no metodismo brasileiro
Odilon Massolar Chaves
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Tradutor:
Google
Toda
gloria a Deus!
Odilon Massolar Chaves é pastor metodista aposentado, doutor em Teologia
e História pela Universidade Metodista de São Paulo.
É casado com RoseMary. Tem duas filhas: Liliana e Luciana.
Sua tese tratou sobre o avivamento metodista na Inglaterra no século
XVIII e a sua contribuição como paradigma para nossos dias.
Foi editor do jornal oficial metodista e coordenador de Curso de
Teologia.
Declaração de direitos autorais: Esses arquivos são de domínio
público e são derivados de uma edição eletrônica que está disponível no site da
Biblioteca Etérea dos Clássicos Cristãos.
Rio de
Janeiro – Brasil
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Índice
·
Introdução
·
A influência do Movimento Carismático e da
Teologia da Libertação
·
O Movimento Carismático como solução para a
saída da letargia da Igreja
· A Igreja profética como opção para sair da crise
Introdução
“Carismáticos e Libertadores no metodismo brasileiro” é um livro de 60 páginas que aborda o metodismo brasileiro entre os anos de 1960 a 1999, dentro do contexto social, político e religioso.
Carismáticos são mais identificados com os dons do Espírito e Libertadores com às questões sociais que afligem ao povo brasileiro.
Com as grandes mudanças, revoluções, golpes militares e descobertas, na década de sessenta, o metodismo brasileiro perdeu muito da sua identidade.
Duncan Alexander Reily bem resumiu esse momento: “Tudo isso num período em que o Golpe de 64, o emergir de um novo Catolicismo Romano depois do Vaticano II e a onipresença de pentecostais produziram em nós uma profunda crise de identidade.”[1]
As estatísticas mostravam que o metodismo brasileiro havia parado em seu crescimento.
Dois movimentos procuraram recuperar essa perda de identidade: O Movimento Carismático e a Teologia da Libertação. Um com ênfase na vivencia do Espírito Santo com os dons espirituais e o outro, baseado no exemplo do Êxodo, lutar pela libertação do povo oprimido na América Latina e atuar nas questões sociais que afligem ao povo brasileiro.
O fato é que no Movimento Metodista na Inglaterra com Wesley sempre houve a ênfase na importância do Espírito Santo e dos dons espirituais e na necessidade de agir profeticamente na sociedade em defesa do povo que era afligido com as questões sociais.
No Brasil, Leonardo Boff, na Teologia da Libertação, e Juan Carlos Ortiz, no Movimento Carismático, foram seguidos de perto por muitos metodistas.
Um livro bem documentado e fundamentado. Nos documentos da Igreja Metodista é possível ver as marcas históricas da influência dessas duas correntes. Nos componentes do Colégio Episcopal também.
Este livro retrata esse momento de extremismo entre os metodistas brasileiros e a posterior tentativa de busca da unidade dessas duas correntes espirituais.
Praticamente, hoje não se fala mais em Teologia da Libertação e Movimento Carismático no metodismo brasileiro, mas as marcas dos dois movimentos permanecem na Vida e Missão da Igreja.
Marcas que, em boa parte, havia no metodismo de Wesley na Inglaterra.
O Autor
A influência do Movimento Carismático e da Teologia da Libertação
A década de sessenta foi uma época de grandes mudanças no mundo e no Brasil. A mulher passou a reivindicar e alcançar seus direitos. A juventude reivindica a mudança das velhas estruturas. O nacionalismo brasileiro levou a juventude, o meio artístico, os intelectuais a pedir mudança social e política.
Por outro lado, as estruturas conservadoras, o medo do comunismo, por causa da "guerra frias" entre EUA e Rússia, levou ao radicalismo e a oposição às reivindicações por mudança. O conflito foi inevitável. Tanto os militares, a sociedade representada pelos grupos conservadores, os religiosos, que se opunham ao liberalismo e aos "comunistas", fizeram "guerra santa" aos jovens, intelectuais e aos políticos e religiosos que ansiavam por mudanças sociais no país.
Com o golpe, a Igreja Metodista ficou paralisada. Apenas poucos profetas se levantaram para clamar por liberdade, democracia e justiça. A Igreja Metodista, através do Colégio Episcopal, logo procurou saudar o novo regime.
Em nome da fé, vários jovens foram entregues aos meios de segurança. A UNE, em 1964, Faculdade de Teologia da Igreja Metodista, em 1968, foram fechadas e vários líderes jovens se afastaram da Igreja.
Os que ansiavam por uma renovação espiritual na Igreja, se sentiram traídos pelo bispo na 1ª Região e saíram criando a Igreja Metodista Wesleyana, em 1967.
A Igreja Metodista entrou em crise, em um deserto e o decréscimo foi inevitável.
Como opção para encontrar a saída para a crise, dois movimentos surgiram no metodismo, especialmente na década de setenta: Movimento Carismático e o Grupo da participação profética da Igreja.
Bispo Paulo Ayres Mattos afirma que, diante das crises na Igreja, os pentecostalistas e progressistas têm procurado resolver essa questão:
(...) tanto os pentecostalistas como os progressistas têm pretendido dar uma de Alexandre, o Magno, procurando cortas a golpes de espada o nó górdio de nossa indefinição histórica. É por isso que os nossos conservadores manifestam uma radical rejeição aos mencionados grupos.[2]
O fato é que esses dois movimentos atuaram profundamente na vida da
Igreja Metodista, a partir da década de sessenta e início da década de setenta.
Num primeiro momento foram inimigos, antagônicos, opostos, mas traziam
em suas mensagens e práticas algumas das
raízes do metodismo de Wesley: atos de piedade e obras de misericórdia. Eles
foram importantes para a volta à identidade metodista.
O Movimento
Carismático como solução para a saída da letargia da Igreja
Em 1959 aconteceu a “Revolução Cubana”. Neste mesmo ano, com as armas da oração, começou uma grande revolução nas Igrejas Evangélicas. O pastor episcopal Dennis Bennett, em 1959, na Califórnia, viu o alto grau de espiritualidade de alguns membros e buscou resposta na Bíblia e em alguns livros. Decidiu buscar o Batismo do Espírito. Com mais três pessoas, em casa, foi batizado pelo Espírito e falou em línguas. Logo diversos membros também passaram pela experiência. A pressão contrária da liderança o levou a sair de sua paróquia. Ele foi para o interior de Washington e teve o apoio do Bispo local. Sua igreja se tornou o centro da busca do Batismo do Espírito.
O fato foi noticiado na revista Time, pois havia o barulho dos grupos pentecostais. Segundo dados realizados dez anos depois, 10% dos clérigos e mais de um milhão de leigos das Igrejas tradicionais (Metodista, Presbiteriana, Batista, Episcopal etc) foram alcançados pela experiência do Batismo do Espírito.
A Renovação Carismática Católica começou na Universidade de Duquesne, em Pittsburg, Califórnia, em 1967, através de dois professores leigos - Ralph Kiefer e Bill Storey - que leram o livro A Cruz e o Punhal de David de Wilkerson e passaram a procurar uma pessoa batizada pelo Espírito para ajudá-los. Encontraram um pastor episcopal que os levou a um culto presbiteriano e ali eles foram batizados pelo Espírito.
Marcaram a primeira reunião de oração pentecostal católica da história para os dias 17 a 19 de fevereiro de 1967. Todos deveriam primeiramente ler os quatro capítulos iniciais de Atos e o livro A Cruz e o Punhal. Muitos foram batizados pelo Espírito. O movimento se espalhou logo por todo o país. Teve aceitação posterior da liderança da Igreja que não viu heresia no movimento. Em 1974, eles mudaram o nome de "pentecostal" para 'carismático".[3]
A década de setenta foi um período em que diversos líderes metodistas tiveram a experiência com o Espírito Santo.
Diante da crise no ministério pastoral e na Igreja, em 1973, na Primeira Região alguns pastores passaram a se reunir para troca de experiências, orações, estudos e vigílias. Entre os pastores estavam: Paulo Lockmann, Jonas Faleiro, David Ponciano Dias, Paulo Vieira, Nézio Tavares, Messias Manoel dos Santos, Moacyr Correa etc. Eles se reuniram em diversas lugares regularmente: Penha, Realengo, Nilópolis, Itaperuna etc.
O fato é que, a partir de 1974, um mover do Espírito começou a acontecer na vida dos pastores e igrejas. Entre os pastores estão: Moisés Cavalheiro, Erasmo Ungaretti, Paulo Lockmann, Carlos Alberto Tavares Alves, Richard Canfield etc. Diversas igrejas seriam grandemente influenciadas, como as igrejas Wesley e Institucional em Porto Alegre; Londrina, Maringá, e Curitiba, no Paraná; Jardim Botânico, Macaé, Cabo Frio e Campo Grande no Rio de Janeiro etc.
Uma das únicas alternativas para os metodistas, na época, era a experiência com o mover do Espírito que acontecia no sul com os pastores Moisés e Erasmo. Eles eram convidados ou os líderes iam até Porto Alegre ver o que estava acontecendo.
O pastor argentino Juan Carlos Ortiz através dos seus livros O Discípulo e Ser e Fazer Discípulos, influenciou grandemente também os líderes carismáticos metodistas.
Em 1975, o Movimento Carismático Católico realizou seu I Encontro Mundial em Roma, com cerca de 10 mil participantes.
