Odilon Massolar
Chaves
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Google
Toda gloria a Deus!
Odilon Massolar
Chaves é pastor metodista aposentado, doutor em Teologia e História pela
Universidade Metodista de São Paulo.
Sua tese tratou sobre
o avivamento metodista na Inglaterra no século XVIII e a sua contribuição como
paradigma para nossos dias.
Foi editor do jornal
oficial metodista e coordenador de Curso de Teologia.
Declaração
de direitos autorais: Esses arquivos são de domínio público e são
derivados de uma edição eletrônica que está disponível no site da Biblioteca
Etérea dos Clássicos Cristãos.
Rio de Janeiro –
Brasil
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Índice
·
Introdução
· Destaques
dos capítulos do livro
· O
contexto social, político e religioso
· A
atuação de Wesley junto aos pobres
· Atuação
junto aos mineiros
· A
atuação junto aos oleiros de Burslem
· A
atuação junto às crianças pobres
· Combate
às bebidas alcoólicas
· A
luta de Wesley contra a escravidão
· A
atuação no inferno das prisões
· O
cuidado de Wesley com a saúde física e mental
· A
atuação junto aos palatinos
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Introdução
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“O ministério de Wesley em
meio à Revolução Industrial” é um livro de 83 páginas que trata sobre a atuação
de João Wesley e do metodismo no contexto social, político e religioso na
Inglaterra, no século XVIII.[1]
A influência do metodismo
wesleyano na Inglaterra no tempo da Revolução Industrial, no século 18, foi
reconhecida por grandes estudiosos.
O país vivia num caos. Era
chamada a "nação selvagem". A revolução industrial trouxe progresso,
mas também proporcionou desemprego.[2]
Para o marxista Edward
Thompson, o metodismo trouxe contribuição ao proletariado: “Não pode haver
dúvida sobre a profunda devoção de muitas comunidades da classe operária
(incluindo igualmente mineiros, tecelões, operários industriais, marinheiros,
ceramistas e trabalhadores rurais à Igreja metodista).”[3]
Edward Thompson afirma:
“(...) é-nos conhecido o argumento de que o metodismo foi indiretamente
responsável por um aumento na autoconfiança e capacidade de organização do
operariado.”[4]
Elie Halévy afirmou: “A
Inglaterra foi poupada da revolução, a que as contradições de sua política e
economia poderiam ter conduzido, pela influência estabilizadora da religião
evangélica, particularmente o metodismo.”[5]
Destacamos no livro a
atuação de Wesley junto aos pobres; junto aos mineiros; atuação junto aos
oleiros de Burslem;
junto às crianças pobres;
seu combate às bebidas alcoólicas; sua luta contra a escravidão; atuação no
inferno das prisões; seu cuidado com a saúde física e mental; sua atuação junto
aos palatinos.
O que aqui publicamos é
apenas uma parcela da grande atuação do metodismo na Inglaterra no século
XVIII.
O Autor
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Destaques dos capítulos do livro
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O contexto social,
político e religioso
“É o século na
qual a economia inglesa se transforma no centro da economia mundial; o século
no qual o império colonial inglês se constituí no império dominante e na qual
se acham as bases da industrialização inglesa.”[6] (Franz
Hinkelammert).
A atuação de Wesley
junto aos pobres
Ele teve um
“profundo e permanente compromisso com os pobres”.
Ele criou clínicas
populares e escolas, distribuiu alimentação, roupas e carvão, levantou ofertas
semanais, conseguiu empregos, escreveu um livro de remédios caseiros para
doenças comuns. Estimulava a visita aos pobres e doentes
Atuação junto aos
mineiros
Os colisores de
Kingswood eram considerados sem instrução, ingovernável, selvagem e grosseiro, mas
os sofridos colisores foram transformados pelo Evangelho pregado pelos
metodistas
A atuação junto
aos oleiros de Burslem
Em Burslem o
metodismo se desenvolveu muito bem até porque os vigários anglicanos não
investiam na vida espiritual dos moradores locais
A atuação junto às
crianças pobres
“Tal era a
prioridade que ele deu a isso que o viu como um papel vital para os pregadores
metodistas e questionou o chamado daqueles que argumentariam que fazer isso não
era seu papel”
Combate às bebidas
alcoólicas
Wesley parece
preocupado que a bebida pesada leve à perda de autocontrole e a outros males,
como violência e licença sexual
A luta de Wesley
contra a escravidão
Oh! Não se canse
de fazer o bem. Continue, em nome de Deus, e com a força do seu poder, até que
a escravidão americana, a mais vil que já houve sob o sol, se desvaneça diante
desse poder. O servo que o estima, João Wesley
A atuação
no inferno das prisões
Ele considerava a
infame prisão de Newgate, em Londres como a abordagem terrena mais próxima
possível do inferno
O cuidado de
Wesley com a saúde física e mental
Wesley dava ênfase
à dieta, exercício e descanso. Incentivava também o banho frio e o uso de
plantas e raízes para fins medicinais
Wesley sentiu que
essas eram as leis de Deus que deveriam ser usadas para todo fim legítimo.[7]
A atuação junto
aos palatinos
"Ele
descreveu aqueles que conheceu como pessoas ‘simples, sem arte, sérias’. Por
outras palavras, eles eram diretos e livres de enganos”
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O contexto social, político e religioso
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“É o século na qual a economia inglesa se transforma no centro da
economia mundial; o século no qual o império colonial inglês se constituí no
império dominante e na qual se acham as bases da industrialização inglesa.”[8]
(Franz Hinkelammert).
Para compreendermos melhor as ideias e práticas de Wesley e do metodismo inglês, abordaremos de um modo geral a Inglaterra no século XVIII.
Abordagem descritiva, não analítica, com o
intuito de contextualizar o tema em apreço. Contudo é importante termos
consciência de que isso é uma tarefa difícil. Como afirmou o professor Duncan
Alexander Reily: “Caracterizar um século é tarefa árdua e arriscada.”[9]
Mas é fundamental
entendermos como o metodismo nasceu, se desenvolveu e realizou sua missão em
meio à revolução social, religião e política da época.
Contexto social
A partir da física de Isaac
Newton (1642-1727), centrada na lei da gravitação universal, que tornou
compreensível os movimentos de todas as partes do mundo físico, e da psicologia
de John Locke[10]
(1632-1704), a qual parecia desvendar os mistérios da mente humana, o século
XVIII é conhecido como o Século das Luzes. Acompanhou o Iluminismo o conceito
de religião natural, elaborado por
Edward Herbert (1583-1648) e o Deísmo, sendo o livro de Mattew Tindal
(1657-1733), Cristianismo tão velho quanto a
criação (1730), conhecido como a bíblia dos deístas.[11]
Uma das consequências da
expansão do iluminismo no fim do século XVI e início do século XVII foi o
desenvolvimento do racionalismo na religião.[12]
“O conhecimento recente de antigas
civilizações e de outras religiões ampliou os horizontes humanos e os
confrontou com outras culturas que não a cristã. A prova da verdade para Locke
era a razoabilidade, no sentido de conformidade com o senso comum. Compreendia
ele a moralidade como o conteúdo principal da religião.”[13]
Alguns filósofos passaram
também a combater o cristianismo existente na Grã-Bretanha. Historiadores
liberais como conservadores são quase unânimes em afirmar que o iluminismo[14] despertou
uma crítica ao cristianismo e aos diversos relatos de milagres na Bíblia.
“Toland, o superficial, combatia o
Cristianismo por todos os meios que tinha ao seu alcance multiplicando seus
livros e sofismas, e levando seus discursos inflamatórios tanto às tabernas
como aos salões nobres. O elegante conde de Shaftesbury atacava fortemente a
revelação divina (...). O fanático Woolston nos seus Discursos sobre os
milagres, obra cuja venda chegou, segundo se diz, a trinta mil exemplares,
atacou com violência os relatos dos evangelhos, declarando que não passavam de
mitos e lendas (...”).[15]
Com o Iluminismo veio
também a Revolução Industrial, que substituiu as ferramentas pelas máquinas e a
energia humana pela energia motriz. No aspecto positivo da Revolução
Industrial, a invenção da máquina de fiar e tecer trouxe grande
desenvolvimento.
“Com a invenção de máquinas mais eficientes de
fiar e tecer, e com a aplicação da força (primeiro da água, e, depois de James
Watt [1736-1819], do vapor) para propulsionar essas máquinas, nasceu o sistema
de fábricas (substituindo a fabricação caseira que dominava até então) e
divorciando a indústria do solo.”[16]
Foram várias as invenções
ocorridas durante o século XVIII, que levaram o país de agrícola a industrial.
“James Watt (1736-1819) patenteou a primeira
máquina de fato a vapor, em 1769. James Hargreaves (?-1778) tirou patente, em
1770, da máquina de fiar. Richard Arkwright (1732-1792) inventou o fuso
mecânico, em 1768. Edmund Cartright (1743-1823) inventou, em 1784, o tear.
Josias Wedgwood (1730-1795) de 1762 em diante tornou efetivas suas olarias de
Staffordshire.”[17]
Com essas mudanças, a
Inglaterra tornou-se uma grande potência, o entreposto central do comércio
mundial.[18] No começo
do século XVIII, ela obtém o monopólio da comercialização têxtil de algodão
hindu.
Como o maior produtor era a
Índia, a Inglaterra passou a comprar a lã para revendê-la. Proporcionou
modernização e a utilização de diversas pessoas como mão de obra barata:
“Grandes massas de operários, e mesmo de
crianças, são colocadas a serviço do ferro, do carvão de pedra e da grande
indústria têxtil.”[19]
Ao ultrapassar a Holanda,
depois da metade do século XVIII, a Inglaterra passa a deter a hegemonia
econômica mundial, quando foi parte integrante de um processo contínuo de
expansão, restruturação e reorganização financeira da economia mundial
capitalista.[20] Ela deixa
de ser subordinada e se transforma: “(...) na nova dirigente e organizadora da
economia capitalista mundial.”[21]
Franz Hinkelammert, durante
o Primeiro Encontro de Teologia Protestante, na Costa Rica, entre 6 e 11 de
fevereiro de 1983, afirmou: “Que representa o século XVIII para a Inglaterra? É
o século na qual a economia inglesa se transforma no centro da economia
mundial; o século no qual o império colonial inglês se constituí no império
dominante e na qual se acham as bases da industrialização inglesa.”[22]
A crescente necessidade de
matéria prima implicou numa mudança na estrutura agrária inglesa. A produção de
alimentos deu lugar à produção de lã. Os grandes latifundiários transformaram
suas fazendas em produtoras de lã. Os fazendeiros começaram a ocupar as terras
cedidas aos agricultores para integrá-las às suas fazendas e transformá-las em
fazendas de lã, utilizando menos mão de obra levando a expulsão de grande
número de camponeses de suas terras.[23]
A desapropriação das terras
proporcionou uma crise social enorme, que afetou grande parte da população
trazendo desemprego em massa.
