Solidariedade aos judeus

De Wesley aos nossos dias

 

Odilon Massolar Chaves

 

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Copyright © 2025, Odilon Massolar Chaves

É permitido ler, copiar e compartilhar gratuitamente

Art. 184 do Código Penal e Lei 96710 de 19 de fevereiro de 1998. 

Livros publicados na Biblioteca Digital Wesleyana: 641

Livros publicados pelo autor: 712

Fonte: https://bibliaecatequese.com/profeta/

Tradutor: Google

Toda gloria a Deus!

Odilon Massolar Chaves é pastor metodista aposentado, doutor em Teologia e História pela Universidade Metodista de São Paulo.

É casado com RoseMary. Tem duas filhas: Liliana e Luciana.

Sua tese tratou sobre o avivamento metodista na Inglaterra no século XVIII e a sua contribuição como paradigma para nossos dias.

Foi editor do jornal oficial metodista e coordenador de Curso de Teologia. 

Declaração de direitos autorais: Esses arquivos são de domínio público e são derivados de uma edição eletrônica que está disponível no site da Biblioteca Etérea dos Clássicos Cristãos.

Rio de Janeiro – Brasil

 

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Índice

 

 

·       Introdução

·       Wesley e os judeus

·       Herói suíço que salvou milhares de judeus

·       O pastor que ajudou a tornar possível a criação do Estado de Israel

·       Combateu a discriminação dos judeus na Itália

·       Pregador metodista compôs famoso hino inspirado em hino judaico

·       Trabalhou ativamente em favor dos judeus perseguidos

·     Trabalhou incansavelmente pelo diálogo ecumênico e pelas relações judaico-Cristãs

·       Apoio aos judeus na Segunda Guerra Mundial

·       Igreja cede templo para reunião religiosa dos judeus nos EUA

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Introdução 


"Solidariedade aos judeus” é um livro desde Wesley até nossos dias que mostra o relacionamento cordial entre metodistas e os judeus.

Tudo começou com Wesley na Geórgia. Wesley teve um amigo que era médico e judeu, que lhe ensinou sobre a língua espanhola. Também teve paroquianos judeus.

John C. English escreveu “John Wesley e seus paroquianos judeus": relações judaico-cristãs em Savannah, Geórgia, 1736-1737. [1]

Um hino famoso composto por um pregador metodista do tempo de Wesley se inspirou num famoso hino judaico. Carlos Wesley também escreveu um hino sobre os judeus.

A história registra casos de metodistas que defenderam os judeus. Na  segunda guerra mundial, um metodista salvou milhares de judeus das mãos de Hitler. Posteriormente, outro metodista contribuiu decisivamente para a formação do estado de Israel.

Na Itália, metodistas entraram em defesa dos judeus. Na segunda guerra ainda, uma Igreja metodista acolheu e cedeu espaço no templo para os judeus realizarem seus cultos.

Nos últimos anos, o mesmo aconteceu em Nova York.

Wesley tinha, contudo, uma posição muita clara da necessária salvação dos judeus.

Hoje há uma crítica de muitos metodistas pela atuação de Israel em Gaza. 

“No meio do bombardeamento contínuo de Gaza por Israel em resposta ao ataque terrorista do Hamas, o Conselho Metodista Unido dos Bispos apelou à oração e ao trabalho para uma paz duradoura na Terra Santa”.

Os bispos também denunciaram o antissemitismo, a islamofobia e os crimes de ódio que brutalizam as pessoas muito além da região devastada pela guerra”.[2]

Em boa parte das igrejas locais e dos pastores há um apoio a Israel especialmente pela formação bíblica.

Um livro que nos edifica e desperta para o nosso relacionamento fraternal com os judeus.

 

O Autor

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Wesley e os judeus

 

Na Georgia, Wesley considerou um grupo de judeus como seus “paroquianos”. Particularmente, pediu a um médico judeu que lhe ensinasse espanhol:

“Em 6 de fevereiro de 1736, foi desviado de seu curso original. Em vez de ir para os índios que viviam no sertão, Wesley tornou-se ministro dos colonos brancos residentes no Cerrado. Aqui ele se encontrou e conversou não apenas com a população gentia, mas também com os judeus que haviam se estabelecido na cidade (aproximadamente quinze a vinte por cento da população)”.[3]

Wesley sempre deu uma importância grande a Israel, mas dentro de uma visão bíblica.

