A luta e o legado do missionário John James Ransom
Odilon Massolar Chaves
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Tradutor: Google
Toda gloria a
Deus!
Odilon
Massolar Chaves é pastor metodista aposentado, doutor em Teologia e História
pela Universidade Metodista de São Paulo.
Sua tese
tratou sobre o avivamento metodista na Inglaterra no século XVIII e a sua
contribuição como paradigma para nossos dias.
Foi editor do
jornal oficial metodista e coordenador de Curso de Teologia.
Declaração
de direitos autorais: Esses arquivos são de domínio público e são
derivados de uma edição eletrônica que está disponível no site da Biblioteca
Etérea dos Clássicos Cristãos.
Rio de Janeiro
– Brasil
“Homem de talento,
ilustração, vigor e dedicação como o era o rev. Ransom, não era de admirar que,
sob o seu pastorado, o trabalho do Senhor fizesse real progresso”.[1]
(J.L.Kennedy)
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Índice
·
Introdução
·
O início do trabalho missionário
·
As dificuldades
·
Os primeiros membros
·
Falecimento de Annie
·
Novo casamento e novos missionários
·
As três linhas de ação da Missão Ransom
·
Ransom deixa de ser Superintendente de toda
Missão
·
O crescimento da obra missionária
·
O metodismo passa a ser administrado por uma
Conferência Anual
·
O seu retorno aos EUA
·
O seu legado
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Introdução
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“O fundador do metodismo entre os
brasileiros” é um livro de 34 páginas. O título é uma
afirmação do rev. James Lillbourne Kennedy[2], autor do livro “Cinquenta anos de metodismo
no Brasil”.
É um fato histórico sobre o ministério do
missionário John James Ransom (1853-1934),[3] afirmado quando se celebrava os 50 anos do
metodismo no Brasil, em 1926.
O professor Reily também faz afirmação
semelhante. Ele afirmou que a Igreja Metodista Episcopal do Sul “enviou John
James Ransom como missionário oficial entre a população brasileira.”[4]
Uma linha histórica considerava 1867 como o
início do metodismo no Brasil com o missionário Junius Newman e outra linha
histórica considerava 1876 como o início do metodismo no Brasil com o
missionário J.J.Ransom.
Prevaleceu, posteriormente 1867, apesar da
primeira Igreja Metodista em Saltinho, SP, ter sido organizada por Junius
Newman com 9 americanos em 1871.
Os dois primeiros brasileiros recebidos na
Igreja Metodista no Brasil incluíam um ex-padre. Assim disse o rev.
J.L.Keneddy: “(...) foi a 9 de março de 1879 que o sr. Ransom recebeu os
primeiros brasileiros em a nossa Igreja, a saber, o sr. ex—padre Antônio
Teixeira de Albuquerque, e a senhorinha Francisca de Albuquerque, sendo ambos
recebidos sob o seu batismo romano.” [5]
Sobre Rev. Ransom, o missionário metodista
J.L.Kennedy disse: “Homem de talento, ilustração, vigor e dedicação como o era
o rev. Ransom, não era de admirar que, sob o seu pastorado, o trabalho do
Senhor fizesse real progresso”.[6]
Este livro mostra a grande dedicação, amor e
abnegação dos primeiros missionários que vieram para a organização do metodismo
no Brasil.
Um livro que conta como foi iniciar a Igreja
Metodista entre os brasileiros.
O Autor
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O início do trabalho missionário
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John James Ransom (1853-1934)[7] nasceu em Rutherford
County, Tennessee, USA. Era filho de
Filho de rev.
Richard Portice Ransom e Frances
T. Bass.[8]
Ele se tornou pastor da Igreja Metodista
Episcopal e, depois, foi missionário no Brasil entre 1876-1886.
J.J.Ransom chegou ao Brasil, em 1876 como
Superintendente da Missão Brasileira enviado pelo Igreja Metodista Episcopal do
Sul.