Segundo Edwards Thompson: “Na agricultura, os anos entre 1760 e 1820
foram a época de intensificação dos cercamentos, em que os direitos a uso da
terra comunal foram perdidos numa vila após a outra; os destituídos de terras
e, no sul, os camponeses empobrecidos são abandonados às expensas dos
granjeiros, dos proprietários de terras e dos dízimos da Igreja.”[24]
Muitos passaram a vaguear
pela cidade procurando onde ficar. Para o historiador Christhoper Hill, a
realidade social na Inglaterra, no final do século XVII, era alarmante: “(...) por baixo da aparente estabilidade da
Inglaterra rural, dos vastos e plácidos campos abertos que cativam o olhar,
havia portanto a fermentação e mobilização dos invasores de florestas, dos
artesãos e pedreiros itinerantes, de desempregados de ambos os sexos em busca
de trabalho, de atores, menestréis e jograis ambulantes, bufarinheiros e
charlatões, ciganos, vagabundos, vadios, concentrando-se principalmente em
Londres e nas grande cidades.”[25]
Uma contradição enorme na
Grã-Bretanha que passou a ter a hegemonia mundial, mas que vivia grave crise social: “A expansão comercial, o
movimento de fechamento das terras comunais, os inícios da Revolução Industrial
- tudo ocorreu à sombra da forca. Os escravos brancos deixavam nossas costas
para as plantações americanas e depois para a Terra de Van Dieman, enquanto
Bristol e Liverpool enriqueceram com os lucros da escravidão branca; e os
proprietários de escravos das plantações das Índias ocidentais transportavam
sua riqueza para antigas linhagens genealógicas no mercado casamenteiro de
Barth. Não é um quadro agradável. Nas profundezas, policiais e carcereiros
apascentavam nos pastos do crime: o pagamento por assassinatos de encomenda, o
dinheiro embargado pela justiça, o comércio de álcool para suas vítimas. O
sistema de recompensa proporcional à gravidade do crime, oferecidas pela
captura de ladrões, incitava-os a aumentar o delito dos acusados. Os pobres
perdiam seus direitos na terra e eram tentados ao crime pela sua pobreza e
pelas medidas preventivas inadequadas; o pequeno comerciante ou.” mestre de
ofícios eram tentados à falsificação ou a transações ilícitas por temor à
prisão por dívidas (...).”[26]
Para o historiador inglês
Edward Thompson, a Revolução Industrial foi catastrófica para o povo: “O povo
foi submetido, simultaneamente, à intensificação de duas formas intoleráveis de
relação: a exploração econômica e a opressão política. As relações entre
patrões e empregados tornaram-se mais duras e
menos pessoais (...).”[27]
Segundo o metodista Francis
Gerald Ensley, no século XVIII, a conduta moral de uma grande parte era
irregular, na Inglaterra: “A Bretanha estava nas garras de uma Idade do Gelo,
mais conhecida na história como a Idade da Razão. Muitos consideravam morta a
organização Eclesiástica e também a vida cristã (...). A moral era baixa, como
resultante. Os estadistas proeminentes eram incrédulos e distinguiam-se pela
conduta irregular, enquanto as massas pobres eram ignorantes e brutais num grau
de difícil descrição.”[28]
Entre os problemas sérios
na sociedade inglesa, o historiador metodista Duncan Alexander Reily cita
alguns e afirma que havia imoralidade ente os altos oficiais do governo; o jogo
havia se tornado quase um passatempo; o alcoolismo era um problema tremendo; a
recreação era bárbara em geral; o roubo de todo tipo era comum, etc.[29]
Como consequência de toda
uma insatisfação social, a lei era odiada e desprezada. O movimento de
resistência à lei tomava a forma de atos individuais e de insurreições
esporádicas. O povo inglês era conhecido pela sua turbulência e o povo de
Londres pela sua falta de respeito.[30]
Diversos motins surgiram
por questões sociais e econômicas: “(...) ocasionados pelos preços do pão,
pelos pedágios e portagens, impostos de consumo, 'resgates', greves, nova
maquinaria, fechamento das terras comunais, recrutamentos e uma série de outras
injustiças.”[31]
Motins famosos por causa de
alimentos foram os registrados na Feira do Ganso em Nottingham, 1764, e ficou
conhecido como o "Grande Motim do Queijo", quando queijos inteiros
rolaram pelas ruas. Na mesma cidade, houve o motim provocado pelo alto preço da
carne, em 1788. O povo arrancou as portas e venezianas dos açougues, que foram incendiados.[32]
Contexto político
A situação política na
Inglaterra, no século XVIII, era tranquila, em comparação ao século anterior,
quando houve guerra civil[33] e o rei
Carlos I foi destituído e morto em 9 de
fevereiro de 1649.[34]
A partir de 1688, o sistema
político inglês caminhou para a política de clientela, que consistia na
manipulação dos favores e ameaças. Os favores consistiam em salvar uma pessoa
da cadeia ou forca.[35]
“Os conflitos políticos e
religiosos do século anterior não somente produziram cicatrizes, mas deixaram
ainda feridas abertas a sangrar. A tirania Stuart somente terminou com a guerra
civil e morte do rei(1649), A Comunidade de Cromwell (1649-1660) e a expulsão
final de James II pela Revolução Protestante de 1688, causaram ódios,
derramamento de sangue, o exílio ou morte de muitos homens de caráter e
capacidade, em todos os partidos, e o consequente empobrecimento da nação.”[36]
A ilha da Grã-Bretanha, no
século XVII, e, consequentemente, parte do século XVIII, apresentava um quadro
peculiar na corte: “Na Inglaterra do século XVII era elegante ir ao hospício de
Bedlam ver os pobres lunáticos; no teatro isabelino e especialmente no do rei
Jaime são frequentes as máscaras de loucos dançando. Bobos da corte, ou bobos
de casas aristocráticas, fazem parte desse panorama mais amplo; é de se
perguntar se eles seriam sempre tão espirituosos como os de Shakespeare, embora
não haja dúvida de que eventualmente alguns homens muito sagazes representavam
o papel de bobo para ganhar a vida. Alguns governantes inteligentes, ouvindo os
seus bobos, talvez tenham conseguido varar a barreira de cortesãos bajuladores
que se interpunha entre eles e a opinião pública. Mas foi certamente um
progresso que Henry Barrow, separatista radical, criticasse por razões de
princípio a prática de os bispos manterem bobos para se divertirem. Os Stuart
foram os últimos monarcas ingleses a terem bobos da corte; e o ultimo bobo que
sabemos ter servido a uma família senhorial na Inglaterra morreu em 1746, em
Durham, no.” mesmo ano em que fracassou a derradeira tentativa de restaurar a
dinastia Stuart.”[37]
A situação política voltou
ao normal quando o príncipe Charles
derrotado em abril de 1746.[38]
A partir de meados do
século XVIII, a Grã-Bretanha passa a deter a posição central na economia
mundial. Segundo Giovanni Arrichi, isto ocorre no contexto do ciclo sistêmico
de acumulação.[39]
O ciclo genovês vai do
século XV ao início do século XVII; o ciclo holandês, do fim do século XVI até
decorrida a maior parte do século XVIII; o ciclo britânico, da segunda metade
do século XVIII até o inicio do século XX.[40]
A Grã-Bretanha disputava
com a França a supremacia mundial.
Quando ela venceu a Guerra dos Sete Anos (1756-1763), estava encerrada a
luta com a França pela supremacia,[41] contudo,
não ainda mundial.
Segundo Giovanii Arrighi,
isso se deu após a perda da colônia na América. Os norte-americanos haviam
vencido os ingleses com o apoio dos franceses em aliança com os holandeses.
Posteriormente, houve retaliação britânica à Holanda após a Guerra da Independência
dos EUA causando assim a aniquilação
do poderio marítimo holandês com as consequentes
perdas em seu império nas Índias Orientais. Em consequência, uma crise que
vinha minando o mercado financeiro de Amsterdam, desde 1760, roubou-lhe a posição central na economia
mundial, que passou à Grã-Bretanha.[42]
Para Giovanni Arrighi, a
Inglaterra/Grã-Bretanha ‘tornou-se’ uma ilha poderosa através de um árduo
processo bissecular de ‘aprendizagem’ sobre como transformar uma desvantagem
geopolítica fundamental, na luta continental pelo poder diante da França e da Espanha,
numa vantagem competitiva decisiva na luta pela supremacia comercial no mundo.[43]
Havia dois partidos
políticos na Inglaterra do século XVIII.
“O partido Tory era conservador, enquanto o
partido Whig era favorável a reformas e ao progresso; era liberal com
preocupações sociais.”[44]
O fato é que a Inglaterra
do século XVIII, politicamente foi tolerante, em relação ao século anterior
onde houve constante luta.[45] Mas os
nervos de muitos estavam abalados pela catástrofe política do século anterior.[46]
Havia um governo
monárquico, que tinha uma certa tranquilidade em governar com o partido Tory.[47]
Contudo, a fermentação
social trouxe dificuldades para o Governo, quando surgiram as turbas, que
lutavam pelos seus direitos, como a turba de Londres, em 1760, que ficou fora
do controle das autoridades:
“Num certo sentido, era uma
turba de transição, em vias de se tornar uma multidão radical autoconsciente; o
fermento da Dissidência e da educação política entrava em ação, dando ao povo
uma predisposição para assumir a defesa das liberdades populares, desafiando as
autoridades, em 'movimentos de protesto social, onde o conflito subjacente dos
pobres contra os ricos’ (...) é claramente visível.”[48]
Esses protestos assumiam um
tom republicano e revolucionário, quando o povo dizia slogans como: Maldito
seja o Rei! Maldito seja o Governo! Malditas sejam as Justiças![49]
A última grande ação de uma
turba, no século XVIII, ocorreu em 14 de julho de 1791, em Birmingham, quando
reformadores da classe média comemoravam a tomada da Bastilha, na Revolução
Francesa. Naquela noite, e nos três dias seguintes, casas de cultos, lojas e
casas foram saqueadas e incendiadas, especialmente os dissidentes ricos foram
as principais vítimas.[50]
Contexto religioso
O surgimento do
protestantismo na Inglaterra teve origem em uma disputa do rei Henrique VIII
com a Igreja de Roma. De "defensor da fé", título que recebeu do Papa
por defender o catolicismo contra os escritos de Lutero, o rei da Inglaterra
passou a ser visto como um herege pela atitude de se separar da Igreja Católica
e assumir a liderança como "cabeça da Igreja" na Inglaterra.[51]
“O Parlamento da reforma (1532-35) estabeleceu
uma forma Erastina de governo, isto é, eles proclamaram Henrique VIII como
cabeça tanto da Igreja como do estado na Inglaterra (pelo Ato de Supremacia) e
constituíram a Igreja da Inglaterra como a religião oficial do estado e uma
parte integrante da estrutura política.”[52]
Com o rei Eduardo VI, a
Igreja Anglicana adotou o Livro de Oração Comum, em 1549, e os 42 Artigos de
Religião (depois mudados para 39 Artigos).[53] Em 1595,
Richard Hooker escreveu Of The Laws of Ecclesiastical Polity (Das leis do
estabelecimento Eclesiástico) promovendo uma exposição da estruturação e da
doutrina da Igreja.[54]
Os protestantes que não
estavam vinculados à Igreja do Estado, eram conhecidos com dissidentes ou
não-conformistas (mais tarde conhecidos como Igrejas Livres).[55]
Entre 1553-1558,[56] a
Inglaterra foi governada por Maria Tudor. Durante esse período, muitas pessoas
se exilaram e sofreram influência do protestantismo em Genebra, Zurique e
Frankfort. Após sua morte, voltaram com um protestantismo mais radical, zeloso
e que tinham a Bíblia como autoridade por excelência superando toda pretensão
da Igreja de ser a intérprete ou ter a sua custódia.
Pelo desejo que tinham de
purificar a Igreja passaram a ser chamados de “puritanos.”
“Queriam banir dos ofícios
o que criam ser um remanescente de superstição romanista e desejavam para cada
paróquia um pregador zeloso, espiritual. Em particular, eram contrários às
vestes clericais (...) opunham-se ao ajoelhar para receber a Ceia do Senhor,
dizendo que tal atitude implicava adoração da presença física de Cristo;
combatiam o uso de alianças no casamento, tendo-o como continuação do conceito
do matrimônio como um sacramento; fazer o sinal da cruz no batismo, como
superstição.”[57]
A partir do puritanismo e
com o apoio de simpatizantes, como professores da Universidade de Cambridge, as
idéias separatistas se desenvolveram. Um dos líderes do puritanismo foi Thomas
Cartwright (1535 ?-1603).[58]
Eles e seus companheiros
puritanos se opunham à separação da Igreja oficial da Inglaterra. Queriam
introduzir a disciplina e as práticas puritanas e esperar as reformas do
governo. Alguns não quiseram esperar tal mudança. Eram os separatistas, dentre
os quais se encontravam os adeptos da política congregacional.[59]
“Os separatistas insistiam
em que os ministros deviam ser eleitos pela congregação de seus fieis e pagos
por contribuições voluntárias destes (...). Defendiam a tolerância para todas
as seitas protestantes, repelindo a censura eclesiástica e todas as formas de
jurisdição eclesiástica, em favor de uma disciplina interna às congregações,
sem o aval de nenhuma sanção coercitiva (...). O seu programa implicaria em
destruir a Igreja nacional, deixando a cada congregação a responsabilidade de
seus negócios e havendo apenas um tênue contato entre as diversas congregações
(...).” [60]
Mais tarde, então, surgiram
os chamados, não-conformistas, dissidentes ou Igrejas-Livres. Estes incluem os
Congregacionalistas ou Independentes, os Batistas e os Presbiterianos, por um
lado, com os Quacres e os Unitários por outro lado.[61]
Os Puritanos tinham uma
forte influência pietista.
“Os puritanos frequentemente
portavam uma preocupação tipicamente calvinista, a promoção da piedade
individual, a qual se tornou, então, característica de muitos
não-conformistas.”[62]
Quem não pertencia à Igreja
oficial sofria os efeitos do Código Clarendon (1661-65)[63] e da Lei
de Provas (1672)[64], cujo
objetivo era forçar a uniformidade religiosa na Inglaterra. Eram impedidos de
exercerem o poder político e ainda tinham que pagar dízimos para o sustento do
culto anglicano.[65]
A maior parte dos ingleses
vivia, no século XVII, em um mundo mágico. Para eles, Deus e o demônio
intervinham diariamente - um mundo de feiticeiras, fadas e encantamentos.[66]
O fato é que durante os
anos de 1640 a 1650 surgiram movimentos sectários, na Inglaterra:
“Alguns deles como os Levellers e os Diggers,
formaram seitas tanto religiosas como políticas. Outros fortemente demonstraram
tendências milenáristas (relativo ao milênio), especialmente os Homens da
Quinta Monarquia. Ainda outros revelaram inclinações místicas, tais como os
Seekers e os Finders.”[67]
Dentre as seitas estavam os
Ranters, grande parte dos quais eram artesãos: “(...) um bom número dos seus
partidários foi recrutado entre artesãos itinerantes, que se viram libertos
durante a Revolução das peias que caracterizavam o sistema de trabalho interior
- homens que não tinham amarras e estavam prestes a romper com a tradição.”[68]
Os Ranters não formavam,
necessariamente, uma congregação que se reunia para cultos:“(...) grande
população móvel e itinerante de pequenos cottagers expulsos de sua terra,
alguns camponeses, outros artesãos, que lentamente iam sendo atraídos pelas
grandes cidades, onde se sentiam como estranhos, dispostos assim (às vezes) a
se integrarem em grupos religiosos que rapidamente se radicalizavam.”[69]
Para eles, o juízo
final era coisa inventada e a vida após
a morte não existia:[70]
“(...) vinda de Cristo
significa a vinda aos homens por intermédio do seu espírito. Quando ele assim
integrar nos corações dos homens, estes não precisarão mais de socorros tão
baixos a eles ministrados de fora.”[71]
Um Ranter, Joseph Salmon,
escreveu o folheto Anti-Christ in Man (O
Anti-Cristo no homem), em 1647. Ele
afirmava que não precisamos ir a Roma,
Cantuária. A luz natural reside no homem, sob o nome de Cristo. [72]
Salmon foi preso em 1650.
