qual ele tem sido um vencedor. Ele é considerado pela imprensa um missionário.
Antes de sua luta contra Mike Tyson, houve uma profecia que dizia que seu adversário iria tentar lhe tirar a concentração de Jesus. Holyfield deveria ter cuidado. Na hora da luta houve a primeira mordida em sua orelha dada por Tyson. No final do "round", alguém disse para ele orar. Foi então que Holyfield se lembrou da profecia e procurou se firmar em Jesus. Ele foi mais do que vencedor.
Seu último adversário, Michael Moorer, fez o seguinte comentário sobre Holyfield antes da luta: "Holyfield é uma chorona e um covarde que se esconde atrás de um escudo de religiosidade".2 Já Evander Holyfield declarou: "Minha última Missão na Terra é trabalhar como ministro da minha fé. O boxe sempre será para mim o meio pelo qual farei chegar a Palavra de Deus".3
Holyfield é evangélico nos EUA e mais uma vez venceu a luta e propagou a
sua fé em Jesus.
O fruto do Espírito molda o nosso caráter à semelhança de Jesus. Isto é adquirir a mente de Cristo. Ele anda como Cristo andou. Anda em amor. Anda em humildade. Anda em submissão ao Pai. Anda em mansidão. Anda em fidelidade.
Uma pessoa que anda assim é uma pessoa normal, pois anda conforme o
padrão, que é Jesus.
Uma
Vida Cristã Normal
Uma pessoa normal tem as seguintes características:
Capacidade de dar amor e se abrir, segurança e capacidade de assumir compromissos e responder por eles, autocontrole, aceitação de si sem valorização ou desvalorização, capacidade de atuar e mudar.
Jonas foi uma pessoa com defeitos em seu caráter: vivia em fuga (Jn 1.3), insensível às necessidades dos marinheiros (Jn 1.5-6), insensível à sorte dos ninivitas ( Jn 4.1-2), com ideias de suicídio (Jn 4.3,8), ira (Jn 4.4,9), autopunição (Jn 1.12) etc.
A ação de Deus visa o ajuste do ser humano que, desde o pecado, tem vivido uma vida anormal. O Senhor atuou em Jonas da seguinte forma: chama à participação (Jn 1.2), usa tempestades para despertá-lo (Jn 1.4), lança-o fora de Sua presença para poder fazê-lo cair em si, chama a arrepender-se e buscar o Senhor (Jn 1.17; 2.1-4), usa pequenas coisas para levá-lo à reflexão (Jn 4.9-11).
A ação da Trindade é fundamental para a nossa volta à normalidade: Deus é pai. Ele nos aceita e nos criou a sua imagem e semelhança; Jesus levou na cruz o nosso pecado; o Espírito Santo nos dá capacidade de atuar e nos enche de amor e equilíbrio.
Nós somos normais na medida da estatura de Jesus (Ef 4.13).
Jesus,
padrão de normalidade
As pessoas consideradas perfeitas hoje, geralmente, têm um belo físico: um superatleta ou uma perfeita modelo por causa do seu belo corpo. Mas não é dessa perfeição que a Bíblia fala. É algo mais profundo. Está relacionado ao caráter. A Bíblia já estabeleceu o padrão de normalidade que agrada a Deus: Jesus.
Nós vivemos num mundo doente. Um superatleta, como Mike Tyson, foi capaz de morder a orelha do seu adversário numa luta de box para tentar derrotá-lo.
Um outro campeão mundial de Fórmula I, Michael Schumacher, procurou derrotar seu adversário jogando seu carro sobre o dele, pois assim os dois sairiam da corrida e ele, Schumacher, com mais pontos seria o campeão. Só que não adiantaram as artimanhas dos dois atletas. Os outros dois foram os campeões.
Jesus, o padrão de um ser humano perfeito, normal teve vários fatores que contribuíram para o seu bem-estar:
1. Seus pais eram pessoas equilibradas
José era justo, amoroso, equilibrado, tinha bom-senso (Mt 1.29-30). Maria era humilde, serva ungida pelo Espírito (Lc 1.35,38,48).
