nas mãos de Deus
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Copyright © 2025, Odilon Massolar
Chaves
Todos os direitos reservados ao
autor.
É permitido ler, copiar e compartilhar
gratuitamente
Art. 184 do Código Penal e Lei 96710 de
19 de fevereiro de 1998.
3ª edição do livro.
Livros publicados na Biblioteca Digital
Wesleyana: 496
Livros publicados pelo autor: 585
Livretos: 3
Tradutor: Google
Toda gloria a Deus!
Odilon Massolar Chaves é pastor
metodista aposentado, doutor em Teologia e História pela Universidade Metodista
de São Paulo.
Sua tese tratou sobre o avivamento
metodista na Inglaterra no século XVIII e a sua contribuição como paradigma
para nossos dias.
Foi editor do jornal oficial metodista
e coordenador de Curso de Teologia.
Declaração
de direitos autorais: Esses arquivos são de domínio público e são
derivados de uma edição eletrônica que está disponível no site da Biblioteca
Etérea dos Clássicos Cristãos.
Rio de Janeiro – Brasil
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Índice
·
Introdução
·
Joana,
uma mulher de Deus
·
O
Evangelho chega à família Chaves
·
Sua
vida familiar
·
Sua
vocação
·
Suas
igrejas
·
Seus
estudos
·
Sua
luta
·
Sua
mensagem
·
Sua
sensibilidade
·
Seu
companheirismo
·
Um
vencedor
·
Um
verdadeiro pai
·
O
testemunho dos colegas
·
Página
da saudade
Introdução
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Este livro de 40 páginas relata a história de um servo de Deus - Pastor Adherico Ribeiro Chaves - que venceu pela fé em Jesus e pela força do seu caráter.
Com esta 3ª edição procuramos atender ao apelo de diversas pessoas que desejaram adquirir o livro.
Achamos por bem incluir ainda, no final, a “Página da Saudade”. Uma homenagem aos nossos queridos que já partiram.
Este livro é muito pessoal e da família Chaves. Contudo, é uma história tão bela que decidimos enviar exemplares para amigos que, na verdade, além de fazerem parte da família da fé, estão também ligados a nós pela história do meu pai e da minha mãe.
Creio que a nova geração de pastores tem muito o que aprender com os pastores que foram pioneiros do Evangelho no Brasil. Cada geração de pastores vive uma fase da história e tem as suas características e visão de como deve ser a Missão. Não foi diferente com a geração de meu pai.
Com ele, aprendi sobre a importância da visitação, do amor e da mansidão para com as pessoas. Aprendi sobre a importância da honestidade e de colocar o coração no Evangelho e não nos bens materiais. Aprendi sobre a necessidade de sempre interceder pelos necessitados no culto.
Este livro é a história de um homem, de um casal que, pela fé e dedicação ao Evangelho, saiu de uma situação social difícil para uma situação abençoada, como foi com Abrahão que deixou tudo para seguir o Senhor.
Nossa oração e desejo são para que todos que lerem este livro sejam edificados e se inspirem num servo que foi mais do que vencedor em Jesus Cristo. Sim, que os exemplos aqui citados possam servir para nos estimular a seguir os mesmos passos.
Nossas raízes vão até a Itália e a Portugal, bem como a Israel. Somos chamados a continuar essa história através da luta, do trabalho e da fé. Se quisermos um mundo melhor e ser vitoriosos temos que ter princípios, fé em Jesus e perseverança. São os principais ensinamentos que aprendemos com os nossos antepassados.
Na capa, nossos pais – Adherico e Roza - que estão no merecido descanso eterno com o Senhor nos céus.
O Autor
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Joana, uma mulher de Deus
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Os avós de Roza Massolar Chaves eram da Itália. Eles se chamavam Antônio e Roza Massolar. Tiveram dois filhos: Egisto Eduardo Massolar e Ercília Massolar.
Os avós de Roza por parte do pai eram ricos criadores do bicho-da-seda e plantadores do vinhedo na cidade de Milão. Os filhos foram criados no luxo. Não andavam descalços e usavam veludo.
Um dia Egisto foi pego fazendo uma de suas peraltices. Sua mãe foi repreendê-lo e ele segurou o seu braço e, provavelmente, o quebrou. Ele tinha apenas 12 anos de idade.
Egisto fugiu com medo de apanhar. Entrou num navio e veio parar no Brasil por volta de 1895. Ele posteriormente entrou em contato com a irmã Ercília. Ela sempre lhe pediu que voltasse para não perder a herança. Ele sempre debochou dizendo que não iria voltar. A dura situação que ele passaria e uma vida marcada por tragédias o fizeram um homem amargurado.
