Cura Interior e Santidade
Segundo Wesley
Dicas para conselheiros e conselheiras espirituais
Odilon Massolar Chaves
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Copyright © 2025, Odilon Massolar Chaves
É permitido ler, copiar e compartilhar gratuitamente
Art. 184 do Código Penal e Lei 96710 de 19 de fevereiro
de 1998.
Livros publicados na Biblioteca Digital Wesleyana: 621
Livros publicados pelo autor: 692
Fonte
da Capa: https://www.youtube.com/watch?v=AVsPviZRrcU
Retrato
por Alexander de Oliveira
Tradutor: Google
Toda gloria a Deus!
Odilon Massolar Chaves é pastor metodista aposentado,
doutor em Teologia e História pela Universidade Metodista de São Paulo.
É casado com RoseMary. Tem duas filhas: Liliana e
Luciana.
Sua tese tratou sobre o avivamento metodista na
Inglaterra no século XVIII e a sua contribuição como paradigma para nossos
dias.
Foi editor do jornal oficial metodista e coordenador de
Curso de Teologia.
Declaração de direitos autorais: Esses arquivos são
de domínio público e são derivados de uma edição eletrônica que está disponível
no site da Biblioteca Etérea dos Clássicos Cristãos.
Rio de Janeiro – Brasil
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“O objetivo final não é simplesmente aliviar
a dor do passado ou algum nível de
sanidade mental e emocional, mas o
crescimento à semelhança de Cristo e
uma obra de amadurecimento na santificação e verdadeira santidade”
(David Seamands)
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Índice
·
Introdução
·
Todos precisam
de cura interior
·
Ajudando pessoas
com conflitos emocionais
·
Como receber a Cura Interior
·
A necessidade
da cura da alma
·
A necessidade
da inteira santificação.
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Introdução
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“Cura Interior e Santidade, segundo Wesley” é
um livro de 26 páginas que aborda sobre
as doenças da alma e a necessidade de cura. O pecado é a doença mais profunda.
O livro procura dar ainda uma visão teológica
da cura da alma.
Na verdade, todos precisam de cura interior.
“Todos” não significa necessariamente que
todos têm problemas emocionais, mas é dentro da visão de que o processo de cura
interior é um meio de nos aperfeiçoar para adquirir o caráter de Cristo.
O que temos é uma alma doente por causa das
consequências do pecado.
“John Wesley acreditava que a salvação é
um processo de cura da alma, onde o pecado é visto como a doença mais profunda,
e a cura envolve o perdão, a transformação e o amor perfeito. Ele
enfatizava que a salvação não é apenas um evento, mas um processo contínuo de
santificação, onde a graça de Deus capacita o crente a viver uma vida santa e
livre do poder do pecado”. [1]
Efésios 4.13 afirma que Deus colocou na
Igreja ministros para aperfeiçoarem os santos com o seguinte propósito: "até que todos alcancemos a unidade da fé e do
conhecimento do Filho de Deus, e cheguemos à maturidade, atingindo a medida da
plenitude de Cristo".
Precisamos adquirir o caráter de Cristo: amar
como Jesus amou; perdoar como Jesus perdoou;
ser sensível e solidário como
Jesus foi; doar-se como Jesus se doou na cruz, etc.
Se não temos essas práticas,
então precisamos ainda nos aperfeiçoar e a cura interior é
um meio de nos aperfeiçoar.
Conheci algumas pessoas
que tinham algumas
marcas do caráter de Cristo, mas não todas. Todos, então, precisam de cura interior.
Por que precisamos de cura interior?
“Independentemente da idade que temos, trazemos em nós a sede de amar e ser amado. Mas temos os nossos afetos e emoções feridos, trazemos carências que são verdadeiros poços de necessidades. A consequência, muitas vezes, são os extravios em nossa sexualidade. O desejo de Deus é curar nosso coração, por meio da força do Espírito Santo. O que precisamos para suprir o vazio do nosso interior é o Amor Divino”.[2]
O livro não é um manual de psicologia. São
dicas para auxiliar os conselheiros e conselheiras espirituais.