Muitas vezes, ele pregou usando terminologias do Antigo Testamento sobre Israel. Pregou muitas vezes sobre “Por que então morrerás, ó casa de Israel?” (Ezequiel 33.11). Era um chamado ao arrependimento.

Mas Wesley foi muito crítico ao ir a um culto numa sinagoga na Holanda. Ficou horrorizado.

Também em seu livro “Um apelo sincero aos homens de razão e religião”, publicado em 1745, ele rebate críticas e acusações contra os metodistas e Wesley. E os judeus estavam dentro dessas críticas.

Mas também aborda Romanos 9 sobre o futuro espiritual de Israel. E, em momentos decisivos, cantou hinos que falam do Israel de Deus.

Em diversos momentos, Wesley se refere à Igreja como Israel.

Hinos escritos por metodistas se basearam em textos bíblicos sobre Israel. Em especial, Carlos Wesley publicou um hino que fala sobre a salvação de Israel:

 

1. Venha, há muito esperava Jesus,
nascido para libertar o teu povo;
De nossos medos e pecados nos liberta,
vamos encontrar nosso descanso em Ti.
a força e consolação de Israel,
esperança de toda a terra tu és;
querido desejo de todas as nações,
alegria de todos os corações ansiosos.

2. Nascido teu povo para libertar,
nascido um filho e ainda um rei,
nascido para reinar em nós para sempre,
agora teu reino gracioso traz.
Por teu próprio espírito
eterno governa somente em todos os nossos corações;
por todo o teu mérito suficiente,
eleva-nos ao teu trono glorioso”.[4]

 

 

Herói suíço que salvou milhares de judeus

 

Carl Lutz (1895-1975) nasceu em Walzenhausen, na Suíça. Emigrou para os EUA e estudou para ser diplomata suíço no Wesleyan College Central e Universidade George Washington. Foi criado como um devotado metodista e ensinado na Escola Dominical.

Foi vice-cônsul da Suíça em Jajja (Israel). Foi transferido na 2ª Guerra Mundial para Budapeste, na Hungria (1942-1945). Em 1944, a Alemanha invadiu a Hungria. Como vice-cônsul, emitiu milhares de documentos suíços falsos enganando o tenente-coronel Adolf Eichmann, que queria deportar os judeus. Lutz salvou mais de 62 mil judeus.

Metodista desde a juventude, Lutz procurou servir ao Senhor em alta conta. Lutz colocou a Agência Judaica sob a sua proteção diplomática e retirou milhares de judeus húngaros das linhas de marcha dos campos de concentração, entregando-lhes documentos de proteção.

Foi a maior operação de resgate de civis judeus no mundo durante o Holocausto. Após o seu regresso à Suíça, foi repreendido por ter se excedido em sua autoridade. É chamado “O herói esquecido”.

Mas no exterior sua ação foi reconhecida e ele recebeu vários prêmios e honrarias. Em 1964, recebeu a medalha de Righteous por ações corajosas. O filme Caminhando com o inimigo retrata sua história. Theo Tschuy escreveu o livro Diplomata corajoso.

Carl Lutz foi indicado três vezes ao Prêmio Nobel da Paz e condecorado com a Cruz de Honra, Ordem do Mérito da Alemanha. Em 2006, em Budapeste, foi erguido um memorial em sua homenagem.

Em Jerusalém, há o Memorial Yad Vashem em sua homenagem. Em 1999, um selo especial foi lançado pelos Correios Suíços para homenageá-lo.[5]

 

O pastor que ajudou a tornar possível a criação do Estado de Israel

 

John Stanley Grauel (1917-1986) nasceu em Worcester, Massachusetts, EUA. Perdeu o pai ainda jovem. Em 1941, graduou-se como pastor metodista pelo Seminário Teológico, Bangor, Maine.

Casou-se durante seu último ano de seminário e perdeu esposa e filho durante o parto. Ele nunca mais se casou. Sua mãe o influenciou no amor pela causa dos judeus. Foi pastor de uma comunidade pobre.

Ele se tornou amigo do juiz judeu Joseph Goldberg e tomou consciência da situação judaica na Europa. Entrou para o Comitê Palestina América, que lutava por um Estado judeu.

Grauel navegou a bordo do famoso navio de refugiados ilegais Exodus’47, em 1947, como correspondente para a revista episcopal The Churchman. Sua missão era conseguir a história do Êxodus’47.