Ele primeiro foi ter contato com o rev. Junius
Newman e procurou estudar o português. Nesse período, lecionou inglês e grego
no Colégio Internacional fundado pelos presbiterianos, em Campinas. Só um ano
depois procurou saber os “melhores pontos para o estabelecimento do seu
trabalho.”[9]
Junius Newman
teve papel importante para a vinda de Ransom. “Sob sua insistência, a IMES
enviou John James Ransom como missionário oficial entre a população brasileira.
Ransom esteve no Brasil por dez anos (1876-86), período em que, sob sua
direção, o metodismo tomou sua forma característica. Ransom determinou que a sede
da Missão Brasileira fosse o Rio de Janeiro onde, em janeiro de 1879, ele
iniciou a pregação em inglês e português”.[10]
Em 1877, J.J. Ransom chegou ir ver a obra metodista no sul do país tendo se
encontrado com o pastor metodista João
da Costa Corrêa.
Ransom, contudo, optou pelo Rio de Janeiro:
“O rev. Ransom fixou residência no Rio de Janeiro, arredando por dois anos uma
boa casa, sita a rua do Catete, nº 175, hoje reformada. Nessa casa, aos 13 de
janeiro de 1878, começou a dirigir cultos na língua inglesa, e a 27 do mesmo
mês, em português.”[11]
Nesse mesmo ano, ele abriu também um “ponto
quinzenal de evangelização em Santana, e outro em Niterói. Nesta cidade, o
local não era o mais convincente, mas como não havia outro, e a casa era
gratuita, achou por bem prosseguir.” [12]
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As dificuldades
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Além de não saberem o português e enfrentarem
constantes enfermidades que exterminavam muitos missionários metodistas, havia
ainda outras dificuldades:
“Nesse
tempo, a Corte Imperial tinha uma população de uns 300 mil habitantes e, em
geral, o povo dava pouca importância a religião, talvez, indiferente à pregação
do rev. Ransom (...). A congregação do rev. Ransom, nesses primeiros dias,
constava de umas quarenta pessoas.”[13]
Quando Ransom organizou a Igreja Metodista do
Catete, em 1878, imediatamente os padres passaram a taxá-lo de incrédulo ou
ateu através do “Apostolo, o mais poderoso jornal da Igreja Romana em todo o
Império”[14]. Ele, porém, não se intimidou.
Mais à frente, o missionário metodista
K.L.Kennedy afirmaria que a indiferença ao Evangelho era uma das maravilhas do
século.
Perseguido pelo jornal católico “Apóstolo”,
Ransom convidou os padres redatores a assistirem aos cultos para verificarem
que os metodistas não eram ateus, nem desprezadores das leis do Brasil.
A mensagem dos missionários metodistas estava
impregnada da ênfase na mensagem da cruz, uma ênfase petista:[15] “Recentemente chegou o Rev. Hugh C. Tucker,
que tem dedicado os seus dias a pregar o Cristo crucificado aos contritos de
coração e liberdade aos cativos.”[16]
Até mesmo o lado afetivo não tinha um maior
apoio. Quando o missionário J.L.Kennedy desejou se casar e pediu autorização
para viajar, não obteve autorização da liderança metodista dos EUA.
A oposição ao Evangelho por parte da Igreja
oficial era vista com perplexidade pelos missionários metodistas. Pela
Constituição do Império, de 1824, o catolicismo era a religião oficial.
Uma das grandes dificuldades foi a febre
amarela que tirou a vida de muitos missionários e missionárias.
Os missionários pagaram um alto preço para
instalarem o metodismo no Brasil. Se em 1840, Daniel Kidder havia perdido sua
esposa Cynthia Kidder de febre amarela, também Junius Newman perderia sua
esposa em 1877.[17] Três anos depois, ele perderia também sua
filha, Annie.
