O ministério de Wesley em meio à Revolução Industrial

 

 

 

Odilon Massolar Chaves

 


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Toda gloria a Deus!

Odilon Massolar Chaves é pastor metodista aposentado, doutor em Teologia e História pela Universidade Metodista de São Paulo.

Sua tese tratou sobre o avivamento metodista na Inglaterra no século XVIII e a sua contribuição como paradigma para nossos dias.

Foi editor do jornal oficial metodista e coordenador de Curso de Teologia.

Declaração de direitos autorais: Esses arquivos são de domínio público e são derivados de uma edição eletrônica que está disponível no site da Biblioteca Etérea dos Clássicos Cristãos.

Rio de Janeiro – Brasil

 

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Índice

 

 

·       Introdução

·       Destaques dos capítulos do livro

·       O contexto social, político e religioso

·       A atuação de Wesley junto aos pobres

·       Atuação junto aos mineiros

·       A atuação junto aos oleiros de Burslem

·       A atuação junto às crianças pobres

·       Combate às bebidas alcoólicas

·       A luta de Wesley contra a escravidão

·       A atuação no inferno das prisões

·       O cuidado de Wesley com a saúde física e mental

·       A atuação junto aos palatinos

 

 

 

 

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Introdução

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“O ministério de Wesley em meio à Revolução Industrial” é um livro de 83 páginas que trata sobre a atuação de João Wesley e do metodismo no contexto social, político e religioso na Inglaterra, no século XVIII.[1]

A influência do metodismo wesleyano na Inglaterra no tempo da Revolução Industrial, no século 18, foi reconhecida por grandes estudiosos.

O país vivia num caos. Era chamada a "nação selvagem". A revolução industrial trouxe progresso, mas também proporcionou desemprego.[2] 

Para o marxista Edward Thompson, o metodismo trouxe contribuição ao proletariado: “Não pode haver dúvida sobre a profunda devoção de muitas comunidades da classe operária (incluindo igualmente mineiros, tecelões, operários industriais, marinheiros, ceramistas e trabalhadores rurais à Igreja metodista).”[3]

Edward Thompson afirma: “(...) é-nos conhecido o argumento de que o metodismo foi indiretamente responsável por um aumento na autoconfiança e capacidade de organização do operariado.”[4]

Elie Halévy afirmou: “A Inglaterra foi poupada da revolução, a que as contradições de sua política e economia poderiam ter conduzido, pela influência estabilizadora da religião evangélica, particularmente o metodismo.”[5]

Destacamos no livro a atuação de Wesley junto aos pobres; junto aos mineiros; atuação junto aos oleiros de Burslem;

junto às crianças pobres; seu combate às bebidas alcoólicas; sua luta contra a escravidão; atuação no inferno das prisões; seu cuidado com a saúde física e mental; sua atuação junto aos palatinos.

O que aqui publicamos é apenas uma parcela da grande atuação do metodismo na Inglaterra no século XVIII.

 

O Autor

 

 

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Destaques dos capítulos do livro

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O contexto social, político e religioso

“É o século na qual a economia inglesa se transforma no centro da economia mundial; o século no qual o império colonial inglês se constituí no império dominante e na qual se acham as bases da industrialização inglesa.”[6] (Franz Hinkelammert).

A atuação de Wesley junto aos pobres

Ele teve um “profundo e permanente compromisso com os pobres”.

Ele criou clínicas populares e escolas, distribuiu alimentação, roupas e carvão, levantou ofertas semanais, conseguiu empregos, escreveu um livro de remédios caseiros para doenças comuns. Estimulava a visita aos pobres e doentes

Atuação junto aos mineiros

Os colisores de Kingswood eram considerados sem instrução, ingovernável, selvagem e grosseiro, mas os sofridos colisores foram transformados pelo Evangelho pregado pelos metodistas

A atuação junto aos oleiros de Burslem

Em Burslem o metodismo se desenvolveu muito bem até porque os vigários anglicanos não investiam na vida espiritual dos moradores locais

A atuação junto às crianças pobres

“Tal era a prioridade que ele deu a isso que o viu como um papel vital para os pregadores metodistas e questionou o chamado daqueles que argumentariam que fazer isso não era seu papel”

Combate às bebidas alcoólicas

Wesley parece preocupado que a bebida pesada leve à perda de autocontrole e a outros males, como violência e licença sexual

A luta de Wesley contra a escravidão

Oh! Não se canse de fazer o bem. Continue, em nome de Deus, e com a força do seu poder, até que a escravidão americana, a mais vil que já houve sob o sol, se desvaneça diante desse poder. O servo que o estima, João Wesley

 A atuação no inferno das prisões

Ele considerava a infame prisão de Newgate, em Londres como a abordagem terrena mais próxima possível do inferno

O cuidado de Wesley com a saúde física e mental

Wesley dava ênfase à dieta, exercício e descanso. Incentivava também o banho frio e o uso de plantas e raízes para fins medicinais

Wesley sentiu que essas eram as leis de Deus que deveriam ser usadas para todo fim legítimo.[7]

A atuação junto aos palatinos

"Ele descreveu aqueles que conheceu como pessoas ‘simples, sem arte, sérias’. Por outras palavras, eles eram diretos e livres de enganos”

 

 

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O contexto social, político e religioso

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“É o século na qual a economia inglesa se transforma no centro da economia mundial; o século no qual o império colonial inglês se constituí no império dominante e na qual se acham as bases da industrialização inglesa.”[8]

(Franz Hinkelammert).

 

Para compreendermos melhor as ideias e práticas de Wesley e do metodismo inglês, abordaremos de um modo geral a Inglaterra no século XVIII.

 Abordagem descritiva, não analítica, com o intuito de contextualizar o tema em apreço. Contudo é importante termos consciência de que isso é uma tarefa difícil. Como afirmou o professor Duncan Alexander Reily: “Caracterizar um século é tarefa árdua e arriscada.”[9]

Mas é fundamental entendermos como o metodismo nasceu, se desenvolveu e realizou sua missão em meio à revolução social, religião e política da época.

               

Contexto social

 

A partir da física de Isaac Newton (1642-1727), centrada na lei da gravitação universal, que tornou compreensível os movimentos de todas as partes do mundo físico, e da psicologia de John Locke[10] (1632-1704), a qual parecia desvendar os mistérios da mente humana, o século XVIII é conhecido como o Século das Luzes. Acompanhou o Iluminismo o conceito de religião natural, elaborado  por Edward Herbert (1583-1648) e o Deísmo, sendo o livro de Mattew Tindal (1657-1733), Cristianismo tão velho quanto a  criação (1730), conhecido como a bíblia dos deístas.[11]

Uma das consequências da expansão do iluminismo no fim do século XVI e início do século XVII foi o desenvolvimento do racionalismo na religião.[12]

 “O conhecimento recente de antigas civilizações e de outras religiões ampliou os horizontes humanos e os confrontou com outras culturas que não a cristã. A prova da verdade para Locke era a razoabilidade, no sentido de conformidade com o senso comum. Compreendia ele a moralidade como o conteúdo principal da religião.”[13]

Alguns filósofos passaram também a combater o cristianismo existente na Grã-Bretanha. Historiadores liberais como conservadores são quase unânimes em afirmar que o iluminismo[14] despertou uma crítica ao cristianismo e aos diversos relatos de milagres na Bíblia.

 “Toland, o superficial, combatia o Cristianismo por todos os meios que tinha ao seu alcance multiplicando seus livros e sofismas, e levando seus discursos inflamatórios tanto às tabernas como aos salões nobres. O elegante conde de Shaftesbury atacava fortemente a revelação divina (...). O fanático Woolston nos seus Discursos sobre os milagres, obra cuja venda chegou, segundo se diz, a trinta mil exemplares, atacou com violência os relatos dos evangelhos, declarando que não passavam de mitos e lendas (...”).[15]

Com o Iluminismo veio também a Revolução Industrial, que substituiu as ferramentas pelas máquinas e a energia humana pela energia motriz. No aspecto positivo da Revolução Industrial, a invenção da máquina de fiar e tecer trouxe grande desenvolvimento.

 “Com a invenção de máquinas mais eficientes de fiar e tecer, e com a aplicação da força (primeiro da água, e, depois de James Watt [1736-1819], do vapor) para propulsionar essas máquinas, nasceu o sistema de fábricas (substituindo a fabricação caseira que dominava até então) e divorciando a indústria do solo.”[16]

Foram várias as invenções ocorridas durante o século XVIII, que levaram o país de agrícola a industrial.

 “James Watt (1736-1819) patenteou a primeira máquina de fato a vapor, em 1769. James Hargreaves (?-1778) tirou patente, em 1770, da máquina de fiar. Richard Arkwright (1732-1792) inventou o fuso mecânico, em 1768. Edmund Cartright (1743-1823) inventou, em 1784, o tear. Josias Wedgwood (1730-1795) de 1762 em diante tornou efetivas suas olarias de Staffordshire.”[17]

Com essas mudanças, a Inglaterra tornou-se uma grande potência, o entreposto central do comércio mundial.[18] No começo do século XVIII, ela obtém o monopólio da comercialização têxtil de algodão hindu.

Como o maior produtor era a Índia, a Inglaterra passou a comprar a lã para revendê-la. Proporcionou modernização e a utilização de diversas pessoas como mão de obra barata:

 “Grandes massas de operários, e mesmo de crianças, são colocadas a serviço do ferro, do carvão de pedra e da grande indústria têxtil.”[19]

Ao ultrapassar a Holanda, depois da metade do século XVIII, a Inglaterra passa a deter a hegemonia econômica mundial, quando foi parte integrante de um processo contínuo de expansão, restruturação e reorganização financeira da economia mundial capitalista.[20] Ela deixa de ser subordinada e se transforma: “(...) na nova dirigente e organizadora da economia  capitalista mundial.”[21]

Franz Hinkelammert, durante o Primeiro Encontro de Teologia Protestante, na Costa Rica, entre 6 e 11 de fevereiro de 1983, afirmou: “Que representa o século XVIII para a Inglaterra? É o século na qual a economia inglesa se transforma no centro da economia mundial; o século no qual o império colonial inglês se constituí no império dominante e na qual se acham as bases da industrialização inglesa.”[22]

A crescente necessidade de matéria prima implicou numa mudança na estrutura agrária inglesa. A produção de alimentos deu lugar à produção de lã. Os grandes latifundiários transformaram suas fazendas em produtoras de lã. Os fazendeiros começaram a ocupar as terras cedidas aos agricultores para integrá-las às suas fazendas e transformá-las em fazendas de lã, utilizando menos mão de obra levando a expulsão de grande número de camponeses de suas terras.[23]

A desapropriação das terras proporcionou uma crise social enorme, que afetou grande parte da população trazendo desemprego em massa.

Segundo Edwards Thompson:  “Na agricultura, os anos entre 1760 e 1820 foram a época de intensificação dos cercamentos, em que os direitos a uso da terra comunal foram perdidos numa vila após a outra; os destituídos de terras e, no sul, os camponeses empobrecidos são abandonados às expensas dos granjeiros, dos proprietários de terras e dos dízimos da Igreja.”[24]

Muitos passaram a vaguear pela cidade procurando onde ficar. Para o historiador Christhoper Hill, a realidade social na Inglaterra, no final do século XVII, era alarmante:  “(...) por baixo da aparente estabilidade da Inglaterra rural, dos vastos e plácidos campos abertos que cativam o olhar, havia portanto a fermentação e mobilização dos invasores de florestas, dos artesãos e pedreiros itinerantes, de desempregados de ambos os sexos em busca de trabalho, de atores, menestréis e jograis ambulantes, bufarinheiros e charlatões, ciganos, vagabundos, vadios, concentrando-se principalmente em Londres e nas grande cidades.”[25]

Uma contradição enorme na Grã-Bretanha que passou a ter a hegemonia mundial, mas que vivia  grave crise social: “A expansão comercial, o movimento de fechamento das terras comunais, os inícios da Revolução Industrial - tudo ocorreu à sombra da forca. Os escravos brancos deixavam nossas costas para as plantações americanas e depois para a Terra de Van Dieman, enquanto Bristol e Liverpool enriqueceram com os lucros da escravidão branca; e os proprietários de escravos das plantações das Índias ocidentais transportavam sua riqueza para antigas linhagens genealógicas no mercado casamenteiro de Barth. Não é um quadro agradável. Nas profundezas, policiais e carcereiros apascentavam nos pastos do crime: o pagamento por assassinatos de encomenda, o dinheiro embargado pela justiça, o comércio de álcool para suas vítimas. O sistema de recompensa proporcional à gravidade do crime, oferecidas pela captura de ladrões, incitava-os a aumentar o delito dos acusados. Os pobres perdiam seus direitos na terra e eram tentados ao crime pela sua pobreza e pelas medidas preventivas inadequadas; o pequeno comerciante ou.” mestre de ofícios eram tentados à falsificação ou a transações ilícitas por temor à prisão por dívidas (...).”[26]