Foi solto com a promessa de se retratar. Foi a Barbados, onde teve dificuldades
de organizar uma congregação Anabatista, em 1682.
Jacob Baythumley publicou
The Light end na Darh Sides of God
(Luzes e trevas em Deus), 1650. Para
ele, o inferno e o demônio estão dentro de nós. Não devíamos guiar–nos pela Bíblia
e sim pelo Espírito de Deus que temos em nós. [73]
Em 1650, os Ranters eram
conhecidos como coppinistas ou claxtinianos. Richard Coppin foi pastor
anglicano até 1648. Ele escreveu Divine Teachings (ensinamentos divinos), em
1649. Foi a obra mais influente junto aos Ranters. Coppin foi celebrado como
sucessor de Joseph Salmon. Em 1655, Coppin foi preso por causa de suas
pregações.[74] Ele
tratava como alegóricas as histórias da Queda e do Dia do Juízo. [75]
A Lei de 9 de agosto de
1650 contra as blasfêmias visava especialmente os Ranters. As penas eram
severas: seis meses de reclusão, banimento em caso de reincidência e morte se o banido se recusasse a deixar o pais ou
retornasse clandestinamente.[76] Os
blasfemadores foram tratados com rigor pelo Exército e obrigados a deixarem
suas fileiras, como Joseph Salmon.
“Já que os ranters nunca tiveram qualquer
organização, ao que sabemos, é difícil afirmar que fim levou a massa dos fiéis
depois que foram detidos seus líderes, em 1650 e 1651.”[77]
Uma outra seita chamava-se
Anabatista ou ainda Familistas ou Membros da Família do Amor. O familismo foi
difundido na Inglaterra graças a um marceneiro itinerante de origem holandesa –
Christopher Vittels.
“A principal doutrina
anabatista era que as crianças não deviam ser batizadas. A aceitação do batismo
- isto é, a recepção na Igreja – tinha de ser o ato voluntário de um adulto.
Isso claramente subvertia o conceito de uma Igreja Nacional, à qual todo inglês,
toda inglesa pertencia; ao invés desta, propunha a formação de congregações
voluntárias por aqueles que acreditavam ser os eleitos. Logicamente, um
anabatista tinha de objetar ao pagamento de dízimos, os dez por cento dos
ganhos de cada um que, pelos menos teoricamente, serviam para sustentar os
ministros da Igreja estatal. Muitos anabatistas recusavam-se também a prestar
juramentos, pois não admitiam que uma cerimônia religiosa servisse para
finalidades judiciais e seculares; outros rejeitavam a guerra e o serviço
militar (...). O nome veio a ser usado num sentido pejorativo genérico, para
referir-se àqueles que, creditava-se, opunham-se `ordem social e política
vigente.”[78]
Os familistas ou membros da
Família do Amor eram seguidores de Henry Niclaes, nascido em Munster, em 1502,
que pregou que o céu e o inferno haviam de se encontrar nesse mundo.
“Acreditavam que os homens e mulheres pudessem
resgatar, na terra, o estado de inocência que existia antes da Queda (...).
Punham em comum as suas propriedades, pensavam que todas as coisas se produziam
segundo a natureza, e que só o espírito de Deus, presente no fiel, pode
compreender corretamente as Escrituras.”[79]
Existiram ainda outras
seitas, como a dos grindletonianos. Foi a única seita inglesa que deve o seu
nome a um lugar e não a uma pessoa ou a um conjunto de crenças (...).[80]
A congregação de fiéis
desenvolveu diversas heresias. Entre elas, afirmavam:
“(1) Devemos confiar mais num ímpeto que nos
venha do espirito do que no próprio Verbo; (2) é pecado crer no Verbo (...)
faltando um ímpeto do espírito(3) o filho de Deus afetado pelo poder da graça
desempenha tão perfeitamente cada um dos seus deveres, que seria pecado ele
pedir perdão por qualquer falta que cometesse, tanto quanto à forma como quanto
ao fundo (...).”[81]
Mas de todos esses
movimentos um dos mais notáveis produtos das guerras civis na Inglaterra foi os
Quacres, chamados também de Sociedade dos Amigos. [82]
Seu fundador foi Jorge Fox
(1624-1691), que procurava ansiosamente a realidade espiritual, o que aconteceu
em 1646.
“Daí lhe veio a firme convicção de que toda
criatura recebe do Senhor uma porção de luz e que se esta ´Luz Interior´ é
seguida, ela seguramente leva à Luz da Vida e à verdade espiritual.”[83]
Contrário ao formalismo,
sua crença se baseava na imediata inspiração do Espírito Santo. Os elementos
externos eram condenados. Os sacramentos são verdades interiores e espirituais.
Os títulos artificiais, como Rei, Juiz
deviam ser rejeitados. A guerra é ilícita e a escravidão incompatível.[84]
Eles viviam em extrema
vigilância do comportamento dos membros. Os Quacres foram perseguidos, mas o
Ato de Tolerância, em 1689, lhes deu liberdade. Fox morreu em 1691. [85]
Grande importância também
tiveram as Sociedades no desenvolvimento da
religiosidade na Inglaterra.
As sociedades adquiriram
grande importância na Inglaterra, no século XVII. Elas procuravam preencher o
vazio espiritual do povo inglês. Em certo sentido, elas se pareciam aos
collegia pietatis de Spener. Eram compostas, especialmente, por participantes da
Igreja oficial.
“Iniciadas por Anthony Horneck, na década de
1670, as sociedades religiosas eram também formadas de pequenos grupos de
leigos, que representavam uma fusão quase espontânea de moralismo e devoção,
zelosos de promoverem a real santidade (...).”[86]
As sociedades tinham a
função de promover a verdadeira santidade, mas também promoviam algumas causas
de caridade, combatendo a pobreza e o analfabetismo, por exemplo.[87]
Acreditavam que a solução
para a mudança da sociedade era a mudança individual de cada pessoa. Por essa
razão promoviam o esforço individual de uma vida de piedade.[88] Não
tinham preocupação com a evangelização e crescimento.
Mais tarde, surgiram outros
grupos, como a Sociedade para a Reforma de Costumes, em 1691.
“Preocupada com a moralidade da vizinhança,
esta sociedade foi designada para encorajar e ajudar os magistrados a
executarem seus deveres no cumprimento das leis a respeito de ofensas morais,
especialmente ´profanação e devassidão.”[89]
Outra sociedade surgiu - A
SPCK (Sociedade para a Propagação do Evangelho). Esta sociedade procurou atacar o que considerou a raiz do
problema: a ignorância. A SPCK procurou desenvolver canais para a educação do
povo.
“O programa da SPCK
consistia principalmente em estimular o estabelecimento de escolas de caridade
para ensinar os pobres, promovendo a disseminação de bibliotecas de empréstimo
e visitando os presos para dar-lhes instrução e livros, além de prestar-lhes
assistência religiosa.”[90]
Os sermões eram,
geralmente, sobre as virtudes morais.
Segundo o historiador Mateo Lelièvre, a Inglaterra apresentava um
aspecto sombrio em sua religiosidade. Ele cita Montesquieu:“Não ha religião na
Inglaterra; quatro ou cinco membros da Câmara dos Comuns frequentam a missa ou
o culto oficial. Se por ventura alguém falar em Deus, todos riem.”[91]
Alec Vidler afirma que a
Igreja Anglicana era quase sem expressão na vida do povo:“Conservadora sem ser
teológica. Pensava-se pouco em problemas doutrinários. A religião, como se
ensinava na Igreja Anglicana, significava obediência moral ao desejo de Deus.”[92]
Havia homens sábios e
talentosos na Igreja Anglicana, no século XVIII, como os teólogos Guilherme
Sherlock, Daniel Waterland, o bispo Butler e o cônego Prideaux, mas seus
sermões eram meras dissertações sobre assuntos morais, que eram lidos em tons
frívolos e superficiais.[93]
Wesley no contexto social-político-religioso da Inglaterra
Dentro desse contexto
social, político e religioso nasceu e
viveu Wesley.
O fato é que muito do que o
metodismo praticou foi incorporado ou adaptado
por Wesley, como as Sociedades.
Os próprios antepassados de João Wesley foram influenciados pelas Sociedades,
especialmente pela SPCK (Sociedade para a Propagação do Evangelho) e ele
próprio ganhou livros quando foi como missionário para a Geórgia.
“Em 1700, Samuel Wesley
tentou organizar uma pequena sociedade religiosa em Epworth, construída nos
moldes das sociedades de Londres. Livros e panfletos foram pedidos a SPCK.”[94]
Os metodistas,
posteriormente, deram grande ênfase à educação dos pobres, apoio aos presos,
evangelização, ênfase na santidade, etc, fruto das influências das sociedades
da época.
O próprio pai de Wesley
tinha no projeto da sociedade de Epworth a criação de escolas para os pobres,
distribuição de folhetos visando a edificação pessoal, etc.[95]
Wesley tinha consciência
sobre o valor das sociedades metodista. Falava delas até num tom de
supremacia:“(...) não há sociedade religiosa nenhuma debaixo do céu, que não
exige dos homens para serem admitidos nela, senão o desejo de salvar as suas
almas. Olhai ao vosso redor, não podeis ser admitidos na Igreja ou Sociedade
dos Presbiterianos, Anabatistas, se não aceitardes as mesmas opiniões deles, e
vos conformardes com a mesma adoração. Só os Metodistas é que não insistem em
que tenhais as mesmas opiniões, mas pensam e deixam pensar. Nem impõem qualquer
modo de adoração (...).”[96]
As sociedades,
posteriormente, foram importantes na formação e desenvolvimento do metodismo.
Foi numa sociedade que Wesley teve sua experiência no dia 24 de maio de 1738.
“A participação nas sociedades era aberta a
todos quantos desejassem fugir da ira vindoura. A Sociedade reunia-se semanalmente, sendo que a
oração, a exortação, e o cuidado mútuo eram os principais componentes da vida
comum. O alvo principal era auxiliarem-se mutuamente a alcançar a sua própria
salvação.”[97]
Em 1743, Wesley criou as
Regras Gerais das Sociedades Unidas[98] para
controlar as atividades das sociedades. A escolha da sociedade para o movimento
metodista foi acertada.
“Em 1768,
o Metodismo possuía quarenta circuitos e 27.341 membros. Dez anos mais tarde,
havia crescido para sessenta circuitos e 40.089 membros. Em 1798, o Metodismo
tinha 149 circuitos com 101.712 membros.”[99]
Quando Wesley iniciou seu
ministério, as tendências no pensamento e na vida religiosa na Inglaterra, no
início do XVIII, eram preocupantes, segundo o historiador Walker Welliston:
“O racionalismo penetra
todas as classes de pensadores religiosos, de modo que mesmo entre os ortodoxos
o cristianismo se assemelhava mais a um sistema de moralidade apoiado por
sanções divinas.”[100]
Em relação à política,
Wesley foi conservador, fiel ao Rei. Na
tentativa de restauração da dinastia Stuart[101], houve um
episódio envolvendo os irmãos Wesley.
Rumores indicavam uma ligação deles com o pretendente à coroa, o Príncipe
Charles, o Belo, que estava na França.
Eram suspeitos de serem Jacobitas,[102]
partidários de Stuart. E isso significava ser
perseguido e agredido violentamente por parte do povo.[103]
Segundo Glen Williamson,
Susana Wesley era uma jacobita. Provavelmente, esse fato levava Wesley a ser
identificado como partidário dos Stuarts:
“Susana, cujas simpatias sempre se voltaram
para os Stuarts, suplantados por Guilherme e sua rainha em 1688, era uma
jacobita confirmada. Para ela, o princípe de Orange era um usurpador da coroa.”
[104]
Carlos Wesley foi acusado
de orar para que o Senhor trouxesse de volta o Príncipe banido. Ele foi
inocentado pela justiça e aproveitou para demonstrar sua lealdade à coroa.
[105]
“Wesley achou melhor escrever ao rei, em nome
dos metodistas, uma mensagem de lealdade (...).”[106]
Quando o príncipe Charles
invadiu a Escócia, em 1745, Wesley foi para Newcastle para ficar junto ao seu
povo.