O maior golpe que Ransom sofreu foi a perda
de sua esposa Miss Annie Newman, 24 anos, em março de 1880, com a qual havia se
casado no Natal de 1879.[18]
Em 1886, falece o Superintendente da Missão
no Brasil, o rev. James Koger, vítima da febre amarela. A sua morte abalou em
muito a Igreja Metodista. Ele havia organizado as igrejas de São Paulo e
Piracicaba e era o superintendente da Missão. Os missionários Ransom e Kennedy
conseguiram vencer a febre amarela.[19]
E foi um metodista dos EUA, o médico Walter
Reed, que descobriu em Cuba a origem da febre amarela, que ajudou a tantas
pessoas.
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Os primeiros membros
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Tanto em Saltinho, SP, como na Corte, os
missionários procuraram primeiro os estrangeiros até mesmo pela dificuldade de
falarem o português.
A organização da Igreja do Catete aconteceu
assim: “Dentre os elementos estrangeiros da população carioca, o sr. Ransom
organizou a primeira Igreja Metodista dessa cidade, constando das seguintes
pessoas: Mrs. Emma Dawson, Mr. H. W. Hilliard, Ministro Plenipotenciario dos Estados
Unidos junto ao Governo brasileiro; Mr. John Mc Gee, Dr. Sam D. Rambo, Mr. W.T.
Rainey e Miss Mary Watts, perfazendo seis ao todo”.[20]
Os primeiros membros brasileiros chegaram
logo. O missionário J.L. Kennedy afirma: “A Escola Dominical durante esse ano
matriculou cinquenta alunos. Pelas informações que pudemos colher, foi a 9 de março de 1879 que o sr. Ransom recebeu os
primeiros brasileiros em a nossa Igreja, a saber, o sr. ex—padre Antônio
Teixeira de Albuquerque, e a senhorinha Francisca de Albuquerque, sendo ambos
recebidos sob o seu batismo romano.” [21]
Para alegria dos líderes, uma nova família
chegou para a igreja: “No mês de julho de 1879, mais quatro brasileiros foram
recebidos. Estes eram membros da família Pacheco.”[22]
E o templo?
“O Rev Ransom alugou uma casa na Rua do
Catete onde morou e realizou seus primeiros cultos. A chegada de novos
missionários e ampliação natural da igreja com a assunção de novos fiéis exigia
um espaço maior e mais apropriado aos rituais e atividades eclesiásticas. Em
1881 foi comprado terreno onde se localiza atualmente a catedral. Inicialmente
foi construída uma capela, que foi inaugurada em setembro de 1882. Em 1886 foi
construído e inaugurado o templo atual, em estilo predominantemente neoclássico
com elementos do gótico inglês”.[23]
E a Igreja continuou crescendo.
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Falecimento de
Annie
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Com febre amarela, Annie cada dia piorava mais. A fé e a
vida devocional se mantiveram firmes em sua vida.
Annie havia sido atacada por uma febre
amarela que persistiu por cinco meses. O fim estava se aproximando.
Nos momentos finais, Ransom e Annie oraram
juntos - e então cantaram um hino: ‘Assim como eu - sem um apelo ... Ó Cordeiro
de Deus, eu venho, eu venho”.
Annie deixou de lado sua caneta para sempre,
“mas com seu último uso, ela deu a suas irmãs da Igreja ME, do Sul, uma prova
de quão profunda e ternamente ela amava o trabalho para o qual alguns dias
depois ela estava em algum sentido dar sua vida. ‘Annie sofreu por dez dias. Os
opiáceos a inclinaram a falar e ‘ela contou sobre sua experiência cristã - como
quando criança confiava em Deus com uma fé tão infantil que hesitava em não
pedir a ele qualquer coisa necessária’. Ransom e Annie
oraram juntos - e então cantaram um hino: ‘Assim como eu - sem um apelo ... Ó
Cordeiro de Deus, eu venho, eu venho!"[24]
O hino “Just As I Am” todo diz:
Assim como eu sou, sem um
apelo
Mas que Teu sangue foi derramado por mim
E que Tu me oferecesses vir a Ti
O Cordeiro de Deus, eu venho! Eu vim!