Um dia Egisto conheceu uma mulata e se apaixonou. Teve dois filhos: Sebastião e Beneriza. Um mês depois do nascimento de Beneriza, sua esposa morreria. Ele ficou abalado e passou a beber. Os filhos foram adotados, já que ele não tinha condições de criá-los.
Passado o tempo, ele visitava uma grande fazenda e conheceu Joana Monteiro Alexandre, filha do Capitão Francisco Alexandre e Umbelina Monteiro Alexandre e sobrinha do Coronel José Alexandre, fundador da cidade de Guaçuí no Espírito Santo.
A família de Joana tinha 100 alqueires de terra (cada alqueire corresponde a 48.400 metros quadrados). Egisto casou-se com Joana e o casal teve três filhos: Roza, Umbelina e João Batista, que faleceu com 10 anos.
Egisto sempre foi severo com as filhas. Não dava liberdade. Ele trabalhava controlando a máquina de fazer café numa fazenda. Ele bebia e sofria do coração e de asma.
O casal teve a primeira filha no dia 1º de abril de 1916. Nascia Roza.
Egisto não era muito de dar apoio a Joana em casa. Quando estava para ganhar a segunda filha, Joana pediu ao esposo que a levasse à parteira assim que começassem as dores de parto.
Ela disse que, se ele não estivesse em casa, ela iria sozinha. Egisto duvidou e, talvez, para provar, a deixou sozinha. Joana, que estava sendo evangelizada por batistas, fez um pedido ao Senhor: se chegasse à parteira, ela se tornaria uma crente em Jesus. Ela chegou à casa da parteira. Umbelina nasceu, bem como Joana entregou a sua vida a Jesus no dia 30 de março de 1918.
Joana aprendeu a importância de fazer o culto doméstico. Egisto era contra, mas ela fazia o culto em sua ausência. Um dia Egisto a pegou fazendo o culto doméstico. Ele jogou a Bíblia no fogão a lenha. Joana conseguiu ainda retirar a Bíblia do fogo.
Como Suzana Wesley, mãe de João Wesley, ela passou a ensinar o alfabeto às filhas, pois Egisto não deixava as filhas estudarem. Ele dizia que elas iriam aprender só para escrever cartas para os namorados. Joana começou a ensinar, então, a Roza o significado das letras e palavras na Bíblia.
Roza desejava muito aprender a ler e a escrever. Com o passar dos anos, Roza já ensinava a mãe o significado das letras e palavras na Bíblia.
Joana era dizimista. Ela vendia o que podia para dar ofertas à Igreja. Egisto era contra. Dizia que o dinheiro era para o pastor. Joana fazia bordados e os vendia. O dízimo era para a Igreja. Às vezes, ela pedia a Roza para ir na frente e levar um frango por dentro da blusa para poder vender e dar o dinheiro para a Igreja. Egisto ficava de olho para impedir.
Egisto, quando pedia as filhas para darem um recado, cuspia no chão e dizia para as filhas que, se voltassem depois do cuspe ter secado, elas iriam apanhar de vara. Joana, muitas vezes, cuspiu em cima do cuspe dele para as filhas não apanharem.
No ano de 1929, Egisto faleceu com 46 anos. Era dia 24 de outubro. Ficou alguns dias de cama. Dizia que via a sua mãe de branco sorrindo para ele. Provavelmente, era uma projeção do seu inconsciente desejoso de receber a bênção e o perdão da mãe para aliviar o seu sentimento de culpa.
Joana teve que trabalhar em casa de família para poder sustentar as filhas. Mas agora ela e as filhas podiam ir livremente à Igreja e as filhas puderam estudar. Umbelina foi batizada na Igreja Batista de Guaçuí e Roza na Igreja Metodista de Caparaó, juntamente com o seu primeiro filho Ory, que tinha seis meses de idade.
Até o final de sua vida, Joana foi uma serva do Senhor com grande personalidade. Quando ela não podia ir à Igreja, no outro domingo levava a oferta correspondente. Ela morreu no dia 18 de outubro de 1955 na casa pastoral em Anta, RJ. Hoje ela está nos céus glorificando ao Senhor. Seu testemunho continua vivo e o seu caráter influenciou grandemente a Roza e a Umbelina. Por outro lado, o caráter de Roza influenciou os filhos e filhas.
O Senhor honrou a fé e a dedicação de Joana Monteiro Alexandre Massolar. Umbelina se casou muito bem com José Generoso. Toda a família se tornou batista. Um dos filhos - Josias - inclusive gravou discos evangélicos. Rosa se casou com Adherico, que se tornou pastor metodista. Um dos filhos, Odilon, também se tornou pastor metodista.
As três filhas do casal – Osny, Osmara e Odísia - sempre foram muito dedicadas ao Senhor.
O Senhor abençoa os que são fiéis e guardam os seus mandamentos.