É preciso entender que, em muitos casos, é
necessário enviar o membro da Igreja para profissionais da área. Em muitos
casos, é preciso mais do que a oração. Ela pode aliviar e trazer paz, mas para a
cura ser completa pode ser necessário medicamentos que só o profissional poderá
orientar.
É preciso entender que os medicamentos vieram
por inspiração e direção de Deus.
O livro é resultado de experiências e pesquisas.
Na verdade, seus maiores amigos são os autossabotadores, aqueles que sempre estão dizendo na sua mente que você não pode e nem vai conseguir. ue essas dicas lhe ajudem a realizar melhor seu ministério e também às pessoas que precisam ser aconselhadas ou tratadas.3
O Autor
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Todos
precisam de cura interior
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Não há ninguém que não esteja precisando de
cura interior. Uns mais, outros
menos. Algumas pessoas têm problemas
simples, outras têm enfermidades
graves.
O fato é que só não precisaremos mais de cura interior quando
o nosso coração estiver circuncidado: “O Senhor teu Deus circuncidará o teu coração e o coração da tua descendência a fim de que
ames ao Senhor teu Deus de todo o
coração e de toda a tua alma” (Dt 30.6).
Circuncisão é o mesmo que santidade, perfeição cristã:
“O verdadeiro Deus de paz vos santifique totalmente, e rogo a Deus para que todo o vosso espírito,
alma e corpo sejam preservados irrepreensíveis até a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo”
(1Ts 5.23).
Pela circuncisão, somos purificados de todo o pecado e dotados das virtudes que haviam em Jesus.
Passamos a ter a mente de Cristo, a mesma humildade, o mesmo amor, etc.
Somos criados para ter a mesma estatura
espiritual de Cristo (Efésios 4.13).
Em Gálatas 4.19, Paulo disse: “(...) meus filhos, por quem, de novo, sofro
as dores de parto, até ser Cristo
formado em vós.”
Lembre-se de que Jesus disse para sermos
perfeitos (Mt 5.48).
A cura interior auxilia no processo de
santificação. Pelo poder do Espírito,
a pessoa toma consciência de sua
enfermidade, procura eliminá-la e adquirir saúde emocional.
A Bíblia cita o exemplo
de Zaqueu, que por causa de sua baixa estatura
(Lc 19.3), procurava ser o maioral
de uma forma ilícita (Lc 19.2).
É aquele ditado:
“Quem não é o maior tem que ser o melhor”.
As pessoas procuram compensar para se sentirem
bem. Zaqueu era um neurótico. Precisava de amor e compreensão. Jesus o valorizou
como ser humano e ele foi curado: “Zaqueu, desce
depressa, pois me convém ficar
hoje em tua casa” (Lc 19.5).
Ele não precisou mais roubar para se sentir
bem, importante, por isso decidiu dar
metade dos seus bens aos pobres (Lc
19.8). Quem só quer receber é um
“saco sem fundo”, é um doente. Quem dá é porque tem algo
para dar.
Como afirma David Seamands em seu livro “A cura das memórias”: “O objetivo final não é simplesmente aliviar a dor do passado ou algum nível de sanidade mental e emocional, mas o crescimento à semelhança de Cristo e uma obra de amadurecimento na santificação e verdadeira santidade”.[3]
É isso que Jesus quer fazer com todos.
É preciso aceitar esse fato para começar ou
progredir no processo de santificação.
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Ajudando pessoas com conflitos emocionais
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Como conselheiros espirituais, há certas
situações que temos que encaminhar aos profissionais da área. Há situações que
só os profissionais poderão melhor avaliar e cuidar.
Em diversos outros casos, como conselheiros espirituais,
podemos aconselhar, orar e tratar sempre com amor. O amor poderá fazer grande diferença.