Não foi possível mais fechar os olhos para a realidade do Movimento nas
igrejas metodistas. No seu relatório sobre o ano de 1975 ao Concílio da
Primeira Região, o bispo Almir dos Santos
usou de honestidade e disse que o Plano
Quadrienal tinha um total
desconhecimento dos membros das igrejas. Disse mais:
Ainda
para continuar sendo honesto, penso que a ênfase de muitas igrejas não esteve
no Plano Quadrienal, mas em certos aspectos do movimento carismático que vem
atuando em todas as igrejas cristãs no mundo de hoje, inclusive na Católica
Romana. O Colégio Episcopal elaborou e publicou uma pastoral sobre o Movimento
Carismático, e para ela temos endereçado os pastores e leigos interessados no
despertamento espiritual da Igreja.[4]
Bispo Almir dos Santos ainda disse:
Pessoalmente, creio que este movimento, quando purificado de seus exageros, traz grande benefício às igrejas e aos crentes. Não há como negar o rebaixamento do nível de vida espiritual e moral de muitas das pessoas das nossas comunidades, transformadas em verdadeiros clubes.[5]
A Primeira Região, em dez anos, tinha tido um crescimento irrisório . A Igreja tinha o seguinte número de membros:
v
1965:
14.097
v 1975: 15.254
O Movimento Carismático foi melhor aceito do que a Renovação Espiritual, pois nunca teve uma preocupação moralista, como o Movimento de Despertamento Wesleyano, na década de sessenta. A questão de costumes não passou a ser o grande enfoque, mas sim os dons espirituais. Além do mais, houve amadurecimento sobre a participação na vida política e social brasileira.
As notícias dos movimentos espirituais no exterior chegavam ao Brasil trazendo motivação. Em 1977, em Kansas City, EUA, o Movimento Carismático na América alcançaria seu ponto máximo com a realização de uma conferência carismática envolvendo os pentecostais clássicos, os protestantes neopentecostais e os católicos carismáticos. Foi um grande encontro, que teve como tema "Jesus é Senhor".
Nesta época haviam cerca de 2,5 milhões de carismáticos católicos e 2,5 milhões de carismáticos protestantes nos EUA, segundo o Jornal The New York Times.
Alguns programas de TV traziam as imagens dos cultos de Rex Humbard e Oral Roberts nos EUA. O bispo Robert MacAlister da Igreja Nova Vida através da TV e da revista Voz de Nova Vida trazia a visão sobre uma Igreja sob a direção do Espírito.
Dentro do contexto do chamado Neopentecostalíssimo, em 1977, foi organizada a Igreja Universal do Reino de Deus com algumas práticas nada comum às chamadas Igreja históricas: expulsão de demônios, correntes de oração, ênfase na doação de ofertas e dízimos, etc. Sob a liderança do bispo Edir Macedo, em breve a Igreja se tornou o maior fenômeno de crescimento mundial. Em 20 anos de organização, chegou a cerca de 321 mil de membros no Brasil. Logo alcançaria diversos países. Através da aquisição de diversos meios de comunicação, ela teve grande sucesso. A conhecida TV Record foi uma de suas aquisições. O seu jornal A Folha Universal tem mais de um milhão de exemplares. Sua influência passou a ser grande e muitas Igrejas adotaram as correntes de oração e a prática de expulsão de demônios.
Na Consulta Nacional sobre Evangelização promovida pelo CEDI, em 1980, foi dito:
Constatamos que o movimento de renovação nas Igrejas, como o movimento carismático, estão assumindo proporções significativas no Brasil e no mundo.[6]
De uma forma ainda um tanto tímida, eram realizadas vigílias, encontro de casais e discipulado no metodismo brasileiro. Alguns procuravam apoio em organismos mais abertos ao mover do Espírito, como a SEPAL. Alguns líderes, especialmente na Primeira Região se encontravam para orarem e trocarem experiências.
Para alcançar as lideranças locais e manter acesa a chama do avivamento, os carismáticos criaram na Primeira Região na década de oitenta um encontro mensal chamado "Uma tarde com Cristo". O primeiro encontro foi realizado na igreja metodista do Catete no dia 13 de setembro de 1984 por Ivone Mendes da Rocha, Presidente do Departamento de Missões e Evangelização. Já sob a liderança dos “carismáticos”, no mês seguinte a “Tarde com Cristo” seria em Niterói, depois em Vital Brazil e assim sucessivamente.
No encontro havia muito louvor, ministração da Palavra por um dos pastores, oração para cura de enfermidades etc. Vinham caravanas das igrejas locais.
Se no início houve infantilidade e exageros, com o passar do tempo houve amadurecido e equilíbrio.
Na Quarta Região, foi criado o "Ministério de Oração Aquecido", em 1986, num sítio de Caratinga, MG, com a presença de oito pastores, entre eles, José Pontes Sobrinho, Lauro Cruz Reis, Antônio Lutero, Edésio Rocha etc. O objetivo foi para orar pela vida e ministério pastoral que não correspondia ao padrão bíblico.[7]
Mais tarde, passou a haver o Encontro Nacional de Avivamento e Santificação. O primeiro foi realizado ainda de forma tímida entre os dias 21 e 23 de abril de 1989 no Acampamento Betel, São Paulo. Houve a presença de três Bispos, que participaram do encontro.
O segundo encontro, no Rio de Janeiro, já contou com a presença de mais leigos. O terceiro encontro foi em Belo Horizonte, em 1992, e teve entre os palestrantes, a missionária Valnice Milhomens e Odilon Massolar Chaves.
Já no 6º ENAVI (Encontro Nacional de Avivamento e Santificação), realizado em Londrina, PR, 1998, nove mil pessoas participaram. Foi um marco na vida da Igreja.
O Movimento Carismático começou nas Igrejas históricas, em 1960, na Igreja Episcopal em Van Nuys, Califórnia sob a liderança do pastor Dennis Bennet. Na Igreja Católica começaria em 1967 na Universidade de Duquesne, Califórnia.
Uma das primeiras denominações históricas a darem apoio ao Movimento Carismático, nos EUA, seria Igreja Presbiteriana Unida, em 1970. Ela mostraria sua aprovação através do documento A Obra do Espírito. Logo depois a Igreja Presbiteriana nos Estados Unidos também daria sua aprovação ao movimento em outro documento chamado A pessoa e a obra do Espírito Santo - Com referência especial ao batismo do Espírito Santo.[8]
Em 1972, a Assembleia de Deus, nos EUA, se posicionou sobre o Movimento Carismático no periódico Advance, em novembro. Reconhecia o que Deus fazia ao redor do mundo dizendo:
Os ventos do Espírito Santo estão soprando livremente fora do corpo pentecostal.[9]
As Igrejas pentecostais não eram mais o único lugar da manifestação dos dons espirituais, mas as Igrejas advertiam:
As Assembléias de Deus não aprovam nenhuma doutrina ou conduta manifestadamente antibíblica. Tampouco condenam categoricamente qualquer coisa que não se conforme aos seus padrões.[10]
Em 1977, na Assembleia Geral, em Oklahoma, EUA, a Assembleia de Deus reafirmou o desejo de estender às mãos aos carismáticos.
Na Igreja Ortodoxa, o Movimento Carismático surgiu em 1971. Já em 1973 foi realizada a primeira Conferência Carismática Ortodoxa, em Ann Arbor, Michigan, EUA.[11]
No metodismo brasileiro era forte o Movimento Carismático, especialmente na Primeira, Segunda e Sexta Regiões. Diversas igrejas experimentavam um mover do Espírito. Alguns líderes passavam pela experiência do Batismo do Espírito.
Diante de pressões no sul, os líderes Moisés Cavalheiro e Erasmo Ungaretti pediram licença para tratarem de assuntos particulares. Em 1977 organizaram as Comunidades em Porto Alegre. As igrejas Metodistas Wesley e Institucional perderiam diversos membros.
Nos EUA, a Igreja Metodista Unida, em 1976, aprovaria as "Normas de Orientações para os membros em relação ao Movimento Carismático". A Conferência Geral assim reconhecia o movimento.
Em 1978, o Concílio Geral elegeria um Bispo carismático - Richard dos Santos Canfield - de uma Região considerada carismática. Com esta atitude reconhecia o Movimento no metodismo brasileiro. O tema aprovado revela a intenção da Igreja: "Unidos pelo Espírito, Metodistas Evangelizam".
De uma forma contrária, no ano de 1977, a Convenção Batista Sul, nos EUA, expulsou da Convenção as Igrejas que permitiram os cultos carismáticos.
Seguindo os passos da Igreja Metodista Unida, o Colégio Episcopal, em 1980, publicaria a Pastoral sobre a doutrina do Espírito Santo e o Movimento Carismático.
A Igreja Metodista Ortodoxa convidou Moisés Cavalheiro, em 1982, para ministrar no Concílio Geral realizado em Maricá, RJ. Alguns pastores foram conscientizados da importância do mover do Espírito. Moisés voltou outras vezes. Alguns dos seus líderes, como o pastor Hélio Brum, foram também nas Comunidades em Porto Alegre para ampliação da visão.
No mesmo ano, a Igreja Metodista Ortodoxa, em Honório Gurgel, RJ, tomou a posição de retirar a placa da Igreja. Não queriam ter um rótulo e nem outra denominação. Adotaram o nome de "Comunidade", apesar de pertencer a Igreja Metodista Ortodoxa. Em 1997, a Comunidade Evangélica de Honório Gurgel, sob a liderança do pastor Hélio Brum, alcançava cerca de 500 membros.[12]
As decisões do Instituto Internacional para Evangelização Mundial do Conselho Mundial Metodista, realizada em 1984, na Geórgia, EUA, revelou tendências da Igreja e ajudou na abertura ao mover do Espírito. O Instituto enviou uma mensagem a Igreja:
À medida que nossos corações se abriram um ao outro e ao Espírito Santo, tivemos uma visão mais ampla de evangelização e descobrimos novos meios de oferecer a fé cristã ao mundo. Confessamos nossos fracassos do passado e as limitações da nossa vida interior, chamamos os cristãos em toda a parte para pacturar conosco em uma nova dedicação à tarefa da evangelização mundial.[13]
A mensagem dizia ainda:
O segredo do crescimento da Igreja se encontra em células de oração, estudos bíblicos e amor e preocupação um pelo outro.[14]
Disse ainda:
Uma nova abertura e obediência à direção e ao
poder do Espírito Santo fazem-se necessárias.[15]
Na Primeira Região, durante o ano de 1987, houve uma tensão no Movimento Carismático por causa da saída voluntária do Bispo Paulo Ayres e a necessidade de eleição de um novo Bispo. Foi indicado pela Região e eleito Paulo Lockmann, no Concílio Geral de 1987, considerado carismático. O Concílio mudou a estrutura da Igreja de cargos para a estrutura de dons e ministérios, o que facilitou o mover do Espírito na Igreja.
