Marcas do caráter de Cristo no
Novo
Testamento
Tomo 2:
Jornada
para alcançar o caráter de Cristo
Notas explicativas de Wesley
Odilon Massolar Chaves
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Massolar Chaves
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direitos reservados ao autor.
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ler, copiar e compartilhar gratuitamente
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Autor das
notas: João Wesley
Editor deste
texto e autor do livro: Odilon Massolar Chaves
Livros
publicados na Biblioteca Digital Wesleyana: 514
Livros
publicados pelo autor: 596
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Tradutor:
Google
Toda glória a Deus!
Odilon Massolar Chaves é pastor metodista
aposentado, doutor em Teologia e História pela Universidade Metodista de São
Paulo.
Sua tese tratou sobre o avivamento
metodista na Inglaterra no século XVIII e a sua contribuição como paradigma
para nossos dias.
Foi editor do jornal oficial metodista e
coordenador de Curso de Teologia.
Declaração de direitos autorais:
Esses arquivos são de domínio público e são derivados de uma edição eletrônica
que está disponível no site da Biblioteca Etérea dos Clássicos Cristãos.[1]
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Índice
·
Apresentação
·
Introdução
Marcas do
caráter de Cristo no Novo Testamento
·
O caráter de Cristo em Paulo
·
Timóteo, um caráter aprovado
·
Uma discípula notável
·
Um companheiro notável
·
Um companheiro de lutas
·
João, amado e aperfeiçoado em amor
·
Um líder encorajador
·
O servo sábio
·
O discípulo poderoso na Palavra
·
Maria Madalena, nos passos de Jesus
·
Uma discípula aos pés de Jesus
·
Priscila: líder, abnegada e cooperadora
·
O discípulo que aprendeu a tomar a cruz
·
O discípulo que doou bens e a sua vida
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Apresentação
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Tenho o grande privilégio de apresentar mais
um importante livro de autoria do reverendo Odilon Massolar Chaves: Jornada
para alcançar o caráter de Cristo.
Na instrução ao livro o autor destaca o
objetivo desta construção editorial: ajudar no desenvolvimento e amadurecimento
espiritual. Da mesma maneira, sublinha a importância do crescimento na
graça de Cristo, à luz do desafio do ensino do Apóstolo Paulo: “até que
todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, ao
estado de homem feito, à medida da estatura da plenitude de Cristo”
(Efésios 4.13).
A vida cristã é uma jornada que inicia com o
novo nascimento em Cristo e segue no processo do caminho da santificação sob o
impulso do Espírito Santo.
Na jornada da vida deparamos com muitos
desafios e movimentos, por exemplo, perdas, decepções, mudanças, adversidades,
inseguranças, alegrias, tristezas, surpresas, falta de fé.
No entanto, somos surpreendidos com a presença
de Jesus Cristo corrigindo os nossos passos, à semelhança dos caminhantes de
Emaús (Lucas 24. 1-35).
Viver a vida cristã constitui um grande desafio. O escritor James C. Fenhagen sublinha: “a vida cristã requer muito mais do que crescimento e desenvolvimento. Requer conversão e transformação uma mudança radical do ser para com Deus, que nos fez e continua a nos sustentar. A fé cristã tem a ver com uma transformação interior da consciência que vem como resultado do nosso encontro com Cristo.”
Caminhar com Cristo implica
num processo permanente de conversão. Há em nossa vida pessoal e relacional
muitos espaços vazios que precisam ser preenchidos com as virtudes
transformadoras do Evangelho de Jesus Cristo.
O livro - Jornada para alcançar o caráter de Cristo - chega em um momento importantíssimo especialmente, à luz de um contexto evangélico quando vivenciamos um festival de imaturidade cristã.
Com certeza, as páginas desta obra poderão ajudar as pessoas que seguem a Jesus Cristo caminharem numa vida abençoada e frutífera e movida pelo dom gracioso do Espírito Santo.
Seguindo a jornada com fé, esperança e amor.