Na Europa, transferiu os refugiados dos “Campos para Deslocados ou Desabrigados de Guerra (DP)” para o navio, com 4.554 refugiados, que foi capturado pelos britânicos em Haifa, na Palestina.

Grauel foi para uma prisão domiciliar no Savoy Hotel. Ali, ele realizou uma coletiva de imprensa em que descreveu sua experiência a bordo do Exodus’47.

Ele conseguiu fugir e depois foi chamado para testemunhar na Comissão Especial das Nações Unidas sobre a Palestina. Foi a pessoa-chave que persuadiu a Comissão Especial sobre a Palestina que recomendou à ONU a criação do Estado de Israel. Golda Meir, depois primeira-ministra de Israel, disse que seu testemunho mudou a atitude dos representantes das Nações Unidas.

Posteriormente, o reverendo Grauel atuou em outros esforços humanitários, incluindo os direitos civis americanos e lutas indígenas. Israel homenageou o reverendo Grauel com a Medalha de Humanidade, a Medalha O lutador de Israel e a Medalha de Jerusalém. Ele é considerado um dos fundadores de Israel.[6]

 

Combateu a discriminação dos judeus na Itália

 

Giuseppe La Scala (1877-1961)[7] nasceu em Mandanici (Messina), Itália.

“Nascido em Mandanici (Messina), ele era filho de Giovanni e Antonina Longo. Órfão de mãe em tenra idade, foi confiado juntamente com a irmã Teresa aos cuidados da tia paterna”.[8]

Giuseppe depois de concluir o “ensino fundamental, frequentou os cursos da Scuola Normale como aluno particular. Em 1890 converteu-se ao protestantismo e aproximou-se da pequena comunidade anglicana que se formara no seu país, liderada pelo pastor Gaetano Scuderi.

Animado por fortes ideais políticos e sociais, ele se juntou ao Fasci Siciliani de Nizza di Sicilia, ao mesmo tempo em que defendia as ideias do nascente partido socialista”. [9]

Dispensado em 1899, em julho de 1900 se casou com a jovem Erminia Carmela Argiroffi (1878-1967), com quem teve sete filhos.

Posteriormente, ele entrou em contato com o pastor Eduardo Stasio e gradualmente se aproximou da Igreja Metodista Episcopal. A partir de 1902, ele começou a colaborar com a Scuola Popolare, uma organização fundada em Mandanici pelo jovem candidato em teologia Malachi Scuderi.

Em fevereiro de 1904 ingressou oficialmente na Igreja Metodista Episcopal e em abril do ano seguinte foi contratado como pregador local para cuidar da comunidade evangélica de seu país”. [10]

Foi ordenado presbítero em 1913.

“Em 20 de janeiro de 1918 foi nomeado capelão militar junto com os pastores Carlo Maria Ferreri e Umberto Emilio Postpischl. Designado para o Quarto Exército, ele foi mais uma vez enviado para a frente.” [11]

Dispensado em fevereiro de 1919, em 1920 passou a fazer parte do corpo pastoral da Igreja Metodista Episcopal, sendo designado novamente para a comunidade de Reggio Calabria.”

Antifascista convicto, combatia a discriminação dos judeus na Itália. Em 1939, foi denunciado às autoridades fascistas, mas o prefeito minimizou o incidente.

Nos anos da 2a Guerra Mundial, passou a defender os dissidentes políticos e perseguidos.

Sua casa se tornou a sede de um comitê encarregado de falsificar documentos para refugiados judeus da Polônia, França e Áustria.[12]

Emérito em 1951, aposentou-se em Roccalumera, onde morreu em 17 de agosto de 1961. [13]

 

Pregador metodista compôs famoso hino inspirado em hino judaico

 

Thomas Olivers é o autor do hino “Ao Deus de Abrahão, louvai”, que “é uma adaptação cristã do conhecido hino judaico ‘Yigdal’, livremente traduzido e cristianizado pelo evangelista Thomas Olivers após uma visita à Grande Sinagoga de Londres em 1770”.[14]

Thomas Olivers “ouviu o renomado cantor judeu Meyer Lyon cantar o Yigdal na Sinagoga Duke's Place, em Londres. Ele foi movido para produzir uma paráfrase inglesa. ‘Eu o entreguei do hebraico’, explicou Olivers, ‘dando-lhe, tanto quanto pude, um personagem cristão, e chamei Leoni [o cantor Lyon] que me deu uma melodia de sinagoga para se adequar a isso.”[15]

O hino foi publicado em 1772. “O título do hino foi baseado em um verso no Livro do Êxodo: "Eu sou o Deus de teu Pai, o Deus de Abraão". [16]

Quem foi Thomas Olivers?