Em 1989, o Colégio Episcopal já amadurecido publicou Orientações Pastorais sobre o uso dos dons do Espírito e outras práticas. A linguagem utilizada reconhecia diversas expressões que no passado foram rejeitadas. Os Bispos disseram:
Muitas pessoas estão experimentando algo
novo, em suas vidas cristãs. Uma nova efusão do Espírito que provoca profundas
mudanças de vida. A experiência do Espírito, que pode ser chamada de 'batismo
do Espírito', 'derramamento do Espírito', 'plenitude do Espírito'ou 'segunda
benção'e outros, sempre provoca mudanças na vida das pessoas.[16]
Outras denominações passaram também a se reunir para estudar sobre os dons espirituais e dar uma definição a Igreja. A União das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil realizou um Fórum para definição doutrinária, em março de 1994, em Itatiaia, SP. Foi debatido sobre os dons de curar, dom de profecia, de de variedade de línguas, visão ou revelação, unção com óleo, expulsão de demônio ou exorcismo, quebra de maldição, sinais e prodígios, segunda benção, cura interior, o jejum.
Entre as decisões do Fórum, estão: que não se use a expressão "óleo ungido"; a doutrina de cura interior encontra respaldo bíblico; a maldição hereditária deve ser rejeitada; línguas estranhas não é evidência obrigatória da experiência do batismo com o Espírito Santo.[17]
Apesar destas restrições, foi eleito presidente da União das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil o pastor Paulo Leite, que juntamente com outros pastores, a partir de 1997, passou a buscar o avivamento e a pedir perdão a Deus pelos erros do passado. Um dos locais preferidos para a busca da renovação espiritual foi a Associação Evangelística Sarça Ardente, em Niterói, sob a liderança do Pastor Presbiteriano Antônio Elias e apoio da congregacional Independente dra. Carmen Marins. Pastores de outras denominações também participaram.
Em 1994, também a CNBB aprovar um documento para os carismáticos católicos e deixa claro sua submissão à Maria usando a expressão:
Rogando a Maria, Mãe da Igreja[18]
Rogam à Maria para que as Orientações Pastorais sobre a Renovação Carismática Católica possa contribuir para o crescimento da comunhão e ardor missionário. O Documento, contudo, limitou a ação do Espírito e o exercício dos ministérios.
Dentro das orientações é pedido que não se incentive a chamada oração em
línguas; que o exorcismo feito por conta própria seja afastado; que se evite a
prática do chamado "repouso no Espírito" e que não for sacerdote não
deve fazer uso do óleo da benção.[19]
Este Documento da CNBB traz também orientações equilibradas e bíblicas para o Movimento de Renovação Carismática Católico.
Foi significativo no metodismo brasileiro a eleição de quatro novos Bispos no Concílio Geral de 1997, considerados carismáticos, e outros abertos ao mover do Espírito mostrando assim uma tendência da Igreja no final do século XX.A Igreja Metodista está desejosa de ser uma Igreja Missionária.
O Plano aprovado indica essa tendência:
Igreja, Comunidade Missionária a
serviço do povo.
O compromisso social herdado do metodismo primitivo passou a ser incorporado de uma forma concreta em muitas das comunidades consideradas carismáticas, entre elas, Igreja em Cabo Frio e Central de Niterói onde há um forte atendimento às crianças e aos drogados.
Mas essa visão só amadureceu depois de longos anos de conflitos na Igreja, como veremos no próximo capítulo.
A Igreja
profética como opção para sair da crise
O contexto social e político na América Latina exigia por parte da Igreja uma atuação mais libertadora. Haviam atitudes individuais e isoladas de líderes que lutavam por uma sociedade mais justa e fraterna, mas a Igreja se sentia impotente para agir.
Do ponto de vista teológico, a tônica do período é o secular: Dietrich Bonhoeffer e seu cristianismo sem religião;Thomas J.J. Altizer e seus corriligionários que insistiam, com Nietzache, que Deus, pelo menos no sentido do Deus transcendental, morrera; ou Harvey Cox, com seu célebre livro The Secular City (A Cidade do Homem). Depois aparecea teologia da esperança de Jurgen Moltmann, da libertação de Gustavo Gutierrez e, na fase norte-americana, a teologia negra, representada por James Cone.[20]
Os militares davam os golpes e assumiam o poder trazendo opressão e desrespeito aos direitos humanos. Seriam assim progressivamente os golpes :
v
1964:
Brasil
v
1966:
Argentina
v
1968:
Peru e Panamá
v
1969:
Bolívia (depois em 1971);
v
1972:
Equador
v 1973: Uruguai e Chile. [21]
A Igreja foi tomando consciência de seu papel profético na sociedade. O tema e exemplo do êxodo seria redescoberto e serviria de reflexão bíblica e de estímulo aos cristãos da América Latina. Na reunião da Igreja e Sociedade na América Latina (ISAL), em 1966, o professor Beato faria uma reflexão teológica sobre o êxodo como uma iniciativa da graça de Deus para o ser humano ser liberto da escravidão e caminhar para a Terra Prometida e a liberdade.[22]
A década de sessenta seria o período de formação da Teologia da Libertação, que via na história de opressão do Egito sobre o povo de Deus semelhança com a situação de miséria, opressão e cativeiro na América Latina. Gustavo Gutierrez, Leonardo Boff, entre outros, foram grandes articulares do movimento através de livros. Em seu livro Pobreza y Liberacion em América Latina, Gutierrez afirmou:
O anúncio do evangelho é uma contribuição a libertação de tudo o que oprime ao pobre nele aqui e agora da injustiça social em que vive, e o conduz assim a viver como filho de Deus e entrar em comunhão com o Pai.[23]
As Comunidades Eclesiais de Base foram locais propícios para conscientização dos problemas sociais e para fortalecimento e apoio mútuo. A Igreja se voltava para o pobre. As CEBs surgiriam com alguns movimentos, entre eles, renovação bíblica e movimento de educação popular baseado no método de Paulo Freire.
Ajudou nesta caminhada da Igreja, na luta pela justiça e apoio aos pobres e oprimidos, as Assembléias do Conselho Mundial de Igrejas : Nova Delhi (1961); Upsala (1968), Nairobi (1975) etc.
A quarta Assembléia do Conselho Mundial de Igrejas realizada em Upsala,
em julho de 1968, no documento “Renovação em Missão”, afirmaria que deveria ser
favorecida as experiências de novas formas de testemunho e serviço.[24] No mesmo ano, a Conferência Episcopal
Latino- Americana, em Medellin, apontaria para a salvação do ser humano total
com temas como “libertação integral”; “educação libertadora”; “conversão e
libertação.”[25]
No dia 2 de fevereiro de 1969, em Santiago do Chile, as Igrejas Metodistas da América Latina criariam o Conselho de Igrejas Evangélicas Metodistas da América Latina (Ciemal), para fortalecer o testemunho cristão e expressar a paixão evangelizante.[26] Posteriormente, Igrejas do Caribe passaram a fazer parte e o Ciemal ficou como Conselho de Igrejas Evangélicas Metodistas da América Latina e Caribe.
Os fundamentos teológicos de sua origem e missão são:
A profunda
necessidade de sinalizar e trabalhar pela unidade, conexidade e
ecumenicidade do metodismo latino-americano e caribenho.
A profunda necessidade de sinalizar e
trabalhar por uma busca da identidade própria, indigenização e contextualização
do metodismo latino-americano e caribenho.
A profunda necessidade de sinalizar e trabalhar pelo evangelho através de uma prática mais integral, histórica e teologicamente, sinal do Reino de Deus, comprometida com a libertação do povo latino-americano e caribenho, a partir dos empobrecidos.[27]
O fato histórico de maior relevância foi a necessidade de concretizar a autonomia em relação à liderança da Igreja Metodista dos EUA e desenvolver uma teológica, prática e um maior relacionamento entre as Igrejas Metodistas da América Latina.
Era necessário uma postura de maior atuação nos problemas que envolviam as Igrejas Metodistas na América Latina, especialmente, em um período de ditadura militar. Inclusive, alguns metodistas foram presos ou foram mortos pelos militares. Logo depois da criação do Ciemal, no primeiro dia de janeiro de 1970, o professor metodista universitário Maurício Lopes seria sequestrado e morto pelos militares na Argentina.[28]
Para viabilizar mais eficientemente o testemunho cristão, as suas três Comissões Evangelização, Promoção Humana e Assuntos Educacionais seriam, nos anos noventa, transformados em uma só: Comissão de Missão e Testemunho.[29]
Na década de setenta se tornou forte a Teologia da Libertação num continente marcado pelos golpes de estado, desrespeito aos direitos humanos, corrupção administrativa etc. O ano de 1970 é considerado o ano-chave para a Teologia da Libertação, quando houve uma série de encontros e simpósios em diversos países latino-americanos resultado de uma nova consciência sobre a situação oprimida do povo e a missão libertadora da Igreja.
Nascida com a experiência libertadora de Cuba, em 1959, na década de sessenta ela foi formulada, especialmente a partir de 1968, em Medellin, com os teólogos católicos. Em 1970 aconteceram diversos encontros sobre Teologia da Libertação (Bogotá, Buenos Aires, México). Em 1971, Gustavo Gutierrez publicou o livro Teologia da Libertação e Leonardo Boff publicou, em 1972, Jesus Cristo Libertador. O tema “exílio” e “cativeiro” foram abordados na Teologia da Libertação, pois era uma realidade na América Latina num tempo de ditadura militar.