Algumas “dicas”:
Pessoas com conflitos emocionais
precisam reconhecer e aceitar o fato de que precisam de ajuda
Os conselheiros precisam saber lidar com essa
questão sabiamente.
O conselheiro precisa saber com quem está
lidando e a pessoa com distúrbios precisa entender que precisa de ajuda.
É difícil reconhecer que precisamos de
tratamento. Você conhecendo os problemas da pessoa poderá melhor ajudá-la.
Precisam de um amor contínuo e invariável.
Precisam de aceitação e muito amor até que comecem
a acreditar que este amor lhes é realmente dado.
Amor produz amor e ação.
Dar ênfase aos seus valores
Deve-se ignorar seus fracassos ou deve-se
diminuí- los. Chamar sempre a atenção para seus pontos positivos através de
palavras, mas especialmente através de atitudes. Sugerir que ela é capaz e realizadora.
Elas precisam de um modelo com o qual possam se
identificar e do qual possam retirar força
Jesus é o nosso modelo. Ele viveu aqui como um
de nós. Foi rejeitado, mas viveu uma vida normal.
Devemos fixar um limite para
auxiliar
Não devemos fazer tudo pela pessoa, senão estabeleceremos
uma dependência. O neurótico deve sentir que a pessoa que o ajuda é a mais
forte possível, como aliada e de cuja ajuda possa depender, mas nunca por covardia.
Devemos ser bondosos e firmes.
Não criticar
Eles chegaram a este ponto por terem sido criticados
em demasia na sua infância. Criticar não vai ajudar. Vai só levá-lo para o
“buraco”. Se for preciso, deve- se corrigir, mas com prudência e muito carinho.
Fazer algo para aliviar seu
senso de culpa
O neurótico sempre se sente culpado de alguma
coisa. Tem medo de fazer algo errado. Por isso, devemos ser tolerantes com ele.
Devemos encorajá-lo. Conscientizá-lo do amor de Deus, da grande Misericórdia do
Senhor. Dizer que Deus perdoa. Que Jesus levou na cruz nossos pecados.
Atacar as ideias irracionais
que estão por trás de seus temores
Levá-lo a se tornar familiar com aquilo que
teme. Com o contato direto, ele perderá o temor. O “auxiliar” deve inclusive procurar
realizar as atividades que o neurótico teme, provando assim que não são tão assustadores
assim.
Despertar nele um genuíno interesse
por outras pessoas
A neurose é uma doença social, pois surge
quando uma pessoa se sente inadequada. O melhor remédio para o desejo de amor e
aprovação é amar aos outros. Assim, ela fica com pouco tempo para preocupar-se
consigo mesma. Ajudando os outros, se sentirá útil.
Levar a pessoa a uma profunda
experiência com Deus
A experiência com Deus-Pai levará o neurótico
a receber amor e segurança.
A experiência com Jesus levará o neurótico a encontrar
um amigo, alguém que viveu como ele, mas venceu. Terá consciência do que Jesus
fez e está fazendo por ele, junto ao Pai.
A experiência com o Espírito Santo levará o neurótico
a ter a capacidade e a sabedoria que o mundo não lhe deu. Ele terá força interior
e capacidade.
Foi a profunda experiência com Deus que
trouxe segurança a Wesley, em 1738.
Levar a pessoa a uma dependência
de submissão ao Senhor
Sua ansiedade e angústia são resultado de uma
preocupação exagerada, um medo. Isto traz desequilíbrio e problemas físicos. Quando
ela aprender a descansar no Senhor, Jesus assumirá o comando. O mais “Ele fará”.
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Como
receber a Cura Interior
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A ministração de Cura Interior é realizada de
diversas maneiras; depende muito da pessoa que ministra, do problema da pessoa e
da ação do Espírito Santo. O propósito de Deus é que todos estejam abertos a Sua
graça. Seu propósito e restaurar a todos. Jesus veio para que todos tenham vida
em abundância.