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Evangelho chega à família Chaves
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Adherico teve como avós paternos Antônio Pereira Chaves e Maria Leopoldina Chaves. Eles eram portugueses, judeus convertidos ao cristianismo. No tempo do Marquês de Pombal, foi estabelecida uma lei que todo judeu convertido ao cristianismo deveria ser batizado com um sobrenome de árvore frutífera.
Pereira vem de pera, por isso, Antônio Pereira Chaves, descendência de judeus convertidos. Os seus avós maternos foram Manoel Ribeiro Gonçalves e Lucrécia Ribeiro Gonçalves. Seus pais se chamavam Sebastião de Souza Chaves e Maria Ribeiro Chaves.
Ele teve 13 irmãos: Firmino, Sebastião, Tito, Altina, Genuíno, Maria, Helena, Altivo, Cecília, Braulino, Alarico, Marino, Erídia. Adherico nasceu no dia 8 de janeiro de 1915 em Arrozal de Sant'Ana no Estado do Rio de Janeiro.
Adherico aprendeu desde cedo a lutar pelo pão de cada dia. Aos 8 anos ficou órfão. Para ele, que era o caçula, foi uma experiência difícil. Naquele dia, antes de sair de casa, seu pai, apesar de não ser batizado, realizou o culto doméstico. Na “folhinha” dizia: “corramos com paciência a carreira que nos está proposta, olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus” (Hb 12.1-2). Caminhou dois quilômetros e teve um colapso fulminante.
O Evangelho foi levado para a sua casa pelos irmãos mais velhos. Eles foram à cidade e ficaram encantados com os hinos. Logo todos se interessaram.
Com Adherico não foi diferente. Ele passou a frequentar uma Igreja Presbiteriana. Mas, quando foi trabalhar numa fazenda, entrou em contato com o metodismo que ali mantinha uma congregação.
Foi recebido por batismo e profissão de fé no
dia 22 de fevereiro de 1931 em Alegre, Espírito Santo pelo Rev. João Pedro
Ramos Júnior.
Sua Vida Familiar
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Adherico sempre foi muito ligado à família. Apesar de ser o mais novo, foi chamado a cuidar da sua mãe.
Por outro lado, num belo dia, a mãe de Roza, D. Joana, decidiu sair de Guaçuí e ir morar em Palmital. Levou as duas filhas e foi residir na casa de Benedito, tio de Roza.
Nesta casa se reunia uma congregação Batista que era frequentada por jovens de outras denominações, entre os quais os irmãos de Adherico. E foi Tito quem disse para ele que havia ali umas moças da cidade. Adherico foi conferir. Colocou seu terno e foi de óculos escuros. Ficou encantado com Roza e a pediu em casamento. O tio logo disse que a família era excelente e o rapaz muito crente. Roza aceitou.
Apesar de alguns lembrarem ao Adherico que a família não tinha condições financeiras e que ele teria que comprar o enxoval, isso não foi problema. Algum tempo depois, eles foram à cidade e compraram o enxoval. Seis meses depois se casaram, em 1933.
Dessa união nasceram 13 filhos, 14 netos e 2 bisnetos. Ele sempre teve muito orgulho dos filhos e filhas. Para quem saiu do interior, ver a sua descendência bem colocada era motivo de muita alegria: Ory, Osny, Osmara, Odísia; Onil, Odilon, Oto, Olney Omir, que sobreviveram até a idade adulta.
Adherico procurou ser sempre amoroso com os filhos e netos. Gostava de contar histórias. Muitas vezes pescou com os filhos. Sempre fez o culto doméstico através da revista “No Cenáculo”.
Às vezes, somente ele e a sua esposa Roza começavam o culto cantando: “Bem de manhã, embora o céu sereno.”
Mais tarde, Roza aprenderia a tocar piano. Especialmente as suas filhas Osny, Osmara e Odísia faziam um trio que edificava a todos nos cultos. Todas as três se dedicam ainda hoje imensamente ao Senhor. Todas são fiéis e líderes em suas Igrejas.
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Sua Vocação
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Ele sempre fez tudo na vida para ser um vencedor: trabalhou em fazenda, comprou um sítio e vendia o que plantava. Chegou a comprar uma padaria e se tornou padeiro por dois anos. Quando se mudou de Guaçuí, Espírito Santo abriu uma mercearia. Até vendedor ambulante foi num período de enfermidade em sua casa.
Foi também professor em Laranjais e no Colégio Modelo em Nova Friburgo na década de sessenta. Lecionou no Seminário Unido em Volta Redonda na década de setenta.
Após a sua conversão, chegou a ser guia leigo e evangelista. Ministrou nas Igrejas Presbiteriana e Metodista. Ele se sentia vocacionado para o ministério pastoral.