Fato importante no metodismo brasileiro foi a aprovação do novo Credo Social pelo X Concílio Geral, em 1971, quando ele foi incorporado à constituição da Igreja e passou a constar do conjunto doutrinário que define o pensamento da Igreja Metodista.[30]
Ente suas afirmações, estão:
A reconciliação do homem em Jesus Cristo
torna claro que a pobreza escravizadora em um mundo de abundância é uma grave violação da ordem de Deus; a
identificação de Jesus Cristo com o necessitado e com os oprimidos, a
prioridade da justiça nas Escrituras, proclamam que a causa dos pobres do
mundo, é a causa dos seus discípulos (...) É injusto aumentar a riqueza dos
ricos e o poder dos fortes confirmando a miséria dos pobres e oprimidos. Os
programas para aumentar a renda nacional precisam criar condições equatitativa
de recursos, combater discriminações, vencer injustiças econômicas e libertar o
homem da pobreza (...).[31]
O Credo Social serviu de âncora para os líderes da Igreja. Entre alguns líderes e documentos da Igreja Metodista, a expressão “libertação” passou a ser utilizada dentro da ênfase da Missão da Igreja. Isac Aço assim se expressou:
Evangelizemos, pois evangelizar é continuar a
obra de Cristo que evangelizou aos pobres, foi enviado para proclamar
libertação aos cativos.[32]
Os próprios Bispo metodistas brasileiros, em sua Pastoral em 1971, já usavam termos semelhantes:
Nosso testemunho e serviço cristãos no mundo
nos levarão a dizer ´não´ a tudo que escarnece do amor de Cristo, a todo
sistema, todo programa e toda pessoa que trate qualquer ser humano como se fora
um objeto irresponsável ou como um mero lucro, aos que defendem a injustiça em
nome da ordem, e aos que semeiam a guerra (...).[33]
Esse testemunho se fez sentir em diversos países latino-americano. Com o golpe militar na Bolívia, em 1971, os metodistas continuaram a exercer sua missão profética. “Um Jornal da cidade de La Paz anunciou em novembro de 1971, durante uma campanha jornalística contra os líderes da Igreja Evangélica Metodista, que tal igreja se retirou do país e pararia todas as suas obras por falta de garantias. Quando o jornalista perguntou se isso era verdade, o Bispo respondeu:
Como poderíamos ir embora, se somos uma
igreja boliviana?[34]
Na Espanha, em 1972, aconteceu o Encontro de El Escorial sobre “Fé cristã e mudança social na América Latina”. O metodista Miguez Bonino participaria. Neste mesmo ano, o único partido de oposição permitido pelo Governo, o MDB, coloca no seu programa a luta pela Anistia. A OAB aprovaria, em 1974, a moção de anistia aos presos políticos.
Scilla Franco, pastor metodista nomeado para a igreja em Dourados (MT) e para dirigir um Plano Piloto de apoio e acompanhamento a pequenos agricultores, reiniciou o trabalho com os indígenas, que havia sido interrompido em 1946. Seu exemplo e pregação despertariam a liderança da Igreja Metodista para a solidariedade com as lutas dos povos indígenas. A partir de 1977, o agrônomo Áureo Brianezi substituiu Scilla franco, que estava doente. Surgiria a “Missão Tapeporã”.
Além da defesa dos direitos indígenas, muitos foram torturados ou mortos
por defender a causa dos pobres e oprimidos.
A Igreja teria diversos mártires:
Antonio Pereira Neto (Brasil, 1969); Hector Gallego (Panamá, 1972); Carlos
Mügica (Argentina, 1974); Ivan Betancourt (Honduras, 1975), etc.
Entre 29 de dezembro de 1972 e 9 de janeiro de 1973, em Bangkok, Tailândia, foi realizado a conferência patrocinada pela Comissão de Evangelismo e Missão Mundial, que pertence ao Conselho Mundial de Igrejas. O tema da conferência foi “A Salvação Hoje”, em suas três seções principais: “Cultura e Identidade”; “Salvação e Justiça Social” e “As Igrejas Renovadas em Missão.”[35]
Estiveram presentes mais de 300 pessoas de 69 países e diversas
denominações. Essa Conferência serviu de apoio e fortalecimento para os
líderes, organismos, movimentos e Igrejas que ansiavam por uma Igreja
Libertadora. O Secretário do Conselho Mundial de Igrejas era o metodista Philip
Potter. O pastor metodista uruguaio Emílio Castro era o novo Diretor da
Comissão de Evangelização e Missão Mundial. O metodista boliviano Mortimer
Arias no mesmo ano colocou toda a temática da conferência no livro Salvação Hoje.
O presidente eleito do Chile Salvador Allende foi assassinado pelos militares em 1973. A versão no Brasil seria outra: que ele havia se suicidado. O Jornal do Brasil publicou a notícia sem manchete por ter sido censurada. Houve só a publicação do texto em toda a primeira página. A justificativa da Junta Militar para o golpe foi a “gravíssima crise econômica, moral e social do Chile”. Foi decretado estado de sítio e o toque de recolher. Ainda no Chile, em 1973, o professor metodista Humberto Lisardi foi preso, torturado e morto pelos militares. [36]
Neste mesmo ano, os EUA deixaram militarmente o Vietnã. Mas no Oriente
Médio aconteceu a guerra do Yom Kippur.
Algumas crises no mundo atingiram o Brasil. Em 1973 houve
a crise do Petróleo. Em 1974, o presidente dos EUA, Richard Nixon é obrigado a renunciar por causa do
“Escândalo do Watergate”. No Brasil, o luterano Ernesto Geisel assume a
Presidência da República e promete uma abertura democrática lenta e
progressiva.
A repressão continuaria. O chefe da polícia secreta da ditadura chilena escreveria ao chefe do SNI no Brasil, General João Baptista Figueiredo, e proporia um plano contra os religiosos e políticos:
O plano proposto por você para coordenar
nossa ação contra certas autoridades eclesiásticas e conhecidos políticos
social-democrata e democratas-cristãos da América Latina e da Europa conta com
o nosso decisivo apoio.[37]
Ser oposição no Brasil era ser considerado traidor do Evangelho na mentalidade de muitos evangélicos. Algumas pessoas ajudaram a mudar esta mentalidade. O gaúcho metodista Aldo Fagundes e o presbiteriano Lysanêas Maciel se elegeram deputados federais pelo MDB. Lysanêas foi cassado no final da década de setenta por causa do seu testemunho profético. Uma de suas afirmações, quando cassado e que marcou foi ao dizer que ele queria a paz que vem da luta e não dos conventos e cemitérios.
Na Igreja Metodista no Brasil, o XI Concilio Geral teve mudanças substanciais em sua forma de encarar a missão da Igreja. A Missão teve primazia no Concílio e o tema aprovado foi “Missão e Ministério”. A ênfase foi na libertação:
(...) programa de ação da Igreja, como serva de Jesus Cristo, para
libertar totalmente o Homem, através do poder do Evangelho (...).[38]
Mas o Plano Quadrienal aprovado no Concílio Geral significou um avanço e foi mais enfático ainda. expressão “libertação” foi utilizada para falar do ser humano e estruturas injustas. A missão da Igreja tem como objetivo, entre outras cosias:
Libertar o ser humano de todas as coisas que
o escravizam e conduzi-lo ‘a comunhão com Deus e o amor ao próximo; buscar a
transformação dos seres humanos e das estruturas sociais, à luz do Evangelho de
Cristo (...)[39]
Em 1975, aconteceu
o I Encontro Latino-Americano de Teologia, no México. Foi o ponto
alto da nova etapa da Teologia da Libertação que cresceria. Novos teólogos se
envolveram com o tema de libertação: Comblin (Brasil); Assman (Chile), Jon
Sobrinho (El Salvador), Luis del Valle (México) etc.[40]
Havia na liderança metodista aqueles que agiam com coragem e consciência social e política. O bispo Almir dos Santos era um deles. Antes das eleições de 15 de novembro de 1974, ele enviaria uma mensagem aos eleitores metodistas através do programa “Avante por Cristo”, na Rádio Copacabana. Pediria para votar conscientemente e não por interesse pessoal. Ele pediria para não acreditar naqueles que dizem que o partido não conta (havia só o MDB e a ARENA).
Seu ponto principal dizia:
Há dois documentos que um bom metodista deve tomar por base na escolha de seus candidatos: a Declaração dos Direitos Humanos e o Credo Social metodista. É condição mínima para eu sufragar o nome de um candidato que ele se comprometa a defender os princípios dos documentos acima citados.[41]
Nas eleições, o partido da oposição MDB elegeu 16 dos 22 senadores.
Os movimentos e líderes da América Latina, que era perseguidos pelas ditaduras, nas décadas de sessenta e setenta, receberam apoio do Conselho Ecumênico de Igrejas (CEI), com sede em Genebra. O CEI apoiaria ainda os líderes da Teologia da Libertação.[42] A resistência à ditadura cresceria.
As Comunidades Eclesiais de Base (CEB) na Igreja Católica reuniram mais de 2 milhões de pessoas em cerca de 70 mil CEBs. Seria um espaço para reflexão política e discussão dos problemas sociais num período em que o Governo proibia a criação de novos partidos políticos.