“(...) Em contato com o prefeito e afirmou seu
leal apoio, declarando com clareza: 'Eu exorto todos os que me ouvem a fazerem
o mesmo, e em suas diversas situações a se manifestarem como súditos leais que,
enquanto temerem a Deus, não poderão honrar senão ao rei.”[107]
Samuel e Susana Wesley,
pais de João e Carlos Wesley, foram leais à coroa inglesa, portanto, apoiavam o
partido Tory. Wesley seguiu aos seus pais,[108] embora a
sua consciência social o levasse à atitudes contrárias ao partido Tory em
relação à liberdade religiosa, à guerra,
ao contrabando, à escravidão, à produção e comércio de bebidas.[109]
Apesar de citar o metodismo
como um grupo religioso que serviu de base para o surgimento de sentimentos de
esperança e de solidariedade entre os operários, Edward Thompson coloca Wesley
como muito conservador em questões políticas:
“A certo nível, pode-se
reconhecer sem a menor dificuldade o caráter reacionário – na verdade,
odiosamente subserviente – do wesleyanismo oficial. As poucas intervenções
políticas ativas de Wesley incluíram panfletos contra o dr. Price e os colonos
americanos. Raramente deixou passar a oportunidade de impor a seus seguidores
as doutrinas de submissão (...).”[110]
Contudo, Wesley foi
sensível às necessidades dos excluídos e questionador da situação social do
povo. Em 1759, ele comentou sobre a difícil situação dos presos que estavam em
Knowle:
“Andei a pé até Knowle, boa
milha distante de Bristol, para visitar os prisioneiros franceses. Mais de mil
e cem, segundo fomos avisados, estavam reunidos num pequeno espaço, sem cousa
alguma em que deitar, senão colchões de palha, e sem cobertores; para se
cobrirem só tinham alguns trapos, quer de dia quer de noite, portanto, morreram
como se fossem ovelhas atacadas de morrinha. Fiquei horrorizado; à tarde
preguei sobre Êxodo 23:9 ´Não oprimirás o peregrino; pois vós conheceis o
coração do peregrino, visto que fostes peregrinos na terra do Egito.” [111]
Em seu tempo, aumentaram as
injustiças sociais e o desemprego. Em seu diário, João Wesley comenta, em 1772,
sobre um grande desemprego como nunca se tinha visto antes:
“Descobrindo que muita
gente estava sem emprego, e consequentemente em necessidades, por causa de uma
crise no comércio, crise tão grande como nunca houvera igual lembrança do homem
(...).”[112]
Mesmo tendo sofrido com os
motins, quando foi perseguido por questões religiosas,[113] Wesley
elogiou a ação de uma turba por agir sem violência, em James Town:
“(...) estivera em atividade durante todo o
dia; mas sua preocupação era apenas com os açambarcadores do mercado, que
tinham comprado trigo em toda parte, para matar de fome os pobres e carregar um
navio holandês, que estava no cais; mas a turba trouxe-o todo de volta para o
mercado e vendeu-o pelos comerciantes ao preço comum. E isso fizeram com toda
calma e compostura imagináveis, sem atacar nem ferir ninguém.”[114]
A aceitação das mensagens
de Wesley e de seus companheiros, especialmente pela classe mais pobre, aconteceu
porque elas atingiram suas necessidades:
“Foi esta combinação de piedade e misericórdia
que deu à espiritualidade wesleyana a sua vitalidade e ministério. Essa
combinação impediu que as Sociedades Unidas se tornassem introvertidas e autossuficientes.
Wesley fez do mundo a sua paróquia e desejava que os seus seguidores fizessem o
mesmo.”[115]
Steve Harper, por isso,
define a espiritualidade wesleyana como espiritualidade social.[116] Ela
surgiu da ênfase de Wesley nos Atos de Piedade e Obras de Misericórdia.
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A atuação de Wesley junto aos pobres
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Ele teve um “profundo e
permanente compromisso com os pobres”.
Ele criou clínicas
populares e escolas, distribuiu alimentação, roupas e carvão, levantou ofertas
semanais, conseguiu empregos, escreveu um livro de remédios caseiros para
doenças comuns. Estimulava a visita aos pobres e doentes
Wesley deu atenção especial
aos pobres. Ele pregava na parte mais pobre e desprezível da cidade. Ele
teve um “profundo e permanente compromisso com os pobres”.[117]
Ele criou clínicas
populares e escolas, distribuiu alimentação, roupas e carvão, levantou ofertas
semanais, conseguiu empregos, escreveu um livro de remédios caseiros para
doenças comuns. Estimulava a visita aos pobres e doentes.
Sua vida foi uma completa
doação a Deus e ao próximo. “Estima-se que ele doou cerca de US$ 6 milhões (em
dólares atuais)”.[118]
Importante saber que Wesley
vendia seus livros e escritos. “Wesley
fez enormes somas com a pregação; a venda de seus escritos fez dele um dos
homens mais ricos da Inglaterra. Em uma época em que um homem solteiro podia
viver confortavelmente com £ 30 por ano, sua renda anual chegava a £
1.400”. [119]
Ele disse: “O dinheiro
nunca fica comigo. Me queimaria se o fizesse. Eu o jogo fora de minhas mãos o
mais rápido possível, para que não encontre seu caminho em meu coração”.[120]
Para seu conhecimento, veja
os sermões de Wesley sobre esse tema:
"O Perigo das
Riquezas"b) "Sobre as Riquezas"c) "Sobre o Perigo do
Aumento das Riquezas"d) "Causas da Ineficácia do Cristianismo"e)
"Sobre a Visita aos Enfermos"f) "Sobre o Zelo".[121]
Wesley teve uma compaixão
libertadora. A sua compaixão não gerava dependentes e sim agentes, líderes,
como os líderes de classe e pregadores.
Para uns, “Wesley deve ser
visto como um empreendedor compassivo – com a compaixão de um libertador e a
prática de um empreendedor, pois ele encorajou os crentes a participar
ativamente de atividades econômicas e reconheceu o empreendedorismo como uma maneira
sustentável e significativa de capacitar os pobres”. [122]
Como consequência, no
início do século XIX, diversos metodistas, na Inglaterra, contribuíram para a
formação da classe operária inglesa, dentre eles:
- Joseph Arch - fundou a
União Nacional de Trabalhadores Agrícolas;
- George Edwards - fundou a
União Nacional dos Aliados e Trabalhadores Agrícolas;
- Edward Bates Cowey -
pregador e presidente da Associação de Mineiros Yorkshire;
Samuel Finney - presidente
da Federação dos Mineiros - North Staffordshire.[123]
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Atuação junto aos mineiros
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Os colisores de Kingswood
eram considerados sem instrução, ingovernável, selvagem e grosseiro, mas os
sofridos colisores foram transformados pelo Evangelho pregado pelos metodistas
Os colisores de Kingswood
era Considerado um povo sem instrução, ingovernável, selvagem e grosseiro, os
sofridos colisores foram transformados pelo Evangelho pregado pelos metodistas.
João e Carlos Wesley
chamavam os trabalhadores das minas de carvão de colliders (colisores), o que
mantemos no livro. Os historiadores os chamam de carvoeiros ou mineiros.
Kingswood era um lugar onde
apenas os mais intrépidos ousavam pôr os pés.
Wesley registrou em seu
diário ministrações aos colisores de Coleford, Placey, Burslem, Madeley Wood,
South Biddick e Two-Mile-hill, que fica no extremo leste da cidade de Bristol,
a oeste de Kingswood, no sul de Gloucestershire.
Especialmente, Kingswood
foi o local onde o metodismo mais atuou inclusive criando uma escola, em 1748,
para os filhos dos mineiros das minas de carvão.
Wesley teve compaixão dos
colisores, que ele chamou de “pobres colisores” e procurou agir para
transformar suas vidas pelo poder de Deus, além dos cuidados sociais.
Os mineiros de carvão
viviam e trabalhavam em condições atrozes. Homens, mulheres e as crianças
trabalhavam longas horas nas minas.[124]
Um livro que retrata o
engajamento dos primeiros metodistas na vida dos mineiros oferecendo o
Evangelho libertador, o amor que transforma e um sentido para a vida daqueles
que viviam sem condições mínimas de uma vida saudável.
Wesley disse: “O cenário já
mudou. Kingswood não ressoa agora, como há um ano, com xingamentos e
blasfêmias. Não está mais cheio de embriaguez e impureza e os desvios ociosos
que naturalmente levam a isso. Não está mais cheia de guerras e lutas, de clamor
e amargura, de ira e invejas. Paz e amor estão lá”.[125]
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A atuação junto aos oleiros de Burslem
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Em Burslem o metodismo se desenvolveu muito bem até porque os vigários anglicanos não investiam na vida espiritual dos moradores locais
Burslem foi o centro das
olarias e da produção de cerâmica do país.
O busto de Wesley foi
moldado nessa cidade por um famoso oleiro local e até os dias de hoje é
encontrado e vendido no local ou pela internet.
Em Burslem o metodismo se
desenvolveu muito bem até porque os vigários anglicanos não investiam na vida
espiritual dos moradores locais.
Constantemente, Wesley e os
pregadores metodistas estiveram em Burslem. Não havia perseguição ou qualquer
polêmica, como era comum acontecer em outras cidades.
Wesley os chamava de
“pobres oleiros”.
Ele acompanhou a
transformação dos “oleiros selvagens” e a transformação da cidade nos primeiros
vinte anos em que foi pregar em Burslem.
Sua última pregação na
cidade foi em 1790, um ano antes de falecer.
Uma lenda sobre um busto
moldado de Wesley, que revela seu caráter e o seu coração misericordioso, foi
impresso e até na América foi espalhado.
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A atuação junto às crianças pobres
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“Tal era a prioridade que ele deu a isso que o viu como um papel vital
para os pregadores metodistas e questionou o chamado daqueles que argumentariam
que fazer isso não era seu papel”
John Wesley deu prioridade
no treinamento e educação das crianças no amor e conhecimento de Deus. “Tal era
a prioridade que ele deu a isso que o viu como um papel vital para os
pregadores metodistas e questionou o chamado daqueles que argumentariam que fazer
isso não era seu papel”.[126]
Na infância, Wesley viveu
em um ambiente onde a disciplina e a vida espiritual eram intensamente
praticadas.
Sua mãe, Susanna, foi sua
primeira professora. Foi grande sua dedicação e amor aos filhos e filhas. Isso
marcou e ensinou a Wesley.
Wesley amava as crianças.
Ele as conhecia pelos nomes, percebia suas atitudes e tocava nelas com carinho.
Destacamos dois livros
sobre Wesley e a educação das crianças:
“John Wesley e a educação
religiosa”, de Elmer L. Towns, Professor Associado de Educação Cristã, Trinity
Evangelical Divinity School, Deerfield, Illinois.
“John Wesley e a Educação
das Crianças: Gênero, Classe e Piedade”, de Linda A. Ryan. [127]
Carlos Wesley publicou “Hinos para crianças” e João Wesley “Instruções para
crianças”.
Wesley orientava que era
necessário "quebrar a vontade" da criança, a fim de alcançar a
obediência, que ele via como o fundamento para a formação da fé.
“Wesley via as crianças
como capazes de experimentar a plena graça de Deus e possuir a capacidade de
crescer na graça. Wesley também percebeu que a tendência natural de uma criança
era buscar seu próprio caminho e agradar a si mesma. Wesley exortou os pais e
ministros a quebrar a vontade da criança e movê-la de buscar desejos egoístas
para a obediência. Ele sugeriu que a obediência aos pais deve primeiro ser
alcançada antes que uma criança possa aprender a obediência a Deus e pediu que
a educação cristã que resultasse em obediência fosse consistente, pessoal,
suave, amorosa e guiada pelo Espírito”.[128]
No seu sermão “Sobre a
Educação das Crianças”,[129]
Wesley aborda sobre essa questão. Ele desejava a salvação das crianças.
Em 1740, ele disse: “Eu
preguei a Cristo, o caminho, a verdade e a vida, para mil criancinhas em
Kingswood”.[130]
Para ele, as crianças eram
“capazes de experimentar a plena graça de Deus e possuir a capacidade de
crescer na graça”.[131]
Ele também se preocupava em
dar o melhor conteúdo intelectual para as crianças pesquisando nos livros dos
melhores autores da época. Ele também escrevia as lições para a Escola de
Kingswood.
Suas atitudes e
providências para o bem-estar das crianças revelam seu grande amor.
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Combate às bebidas alcoólicas
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Wesley parece preocupado que a bebida pesada leve à perda de
autocontrole e a outros males, como violência e licença sexual
A questão econômica
Wesley também questionava e
combatia o uso da bebida alcoólica por questões econômicas especialmente para o
pobre.
Wesley afirmou que a metade
do trigo produzido no reino era “consumido a cada ano, não por uma maneira
tão inofensiva como jogá-lo no mar; mas convertendo-o em veneno
mortal - veneno que naturalmente destrói, não só a força e a vida, mas
também a moral de nossos compatriotas!”[132]
E conclui: “(...), mas como
o preço do trigo pode ser reduzido? Proibindo para sempre aquela bane
da saúde, aquele destruidor de força, da vida e da virtude, destilando.
Talvez só isso responda a todo o projeto...”.[133]
Wesley entendia a bebida
alcoólica como sendo prejudicial ao ser humano, mas ele foi além, pois a
questão era muito mais ampla.
A oposição de Wesley ao uso
generalizado de bebidas alcoólicas foi também econômica. “Metade do trigo
produzido na Grã-Bretanha ia para a indústria de destilação que tornava o trigo
caro e, por sua vez, tornava o pão caro e além dos meios dos muito pobres.