Thomas Olivers (1725-1799) nasceu na aldeia de Tregynon, em Montgomeryshire, País de Gales. Seus pais morreram quando ele era bem pequeno (1728 e 1729). Isso o levou a ser repassado para o cuidado de um parente após o outro sendo criado de forma um tanto descuidada e com pouca educação.

Ele se tornou um sapateiro viajando de um lado para outro. Era imprudente,  miseravelmente pobre e muito infeliz. Era ocioso e inquieto. Após um escândalo, deixou sua casa.

Em Bristol ouviu Whitefield pregar a partir do texto "Não é este um tição tirado do fogo?" Esse sermão mudou o curso de sua vida e ele se tornou um cristão decidido e entrou para a sociedade metodista. Inicialmente, esteve com Whitefield, mas depois seguiu Wesley. 

Logo se tornou um pregador local. Inicialmente esteve estacionado para pregar na Cornualha e depois por toda a Grã-Bretanha e Irlanda. Sua pregação era sem medo. Wesley o convenceu a ser um pregador itinerante, o que ele fez por 22 anos. Viajou a cavalo mais de 100 mil milhas.

Em 1775, Wesley o nomeou para ser co-editor da Revista Arminian Magazine (1775-1789). Apesar de alguns erros de grafia, Wesley o manteve até 1789. Era amigo de Wesley. Um relacionamento quase pai-filho. Olivers, várias vezes escreveu defendendo Wesley e o metodismo de ataques dos opositores.

Ele foi autor de alguns livros. Escreveu vinte hinos, dentre eles: “Vem, imortal Rei da glória”; “Nossos corações e mãos para Cristo se levantam” e o mais conhecido: “Ao Deus de Abrahão louvai”.

Ele escreveu também uma elegia (poesia triste) sobre a morte de João Wesley. Ele foi enterrado na sepultura de João Wesley.[17]

 

O Hino

 

A letra original do hino “Ao Deus de Abrão, Louvai”:

 

1 O Deus de Abraão louva

que reina entronizado acima;

o antigo dos dias eternos

e Deus do amor!

O Senhor, o grande eu sou,

pela terra e o céu confessou

nós nos curvamos diante de seu nome sagrado

para sempre abençoado.

 

2 Para ele levantamos nossa voz

em cujo comando supremo

da morte nos levantamos para ganhar as alegrias

em sua mão direita:

todos nós na terra abandonar

sua sabedoria, fama e poder;

o Deus de Israel vamos fazer

nosso escudo e torre.

 

3 Embora a força da natureza decaia,

e terra e inferno resistem,

a seu comando lutamos à nossa maneira

para a terra de Canaã:

a água é profunda que passamos

com Jesus em nossa opinião,

e através do deserto uivando

nosso caminho persegue.

 

4 Ele pelo seu nome jurou

sobre isso vamos depender,

e como nas asas das águias até suportado

para o céu ascender:

lá veremos seu rosto,

seu poder que devemos adorar,

e cantar as maravilhas de sua graça

eternamente.

 

5 Lá governa o Senhor nosso Rei,

o Senhor nossa justiça,

vitorioso sobre a morte e o pecado,

o Príncipe da Paz:

na altura sagrada de Sião

seu reino que ele mantém,

e glorioso com seus santos à luz

para sempre reina.

 

6 Anfitriões triunfantes no alto

dar graças eternamente

e "Santo, santo, santo",

"Grande Trindade!"

Salve o Deus de Abraão e o nosso!

um hino poderoso que levantamos,

todo o poder e majestade ser seu

e elogios sem fim![18]

 

 

 

Trabalhou ativamente em favor dos judeus perseguidos 

 

Lodovico Vergnano (1884-1964) nasceu em Cesena, Itália. Era filho de Amedeo e Adele. Frequentou as escolas em sua cidade e depois se matriculou na Faculdade de Ciências Naturais de Bolonha e Turin. Ele se converteu ao protestantismo em Turin indo para a Igreja Metodista Episcopal. 

Decidiu ser pastor e foi para Roma estudar na Escola Teológica Metodista. Em 1913 foi pastorear a comunidade de língua italiana em Neuchâtel, Suíça, e ao mesmo tempo frequentou a faculdade de teologia e doutorado. Em 1915 pastoreou a comunidade evangélica de língua italiana em Zurique, Suíça. 