Para o historiador inglês Edward Thompson, a Revolução Industrial foi catastrófica para o povo: “O povo foi submetido, simultaneamente, à intensificação de duas formas intoleráveis de relação: a exploração econômica e a opressão política. As relações entre patrões e empregados tornaram-se mais duras e  menos pessoais (...).”[27]

Segundo o metodista Francis Gerald Ensley, no século XVIII, a conduta moral de uma grande parte era irregular, na Inglaterra: “A Bretanha estava nas garras de uma Idade do Gelo, mais conhecida na história como a Idade da Razão. Muitos consideravam morta a organização Eclesiástica e também a vida cristã (...). A moral era baixa, como resultante. Os estadistas proeminentes eram incrédulos e distinguiam-se pela conduta irregular, enquanto as massas pobres eram ignorantes e brutais num grau de difícil descrição.”[28]

Entre os problemas sérios na sociedade inglesa, o historiador metodista Duncan Alexander Reily cita alguns e afirma que havia imoralidade ente os altos oficiais do governo; o jogo havia se tornado quase um passatempo; o alcoolismo era um problema tremendo; a recreação era bárbara em geral; o roubo de todo tipo era comum, etc.[29]

Como consequência de toda uma insatisfação social, a lei era odiada e desprezada. O movimento de resistência à lei tomava a forma de atos individuais e de insurreições esporádicas. O povo inglês era conhecido pela sua turbulência e o povo de Londres pela sua falta de respeito.[30]

Diversos motins surgiram por questões sociais e econômicas: “(...) ocasionados pelos preços do pão, pelos pedágios e portagens, impostos de consumo, 'resgates', greves, nova maquinaria, fechamento das terras comunais, recrutamentos e uma série de outras injustiças.”[31]

Motins famosos por causa de alimentos foram os registrados na Feira do Ganso em Nottingham, 1764, e ficou conhecido como o "Grande Motim do Queijo", quando queijos inteiros rolaram pelas ruas. Na mesma cidade, houve o motim provocado pelo alto preço da carne, em 1788. O povo arrancou as portas e venezianas dos açougues,  que foram incendiados.[32]

 

Contexto político

 

A situação política na Inglaterra, no século XVIII, era tranquila, em comparação ao século anterior, quando houve guerra civil[33] e o rei Carlos I  foi destituído e morto em 9 de fevereiro de 1649.[34]

A partir de 1688, o sistema político inglês caminhou para a política de clientela, que consistia na manipulação dos favores e ameaças. Os favores consistiam em salvar uma pessoa da cadeia ou forca.[35]    

“Os conflitos políticos e religiosos do século anterior não somente produziram cicatrizes, mas deixaram ainda feridas abertas a sangrar. A tirania Stuart somente terminou com a guerra civil e morte do rei(1649), A Comunidade de Cromwell (1649-1660) e a expulsão final de James II pela Revolução Protestante de 1688, causaram ódios, derramamento de sangue, o exílio ou morte de muitos homens de caráter e capacidade, em todos os partidos, e o consequente empobrecimento da nação.”[36]

A ilha da Grã-Bretanha, no século XVII, e, consequentemente, parte do século XVIII, apresentava um quadro peculiar na corte: “Na Inglaterra do século XVII era elegante ir ao hospício de Bedlam ver os pobres lunáticos; no teatro isabelino e especialmente no do rei Jaime são frequentes as máscaras de loucos dançando. Bobos da corte, ou bobos de casas aristocráticas, fazem parte desse panorama mais amplo; é de se perguntar se eles seriam sempre tão espirituosos como os de Shakespeare, embora não haja dúvida de que eventualmente alguns homens muito sagazes representavam o papel de bobo para ganhar a vida. Alguns governantes inteligentes, ouvindo os seus bobos, talvez tenham conseguido varar a barreira de cortesãos bajuladores que se interpunha entre eles e a opinião pública. Mas foi certamente um progresso que Henry Barrow, separatista radical, criticasse por razões de princípio a prática de os bispos manterem bobos para se divertirem. Os Stuart foram os últimos monarcas ingleses a terem bobos da corte; e o ultimo bobo que sabemos ter servido a uma família senhorial na Inglaterra morreu em 1746, em Durham, no.” mesmo ano em que fracassou a derradeira tentativa de restaurar a dinastia Stuart.”[37]             

A situação política voltou ao normal quando o príncipe Charles  derrotado em abril de 1746.[38]

A partir de meados do século XVIII, a Grã-Bretanha passa a deter a posição central na economia mundial. Segundo Giovanni Arrichi, isto ocorre no contexto do ciclo sistêmico de acumulação.[39]

O ciclo genovês vai do século XV ao início do século XVII; o ciclo holandês, do fim do século XVI até decorrida a maior parte do século XVIII; o ciclo britânico, da segunda metade do século XVIII até o inicio do século XX.[40]

A Grã-Bretanha disputava com a França a supremacia mundial.  Quando ela venceu a Guerra dos Sete Anos (1756-1763), estava encerrada a luta com a França pela supremacia,[41] contudo, não ainda mundial.        

Segundo Giovanii Arrighi, isso se deu após a perda da colônia na América. Os norte-americanos haviam vencido os ingleses com o apoio dos franceses em aliança com os holandeses. Posteriormente, houve retaliação britânica à Holanda após a Guerra da Independência dos EUA causando  assim a aniquilação do  poderio marítimo holandês com as consequentes perdas em seu império nas Índias Orientais. Em consequência, uma crise que vinha minando o mercado financeiro de Amsterdam, desde 1760,   roubou-lhe a posição central na economia mundial, que passou à Grã-Bretanha.[42]   

Para Giovanni Arrighi, a Inglaterra/Grã-Bretanha ‘tornou-se’ uma ilha poderosa através de um árduo processo bissecular de ‘aprendizagem’ sobre como transformar uma desvantagem geopolítica fundamental, na luta continental pelo poder diante da França e da Espanha, numa vantagem competitiva decisiva na luta pela supremacia comercial no mundo.[43]

Havia dois partidos políticos na Inglaterra do século  XVIII.

 “O partido Tory era conservador, enquanto o partido Whig era favorável a reformas e ao progresso; era liberal com preocupações sociais.”[44]

O fato é que a Inglaterra do século XVIII, politicamente foi tolerante, em relação ao século anterior onde houve constante luta.[45] Mas os nervos de muitos estavam abalados pela catástrofe política do século anterior.[46]

Havia um governo monárquico, que tinha uma certa tranquilidade em governar com o partido Tory.[47]

Contudo, a fermentação social trouxe dificuldades para o Governo, quando surgiram as turbas, que lutavam pelos seus direitos, como a turba de Londres, em 1760, que ficou fora do controle das autoridades:

“Num certo sentido, era uma turba de transição, em vias de se tornar uma multidão radical autoconsciente; o fermento da Dissidência e da educação política entrava em ação, dando ao povo uma predisposição para assumir a defesa das liberdades populares, desafiando as autoridades, em 'movimentos de protesto social, onde o conflito subjacente dos pobres contra os ricos’ (...) é claramente visível.”[48]

Esses protestos assumiam um tom republicano e revolucionário, quando o povo dizia slogans como: Maldito seja o Rei! Maldito seja o Governo! Malditas sejam as Justiças![49]

A última grande ação de uma turba, no século XVIII, ocorreu em 14 de julho de 1791, em Birmingham, quando reformadores da classe média comemoravam a tomada da Bastilha, na Revolução Francesa. Naquela noite, e nos três dias seguintes, casas de cultos, lojas e casas foram saqueadas e incendiadas, especialmente os dissidentes ricos foram as principais vítimas.[50]

 

Contexto religioso

 

O surgimento do protestantismo na Inglaterra teve origem em uma disputa do rei Henrique VIII com a Igreja de Roma. De "defensor da fé", título que recebeu do Papa por defender o catolicismo contra os escritos de Lutero, o rei da Inglaterra passou a ser visto como um herege pela atitude de se separar da Igreja Católica e assumir a liderança como "cabeça da Igreja" na Inglaterra.[51]

 “O Parlamento da reforma (1532-35) estabeleceu uma forma Erastina de governo, isto é, eles proclamaram Henrique VIII como cabeça tanto da Igreja como do estado na Inglaterra (pelo Ato de Supremacia) e constituíram a Igreja da Inglaterra como a religião oficial do estado e uma parte integrante da estrutura política.”[52]

Com o rei Eduardo VI, a Igreja Anglicana adotou o Livro de Oração Comum, em 1549, e os 42 Artigos de Religião (depois mudados para 39 Artigos).[53] Em 1595, Richard Hooker escreveu Of The Laws of Ecclesiastical Polity (Das leis do estabelecimento Eclesiástico) promovendo uma exposição da estruturação e da doutrina da Igreja.[54]

Os protestantes que não estavam vinculados à Igreja do Estado, eram conhecidos com dissidentes ou não-conformistas (mais tarde conhecidos como Igrejas Livres).[55]

Entre 1553-1558,[56] a Inglaterra foi governada por Maria Tudor. Durante esse período, muitas pessoas se exilaram e sofreram influência do protestantismo em Genebra, Zurique e Frankfort. Após sua morte, voltaram com um protestantismo mais radical, zeloso e que tinham a Bíblia como autoridade por excelência superando toda pretensão da Igreja de ser a intérprete ou ter a sua custódia.

Pelo desejo que tinham de purificar a Igreja passaram a ser chamados de “puritanos.”

“Queriam banir dos ofícios o que criam ser um remanescente de superstição romanista e desejavam para cada paróquia um pregador zeloso, espiritual. Em particular, eram contrários às vestes clericais (...) opunham-se ao ajoelhar para receber a Ceia do Senhor, dizendo que tal atitude implicava adoração da presença física de Cristo; combatiam o uso de alianças no casamento, tendo-o como continuação do conceito do matrimônio como um sacramento; fazer o sinal da cruz no batismo, como superstição.”[57]

A partir do puritanismo e com o apoio de simpatizantes, como professores da Universidade de Cambridge, as idéias separatistas se desenvolveram. Um dos líderes do puritanismo foi Thomas Cartwright (1535 ?-1603).[58]

Eles e seus companheiros puritanos se opunham à separação da Igreja oficial da Inglaterra. Queriam introduzir a disciplina e as práticas puritanas e esperar as reformas do governo. Alguns não quiseram esperar tal mudança. Eram os separatistas, dentre os quais se encontravam os adeptos da política congregacional.[59]

“Os separatistas insistiam em que os ministros deviam ser eleitos pela congregação de seus fieis e pagos por contribuições voluntárias destes (...). Defendiam a tolerância para todas as seitas protestantes, repelindo a censura eclesiástica e todas as formas de jurisdição eclesiástica, em favor de uma disciplina interna às congregações, sem o aval de nenhuma sanção coercitiva (...). O seu programa implicaria em destruir a Igreja nacional, deixando a cada congregação a responsabilidade de seus negócios e havendo apenas um tênue contato entre as diversas congregações (...).” [60]

Mais tarde, então, surgiram os chamados, não-conformistas, dissidentes ou Igrejas-Livres. Estes incluem os Congregacionalistas ou Independentes, os Batistas e os Presbiterianos, por um lado, com os Quacres e os Unitários por outro lado.[61]

Os Puritanos tinham uma forte influência pietista.

“Os puritanos frequentemente portavam uma preocupação tipicamente calvinista, a promoção da piedade individual, a qual se tornou, então, característica de muitos não-conformistas.”[62]    

Quem não pertencia à Igreja oficial sofria os efeitos do Código Clarendon (1661-65)[63] e da Lei de Provas (1672)[64], cujo objetivo era forçar a uniformidade religiosa na Inglaterra. Eram impedidos de exercerem o poder político e ainda tinham que pagar dízimos para o sustento do culto anglicano.[65]

A maior parte dos ingleses vivia, no século XVII, em um mundo mágico. Para eles, Deus e o demônio intervinham diariamente - um mundo de feiticeiras, fadas e encantamentos.[66]

O fato é que durante os anos de 1640 a 1650 surgiram movimentos sectários, na Inglaterra:

 “Alguns deles como os Levellers e os Diggers, formaram seitas tanto religiosas como políticas. Outros fortemente demonstraram tendências milenáristas (relativo ao milênio), especialmente os Homens da Quinta Monarquia. Ainda outros revelaram inclinações místicas, tais como os Seekers e os Finders.”[67]

Dentre as seitas estavam os Ranters, grande parte dos quais eram artesãos: “(...) um bom número dos seus partidários foi recrutado entre artesãos itinerantes, que se viram libertos durante a Revolução das peias que caracterizavam o sistema de trabalho interior - homens que não tinham amarras e estavam prestes a romper com a tradição.”[68]

Os Ranters não formavam, necessariamente, uma congregação que se reunia para cultos:“(...) grande população móvel e itinerante de pequenos cottagers expulsos de sua terra, alguns camponeses, outros artesãos, que lentamente iam sendo atraídos pelas grandes cidades, onde se sentiam como estranhos, dispostos assim (às vezes) a se integrarem em grupos religiosos que rapidamente se radicalizavam.”[69]

Para eles, o juízo final  era coisa inventada e a vida após a morte não existia:[70]

“(...) vinda de Cristo significa a vinda aos homens por intermédio do seu espírito. Quando ele assim integrar nos corações dos homens, estes não precisarão mais de socorros tão baixos a eles ministrados de fora.”[71]

Um Ranter, Joseph Salmon, escreveu o folheto  Anti-Christ in Man (O Anti-Cristo no homem),  em 1647. Ele afirmava que  não precisamos ir a Roma, Cantuária. A luz natural reside no homem, sob o nome de Cristo. [72]

Salmon foi preso em 1650. Foi solto com a promessa de se retratar. Foi a Barbados, onde teve dificuldades de organizar uma congregação Anabatista, em 1682.