De um modo geral, podemos enumerar as seguintes
formas de ministração:
No divã com Jesus Cristo
Isto acontece quando entregamos os nossos problemas
nas mãos do Senhor: " Vinde a mim os que estão cansados e oprimidos e eu vos
aliviarei", disse Jesus. A Bíblia ainda diz: "Entrega o teu caminho ao
Senhor, confia nele e o mais Ele fará" (Sl 37.5).
É uma entrega total nas mãos do Senhor. Ele assume
o comando e nós descansamos em paz.
Pode ser no momento do louvor, na oração individual,
no altar, debaixo de um chuveiro etc. O importante é a entrega total nas mãos do
Senhor.
O Salmo 23 nos diz que o Senhor nos conduz
para os verdes pastos, para as águas tranquilas. Diz também que Ele enche o nosso
cálice.
Verdadeiramente aqui está o que chamamos de deitar
no divã de Jesus Cristo. Ele ministra diretamente aos nossos corações, cura as
nossas feridas e doenças e restaura as nossas forças.
No divã com Jesus, "deitamos em verdes
pastos". Somos guiados mansamente às "águas tranquilas". Temos refrigério
para a alma.
A pecadora que ungiu Jesus foi curada quando
se colocou no divã de Jesus (Lc 7.36-50). Seu estado era aflitivo. Vencendo
todo o medo, ela entrou na casa do seu pior inimigo - um fariseu. Sabia que Jesus,
o grande psicólogo, estava ali.
Jesus procurou curá-la, apesar da crítica do
fariseu. Ele a elogiou diante de todos. Com toda sabedoria, o nosso Psicólogo disse:
"Vês esta mulher?" O Senhor passou a falar de suas belas atitudes
mostrando ao fariseu que o passado não mais importava. Ele a estava perdoando
naquele momento (Lc 7.47). Por fim, Jesus lhe disse: " ... a tua fé te
salvou; vai-te em paz" (Lc 7. 50).
Quando conhecemos a verdade
Há muitas pessoas que são prisioneiras do passado.
Vivem aprisionadas e não sabem. Jesus disse que se conhecermos a verdade, a verdade
nos libertará (João 8.32).
Ninguém pode desejar a cura, se não tem consciência
de que precisa. Nós vivemos num meio onde as pessoas, na grande maioria, acham que
não precisam de nada, pois já aceitaram a Jesus e nasceram de novo. Outras
pessoas já se acham perfeitas, ou santas o suficiente.
Sempre digo que o padrão é Jesus. Como Ele
foi, nós devemos ser. Temos já o mesmo amor, a mesma humildade, a mesma mansidão,
a mesma fé, a mesma autoridade, a mesma comunhão com o Pai?
Um dia Pedro aprendeu a lição. Através da
graça de Deus, Pedro teve uma visão e descobriu que tinha preconceito em relação
aos gentios. Foi preciso uma intervenção de Deus para mostrar que ainda havia doenças
em sua alma. Ele disse: "Deus me demonstrou que a nenhum homem considerasse
comum ou imundo" (At 10.28).
Nas ministrações individuais, peço sempre ao Espírito
para mostrar como está o coração da pessoa que nos procurou. Em algumas
ocasiões, a pessoa se vê num espelho como verdadeiramente está. Também vê como está
o seu coração.
Certa vez ministrei Cura Interior em uma
senhora que durante sessenta anos achou que havia sido molestada sexualmente
pelo pai. Isso trouxe revolta contra o pai e problemas depois no relacionamento
com o marido.
Na ministração ela conheceu a verdade e se libertou
do passado. O pai fazia carinho nela, mas a mãe, cheia de tabus, viu na atitude
do pai um abuso sexual. A mãe passou essa imagem para a filha.