Assim como eu sou, embora
jogado
Com muitos conflitos, muitas dúvidas
Lutas dentro e medos sem
O Cordeiro de Deus, eu venho, eu venho!
Assim como eu sou pobre,
miserável, cego
Visão, riquezas, cura da mente
Sim, tudo que preciso, em Ti para encontrar
O Cordeiro de Deus, eu venho, eu venho!
Assim como eu sou, tu
receberás
Bem-vindo, perdoe, limpe, alivie
Porque a tua promessa eu acredito
O Cordeiro de Deus, eu venho, eu venho!
Porque a tua promessa eu acredito
O Cordeiro de Deus, eu venho, eu venho![25]
No dia 17 de julho[26] de 1880, Annie faleceu com 23 anos.[27]
Foi enterrada no “Cemitério dos Ingleses”, na
Gamboa, Rio de Janeiro, no dia 18 de julho.[28] Ransom ficou abalado e foi passar um tempo nos EUA para se recuperar.
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Novo casamento
e novos missionários
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Em 1880, após
a morte de sua esposa, Ransom foi aos EUA e teve oportunidade de falar em
várias Conferências despertando o interesse para a obra missionária no Brasil.
Em sua volta,
1881, trouxe consigo o rev. J.W.Koger, esposa e filhinho, Martha Watts e o rev.
J.L.Kennedy. Koger e Martha Watts fixaram residência em Piracicaba,
J.L.Kennedy, no Rio de Janeiro.
Ransom e Kennedy residiam no Hotel Santa
Tereza e tinham uma vista linda da baia da Guanabara. “Na falta de Casa de
Oração, esses missionários se limitavam a estudos, à escrita, a visitas de casa
em casa, e, simultaneamente, à fiscalização das obras da nova construção da
primeira Igreja Metodista no Brasil, as quais estavam rapidamente prosseguindo,
no largo do Catete.”[29]
Em 1884, Ransom
se casou posteriormente com Sarah Ella Ransom.[30] Foi pai de quatro filhos: “Richard Bruce Ransom (1885-___), Annie
Phillips Ransom (1887- ), John Crowe Ransom (1888 - ), e Ellene Ransom
(1894-1963)”.[31]
Além de todas
as dificuldades, os obreiros, no início, eram poucos: “J.L.Kennedy foi chamado
a dedicar-se aos trabalhos da nossa igreja na Corte do Brasil, cooperando com o
rev. Ransom, que até essa data era o único obreiro clérigo da Igreja metodista
nessa vasta cidade.”[32]
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As três linhas de ação da
Missão Ransom
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A missão dos missionários metodistas
compreendia três linhas de ação: “a) pregação a viva voz, b) Obra educativa, c)
Literatura boa”. [33]
A evangelização era total e incluía a
educação. A visão dos missionários era de que estavam sinalizando o Reino de
Deus em terra pagã.
Para eles, os EUA representavam o Israel de
Deus. Como estratégia, ofereciam Bíblias visitando as casas e organizavam
escolas com uma educação bem mais avançada atraindo assim famílias ilustres.
“Ransom lutou pela fundação do primeiro
educandário metodista (em Piracicaba, São Paulo, setembro de 1881). Desde sua
chegada ao Brasil, interessou-se pela tradução de obras metodistas para o
português”.[34]
Passados três anos, em 1881, “havia 60
membros estrangeiros e 6 brasileiros que residiam na Corte do Império; quatro
escolas dominicais, sendo duas na Corte, uma em Santa Bárbara, e outra em
Piracicaba”. [35]
Quatro meses depois que chegaram a
Piracicaba, em 1881, os novos missionários já deixaram suas marcas: Koger
organizou a Igreja Metodista e Martha Watts abriu o Colégio Piracicabano.
Antes, ela havia aberto uma Escola Dominical para crianças.