Em suas próprias palavras, ele disse: “Desde muito criança, sonhava com o pastorado. Com os seus 16 anos se preparou para viajar, a fim de estudar no Grambery, mas sem nenhuma orientação não conseguiu o seu objetivo. Entretanto, o Senhor Deus o havia chamado para o pastorado”.
Ficou conhecido como um pregador entusiasmado como foram os metodistas do tempo de Wesley. No ano de 1946, o pastor de Alegre, Espírito Santo teve problemas com a igreja e saiu. Adherico foi nomeado como pastor-ajudante. Começou a estudar as doutrinas e os Cânones da Igreja. Fez o curso de Provisionado e, no Concílio Distrital realizado em 1946, prestou exames perante a banca examinadora.
O Rev. Juracy Dias Monteiro, superintendente distrital de Carangola, Minas Gerais deu-lhe todo o apoio. Foi nomeado pelo Bispo César Dacorso Filho para Lajinha, Minas Gerais onde ficou entre 1947 e 1950.
Como sempre fazia, dedicou-se imensamente à igreja que teve um grande crescimento. Gostava de visitar. Com o seu carisma e entusiasmo pela evangelização, sua igreja cresceu muito.
Ao todo seria nomeado para 38 igrejas. Sua ordenação ao presbiterado se deu no dia 8 de fevereiro de 1959. Sua aposentadoria se deu no Concílio Regional realizado em Nova Friburgo em janeiro de 1981.
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Suas Igrejas
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Depois de Alegre (1946) e Lajinha (1947- 1950), foi nomeado para Castelo, Itaoca e Batalha no Espírito Santo. Ficou ali entre 1951 e 1954.
Em 1955 foi para Anta e Sapucaia no estado do Rio. Tinha também, sob sua responsabilidade, as congregações de Chiador e Mar de Espanha.
Como sempre, fez um ótimo pastorado. Seu relacionamento com a comunidade local foi bom.
Na sua saída da igreja, a principal família da cidade, que não era evangélica, levantou-se de madrugada para se despedir dele.
Adherico, então, foi nomeado pela primeira vez para uma cidade grande - Barra do Piraí. Mas havia, também sob sua liderança, as igrejas de Morsing, Santanésia, Paulo de Frontim e Valença. Ficou entre 1959 e 1960 nessas igrejas.
As filhas tiveram oportunidade de trabalho. Todos iam bem. As igrejas cresciam. Inexplicavelmente, foi nomeado para Laranjais onde havia poucos recursos.
Um dos filhos teve que se atrasar um ano nos estudos e uma das filhas foi estudar em Itaocara, cidade próxima. Deus, contudo, não o abandonou. Como sempre se dedicou de corpo e alma à igreja de Laranjais e também as igrejas de Vargem Alegre, Água Preta e Valão do Barro entre 1960 e 1962.
Com sua visão pastoral viu a possibilidade de abrir trabalho metodista em Itaocara, principal cidade da região, pois ali já havia algumas famílias metodistas. Em 1963 foi com toda a família para Itaocara. Continuou com todas essas igrejas até 1966. Ali, teve oportunidade, juntamente com duas filhas, de fazer o curso normal. Lançou a pedra fundamental e construiu o templo da Igreja Metodista de Itaocara.
Rev. Tims, como Superintendente Distrital, o ajudou muito, inclusive trazendo uma Vespa para ele visitar os membros.
Entre 1967 e 1971 foi pastor superintendente distrital de Nova Friburgo. Na divisão da Igreja Metodista em 1967, visitava constantemente toda a sua área. Recebia sempre muito apoio do Bispo Natanael.
Entre os anos 1972 e 1977, pastoreou as igrejas em Volta Redonda (Retiro e Minerlândia) e Barra Mansa (Boa Sorte) onde construiu também o novo templo.
No final do seu pastorado esteve em Bangu, Lírios de Sião, Rio da Prata e Vila Kenedy onde ficou entre 1978 e 1980. No Concílio realizado em Nova Friburgo em janeiro de 1981, ele se aposentou. Mas, depois de três anos em Nova Friburgo onde fixara residência, o Bispo Paulo Ayres o convida para assumir a igreja em Vargem Alta. E, mais tarde, o convida para organizar a Igreja Metodista de Olaria em Nova Friburgo.
Ainda ajudou na Igreja Metodista Central de Nova Friburgo e dirigia a congregação de Califórnia ao lado de sua casa.
No mês do seu falecimento, participou do Culto do Pastor Aposentado na Igreja do Catete, onde pôde rever antigos irmãos, irmãs e colegas. Estava se preparando para duas atividades (realização de um casamento em Nova Friburgo e participação do culto de aniversário na igreja em Itaocara) quando no dia 29 de novembro de 1992 partiu para estar com o Senhor.