Na ministrarão, ela teve a oportunidade de
rever a cena e ver que havia sido apenas um ato de carinho.
O Espírito Santo lhe mostrou ainda diversas
outras vezes em que o pai a havia tratado igualmente com carinho e respeito.
Quando somos sinceros com Jesus no divã,
então, Ele pode entrar em nosso coração e sarar as feridas. Não adianta esconder
nada, pois Ele sabe tudo.
À Samaritana, Jesus disse: "Bem disseste,
não tenho marido; porque cinco maridos já tiveste, e esse que agora tens não é teu
marido; isto disseste com verdade" (Jo 4.17b,18).
Veja que Jesus não acusou a mulher, mas
procurou levá-la ao encontro do verdadeiro Messias.
Quando somos preenchidos em
nossas necessidades
Veja que esta afirmação tem limites. Há pessoas
que são um "saco sem fundo". Nunca ficarão satisfeitas. Precisam de
uma profunda restauração. Acima de tudo, precisam de Jesus. Como disse Paulo:
"Tudo posso naquele que me fortalece" (Fp 4.13). Antes, ele disse: "Aprendi
a viver contente em toda e qualquer situação" (Fp 4.11b).
Mas não vamos ser simplórios. Há muitos e
muitos cristãos que têm necessidades não preenchidas. Há pessoas dentro da
igreja que são carentes; outras são medrosas e ainda outras têm insegurança etc.
Cristo preencheu algumas necessidades e há
ainda outras que não foram preenchidas. Vamos aprender a nos disciplinar, a mudar
o rumo das nossas
satisfações. Quando não estivermos mais no
centro e sim Jesus, então, nos satisfaremos n’Ele, que preencherá as nossas necessidades.
É preciso também disciplina e sacrificar a carne
com os seus desejos. Enquanto ela dominar, nada nos satisfará. O Espírito Santo
é quem poderá preencher as nossas necessidades. Ele pode derramar o amor em nossos
corações (Rm 5.5).
Zaqueu era uma pessoa com insatisfação. É possível
que ele fosse revoltado por ser de pequena estatura (Lc 19.1-3). O fato é que
ele pode ter desejado ser o maioral para compensar, mas a sua satisfação nunca foi
preenchida.
Ele se sentia complexado, desmerecido pelas pessoas.
Jesus o valorizou e preencheu as suas necessidades. Ele precisava que alguém
importante e com autoridade o restaurasse. Jesus o chamou pelo nome e disse que
iria à sua casa. Ele se sentiu alguém. Ele se sentiu amado e importante. Não precisava
mais de dinheiro ilícito.
Zaqueu esteve no divã com Jesus e foi curado
em Seu grande amor por nós.
Há pessoas que precisam ouvir apenas uma palavra
de perdão para ter alívio em seu sentimento de culpa e encontrar a paz. Há
outras pessoas que precisam de aceitação para se sentir amadas.
Segundo os psicólogos, uma criança que não recebe
pelo menos quatro abraços por dia não resistirá e morrerá. Ela tem que receber uma
média de oito abraços por dia para poder crescer de uma forma normal. Com doze,
terá condições de criar coisas e de dar amor.
"Qualquer contato de pele entre as
pessoas implica um sentimento de comunicação. A afetividade sentida por uma criança
reflete-se no modo pelo qual a mãe a segura." [4]
A pele reflete o estado emocional. A urticária,
a coceira, o eczema estão relacionados à insegurança. Não é sem motivo que Jesus
tocava as pessoas para curá-las.
Quando a nossa memória é
transformada pelo poder de Deus
O Espírito do Senhor pode sondar os corações
e descobrir pensamentos e imagens de fatos registrados em nosso inconsciente e
que precisam ser tratados. O Senhor pode entrar em nosso interior (Ap 3.20) e mudar
os registros negativos. Ele faz isso para curar as nossas feridas. Davi pediu:
" Sonda- me, ó Deus, e conhece o meu coração" (Sl 139.23a). Disse mais:
"... e conhece os meus pensamentos" (Sl 139.23b).