Adriel de Souza Maia
Bispo Emérito da Igreja
Metodista
Editor Nacional do no Cenáculo
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Introdução
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“Jornada para alcançar o caráter de Cristo”,
numa perspectiva wesleyana, é um livro de 65 páginas para edificação pessoal e
pode ser usado em estudos bíblicos. Tem o formato também para ser utilizado nos
chamados pequenos grupos ou células.
Este livro tem o propósito de ajudar no
desenvolvimento e amadurecimento espiritual. Desde o novo nascimento estamos em
construção. Temos um alvo: crescer até chegar à medida da estatura de Cristo.
Esse alvo tem outros nomes: perfeição cristã, inteira santificação, maturidade
cristã, santidade, circuncisão do coração, etc.
Paulo ensinou sobre essa jornada: “(...) até
que todos alcancemos a unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, e
cheguemos à maturidade, atingindo a medida da plenitude de Cristo” (Efésios
4.13).
Ensinou mais: “Antes, seguindo a verdade em
amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo. Dele todo corpo,
ajustado e unido pelo auxílio de todas as juntas, cresce e edifica-se a si
mesmo em amor, na medida em que cada parte realiza a sua função” (Efésios
4.15-16).
O livro procura levar os leitores ao
aprofundamento bíblico e teológico sobre o caráter e o ministério de Jesus; o
caráter exemplar de personagens Novo Testamento e recomendações para a jornada
do novo nascimento até alcançar a santidade. Muitos dos estudos têm a citação
efetiva dos ensinamentos de João Wesley. Cada estudo termina com uma pergunta
que deve ser refletida em grupo ou individualmente. Nas células é importante
haver momento de louvor, orações, momento de compartilhar e oportunidade para
perguntas.
Vivemos tempos de necessidade de mais
aprofundamento bíblico e teológico. Vivemos tempos de necessidade de ser
exemplo de caráter em meio a uma geração marcada pela corrupção e violência.
Precisamos expressar nosso amor num tempo de déficit de amor tanto nos
relacionamentos, na vida de muitas igrejas e especialmente no mundo.
O livro está dividido em três partes, que
publicamos em três livros: “O caráter e o ministério de Jesus”; “Marcas
do caráter de Cristo no Novo Testamento” e “Recomendações
para a Jornada”.
Esta é a segunda parte: “Marcas do caráter de
Cristo no Novo Testamento”.
O Autor
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O caráter
de Cristo em Paulo
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“Já não sou eu quem vive,
mas Cristo vive em mim”
(Gálatas 2.20)
Paulo de Tarso
foi um dos mais influentes escritores do cristianismo
primitivo tendo escrito treze epístolas do Novo Testamento.
A conversão de
Paulo mudou radicalmente sua vida (Atos 9.1-19). Com suas atividades
missionárias e obras, transformou as crenças religiosas e a filosofia de toda a
região da bacia do Mediterrâneo
Paulo declarou que sua fé em Cristo tornou a Lei desnecessária
para a salvação, exaltou a igreja cristã como sendo o corpo de Cristo e mostrou
o mundo fora da igreja como estando sob julgamento.[1]
Cristo vive em mim
Uma das
afirmações mais fortes e mais conhecidas de Paulo é “Já não sou eu quem vive,
mas Cristo vive em mim” (Gl 2.20).