Ele ensaiou o cântico “Sublime Amor” com sua esposa. Iriam cantar em Itaocara. Hoje ele canta junto ao Senhor e experimenta plenamente este sublime amor.
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Seus Estudos
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Como quase todos que viveram em seu tempo e no interior, teve muitas dificuldades para estudar. Segundo sua autobiografia, “na sua terra natal estudou em colégios particulares”.
Quando residiu em Castelo, procurou terminar o ginásio. As nomeações não ajudavam muito. Havia a Igreja de Batalha que ficava a cerca de quatro horas de distância. Ele tinha que passar por dentro de Cachoeiro de Itapemirim para chegar lá. Isso dificultou muito os seus estudos.
Às vezes chegava de madrugada em casa para bem cedo ir à aula. Sempre estudou com atenção. Até hoje guardam-se os cadernos onde se vê a sua boa caligrafia e o seu estudo sério.
Somente bem mais tarde fez o curso normal. No ano de 1965 recebeu o seu diploma.
Durante muitos anos teve que ir até São Paulo à Faculdade de Teologia para concluir cursos, fazer reciclagem etc. Entre 18 e 28 de julho de 1967, por exemplo, sob o patrocínio da Junta Geral de Educação Cristã, estudou Teologia Bíblica, Teologia Prática e Conferências.
Quando esteve em Barra do Piraí, fez o curso de datilografia, recebendo diploma na Escola Pratt. Sempre guardou o diploma com carinho. Valorizava o que fazia. Quando esteve em Nova Friburgo, tirou carteira de motorista.
Quando esteve em Volta Redonda, fez curso de Bacharel de Teologia, indo todas as semanas ao Seminário César Dacorso Filho no Rio de Janeiro.
Quando teve oportunidade de ir ao exterior - Peru - a um Encontro de Evangelização, não perdeu tempo. Sempre lia muito. Preparava os seus sermões com capricho.
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Sua Luta
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Adherico sempre foi um lutador. Pertencia a uma geração de pastores que desbravavam e levavam o Evangelho aos necessitados.
Enfrentou chuvas torrenciais, enfrentou perigos. Andou a pé, a cavalo, de bicicleta, de Vespa, de carro, de trem, de ônibus, enfim, tudo fazia para pregar o Evangelho.
Como leigo, quando tinha uma mercearia em Guaçuí, sua esposa adoeceu. Ficou de cama durante três meses com reumatismo. Alguns pensaram até que ela não resistiria. Adherico teve que largar a mercearia para cuidar da família.
Foi aí que passou a vender como ambulante para manter a família já que tinha um filho de três anos e uma filha de apenas quatro meses. Até que a sua esposa ficou boa.
Como pastor, costumava visitar durante quinze dias as famílias pelo interior de Minas Gerais. Numa dessas visitas, quando era pastor em Lajinha, ficou doente durante onze dias. Estava com varíola. Em casa, Roza não sabia o que estava acontecendo.
Seus cinco filhos também estavam com varíola e ela ainda ensaiava as crianças para a peça de Natal no ano de 1949. Um dia, Adherico conseguiu que um membro da igreja fosse passar um telegrama. Ele viajou dois dias para poder passar o telegrama. Havia chovido demais e as pontes estavam arrancadas. Roza ficou sabendo o que estava acontecendo.
Ela ficava todo dia olhando para a estrada esperando que seu marido voltasse.
O Concílio Distrital se aproximava. Era algo muito marcante naquela época. Havia necessidade de apresentar relatórios.
Adherico ainda doente teve a ideia de voltar de avião. Pediu a um membro que conversasse com o piloto. Quando o piloto soube que o passageiro estava com varíola, desistiu. Adherico, porém, não desistiu.
Mesmo todo ferido, viajou a cavalo. Quando a sua esposa o viu chegando, ficou assustada. Ele estava todo barbudo, sujo. Parecia mais um bicho. Foi direto para a cama, onde ficou mais quatro dias. Pediu ao filho Ory que levasse os relatórios ao Concílio.
Mais tarde, no sermão “Jesus, o Bom Pastor”, citou esse fato tirando lições preciosas: “... entretanto, me achava hospedado em casa de ovelhas boníssimas. A minha impressão era que não iria sair. Não veria mais a minha esposa e as minhas filhinhas e filhos e também a minha igreja. Quando o dia ia rompendo, achavam-se os membros da família ao lado da cama, onde eu me encontrava orando ao Pai Celeste e lhe pedindo que Ele me curasse”.
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Sua Mensagem
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Ele sempre teve muito cuidado na preparação das mensagens. Fazia o esboço, citava pessoas ilustres, contava experiências próprias e nunca encerrava o culto sem uma oração pelas pessoas.