A Cura Interior é algo espiritual. É um
projeto de Deus para restaurar o ser humano para que ele volte a ser novamente imagem
e semelhança de Deus.
Mas, não é só isso. Aprendemos que podemos herdar
sentimentos, pensamentos, virtudes e defeitos dos nossos antepassados da mesma
forma que herdamos traços físicos.
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A necessidade da cura da alma
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Para ele, o pecado é uma doença, por isso a expressão “cura” para falar
sobre o pecado.
Para quem pensa que não tem nenhum problema interior, ele faz uma
pergunta: “Mas não podem eles encontrar defeitos internos sem número além
daquelas omissões exteriores? Defeitos de toda espécie: não têm o amor que é
devido ao próximo ...”.[5]
Quem está tão longe de Deus não percebe o
estado doentio de sua alma. Por isso, Wesley deixa claro que quanto mais nos
aproximarmos do Senhor, mais teremos consciência daquilo que precisamos mudar.
Diz ele: “Quanto mais crescemos na graça,
mais sentimos o estado desesperadamente iníquo do nosso coração. Quanto mais
avançamos no conhecimento e no amor de Deus através de nosso Senhor Jesus
Cristo (...) mais conhecemos o nosso afastamento de Deus, a inimizade que
existe em nossa mente carnal e a necessidade de sermos inteiramente renovados
em justiça e em verdadeira santidade”.[6]
Assim, a ministração de cura interior é tanto
para não crentes, como para pessoas consideradas maduras espiritualmente. O
objetivo final da ministração é “curar integralmente e restaurar a
personalidade, levando ao exercício pleno das nossas potencialidades, motivando
para a busca da autorrealização por meio da comunhão com Deus e o próximo”.[7]
Sim, nós desejamos com a ministração que a
pessoa tenha comunhão com Deus e com o próximo num amor de doação; segurança e
capacidade de assumir compromissos e responder por eles; aceitação de si
próprio sem supervalorização, nem depreciação; capacidade para estar aberto a
Deus para ser um instrumento para mudar o mundo.
Wesley ainda fala de “defeito de caráter”.
Ele diz que a alma, enquanto estiver ligada
ao corpo, não poderá pensar sem o auxílio dos órgãos corporais. E “sendo estes
órgãos imperfeitos, estamos sujeitos a erros especulativos e práticos (...).
Sim, e um erro pode fazer com que eu ame
um bom homem menos do que eu devia, o que é um defeito de caráter”.[8]
Ele ainda fala que Satanás não perderá a
oportunidade de nos jogar contra Deus, usando toda a sua sabedoria e força,
para, numa hora de descuido, nos trazer descontentamento, impaciência e inveja
de outros.
Wesley diz que o pecado permanece dentro do
coração daqueles que creem.
“Ele não reina, mas permanece”.4Ele cita exemplos: “Pois aquele que imaginou que todos os pecados tinham desaparecido, ainda sente que há orgulho no seu coração. Está convencido de que tem atribuído mais importância a si mesmo do que devia em muitos aspectos, e de que gostou do louvor que recebeu ...”. [9]
Isso inclui aqueles que foram regenerados, pois o novo nascimento não é ainda santificação, santidade, perfeição cristã. No novo nascimento, é iniciado um processo de santificação.
Wesley diz que “onde menos suspeitamos,
encontramos um pouco de orgulho ou de obstinação, de descrença ou de idolatria
...”. [10]
Quem poderia pensar que Pedro tivesse algum
pecado? Afinal, ele havia sido cheio do Espírito e realizado curas e milagres
após o Pentecostes. Mas, um belo dia em que jejuava e orava, o Espírito do
Senhor revelou que ele tinha em seu coração preconceito e que deveria mudar
(Cf. At 10.9-16).