“Citando a Escritura, Wesley afirma que a
perfeição cristã permitia ao crente proclamar: ‘Estou crucificado com Cristo;
todavia vivo; todavia não eu, mas Cristo vive em mim.’ Visto que Cristo
vive no crente, e o crente imita a Cristo, o crente se torna santo em seu
coração e em suas ações, assim como Cristo é santo”.[2]
Segundo John
Wesley, a Bíblia instrui o cristão a imitar Cristo: “Daí eu vi, de forma mais
clara e clara, a indispensável necessidade de ter a mente que estava em
Cristo e de andar como Cristo também andou. ‘Essa imitação de Cristo, andando como ele
andava, requer toda uma transformação do crente, pois, como observa Wesley, “e
de andar como ele andava, não apenas em muitos ou
em muitos aspectos, mas em todas as coisas.”[3]
Segundo
Wesley, a graça transforma o cristão em alguém cujo coração é ‘renovado à
imagem de Deus, em justiça e santidade’, pois perdoou o pecado de
seus corações”.[4]
Paulo procurou ser um exemplo para os convertidos, como um bom mestre
fazia na cultura judaica e no princípio do cristianismo, quando os talmidim
(discípulos) imitavam os rabis. Ele disse: “Porque o nosso evangelho não chegou a vocês somente em
palavra, mas também em poder, no Espírito Santo e em plena convicção. Vocês
sabem como procedemos entre vocês, em seu favor. De fato, vocês se tornaram
nossos imitadores e do Senhor; apesar de muito sofrimento, receberam a palavra
com alegria que vem do Espírito Santo. E, assim, tornaram-se modelo para todos
os crentes que estão na Macedônia e na Acaia” (1Ts 1.5-7).
Paulo exorta os fiéis a imitá-lo: “para que sejais meus imitadores” (1Co
4.16). E complementa dizendo: “Por esta causa vos mandei Timóteo, que é meu
filho amado, e fiel no Senhor, o qual vos lembrará os meus caminhos em Cristo,
como por toda a parte ensino em cada igreja” (1Co 4.17).
Paulo ainda reafirma à Igreja em Corinto: “Sede meus imitadores, como
também eu sou de Cristo” (1Co11.1).
Aos filipenses, ele mostra a necessidade do discípulo imitar o seu
mestre destacando a prática da santidade: “O que também aprendestes, e
recebestes, e ouvistes, e vistes em mim, isso fazei; e o Deus de paz será
convosco” (Fp 4.9).
Paulo ensinou que o propósito de Deus é que
sejamos "conformes à imagem de Seu Filho" (Rm 8.29). Mais adiante,
diz que devemos chegar à "perfeita varonilidade, à medida da estatura da
plenitude de Cristo" (Ef 4.13).
Fomos criados à imagem e semelhança de Deus
(Gn 1.26), mas o pecado destruiu essa imagem em nós. Jesus veio nos resgatar e
nos reconciliar com Deus. Pela graça de Deus e ação do Espirito Santo somos
moldados segundo à imagem de Jesus.
Sobre isso, Wesley diz: "Este grande dom
de Deus, a salvação de nossas almas, não é outra coisa senão a imagem de Deus
recém estampada em nossos corações. É uma renovação dos crentes no espírito de
suas mentes, à semelhança daquele que os criou.”[5]
Salvação é ter restaurada a imagem de Deus em
nossos corações.
Para refletir: Cristo já vive em você?
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Timóteo,
um caráter aprovado
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“Entretanto, sabeis vós
que
Timóteo foi aprovado
(Filipenses 2.22)
“Timóteo
passou na prova”, diria hoje Paulo: “Entretanto, sabeis vós que Timóteo foi
aprovado porque serviu comigo na ministração do Evangelho, como um filho
cooperando com seu pai” (Fp 2.22).
Ser
aprovado significa que passou por provas e venceu.
Timóteo
seguiu com Paulo em suas viagens missionárias através da
Frígia, Galácia, Mísia, Tróas, Filipos, Bereia e Corinto.
Não
foram momentos fáceis. Timóteo aprendeu nas dificuldades, mas também vendo o
poder de Deus nas ministrações de Paulo.
Timóteo
chegou a ser preso por pregar o Evangelho: “Sabei que já está solto o irmão
Timóteo, com o qual, se ele vier depressa, vos verei” (Hb 13.23).
Timóteo
significa "honrando a Deus” ou "honrado por Deus”. Ele esteve nas
viagens missionarias de Paulo. Duas epístolas de Paulo foram endereçadas a ele.
Mais do que isso. Timóteo era considerado um filho na fé, o que Paulo já havia
dito em Filipenses 2.22: “Paulo, apóstolo de Cristo Jesus, por ordem de Deus,
nosso Salvador, e de Cristo Jesus, a nossa esperança, Timóteo, meu verdadeiro
filho na fé” (1Tm 1.1-2).