Jacob Baythumley publicou The Light end na Darh  Sides of God (Luzes e trevas em Deus), 1650.  Para ele, o inferno e o demônio estão dentro de nós. Não devíamos guiar–nos pela Bíblia e sim pelo Espírito de Deus que temos em nós. [73]

Em 1650, os Ranters eram conhecidos como coppinistas ou claxtinianos. Richard Coppin foi pastor anglicano até 1648. Ele escreveu Divine Teachings (ensinamentos divinos), em 1649. Foi a obra mais influente junto aos Ranters. Coppin foi celebrado como sucessor de Joseph Salmon. Em 1655, Coppin foi preso por causa de suas pregações.[74] Ele tratava como alegóricas as histórias da Queda e do Dia do Juízo. [75]

A Lei de 9 de agosto de 1650 contra as blasfêmias visava especialmente os Ranters. As penas eram severas: seis meses de reclusão, banimento em caso de reincidência e morte  se o banido se recusasse a deixar o pais ou retornasse clandestinamente.[76] Os blasfemadores foram tratados com rigor pelo Exército e obrigados a deixarem suas fileiras, como Joseph  Salmon.

 “Já que os ranters nunca tiveram qualquer organização, ao que sabemos, é difícil afirmar que fim levou a massa dos fiéis depois que foram detidos seus líderes, em 1650 e 1651.”[77]

Uma outra seita chamava-se Anabatista ou ainda Familistas ou Membros da Família do Amor. O familismo foi difundido na Inglaterra graças a um marceneiro itinerante de origem holandesa – Christopher Vittels.

“A principal doutrina anabatista era que as crianças não deviam ser batizadas. A aceitação do batismo - isto é, a recepção na Igreja – tinha de ser o ato voluntário de um adulto. Isso claramente subvertia o conceito de uma Igreja Nacional, à qual todo inglês, toda inglesa pertencia; ao invés desta, propunha a formação de congregações voluntárias por aqueles que acreditavam ser os eleitos. Logicamente, um anabatista tinha de objetar ao pagamento de dízimos, os dez por cento dos ganhos de cada um que, pelos menos teoricamente, serviam para sustentar os ministros da Igreja estatal. Muitos anabatistas recusavam-se também a prestar juramentos, pois não admitiam que uma cerimônia religiosa servisse para finalidades judiciais e seculares; outros rejeitavam a guerra e o serviço militar (...). O nome veio a ser usado num sentido pejorativo genérico, para referir-se àqueles que, creditava-se, opunham-se `ordem social e política vigente.”[78]

Os familistas ou membros da Família do Amor eram seguidores de Henry Niclaes, nascido em Munster, em 1502, que pregou que o céu e o inferno haviam de se encontrar nesse mundo.

 “Acreditavam que os homens e mulheres pudessem resgatar, na terra, o estado de inocência que existia antes da Queda (...). Punham em comum as suas propriedades, pensavam que todas as coisas se produziam segundo a natureza, e que só o espírito de Deus, presente no fiel, pode compreender corretamente as Escrituras.”[79] 

Existiram ainda outras seitas, como a dos grindletonianos. Foi a única seita inglesa que deve o seu nome a um lugar e não a uma pessoa ou a um conjunto de crenças (...).[80] 

A congregação de fiéis desenvolveu diversas heresias. Entre elas, afirmavam:

 “(1) Devemos confiar mais num ímpeto que nos venha do espirito do que no próprio Verbo; (2) é pecado crer no Verbo (...) faltando um ímpeto do espírito(3) o filho de Deus afetado pelo poder da graça desempenha tão perfeitamente cada um dos seus deveres, que seria pecado ele pedir perdão por qualquer falta que cometesse, tanto quanto à forma como quanto ao fundo (...).”[81]

Mas de todos esses movimentos um dos mais notáveis produtos das guerras civis na Inglaterra foi os Quacres, chamados também de Sociedade dos Amigos. [82]

Seu fundador foi Jorge Fox (1624-1691), que procurava ansiosamente a realidade espiritual, o que aconteceu em 1646.

 “Daí lhe veio a firme convicção de que toda criatura recebe do Senhor uma porção de luz e que se esta ´Luz Interior´ é seguida, ela seguramente leva à Luz da Vida e à verdade espiritual.”[83]

Contrário ao formalismo, sua crença se baseava na imediata inspiração do Espírito Santo. Os elementos externos eram condenados. Os sacramentos são verdades interiores e espirituais. Os títulos artificiais, como Rei,  Juiz deviam ser rejeitados. A guerra é ilícita e a escravidão incompatível.[84]

Eles viviam em extrema vigilância do comportamento dos membros. Os Quacres foram perseguidos, mas o Ato de Tolerância, em 1689, lhes deu liberdade. Fox morreu em 1691. [85]

Grande importância também tiveram as Sociedades no desenvolvimento da  religiosidade na Inglaterra. 

As sociedades adquiriram grande importância na Inglaterra, no século XVII. Elas procuravam preencher o vazio espiritual do povo inglês. Em certo sentido, elas se pareciam aos collegia pietatis de Spener. Eram compostas, especialmente, por participantes da Igreja oficial.

 “Iniciadas por Anthony Horneck, na década de 1670, as sociedades religiosas eram também formadas de pequenos grupos de leigos, que representavam uma fusão quase espontânea de moralismo e devoção, zelosos de promoverem a real santidade (...).”[86]

As sociedades tinham a função de promover a verdadeira santidade, mas também promoviam algumas causas de caridade, combatendo a pobreza e o analfabetismo, por exemplo.[87]

Acreditavam que a solução para a mudança da sociedade era a mudança individual de cada pessoa. Por essa razão promoviam o esforço individual de uma vida de piedade.[88] Não tinham preocupação com a evangelização e crescimento.

Mais tarde, surgiram outros grupos, como a Sociedade para a Reforma de Costumes, em 1691.

 “Preocupada com a moralidade da vizinhança, esta sociedade foi designada para encorajar e ajudar os magistrados a executarem seus deveres no cumprimento das leis a respeito de ofensas morais, especialmente ´profanação e devassidão.”[89]

Outra sociedade surgiu - A SPCK (Sociedade para a Propagação do Evangelho). Esta sociedade  procurou atacar o que considerou a raiz do problema: a ignorância. A SPCK procurou desenvolver canais para a educação do povo.

“O programa da SPCK consistia principalmente em estimular o estabelecimento de escolas de caridade para ensinar os pobres, promovendo a disseminação de bibliotecas de empréstimo e visitando os presos para dar-lhes instrução e livros, além de prestar-lhes assistência religiosa.”[90]

Os sermões eram, geralmente, sobre as virtudes morais.         Segundo o historiador Mateo Lelièvre, a Inglaterra apresentava um aspecto sombrio em sua religiosidade. Ele cita Montesquieu:“Não ha religião na Inglaterra; quatro ou cinco membros da Câmara dos Comuns frequentam a missa ou o culto oficial. Se por ventura alguém falar em Deus, todos riem.”[91]

Alec Vidler afirma que a Igreja Anglicana era quase sem expressão na vida do povo:“Conservadora sem ser teológica. Pensava-se pouco em problemas doutrinários. A religião, como se ensinava na Igreja Anglicana, significava obediência moral ao desejo de Deus.”[92]

Havia homens sábios e talentosos na Igreja Anglicana, no século XVIII, como os teólogos Guilherme Sherlock, Daniel Waterland, o bispo Butler e o cônego Prideaux, mas seus sermões eram meras dissertações sobre assuntos morais, que eram lidos em tons frívolos e superficiais.[93]

 

Wesley no contexto social-político-religioso da Inglaterra

 

Dentro desse contexto social, político e religioso nasceu  e viveu Wesley.

O fato é que muito do que o metodismo praticou foi incorporado ou adaptado  por  Wesley, como as Sociedades. Os próprios antepassados de João Wesley foram influenciados pelas Sociedades, especialmente pela SPCK (Sociedade para a Propagação do Evangelho) e ele próprio ganhou livros quando foi como missionário para a Geórgia.

“Em 1700, Samuel Wesley tentou organizar uma pequena sociedade religiosa em Epworth, construída nos moldes das sociedades de Londres. Livros e panfletos foram pedidos a SPCK.”[94]

Os metodistas, posteriormente, deram grande ênfase à educação dos pobres, apoio aos presos, evangelização, ênfase na santidade, etc, fruto das influências das sociedades da época.

O próprio pai de Wesley tinha no projeto da sociedade de Epworth a criação de escolas para os pobres, distribuição de folhetos visando a edificação pessoal, etc.[95]

Wesley tinha consciência sobre o valor das sociedades metodista. Falava delas até num tom de supremacia:“(...) não há sociedade religiosa nenhuma debaixo do céu, que não exige dos homens para serem admitidos nela, senão o desejo de salvar as suas almas. Olhai ao vosso redor, não podeis ser admitidos na Igreja ou Sociedade dos Presbiterianos, Anabatistas, se não aceitardes as mesmas opiniões deles, e vos conformardes com a mesma adoração. Só os Metodistas é que não insistem em que tenhais as mesmas opiniões, mas pensam e deixam pensar. Nem impõem qualquer modo de adoração (...).”[96]

As sociedades, posteriormente, foram importantes na formação e desenvolvimento do metodismo. Foi numa sociedade que Wesley teve sua experiência no dia 24 de maio de 1738.

 “A participação nas sociedades era aberta a todos quantos desejassem fugir da ira vindoura. A  Sociedade reunia-se semanalmente, sendo que a oração, a exortação, e o cuidado mútuo eram os principais componentes da vida comum. O alvo principal era auxiliarem-se mutuamente a alcançar a sua própria salvação.”[97]

Em 1743, Wesley criou as Regras Gerais das Sociedades Unidas[98] para controlar as atividades das sociedades. A escolha da sociedade para o movimento metodista foi acertada.

“Em 1768, o Metodismo possuía quarenta circuitos e 27.341 membros. Dez anos mais tarde, havia crescido para sessenta circuitos e 40.089 membros. Em 1798, o Metodismo tinha 149 circuitos com 101.712 membros.”[99]

Quando Wesley iniciou seu ministério, as tendências no pensamento e na vida religiosa na Inglaterra, no início do XVIII, eram preocupantes, segundo o historiador Walker Welliston:

“O racionalismo penetra todas as classes de pensadores religiosos, de modo que mesmo entre os ortodoxos o cristianismo se assemelhava mais a um sistema de moralidade apoiado por sanções divinas.”[100]

Em relação à política, Wesley foi conservador, fiel ao Rei.  Na tentativa de restauração da dinastia Stuart[101], houve um episódio envolvendo  os irmãos Wesley. Rumores indicavam uma ligação deles com o pretendente à coroa, o Príncipe Charles, o Belo, que estava na França.  Eram suspeitos de serem Jacobitas,[102] partidários de Stuart. E isso significava ser  perseguido e agredido violentamente por parte do povo.[103]

Segundo Glen Williamson, Susana Wesley era uma jacobita. Provavelmente, esse fato levava Wesley a ser identificado como partidário dos Stuarts:

 “Susana, cujas simpatias sempre se voltaram para os Stuarts, suplantados por Guilherme e sua rainha em 1688, era uma jacobita confirmada. Para ela, o princípe de Orange era um usurpador da coroa.” [104]

Carlos Wesley foi acusado de orar para que o Senhor trouxesse de volta o Príncipe banido. Ele foi inocentado pela justiça e aproveitou para demonstrar sua lealdade à coroa. [105]

 “Wesley achou melhor escrever ao rei, em nome dos metodistas, uma mensagem de lealdade (...).”[106]

Quando o príncipe Charles invadiu a Escócia, em 1745, Wesley foi para Newcastle para ficar junto ao seu povo.