É o Espírito quem nos convence do pecado. Por
isso, nas ministrações, pedimos ao
Espírito que revele, que traga à memória aquilo que precisa ser mudado, curado.
Sempre pedimos que Jesus realize a cura. É
Ele quem pode fazer isso. O ministrante não pode fazer. Ele é apenas um canal,
um instrumento nas mãos do Senhor.
Em algumas ministrações aparecem pessoas
dizendo que vieram só ver como é o
trabalho, pois não têm problema nenhum. Não demora muito para essas pessoas
confessarem que agora veem que precisam de cura da alma. Basta abrir o coração
e o Senhor irá revelar e curar.
É o Seu propósito. Afinal, nós fomos criados
para sermos conforme à imagem de Jesus (Rm 8.29).
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A necessidade
da inteira santificação
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Entendemos, então, que precisamos nos livrar
da “Dalila” que está dentro de nós. Só assim o Senhor poderá habitar em nossos
corações.
Wesley entendia que isso poderia acontecer na
nossa existência aqui na terra pela inteira santificação, santificação completa
ou perfeição cristã. Sem a inteira santificação é impossível ser salvo de todo
pecado.
Wesley cita vários versículos para
fundamentar sua palavra: “Ele remirá a Israel de todos os seus pecados” (Sl
130.8); “... de todas as vossas iniquidades e de todos os vossos ídolos vos
limparei.” (Ez 36.25); Tendo estas promessas, “purifiquemo-nos de toda
impureza, tanto da carne, como do
espírito, aperfeiçoando a nossa santidade no temor de Deus” (2Co 7.1); “O Senhor
teu Deus circundará o teu coração, e o coração da tua descendência, para amares
ao Senhor teu Deus de todo o coração e de toda a tua alma, para que vivas.” (Dt
30.6).
Por fim, ele cita I Tessalonicenses 5.23: “O
mesmo Deus da paz vos santifique totalmente, e rogo a Deus para que todo o
vosso espírito, alma e corpo sejam preservados irrepreensíveis até a vinda de
nosso Senhor Jesus Cristo”.
Aqui há expressões como “toda impureza”,
“todos os seus pecados”, “santifique totalmente”. É preciso estar convencido da
profunda corrupção do coração para que haja preocupação com a santificação
completa, diz Wesley.
Esta santificação completa não exclui erros
humanos. Ela não torna o ser humano um Deus infalível: “Creio que não existe
perfeição nesta vida que exclua essas transgressões involuntárias, as quais
penso serem naturalmente consequência da ignorância e dos erros inseparáveis da
mortalidade”.[11]
Não há perfeição absoluta na terra. “Um
cristão é perfeito a ponto de não cometer pecado”. O cristão será perfeito como
o seu Mestre e o Mestre era isento de todos os sentimentos pecaminosos.
Como afirma David Seamands em seu livro A
cura das memórias: “O objetivo final não é simplesmente aliviar a dor do
passado ou algum nível de sanidade mental e emocional, mas o crescimento à
semelhança de Cristo e uma obra de amadurecimento na santificação e verdadeira
santidade”.
Mas quais são as marcas essenciais, então, de uma pessoa que alcançou a inteira santificação?
Ele responde: “... aquele em quem existe a
mente que houve em Cristo e que anda como Cristo andou; que foi lavado de todas
as impurezas da carne e do espírito; aquele que não é motivo de tropeço para os
outros, e aquele que não comete pecado, (...) aquele a quem Deus santificou
totalmente o corpo, a alma e o espírito, aquele que anda na luz como Ele está
na luz, não há nenhuma treva, tendo
sido lavado de todo pecado pelo sangue de Jesus Cristo, Seu Filho”.
[12]
Wesley ainda diz: “A sua alma é realmente
toda amor, cheia de entranhas de misericórdia, bondade, mansidão, magnanimidade
e tolerância. A sua vida está de acordo com estas qualidades, cheia de obras de
fé, da paciência, de esperança e da obra do amor. Tudo quanto faz, quer em
palavras, quer em atos, ele o faz em nome, no amor e no poder do Senhor Jesus”.