Seu nome ocorre 24
vezes no Novo Testamento. Paulo o chama de irmão algumas vezes: 2Co1.1; Cl
1.1; 1Ts 3.2;.Hb 13.32.
Era filho de Eunice e sua avó se chamava Lóide, que
eram judias: “Trazendo à memória
a fé não fingida que em ti há, a qual habitou primeiro em tua avó Lóide, e em
tua mãe Eunice, e estou certo de que também habita em ti" (2Tm 1.5).
Paulo, escrevendo ao seu discípulo Timóteo, deu-lhe a
seguinte instrução: “(…) seja um exemplo para os fiéis na palavra, no procedimento, no
amor, na fé e na pureza” (1Tm 4.12).
Disse mais: “Tu, porém, permanece naquilo que
aprendeste, e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido, e que
desde a tua meninice sabes as sagradas Escrituras, que podem fazer-te sábio
para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus” (2Tm 3.14-15).
E Timóteo foi fiel, servo e um exemplo. Seu caráter
foi aprovado.
“Caráter é um conjunto de características e
traços relativos à maneira de agir e de reagir de um
indivíduo ou de um grupo. É um feitio moral. É a firmeza e coerência de
atitudes”.[6]
Timóteo foi um discípulo aprovado: “Tu, porém, tens seguido
atentamente meu ensino, procedimento, propósitos, fé, paciência, amor,
perseverança; observado minhas perseguições e aflições, que sofri em Antioquia,
Icônio e Listra. Quantas perseguições suportei! Contudo, de todas o Senhor me
livrou!” (2Tm 3.10-11).
Dentre as virtudes de Timóteo, estão:
- Era cooperador (Rm 16.21);
- Era filho amado e fiel no Senhor (1Co 4.17);
- Trabalhava na obra do Senhor (1Co 16.10);
- Seu interesse na obra do Senhor era sincero (Fp 2.20);
- Tinha um caráter aprovado (Fp 2.22)
- Era ministro de Deus (1Ts 3.2);[7]
- Era submisso como um filho (1Tm 1.1-2);
- Era um Evangelista (2Tm
4.5).
Paulo o orientou sobre o ministério de evangelista: “Você, porém, seja moderado em tudo, suporte os sofrimentos, faça a obra de um evangelista, cumpra plenamente o seu ministério” (2Tm 4.5).
Em tempos de corrupção, ênfase na prosperidade, shows gospel e
superficialidade é necessário muito mais enfatizar o caráter de Cristo. E
Timóteo é um exemplo de caráter aprovado, fidelidade, servo e ministro fiel da
Palavra para nossa geração.
Para refletir: Você tem passado pelas provas e tem sido aprovado?
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Uma
discípula notável
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“Dorcas. Era ela notável
pelas boas obras
e esmolas que fazia”
(Atos 9.36)
A Bíblia conta a história de Dorcas, um nome grego (Atos 9. 36-46). Em
aramaico é Tabita, que significa gazela.
João Wesley disse: Tabitha, que é por interpretação
Dorcas - Ela era provavelmente uma judia
helenista, conhecida entre os hebreus pelo nome siríaco Tabitha, enquanto os
gregos a chamavam em sua própria língua, Dorcas (...)”.[8]
Não foi sem motivo que Dorcas foi comparada a uma gazela, um animal
admirado por sua beleza. A gazela era ajudadora natural do rebanho. As gazelas
tinham facilidade de encontrar bons pastos, por isso os pastores procuravam as
gazelas para protegerem e guardarem seus rebanhos.
Por isso, o nome gazela para Dorcas. Era exatamente o que ela fazia
ajudando as viúvas e os pobres. Ela protegia e guardava essas vidas.
Dorcas foi a única mulher na Bíblia chamada de discípula. Foi a única
mulher chamada de notável. Somente Silas e Judas, chamado Barsabás (Atos 15.22)
foram chamados de notáveis.
Jesus disse que nós seriamos reconhecidos como seus discípulos, se
amássemos uns aos outros (João 13.35).