Wesley estava, na realidade, atacando a inflação. A carne cara foi causada por
cavalheiros agricultores achando mais rentável criar cavalos para exportação
para a França e para atender à crescente demanda por carruagens de cavalos.
Carne de porco, aves e ovos eram tão caros porque os proprietários de grandes
propriedades ganhavam mais com as culturas de dinheiro do que alugando terras
para pequenos agricultores inquilinos”.[134]
O teólogo metodista Helmut Renders[135] afirma que para Wesley, "todos
os que vendem bebidas a quem queira comprar são envenenadores do público".[136]
E Helmut Renders afirma
mais: “Como exemplo inaceitável de lucro, Wesley (1787, p.602 e ss.), cita a
produção e a venda de licores ou bebidas alcoólicas:
I.4 [Não] podemos ganhar,
prejudicando nosso próximo em seu corpo. Portanto, não podemos vender coisa
alguma que tenda a arruinar-lhe a saúde. Tal acontece eminentemente com aquele
fogo líquido, comumente chamado licor ou bebida alcoólica. É verdade que tais
bebidas podem ter aplicação na medicina; ... Prepará-las, portanto, e vendê-las
somente para esse uso [uso médico] pode ser ato que se pratique com a
consciência limpa. Mas quem assim procede? Quem prepara bebidas somente para
fins terapêuticos? Conheceis dez desses destiladores na Inglaterra? Então os
desculpai. Mas todos os que vendem bebidas ... a quem queira comprar, são
envenenadores do público. Assassinam por atacado os súditos de Sua Majestade,
sem dó nem piedade. Conduzem-nos ao inferno como um rebanho. E qual é seu
lucro? Não é o sangue desses homens?”.[137]
Wesley escreveu algumas
cartas para a Gazeta de Bristol falando dos prejuízos da bebida chamada lúpulo.
“O lúpulo (Humulus lupulus) é uma espécie herbácea com grande valor
econômico, sendo usada principalmente na indústria cervejeira”. [138]
“Wesley parece preocupado
que a bebida pesada leve à perda de autocontrole e a outros males, como
violência e licença sexual. Como em Isaías, há uma consciência das questões de
justiça social. Por exemplo, os "guardiões da taverna" podem explorar
a fraqueza dos pobres para se tornarem mais ricos, ao mesmo tempo em que
colocam os pobres ainda mais na penúria. O metodismo era, na época, conhecido
por ajudar as pessoas a sair da pobreza por meio de programas de
autoaperfeiçoamento. Wesley alertou contra os lucros obtidos com as
"tavernas", que a partir do contexto parecem ser lugares cuja
principal função era incentivar a embriaguez em vez de "pousadas" que
tinham um propósito mais geral”.[139]
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A luta de Wesley contra a escravidão
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Oh! Não se canse de fazer o bem. Continue, em nome de Deus, e com a
força do seu poder, até que a escravidão americana, a mais vil que já houve sob
o sol, se desvaneça diante desse poder. O servo que o estima, João Wesley
O que Wesley entendia sobre
escravidão?
No seu livro “Pensamentos
sobre a escravidão”, escrito em 1774 ele diz: “Por escravidão quero
dizer escravidão doméstica, ou de um servo para um mestre. Um escritor
engenhoso tardio observa: ‘A variedade de formas em que a escravidão aparece,
torna quase impossível transmitir uma noção justa dela, por meio da definição.
No entanto, existem certas propriedades que acompanharam a escravidão na
maioria dos lugares, pelo qual é facilmente distinguida
daquele serviço doméstico leve que obtém em nosso próprio país."[140]
E explica no livro de que
forma os negros se tornaram escravos:
“De que forma eles são
adquiridos? Parte deles por fraude. Capitães de navios de vez em quando,
convidaram negros para vir a bordo, e depois os levaram embora. Mas muito mais
foram adquiridos à força. Os cristãos aterrissando em suas costas, tomaram quantos
encontraram, homens, mulheres e crianças, e os transportaram para
a América. Foi por volta de 1551, que os ingleses começaram a
negociar com a Guiné: No início, por dentes de ouro e elefantes, mas logo
depois, para os homens. Em 1566, Sir John Hawkins navegou com dois
navios para Cabo Verde, onde enviou oitenta homens em terra para capturar
negros. Mas os nativos voando, eles caíram mais para baixo, e lá colocou os
homens em terra, "para queimar suas cidades e tomar os habitantes."
Mas eles encontraram com tanta resistência, que tinham sete homens mortos, e
levaram apenas dez negros. Então eles foram ainda mais para baixo, até ter
tomado o suficiente, eles seguiram para as Índias Ocidentais, e vendeu-os”.[141]
Wesley agiu energicamente
contra tal procedimento de um governo cristão, que permitia a existência da
escravidão na Inglaterra.
Ele se reuniu com líderes,
escreveu e pregou contra a escravidão.
Numa quinta-feira, dia 3 de
março de 1788, Wesley pregou contra a escravidão:
“Dei aviso de que, na
quinta feira, pregaria sobre o assunto muito discutido - A Escravidão.”[142]
No livro Pensamento Sobre a
Escravidão, assim Wesley se expressa: “Metade da riqueza de Liverpool é
derivada da execrável soma de todas as vilanias comumente denominadas comércio
de escravos. Desejo por Deus que o comércio de escravos nunca mais seja estabelecido.
Que nunca mais roubemos e vendamos nossos irmãos como animais, nunca mais os
assassinemos aos milhares e dezenas de milhares.”[143]
Outra atitude de Wesley foi
apoiar os grandes líderes do país, que lutavam para acabar com a escravatura.
Um dos líderes foi Guilherme Wilberforce para quem Wesley escreveu, entre
outras coisas, o seguinte:
“Meu caro senhor: a não ser
que o poder divino o tenha levantado para ser um athanasius contra mundum, não
posso ver como poderá o senhor terminar sua gloriosa empresa, opondo-se àquela
execrável vilania, que é o escândalo da religião, da Inglaterra e da natureza
humana. A não ser que Deus o tenha verdadeiramente levantado para esta obra, o
senhor será consumido pela oposição dos homens e dos demônios, mas, se Deus for
pelo senhor, quem lhe dará conta? São eles todos juntos mais fortes que Deus?
Oh! Não se canse de fazer o bem. Continue, em nome de Deus, e com a força do
seu poder, até que a escravidão americana, a mais vil que já houve sob o sol,
se desvaneça diante desse poder.
O servo que o estima, João
Wesley.”[144]
Sua luta também o fez
questionar grandes líderes evangélicos na época e também pessoas amigas, como
George Whitefield, que pertenceu ao Clube Santo.
Em 1751, George Whitefield
escreveu uma carta para Wesley. Whitefield procurou justificar a
necessidade da escravidão com textos bíblicos. Ele disse que “se a
Geórgia permite a escravidão, pode ser (no plano
de Deus) para a evangelização dos escravos”. [145]
Wesley argumenta contra a
opinião de Whitefield de que escravos são necessários porque os europeus não
podem trabalhar no calor. Wesley cita seu próprio exemplo e
experiência quando foi missionário na Geórgia e afirma, então, que os europeus
podem sim trabalhar no calor.
Mas Wesley vai mais longe e
afirma “que mesmo que os requisitos climáticos e trabalhistas exigissem uma
força de trabalho escravo, isso não justifica. Seria muito
melhor não ter mão-de-obra realizada do que escravizar os
inocentes”. [146]
Antes de falecer, Wesley
escreveu ao líder abolicionista Wilberforce para que ele não desistisse, mas
continuasse a lutar contra a escravidão: “Meu caro senhor: a não ser que o poder divino o tenha levantado
para ser um athanasius contra mundum, não posso ver como poderá o senhor
terminar sua gloriosa empresa, opondo-se àquela execrável vilania, que é o escândalo
da religião, da Inglaterra e da natureza humana. A não ser que Deus o tenha
verdadeiramente levantado para esta obra, o senhor será consumido pela oposição
dos homens e dos demônios, mas, se Deus for pelo senhor, quem lhe dará conta?
São eles todos juntos mais fortes que Deus? Oh! Não se canse de fazer o bem.
Continue, em nome de Deus, e com a força do seu poder, até que a escravidão
americana, a mais vil que já houve sob o sol, se desvaneça diante desse poder.
O servo que o estima, João Wesley.”[147]
Wesley ajudou na mudança da
opinião pública inglesa sobre a escravidão.
Ele foi um fator muito
significativo na abolição da escravidão britânica.
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A atuação no inferno das prisões
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Ele considerava a infame prisão de Newgate, em Londres como a abordagem
terrena mais próxima possível do inferno
Ele considerava a infame
prisão de Newgate, em Londres (onde agora estão os tribunais de justiça de Old
Bailey) como a abordagem terrena mais próxima possível do inferno
Visitando prisioneiros
condenados
“Último bom ofício aos
malfeitores condenados”
Wesley registra em seu
diário diversas visitas aos pros, especialmente, aos condenados à morte.
Na quarta-feira, dia 3 de
novembro de 1738, João e Carlos foram
fazer o último bom ofício aos malfeitores condenados”, disse
Wesley. “Foi o exemplo mais glorioso que já vi, de fé triunfando sobre o pecado
e a morte. Um observador que observava as lágrimas escorrerem rapidamente pelas
bochechas de um deles em particular, enquanto seus olhos estavam firmemente
fixos para cima, alguns momentos antes de morrer, perguntou: ‘Como você sente
seu coração agora?’ Ele calmamente replicou∣: ‘Eu
sinto uma paz, que eu não poderia ter sido ∣ ser
possível. E sei que é a paz de Deus, que excede todo o entendimento."[148]
“Deus dos meus pais,
aceita-me também entre eles”
Wesley disse: “Meu irmão aproveitou a ocasião de declarar o evangelho da paz, a uma grande assembleia de publicanos e pecadores. Ó Senhor Deus dos meus pais, aceita-me também entre eles, e não me expulse do meio das tuas crianças∣ filhos!”[149]
Oferecendo salvação aos condenados
Voltando da Alemanha, no domingo, 17 de setembro de 1738, Wesley estava na Inglaterra. Ele disse: “Comecei novamente a declarar em meu próprio país as boas novas da salvação, pregar três vezes e depois expor a Sagrada Escritura a uma grande companhia nas Minorias”.[150]
Sociedade e criminosos
Wesley listou o que fez:
“Na segunda-feira, alegrei-me por me encontrar com a nossa pequena sociedade,
que agora consistia em 32 pessoas. No dia seguinte, fui aos criminosos
condenados em Newgate e ofereci-lhes a salvação gratuita.
“Os piratas John Richardson e Richard Coyle
que foram enforcados”
A prisão de Newgaste
executava prisioneiros. Dentre os que foram executados em janeiro de 1738, estão:
Os piratas John Richardson e Richard Coyle
que foram enforcados em 25 de janeiro de 1738.[151]O crime de pirataria
é geralmente acompanhado de assassinato. Richardson, a ambos os crimes,
acrescentou o da fraude”.[152]
Richard Coyle elaborou um
plano segredo com Richardson para assassinar o capitão do navio onde
trabalhavam. Depois de executado o plano, Coyle, então assumiu o comando do
navio. Mais tarde, ambos foram presos.
Depois da prisão, à noite,
Wesley foi a uma sociedade em Bear-yard e pregou arrependimento dos pecados.
“Na noite seguinte, falei o ‘mais apaixonado’ em uma sociedade na rua
Aldersgate (...).”[153]
Na prisão de Bocardo
“Comecei a ler orações em Bocardo”
No domingo, dia 3 de
dezembro de 1738, Wesley escreveu em seu diário: “Comecei a ler orações em
Bocardo (a prisão da cidade) que há muito tempo estava descontinuada. À tarde,
recebi uma carta, desejando sinceramente, para publicar meu relato sobre a
Geórgia: e outra tão sinceramente me dissuadindo dela, "porque isso me
traria muitos problemas". Consultei Deus em sua palavra e recebi duas
respostas; o primeiro Ez. xxxiii. 2-6. O outro, portanto, suportas
dificuldades, como um bom soldado de Jesus Cristo”.[154]
Visitava uma vez por mês
“A Prisão de Bocardo”
“A Prisão de Bocardo
costumava estar ligada à torre de São Miguel da Porta Norte, que fazia parte da
antiga muralha da cidade”.[155]
Wesley costumava visitar a
prisão de Bocardo uma vez por mês, em Oxford. Em 1772, a prisão foi demolida.