Voltou depois para a Itália e pastoreou as comunidades de Nápoles e Reggio Calabria. Em 1917 entrou para o serviço da Igreja Metodista Wesleyana, que o acolheu como um pastor em teste. Ele se casou com Elvira Pons e tiveram duas filhas. 

Em 1923 foi enviado para Pádova onde foi consagrado pastor. Pastoreou a  comunidade de Carrara trabalhando com o pregador leigo Jacopo Lombardini. Neste local criou laços fortíssimos com a comunidade. Por uma década (1930-1940) esteve no comando do Movimento da Juventude Wesleyana dirigindo com entusiasmo a revista The Awakening. 

Em 1937 foi diretor do Orfanato Enrico Pestalozzi de Florença. Foi para Florença, em 1937, assumiu o comando da comunidade de Via de 'Benci se tornando ao mesmo tempo diretor de Pestalozzi. Era antifascista e durante a Segunda Guerra abrigou muitos dissidentes políticos e trabalhou ativamente em favor dos judeus perseguidos. Após a guerra, procurou restaurar os templos de Padova, Carrera e Florença. 

Não pode se aposentar, pois ouviu o chamado de Jesus para servir na Igreja em Corso Garibaldi, Milão. Ele aceitou esse “alegre trabalho” (1951-1959), como escreveu. 

Foi depois para Florença. Com uma vasta cultura trabalhou com vários jornais de publicação evangélica com os inúmeros textos teológicos e ao mesmo tempo, com as obras de edificação e coleções de poesia. Escreveu “Pensare col cuore e sentire con l'intelletto”; “Cuore di cometa” etc.[19]

 

 

Trabalhou incansavelmente pelo diálogo ecumênico e pelas relações judaico-Cristãs 

 

Emilio Castro nasceu em uma família humilde e de tradição sindicalista, em Montevidéu, Uruguai (1927-2013). Aos 17 anos foi para Buenos Aires estudar na Faculdade Evangélica de Teologia. Ele se casou com Gladys Nieves e foi designado pastor da Igreja de Trinidad. 

Nos anos 50 continuou seus estudos de graduação em Teologia em Buenos Aires. Depois fez um curso de pós-graduação na Suíça, com o professor e teólogo suíço Karl Barth. 

Voltou e foi nomeado pastor na cidade de La Paz, na Bolívia. Aos 29 anos, foi nomeado para a Igreja Metodista Central em Montevidéu. Acompanhou pastoralmente sindicalistas, políticos e estudantes. 

Foi presidente da Sociedade de Cristãos e Judeus (1957-1966). Foi vice-presidente da Conferência Cristã para a Paz. Foi assessor do Estudante Federação Mundial Cristã (FUMEC). Em 1964, foi nomeado secretário-geral do Unelam (Comissão para a América Latina Evangélica Unity). Ele foi fundamental na fundação da Federação de Igrejas Evangélicas do Uruguai (1956). 

Durante os anos 1960-1972 era difícil defender os direitos e liberdades das pessoas humanas dentro de um contexto da ditadura.  Apesar de sua atitude não-violenta, ele foi atacado por grupos antidemocráticos. A tortura foi aplicada cada vez mais, templos foram danificados e sua família ameaçada. Em 1973 foi exilado com sua família. 

O Conselho Mundial de Igrejas (CMI) o nomeou diretor da Comissão Mundial sobre Missão e Evangelismo Foi eleito Secretário-Geral do CMI entre 1985 e 1993 abrindo caminhos para uma participação ativa das Igrejas do Leste europeu no CMI. Participou em vários programas de TV e rádio. 

Trabalhou incansavelmente pelo diálogo ecumênico e pelas relações judaico-Cristãs. Ele tinha um compromisso com uma Igreja renovada, aberta, inclusiva e que estivesse a serviço dos excluídos. 