Basicamente o enfoque de suas mensagens procurava destacar:
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A pessoa e obra de Jesus
Entre suas mensagens nesse sentido estão: Jesus, o Bom Pastor (Hb 13.7); Visita feita a Jesus (Jo 3.1); Jesus, o Pão da Vida (Jo 6.26-35); Jesus, a Fonte da Água da Vida (Jo 7.37); Jesus, a Luz do Mundo (Jo 8.12-20).
· A necessidade da Evangelização
Ele pregou sobre: Ordem da Evangelização (Mc 16.15); A Missão da Igreja; A Conversão (Is 55.3-11); O Filho Pródigo (Lc 15.11-32); Evangelização (Mt 28.19).
·
O resultado da vida em Jesus
Entre suas mensagens estão: Transbordando de alegria (Mt 13.44); A vida abundante (Jo 10.10);8 A paz verdadeira (Jo 14.27); A regeneração (Jo 3.7).
·
A Santidade
Ele pregou sobre: Chamados para serdes santos (Rm 1.1-7); A santidade é acessível (Dt 6.5); A santidade na vida (I Pe 1.13-21).
· O poder de Deus
Com entusiasmo, ele pregou sobre: Fé poderosa (Lc 17.5-6); Fé: virtude poderosa (Mt 11.1-40); O que tens na tua mão? (Ex 4.1-17); Fé, esperança e amor (I Co 13.1-13).
Ele pregou também sobre: Avivamento (Hc 3.2; O ideal de servir (Mt 20.28); União (Sl 133) etc.
No seu sermão “A conversão”, ele disse o que entendia por conversão: conversão é sinônimo de renovação de vida; é sinônimo de perdão; é sinônimo de paz e alegria; é sinônimo de amor fraternal; é sinônimo de humildade; é sinônimo de cooperação.
Vemos aqui uma mensagem genuinamente bíblica onde são enfatizados o caráter cristão e uma vida normal.
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Sua Sensibilidade
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Uma das marcas do seu caráter era a sensibilidade. Por isso também gostava de visitar. Ele amava as pessoas. Dedicava-se aos que sofriam. Nunca os seus cultos deixavam de ter intercessão pelos necessitados.
Gostava muito da natureza. Plantava flores, árvores, legumes e verduras. Sempre achava um espaço. É natural que um dos seus principais hinos falasse “... Nos céus, e no mar e na terra, nos bosques, nos prados em flor, no fragoso alcantil, na amplitude celeste, um hino ressoa ao Senhor...”.
Gostava de crianças. Estava sempre rodeado delas. Gostava de animais. Tinha dois cachorros e uma criação de peixes.
Em uma carta a um filho disse: “Os dois cachorros - Franche e Joli - são a nossa alegria. Eles parecem duas crianças. Entendem tudo o que falamos com eles. As árvores do pequeno quintal estão bonitas. A rameira de maracujá só se vendo como tem produzido frutos.”
No local que escolheu para passar o resto de
sua vida havia morros, árvores, flores e uma linda vista dos céus. No terraço
de sua casa colocou redes de onde se tem uma vista da natureza de Deus. Ele
amava a vida, as pessoas, a natureza, a Deus. Em um dos seus sermões disse:
“Deus é o verdadeiro artista, arquiteto, inventor, produtor. Do nada fez tudo.”
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Seu Companheirismo
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Quando ele saiu de Bangu, um membro escreveu e disse: “... sempre se apresentando ao seu rebanho com muita alegria. Sempre com um riso de satisfação, com humildade, palavras amigas e amenizadoras para com os seus irmãos.”
No princípio da década de 60, num tempo de diálogo ecumênico, ele abriu o seu coração e a sua casa para receber o principal líder religioso daquela região: Monsenhor Saraiva. Isto abalou a cidade e abriu as portas para o Evangelho. Contudo, ele sempre diferenciava amizade com fidelidade ao Evangelho.
Os Bispos o visitavam e muitos dormiam em sua casa. Foi assim com os Bispos César e Amaral (Anta); Natanael (N. Friburgo) e Almir dos Santos (Retiro). Recebeu também os Bispos Paulo Ayres e Paulo Lockmann. Tinha grande amizade com o Bispo Moacyr Louzada da 4ª Região.
Ele nunca lutou por cargos na Região e nem
por igrejas maiores. Defendia o Metodismo e por isso acabou forçado a sair de
Barra do Piraí por um SD que mais tarde saiu da Igreja Metodista.
A sua única luta era pela fidelidade ao
Evangelho e pelo crescimento da Igreja. Era amigo dos vizinhos, dos irmãos das
outras denominações. Sempre dizia que devia tudo ao Metodismo.