Prisioneiros do Castelo
“Oportunidade de pregar mais uma vez aos pobres prisioneiros do Castelo”
Na quarta-feira, 14 de
março de 1739, Wesley disse: “tive a oportunidade de
pregar mais uma vez aos pobres prisioneiros do Castelo”. Na
quinta-feira, dia 15, “parti de manhã cedo e à tarde vim para Londres”, disse
Wesley.[156]
Pregando para presos condenados à morte
“Quarenta e sete estavam sob sentença de morte”
No domingo, 26 de dezembro
de 1784, Wesley disse: “preguei o sermão dos criminosos condenados em Newgate”,
disse Wesley. “Quarenta e sete estavam sob sentença de
morte. Enquanto eles estavam entrando, havia algo muito horrível no
tilintar de suas correntes. Mas nenhum som foi ouvido, nem deles nem da plateia
lotada, depois que o texto foi nomeado: "Há alegria no céu por um pecador
que se arrepende, mais do que noventa e nove pessoas justas, que não precisam
de arrependimento" (ver Lucas 15:7)”.[157]
A maioria dos prisioneiros estava em lágrimas
“Cinco dos quais morreram em paz”
“O poder do Senhor estava
eminentemente presente, e a maioria dos prisioneiros estava em lágrimas”, disse
Wesley. “Poucos dias depois, vinte deles morreram de uma só vez, cinco dos
quais morreram em paz. Não pude deixar de aprovar grandemente o espírito e o
comportamento do Sr. Villette, o ordinário; e regozijei-me ao ouvir que era o
mesmo em todas as ocasiões semelhantes”.[158]
Indulto para criminosos
“Talvez tenha sido em consequência disso que eles tiveram um indulto”
No sábado, 23 de dezembro
de 1786, “por grande importunação, fui induzido (tendo pouca esperança de fazer
o bem) a visitar dois dos criminosos em Newgate, que estavam sob sentença de
morte”, afirmou Wesley. “Eles pareciam sérios, mas eu posso colocar pouca
ênfase em aparências desse tipo. No entanto, escrevi em seu nome a um grande
homem; e talvez tenha sido em consequência disso que
eles tiveram um indulto”.[159]
Presos abandonados
“Agora ninguém que cuidasse de suas almas, nenhum para instruí-los,
aconselhá-los, consolá-los e edificá-los no conhecimento e no amor do Senhor
Jesus”
Na quarta-feira, dia 3 de
outubro de 1739, Wesley lamenta o abandono dos prisioneiros: “Tive um pouco de
lazer para ver a condição despedaçada das coisas aqui. Os pobres prisioneiros,
tanto no castelo como na prisão da cidade, tinham agora
ninguém que cuidasse de suas almas, nenhum para instruí-los, aconselhá-los,
consolá-los e edificá-los no conhecimento e no amor do Senhor Jesus.
Ninguém foi deixado para visitar as casas de trabalho, onde também costumávamos
nos encontrar com os objetos mais comoventes de compaixão”, [160]
disse Wesley.
“Não havendo nenhum agora,
seja para suprir, seja para atendê-lo”
E ele observou e lamentou
sobre as crianças pobres: “Nossa pequena escola, onde cerca de vinte crianças
pobres, de cada vez, haviam sido ensinadas por muitos anos, a ponto de serem se
separaram; não havendo nenhum agora, seja para suprir, seja para atendê-lo. E a
maioria dos que estavam na cidade, que uma vez foram unidos e fortaleceram as
mãos uns dos outros em Deus, foram dilacerados e ∣espetados no exterior. É hora de tu, Senhor, deitares
à tua mão![161]
Wesley tinha uma grande
compaixão pelos presos. Num período de nove meses, ele pregou, pelo menos, 67
vezes em diversas prisões. Ele considerava as prisões o berçário de todo tipo
de maldade.[162]
Um amigo dos prisioneiros
“Abordagem terrena mais próxima possível do inferno”
“Wesley era um amigo
constante dos prisioneiros. Ele considerava a infame
prisão de Newgate, em Londres (onde agora estão os tribunais de justiça de Old
Bailey) como a abordagem terrena mais próxima possível do inferno”.[163]
Como era considerada a
prisão de Newgate?
“Não havia lugar mais
sombrio neste planeta do que a prisão de Newgate e, como alguém escreveu uma
vez...’Foi, quase desde o início, um emblema de morte e sofrimento... um lugar
lendário, onde as próprias pedras eram consideradas 'mortais'... tornou-se associada
ao inferno, e seu cheiro permeava as ruas e casas ao lado."[164]
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O cuidado de Wesley com a saúde física e mental
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Wesley dava ênfase à dieta, exercício e descanso. Incentivava também o
banho frio e o uso de plantas e raízes para fins medicinais
Em 1747, ele
publicou Primitive Physick, ou um método fácil e natural de curar a
maioria das doenças
João Wesley se preocupava
com a saúde das pessoas. Ele não apenas cria no poder da oração para curar, mas
procurou publicar também livros de orientações populares sobre cuidados com a
saúde. Escreveu cartas e orientou pessoalmente.
Em 1747, ele
publicou Primitive Physick, ou um método fácil e natural de curar a
maioria das doenças.
“Esse volume encadernado de
119 páginas custou um xelim e se tornou um dos livros mais populares de sua
época, com 20 edições exigidas em 1781 e 36 em 1840”.[165]
João Wesley admirava os
famosos médicos contemporâneos Sydenham e Dover e foi muito influenciado
pelo Livro de Saúde e Longa Vida de Cheyne.[166]
“Ao considerar o interesse
de Wesley em saúde e cura, é útil lembrar que o estudo da medicina básica havia
se tornado parte do treinamento de Candidatos ao clero anglicano no século
XVII”.[167]
De diversas formas,
Wesley deu conselhos médicos práticos às pessoas de sua época.
“Ele publicou vários
outros trabalhos relacionados à manutenção ou restauração da saúde,
incluindo uma carta a um amigo sobre o chá (1748); O
Desideratum, ou eletricidade tornada simples e
útil (1760); Pensamentos sobre o pecado de Onan, extraído
principalmente deTissot] (1767); Conselhos sobre saúde, extraído de
[Tissot] (1769); “Extrato de [William] Cadogan no Gota ”(no vol. 26
de suas Obras , 1774); e uma estimativa das maneiras de
Present Times (1782)”. [168]
Wesley comunicou à
Sociedade Metodista seu desejo e projeto de distribuir remédios aos pobres: “
Cerca de trinta chegaram no dia seguinte e, em três semanas, cerca de
trezentos. Isso continuamos por vários anos, até que, com o número de pacientes
ainda aumentando, a despesa foi maior do que poderíamos suportar”. [169]
Nos seis primeiros
meses, foram atendidos cerca de 600 pacientes.
Ele era também
fascinado pelo corpo humano e “conduziu muitos experimentos consigo mesmo,
levando ao desenvolvimento de mais de 800 remédios para 300 doenças únicas, que
ele registrou em seu livro Primitive Physick.”[170]
A maioria dos
cristãos de sua época compartilhava a convicção de que Deus proveria cura do
corpo e da alma na ressurreição, mas para Wesley ambas as dimensões da cura
divina podem ser experimentadas no presente.
Wesley desenvolveu
ministérios que incluía um papel para mulheres e homens leigos locais nos do
dia-a-dia. “Dentro neste caso, era o escritório do "visitante
dos enfermos", de quem se esperava visitar membros doentes em sua área
três vezes por semana, para perguntar sobre o estado de suas almas e seus
corpos, e para oferecer ou obter conselhos para eles”.[171]
Wesley tinha um
cuidado especial com a saúde das pessoas. Ele recomendava exercícios.
Ele recomendava que o
exercício “deve sempre ser feito com o estômago vazio; e o banho frio era
recomendado como “grande vantagem” para uma boa saúde. “Promove a
transpiração, ajuda a circulação do sangue; e evita o perigo de pegar um
resfriado”.[172]
Em 1788, “Wesley
enviou uma carta para Samuel Bradburn, um dos pregadores leigos, que estava
cuidando do irmão seu Charles, que estava com a saúde debilitada: Com relação
ao meu irmão, aconselho-o: (1) Quer ele vá ou não, carregue o Dr. Whitehead para
ele. (2) Se ele não pode sair, e ainda assim deve fazer exercício ou
morrer, persuadi-lo a usar [o cavalo de madeira] duas ou três vezes por dia”.[173]
Wesley amadureceu, ao
longo do tempo, na compreensão dos problemas emocionais.
Passou a haver
uma ênfase madura de Wesley na ampla interconexão da saúde física
com saúde emocional e espiritual. [174]
Wesley dava ênfase à
dieta, exercício e descanso. Incentivava também o banho frio e o uso de plantas
e raízes para fins medicinais, etc.
Ele recomendava: “Use
uma dieta totalmente vegetal. Conheço uma que ficou totalmente curada
disso, vivendo um ano assim: tomava o café da manhã e jantava leite e água (com
pão) e comia nabos, cenouras ou outras raízes, bebendo água”.[175]
Ele disse: “Faça o
máximo de exercícios diários ao ar livre, sem cansaço”. [176]
§ “O devido grau
de exercício é indispensável para a saúde e vida longa.”
§ “Aqueles que
leem ou escrevem muito devem aprender a fazê-lo de pé; caso contrário,
isso prejudicará sua saúde.”
§ Para a tosse,
“faça um buraco no limão e encha-o com mel. Asse e pegue o suco. Tome
uma colher de chá disso frequentemente.”
§ Vá para a cama às 21h e levante-se entre 4h e 5h”.[177]
Uma outra dica sua: “Use
uma dieta totalmente vegetal. Conheço uma que ficou totalmente curada
disso, vivendo um ano assim: tomava o café da manhã e jantava leite e água (com
pão) e comia nabos, cenouras ou outras raízes, bebendo água”.[178]
Wesley também
reconheceu que o físico causa ou que contribui para muitos casos de doença
emocional/espiritual.
“Ele encorajou as
pessoas a ficarem longe de todos os alimentos em conserva, defumados e salgados
e a “adequar a qualidade e a quantidade dos alimentos à força da
digestão; levar sempre o tipo e a medida de comida que caem leves e fáceis
para o estômago”. [179]
“(...) incluía
remédios naturais para asma, calvície (cebola e mel), dores de ouvido, picadas
de abelha, pedras nos rins, vertigem e muito mais. Ele também inclui dicas
sobre como manter o bem-estar por meio de exercícios, uma dieta saudável e um
sono adequado.
Sob a liderança de
Wesley, pregadores e capelas metodistas eram conhecidos como distribuidores de
remédios para doenças, especialmente para aqueles que não tinham dinheiro para
ver um médico. Primitive Physick era sua referência primária”.[180]
“Fisica Primitiva ou Método Fácil e
Natural de Curar a Maioria das Doenças” foi escrito por João
Wesley.
Para Wesley, a saúde
física e espiritual estão intimamente conectadas.
“Em uma carta datada
de 26 de outubro de 1778, Wesley oferece este conselho revelador a seu amigo,
Alexander Knox. "Alleck ... será uma bênção dupla se você se entregar
ao Grande Médico, para que ele possa curar alma e corpo juntos. E, sem dúvida,
este é o seu desígnio. Ele quer dar-lhe ... saúde interior e exterior”.[181]
Wesley ensinava
constantemente sobre o amor de Deus como o grande remédio: "o amor de
Deus, pois é o remédio soberano de todas as misérias ... pela alegria indizível
e perfeita calma serenidade e tranquilidade que dá à mente ...
torna-se o mais poderoso de todos os meios de saúde e longa vida."[182]
Carlos Wesley
escreveu: “Um hino para alguém prestes a tomar seu remédio”. Um verso diz:
Salve, grande médico da humanidade,
Jesus, tu és de todos os males.
Saúde em Teu único Nome encontramos,
Teu nome no remédio cura.
Em 1746, ele inaugurou uma
clínica na Fundição para cuidar dos doentes.
“Em uma carta ao Vigário
Perronet datada de 1748, Wesley relata que em 5 meses, mais de 500 pessoas
passaram pela clínica e 71 ‘Foram totalmente curados de doenças que há muito se
pensava serem incuráveis’ (WJW Letters 8: 265)”.[183]
Wesley trabalhou para
aliviar o sofrimento dos pobres. Ele estabeleceu três clínicas gratuitas
em Londres, Bristol e Newcastle.
“Como parte de suas
investigações mais amplas, Wesley ficou fascinado pelo trabalho de Franklin e
Priestley sobre o valor clínico da eletricidade e usou uma máquina de fricção
(ainda a ser vista na Capela de Wesley em Londres), para fins terapêuticos sete
anos antes do Hospital Middlesex.”
Wesley tratou de 3.000
pacientes em dez anos e escreveu “The Desideratum ou Electricity made
Plain and Useful “, que foi elogiado por Priestley.[184]
Para entendermos a dimensão
do ministério de Wesley na saúde, Franklin Wilder escreveu
o livro: “O notável mundo de John Wesley, pioneiro em saúde mental”.
Em 1747, Wesley e uns
amigos foram observar os experimentos elétricos que estavam se tornando
populares. No princípio, Wesley ficou confuso com tais experimentos.
Em 1753, ele já estava
apaixonado pela ideia de usar a eletricidade para a cura dos doentes.