Dorcas era notável. Era digna de nota, de registro. No meio dos outros,
ela fazia a diferença. Ela realizava boas obras. Ela fazia roupas para as
viúvas e ajudava aos pobres.
A Bíblia diz: “Esta estava cheia de boas obras e esmolas que
fazia" (At 9.36). Esmolas, em grego “Eleos”, significa compaixão,
misericórdia, solidariedade e partilha.[9]
Hoje, muitos consideram quem faz sucesso com a música gospel como alguém
notável. A Bíblia tem uma outra visão. Jesus foi notável por assumir a forma de
servo (Fp 2.5-8). Somos chamados a ter o mesmo sentimento que houve em Cristo
Jesus.
Algo que Jesus veio restaurar na Palestina foi a misericórdia esquecida
pelos líderes da época. A aplicação da Lei de uma forma fria excluía pessoas,
considerava os doentes como pecadores e os que erravam como dignos de morte.
Jesus disse, em sua época, aos líderes que eles haviam esquecido os
preceitos mais importantes da Lei, a justiça, a misericórdia e a fé (Mateus
23.23).
Na Parábola do Bom Samaritano, Jesus realça a importância da
misericórdia. Nas Bem-Aventuranças, Jesus disse: “Bem-aventurado os
misericordiosos porque alcançarão misericórdia” (Mateus 5.7).
Dorcas alcançou essa misericórdia. Dorcas um dia adoeceu e faleceu e
isso comoveu os discípulos que a conheciam muito bem. Todos sentiram uma falta
imensa dela, pois era amada e uma pessoa muito especial.
Os discípulos foram atrás de Pedro para orarem por Dorcas, que havia
morrido. As viúvas cercaram Pedro e todas as viúvas mostraram as túnicas e
vestidos que Dorcas tinha feito para os necessitados.
Pedro orou e ressuscitou Dorcas (Atos 9.37-43).
Para João Wesley, “a ligação entre fé e obras é tão inquebrável quanto
aquela entre o coração e a vida. ‘É necessário que todos os que são
justificados sejam zelosos de boas obras’, diz Wesley, ‘E estes são tão
necessários que se um homem voluntariamente os negligencia, ele não pode
razoavelmente esperar que ele seja santificado”.[10]
Dorcas foi uma discípula notável. Ela demonstrou sua fé através das
obras que realizava em benefício dos pobres e das viúvas.
Na verdade, só podemos amar depois de recebermos o amor de Deus. Nós
amamos porque Ele nos amou primeiro (1Jo 4.19).
Para refletir: Você tem sido notado pelo bem que faz aos outros?
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Um
companheiro notável
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“Judas, chamado Barsabás,
e Silas,
homens notáveis entre os
irmãos”
(Atos 15.22)
Silas (em grego: Σίλας ou Σιλουανός), também
chamado por vezes de Silvano. Ele é contado entre os Setenta Discípulos
enviados por Jesus em missão.[11] No hebraico, seu nome seja talvez sheal, “pedir, invocar”.[12]
Seu nome em latim é Silvanus, que significa
"da floresta". Paulo o saúda assim (2 Coríntios 1.19, 1
Tessalonicenses 1.1 e 2 Tessalonicenses 1:1) e na Primeira Epístola de Pedro (1
Pedro 5.12).
Hoje nem todos notam a existência de Silas na
Bíblia e poucos sabem que ele é o mesmo Silvano, companheiro de Paulo. Mas
Silas era um cristão notável, um servo do Senhor. Era um cidadão romano (Atos
16.37) e cidadão do Reino de Deus.
Silas era notado pelos apóstolos. Ele tinha
credibilidade entre a liderança da Igreja. João Wesley diz: “Judas, de
sobrenome Barsabás, e Silas, principais homens entre os irmãos”.[13]
Após o Concílio de Jerusalém, ele e outros
foram escolhidos para levarem uma mensagem fundamental às igrejas, que iria
mudar o curso da Igreja.