 “(...) Em contato com o prefeito e afirmou seu leal apoio, declarando com clareza: 'Eu exorto todos os que me ouvem a fazerem o mesmo, e em suas diversas situações a se manifestarem como súditos leais que, enquanto temerem a Deus, não poderão honrar senão ao rei.”[107]

Samuel e Susana Wesley, pais de João e Carlos Wesley, foram leais à coroa inglesa, portanto, apoiavam o partido Tory. Wesley seguiu aos seus pais,[108] embora a sua consciência social o levasse à atitudes contrárias ao partido Tory em relação à liberdade  religiosa, à guerra, ao contrabando, à escravidão, à produção e comércio de bebidas.[109]

Apesar de citar o metodismo como um grupo religioso que serviu de base para o surgimento de sentimentos de esperança e de solidariedade entre os operários, Edward Thompson coloca Wesley como muito conservador em questões políticas:

“A certo nível, pode-se reconhecer sem a menor dificuldade o caráter reacionário – na verdade, odiosamente subserviente – do wesleyanismo oficial. As poucas intervenções políticas ativas de Wesley incluíram panfletos contra o dr. Price e os colonos americanos. Raramente deixou passar a oportunidade de impor a seus seguidores as doutrinas de submissão (...).”[110]

Contudo, Wesley foi sensível às necessidades dos excluídos e questionador da situação social do povo. Em 1759, ele comentou sobre a difícil situação dos presos que estavam em Knowle:

“Andei a pé até Knowle, boa milha distante de Bristol, para visitar os prisioneiros franceses. Mais de mil e cem, segundo fomos avisados, estavam reunidos num pequeno espaço, sem cousa alguma em que deitar, senão colchões de palha, e sem cobertores; para se cobrirem só tinham alguns trapos, quer de dia quer de noite, portanto, morreram como se fossem ovelhas atacadas de morrinha. Fiquei horrorizado; à tarde preguei sobre Êxodo 23:9 ´Não oprimirás o peregrino; pois vós conheceis o coração do peregrino, visto que fostes peregrinos na terra do Egito.” [111]

Em seu tempo, aumentaram as injustiças sociais e o desemprego. Em seu diário, João Wesley comenta, em 1772, sobre um grande desemprego como nunca se tinha visto antes:

“Descobrindo que muita gente estava sem emprego, e consequentemente em necessidades, por causa de uma crise no comércio, crise tão grande como nunca houvera igual lembrança do homem (...).”[112]

Mesmo tendo sofrido com os motins, quando foi perseguido por questões religiosas,[113] Wesley elogiou a ação de uma turba por agir sem violência, em James Town:

 “(...) estivera em atividade durante todo o dia; mas sua preocupação era apenas com os açambarcadores do mercado, que tinham comprado trigo em toda parte, para matar de fome os pobres e carregar um navio holandês, que estava no cais; mas a turba trouxe-o todo de volta para o mercado e vendeu-o pelos comerciantes ao preço comum. E isso fizeram com toda calma e compostura imagináveis, sem atacar nem ferir ninguém.”[114]     

A aceitação das mensagens de Wesley e de seus companheiros, especialmente pela classe mais pobre, aconteceu porque  elas atingiram suas necessidades:

 “Foi esta combinação de piedade e misericórdia que deu à espiritualidade wesleyana a sua vitalidade e ministério. Essa combinação impediu que as Sociedades Unidas se tornassem introvertidas e autossuficientes. Wesley fez do mundo a sua paróquia e desejava que os seus seguidores fizessem o mesmo.”[115]

Steve Harper, por isso, define a espiritualidade wesleyana como espiritualidade social.[116] Ela surgiu da ênfase de Wesley nos Atos de Piedade e Obras de Misericórdia.

 

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A atuação de Wesley junto aos pobres

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Ele teve um “profundo e permanente compromisso com os pobres”.

Ele criou clínicas populares e escolas, distribuiu alimentação, roupas e carvão, levantou ofertas semanais, conseguiu empregos, escreveu um livro de remédios caseiros para doenças comuns. Estimulava a visita aos pobres e doentes

 

Wesley deu atenção especial aos pobres. Ele pregava na parte mais pobre e desprezível da cidade.  Ele teve um “profundo e permanente compromisso com os pobres”.[117]

Ele criou clínicas populares e escolas, distribuiu alimentação, roupas e carvão, levantou ofertas semanais, conseguiu empregos, escreveu um livro de remédios caseiros para doenças comuns. Estimulava a visita aos pobres e doentes.

Sua vida foi uma completa doação a Deus e ao próximo. “Estima-se que ele doou cerca de US$ 6 milhões (em dólares atuais)”.[118]

Importante saber que Wesley vendia seus livros e  escritos. “Wesley fez enormes somas com a pregação; a venda de seus escritos fez dele um dos homens mais ricos da Inglaterra. Em uma época em que um homem solteiro podia viver confortavelmente com £ 30 por ano, sua renda anual chegava a £ 1.400”. [119]

Ele disse: “O dinheiro nunca fica comigo. Me queimaria se o fizesse. Eu o jogo fora de minhas mãos o mais rápido possível, para que não encontre seu caminho em meu coração”.[120]

Para seu conhecimento, veja os sermões de Wesley sobre esse tema:

"O Perigo das Riquezas"b) "Sobre as Riquezas"c) "Sobre o Perigo do Aumento das Riquezas"d) "Causas da Ineficácia do Cristianismo"e) "Sobre a Visita aos Enfermos"f) "Sobre o Zelo".[121]

Wesley teve uma compaixão libertadora. A sua compaixão não gerava dependentes e sim agentes, líderes, como os líderes de classe e pregadores.

Para uns, “Wesley deve ser visto como um empreendedor compassivo – com a compaixão de um libertador e a prática de um empreendedor, pois ele encorajou os crentes a participar ativamente de atividades econômicas e reconheceu o empreendedorismo como uma maneira sustentável e significativa de capacitar os pobres”. [122]

Como consequência, no início do século XIX, diversos metodistas, na Inglaterra, contribuíram para a formação da classe operária inglesa, dentre eles:

- Joseph Arch - fundou a União Nacional de Trabalhadores Agrícolas;

- George Edwards - fundou a União Nacional dos Aliados e Trabalhadores Agrícolas;

- Edward Bates Cowey - pregador e presidente da Associação de Mineiros Yorkshire;

Samuel Finney - presidente da Federação dos Mineiros - North Staffordshire.[123]

 

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Atuação junto aos mineiros

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Os colisores de Kingswood eram considerados sem instrução, ingovernável, selvagem e grosseiro, mas os sofridos colisores foram transformados pelo Evangelho pregado pelos metodistas

 

Os colisores de Kingswood era Considerado um povo sem instrução, ingovernável, selvagem e grosseiro, os sofridos colisores foram transformados pelo Evangelho pregado pelos metodistas.

João e Carlos Wesley chamavam os trabalhadores das minas de carvão de colliders (colisores), o que mantemos no livro. Os historiadores os chamam de carvoeiros ou mineiros.

Kingswood era um lugar onde apenas os mais intrépidos ousavam pôr os pés.

Wesley registrou em seu diário ministrações aos colisores de Coleford, Placey, Burslem, Madeley Wood, South Biddick e Two-Mile-hill, que fica no extremo leste da cidade de Bristol, a oeste de Kingswood, no sul de Gloucestershire.

Especialmente, Kingswood foi o local onde o metodismo mais atuou inclusive criando uma escola, em 1748, para os filhos dos mineiros das minas de carvão.

Wesley teve compaixão dos colisores, que ele chamou de “pobres colisores” e procurou agir para transformar suas vidas pelo poder de Deus, além dos cuidados sociais.

Os mineiros de carvão viviam e trabalhavam em condições atrozes. Homens, mulheres e as crianças trabalhavam longas horas nas minas.[124]

Um livro que retrata o engajamento dos primeiros metodistas na vida dos mineiros oferecendo o Evangelho libertador, o amor que transforma e um sentido para a vida daqueles que viviam sem condições mínimas de uma vida saudável.

Wesley disse: “O cenário já mudou. Kingswood não ressoa agora, como há um ano, com xingamentos e blasfêmias. Não está mais cheio de embriaguez e impureza e os desvios ociosos que naturalmente levam a isso. Não está mais cheia de guerras e lutas, de clamor e amargura, de ira e invejas. Paz e amor estão lá”.[125]

 

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A atuação junto aos oleiros de Burslem

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Em Burslem o metodismo se desenvolveu muito bem até porque os vigários anglicanos não investiam na vida espiritual dos moradores locais

 

Burslem foi o centro das olarias e da produção de cerâmica do país.

O busto de Wesley foi moldado nessa cidade por um famoso oleiro local e até os dias de hoje é encontrado e vendido no local ou pela internet.

Em Burslem o metodismo se desenvolveu muito bem até porque os vigários anglicanos não investiam na vida espiritual dos moradores locais.

Constantemente, Wesley e os pregadores metodistas estiveram em Burslem. Não havia perseguição ou qualquer polêmica, como era comum acontecer em outras cidades.

Wesley os chamava de “pobres oleiros”.

Ele acompanhou a transformação dos “oleiros selvagens” e a transformação da cidade nos primeiros vinte anos em que foi pregar em Burslem.

Sua última pregação na cidade foi em 1790, um ano antes de falecer.

Uma lenda sobre um busto moldado de Wesley, que revela seu caráter e o seu coração misericordioso, foi impresso e até na América foi espalhado.

 

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A atuação junto às crianças pobres

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“Tal era a prioridade que ele deu a isso que o viu como um papel vital para os pregadores metodistas e questionou o chamado daqueles que argumentariam que fazer isso não era seu papel”

 

John Wesley deu prioridade no treinamento e educação das crianças no amor e conhecimento de Deus. “Tal era a prioridade que ele deu a isso que o viu como um papel vital para os pregadores metodistas e questionou o chamado daqueles que argumentariam que fazer isso não era seu papel”.[126]

Na infância, Wesley viveu em um ambiente onde a disciplina e a vida espiritual eram intensamente praticadas.

Sua mãe, Susanna, foi sua primeira professora. Foi grande sua dedicação e amor aos filhos e filhas. Isso marcou e ensinou a Wesley.

Wesley amava as crianças. Ele as conhecia pelos nomes, percebia suas atitudes e tocava nelas com carinho.

Destacamos dois livros sobre Wesley e a educação das crianças:

“John Wesley e a educação religiosa”, de Elmer L. Towns, Professor Associado de Educação Cristã, Trinity Evangelical Divinity School, Deerfield, Illinois.

“John Wesley e a Educação das Crianças: Gênero, Classe e Piedade”, de Linda A. Ryan[127] Carlos Wesley publicou “Hinos para crianças” e João Wesley “Instruções para crianças”.

Wesley orientava que era necessário "quebrar a vontade" da criança, a fim de alcançar a obediência, que ele via como o fundamento para a formação da fé.

“Wesley via as crianças como capazes de experimentar a plena graça de Deus e possuir a capacidade de crescer na graça. Wesley também percebeu que a tendência natural de uma criança era buscar seu próprio caminho e agradar a si mesma. Wesley exortou os pais e ministros a quebrar a vontade da criança e movê-la de buscar desejos egoístas para a obediência. Ele sugeriu que a obediência aos pais deve primeiro ser alcançada antes que uma criança possa aprender a obediência a Deus e pediu que a educação cristã que resultasse em obediência fosse consistente, pessoal, suave, amorosa e guiada pelo Espírito”.[128]

No seu sermão “Sobre a Educação das Crianças”,[129] Wesley aborda sobre essa questão. Ele desejava a salvação das crianças. 

Em 1740, ele disse: “Eu preguei a Cristo, o caminho, a verdade e a vida, para mil criancinhas em Kingswood”.[130]

Para ele, as crianças eram “capazes de experimentar a plena graça de Deus e possuir a capacidade de crescer na graça”.[131]

Ele também se preocupava em dar o melhor conteúdo intelectual para as crianças pesquisando nos livros dos melhores autores da época. Ele também escrevia as lições para a Escola de Kingswood.

Suas atitudes e providências para o bem-estar das crianças revelam seu grande amor.

 

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Combate às bebidas alcoólicas

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Wesley parece preocupado que a bebida pesada leve à perda de autocontrole e a outros males, como violência e licença sexual

 

A questão econômica

Wesley também questionava e combatia o uso da bebida alcoólica por questões econômicas especialmente para o pobre.

Wesley afirmou que a metade do trigo produzido no reino era “consumido a cada ano, não por uma maneira tão inofensiva como jogá-lo no mar; mas convertendo-o em veneno mortal - veneno que naturalmente destrói, não só a força e a vida, mas também a moral de nossos compatriotas!”[132]

E conclui: “(...), mas como o preço do trigo pode ser reduzido? Proibindo para sempre aquela bane da saúde, aquele destruidor de força, da vida e da virtude, destilando. Talvez só isso responda a todo o projeto...”.[133]

Wesley entendia a bebida alcoólica como sendo prejudicial ao ser humano, mas ele foi além, pois a questão era muito mais ampla.