Após ver os experimentos de
Benjamin Franklin, Wesley relatou em seu Diário de 9 de novembro de
1756 que obteve um aparelho elétrico portátil. Ele escreveu: "Ordenei que
várias pessoas fossem eletrificadas, que apresentavam vários distúrbios; alguns
encontraram uma cura imediata, outros uma cura gradual. A partir deste momento
eu marquei, primeiro algumas horas em cada semana, e depois uma hora em cada
dia, onde qualquer um que o desejasse poderia experimentar a virtud7e deste
surpreendente medicamento. Dois ou três anos depois, nossos pacientes eram tão
numerosos que fomos obrigados a dividi-los; então parte foi eletrificada em
Southwark, parte na Fundição, outras perto de St. Paul e o resto perto de Seven
Dials. O mesmo método que adotamos desde então; e até hoje, embora centenas,
talvez milhares, tenham recebido um bem indescritível, não conheci um homem,
mulher ou criança que tenha sido ferido por isso”.[185]
Wesley escreveu que o
choque elétrico era benéfico para mais de 20 enfermidades, mas viu era mais
eficaz no tratamento de distúrbios nervosos.[186]
Wesley e os investigadores
perceberam que a eletricidade foram benéficas para o alivio do sofrimento
humano, mas Wesley sentiu que essas eram as leis de Deus que deveriam ser
usadas para todo fim legítimo.[187]
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A atuação junto aos palatinos
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"Ele descreveu aqueles que conheceu como pessoas ‘simples, sem
arte, sérias’. Por outras palavras, eles eram diretos e livres de enganos”
“Os Palatinos Irlandeses
eram ‘estrangeiros pobres’, refugiados de guerra e intolerância religiosa na
primavera/verão de 1709. Eles se originaram na Baixa Renânia da Alemanha e se
espalharam para a Inglaterra, Irlanda e América Britânica!”.[188]
Hoje Pallaskenry é uma vila
no condado de Limerick, na Irlanda.
A primeira visita foi no
dia 16 de junho de 1756. Wesley disse: “À tarde, fui para Ballingarrane, uma
cidade de Palatinos que veio no tempo da rainha Ana. Eles mantêm muito do
temperamento e dos modos de seu próprio país, não tendo nenhuma semelhança com
aqueles entre os quais vivem. Encontrei muita vida entre esse povo simples, sem
arte, sério”.[190]
“John Wesley sempre recebeu
calorosas boas-vindas dos Palatinos”
“John Wesley sempre recebeu
calorosas boas-vindas dos Palatinos, voltando a pregar entre eles várias vezes.
Os Palatinos eram famílias que vieram da Alemanha para a Irlanda em 1709, e que
se estabeleceram principalmente no Condado de Limerick”.[191]
16 de junho de 1756
23 de junho de 1758
9 de julho de 1760
4 de junho de 1762
14 de junho de 1765
21 de maio de 1767
7 de maio de 1778
13 de maio de 1789.[192]
Simples, sem arte, sérias
“Eles eram diretos e livres de enganos”
"Ele descreveu aqueles
que conheceu como pessoas "simples, sem arte,
sérias". Por outras palavras, eles eram
diretos e livres de enganos. Posteriormente, ele veio para a área no
decurso de outras treze viagens, às vezes incluindo Courtmatrix, Killeheen,
Kilfinnane, e em uma ocasião Adare”.[193]
Visita de Wesley a Adare
“Visitou Adare e arredores pelo menos dez vezes”
“Adare tem uma longa
tradição de adoração metodista, e dois séculos e meio atrás, John Wesley, o
fundador do metodismo, visitou Adare e arredores pelo menos dez vezes entre
1765 e 1778.
Uma forte tradição local
diz que John Wesley pregou sob um freixo perto das ruínas da Abadia Franciscana
em pelo menos uma dessas ocasiões. Uma pedra agora marca o local e, desde 1819,
os metodistas realizam uma reunião de campo todos os anos, na primeira
terça-feira de junho.
A primeira capela metodista
em Adare foi construída em 1794 no lado norte da estrada para Patrickswell, na
cidade de Gortnaganniff”. [194]
Nenhuma palavrinha ou palavrões
“Nenhuma
quebra de sábado, nenhuma bebedeira”
Wesley percebeu “que nas
suas comunidades não havia 'nenhuma palavrinha ou
palavrões, nenhuma quebra de sábado, nenhuma bebedeira, nenhuma casa de
cerveja', e que 'a sua diligência transforma toda a sua terra num jardim".[195]
A comunidade cresceu
“Parte foi para a América"
Em 1765, Wesley lamentou a
atitude de seu senhorio. "Como eles não podiam obter comida ou roupas
aqui, com toda a sua diligência ou frugalidade, parte está espalhada para cima
e para baixo no reino [da Irlanda] e parte foi para a América.”[196]
Em 1760, um grupo emigrou
para a América, dentre eles, Barbara Heck e seu primo Philip Embury, que tinha
sido um pregador local em Ballingrane, Irlanda.
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[1] Parte do livro foi retirado de minha tese de dourado
pela UMESP.
[2]“A Revolução Industrial havia trazido consigo uma
abominável exploração dos trabalhadores, que se amontoavam, em número
crescente, em bairros em que a aglomeração e o abandono tornavam insalubres e
moralmente corrompidos” (CAMARGO,
Gonzalo Baéz, Ibidem.p. 55).
[3] THOMPSON, Edward P. A Formação da Classe Operária
Inglesa. 1 v. Paz e terra, 1987, p.36.
[3] THOMPSON, Edward,
Ibidem, 2 v. p. 232.
[4] THOMPSON, Edward
P., Ibidem, 2 v. p.42.
[5] “The Birth of Methodism in England” (Halévy
pub Bonino, p.32).
[6] “Las Condiciones económico-sociales Del
Metodismo em la Inglaterra Del Siglo XVIII”
(Franz Hinkelammert apud Departamento Ecuménico de Investigaciones, 1983,
p.21).
[7] https://www.asa3.org/ASA/PSCF/1995/PSCF12-95Malony.html
[8] “Las Condiciones económico-sociales Del
Metodismo em la Inglaterra Del Siglo XVIII”
(Franz Hinkelammert apud Departamento Ecuménico de Investigaciones, 1983,
p.21).
[9] REILY, Duncan A. História
Documental do Protestantismo no Brasil. São Paulo, ASTE, 1984, p.9.
[10] Manfred Marquardt afirma que Wesley “aparentemente
(...) estava imbuído de uma tendência contemporânea pelo empirismo e seguiu
Locke em sua abordagem sobre as questões do conhecimento” (Redescobrindo o Sagrado. São Paulo: Editeo, 2000, p.18).
[11] REILY, Duncan
A. História Documental do Protestantismo
no Brasil. Ibidem, p.9.
[12] WALKER, Welliston. História da Igreja Cristã. 2 v. ASTE, São Paulo, [s.ed], [s.d],
p.190.
[13] Ibidem, p.190.
[14] Manfred Marquartd, entretanto, adverte: “Essas
referências às atitudes afirmativas e críticas de Wesley, a respeito do
iluminismo e do lugar da razão, podem nos fazer cautelosos contra julgamentos
precipitados acerca desse movimento filosófico, como sendo a fonte de todo o
declínio moral e da perda das crenças religiosas em nossas sociedades seculares
ou pós-modernas” (Redescobrindo o Sagrado, Ibidem, p.18).
[15]WALKER, Welliston,
Ibidem, p.11.
[16] Ibidem.
[17] Ibidem, p.203.
[18] ARRIGHI, Giovanni. O longo século XX. Editora Unesp,
1997, p.215.
[19] BONINO et al. Luta pela
vida e Evangelização. Ibidem, p.246.
[20] ARRIGHI, Giovanni, Ibidem, p.214.
[21] Ibidem.
[22] “Las Condiciones económico-sociales Del
Metodismo em la Inglaterra Del Siglo XVIII”
(Franz Hinkelammert apud Departamento Ecuménico de Investigaciones, 1983,
p.21).
[23] Ibidem.
[24] THOMPSON, Edward P.
A Formação da Classe Operária
Inglesa. 2 v. Paz e Terra, 1987,
p.22.
[25] HILL, Christopher. O mundo de ponta-cabeça. São
Paulo: Companhia Duas Cidades, 1991, p.65.
[26] THOMPSON, Edward
P., Ibidem, 1 v. p.64.
[27] ______. 2 v. p.23.
[28] ENSLEY, Francis
Gerald. João Wesley, o Evangelista.
São Paulo, Junta Geral de Educação cristã, 1960, p.10.
[29] REILY, Duncan Alexander. Metodismo brasileiro e wesleyano. São Paulo: Imprensa Metodista,
1981, p.148-53.
[30] THOMPSON, Edward
P. 1 v. Ibidem, p.64.
[31] Ibidem,
p.64-5.
[32] Ibidem, p.67.
[33] HILL, Christhoper, Ibidem, p.83.
[34] Ibidem, p.337.
[35] Ibidem, p.333.
[36] JOY, James Richard. O despertamento religioso de João Wesley. Instituto Metodista
Bennett, 1996, p.94.
[37] Ibidem, p.269.
[38] Ibidem.
[39]Para Gionanni Arrighi os ciclos sistêmicos de
acumulação são definidos como compostos de uma fase de expansão material
seguida por uma fase de expansão financeira
(O longo século XX. São Paulo:Editora Unesp, 1997,
p.90).
[40] Ibidem, p.6
[41] Ibidem, p.51.
[42] Ibidem, p.163.
[43] Ibidem.
[44] BONINO et al. Luta pela
Vida e Evangelização. Ibidem, p.34.
[45] Ibidem, p.36.
[46] JOY, James Richard, Ibidem, p.95.
[47] BONINO et al. Luta pela
Vida e Evangelização. Ibidem, p.34.
[48] THOMPSON, Edward P, 1 v. ibidem., p.73.
[49] Ibidem.
[50] Ibidem, p.77.
[51] WAKER, Welliston,
Ibidem, p.82.
[52] HEITZENHATER, Richard P. Wesley e o povo chamado Metodista. São Bernardo do
Campo-Rio de Janeiro: Editeo-Pastoral Bennett, 1986, p.4-5.
[53] Ibidem, p.6.
[54] Ibidem, p.9.
[55] REILY, Duncan A., Ibidem, p.12.
[56]JONES, D.M.Lloyde. Os
Puritanos. São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 1993, p. 254.
[57] WALKER, Welliston,
Ibidem, p.139.
[58] Ibidem, p.140.
[59] Ibidem, p.141.
[60] HILL, Christopher. Ibidem, p.52-3.
[61] VIDLER, Alec R. A
Igreja numa era de revolução. Lisboa: Editora Ulisséia Limitada, 1961,
p.137.
[62] HEITZENHATER,
Richard P., Ibidem, p.17.
[63] No reinado de Carlos II,na Inglaterra, várias
“provisões visavam a por os puritanos fora da Igreja” (WALKER, Welliston,
ibidem, p.155). “Pelo Primeiro Ato do Conventículo, de 1664, as penalidades
para quem comparecesse a um ofício não de acordo com o Livro de Oração e
freqüentado por cinco ou mais pessoas da mesma família eram: multa, prisão e
deportação definitiva. Pelo ‘Ato das Cinco Milhas’, de 1665, era proibido a
quem quer que fosse ‘em ordens sacras ou pretensas ordens sacras’ ou alguém que
tenha pregado num ‘conventículo’, e não haja feito juramento condenando a
resistência armada ao rei e assegurado não intentar ‘nenhuma alteração de
governo quer na igreja quer no Estado morar num raio de cinco milhas de uma
cidade incorporada ou dentro da mesma distância do lugar onde exercera o
ministério. A essas pessoas também era vedado ser mestre-escola – quase a única
ocupação à disposição de um ministro deposto. Estas e outras deliberações do
assim chamado ‘Código Clarendon ’não foram passíveis de estrita tolerância, mas
levaram às grandes perseguições aos dissidentes” (Ibidem, p.155).
[64] “Todos os que tinham funções militares ou civis, com
poucas exceções, vivendo dentro de trinta milhas de Londres, eram obrigados a
tomar a Ceia do Senhor conforme o rito da Igreja da Inglaterra ou o perder seus
postos” (Ibidem, p.156).
[65] WALKER, Welliston, Ibidem, p.141.
[66] HILL, Christopher,
Ibidem, p.99.
[67] WALKER, Welliston, Ibidem, p.160.
[68] HILL, Christopher,
ibidem, p.204.
[69] Ibidem.
[70] Ibidem, p.207.
[71] Ibidem.
[72] Ibidem, p.206.
[73] Ibidem, p.219.
[74] Ibidem.
[75] Ibidem, p.220.
[76] Ibidem, p.208.
[77] Ibidem, p. 225.
[78] Ibidem, p. 43-4.
[79] Ibidem, p.44.
[80] Ibidem, p.94.
[81] Ibidem, p.95.
[82] WALKER, Welliston,
Ibidem, p.160.
[83] HILL, Christopher,
Ibidem, p.95.
[84] WALKER, Welliston,
Ibidem, p.160-1.
[85] Ibidem.
[86] HEITZENHATER, Richard P., Ibidem, p.21
[87] Ibidem, p.23.
[88] Ibidem.
[89] Ibidem, p.24.
[90] Ibidem., p.24.
[91]“Notes Su L'
Anglaterre” (Monstesquieu apub Lelièvre, 1997, p.11).
[92] VIDLER, Alec R. Ibidem, p.36.
[93] LILIÈVRE, Mateo. João
Wesley – Sua vida e obra. São Paulo: Editora Vida, 1997, p.16.
[94] HEITZENHATER,
Richard P., Ibidem p.27.
[95] Ibidem, p.29.
[96] WESLEY, João. Trechos
do Diário de João Wesley, op. cit, p.210.
[97] HARPER, Steve, Ibidem, p.66.