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Um Vencedor
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Ele não gostava de pedir nada à Igreja. Queria sempre dar de si. E quando pensou em colocar as filhas no Colégio Bennett, devido às dificuldades financeiras, não teve apoio. Contudo, não reclamou e continuou servindo a Igreja com o mesmo amor.
Certa vez, ele disse para a família que o pão havia aumentado e então só poderíamos comer um pedaço. Num Natal, só pôde dar aos filhos uma bola de soprar.
Deus, contudo, nunca o desamparou. Sempre houve muitos membros que tinham sensibilidade. Ele sempre lutava. Nunca desanimava.
Quando se aposentou, não tinha casa própria. Foi ajudado pelos filhos e conseguiu comprar um apartamento em Nova Friburgo. Mais tarde, foi morar mais no centro.
Depois comprou em sítio e, posteriormente,
decidiu construir a sua própria casa. E onde parecia não haver possibilidade
alguma, construiu a sua casa, uma das melhores e mais bem localizadas do
bairro.
Quando perguntávamos onde conseguia o dinheiro para a construção, ele dizia que tinha um sócio. Pensávamos que era um sobrinho ou um membro da igreja. Um dia, porém, ele nos disse: “Deus é quem me ajuda. Deus somente, meu Pai é muito rico!”
Ele foi um vencedor. Passou esse exemplo para os seus descendentes.
No ofício fúnebre, que teve a participação do Bispo Paulo Lockmann e mais nove pastores, o destaque foi o seu caráter. O Bispo Paulo Ayres mandou dizer à família e aos presentes que durante a sua vida encontrou poucas pessoas com a fidelidade e o caráter do Rev. Adherico.
Alguns dias depois do seu falecimento, sua esposa Roza estava na cobertura de sua casa olhando para os céus quando teve uma visão e viu o rosto do seu esposo, como sempre sereno e tranquilo.
Quando ela começou a chorar, as nuvens cobriram o seu rosto. Ele está com o Senhor. Um dia nós o reencontraremos.
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Um verdadeiro pai
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Apesar dos seus inúmeros afazeres, amava os filhos. Disciplinou quando necessário, mas sempre procurava tratar com carinho.
Um dia tive uma revelação de que ele partiria
para estar com o Senhor. No dia dos pais escrevi esta mensagem para ele:
Quase nunca reconhecemos os valores das pessoas e quando reconhecemos, nem sempre temos a coragem de destacá-los. Depois ficamos com remorso por não termos falado.
Mas,
ainda bem que tenho tempo de dizer que o senhor sempre foi um pai maravilhoso,
um verdadeiro pai. Sua honestidade sempre foi grande, sua fidelidade ao Senhor
permaneceu mesmo nos momentos difíceis; sua doçura no falar e o carinho para
com todos sempre foram marcas importantes no seu caráter que me marcaram muito.
O seu exemplo de ser um vencedor é para todos seguirem.
A sua
luta perseverante contra as adversidades não pode ser esquecida; a sua
serenidade nas tempestades é um exemplo maravilhoso.
Defeitos,
quem não os tem?
Mas
eles realçam as suas virtudes que sempre foram maiores. Por isso, obrigado pelo
pai que o senhor sempre foi. Obrigado pelo seu exemplo de caráter que posso
seguir. E não só neste dia, saiba disso, eu o reconhecerei como um verdadeiro
pai!”.
Ele teve tempo de me agradecer pessoalmente. No dia do seu ofício fúnebre, eu li essa mensagem com toda a emoção.
Obrigado pai.
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O testemunho dos colegas
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Adherico sempre fez amigos. Não teve culpa se alguém não gostava dele. Ele irradiava amor. Seus colegas falam dele:
“Nos anos 60, Adherico trabalhou como pastor no distrito de Campos, quando trabalhei junto como secretário do distrito. Era obreiro muito dedicado à obra do Senhor e muito amigo de todos. Sentimos muitas saudades deste servo do Senhor que foi fiel até o fim.” Rev. James Tims.
“Tive o grande privilégio de pregar em sua igreja em Itaoca, E.S. e ouvi-lo em Barra Mansa na sua aposentadoria. Adherico foi um dos meus grandes amigos.” Rev. Luiz Machado de Morais.
“Tive o privilégio de substituir o Rev. Adherico Ribeiro Chaves na Igreja de Barra do Piraí em 1961. Num dia chuvoso, minha mudança foi colocada no jardim da casa pastoral para desocupar o caminhão que seria carregado com a mudança do Rev. Adherico. Aquele acontecimento, bem como outros encontros em Cursos de Atualização Teológica na Faculdade de Teologia, nos Concílios e Encontros nos identificaram de tal forma que o seu desenlace abriu em minha vida uma lacuna difícil de ser preenchida.” Rev. Manoel Horácio.