Em 2009, foi homenageado como um “incansável lutador pela verdade e a democracia”, recebendo a ordem Bernardo O’ Higgins, em Genebra.[20] 

 

Apoio aos judeus na Segunda Guerra Mundial

 

Sem aviso prévio, no mesmo dia que invadiu a Dinamarca, Hitler atacou também a Noruega em 4 de abril de 1940. Houve resistência e luta. Inicialmente os noruegueses afundaram o cruzador  Blücher e ganhou tempo para a família real fugir para a Inglaterra, mas a Noruega ficou subjugada durante cinco anos aos nazistas. [21]

A invasão da Noruega e Dinamarca foi realizada meses depois da campanha que resultou na “conquista da Polônia. O confronto foi marcado por pequenas batalhas – se comparado com outras da Segunda Guerra Mundial – e resultou na vitória alemã e na conquista da Noruega. As forças francesas e britânicas que foram enviadas não foram capazes de impedir a vitória alemã”.[22]

Após 60 dias, cem mil soldados alemães conquistaram a Noruega. A resistência civil contra o nazismo foi, segundo muitos historiadores, o maior movimento popular já visto no país.[23]

Em Trondheim, Noruega, a comunidade judaica tinha cerca de 2.100 judeus que foram perseguidos e  tiveram restrições em suas vidas profissionais e privadas. “Em 1941, os alemães tomaram a sinagoga em Trondheim e proibiram os judeus de se reunirem em público ou privado, mesmo para cerimônias religiosas”.[24]

Havia uma longa amizade entre o pastor metodista Einar Anker-Nilsen e o rabino local. A comunidade judaica foi convidada para ter suas reuniões secretas no loft (sotão/depósito) da Igreja Metodista de Trondheim, o que aconteceu entre 1941-1942.

Foi um grande risco. “A comunidade judaica vinha uma de cada vez e se reunia no sótão da igreja para reuniões e até cerimônias de Bar Mitzvah. Eles tinham uma boa visão do exterior do sótão, e havia uma rota de fuga para o próximo edifício através de uma pequena escotilha entre os dois edifícios. A Torá e outros manuscritos religiosos e artefatos também estavam escondidos na igreja”.[25]

Em 1942, por ordem dos alemães, os judeus foram presos pela polícia norueguesa e entregues aos nazistas. “Alguns já tinham fugido, e outros foram avisados sobre os planos e conseguiram fugir para a Suécia. Mas muitos foram presos e enviados para Auschwitz, o infame campo de concentração na Polônia. Crianças pequenas, doentes e qualquer pessoa com mais de 50 anos foram mortas na chegada, enquanto o resto foi usado como trabalho escravo. Dos 767 judeus noruegueses enviados para Auschwitz, apenas 26 sobreviveram”.[26]

Após as deportações dos judeus, os metodistas de Trondheim  esconderam a Torá e os outros manuscritos religiosos e artefatos no templo metodista. Quando acabou a segunda guerra e a comunidade judaica sobrevivente em Trondheim reabriu sua sinagoga, em 1947, tudo foi devolvido.[27]

 

Igreja cede templo para reunião religiosa dos judeus nos EUA

 

Em maio de 1991, o teto da sinagoga em Nova York desabou.

Os serviços religiosos da Congregação B'nai Jeshurun passaram a ser realizados em uma igreja metodista, a Saint Paul e Saint Andrew.

Tudo começou em maio de 1991, quando o teto da sinagoga da B'nai Jeshurun, na rua 88, desabou.

“A igreja metodista, a dois quarteirões da sinagoga, ofereceu seu espaço para os judeus realizarem o sabá, liturgia religiosa que começa na sexta-feira após o pôr-do-sol e comemora a chegada do sábado, dia do descanso”.[28]

O rabino Rolando Matalon disse que “a igreja foi muito gentil, e acabamos aproveitando o espaço para nossos serviços religiosos''. [29]

E disse mais: “Mesmo depois que arrumamos o teto, decidimos continuar com as principais cerimônias na igreja, que é maior do que a sinagoga.''[30]

A congregação passou a pagar um aluguel.

“De acordo com Marcelo Bronstein, o outro rabino da B'nai Jeshurun, a congregação cresceu muito na última década e precisou de mais espaço.

1Há 12 anos, éramos um total de 50 famílias. Hoje, somos 1.800'', disse Bronstein. A igreja tem capacidade para 1.700 pessoas. A sinagoga, para 700”. [31]

Para os metodistas, a vinda dos judeus foi uma dádiva. “Eles fizeram os cristãos tomarem vergonha na cara e aparecer nos cultos '',[32] disse Jim Talbott, aluno interno da Saint Paul e Saint Andrew.

E disse ainda: “Antes a igreja era um túmulo, não havia mais de 30 fiéis nos cultos. Agora já temos uns 150.''[33]

Um fato interessante e respeitoso é que quando as cerimônias judaicas são realizadas, a cruz que fica no altar é coberta.