O chamado milagre brasileiro pode ser avaliado através de números. “
De 1968 a 1975, o Produto Nacional Bruto teve
um crescimento anual médio de 9%. Entre 1968 e 1974, a população do Brasil
passou de 86 para 105 milhões de habitantes. Mas o PNB passou de 40 a 78
bilhões de dólares. A produção de energia elétrica aumentou de 38 para 72
bilhões de kWh. A produção de aço passou de 4,4
para 7,5 bilhões de toneladas. As exportações cresceram de 1.881 para
8.000 milhões de dólares; as importações,
de 1.855 para 12.500 milhões de dólares. A produção de automóveis, de
279.000 a 858.000 unidades. O produto interno bruto por habitante foi estimado,
em 1974, em 748 dólares.[43]
Por outro lado, o “milagre” só acentuou grandemente as desigualdades sociais. Podemos ver isto na estagnação do campo. De 1967 a 1974 a estrutura da propriedade rural não havia mudado: 23% das propriedades são latifúndios ocupando 80% das terras; 71% são minifúndios ocupando 13% da área. Desde então o problema agravou-se, provocando o atual ‘problema da terra.[44]
O salário mínimo baixou em 38,3% de 1961 a 1970. De 1970 a 1975 o salário mínimo caiu de 100 para 82 dólares. De 1958 a 1975 o salário mínimo diminuiu em 50%. Por outro lado, a mortalidade infantil que havia diminuido de 89,7 por mil para 62,9 por mil entre 1950 a 1960 aumentou para 89,5 por mil em 1970. O número de habitantes que recebia água corrente caiu de 61% em 1956, para 56% em 1973.[45]
Aos poucos o chamado “milagre econômico” foi se desmoronando. Se na década de cinqüenta o povo brasileiro era pobre, na década de setenta passou a ser um miserável. Em 1959, era preciso trabalhar 65 horas e 5 minutos para ganhar um salário mínimo. Em 1974, era preciso trabalhar 153 horas e 4 minutos. Em 1975, o Produto Nacional Bruto baixou em 15%.
Fortalecendo as Igrejas que lutavam por justiça, o Conselho Mundial de Igreja, em Nairobi, 1975, enfatizou o tema "Jesus Cristo liberta e une". Os temas “libertação” e direitos humanos se tornaram cada dia mais fortes.
Um metodista participou ativamente para fortalecer os movimentos de apoio ao povo oprimido na América Latina:
Sob a liderança de Philip Potter, o primeiro secretário geral originário do terceiro mundo, a assembléia de Nairobi foi a que mais se voltou para essa vasta região, sensivelmente influenciada pelas teologias da esperança e da libertação.[46]
No Brasil, a morte do jornalista Vladimir Herzog, em 1975, no DOI-CODI de São Paulo, revelou que os horrores da ditadura ainda continuavam. Contudo, a reação da opinião pública acelerou o processo de abertura política, para a mudança do regime no país.
Na América Latina os golpes militares ainda aconteciam. Em 1976, Isabel Perón é deposta na Argentina. Morrem no Brasil Juscelino Kubitschek e Jango Goulart. Morre também Mao Tsé-tung na China. Morre ainda o sonho norte-americano de um Vietnã capitalista. Neste ano ainda o Vietnã do Norte e do Sul se tornaram um só Vietnã comunista.
Na China assumiu o poder Deng Xiaoping, em 1977, que havia sido perseguido e preso por Mao. Ele iniciou a abertura econômica que proporcionaria um crescimento anual de 10%. Reataria relações diplomáticas com os EUA e assinou um tratado de paz com a Japão e ainda assinou um acordo com a Grã-Bretanha para a devolução de Hong Kong, em 1997.[47]
A criação da UNIMEP (Universidade Metodista de Piracicaba), em 1976, trouxe maior consciência social e impulso na luta e compromisso com os marginalizados e oprimidos. Passou a haver um espaço democrático para discutir os problemas nacionais.
O CIEMAL, em 1976, decidiu iniciar um movimento nas igrejas metodistas na América Latina para denunciar o pecado da fome (milhares de crianças morriam de fome diariamente) e despertar para o verdadeiro amor cristão, que é sal da terra.
A Igreja deixa sua forma tímida e começa a dar sinais de reação. O Concílio Regional da Sexta Região Eclesiástica, em 1977, escreveu uma carta ao Ministro do Interior, Rangel Reis, mostrando sua preocupação com o futuro dos índios no Brasil.
Em 1977, o Governo fechara o Congresso Nacional por 15 dias. No ABC paulista, os operários entraram em greve. As pessoas ainda eram cassadas e presas por oposição política. Ainda haviam mortes e falta de liberdade para a Imprensa.
Por essa razão, o Comitê Central do Conselho Mundial de Igrejas, em 1977, criou a Comissão especial para os direitos humanos. O Conselho Mundial de Igrejas condenou a tortura lembrando a Declaração Universal dos Direitos Humanos, no seu art.5º, que diz que ninguém deverá ser submetido a tortura ou a castigo cruel, inumano ou degradante.
A época exigia uma tomada de posição e uma atitude prática frente aos diversos problemas nacionais, que envolvia também a Igreja. Em 1977, em Brodósqui, com a presença de 400 mulheres, seria realizado o “I Encontro Nacional da Mulher Metodista”. Um Encontro marcado pela alegria. Seriam enviados às autoridades do país diversos documentos:
- “Em favor dos idosos” (ao Ministro da Previdência Social);
- “Censura e exploração da mulher
como objeto sexual”( ao Ministro da Justiça);
- “Tortura nas prisões” (ao Ministro da Justiça);
- “Volta ao estado de Direito” (ao Presidente da República);
- “Pela reforma da legislação trabalhista” (ao Ministro do Trabalho).[48]
Fortalecendo a unidade e testemunho entre os cristãos da América Latina, em setembro de 1978, a Assembléia de Igrejas, reunida no México resolveu a criação de um Conselho Latino-Americano de Igrejas.
Esse conselho foi criado a fim de dar continuidade e convergência a esses esforços, servindo como lugar de encontro, diálogo e empreendimentos conjuntos de igrejas e movimentos cristãos. Entendido como tal, nasceu o CLAI (em formação), como instrumento para dar testemunho da unidade da missão.[49]
Aprovado em Concílio Geral, a Igreja Metodista passou a fazer parte oficialmente do Clai (Conselho Latino Americano de Igrejas).[50]
O brasileiro e Bispo Paulo Ayres foi eleito presidente do CIEMAL, em 1978. O período de 1976-1983 na Argentina foi de grande perseguição, tortura, morte e desaparecimento dos que se opunham ao regime militar. Calcula-se que de 10 a 20 mil pessoas foram mortas ou desapareceram. O CIEMAL foi um ínstrumento de conscientização e proteção aos que eram perseguidos em seus países.
A Igreja passou a se sentir segura e motivada a fazer suas reivindicações e denúncias ao Governo. O Colégio Episcopal, em 1978, através do seu presidente, Bispo Oswaldo Dias da Silva, escreveu ao Governo sobre a propaganda do fumo. Fez uma solicitação, que alguns anos mais tarde se tornou realidade: obrigatoriedade da inclusão na publicidade do maço de cigarro de advertências sobre o perigo do fumo.
Em 1978, a Sexta Região Eclesiástica, através do Conselho Regional, escreveu uma carta ao Presidente Ernesto Geisel, pedindo pelos exilados políticos:
Preocupa-nos a situação de nossos políticos que se encontram presos ou exilados por suas ideias ou convicções políticas.[51]
A carta pede revisão dos processos e o oferecimento aos exilados:
Uma nova oportunidade de retornarem ao seio de suas famílias e às suas atividades profissionais.[52]
No ABC paulista, em 1978, os operários fazem greve e são reprimidos. Lula é o principal líder. Neste mesmo ano, a CNBB critica a Doutrina de Segurança Nacional na América Latina. Foi criado o Comitê Brasileiro pela Anistia. Em 1979 foi realizada uma passeata de 20 mil pessoas pela Anistia.
A política dos direitos humanos do presidente evangélico dos EUA Jimmy Carter (1977-1981) enfraqueceu as ditaduras e fortaleceu as Igrejas, partidos e Instituições. Tanto que em 1979 acontece a Revolução Sandinista na Nicarágua.
O Expositor Cristão, em 1979, também deu grande enfoque a Anistia, na primeira página, através do jornalista Percival de Souza. O Governo cedeu às manifestações e em 1979 seria decretada a anistia ampla, geral e irrestrita. Os partidos oficiais MDB e ARENA foram extintos e surgiram diversos partidos: PMDB, PDS, PTB, PT, PDT etc.
A UNIMEP, em 1979, através da Pastoral Universitária, lutou pela Anistia e afirmou:
Muitas pessoas que se têm levantado contra as
dores do seu povo, estão hoje no exílio, longe de sua pátria, ou então, no
esquecimento das nossas celas de prisão.[53]
No Brasil, as mudanças estruturais continuaram acontecendo como resultado da organização do povo e união de diversos organismos. O presidente João Batista Figueiredo toma posse em 15 de março de 1979 e promete fazer do Brasil uma democracia. Pressionado, ele assina a Lei da Anistia, em 28 de agosto de 1979.
Em 1979, em Puebla, os Bispos fazem uma opção preferencial pelos pobres. A Teologia da Libertação deu fundamentação bíblica e teológica aos que desejavam lutar pela justiça social e direitos humanos.
Surgiram também grupos descontentes com a abertura política e realizaram diversas ações terroristas sendo mais o destacado o atentado no Rio Centro realizado por agentes do DOI-CODI, em 1981. Neste contexto, um dos líderes da ditadura renunciou, o General Goubery do Couto e Silva, chefe da Casa Civil.
Em 1980, o Conselho Mundial de Igrejas aprovou na reunião do Comitê Central um apoio mais direto à causa dos pobres e oprimidos. Todo esse estudo iniciado em 1976 deu a recomendação de que as igrejas o estudassem e aplicassem através de formas apropriadas de ação. No livro A Igreja dos pobres, que foi autorizado e financiado pelo Conselho Mundial de Igrejas, está esse estudo que é claro:
Este estudo pretende, isso sim, chamar as
igrejas a se envolverem com os pobres nessa luta de dimensões mundiais.[54]
Dentro deste contexto, o metodista Julio de Santa Ana publicou o livro A Igreja e o Desafio dos Pobres, em 1980, pela editora Vozes e Tempo e Presença. A Imprensa Metodista publicou no mesmo ano Aspectos da Pobreza Humana do Bispo Metodista Sante Uberto Barbieri também em 1980.
A situação social levou os metalúrgicos do ABC paulista a realizar a maior greve do país e a realizar uma passeata com mais de 100 mil operários, em 1980.