Depois de voltar dos EUA, em 1881,
Ransom teve que reorganizar a igreja que
estava dispersa e ver novo local de culto, pois o contrato havia vencido:
“Dentro, porém, de pouco tempo eles tomaram
casa à rua de Santa Christina, nº 41, no morro de Santa Tereza, a qual servia
de residência e também casa de culto, principalmente no idioma inglês. Ali
todos os domingos de manhã celebrava-se culto em inglês, a que numerosos
americanos e pessoas de outras nacionalidades assistiam religiosamente, e uma
escola dominical na mesma língua.”[36]
Havia todo um esforço para ampliar a área de
atuação do metodismo apesar da dificuldade com o idioma: “O superintendente da
Missão Brasileira, rev. Ransom, era o único representante metodista que poderia
pregar em português. Ele havia inaugurado um culto evangélico à rua S.
Clemente, nº 39 bairro de Botafogo, onde não existia nenhum crente metodista.
Pouco distante dessa sala de cultos descobriu-se a moradia de uma família
crente, a qual com certa regularidade assistia aos cultos públicos ali”. [37]
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Ransom deixa de ser
Superintendente de toda Missão
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Em 25 de março de 1882, Ransom embarcou para
os Estados Unidos deixando o Rev. J.L.Kennedy na direção do trabalho da Igreja.[38] No mês de julho, Ransom voltou.
Em 1882, a Missão Brasileira ficou dividida
em dois distritos: Rio de Janeiro e São Paulo. A Junta de Missões nomeou o rev.
J.W.Koger como novo Superintendente de toda Missão. J.J.Ransom ficou como
presidente do distrito do Rio de Janeiro e Koger no distrito de São Paulo.[39]
Foi com entusiasmo que os metodistas viram a
inauguração do primeiro templo no Brasil. ”Em setembro de 1882, foi inaugurada
a capela da Igreja do Catete (...) como a primeira igreja Metodista no Brasil,
e era um edifício de alvenaria, de certa elegância e que proporcionou grande
alegria aos poucos crentes da Corte, que assim ficavam abrigados
definitivamente no seu próprio templo e não sujeitos aos caprichos de quem lhes
alugasse casa”.[40]
Foi um período em que o metodismo ia sendo
normalizado, na expressão dos missionários. A inauguração da capela do Catete
“influía muito no espírito e na fé dos crentes dos crentes e na crescente
assistência aos cultos públicos daquele lugar.”[41]
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O crescimento da obra
missionária
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Passados quatro anos de instalação do
metodismo no Brasil sob a liderança do missionário J.J.Ransom, o crescimento
era visto como bom: “Na ocasião da abertura desta nova capela, existiam 71
membros, sendo 39 estrangeiros e 32 brasileiros, da Igreja Metodista no Rio de
Janeiro, um aumento liquido de 42 membros durante os doze meses imediatamente
precedentes”.[42]
“No último semestre de 1882, o rev. Ransom
dirigiu uma campanha evangelística na cidade de Piracicaba e, ali, um
considerável número de pessoas tornaram-se candidatas à comunhão da Igreja, as
quais, logo no ano seguinte, fizeram a sua pública profissão de fé”.[43]
Em 1883, J.W.Tarboux chegou ao Brasil e pela
urgência da necessidade de novos pregadores
“ foi logo nomeado pastor da congregação estrangeira do Catete, cargo
esse que assumiu imediatamente”. [44]
O missionário precisava primeiro se preparar
para ministrar no Brasil. J.W. Tarboux “dedicou-se ao estudo da língua
portuguesa e também lecionou Inglesa e História no Colégio Progresso, situado
no Morro de Santa Tereza, fundado por uma ilustrada senhorinha americana – Miss
Leslie. Esse colégio particular gozava de boa fama, era protegido pelas