A oposição de Wesley ao uso generalizado de bebidas alcoólicas foi também econômica. “Metade do trigo produzido na Grã-Bretanha ia para a indústria de destilação que tornava o trigo caro e, por sua vez, tornava o pão caro e além dos meios dos muito pobres. Wesley estava, na realidade, atacando a inflação. A carne cara foi causada por cavalheiros agricultores achando mais rentável criar cavalos para exportação para a França e para atender à crescente demanda por carruagens de cavalos. Carne de porco, aves e ovos eram tão caros porque os proprietários de grandes propriedades ganhavam mais com as culturas de dinheiro do que alugando terras para pequenos agricultores inquilinos”.[134]

O teólogo metodista Helmut Renders[135] afirma que para Wesley, "todos os que vendem bebidas a quem queira comprar são envenenadores do público".[136]

E Helmut Renders afirma mais: “Como exemplo inaceitável de lucro, Wesley (1787, p.602 e ss.), cita a produção e a venda de licores ou bebidas alcoólicas:

I.4 [Não] podemos ganhar, prejudicando nosso próximo em seu corpo. Portanto, não podemos vender coisa alguma que tenda a arruinar-lhe a saúde. Tal acontece eminentemente com aquele fogo líquido, comumente chamado licor ou bebida alcoólica. É verdade que tais bebidas podem ter aplicação na medicina; ... Prepará-las, portanto, e vendê-las somente para esse uso [uso médico] pode ser ato que se pratique com a consciência limpa. Mas quem assim procede? Quem prepara bebidas somente para fins terapêuticos? Conheceis dez desses destiladores na Inglaterra? Então os desculpai. Mas todos os que vendem bebidas ... a quem queira comprar, são envenenadores do público. Assassinam por atacado os súditos de Sua Majestade, sem dó nem piedade. Conduzem-nos ao inferno como um rebanho. E qual é seu lucro? Não é o sangue desses homens?”.[137]

Wesley escreveu algumas cartas para a Gazeta de Bristol falando dos prejuízos da bebida chamada lúpulo. “O lúpulo (Humulus lupulus) é uma espécie herbácea com grande valor econômico, sendo usada principalmente na indústria cervejeira”. [138]

“Wesley parece preocupado que a bebida pesada leve à perda de autocontrole e a outros males, como violência e licença sexual. Como em Isaías, há uma consciência das questões de justiça social. Por exemplo, os "guardiões da taverna" podem explorar a fraqueza dos pobres para se tornarem mais ricos, ao mesmo tempo em que colocam os pobres ainda mais na penúria. O metodismo era, na época, conhecido por ajudar as pessoas a sair da pobreza por meio de programas de autoaperfeiçoamento. Wesley alertou contra os lucros obtidos com as "tavernas", que a partir do contexto parecem ser lugares cuja principal função era incentivar a embriaguez em vez de "pousadas" que tinham um propósito mais geral”.[139]

 

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A luta de Wesley contra a escravidão

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Oh! Não se canse de fazer o bem. Continue, em nome de Deus, e com a força do seu poder, até que a escravidão americana, a mais vil que já houve sob o sol, se desvaneça diante desse poder. O servo que o estima, João Wesley

 

O que Wesley entendia sobre escravidão?

No seu livro “Pensamentos sobre a escravidão”, escrito em 1774 ele diz: “Por escravidão quero dizer escravidão doméstica, ou de um servo para um mestre. Um escritor engenhoso tardio observa: ‘A variedade de formas em que a escravidão aparece, torna quase impossível transmitir uma noção justa dela, por meio da definição. No entanto, existem certas propriedades que acompanharam a escravidão na maioria dos lugares, pelo qual é facilmente distinguida daquele serviço doméstico leve que obtém em nosso próprio país."[140]

E explica no livro de que forma os negros se tornaram escravos:

“De que forma eles são adquiridos? Parte deles por fraude. Capitães de navios de vez em quando, convidaram negros para vir a bordo, e depois os levaram embora. Mas muito mais foram adquiridos à força. Os cristãos aterrissando em suas costas, tomaram quantos encontraram, homens, mulheres e crianças, e os transportaram para a América. Foi por volta de 1551, que os ingleses começaram a negociar com a Guiné: No início, por dentes de ouro e elefantes, mas logo depois, para os homens. Em 1566, Sir John Hawkins navegou com dois navios para Cabo Verde, onde enviou oitenta homens em terra para capturar negros. Mas os nativos voando, eles caíram mais para baixo, e lá colocou os homens em terra, "para queimar suas cidades e tomar os habitantes." Mas eles encontraram com tanta resistência, que tinham sete homens mortos, e levaram apenas dez negros. Então eles foram ainda mais para baixo, até ter tomado o suficiente, eles seguiram para as Índias Ocidentais, e vendeu-os”.[141]

Wesley agiu energicamente contra tal procedimento de um governo cristão, que permitia a existência da escravidão na Inglaterra.

Ele se reuniu com líderes, escreveu e pregou contra a escravidão.

Numa quinta-feira, dia 3 de março de 1788, Wesley pregou contra a escravidão:

 “Dei aviso de que, na quinta feira, pregaria sobre o assunto muito discutido - A Escravidão.”[142]

No livro Pensamento Sobre a Escravidão, assim Wesley se expressa: “Metade da riqueza de Liverpool é derivada da execrável soma de todas as vilanias comumente denominadas comércio de escravos. Desejo por Deus que o comércio de escravos nunca mais seja estabelecido. Que nunca mais roubemos e vendamos nossos irmãos como animais, nunca mais os assassinemos aos milhares e dezenas de milhares.”[143]

Outra atitude de Wesley foi apoiar os grandes líderes do país, que lutavam para acabar com a escravatura. Um dos líderes foi Guilherme Wilberforce para quem Wesley escreveu, entre outras coisas, o seguinte:

“Meu caro senhor: a não ser que o poder divino o tenha levantado para ser um athanasius contra mundum, não posso ver como poderá o senhor terminar sua gloriosa empresa, opondo-se àquela execrável vilania, que é o escândalo da religião, da Inglaterra e da natureza humana. A não ser que Deus o tenha verdadeiramente levantado para esta obra, o senhor será consumido pela oposição dos homens e dos demônios, mas, se Deus for pelo senhor, quem lhe dará conta? São eles todos juntos mais fortes que Deus? Oh! Não se canse de fazer o bem. Continue, em nome de Deus, e com a força do seu poder, até que a escravidão americana, a mais vil que já houve sob o sol, se desvaneça diante desse poder.

O servo que o estima, João Wesley.”[144]

Sua luta também o fez questionar grandes líderes evangélicos na época e também pessoas amigas, como George Whitefield, que pertenceu ao Clube Santo.

Em 1751, George Whitefield escreveu uma carta para  Wesley. Whitefield procurou justificar a necessidade da escravidão com textos bíblicos. Ele disse que “se  a Geórgia permite a  escravidão, pode  ser  (no   plano de Deus) para a evangelização dos   escravos”. [145]

Wesley argumenta contra a opinião de Whitefield de que escravos são necessários porque os europeus não podem trabalhar no   calor. Wesley cita seu próprio exemplo e experiência quando foi missionário na Geórgia e afirma, então, que os europeus podem sim trabalhar no calor.

Mas Wesley vai mais longe e afirma “que mesmo que os requisitos climáticos e trabalhistas exigissem uma força de trabalho escravo, isso não justifica. Seria muito melhor   não ter mão-de-obra realizada do que escravizar os inocentes”. [146]

Antes de falecer, Wesley escreveu ao líder abolicionista Wilberforce para que ele não desistisse, mas continuasse a lutar contra a escravidão: “Meu caro senhor: a  não ser que o poder divino o tenha levantado para ser um athanasius contra mundum, não posso ver como poderá o senhor terminar sua gloriosa empresa, opondo-se àquela execrável vilania, que é o escândalo da religião, da Inglaterra e da natureza humana. A não ser que Deus o tenha verdadeiramente levantado para esta obra, o senhor será consumido pela oposição dos homens e dos demônios, mas, se Deus for pelo senhor, quem lhe dará conta? São eles todos juntos mais fortes que Deus? Oh! Não se canse de fazer o bem. Continue, em nome de Deus, e com a força do seu poder, até que a escravidão americana, a mais vil que já houve sob o sol, se desvaneça diante desse poder. O servo que o estima, João Wesley.”[147]

Wesley ajudou na mudança da opinião pública inglesa sobre a escravidão.  

Ele foi um fator muito significativo na abolição da escravidão britânica.


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A atuação no inferno das prisões

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Ele considerava a infame prisão de Newgate, em Londres como a abordagem terrena mais próxima possível do inferno

 

Ele considerava a infame prisão de Newgate, em Londres (onde agora estão os tribunais de justiça de Old Bailey) como a abordagem terrena mais próxima possível do inferno

 

Visitando prisioneiros condenados

“Último bom ofício aos malfeitores condenados”

 

Wesley registra em seu diário diversas visitas aos pros, especialmente, aos condenados à morte.

Na quarta-feira, dia 3 de novembro de 1738,  João e Carlos foram fazer o último bom ofício aos malfeitores condenados”, disse Wesley. “Foi o exemplo mais glorioso que já vi, de fé triunfando sobre o pecado e a morte. Um observador que observava as lágrimas escorrerem rapidamente pelas bochechas de um deles em particular, enquanto seus olhos estavam firmemente fixos para cima, alguns momentos antes de morrer, perguntou: ‘Como você sente seu coração agora?’ Ele calmamente replicou: ‘Eu sinto uma paz, que eu não poderia ter sido ser possível. E sei que é a paz de Deus, que excede todo o entendimento."[148]

“Deus dos meus pais, aceita-me também entre eles”

Wesley disse: “Meu irmão aproveitou a ocasião de declarar o evangelho da paz, a uma grande assembleia de publicanos e pecadores. Ó Senhor Deus dos meus pais, aceita-me também entre eles, e não me expulse do meio das tuas crianças filhos!”[149] 

Oferecendo salvação aos condenados 

Voltando da Alemanha, no domingo, 17 de setembro de 1738, Wesley estava na Inglaterra. Ele disse: “Comecei novamente a declarar em meu próprio país as boas novas da salvação, pregar três vezes e depois expor a Sagrada Escritura a uma grande companhia nas Minorias”.[150] 

Sociedade e criminosos

 “Fui aos criminosos condenados em Newgate e ofereci-lhes a salvação gratuita” 

Wesley listou o que fez: “Na segunda-feira, alegrei-me por me encontrar com a nossa pequena sociedade, que agora consistia em 32 pessoas. No dia seguinte, fui aos criminosos condenados em Newgate e ofereci-lhes a salvação gratuita.

“Os piratas John Richardson e Richard Coyle
que foram enforcados”

A prisão de Newgaste executava prisioneiros. Dentre os que foram executados em janeiro de  1738, estão:

Os piratas John Richardson e Richard Coyle
que foram enforcados em 25 de janeiro de 1738.[151]O crime de pirataria é geralmente acompanhado de assassinato. Richardson, a ambos os crimes, acrescentou o da fraude”.[152]

Richard Coyle elaborou um plano segredo com Richardson para assassinar o capitão do navio onde trabalhavam. Depois de executado o plano, Coyle, então assumiu o comando do navio. Mais tarde, ambos foram presos.

Depois da prisão, à noite, Wesley foi a uma sociedade em Bear-yard e pregou arrependimento dos pecados. “Na noite seguinte, falei o ‘mais apaixonado’ em uma sociedade na rua Aldersgate (...).”[153]

 

Na prisão de Bocardo

“Comecei a ler orações em Bocardo”

 

No domingo, dia 3 de dezembro de 1738, Wesley escreveu em seu diário: “Comecei a ler orações em Bocardo (a prisão da cidade) que há muito tempo estava descontinuada. À tarde, recebi uma carta, desejando sinceramente, para publicar meu relato sobre a Geórgia: e outra tão sinceramente me dissuadindo dela, "porque isso me traria muitos problemas". Consultei Deus em sua palavra e recebi duas respostas; o primeiro Ez. xxxiii. 2-6. O outro, portanto, suportas dificuldades, como um bom soldado de Jesus Cristo”.[154]

 

Visitava uma vez por mês

“A Prisão de Bocardo”

 

“A Prisão de Bocardo costumava estar ligada à torre de São Miguel da Porta Norte, que fazia parte da antiga muralha da cidade”.[155]

Wesley costumava visitar a prisão de Bocardo uma vez por mês, em Oxford. Em 1772, a prisão foi demolida.