No mesmo ano, artigos no Expositor Cristão também enfatizaram a questão da pobreza, como “A Igreja dos Pobres”; “Pena de morte: uma segunda punhalada”; “Comunidade Eclesiais de base”; “Coração x Estrutura, qual dos dois deve ser mudado?”; “Imoralidade x Injustiça social, qual das duas é mais chocante ?”[55] etc.
A situação social do povo brasileiro era grave. Só em agosto de 1981 cerca de 900 mil pessoas ficaram desempregadas. Neste ano, no Brasil haviam dois milhões de desempregados. Em 1984, esse número aumentou para 12 milhões para uma população de mais de 125 milhões no fim da década de setenta.
Apoiados e fortalecidos por Nações, Instituições e organismos nacionais e internacionais, como o Conselho Mundial de Igrejas, CIEMAL e UNIMEP foi possível a Igreja retomar a sua prática e testemunho profético na sociedade.
Em 1980, a UNIMEP, sob a liderança de Elias Boaventura, promoveu o simpósio: "É preciso denunciar a violência", com a presença de D. Paulo Evaristo Arns, num momento em que a greve dos metalúrgicos no ABC paulista acarretava prisões e demissões. Neste mesmo ano, a UNIMEP, abriria as portas para o 32º Congresso da UNE, que estava fechada pelo Governo desde 1964.
A ditadura e desrespeito aos direitos humanos eram algo comum nos Governos latino-americanos. O Secretário Executivo do CIEMAL, Mortimer Arias seria preso e expulso da Bolívia, em 1980.
Em 1980, 70% da população brasileira era urbana. A inflação acumulada de junho/79 a maio/80 chegaria a 94,7%. O desemprego aumentaria.
O Expositor Cristão passou a ser um espaço aberto e um porta-voz das Igrejas e Movimentos que lutavam pela justiça e paz. Em dezembro de 1980, a manchete foi: “1981 por Liberdade e Comunhão”. Trazia ainda na primeira página uma poesia de Dom Helder Câmara sobre a paz publicada pela Comissão Justiça e Paz de São Paulo. Ainda era anunciado o artigo “A Igreja dos Pobres”.
Em 1981, a UNIMEP intercedeu junto ao Ministro da Justiça pelas pessoas enquadradas na Lei de Segurança Nacional, entre elas, jornalista Boris Casoy, sindicalistas do ABC e o pastor metodista Orvandil Barbosa.
O atentado a bomba no Riocentro, em 1981, revelou que a repressão continuava atuante e os meios empregados continuariam sendo os mais violentos. Contudo, o atentado foi o infarto político do Governo Figueiredo.
Os regimes militares na América do Sul começaram a ser desmoralizados e enfraquecidos. O Presidente da Argentina Galtieri, em 1982, invadiria as Malvinas. Foi derrotado pela Inglaterra. Cerca de 1000 jovens argentinos morreram. Começava a morrer também o regime militar argentino.
Em 1982, a Igreja conseguiu colocar em um documento uma forte base teológica para as obras de misericórdia e os atos de piedade unindo os carismáticos e os liberais ao aprovar no Concílio Geral o PVM - Plano para a Vida e a Missão da Igreja. Entre outras importantes afirmações, o PVM diz:
A missão acontece na promoção da vida e do
trabalho - para que haja vida são necessários comunhão e reconciliação com Deus
e o próximo, direito à terra, habitação, alimentação, valorização da família e
dos marginalizados da família, saúde, educação, lazer, participação na vida
comunitária, política e artística, e preservação na natureza (At 2.42; II Co
5.18-20; Jo 10.10, 15.5. I Jo 1.7 ). [56]
Em plena luta pelos direitos humanos, em 1982, na PUC de São Paulo, aconteceu o XI Congresso da União Brasileira de Comunicação Social, com o tema “Comunicação e Direitos Humanos”. Entre os presentes, estavam Dom Paulo Evaristo Arns, o jornalista metodista Percival de Souza, que comentou sobre “A Imprensa Brasileira e a defesa dos Direitos Humanos”. Outros metodistas que participaram, pastores Antônio Alípio de Sant’Ana, Onésimo de Oliveira Cardoso etc.
A luta pela causa dos povos indígenas ganhou novo impulso com a criação do GTI (Grupo de Trabalho Indigenísta), em 1983. O Colégio Episcopal aprovaria o documento “Bases para uma Política Indigenista da Igreja Metodista”. O casal Paulo Silva Costa e Maria Imaculada Costa assumiram o trabalho junto aos indígenas. Várias ações de serviço seriam desenvolvidas: Macuxi, em Roraima; Krenak, em Minas Gerais; Guarani Mbwa e Tupiniquim, no Espírito Santo; Tabepa, Ceará; Pataxó, Minas Gerais; Kaingang, no Rio Grande do Sul; Terena e Guarani-Nãndeva, no Mato Grosso do Sul; Kiriri, Bahia; Kanamari, Amazonas, etc. [57]
A Igreja Metodista se compromete a defender o direito a posse de terra; condenar qualquer invasão das terras indígenas; garantir a liberdade e a segurança pessoais e a livre expressão religiosa e cultural, etc.
A Campanha da Fraternidade da CNBB, em 1983, “Fraternidade Sim Violência Não”, revela o contexto brasileiro em que vivíamos. O Documento abordaria diversas formas de violência: violência divulgada, violência silenciosa, violência escandalosa, violência ocultada, violência da injustiça social etc. A principal violência - dizia o documento da CNBB - era retirar do povo a possibilidade de participar na vida política, econômica e social da Nação.
Também em 1983 se reuniu o Conselho Mundial de Igrejas, no Canadá, com o tema “Jesus Cristo, a Vida do Mundo”. Alguns subtemas: “A vida, dom de Deus”; “A vida em sua plenitude”; “A vida em unidade”; “Imagens da vida”.
Na Argentina chegou ao fim a
ditadura militar com a eleição de Raul Alfonsin, em 1983. No Brasil é
organizada a CUT - Central Única dos Trabalhadores.
O CIEMAL envia uma Mensagem às Igrejas, em 1983, após sua Assembléia no Peru, colocando-se ao lado dos oprimidos dentro da vocação profética metodista:
Estamos desafiados a identificar-nos com os grandes sofrimentos, anelos e lutas de nossos povos - e especialmente dos mais oprimidos e abandonados - na busca de uma vida mais plena de uma sociedade mais justa e fraterna. A dimensão profética de nosso ministério é irrenunciável, no momento que atravessa nossa América, como denúncia da injustiça da ordem imperante, que representa uma tentado contra a vida e a dignidade de nossos povos e é uma expressão da antiga idolatria do dinheiro e do poder.[58]
Também na Polônia a agitação social é grande com a prisão do líder do Sindicato Solidariedade Lech Walesa. A presença do Papa João Paulo II em seu país natal reforça a luta do povo polonês contra o regime comunista. Neste ano, Walesa ganha o prêmio Nobel da Paz.
Dentro do testemunho profético, a Sexta Região continuou a enviar documentos para o Governo brasileiro. O Concílio Regional, em janeiro de 1983, aprovou o envio de ofícios ao Ministro da justiça pedindo providências para a situação dos presídios, bóia-frias e o jogo no Brasil.
Ao Ministro do Estado dos Negócios da Justiça, a Igreja sugere:
...que sejam incrementadas todas as formas de humanização e valorização dos apenados, levando em conta os valores do Evangelho como força transformadora...[59]
Ao Ministro da Justiça, Ibrahim Abi-Ackel, a Igreja diz que o jogo é desintegrador de caráter[60] e fala da “máfia” que quer organizar os cassinos. Em relação aos bóias-frias, o Concílio se preocupa com os transportes dos trabalhadores e pede reformas sociais que atraiam e fixem o pequeno agricultor à terra de sua propriedade.[61]
Em 1984, a inflação chegou a 224% (mais 113% do que em 1964) e a dívida externa brasileira chegou a 100 bilhões de dólares (mais 33 vezes do que em 1964). O fim da ditadura era uma questão de tempo.
O Expositor Cristão, 1984, deu grande destaque às "Diretas Já", apesar da insegurança de uma ala da Igreja em tratar desse assunto. Em 1985, começaria a chamada "Nova República", com a eleição indireta de Tancredo Neves, que não chegou a assumir por ter falecido. Chegaria ao fim o período da ditadura. José Sarney, um ex- membro da Arena assumiu a presidência.
O ano de 1985 foi marcado pelo espírito prático de solidariedade na VI Região. Em Porto União, SC, foram reconstruídas diversas casas populares, que haviam sido destruídas pelas enchentes. Seria também inaugurado o “Centro Vivencial para idosos”, em Florianópolis, sob a liderança de Wilhiam Schisler Filho.
O Conselho Mundial de Igrejas, reunido em Buenos Ayres, em 1985, condenou a repressão aos negros na África do Sul e abordou o tema: “A Justiça de Deus - Suas promessas e desafios”.
Já o Comitê de Evangelismo Mundial e o Comitê de Assuntos Sociais e Internacionais do Concílio Mundial Metodista, promoveu a “Conferência Internacional sobre a paz”, entre 23 e 29 de julho de 1985, na Inglaterra. Seria estudado sobre a paz individual e social.
O Colégio Episcopal, sob a presidência do bispo Nelson Luiz Campos Leite, em 1985, por ocasião do centenário do metodismo no Rio Grande do Sul, faz um pronunciamento a nação abordando a questão da Constituinte, Reforma Agrária, Dívida externa e interna, armamentício, sorte dos índios, etc. Os Bispos desejam que a “Nova República” não seja uma utopia. Convoca a toda a Igreja para participar da caminhada para estabelecer a vida em todos os níveis: individual, familiar e em toda sociedade.
Também o CIEMAL, e, 1985, denunciou o Fundo Monetário Internacional (FMI) pela dominação e dependência que promovia junto aos países devedores - dívida externa.