melhores famílias da Corte, e, nesse tempo, a nossa igreja tratava de
adquiri-lo e colocá-lo inteiramente ao seu cuidado e direção. Infelizmente,
fracassou esse plano”.[45]
J.J.Ransom foi pastorear também em Juiz de
Fora, em 1884: “Ainda antes de terminar o ano de 1884, foi aberto um trabalho
em Juiz de Fora, Minas Gerais, e para lá mudou-se o Rev. Ransom, residindo
nessa cidade e realizando excelente trabalho metodista até agosto de 1886”.[46]
J.L.Kennedy assim se referiu ao J.J.Ransom:
“Homem de talento, ilustração, vigor e dedicação como o era o rev. Ransom, não
era de admirar que, sob o seu pastorado, o trabalho do Senhor fizesse real
progresso”.[47]
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O metodismo passa a ser
administrado por uma Conferência Anual
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Em 1886, o metodismo passa a ser administrado
por uma Conferência Anual: “(...) o território da Conferência Anual foi
dividido em dois distritos: o do Rio de Janeiro e o de S. Paulo. O do Rio de
Janeiro tinha duas igrejas na cidade, com 63 membros e três circuitos em Minas
– Juiz de Fora com 31 membros; Rio Novo com 16 candidatos e 3 membros e o de
Mar de Hespanha, sem membros professos”. [48]
Já sem a
presença de Ranson no Brasil, o rev. H.C. Tucker abriu um Colégio particular na
Corte, em 1887, “porém de todo evangélico, cujos alunos, quase todos, assistiam
a escola Dominical.”[49]
Em 1888, dentro da ênfase da boa literatura,
foram publicados dois mil exemplares do catecismo metodista.
Planejado pela Junta Missionária de Mulheres,
no dia 20 de fevereiro de 1888, teve início as aulas do Colégio do Alto, numa
propriedade adquirida na Rua das Laranjeiras sendo a diretora Miss Mary Bruce
ajudadas por outras missionárias.
As aulas começaram com 21 alunas sendo 8
internas. A matrícula no ano chegou a
50. Devido a febre amarela no Rio de Janeiro, em 1891, a escola foi fechada.
Dentro da ênfase na obra educativa, em 1889,
chegaram duas missionárias: E.V.Yarrell, que foi lecionar na Escola do Alto (na
Rua das Laranjeiras), e Lida Howell, no Colégio Piracicabano. [50]
Anualmente, a Igreja passou a realizar as
Conferências Anuais:
1887: no Catete, sob a presidência do Rev.
J.W.Wolling;
1888: em São Paulo, sob a presidência do
bispo J.C. Granbery;
1889: no Rio de Janeiro, sob a presidência do
Rev. J.W.Wolling;
1890: em Juiz de Fora, sob a presidência do
bispo J.C.Granbery, etc.
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O seu retorno aos EUA
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J.J.Ransom e J.L.Kennedy foram nomeados para uma
comissão para tratar das propriedades da Igreja e se constatou que toda
propriedade da Igreja estava no nome de J.J.Ransom, sendo considerada uma
propriedade individual, “porém assegurada para a Igreja em caso de morte sua,
por documentos legais arquivados em Nashiville, Tenn., e também pelo ‘Testamento’
executado no Brasil”. [51]
Até aquele momento tinha sido impossível
obter do governo Imperial reconhecimento da Board of Missions e da Women’s
Board of Missions” como corporações ou entidades jurídicas.
Em 1886, Ransom se desligou do trabalho no
Brasil e voltou aos EUA.[52]
Seu desligamento ocorreu na Conferência
Missionária realizada em 1886. No dia 4 de agosto de 1886 voltou ao EUA onde
trabalhou ainda durante muitos anos.[53]
Rev. Kennedy disse: “Sempre foi lastimada a
sua retirada do Brasil, mas o que nós perdemos outros ganharam e é crer que as
nossas autoridades que determinaram a sua volta para o campo do Norte,
resolveram tudo no temor do nosso Divino Mestre. O que é certo é que o Dr.