 

Prisioneiros do Castelo

“Oportunidade de pregar mais uma vez aos pobres prisioneiros do Castelo”

 

Na quarta-feira, 14 de março de 1739, Wesley disse: “tive a oportunidade de pregar mais uma vez aos pobres prisioneiros do Castelo”. Na quinta-feira, dia 15, “parti de manhã cedo e à tarde vim para Londres”, disse Wesley.[156]

 

Pregando para presos condenados à morte

“Quarenta e sete estavam sob sentença de morte”

 

No domingo, 26 de dezembro de 1784, Wesley disse: “preguei o sermão dos criminosos condenados em Newgate”, disse Wesley. “Quarenta e sete estavam sob sentença de morte. Enquanto eles estavam entrando, havia algo muito horrível no tilintar de suas correntes. Mas nenhum som foi ouvido, nem deles nem da plateia lotada, depois que o texto foi nomeado: "Há alegria no céu por um pecador que se arrepende, mais do que noventa e nove pessoas justas, que não precisam de arrependimento" (ver Lucas 15:7)”.[157]

 

A maioria dos prisioneiros estava em lágrimas

“Cinco dos quais morreram em paz”

 

“O poder do Senhor estava eminentemente presente, e a maioria dos prisioneiros estava em lágrimas”, disse Wesley. “Poucos dias depois, vinte deles morreram de uma só vez, cinco dos quais morreram em paz. Não pude deixar de aprovar grandemente o espírito e o comportamento do Sr. Villette, o ordinário; e regozijei-me ao ouvir que era o mesmo em todas as ocasiões semelhantes”.[158]

 

Indulto para criminosos

“Talvez tenha sido em consequência disso que eles tiveram um indulto”

 

No sábado, 23 de dezembro de 1786, “por grande importunação, fui induzido (tendo pouca esperança de fazer o bem) a visitar dois dos criminosos em Newgate, que estavam sob sentença de morte”, afirmou Wesley. “Eles pareciam sérios, mas eu posso colocar pouca ênfase em aparências desse tipo. No entanto, escrevi em seu nome a um grande homem; e talvez tenha sido em consequência disso que eles tiveram um indulto”.[159]

 

Presos abandonados

“Agora ninguém que cuidasse de suas almas, nenhum para instruí-los, aconselhá-los, consolá-los e edificá-los no conhecimento e no amor do Senhor Jesus”

 

Na quarta-feira, dia 3 de outubro de 1739, Wesley lamenta o abandono dos prisioneiros: “Tive um pouco de lazer para ver a condição despedaçada das coisas aqui. Os pobres prisioneiros, tanto no castelo como na prisão da cidade, tinham agora ninguém que cuidasse de suas almas, nenhum para instruí-los, aconselhá-los, consolá-los e edificá-los no conhecimento e no amor do Senhor Jesus. Ninguém foi deixado para visitar as casas de trabalho, onde também costumávamos nos encontrar com os objetos mais comoventes de compaixão”, [160] disse Wesley.

“Não havendo nenhum agora, seja para suprir, seja para atendê-lo”

E ele observou e lamentou sobre as crianças pobres: “Nossa pequena escola, onde cerca de vinte crianças pobres, de cada vez, haviam sido ensinadas por muitos anos, a ponto de serem se separaram; não havendo nenhum agora, seja para suprir, seja para atendê-lo. E a maioria dos que estavam na cidade, que uma vez foram unidos e fortaleceram as mãos uns dos outros em Deus, foram dilacerados e espetados no exterior. É hora de tu, Senhor, deitares à tua mão![161]

Wesley tinha uma grande compaixão pelos presos. Num período de nove meses, ele pregou, pelo menos, 67 vezes em diversas prisões. Ele considerava as prisões o berçário de todo tipo de maldade.[162]

 

Um amigo dos prisioneiros

“Abordagem terrena mais próxima possível do inferno”

 

“Wesley era um amigo constante dos prisioneiros. Ele considerava a infame prisão de Newgate, em Londres (onde agora estão os tribunais de justiça de Old Bailey) como a abordagem terrena mais próxima possível do inferno”.[163]

Como era considerada a prisão de Newgate?

“Não havia lugar mais sombrio neste planeta do que a prisão de Newgate e, como alguém escreveu uma vez...’Foi, quase desde o início, um emblema de morte e sofrimento... um lugar lendário, onde as próprias pedras eram consideradas 'mortais'... tornou-se associada ao inferno, e seu cheiro permeava as ruas e casas ao lado."[164]

 

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O cuidado de Wesley com a saúde física e mental

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Wesley dava ênfase à dieta, exercício e descanso. Incentivava também o banho frio e o uso de plantas e raízes para fins medicinais 

 

Em 1747, ele publicou Primitive Physick, ou um método fácil e natural de curar a maioria das doenças

João Wesley se preocupava com a saúde das pessoas. Ele não apenas cria no poder da oração para curar, mas procurou publicar também livros de orientações populares sobre cuidados com a saúde. Escreveu cartas e orientou pessoalmente.

 Em 1747, ele publicou Primitive Physick, ou um método fácil e natural de curar a maioria das doenças. 

“Esse volume encadernado de 119 páginas custou um xelim e se tornou um dos livros mais populares de sua época, com 20 edições exigidas em 1781 e 36 em 1840”.[165]

João Wesley admirava os famosos médicos contemporâneos Sydenham e Dover e foi muito influenciado pelo Livro de Saúde e Longa Vida de Cheyne.[166]

“Ao considerar o interesse de Wesley em saúde e cura, é útil lembrar que o estudo da medicina básica havia se tornado parte do treinamento de Candidatos ao clero anglicano no século XVII”.[167]

 De diversas formas, Wesley deu conselhos médicos práticos às pessoas de sua época.

 “Ele publicou vários outros trabalhos relacionados à manutenção ou restauração da saúde, incluindo uma carta a um amigo sobre o chá (1748); O Desideratum, ou eletricidade tornada simples e útil (1760); Pensamentos sobre o pecado de Onan, extraído principalmente deTissot] (1767); Conselhos sobre saúde, extraído de [Tissot] (1769); “Extrato de [William] Cadogan no Gota ”(no vol. 26 de suas Obras , 1774); e uma estimativa das maneiras de Present Times (1782)”. [168]

 Wesley comunicou à Sociedade Metodista seu desejo e projeto de distribuir remédios aos pobres: “ Cerca de trinta chegaram no dia seguinte e, em três semanas, cerca de trezentos. Isso continuamos por vários anos, até que, com o número de pacientes ainda aumentando, a despesa foi maior do que poderíamos suportar”. [169]

 Nos seis primeiros meses, foram atendidos cerca de 600 pacientes.

 Ele era também fascinado pelo corpo humano e “conduziu muitos experimentos consigo mesmo, levando ao desenvolvimento de mais de 800 remédios para 300 doenças únicas, que ele registrou em seu livro Primitive Physick.”[170]

 A maioria dos cristãos de sua época compartilhava a convicção de que Deus proveria cura do corpo e da alma na ressurreição, mas para Wesley ambas as dimensões da cura divina podem ser experimentadas no presente.

Wesley desenvolveu ministérios que incluía um papel para mulheres e homens leigos locais nos do dia-a-dia.  “Dentro neste caso, era o escritório do "visitante dos enfermos", de quem se esperava visitar membros doentes em sua área três vezes por semana, para perguntar sobre o estado de suas almas e seus corpos, e para oferecer ou obter conselhos para eles”.[171]

 Wesley tinha um cuidado especial com a saúde das pessoas. Ele recomendava exercícios.

 Ele recomendava que o exercício “deve sempre ser feito com o estômago vazio; e o banho frio era recomendado como “grande vantagem” para uma boa saúde. “Promove a transpiração, ajuda a circulação do sangue; e evita o perigo de pegar um resfriado”.[172]

 Em 1788, “Wesley enviou uma carta para Samuel Bradburn, um dos pregadores leigos, que estava cuidando do irmão seu Charles, que estava com a saúde debilitada: Com relação ao meu irmão, aconselho-o: (1) Quer ele vá ou não, carregue o Dr. Whitehead para ele. (2) Se ele não pode sair, e ainda assim deve fazer exercício ou morrer, persuadi-lo a usar [o cavalo de madeira] duas ou três vezes por dia”.[173]

 Wesley amadureceu, ao longo do tempo, na compreensão dos problemas emocionais.

 Passou a haver uma  ênfase madura de Wesley na ampla interconexão da saúde física com saúde emocional e espiritual. [174]

 Wesley dava ênfase à dieta, exercício e descanso. Incentivava também o banho frio e o uso de plantas e raízes para fins medicinais, etc.

 Ele recomendava: “Use uma dieta totalmente vegetal. Conheço uma que ficou totalmente curada disso, vivendo um ano assim: tomava o café da manhã e jantava leite e água (com pão) e comia nabos, cenouras ou outras raízes, bebendo água”.[175]

 Ele disse: “Faça o máximo de exercícios diários ao ar livre, sem cansaço”. [176]

 Essas são algumas de suas dicas para a saúde:

  §  “A água é a mais saudável de todas as bebidas; acelera o apetite e fortalece ao máximo a digestão.”

§  “O devido grau de exercício é indispensável para a saúde e vida longa.”

§  “Aqueles que leem ou escrevem muito devem aprender a fazê-lo de pé; caso contrário, isso prejudicará sua saúde.”

§  Para a tosse, “faça um buraco no limão e encha-o com mel. Asse e pegue o suco. Tome uma colher de chá disso frequentemente.”

§  Vá para a cama às 21h e levante-se entre 4h e 5h”.[177] 

Uma outra dica sua: “Use uma dieta totalmente vegetal. Conheço uma que ficou totalmente curada disso, vivendo um ano assim: tomava o café da manhã e jantava leite e água (com pão) e comia nabos, cenouras ou outras raízes, bebendo água”.[178]

 Wesley também reconheceu que o físico causa ou que contribui para muitos casos de doença emocional/espiritual. 

 “Ele encorajou as pessoas a ficarem longe de todos os alimentos em conserva, defumados e salgados e a “adequar a qualidade e a quantidade dos alimentos à força da digestão; levar sempre o tipo e a medida de comida que caem leves e fáceis para o estômago”. [179]

 “(...) incluía remédios naturais para asma, calvície (cebola e mel), dores de ouvido, picadas de abelha, pedras nos rins, vertigem e muito mais. Ele também inclui dicas sobre como manter o bem-estar por meio de exercícios, uma dieta saudável e um sono adequado.

 Sob a liderança de Wesley, pregadores e capelas metodistas eram conhecidos como distribuidores de remédios para doenças, especialmente para aqueles que não tinham dinheiro para ver um médico. Primitive Physick era sua referência primária”.[180]

 “Fisica Primitiva ou Método Fácil e Natural de Curar a Maioria das Doenças” foi escrito por João Wesley. 

 Para Wesley, a saúde física e espiritual estão intimamente conectadas. 

 “Em uma carta datada de 26 de outubro de 1778, Wesley oferece este conselho revelador a seu amigo, Alexander Knox. "Alleck ... será uma bênção dupla se você se entregar ao Grande Médico, para que ele possa curar alma e corpo juntos. E, sem dúvida, este é o seu desígnio. Ele quer dar-lhe ... saúde interior e exterior”.[181]

 Wesley ensinava constantemente sobre o amor de Deus como o grande remédio: "o amor de Deus, pois é o remédio soberano de todas as misérias ... pela alegria indizível e perfeita calma serenidade e tranquilidade que dá à mente ... torna-se o mais poderoso de todos os meios de saúde e longa vida."[182]

 Carlos Wesley escreveu: “Um hino para alguém prestes a tomar seu remédio”. Um verso diz:

 

Salve, grande médico da humanidade,

Jesus, tu és de todos os males.

Saúde em Teu único Nome encontramos,

Teu nome no remédio cura.

 

Em 1746, ele inaugurou uma clínica na Fundição para cuidar dos doentes.

“Em uma carta ao Vigário Perronet datada de 1748, Wesley relata que em 5 meses, mais de 500 pessoas passaram pela clínica e 71 ‘Foram totalmente curados de doenças que há muito se pensava serem incuráveis’ (WJW Letters 8: 265)”.[183]

Wesley trabalhou para aliviar o sofrimento dos pobres. Ele estabeleceu três clínicas gratuitas em Londres, Bristol e Newcastle. 

“Como parte de suas investigações mais amplas, Wesley ficou fascinado pelo trabalho de Franklin e Priestley sobre o valor clínico da eletricidade e usou uma máquina de fricção (ainda a ser vista na Capela de Wesley em Londres), para fins terapêuticos sete anos antes do Hospital Middlesex.” 

Wesley tratou de 3.000 pacientes em dez anos e escreveu “The Desideratum ou Electricity made Plain and Useful “, que foi elogiado por Priestley.[184] 

Para entendermos a dimensão do ministério de Wesley na saúde, Franklin Wilder escreveu o livro: “O notável mundo de John Wesley, pioneiro em saúde mental”. 

Em 1747, Wesley e uns amigos foram observar os experimentos elétricos que estavam se tornando populares. No princípio, Wesley ficou confuso com tais experimentos. 

Em 1753, ele já estava apaixonado pela ideia de usar a eletricidade para a cura dos doentes. 