O nome de Silas “aparece pela primeira vez
nos Atos dos Apóstolos no final da
narrativa sobre Concílio de Jerusalém (Atos
15:22-35). Após a discussão ocorrida no concílio a respeito da controvérsia da circuncisão, os fiéis ali reunidos e
mais os apóstolos decidem escolher,
por eleição, os companheiros de Paulo e Barnabé na viagem até Antioquia para levar o resultado do encontro”.[14]
Não era tarefa fácil, mas Silas foi
“considerado capaz de realizar uma espécie de mediação entre Jerusalém e
Antioquia, entre judeus-cristãos e cristãos de origem pagã, e desta forma
servir a unidade da Igreja na diversidade de ritos e de origens”.[15]
Silas foi chamado de notável: ”Então, pareceu
bem aos apóstolos e aos presbíteros, com toda a igreja, tendo elegido homens
dentre eles, enviá-los, juntamente com Paulo e Barnabé, a Antioquia: foram
Judas, chamado Barsabás, e Silas, homens notáveis entre os irmãos” (Atos
15.22).
Eles foram eleitos e enviados com Paulo e
Barnabé.
Eles arriscavam suas vidas pelo nome de
Jesus. A Bíblia diz: “ (...) homens que têm exposto a vida pelo nome de nosso
Senhor Jesus Cristo. Enviamos, portanto, Judas e Silas, os quais pessoalmente
vos dirão também estas coisas” (Atos 15.27).
Silas e Judas eram também profetas e
consolaram os irmãos com muitos conselhos e os fortaleceram (Atos 15.32).
Judas voltou para Jerusalém, mas Silas
decidiu permanecer em Antioquia depois de ter lido as decisões do Concílio
(Atos 15.34).
Silas se torna um companheiro nas viagens
missionárias de Paulo consolando e incentivando os cristãos na Síria, Cilícia,
Frígia, Galácia, Mísia, Trôade, etc. Provavelmente, Silas mudou seu nome para
Silvanus (Silvano) para facilitar no evangelismo.[16]
Silas participou com Paulo do mover
sobrenatural de Deus na prisão de Filipos. Ele e Paulo oravam e cantavam e o
chão tremeu abrindo as portas da prisão depois deles terem sido presos por
libertarem uma jovem com espírito de adivinhação (Atos 16.16-40).
A conversão de Lídia (Atos 16.14-15) e do
carcereiro (Atos 16.29-33) deu início à Igreja em Filipos.
Em Tessalônica, novamente eles são atacados,
desta vez pelos judeus. Paulo segue para Atenas, deixando Silas e Timóteo em
Beréia (Atos 17.13-14). No final, provavelmente ele se encontrou com Paulo e
Timóteo em Antioquia, onde teria se encontrado com Pedro (1 Pedro 5.12), que o
chama de "fiel irmão" (como Silvano).[17]
Para refletir: O que geralmente as pessoas notam em você?
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Um
companheiro de lutas
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“Se dispôs a dar a própria vida”
(Filipenses 2.30)
Vivemos tempos de inversão de valores do Evangelho no meio cristão. O
individualismo e a busca por prosperidade têm sido o alvo de muitos. “Nesta sociedade hedonista, o que importa é o
prazer. Nesta sociedade utilitarista a lei que dita normas é a de levar
vantagem em tudo, mesmo que em sacrifício da verdade e da virtude. Nesta
sociedade pragmática o que interessa não é a verdade, mas o que funciona”.[18]
Como no Antigo Testamento, quando Israel era tentado pelas facilidades e
prazeres dos deuses dos povos vizinhos, assim hoje somos tentados a fazer o
mesmo. Importante, por isso, buscar exemplos na Bíblia de pessoas que foram servas,
fieis e tiveram um grande amor pelo próximo e pelo Reino de Deus para servirem
de modelo e estímulo.
Uma dessas pessoas foi Epafrodito (Fp 2.19-30). Ele era da Igreja em
Filipos (Fp 4.18). Seu nome significa “amável” revelando assim um traço de seu
caráter. Epafrodito foi enviado pela Igreja de Filipos para levar suprimentos
para o apostolo Paulo que estava preso.