[13]
Em seu diário, Wesley cita exemplos de
pessoas que receberam a bênção, como ele também chama, a inteira santificação.
Ele conta a experiência do Sr. Fugill que, numa noite após buscar a Deus,
experimentou a bênção. E foi na hora da pregação. Diz esse senhor: “... meu
coração se enchia mais e mais, até não mais poder. Queria eu estar a sós, para
derramar meu coração perante Deus; e, quando cheguei à casa, não podia fazer
outra coisa senão louvar e agradecer a Deus. Desde aquele momento, não tenho
sentido mais nada a não ser amor; sem pecado de espécie alguma. E espero nunca
mais pecar, nem ofender a Deus”.[14]
Os que
foram justificados e nasceram de novo não podem deixar de procurar crescer
espiritualmente, não podem deixar de se santificar, pois há ainda no crente a
natureza má que luta contra o espírito. Os que ensinam o contrário disso, diz
Wesley, trazem as piores consequências: “Ela suprime toda vigilância sobre
nossa natureza pecaminosa, sobre a Dalila que nos disseram ter-se ido, embora
ela ainda repouse contra nosso peito”.[15]
Por isso ele ainda diz: “Tanto quanto possível, usemos de toda
diligência no 'combater o bom combate da fé'. Cada vez mais ativamente,
'vigiemos e oremos' contra o inimigo interior”.[16]
Ele ainda diz para tomarmos toda armadura de Deus para que, quando
lutarmos contra a carne e o sangue e também os “principados, poderes e
espíritos depravados nos lugares elevados, possamos 'estar firmes no dia mau',
e, tendo feito tudo, permanecermos firmes na fé”.[17]
Enfim, devemos ter consciência de que precisamos sempre caminhar para a
inteira santificação. Só assim teremos poder sobre a “Dalila” que teima em
ficar repousando contra o nosso peito.
Em Hebreus 3.13, há uma orientação neste
sentido: “... exortai-vos mutuamente cada dia, durante o tempo que se chama
Hoje, a fim de que nenhum de vós seja
endurecido pelo engano do pecado”. Adiante diz: “Por isso, pondo de parte os
princípios elementares da doutrina de Cristo, deixemo-nos levar para o que é
perfeito” (Hb 6.1).
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[1] Visão geral da IA do Google
[2] https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/cura-
[4] MORAES, Renate Jost de. As Chaves do Inconsciente. Editora Agir, 7ª edição, 1985, p.61.
[5] BURTNER, Robert - CHILES, Robert. Coletânea da Teologia de João Wesley, São Paulo, Imprensa Metodista, 1960; p. 180
[6] BURTNER, Robert -
CHILES, Robert. op. cit. p. 180
[7] Folheto de Cura Interior da
Igreja Metodista do Jardim Botânico produzido por Odilon Chaves.
[8]
BURTNER, Robert - CHILES,
Robert. op. cit. p. 182.
[9]
BURTNER, Robert - CHILES,
Robert. op. cit. p. 184.
[10] BURTNER, Robert - CHILES, Robert. op. cit. p. 186.
[11] BURTNER, Robert - CHILES, Robert.
op. cit. p. 213.
[12] BURTNER, Robert - CHILES, Robert.
op. cit. p. 218.
[13] BURTNER,
Robert - CHILES, Robert. op. cit. p. 210.
[14] WESLEY, João. Trechos
do Diário de João Wesley, São Paulo, Imprensa Metodista, 1965, p. 127.
[15] WESLEY, João. Sermões
de Wesley, São Paulo, Imprensa Metodista, 1953, Vol. I, p. 270.
[16] WESLEY, João,
Sermões de Wesley, op.cit, p. 271
[17] Idem.
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