Os metodistas e judeus foram além: decidiram também somar esforços em trabalhos comunitários conjuntos.

“Juntamos forças em causas sociais. Eles são muito abertos e nos ajudam, por exemplo, a manter nossa creche'', afirmou o reverendo Ed Horne, que também costuma dar amparo aos portadores do vírus da Aids. ``Mais de uma vez nós já rezamos juntos. A religião existe para promover a paz'', afirmou o reverendo Horne”.[34]

 

 

 



[1] De: História Metodista (Vol. 36, Edição 4). Editora: Igreja Metodista Unida, Comissão Geral de Arquivos e História.  Julho de 1998. 

[2] https://www.umnews.org//pt/news/bishops-call-for-peacemaking-in-holy-land

[3] John C. English. John Wesley e seus "paroquianos judeus": relações judaico-cristãs em Savannah, Geórgia, 1736-1737. De: História Metodista (Vol. 36, Edição 4). Editora: Igreja Metodista Unida, Comissão Geral de Arquivos e História.  Julho de 1998. 

[4] https://hymnary.org/text/come_thou_long_expected_jesus_born_to

[5] Pesquisa: http://www.emk-birsfelden.ch/nc/de/startseite/newsdetail/artikel/2014/aug/methodist-carl-lutz-im-schweizer-fernsehen.htmlhttp://foraus.ch/media/medialibrary/2013/07/Carl_Lutz_Foundation_Information_July_2013.pdf; http://www.greatsynagogue.hu/gallery_lutz.html

http://celebratemessiah.com.au/personal-stories/260-putting-the-dictates-of-god-before-those-of-man-the-life-of-carl-lutz.htmlhttp://mandarchiv.hu/cikk/2993/Mentoangyal_svajci_zaszloval

[6] Pesquisa: http://en.wikipedia.org/wiki/John_Stanley_Grauel

http://www.nytimes.com/1986/09/10/obituaries/rev-j-s-grauel-68-a-supporter-of-israel.html

http://digitalassets.ushmm.org/photoarchives/detail.aspx?id=1134857

[7] https://lux.collections.yale.edu/ view/person/7a63cdf9-32a4-4ea9-b77b-2c9b0a81eaa7

[8] https://www.studivaldesi.org/dizionario/evan_det.php?evan_id=489

[9] https://www.studivaldesi.org/dizionario/evan_det.php?evan_id=489

[10] https://www.studivaldesi.org/dizionario/evan_det.php?evan_id=489

[11] https://www.studivaldesi.org/izionario/evan_det.php?evan_id=489

[12] Pesquisa: http://www.studivaldesi.org/dizionario/xxsecolo.phphttp://www.studivaldesi.org/dizionario/evan_det.php?evan_id=489http://www.mandanici.net/articoli/28 ottobre 2010 giuseppe la scala/art.htmhttp://www.studivaldesi.org/dizionario/evan_det.php?secolo=XX&evan_id=488

[13] https://www.studivaldesi.org/dizionario/evan_det.php?evan_id=489

[15] https://canticasacra.org/?page_id=5644

[17] Imagem: www.hymnary.org/person/Olivers_T

 www.cyberhymndl.org/bio/o/l/i/olivers_+.htm

     HEITZENHATER, Richard. Wesley e o povo chamado metodista. Editeo – pastoral Bennett, 1996.

     http://hu.wikipedia.org/wiki/Thomas_Olivers

[18] https://www.christianmusicandhymns.com/2015/03/the-god-of-abraham-praise-author-thomas.html

[21] https://pt.wikipedia.org/wiki/Operação_Weserübung

[23] https://pt.wikipedia.org/wiki/Ocupação_nazista_da_Noruega

[24]https://www.umnews.org/en/news/church-honored-for-indigenous-people-work

[25] https://www.umnews.org/en/news/church-honored-for-indigenous-people-work

[26] https://www.umnews.org/en/news/church-honored-for-indigenous-people-work

[27] https://www.umnews.org/en/news/church-honored-for-indigenous-people-work

[28] https://share.google/D47F9C3kyQTKnXLj4

[29] https://share.google/D47F9C3kyQTKnXLj4

[30] https://share.google/D47F9C3kyQTKnXLj4

[31] Idem

[32] https://share.google/D47F9C3kyQTKnXLj4

[33] Idem

[34] https://share.google/D47F9C3kyQTKnXLj4

 

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