“A evidência interna da carta indica que foi escrita durante o
primeiro encarceramento de Paulo em Roma. Nela ele fala de ‘toda a Guarda
Pretoriana’ como estando a par da razão de ele estar em cadeias, e envia
cumprimentos dos ‘da família de César” (Fil
1:13; 4:22)”.[19]
Roma fica cerca de mil quilômetros de Filipos. Epafrodito ficou doente
com a viagem e teve saudades de sua igreja em Filipos. Epafrodito se preocupou
por ela ter ficado sabendo que ele havia ficado doente (Fp 2.26-27).
Poucos na Bíblia são honrados, mas Epafrodito foi uma dessas pessoas.
Paulo disse: “Recebei-o, pois, no Senhor, com toda a alegria,
e honrai sempre a homens como esse” (Fp 2.29).
A sua dedicação
Paulo o chama de "meu irmão e cooperador e companheiro nas
lutas": Ele foi chamado de irmão por Paulo (Fp 2.25); Paulo
disse que ele era companheiro de trabalho e de lutas (Fp 2.25); ele foi
auxiliar nas necessidades (Fp 2. 25).
Um ministro a serviço do Reino
Segundo estudiosos, Epafrodito “foi enviado também como um ministro
(λειτουργος) para as necessidades do apóstolo, fazendo por ele o que a
comunidade de Filipos fora incapaz de fazer (Filipenses 2:30).
A designação leitourgos deriva do costume cívico grego,
indicando um ‘servidor público’, geralmente alguém com recursos financeiros
suficientes para realizar suas funções. Assim, Epafrodito deve ter sido não
apenas um legado da igreja de Filipos, mas uma pessoa de posses, capaz de
suplementar o presente da comunidade a Paulo (Filipenses 4:18)”.[20]
A doação da Igreja levada por Epafrodito
Epafrodito foi levar doações da Igreja de Filipos para Paulo, que estava
preso (Fp 4.14-18).
Essas doações foram importantes para Paulo e ele chega a dizer que “são
como um perfume suave a Deus, um sacrifício que ele aceita e lhe agrada” (Fp
4.18).
A doação de Epafrodito
Mas Epafrodito foi mais além. Ele ofereceu a si mesmo para levar as
doações da Igreja. Chegou quase a pagar com a própria vida (Fp 2.30), uma marca
do amor ágape, que se entrega e se doa.
Ele chegou a estar disposto a dar a vida para ajudar nas necessidades de
Paulo: “Se dispôs a dar a própria vida, para suprir a vossa carência de socorro
para comigo” (Fp 2.30).
A dedicação e doação são marcas do caráter de Cristo em nossas vidas.
São resultados do amor de Deus derramando em nossos corações (Rm 5.5). Quem é
alcançado pelo Evangelho de Cristo tem sua vida transformada e passa a viver
nos valores do Reino de Deus. Epafrodito é um exemplo para nossa geração de
amor praticado até as últimas consequências para servir ao próximo e ao Reino
de Deus.
Para refletir: O que você aprendeu com Epafrodito?
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João,
amado e aperfeiçoado em amor
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“Reclinado sobre o peito
de Jesus um de seus discípulos,
aquele a quem Jesus
amava”.
(João 13. 23)
João é chamado de “discípulo amado” ou o discípulo que Jesus amava (João
13.23). Ele utiliza especialmente a palavra
grega ágape para falar sobre o amor (João 5.42; 13.35; 15.9; 15.10; 15.13;
17.26, etc).
Seu evangelho destaca mais do que os outros três evangelhos o amor de
Jesus e de Deus. É o único que diz: “Deus amou o mundo de tal maneira que deu
seu filho unigênito para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a
vida eterna” (João 3.16).
É o único que diz que seremos reconhecidos como discípulos de Jesus, se
amarmos uns aos outros (João 13.35). Destaca ainda Jesus falando que deveríamos
amá-lo para sermos amados pelo Pai (João 14.21).