“Adherico foi uma peça inseparável de minha vida. Quando o conheci em Alegre, senti que ele era uma pessoa talhada para o ministério. Propus enviar-lhe livros para ele fazer o curso de provisionado. Ele teve três ou quatro meses para estudar e foi aprovado no Concílio Distrital de Carangola. Dali até agora, acompanhei muito de perto a sua vida. Eu o considero um filho espiritual. Ele foi de uma mansidão, calma, humildade e personalidade em termos do que desejava.” Rev. Juracy Sias Monteiro.
“Sinto-me muito honrado em haver conhecido uma pessoa tão pura e nobre como foi o Rev . Adherico Ribeiro Chaves. Homem temente a Deus e fiel obreiro da Igreja Metodista. O Rev. Adherico foi para mim um grande exemplo como meu pastor na Igreja de Nova Friburgo e depois como organizador da Igreja Metodista de Olaria. Parte de sua história ficou escrita em nossos corações através da grande expressão de amor, fidelidade e bondade - marcas indizíveis de seu caráter. Como um verdadeiro pai na fé, o reverendo muito me inspirou no ingresso ao ministério pastoral. Reverendo Adherico é para mim história viva.” Pr.João Baptista Magalhães.
“Sempre otimista, falava do futuro como alguém que amava a vida e a Igreja. Realmente, ele era um amante fervoroso da Igreja e expressava muita firmeza naquilo que pensava e no que cria. Era fiel no cumprimento da sua vocação. Acreditava no seu chamado para pregar. Superintendi por duas vezes distritos em que era integrante do corpo de pastores e constatei que a sua atuação era sempre marcada pela lealdade aos colegas, respeito pelas autoridades, zelo pelas ovelhas que lhe eram confiadas e total dependência da direção divina.” Rev. Nilton de Oliveira Garcia.
“Meu
ministério foi abençoado com a amizade que mantive com o Rev. Adherico desde o
ano de 1961. Substitui-o na Igreja de Nova Friburgo em 1972 e pelo testemunho
dos irmãos e de minha própria experiência de amigo e colega posso dizer que o
seu ministério foi marcado pelo amor, dedicação, humildade, energia,
responsabilidade, idealismo e carinho. Foi um obreiro que não teve do que se
envergonhar. Me alegra e inspira ter sido seu colega.” Rev. Ermil Corrêa.
Certamente, muitos outros colegas gostariam de falar sobre a sua vida.
Nosso desejo é que a sua vida e ministério
sirvam de exemplo para a nova geração de pastores e pastoras, bem como para
todos que lerem este livro.
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Página da Saudade
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A primeira lembrança é do Olney que faleceu com 17 anos. Era uma promessa de ser bem sucedido na vida pela sua inteligência, calma e percepção da vida. Faleceu em 1972 em Niterói.
Ele gostava de pintar e de filosofia. Em um dos seus cadernos está registrado: Desenvolva a sua fé em Deus e isso o fará ter absoluta confiança em si mesmo.
Citando Einsten: As ideias vêm de Deus. Cita ainda as regras de Franklin (silêncio, temperança, ordem, justiça, resolução, frugalidade, diligência, sinceridade, moderação, limpeza, tranquilidade, castidade e humildade.
Por fim, Olney escreveu: ... eu te conduzirei, numa sequência de êxtases e deslumbramentos às serenas mansões do Infinito sob a luz brilhante da Eternidade.
Genelcy Alves era casado com Osny e filho de Jacinta e Genelson, família tradicional e amiga de Laranjais. Genelcy era mais do que um cunhado. Era muito amigo, brincalhão e tinha ótimo caráter. Faleceu em 1983 em Laranjais. Deixou um filho, Pablo é casado com Elaine. Pai de duas filhas: Sara e Ana Clara.
Ory foi o primeiro filho. Aquele que passou por mais dificuldades. Logo foi para o Rio de Janeiro lutar pela vida e isso o afastou bastante da família. Chegou a ir para EUA tentar uma vida melhor. Morreu com a sua fé em Jesus no ano de 1996 em Nova Friburgo. Ele teve dois casamentos: com Diva e Lídia. Deixou três filhos do primeiro casamento: Valéria, Roney e Lúcio.
Enfim, mais dois irmãos faleceram: Onil e Osmara que partiram e deixaram uma grande saudade.
Onil se casou com Suzete e teve um filho adotivo chamado Dymitrius. Ele se casou com Fernanda.
Osmara foi casada com Josué e teve três filhos: Adriana, Alessandro e Anderson, que se casaram e têm filhos abençoados.
Pela nossa fé, nós nos reencontraremos um dia na eternidade.
Esta é uma homenagem aos nossos queridos que
marcaram a nossa vida e deixaram saudades.
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