Após ver os experimentos de Benjamin Franklin, Wesley relatou em seu Diário de 9 de novembro de 1756 que obteve um aparelho elétrico portátil. Ele escreveu: "Ordenei que várias pessoas fossem eletrificadas, que apresentavam vários distúrbios; alguns encontraram uma cura imediata, outros uma cura gradual. A partir deste momento eu marquei, primeiro algumas horas em cada semana, e depois uma hora em cada dia, onde qualquer um que o desejasse poderia experimentar a virtud7e deste surpreendente medicamento. Dois ou três anos depois, nossos pacientes eram tão numerosos que fomos obrigados a dividi-los; então parte foi eletrificada em Southwark, parte na Fundição, outras perto de St. Paul e o resto perto de Seven Dials. O mesmo método que adotamos desde então; e até hoje, embora centenas, talvez milhares, tenham recebido um bem indescritível, não conheci um homem, mulher ou criança que tenha sido ferido por isso”.[185]

Wesley escreveu que o choque elétrico era benéfico para mais de 20 enfermidades, mas viu era mais eficaz no tratamento de distúrbios nervosos.[186]

Wesley e os investigadores perceberam que a eletricidade foram benéficas para o alivio do sofrimento humano, mas Wesley sentiu que essas eram as leis de Deus que deveriam ser usadas para todo fim legítimo.[187]

 

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A atuação junto aos palatinos

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"Ele descreveu aqueles que conheceu como pessoas ‘simples, sem arte, sérias’. Por outras palavras, eles eram diretos e livres de enganos”

 

“Os Palatinos Irlandeses eram ‘estrangeiros pobres’, refugiados de guerra e intolerância religiosa na primavera/verão de 1709. Eles se originaram na Baixa Renânia da Alemanha e se espalharam para a Inglaterra, Irlanda e América Britânica!”.[188]

 Primeira visita a Limerick e aos Palatinos

 Sua primeira visita aos Palatinos foi “no decurso da sua sexta turnê irlandesa em 1756, quando visitou Ballingrane e a aldeia vizinha a que ele em diferentes momentos chama de Newmarket ou Pallas. Nos mapas modernos é chamado de Pallaskenry”.  [189]

Hoje Pallaskenry é uma vila no condado de Limerick, na Irlanda. 

A primeira visita foi no dia 16 de junho de 1756. Wesley disse: “À tarde, fui para Ballingarrane, uma cidade de Palatinos que veio no tempo da rainha Ana. Eles mantêm muito do temperamento e dos modos de seu próprio país, não tendo nenhuma semelhança com aqueles entre os quais vivem. Encontrei muita vida entre esse povo simples, sem arte, sério”.[190]

“John Wesley sempre recebeu calorosas boas-vindas dos Palatinos”

“John Wesley sempre recebeu calorosas boas-vindas dos Palatinos, voltando a pregar entre eles várias vezes. Os Palatinos eram famílias que vieram da Alemanha para a Irlanda em 1709, e que se estabeleceram principalmente no Condado de Limerick”.[191]

 Wesley visitava Limerick a cada dois anos

 A cada dois anos Wesley visitou os Palatinos. Dentre esses anos estão|:

16 de junho de 1756

23 de junho de 1758

9 de julho de 1760

4 de junho de 1762

14 de junho de 1765

21 de maio de 1767

7 de maio de 1778

13 de maio de 1789.[192]

 

Simples, sem arte, sérias

“Eles eram diretos e livres de enganos”

 

"Ele descreveu aqueles que conheceu como pessoas "simples, sem arte, sérias". Por outras palavras, eles eram diretos e livres de enganos. Posteriormente, ele veio para a área no decurso de outras treze viagens, às vezes incluindo Courtmatrix, Killeheen, Kilfinnane, e em uma ocasião Adare”.[193]

 

Visita de Wesley a Adare

“Visitou Adare e arredores pelo menos dez vezes”

 

“Adare tem uma longa tradição de adoração metodista, e dois séculos e meio atrás, John Wesley, o fundador do metodismo, visitou Adare e arredores pelo menos dez vezes entre 1765 e 1778.

Uma forte tradição local diz que John Wesley pregou sob um freixo perto das ruínas da Abadia Franciscana em pelo menos uma dessas ocasiões. Uma pedra agora marca o local e, desde 1819, os metodistas realizam uma reunião de campo todos os anos, na primeira terça-feira de junho.

A primeira capela metodista em Adare foi construída em 1794 no lado norte da estrada para Patrickswell, na cidade de Gortnaganniff”. [194]

 

Nenhuma palavrinha ou palavrões

“Nenhuma quebra de sábado, nenhuma bebedeira”

 

Wesley percebeu “que nas suas comunidades não havia 'nenhuma palavrinha ou palavrões, nenhuma quebra de sábado, nenhuma bebedeira, nenhuma casa de cerveja', e que 'a sua diligência transforma toda a sua terra num jardim".[195]

 

A comunidade cresceu

“Parte foi para a América"

 

Em 1765, Wesley lamentou a atitude de seu senhorio. "Como eles não podiam obter comida ou roupas aqui, com toda a sua diligência ou frugalidade, parte está espalhada para cima e para baixo no reino [da Irlanda] e parte foi para a América.”[196]

Em 1760, um grupo emigrou para a América, dentre eles, Barbara Heck e seu primo Philip Embury, que tinha sido um pregador local em Ballingrane, Irlanda.

 

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[1] Parte do livro foi retirado de minha tese de dourado pela UMESP.

[2]“A Revolução Industrial havia trazido consigo uma abominável exploração dos trabalhadores, que se amontoavam, em número crescente, em bairros em que a aglomeração e o abandono tornavam insalubres e moralmente corrompidos”  (CAMARGO, Gonzalo Baéz, Ibidem.p. 55).

[3] THOMPSON, Edward P. A Formação da Classe  Operária Inglesa. 1 v. Paz e terra, 1987, p.36.

[3] THOMPSON, Edward, Ibidem, 2 v. p. 232.

[4] THOMPSON, Edward P., Ibidem, 2 v. p.42.

[5]The Birth of Methodism in England” (Halévy pub Bonino, p.32).

[6]Las Condiciones económico-sociales Del Metodismo em la Inglaterra Del Siglo XVIII” (Franz Hinkelammert apud Departamento Ecuménico de Investigaciones, 1983, p.21).

[7] https://www.asa3.org/ASA/PSCF/1995/PSCF12-95Malony.html

[8]Las Condiciones económico-sociales Del Metodismo em la Inglaterra Del Siglo XVIII” (Franz Hinkelammert apud Departamento Ecuménico de Investigaciones, 1983, p.21).

[9] REILY, Duncan A. História Documental do Protestantismo no Brasil. São Paulo, ASTE, 1984, p.9.

[10] Manfred Marquardt afirma que Wesley “aparentemente (...) estava imbuído de uma tendência contemporânea pelo empirismo e seguiu Locke em sua abordagem sobre as questões do conhecimento” (Redescobrindo o Sagrado. São Paulo: Editeo, 2000, p.18).

[11]  REILY, Duncan A. História Documental do Protestantismo no Brasil. Ibidem, p.9.

[12] WALKER, Welliston. História da Igreja Cristã. 2 v. ASTE, São Paulo, [s.ed], [s.d], p.190.

[13] Ibidem, p.190.

[14] Manfred Marquartd, entretanto, adverte: “Essas referências às atitudes afirmativas e críticas de Wesley, a respeito do iluminismo e do lugar da razão, podem nos fazer cautelosos contra julgamentos precipitados acerca desse movimento filosófico, como sendo a fonte de todo o declínio moral e da perda das crenças religiosas em nossas sociedades seculares ou pós-modernas”  (Redescobrindo o Sagrado, Ibidem, p.18). 

[15]WALKER, Welliston, Ibidem, p.11.

[16] Ibidem.

[17] Ibidem, p.203.

[18] ARRIGHI, Giovanni. O  longo século XX. Editora Unesp, 1997, p.215.

[19] BONINO et al. Luta pela vida e Evangelização. Ibidem, p.246.

[20] ARRIGHI, Giovanni, Ibidem, p.214.

[21] Ibidem.

[22]Las Condiciones económico-sociales Del Metodismo em la Inglaterra Del Siglo XVIII” (Franz Hinkelammert apud Departamento Ecuménico de Investigaciones, 1983, p.21).

[23] Ibidem.

[24] THOMPSON, Edward P.  A Formação da Classe Operária Inglesa.  2 v. Paz e Terra, 1987, p.22.

[25] HILL, Christopher. O mundo de ponta-cabeça.  São Paulo: Companhia Duas Cidades, 1991, p.65.

[26] THOMPSON, Edward P., Ibidem, 1 v. p.64.

[27] ______.  2 v. p.23.

[28] ENSLEY, Francis Gerald. João Wesley, o Evangelista. São Paulo, Junta Geral de Educação cristã, 1960, p.10.

[29] REILY, Duncan Alexander. Metodismo brasileiro e wesleyano. São Paulo: Imprensa Metodista, 1981, p.148-53.

[30] THOMPSON, Edward P. 1 v. Ibidem, p.64.

[31]  Ibidem, p.64-5.

[32] Ibidem, p.67.

[33] HILL, Christhoper, Ibidem, p.83.

[34] Ibidem,  p.337.

[35] Ibidem, p.333.

[36] JOY, James Richard. O despertamento religioso de João Wesley. Instituto Metodista Bennett, 1996, p.94.

[37] Ibidem, p.269.

[38] Ibidem.

[39]Para Gionanni Arrighi os ciclos sistêmicos de acumulação são definidos como compostos de uma fase de expansão material seguida por uma fase de expansão financeira  (O longo século XX. São Paulo:Editora Unesp, 1997, p.90).

[40] Ibidem, p.6

[41] Ibidem, p.51.

[42] Ibidem, p.163.

[43] Ibidem.

[44] BONINO et al. Luta pela Vida e Evangelização. Ibidem, p.34.

[45]  Ibidem, p.36.

[46] JOY, James Richard, Ibidem, p.95.

[47] BONINO et al. Luta pela Vida e Evangelização. Ibidem, p.34.

[48] THOMPSON, Edward P, 1 v. ibidem., p.73.

[49] Ibidem.

[50] Ibidem, p.77.

[51] WAKER, Welliston, Ibidem, p.82.

[52] HEITZENHATERRichard P. Wesley e o povo chamado Metodista. São Bernardo do Campo-Rio de Janeiro: Editeo-Pastoral Bennett, 1986, p.4-5.

[53] Ibidem, p.6.

[54] Ibidem, p.9.

[55] REILY, Duncan A., Ibidem, p.12.

[56]JONES, D.M.Lloyde. Os Puritanos. São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 1993, p. 254.

[57] WALKER, Welliston, Ibidem, p.139.

[58] Ibidem, p.140.

[59] Ibidem, p.141.

[60] HILL, Christopher. Ibidem, p.52-3.

[61] VIDLER, Alec R. A Igreja numa era de revolução. Lisboa: Editora Ulisséia Limitada, 1961, p.137.

[62] HEITZENHATER, Richard P., Ibidem, p.17.

[63] No reinado de Carlos II,na Inglaterra, várias “provisões visavam a por os puritanos fora da Igreja” (WALKER, Welliston, ibidem, p.155). “Pelo Primeiro Ato do Conventículo, de 1664, as penalidades para quem comparecesse a um ofício não de acordo com o Livro de Oração e freqüentado por cinco ou mais pessoas da mesma família eram: multa, prisão e deportação definitiva. Pelo ‘Ato das Cinco Milhas’, de 1665, era proibido a quem quer que fosse ‘em ordens sacras ou pretensas ordens sacras’ ou alguém que tenha pregado num ‘conventículo’, e não haja feito juramento condenando a resistência armada ao rei e assegurado não intentar ‘nenhuma alteração de governo quer na igreja quer no Estado morar num raio de cinco milhas de uma cidade incorporada ou dentro da mesma distância do lugar onde exercera o ministério. A essas pessoas também era vedado ser mestre-escola – quase a única ocupação à disposição de um ministro deposto. Estas e outras deliberações do assim chamado ‘Código Clarendon ’não foram passíveis de estrita tolerância, mas levaram às grandes perseguições aos dissidentes” (Ibidem, p.155).

[64] “Todos os que tinham funções militares ou civis, com poucas exceções, vivendo dentro de trinta milhas de Londres, eram obrigados a tomar a Ceia do Senhor conforme o rito da Igreja da Inglaterra ou o perder seus postos” (Ibidem, p.156).

[65]  WALKER, Welliston, Ibidem, p.141.

[66] HILL, Christopher, Ibidem, p.99.

[67]  WALKER, Welliston, Ibidem, p.160.

[68] HILL, Christopher, ibidem, p.204.

[69] Ibidem.

[70] Ibidem, p.207.

[71] Ibidem.

[72] Ibidem, p.206.

[73] Ibidem, p.219.

[74] Ibidem.

[75] Ibidem, p.220.

[76] Ibidem, p.208.

[77] Ibidem, p. 225.

[78] Ibidem, p. 43-4.

[79] Ibidem, p.44.

[80] Ibidem, p.94.

[81] Ibidem, p.95.

[82] WALKER, Welliston, Ibidem, p.160.

[83] HILL, Christopher, Ibidem, p.95.

[84] WALKER, Welliston, Ibidem, p.160-1.

[85] Ibidem.

[86]  HEITZENHATER, Richard P., Ibidem, p.21

[87] Ibidem, p.23.

[88] Ibidem.

[89] Ibidem, p.24.

[90] Ibidem., p.24.

[91]Notes Su L' Anglaterre” (Monstesquieu apub Lelièvre, 1997, p.11).