Podemos dizer que Jesus viveu num lar equilibrado cheio da graça de Deus. Ele não cresceu com traumas e nem com sentimentos de rejeição ou de culpa.
2. A educação de Jesus foi sadia
Foi ensinado sobre a vida espiritual (Lc 2.39) e aprendeu a viver com as pessoas em cooperação.
"E crescia Jesus em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e dos homens" (Lc 2.52).
Jesus teve um crescimento sadio.
3. Profetizaram bênçãos sobre Ele
Simeão o abençoou e profetizou que Ele seria luz para os gentios e glória para Israel (Lc 2.28-35). Palavras cheias da graça que penetraram no coração de Jesus.
Além disso, seus pais não jogavam palavras negativas sobre ele do tipo "você não pode"; "você não sabe", "seu desgraçado" etc. Ao contrário, Jesus foi constantemente abençoado.
4. Jesus tinha perfeita comunhão com Deus
Jesus não teve em José um modelo negativo de pai repressor, frio, "mão fechada" etc., para transferir para Deus. A imagem do seu pai era boa.
Além disso, o Pai celeste cuidava de Jesus. Quando jovem, o Espírito do Senhor veio sobre Ele (Mt 3.16).
Ele conhecia e obedecia a voz do Pai celeste e tinha certeza de que era amado por Ele (Mt 3.17).
Devemos seguir os passos da vida de Jesus, se desejarmos viver uma vida normal segundo os propósitos do Senhor.
Como Jesus venceu, nós também podemos vencer.
Nosso alvo: termos o mesmo caráter de Jesus
Para alguns, isso pode parecer uma pretensão muito grande. Afinal, Jesus
é o Senhor e o Salvador.
Mas, a Bíblia também diz que Deus nos predestinou para sermos "conformes à imagem de Seu Filho" (Rm 8.29). Mais adiante, diz que devemos chegar à "perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo" (Ef 4.13).
Com o pecado de Adão e Eva, as virtudes de Deus foram parcialmente destruídas em nós. O propósito do Senhor é nos restaurar. O modelo é Jesus. Ele é o padrão, o nosso alvo. Por isso, a ação do Espírito Santo é fundamental. Paulo fala sobre isso no livro de Gálatas 5.22-23.
Quais são as principais marcas, então, do caráter de Jesus que devemos alcançar?
. Ser humildes como Jesus foi (Fp 2.5-8);
. Ter comunhão, intimidade com o Pai, como Jesus teve (Jo 17.1-2;21);
. Amar com um amor de doação, sem esperar receber em troca, como Jesus nos amou (Jo 17.26; Ef 5.2);
. Perdoar os que nos ofendem, como Jesus perdoou (Ef 4.2);
. Ter autoridade frente às trevas (Jo 17.2);
. Ter plena submissão e confiança no poder de Deus (Jo 16.32; Jo 16.25-28).
Para que isso aconteça, precisamos nos despojar do velho homem, da velha mulher e nos vestir da nova natureza que Deus está renovando para que nos tornemos semelhantes a Jesus (Cl 3.10).
Foi o que disse David A. Seamands sobre a Cura Interior: "O objetivo final não é simplesmente aliviar a dor do passado ou algum nível de sanidade mental e emocional, mas o crescimento à semelhança de Cristo e uma obra de amadurecimento na santificação e verdadeira santidade".4
É obra do Espírito que usa o conselheiro e a conselheira para retirar as "travas" que estão no caminho da santidade.
Notas
1. BURTNER, Robert - CHILES, Robert. Coletânea da Teologia de João Wesley.
p. 210.
2. Publicado no jornal O Globo com o título "Holyfied sobe ao ringue em Las Vegas
como favorito na revanche contra Moorer", em 8 de novembro de 1997, p.44.
3. Idem.
4. SEAMANDS, David A. A Cura das Memórias. Editora Mundo Cristão. 1995, p.20.
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