[98] O motivo para Wesley organizar as sociedades era que
os convertidos precisam ganhar alimento imediato. Para ele, a pregação não
poderia produzir espiritualidade madura e muitos se perdiam ou ficavam
adormecidos. (Ibidem, p.64-65). Steve Harper cita livro de Samuel Emerick – Spiritual Renewal for Methodism
(Nashville:Methodist Evangelistic Material, 1958), p.2 – onde Wesley diz: “Eu
estava convencido do que nunca, de que pregar como um apóstolo, sem ajuntar os
que são despertados, e sem treiná-los os caminhos de Deus, era como conceber
filhos para o assassino. Quanta pregação não têm havido todos estes vinte anos
através de Pembrokeshire! Mas nenhuma sociedade regular, nenhuma disciplina,
nenhuma ordem ou conexão; e o resultado é que nove em cada dez despertos estão
agora mais adormecidos do que nunca” (HARPER, Steve, Ibidem, p.65).
[99] Ibidem.p.65.
[100] WALKER, Welliston,
Ibidem, p.203.
[101] Segundo Heitzenhater, “a restauração da monarquia sob
Charles II (convidado a voltar para o trono pelo próprio Parlamento)
significava o restabelecimento também da Igreja. A monarquia dos Stuart,
considerando-se autorizada por ‘direito divino’, seguiu o ritual tradicional de
auto-autorização através de uma série de atos do Parlamento (..) (HEITZENHATER,
Richard P., ibidem p.13). Charles I havia sido executado “diante de uma
multidão ávida por vingança, Charles foi ao encontro da morte com tal graça e dignidade
que, dez anos depois, após uma década sem monarquia e sem uma Igreja
estabelecida, mesmo as forças revolucionárias que formavam o Parlamento
reconheceram que a Inglaterra estaria melhor com a antiga forma degoverno do
que nascondições precárias, tanto políticas, como religiosas, que Oliver
Cromwell havia tentato dirigir (..) ( Ibidem, p.13). “A execução de Charles I,
em 1649, chamada, nos livros de orações posteriroes de ‘o Martírio do abençoado
Rei Charles o Primeiro’, cuja dignidade e conduta real naquela ocasião ajudou,
mais tarde, a reforçar a perspectiva de direito divino dos defensores dos
Stuart” (Ïbidem, p.14).
[102] A expressão Jacobitas vem de Henry Jacob (1553-1625). Ele foi
pastor em Oxford, depois foi para a Holanda. Em 1600 foi pastor de uma igreja
composta de exilados ingleses. Em 1604, escreveu Razões extraídas da Palavra de Deus e dos melhores testemunhos humanos
que provam a necessidade de reformar
a nossa Inglaterra. Em 1610, publicou Divino Princípio e a Instituição da
Verdadeira, Visível e Ministerial Igreja de Cristo. Em 1611, Jacob publicou outro livro onde afirma que ´o
governo da Igreja sempre deve ser com o
consentimento do povo´ (JONES, D.M.Lloyd, Os
Puritanos, Ibidem, p.159-180). Juntamente com outros teólogos “formularam
os princípios da posição independente ou congregacional não separatista, da
qual proveio o moderno congregacionalismo. Empenhados em evitar a separação da
Igreja da Inglaterra, trabalharam a favor de um sistema nacional de igrejas
congregacionais estabelecidas” (WALKER, Welliston, Ibidem, p.146). Henry fundou
uma igreja em Southwark, 1616, a primeira congregacional que ainda existe
Ibid., p.146). Os partidários de James, que fugiu para a frança onde esperava a
oportunidade de voltar ao trono inglês, passaram a ser chamados de ”Jacobitas”.
Depois de 1688, “os atos parlamentares tradicionais, se seguiam depois de uma
sucessão real, forçaram os seguidores da linha dos Stuart a uma decisão
difícil. Os bispo e outros líderes da Igreja que apoiavam James (e que foram
chamados de ‘Jacobitas’), mas que deviam assinar um voto de fidelidade ao novo
monarca, de acordo com o Ato de Supremacia, tiveram que escolher entre sua
consciência e seu benefício eclesiástico. Aqueles que foram incapazes de
assinar foram chamados de ‘não-jurados’ (nonjurors) e perderam suas posições na
Igreja e no governo. Em geral, os não-jurados representavam o maior segmento de
oposição à monarquia de William e Mary (HEITZENHATER, Richard P., Ibidem,
p.16)”.
[103] JOY, James
Richard, Ibidem, p.95.
[104] WILLIAMSON, Glen. Susana. Miami, EUA: Editora Vida, 1988, p.144.
[105] HEITZENHATER,
Richard P., Ibidem, p.151.
[106] Ibidem.
[107] Ibidem, p.161.
[108] Ibidem.
[109] Ibidem, p.37.
[110] THOMPSON, Edward
P, 1v. ibidem, p.42.
[111] WESLEY, João. Trechos
do Diário de João Wesley. Ibidem, p.108-9.
[112] Ibidem, p.110.
[113]Os motins contra Wesley e os metodistas foram, muitas
vezes, incentivados por párocos. Contudo, em 1789, quando João Wesley voltou a
Talmouth, depois de quarenta anos, aonde chegou a ser preso por um motim
imenso, agora todos olhavam para ele com amor e bondade (Trechos do Diário de João Wesley. Ibidem, p.56-63).
[114] THOMPSON, Edward P, 1 v. Ibidem, p.67.
[115] HARPER,Steve, Ibidem, p.78.
[116] Ibidem, p.79
[117]
https://www.amazon.com/Good-News-Poor-Evangelical-Economics/dp/0687155282
[118]
https://viewpoint.pointloma.edu/john-wesley-on-homelessness-and-poverty/
[119]
https://www.christianitytoday.com/history/issues/issue-19/four-lessons-on-money.html
[120]
https://bandonmethodist.org/practical-expression-of-methodist-beliefs/
[121] https://fmcic.ca/compassion-and-the-poor/
[122] https://philpapers.org/rec/BETJWC
[123]“O avivamento wesleyano e a classe operária inglesa”. Livro de Odilon Massolar Chaves, pela Amazon, 2019.
[124]https://www.buildingconservation.com/
articles/georgewhitefield/georgewhitefield.htm
[125] https://lexloiz.wordpress.com/2009/08/26/i-will-pour-out-my-spirit-–-a-mighty-move-of-god-in-bristol/
[126] “John Wesley, children, and the mission of god”, por
Peter Benzie.
[127]
A Dra. Linda Ryan foi estudante de doutorado no Oxford Centre for Methodism and
Church History e atualmente está escrevendo um artigo sobre
teleologia e as visões de Wesley sobre a
infância.https://ocmch.wordpress.com/2017/10/01/new-book-on-wesley-and-childrens-education-by-linda-a-ryan/
[128]https://journals.sagepub.com/doi/10.1177/073989131401100210?icid=int.sj-abstract.similar-articles.1
O Papel da Obediência na Formação da Fé da Criança: Insights dos Ensinamentos e
Práticas de John Wesley, por Colleen
R. Derr, Ed.D.Ver.
[129]https://www.resourceumc.org/en/content/sermon-95-on-the-education-of-children
[130]
https://www.sermonindex.net/modules/articles/index.php?view=article&aid=26141
[131]https://journals.sagepub.com/doi/10.1177/073989131401100210?icid=int.sj-abstract.similar-articles.1
[132]
https://nodrinking.com/john-wesley-word-to-a-drunkard/
[133] Idem.
[134]
https://www.morepartisanshipplease.org/a_Religious_Issue/John-Wesley_on_social-holiness.htm
[135] Professor da Faculdade de Teologia
e do Programa de Pós-graduação em Ciências de Religião/ Universidade Metodista
de São Paulo.
[136]
https://www.scielo.br/j/hcsm/a/pkFbnhc7GfQT7tXhjHVtY4P/
[137]
https://www.scielo.br/j/hcsm/a/pkFbnhc7GfQT7tXhjHVtY4P/
[138]
https://www.bing.com/search?q=lúpulo.&qs=n&form=QBRE&sp=-1&pq=lúpulo.&sc=8-7&sk=&cvid=D24D88A508084FE292229C60A7B7AE5B
[139]
https://ww.epworthinvestment.co.uk/investment-approach/ethical-policy-guidance/position-paper/alcohol-issues/
[140]
https://docsouth.unc.edu/church/wesley/wesley.html
[141] https://docsouth.unc.edu/church/wesley/wesley.html
[142] WESLEY, João. Trechos do Diário de João Wesley.
SP, Imprensa Metodista, p.190.
[143] LUCCOCK, Halford E. Linha de Esplendor Sem Fim.
JGEC, Imprensa Metodista, [s.d.], p. 31.
[144] LUCCOCK, Halford E. Linha de Esplendor Sem Fim.
JGEC, Imprensa Metodista, [s.d.], p. 30.
[145] http://www.digitalcommons.georgefox.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=1116&context=ccs
[146] http://www.digitalcommons.georgefox.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=1116&context=ccs
[147] LUCCOCK, Halford E. Linha
de Esplendor Sem Fim. JGEC, Imprensa Metodista, [s.d.], p. 30.
[148] Um extrato do diário do rev.
sr. John Wesley, de 12 de agosto de 1738 a 1º de novembro de 1739.
https://quod.lib.umich.edu/e/evans/N22587.0001.001/1:18?rgn=div1;view=fulltext
[149] Idem.
[150] Idem.
[152] Idem.
[153] Um extrato do diário do rev.
sr. John Wesley, de 12 de agosto de 1738 a 1º de novembro de 1739.
https://quod.lib.umich.edu/e/evans/N22587.0001.001/1:18?rgn=div1;view=fulltext
[154] Idem.
[155]
http://ukwells.org/wells/john-wesley-visiting-bocardo-prison
[156]
https://quod.lib.umich.edu/e/evans/N22587.0001.001/1:18?rgn=div1;view=fulltext
[157]
https://www.visionofbritain.org.uk/travellers/J_Wesley/19
[158] Idem.
[159] Idem.
[160] Um extrato do diário do rev. sr. John Wesley, de 12
de agosto de 1738 a 1º de novembro de 1739.
https://quod.lib.umich.edu/e/evans/N22587.0001.001/1:18?rgn=div1;view=fulltext
[161] Idem.
[162]
https://www.dunedinmethodist.org.nz/articles//view/john-wesley-action-and-compassion-beyond/
[163] Idem.
[164]
https://stephenliddell.co.uk/
2023/04/13/touching-a-doorway-to-hell-the-old-door-of-newgate-prison/
[165] https://hekint.org/2017/01/30/john-wesley-amateur-physician-and-health-crusader/
[166] https://hekint.org/2017/01/30/john-wesley-amateur-physician-and-health-crusader/
[167] https://core.ac.uk/download/pdf/37749078.pdf
[168] https://core.ac.uk/download/pdf/37749078.pdf
[169] https://hekint.org/2017/01/30/john-wesley-amateur-physician-and-health-crusader
[170] https://sites.duke.edu/theconnection/2014/10/13/health-tips-from-john-wesley/
[171] https://sites.duke.edu/theconnection/2014/10/13/health-tips-from-john-wesley/
[172] https://www.ministrymatters.com/all/entry/1349/john-wesley-on-health
[173] https://www.ministrymatters.com/all/entry/1349/john-wesley-on-health
[174] https://www.ministrymatters.com/all/entry/1349/john-wesley-on-health
[175] https://news.mhm.org/lifestyle-changes-and-population-health-the-words-of-john-wesley/
[176] https://news.mhm.org/lifestyle-changes-and-population-health-the-words-of-john-wesley/
[177] https://sites.duke.edu/theconnection/2014/10/13/health-tips-from-john-wesley/
[178] https://news.mhm.org/lifestyle-changes-and-population-health-the-words-of-john-wesley/
[179] https://www.ministrymatters.com/all/entry/1349/john-wesley-on-health
[180] https://www.resourceumc.org/en/content/wesley-and-physical-health-practicing-what-he-preached
[181] https://www.resourceumc.org/en/content/wesley-and-physical-health-practicing-what-he-preached
[182] https://news.mhm.org/lifestyle-changes-and-population-health-the-words-of-john-wesley/
[183] https://place.asburyseminary.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=2480&context=asburyjournal
[184] https://hekint.org/2017/01/30/john-wesley-amateur-physician-and-health-crusader/
[185] https://www.asa3.org/ASA/PSCF/1995/PSCF12-95Malony.html
[186] https://www.asa3.org/ASA/PSCF/1995/PSCF12-95Malony.html
[187] https://www.asa3.org/ASA/PSCF/1995/PSCF12-95Malony.html
[188]
https://historicgraves.com/story/ballyhoura-palatines-german-colony-south-limerick
[189]
https://www.facebook.com/wesleyinireland/
[190]
https://www.benner.org.nz/index.php/stories/benner-ireland-stories/204-the-palatines-in-ireland
[191]
https://www.facebook.com/wesleyinireland/
[192]
http://www.oldhaybaychurch.ca/wp-content/uploads/2017/05/2004-vol-12.pdf
[193] Idem.
[194]
https://www.facebook.com/AdareWalks/photos/a.457702334647023/1379501212467126/?type=3
[195]
http://www.oldhaybaychurch.ca/wp-content/uploads/2017/05/2004-vol-12.pdf
[196]
https://www.irishpalatines.org/about/methodism.html
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