[92] VIDLER, Alec R. Ibidem,  p.36.

[93] LILIÈVRE, Mateo. João Wesley – Sua vida e obra. São Paulo: Editora Vida, 1997, p.16.

[94] HEITZENHATER, Richard P., Ibidem p.27.

[95] Ibidem, p.29.

[96] WESLEY, João. Trechos do Diário de João Wesley, op. cit, p.210.

[97] HARPER, Steve, Ibidem, p.66.

[98] O motivo para Wesley organizar as sociedades era que os convertidos precisam ganhar alimento imediato. Para ele, a pregação não poderia produzir espiritualidade madura e muitos se perdiam ou ficavam adormecidos. (Ibidem, p.64-65). Steve Harper cita livro de Samuel Emerick – Spiritual Renewal for Methodism (Nashville:Methodist Evangelistic Material, 1958), p.2 – onde Wesley diz: “Eu estava convencido do que nunca, de que pregar como um apóstolo, sem ajuntar os que são despertados, e sem treiná-los os caminhos de Deus, era como conceber filhos para o assassino. Quanta pregação não têm havido todos estes vinte anos através de Pembrokeshire! Mas nenhuma sociedade regular, nenhuma disciplina, nenhuma ordem ou conexão; e o resultado é que nove em cada dez despertos estão agora mais adormecidos do que nunca” (HARPER, Steve, Ibidem, p.65).

[99] Ibidem.p.65.

[100] WALKER, Welliston, Ibidem, p.203.

[101] Segundo Heitzenhater, “a restauração da monarquia sob Charles II (convidado a voltar para o trono pelo próprio Parlamento) significava o restabelecimento também da Igreja. A monarquia dos Stuart, considerando-se autorizada por ‘direito divino’, seguiu o ritual tradicional de auto-autorização através de uma série de atos do Parlamento (..) (HEITZENHATER, Richard P., ibidem p.13). Charles I havia sido executado “diante de uma multidão ávida por vingança, Charles foi ao encontro da morte com tal graça e dignidade que, dez anos depois, após uma década sem monarquia e sem uma Igreja estabelecida, mesmo as forças revolucionárias que formavam o Parlamento reconheceram que a Inglaterra estaria melhor com a antiga forma degoverno do que nascondições precárias, tanto políticas, como religiosas, que Oliver Cromwell havia tentato dirigir (..) ( Ibidem, p.13). “A execução de Charles I, em 1649, chamada, nos livros de orações posteriroes de ‘o Martírio do abençoado Rei Charles o Primeiro’, cuja dignidade e conduta real naquela ocasião ajudou, mais tarde, a reforçar a perspectiva de direito divino dos defensores dos Stuart” (Ïbidem, p.14).

[102] A expressão Jacobitas  vem de Henry Jacob (1553-1625). Ele foi pastor em Oxford, depois foi para a Holanda. Em 1600 foi pastor de uma igreja composta de exilados ingleses. Em 1604, escreveu Razões extraídas da Palavra de Deus e dos melhores testemunhos humanos que provam a necessidade de reformar a nossa Inglaterra. Em 1610, publicou  Divino Princípio e a Instituição da Verdadeira, Visível e Ministerial Igreja de Cristo. Em 1611, Jacob publicou outro livro onde afirma que ´o governo da Igreja  sempre deve ser com o consentimento do povo´ (JONES, D.M.Lloyd, Os Puritanos, Ibidem, p.159-180). Juntamente com outros teólogos “formularam os princípios da posição independente ou congregacional não separatista, da qual proveio o moderno congregacionalismo. Empenhados em evitar a separação da Igreja da Inglaterra, trabalharam a favor de um sistema nacional de igrejas congregacionais estabelecidas” (WALKER, Welliston, Ibidem, p.146). Henry fundou uma igreja em Southwark, 1616, a primeira congregacional que ainda existe Ibid., p.146). Os partidários de James, que fugiu para a frança onde esperava a oportunidade de voltar ao trono inglês, passaram a ser chamados de ”Jacobitas”. Depois de 1688, “os atos parlamentares tradicionais, se seguiam depois de uma sucessão real, forçaram os seguidores da linha dos Stuart a uma decisão difícil. Os bispo e outros líderes da Igreja que apoiavam James (e que foram chamados de ‘Jacobitas’), mas que deviam assinar um voto de fidelidade ao novo monarca, de acordo com o Ato de Supremacia, tiveram que escolher entre sua consciência e seu benefício eclesiástico. Aqueles que foram incapazes de assinar foram chamados de ‘não-jurados’ (nonjurors) e perderam suas posições na Igreja e no governo. Em geral, os não-jurados representavam o maior segmento de oposição à monarquia de William e Mary (HEITZENHATER, Richard P., Ibidem, p.16)”.

[103] JOY, James Richard, Ibidem, p.95.

[104] WILLIAMSON, Glen. Susana. Miami, EUA: Editora Vida, 1988, p.144.

[105] HEITZENHATER, Richard P., Ibidem, p.151.

[106] Ibidem.

[107] Ibidem, p.161.

[108] Ibidem.

[109] Ibidem, p.37.

[110] THOMPSON, Edward P, 1v. ibidem, p.42.

[111] WESLEY, João. Trechos do Diário de João Wesley. Ibidem, p.108-9.

[112] Ibidem, p.110.

[113]Os motins contra Wesley e os metodistas foram, muitas vezes, incentivados por párocos. Contudo, em 1789, quando João Wesley voltou a Talmouth, depois de quarenta anos, aonde chegou a ser preso por um motim imenso, agora todos olhavam para ele com amor e bondade (Trechos do Diário de João Wesley. Ibidem, p.56-63).

[114] THOMPSON, Edward P, 1 v. Ibidem, p.67.

[115] HARPER,Steve, Ibidem, p.78.

[116] Ibidem, p.79

[117] https://www.amazon.com/Good-News-Poor-Evangelical-Economics/dp/0687155282

[118] https://viewpoint.pointloma.edu/john-wesley-on-homelessness-and-poverty/

[119] https://www.christianitytoday.com/history/issues/issue-19/four-lessons-on-money.html

[120] https://bandonmethodist.org/practical-expression-of-methodist-beliefs/

[121] https://fmcic.ca/compassion-and-the-poor/

[122] https://philpapers.org/rec/BETJWC

[123]“O avivamento wesleyano e a classe operária inglesa”. Livro de Odilon Massolar Chaves, pela Amazon, 2019. 

[124]https://www.buildingconservation.com/ articles/georgewhitefield/georgewhitefield.htm

[125] https://lexloiz.wordpress.com/2009/08/26/i-will-pour-out-my-spirit-–-a-mighty-move-of-god-in-bristol/

[127] A Dra. Linda Ryan foi estudante de doutorado no Oxford Centre for Methodism and Church History e atualmente está escrevendo um artigo sobre teleologia e as visões de Wesley sobre a infância.https://ocmch.wordpress.com/2017/10/01/new-book-on-wesley-and-childrens-education-by-linda-a-ryan/

[128]https://journals.sagepub.com/doi/10.1177/073989131401100210?icid=int.sj-abstract.similar-articles.1 O Papel da Obediência na Formação da Fé da Criança: Insights dos Ensinamentos e Práticas de John Wesley, por Colleen R. Derr, Ed.D.Ver.

[129]https://www.resourceumc.org/en/content/sermon-95-on-the-education-of-children

[130] https://www.sermonindex.net/modules/articles/index.php?view=article&aid=26141

[131]https://journals.sagepub.com/doi/10.1177/073989131401100210?icid=int.sj-abstract.similar-articles.1

[132] https://nodrinking.com/john-wesley-word-to-a-drunkard/

[133] Idem.

[134] https://www.morepartisanshipplease.org/a_Religious_Issue/John-Wesley_on_social-holiness.htm

[135] Professor da Faculdade de Teologia e do Programa de Pós-graduação em Ciências de Religião/ Universidade Metodista de São Paulo.

[136] https://www.scielo.br/j/hcsm/a/pkFbnhc7GfQT7tXhjHVtY4P/

[137] https://www.scielo.br/j/hcsm/a/pkFbnhc7GfQT7tXhjHVtY4P/

[138] https://www.bing.com/search?q=lúpulo.&qs=n&form=QBRE&sp=-1&pq=lúpulo.&sc=8-7&sk=&cvid=D24D88A508084FE292229C60A7B7AE5B

[139] https://ww.epworthinvestment.co.uk/investment-approach/ethical-policy-guidance/position-paper/alcohol-issues/

[140] https://docsouth.unc.edu/church/wesley/wesley.html

[141] https://docsouth.unc.edu/church/wesley/wesley.html

[142] WESLEY, João. Trechos do Diário de João Wesley. SP, Imprensa Metodista, p.190.

[143] LUCCOCK, Halford E. Linha de Esplendor Sem Fim. JGEC, Imprensa Metodista, [s.d.], p. 31.

[144] LUCCOCK, Halford E. Linha de Esplendor Sem Fim. JGEC, Imprensa Metodista, [s.d.], p. 30.

[145] http://www.digitalcommons.georgefox.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=1116&context=ccs

[146] http://www.digitalcommons.georgefox.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=1116&context=ccs

[147] LUCCOCK, Halford E. Linha de Esplendor Sem Fim. JGEC, Imprensa Metodista, [s.d.], p. 30.

[149] Idem.

[150] Idem.

[152] Idem.

[154] Idem.

[155] http://ukwells.org/wells/john-wesley-visiting-bocardo-prison

[156] https://quod.lib.umich.edu/e/evans/N22587.0001.001/1:18?rgn=div1;view=fulltext

[157] https://www.visionofbritain.org.uk/travellers/J_Wesley/19

[158] Idem.

[159] Idem.

[160] Um extrato do diário do rev. sr. John Wesley, de 12 de agosto de 1738 a 1º de novembro de 1739.

https://quod.lib.umich.edu/e/evans/N22587.0001.001/1:18?rgn=div1;view=fulltext

[161] Idem.

[162] https://www.dunedinmethodist.org.nz/articles//view/john-wesley-action-and-compassion-beyond/

[163] Idem.

[164] https://stephenliddell.co.uk/ 2023/04/13/touching-a-doorway-to-hell-the-old-door-of-newgate-prison/

[165] https://hekint.org/2017/01/30/john-wesley-amateur-physician-and-health-crusader/

[166] https://hekint.org/2017/01/30/john-wesley-amateur-physician-and-health-crusader/

[167] https://core.ac.uk/download/pdf/37749078.pdf

[168] https://core.ac.uk/download/pdf/37749078.pdf

[169] https://hekint.org/2017/01/30/john-wesley-amateur-physician-and-health-crusader

[170] https://sites.duke.edu/theconnection/2014/10/13/health-tips-from-john-wesley/

[171] https://sites.duke.edu/theconnection/2014/10/13/health-tips-from-john-wesley/

[172] https://www.ministrymatters.com/all/entry/1349/john-wesley-on-health

[173] https://www.ministrymatters.com/all/entry/1349/john-wesley-on-health

[174] https://www.ministrymatters.com/all/entry/1349/john-wesley-on-health

[175] https://news.mhm.org/lifestyle-changes-and-population-health-the-words-of-john-wesley/

[176] https://news.mhm.org/lifestyle-changes-and-population-health-the-words-of-john-wesley/

[177] https://sites.duke.edu/theconnection/2014/10/13/health-tips-from-john-wesley/

[178] https://news.mhm.org/lifestyle-changes-and-population-health-the-words-of-john-wesley/

[179] https://www.ministrymatters.com/all/entry/1349/john-wesley-on-health

[180] https://www.resourceumc.org/en/content/wesley-and-physical-health-practicing-what-he-preached

[181] https://www.resourceumc.org/en/content/wesley-and-physical-health-practicing-what-he-preached

[182] https://news.mhm.org/lifestyle-changes-and-population-health-the-words-of-john-wesley/

[183] https://place.asburyseminary.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=2480&context=asburyjournal

[184] https://hekint.org/2017/01/30/john-wesley-amateur-physician-and-health-crusader/

[185] https://www.asa3.org/ASA/PSCF/1995/PSCF12-95Malony.html

[186] https://www.asa3.org/ASA/PSCF/1995/PSCF12-95Malony.html

[187] https://www.asa3.org/ASA/PSCF/1995/PSCF12-95Malony.html

[188] https://historicgraves.com/story/ballyhoura-palatines-german-colony-south-limerick

[189] https://www.facebook.com/wesleyinireland/

[190] https://www.benner.org.nz/index.php/stories/benner-ireland-stories/204-the-palatines-in-ireland

[191] https://www.facebook.com/wesleyinireland/

[192] http://www.oldhaybaychurch.ca/wp-content/uploads/2017/05/2004-vol-12.pdf

[193] Idem.

[194] https://www.facebook.com/AdareWalks/photos/a.457702334647023/1379501212467126/?type=3

[195] http://www.oldhaybaychurch.ca/wp-content/uploads/2017/05/2004-vol-12.pdf

[196] https://www.irishpalatines.org/about/methodism.html

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