Em 1986, o Colégio Episcopal estaria com o presidente José Sarney procurando sensibilizá-lo quando a crise financeira da UNIMEP. Escreve, posteriormente, uma carta mostrando sua preocupação quanto à Reforma Agrará, às medidas econômicas, dívida externa, Assembléia Constituinte, deteriorização dos valores e costumes através dos meios de comunicação. Os Bispos pedem ao Presidente da República apoio às minorias étnicas raciais.
Enquanto na Europa era criado o Mercado Comum Europeu, em 1987, no Brasil um dos grandes problemas continuaria a ser a situação econômica do país. Em 1988, 62% da população vivia abaixo da linha da pobreza, segundo conceituação da FAO/OMS. Destes, 38% eram considerados indigentes.[62]
Os novos Governos (José Sarney e Collor de Melo) tentaram fazer congelamentos, bloquear poupança, mudar a moeda, mas a economia não se estabilizou e o problema da miséria não foi resolvido.
Alguns governos continuaram caindo. No Paraguai, Alfredo Stronssner, no governo desde 1954, cai em 1989 e se exila no Brasil. Neste mesmo ano cai o muro de Berlim. Em 1990 acontece a reunificação das duas Alemanhas. Na Polônia, Lech Walesa, que em 1980 havia liderado o sindicato Solidariedade, se tornaria presidente da Polônia, em 1990. No Brasil, Fernando Collor cairia em 1992 após campanha do povo nas ruas.
Em 1990 terminou a “guerra fria”. Em 1991 aconteceu a desintegração da URSS. Mikhai Gorbachev (1985-1991) promoveu a Perestroika (restruturação, reformas para modernizar o país) através da promoção da Glasnost (abertura, transparência no país com mais liberdade e democracia). É criada a CEI e Boris Ieltsin assume a presidência da Rússia.
No metodismo brasileiro o avanço em relação ao trabalho junto aos índios
se faz sentir com a aprovação pelo Colégio Episcopal das Diretrizes Pastorais para a Ação Missionária Indigenista.
Entre suas diretrizes, está: A Igreja metodista reconhece que cada povo é sujeito e protagonista da própria história. Por isso todas as missões e todos os espaços de solidariedade assumidos pela Igreja tem o propósito de fortalecer os princípios de autoderminação que os povos indígenas projetam e constroem historicamente (...) [63]
No Planejamento Nacional da Igreja Metodista aprovado no Concílio Geral, em 1991, os Bispos disseram o que esperavam alcançar na Ação Missionária. Foram colocadas como prioridades as seguintes questões e problemáticas:
v
a
criança e o adolescente empobrecido;
v
o
idoso;
v
a
situação indígena;
v
o
racismo;
v
a
condição da mulher;
v
o uso
social da terra ( rural e urbana);
v
a saúde
pessoal e familiar;
v
o
trabalho;
v
a
ética;
v o crescimento numérico da Igreja.[64]
Na área de ensino, a Igreja continua marcando sua presença. Em 1996, o COGEIME catalogava a existência de 48 escolas metodistas divididos por área de atuação:
v
13
Pré-Escolas ao 2º Grau (26%):
v
10
Creches e Pré-Escolas (20%);
v
09
Pré-Escolas ao 1º Grau (18%);
v
07
Instituições de Ensino Superior (14%);
v 07 Instituições de Ensino Teológico (14%).[65]
Mais de 46 mil alunos matriculados. A maior parte no Ensino Superior: 24.623 alunos. Segue o
Pré-Escola ao 2º Grau com 16.678 alunos. A 2ª e a 5ª Região tinham cada uma 10
escolas. O Ensino Teológico registraria 839 alunos em 1996.[66]
As Instituições de serviço comunitário são instrumentos para sinalizar o Reino de Deus numa sociedade marcada pela morte. Os números apontam para um crescimento:
v
1990: 149
v 1996: 159
Para uma população brasileira de 157.079.573, em 1996, segundo dados do IBGE, e a grande maioria vivendo ainda a anti-vida, a Igreja tem muito ainda o que fazer.
O Metodismo tem servido aos pobres, explorados, rejeitados e necessitados através de creche, centro comunitário, centro de recuperação de toxicômanos, asilos, orfanatos, projeto com bóias-frias, projeto com meninos e meninas de rua etc. [67]
No final do século XX, o alvo da Igreja foi o neo-liberalismo do Governo e a globalização. O Colégio Episcopal no seu relatório ao XVI Concílio Geral, 1997, disse:
A entrada do Brasil no mundo da globalização
e do neoliberalismo nada mais é do que a continuidade do processo de
modernização conservadora instaurada pelos governos e que teve continuidade com
o Governo Sarney.[68]
Uma mudança para que nada se mude. Em resumo, a nossa economia continuou como antes, ou seja:
uma brutal concentração da riqueza e das
terras nas mãos de uma pequena parcela da população.[69]
Um dos movimentos mais fortes no final do século foi o Movimento dos Sem-Terra (MST). O MST seria Coordenado por José Rainha . O objetivo é a Reforma Agrária. A UNIMEP apoiou o MST e promoveria um debate sobre a Reforma Agrária. Em 1997. No Boletim Informativo Aconteceu da UNIMEP, em junho de 1997, a manchete principal na primeira página destaca: “UNIMEP encerra semestre sob o debate da reforma agrária”. O Coordenador nacional do MST José Rainha participou do debate.
No ministério profético ainda se destaca o Metodista Júlio César Gomes dos Santos, em Belo Horizonte, em 1997, que liderou a greve da PM e foi vitoriosa levando a PM de quase todo o Brasil também fazer reivindicações salariais.
O 16º Concílio Geral realizado em Piracicaba aprovou o documento “Mensagem da Igreja metodista à Nação Brasileira”. Entre outras afirmações, o Concílio Geral afirma:
A ordem econômica que vem sendo gerada há décadas, mas que foi implementada em nossa época, baseia-se na idolatria do mercado e no endeusamento da tecnologia.[70]
A política econômica tem produzido desemprego e gerado o crescimento incontrolável da miséria e da violência.
Um fato marcante para o metodismo foi a eleição do bispo Adriel de Souza Maia para a presidência da Associação Evangélica Brasileira, em 1997, substituindo o pastor Caio Fábio. Um dos posicionamentos da AEVB em 1997 foi de questionar a posição do Exército brasileiro de abrir concurso para 15 padres darem assistência religiosa às tropas. A AEVB entrou com um mandato de segurança para impedir a realização do concurso, que não foi aberto aos evangélicos. O bispo Adriel declarou nos jornais que:
A entidade decidiu questionar o concurso por que entende que privilegiar os católicos é
inconstitucional.[71]
Disse ainda:
Somos muitos e queremos uma representação justa.[72]
Vivemos num país em que os direitos humanos ainda são desrespeitados e se privilegia os ricos. Pelo menos este foi o relatório da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA) publicado em dezembro de 1997, em Washington, EUA. A Comissão diz:
A distribuição dos gastos públicos com
serviços sociais - saúde, educação e previdência social - convergem a favor dos
ricos.[73]
Diz ainda o relatório da OEA de 170 páginas que “1% da população controla 47% das terras. E indica um agravante: existem 120 milhões de hectares cultiváveis não aproveitados e, portanto, constitucionalmente sujeitos à desapropriação.”[74]
O relatório conclui que até fevereiro de 1997 apenas 4,5 milhões de hectares haviam sido desapropriados.
O relatório da OEA afirmava que é possível acabar com a pobreza no Brasil. O dinheiro não é problema. Falta apenas vontade política:
Seria possível eliminar a pobreza no Brasil, dando a cada pessoa o suficiente para colocar-se acima da linha da pobreza, com o equivalente a menos de 1% do Produto Interno Bruto.[75]
Por fim, o relatório da Comissão Interamericana de Direitos Humanos afirmou que as execuções pela polícia passou a ser um fenômeno alarmante, especialmente quando assumiu o novo Secretário de Segurança Pública no Rio de Janeiro. Entre maio de 1995 a fevereiro de 1996, a média de mortos pela PM fluminense subiu de 3,2 para 29,55 por mês. Isto significou um total de 201 pessoas assassinadas por políciais no período. O policial Adeval de Oliveira, envolvido em 49 assassinatos, recebeu o título de policial do ano.136
O metodismo tem aprendido que ela tem uma responsabilidade social e que tratar de questões sociais não é fazer política e sim ser fiel ao Evangelho. Hoje ela tem servido aos pobres, explorados, rejeitados e necessitados através de creche, centro comunitário, centro de recuperação de toxicômanos, asilos, orfanatos, projeto com bóias-frias, projeto com meninos e meninas de rua etc.[76]
Nos últimos anos, a Igreja continuou com sua postura profética. Entre suas ações estão: criticou o neo-liberalismo do Governo e a globalização. O Colégio Episcopal no seu relatório ao XVI Concílio Geral, 1997, disse:
A entrada do Brasil no mundo da globalização e do neoliberalismo nada mais é do que a continuidade do processo de modernização conservadora instaurada pelos governos e que teve continuidade com o Governo Sarney.[77]
Uma mudança para que nada se mude. Em resumo, a nossa economia continuou como antes, ou seja:
Uma brutal concentração da riqueza e das terras nas mãos de uma pequena parcela da população.[78]
O 16º Concílio Geral realizado em Piracicaba aprovou o documento "Mensagem da Igreja Metodista à Nação Brasileira”. Entre outras afirmações, o Concílio Geral afirmou que “a ordem econômica que vem sendo gerada há décadas, mas que foi implementada em nossa época, baseia-se na idolatria do mercado e no endeusamento da tecnologia.”[79]
Afirmou também que a atual política econômica produz desemprego e gera o crescimento incontrolável da miséria e da violência.
Na chamada chacina de Eldorado dos Carajás, no Pará, o Colégio Episcopal atuou profeticamente ao escrever ao Presidente do Tribunal de Justiça do estado do Pará, Desembargador José Alberto Soares Maia, apelando:
Para que a justiça seja retomada no Tribunal de Justiça do Pará, e os responsáveis pela chacina de Eldorado dos Carajás sejam condenados.[80]
A carta assinada por todos os Bispos e enviada no dia 25 de agosto de 1999, cita o profeta Amós:
Antes corra o juízo como as águas, e a justiça como ribeiro perene.[81]
A carta dos Bispos inicia dizendo:
Como cidadãos brasileiros estamos assustados com a recusa da Justiça Brasileira de condenar os publicamente responsáveis pela chacina de Eldorado dos carajás[82].