Ransom nunca perdeu o seu amor para o trabalho do Senhor no Brasil”.[54]
Kennedy fala ainda que os que ficaram para
trás sempre lastimaram a “combinação de circunstancias que o impeliram para
lá”.[55]
Ransom faleceu aos 81 anos nos EUA em 18 de
outubro de 1934. Foi enterrado em Nashville, Davidson County, Tennessee, EUA.[56]
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O seu legado
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Historicamente, o trabalho missionário de
John James Ransom foi muito marcante e muito elogiado pelos seus colegas
contemporâneos.
Dentre seu legado, destacamos:
O Rev. Ransom inaugurou a primeira capela
metodista no Brasil. “Em setembro de 1882, foi inaugurada a capela da Igreja do
Catete (...) como a primeira igreja Metodista no Brasil, e era um edifício de
alvenaria, de certa elegância e que proporcionou grande alegria aos poucos
crentes da Corte, que assim ficavam abrigados definitivamente no seu próprio
templo e não sujeitos aos caprichos de quem lhes alugasse casa”.[57]
John James Ransom era o único metodista que
poderia pregar em português.[58] Ele inaugurou um culto evangélico no bairro
do Botafogo. Em 1881, passaram a se reunir numa casa no morro de Santa Tereza,
que servia de residência e casa de culto.
Ele se dedicou a publicação dos periódicos da
Escola Dominical "A Escola Dominical" e "Nossa Gente
Pequena".
Em 1884 foi aberto um trabalho em Juiz de
Fora onde Ransom foi residir até 1886.
No dia 1° de janeiro de 1886 ele criou o
jornal "Methodista Catholico" que se tornou o órgão oficial da
Igreja. No ano seguinte o nome foi mudado para "Expositor Cristo",
sendo o jornal evangélico mais antigo do Brasil.
Ransom é também autor do hino “Por meus
delitos” (Hinário Evangélico 430).
Por meus
delitos
Por meus delitos expirou
Jesus, a vida e luz
Do meu pecado me livrou
Na ensanguentada cruz
Oh, faz-me forte em confessar
Jesus, meu redentor!
E sempre firme em confiar
No seu constante amor!
Terei, acaso fraca voz
Que trema ao confessar
A quem, por morte tão atroz
Minha alma quis salvar?
Pois eu desejo aqui cantar
Tão grande salvador!
E, quando for no céu morar
Louvá-lo-ei melhor![59]
Ele foi chamado por J.L.Kennedy de “o fundador do metodismo entre os brasileiros”.[60]
E ainda disse: “Honra aquele devotado servo
de Deus”.[61]
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[1] KENNEDY, J.L. Cincoenta annos de
methodismo no Brasil. p.37.
[2] KENNEDY, J.L. Cincoenta annos de methodismo no Brasil. 1928, p.47.
[3] https://hymnary.org/person/Ransom_JJ
[4] REILY, Duncan A. História Documental do Protestantismo no Brasil. São
Paulo: ASTE, 1984, 88-9.
[5] KENNEDY, J.L. Cincoenta annos de methodismo no Brasil. 1928, p.22.
[6] KENNEDY, J.L. Cincoenta annos de
methodismo no Brasil. p.37.
[7]
https://hymnary.org/person/Ransom_JJ
[8]
https://www.geni.com/people/Rev-John-James-Ransom/6000000024074524892
[9] KENNEDY, James Lillbourne, Cinqüenta anos de metodismo no Brasil. 1928.
p. 20.
[10] REILY, Duncan A. História Documental do Protestantismo no Brasil. São
Paulo: ASTE, 1984, 88-9.
[11] KENNEDY, James Lillbourne, Cinqüenta anos de metodismo no Brasil. 1928.
p. 20.
[12] Ibidem., p.79.
[14] Salvador. José Gonçalves. História
do metodismo no Brasil. Imprensa Metodista,
SP, 1982, p.79.