E os Bispos perguntam:
Até quando o direito dos pobres e sem terra será pisoteado?[83]
O Ministério profético da Igreja tem lugar em toda sociedade e em todo o momento, pois ainda não instalado o “ano aceitável do Senhor” (Lc 4.19), ou seja, justiça, terra, pão e dignidade para todos. E isto é obra do Espírito. Jesus diz que o Espírito do Senhor estava sobre ele para curar, evangelizar, libertar e apregoar o ano aceitável do Senhor (Lc 4.16-19).
[1]
REILY, Duncan Alexander. “Escola Dominical Ontem e Hoje” em Expositor Cristão, agosto de 1993,
p.8.
[2]
MATTOS, Paulo Ayres.” A questão da unidade metodista (ou da unidade que temos à
unidade que precisamos), op.cit., p.297.
[3]
CORDEIRO, Elenir Eller. "O Movimento Carismático Católico" em Restauração da Igreja no século
XX. Jundiaí, São Paulo, 1991,
p.6 a 12.
[4]
SANTOS, Almir dos. "Relatório do bispo Almir dos Santos ao Conselho
Regional da Primeira Região Eclesiástica da Igreja Metodista" em Atas e Documentos. Rio de
Janeiro, 1978, p 39.
[5]
Idem.
[6]
CEDI. Missão e Evangelização. Tempo e Presença, p.24
[7]
Informações de José Pontes Sobrinho e Lauro Cruz durante o Concílio Geral em
Belo Horizonte, em 1997.
[8]
WILLIAMS, J. Rodman. O Movimento Carismático e a Teologia
Reformada. Carapicuíba, SP,
1980, p.5 e 6.
[9]
HORTON, Stanley M. O
Avivamento Pentecostal. CPAD,
2997, p.66.
[10] Idem.
[11] WILLIAMS, J. Rodman. op.cit.,
p. 9 e 38.
[12]
Informações do pastor Hélio Brum, em 13/05/1997.
[13] Instituto Internacional para evangelização
mundial do Conselho Mundial Metodista realizado entre os dias 16 de julho a 2
de agosto de 1984. Expositor Cristão.
2º quinzena de outubro de 1984, p.11.
[14]
Idem.
[15]
Idem.
[16]
Colégio Episcopal. Orientações
Pastorais sobre o uso dos Dons do Espírito e outras práticas, 1989, p.8.
[17]
União das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil. Relatório do Fórum Nacional
para definição doutrinária.Abril
de 1994, p.41.
[18]
CNBB. Orientações Pastorais sobre a Renovação Carismática Católica.
Paulinas, 1994, p.6.
[19] Idem, p.28 a 30.
[20] REILY, Duncan A.,, op.cit., p.319.
[21]
COMBLIN, Joseph. A Ideologia de Segurança Nacional.
Editora Civilização Brasileira. 1977, p.150-208.
[22] ARIAS, Mortimer. Salvação Hoje. Vozes - Tempo e Presença,
1974, p.37.
[23] GUTIERREZ, Gustavo. Pobreza y Liberacion em América Latina. Cristianismo y Sociedade. Argentina, nº 63, 1970, p.75.
[24]
Idem, p.121.
[25] Idem, p.33.
[26] CIEMAL. Missão e Testemunho. p.3.
[27] Idem, op.cit., p.7-8.
[28] Informação do Bispo Paulo Ayres
Mattos, em 09/01/1998.
[29]
CIEMAL.op.cit., p.8.
[30] X Concílio Geral da Igreja
Metodista. Credo Social. 1971, p.1.
[31]
Idem, p.7.
[32] AÇO, Isac. “Evangelizemos” em Expositor
Cristão. São Paulo, 31 de julho de 1971, ano 86, nº 14, p.3.
[33] Colégio Episcopal. “ Pastoral dos
Bispos da Igreja Metodista” em Expositor
Cristão. São Paulo, 30 de junho de 1970, ano 85, nº 12, p.1.
[34] ARIAS, Mortimer, op.cit.,
p.149.
[35]
Idem.
[36]
Informações do Bispo Isaías
Gutiérrez, Presidente do CIEMAL, durante a realização do XVI Concílio Geral da
Igreja Metodista em Piracicaba, julho de 1997.
[37]
Reportagem de Daniela Name,
op.cit.
[38] Conselho Geral. Atas e Documentos do XI Concílio Geral.
Relatório do Conselho Geral, Rio de Janeiro, 4 a 14 de julho, Imprensa
Metodista, p.33.
[39] Idem, p.37.
[40] Estudos apresentados no Simpósio
sobre História da Teologia na América
Latina (CEHILA), em Lima, Peru,
de 23 a 26 de julho de 1980, sob a coordenação de Pablo Richard. Diversos
autores, Edições Paulinas, 1981.
[41]
SANTOS, Almir. “Relatório Episcopal” em Atas e Documentos. Primeira Região
Eclesiástica. 17 a 19 de janeiro de 1975., p.35.
[42] Jornal O Globo, no Caderno “Economia” publicou matéria com o título
“Cardeal Ratzinger acusa protestantes”, p.35, 10 de junho de 1997. Publicou
ainda no dia 11 de junho de 1997, no Caderno “Economia”, p.36, matéria com o
título “Protestantes respondem a Ratzinger”, onde Fernanda Comba, representante
do CEI, afirma que jamais o CEI “apoiou movimentos de subversão na América
Latina, mas ajudou os que eram perseguidos pelos regimes autoritários”.
[43] COMBLIN, Joseph. Op. Cit., p. 92.
[44] Idem, p. 93.
[45] Idem.
[46] REILY, Duncan A., p.cit., p.319.
[47] Revista Isto É, op.cit.
[48]
SANT’ANA, Claúdia Romano. “Um Congresso como poucos...” em Expositor Cristão, 2º quinzena de dezembro de 1977, p.8.
[49] CLAI. Constituição e Regulamento do Conselho Latino-Americano de Igrejas.
Secretaria de Comunicação e promoção do CLAI. Quito, Equador, p.3.
[50]
No dia 16 de novembro de 1982, no Peru, os delegados autorizados pelas Igrejas
e movimentos fundadores, constituíram o CLAI e promulgaram uma constituição,
op.cit., p.3.
[51] Conselho Regional da VI Região.
"Conselho Regional" em
Expositor Cristão. 1ª quinzena de março de 1978, p.3.
[52] Idem.
[53] SOUZA, Percival de Souza.
"Anista" em Expositor Cristão.
2ª quinzena de outubro de 1979, p.16.
[54]
SANTA ANA, Júlio, Coordenador. A Igreja
dos Pobres. Imprensa Metodista e Programa Ecumênico de Pös-Graduação em
Ciências da Religião, 1985, p.11.
[55] Artigos de autoria de Odilon
Massolar Chaves publicados no Expositor
Cristão.
[56]
Concílio Geral. Vida e Missão. Editora
UNIMEP, 1982, p.16-17.
[57]
Colégio Episcopal. Diretrizes
Pastorais para a Ação Missionária
Indigenista. Biblioteca Vida e Missão, 1999, p.11.
[58] ETCHEGOYEN, Aldo M. Luta pela vida, op.cit., p. 252.
[59]
Ofício ao Ministro do Estado dos Negócios da Justiça. Publicado no Expositor Cristão, na 1ª quinzena de
fevereiro de 1983, na página 12, com o título “6ª Região envia comunicados às
autoridades do País”.
[60]
Idem.
[61]
Publicado no Expositor Cristão com o título
“Moção”, na 1ª quinzena de fevereiro de 1983, p.12.
[62]
Informações de Atas
e Documentos do Concílio Geral, 1991, Juiz de Fora, 5 a 13 de julho,
p.66-69.
[63]
Colégio Episcopal. Diretrizes Pastorais
para a Ação Missionária Indigenista. op.cit., p.15.
[64]
MAIA, Adriel de Souza e outros. " Planejamento Nacional" em Atas e Documentos. XV Concílio Geral.
Juiz de Fora, 5 à 13 de Julho de 1991, p.137.
[65]
COGEIME. Catálogo das Instituições.
Projeto Gráfico e Produção Editorial Terra. Julho de 1996, p.47.
[66] Idem, p. 48.
[67] Guia Metodista. Editora Êxodus, São
Paulo, 1997, p.11 a 60.
[68]
Colégio Episcopal. Relatório do Colégio Episcopal ao 16º Concílio Geral.
Doc.12, 1997, p.12.
[69] Idem.
[70] Mensagem da Igreja Metodista à Nação
Brasileira. Aprovado pelo 16 º Concílio Geral, em 1997, Piracicaba.
[71] Publicado no Jornal do Brasil em 17 de agosto de 1997 com o título “Evangélicos
exigem posto no exército”, p.5.
[72] Idem.
[73]
Reportagem de José Meirelles Passos para o jornal O Globo com o título “Relatório da OEA diz que Brasil desrespeita
os direitos humanos e privilegia os ricos”. 8 de dezembro de 1997, p.5.
[74] Idem
[75] Idem
[76] Guia
Metodista. Editora Êxodus, São Paulo, 1997, p.11 a 60.
[77] Colégio Episcopal. Relatório do Colégio Episcopal ao 16º
Concílio Geral. Doc.12, 1997, p.12.
[78] Idem.
[79]
Mensagem da Igreja Metodista à Nação Brasileira. Aprovado pelo 16 º
Concílio Geral, em 1997, Piracicaba.
[80] Carta do Colégio Episcopal da
Igreja Metodista, em 25 de agosto de 1999, ao Desembargador José Alberto Soares
Maia, Presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Pará
[81] Amós 5.24
[82] Idem.
[83] Idem
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