[15] “Aquele que seguia o pietismo, movimento procedente do luteranismo que
valorizava as experiências individuais do crente, e enfatizava a conversão
pessoal, a santificação, e a renúncia às coisas mundanas”.
www.dicionarioinformal.com.br/significado/pietista/26135/
[16] KENNEDY, J.L. Methodista Catholico. Rio de Janeiro, 1 de agosto de
1886, v.15, p.4
[17] LONG. Eula K. Do meu velho
baú metodista. São Paulo, Imprensa metodista, 1968, p.55.
[18] Ibidem., p.84.
[19] SALVADOR, José Gonçalves. História do
metodismo no Brasil. Imprensa Metodista,
SP,
1982, p.177.
[20] KENNEDY, James Lillbourne,
Cinqüenta anos de metodismo no Brasil. 1928. p.21.
[21] Ibidem., p.22.
[22] Ibidem., p.22.
[23]
https://catedralmetodista.org.br/historia/
[24] DAWSEY, James Marshal. Annie Ayres
Newman Ransom (1856-1880) and Methodism in Brazil. Publicado no METHODIST
HISTORY pela General Commission on Archives and History of The United Methodist
Church, U.S.A., 1995, p.162-172.
[26] Alguns outros colocam sua morte em março de
1880. Salvador. José
Gonçalves. História do
metodismo no Brasil. Imprensa Metodista, SP,
1982, p.79.
[27] Op.cit., p.61.
[28]
https://pt.findagrave.com/memorial/125031839/annie-ayers-ransom
[30]https://www.geni.com/people/Rev-John-James-Ransom/6000000024074524892
[31]https://sos-tn-gov-files.tnsosfiles.com/forms/RANSOM_FAMILY_PAPERS_1833-1957.pdf
[32] https://pt.findagrave.com/memorial/125031839/annie-ayers-ransom
p.27.
[33] Ibidem.
[34] REILY, Duncan A. História
Documental do Protestantismo no Brasil. São Paulo: ASTE, 1984, 88-9.
[35] KENNEDY, James Lillbourne,
Cinqüenta anos de metodismo no Brasil. 1928. p.27
[36] Ibidem., p.27.
[37] Ibidem., p.29.
[38] Idem.
[39] KENNEDY, James Lillbourne,
Cinqüenta anos de metodismo no Brasil. 1928. p. 30.
[40] Ibidem., p.27-8.
[41] Ibidem, p.31.
[42] Ibidem., p.29.
[44] Ibidem., p.32.
[45] Ibidem., p.32.
[46] ROCHA, Isnard. Pioneiros e
Bandeirantes do metodismo o Brasil. Imprensa Metodista, 1967, p.39.
[47]KENNEDY, J.L. Cincoenta annos
de methodismo no Brasil. p.37.
[48] Ibidem., p.50.
[49] Ibidem., p.54.
[50] Ibidem., p.57.
[51] KENNEDY, J.L. Cincoenta
annos de methodismo no Brasil. p.46.
[52]
https://www.geni.com/people/Rev-John-James-Ransom/6000000024074524892http://www.metodistavilaisabel.org.br/artigosepublicacoes/descricaobiografias.asp?Numero=614www.metodistavilaisabel.org.br/.../descricaobiografias.asp?Numero=614http://wc.rootsweb.ancestry.com/cgi-bin/igm.cgi?op=GET&db=gerrha&id=I02445
[53] ROCHA, Isnard. Pioneiros e
Bandeirantes do metodismo o Brasil. Imprensa Metodista, 1967, p.39.
[54] KENNEDY, J.L. Cincoenta
annos de methodismo no Brasil. p.47.
[55] Idem.
[56] https://pt.findagrave.com/memorial/185572988/john-james-ransom
[57] Ibidem., p.27-8.
[58] ROCHA, Isnard. Pioneiros e
Bandeirantes do metodismo o Brasil. Imprensa Metodista, 1967, p.38.
[59]
https://www.letras.mus.br/louvor-e-adoracao-hinario-igreja-do-nazareno/por-meus-delitos/
[60] KENNEDY, J.L. Cincoenta
annos de methodismo no Brasil. p.47.
[61] Idem.
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