João guardou e registrou muitas afirmações de Jesus sobre o amor (João
14.15; 14.23). Ele cita Jesus afirmando que deveríamos permanecer em Seu amor
(João 15.9) e dizendo “o que eu vos mando a vocês é isto: amem uns aos outros”
(João 15.17).
Mas João não foi sempre assim. Quando Jesus chamou os 12 apóstolos, deu
o apelido de “filhos de trovão” aos irmãos Tiago e João (Mc 3.17). Estudiosos
afirmam que era por causa da impetuosidade de João e Tiago.
João já teve antes sentimento de ódio, discriminação e vingança. Os
irmãos João e André, certa vez, queriam pedir fogo dos céus para destruir os
samaritanos que não receberam Jesus em suas terras (Lc 9.51-56). “Os irmãos,
quando levados ao limite, tornavam-se selvagens e barulhentos, o que os fazia
se defender como uma tempestade”.[21]
João já teve também antes atitude de superioridade. Além da vida rude
que levavam por serem pescadores, Tiago e João tinham ainda uma mãe que queria
privilégios para eles. Queria que, quando Jesus se tornasse Rei, concedesse aos
seus filhos o privilégio de um se sentar à direita e o outro à sua esquerda (Mt
20.20-22).
O amor de
Jesus mudou João
A convivência com Jesus recebendo a Palavra e vendo suas atitudes de
amor; o desejo de se tornar amoroso e manso como o Mestre trouxe mudança
radical na vida de João.
Ele foi um dos únicos que permaneceu junto a Jesus na crucificação (João
19.26). E foi a João que Jesus deixou a responsabilidade de cuidar de sua mãe.
João a levou para morar com ele (João 19.27).
Por isso, em suas epistolas, João disse: “Vejam como é grande o amor do
Pai por nós! O seu amor é tão grande que somos chamados de filhos de Deus e
somos, de fato, filhos de Deus” (1Jo 3.1).
Para João Wesley, o apóstolo João alcançou a perfeição cristã.
Respondendo à pergunta: “Há nas Escrituras algum exemplo de pessoas que tenham
alcançado este estado (santidade)?” Wesley respondeu: “Sim. O apóstolo João e
todos aqueles de quem ele diz: ‘Nisto é em nós aperfeiçoado o amor (...)”.[22]
O Deus que é Amor
João diz que “aquele que não ama (αγάπη) não conhece a Deus,
porque Deus é amor (αγάπη)” (1 João 4.8). João utiliza especialmente a palavra
grega ágape para falar sobre o amor (João 5.42; 13.35; 15.9; 15.10;
15.13;17.26, etc). Deus não ama simplesmente. Ele é amor em sua
essência. Tudo o que Deus faz flui do Seu amor.[23]
Ele é muito forte nas afirmações: “Amados, amemos uns
aos outros, pois o amor procede de Deus. Aquele que ama é nascido de Deus e
conhece a Deus” (1Jo 4.7).
João experimentou pessoalmente o amor transformador de
Jesus e o seu temperamento vingativo e explosivo foi transformado em um
temperamento manso, amigo, perdoador, doador e pacificador. Esse amor o fez se
tornar o discípulo mais próximo de Jesus.
Seu amor por Jesus o levou a ser preso (Atos 4.3; 5.18)
e a ser exilado na Ilha de Patmos (Ap 1.9-11). Foi o último apóstolo a morrer.
Para refletir: Você
tem conseguido amar como o discípulo amado?
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Um líder
encorajador
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“Ele era um
homem bom,
cheio do
Espírito Santo e de fé”
(Atos 11.24)
José nasceu na Ilha
de Chipre. Por causa de seu caráter, ele passou a se chamar Barnabé. Ele é
citado 34 vezes no Novo Testamento.
Barnabé significa
“filho do profeta”, “filho da consolação” ou “filho da exortação”.[24]
Ele foi chamado também de “filho do encorajamento”. Encorajador significa
aquele que dá ânimo; que estimula, incentiva. Aquele que dá coragem, passa
confiança, etc.
Seus pais eram
judeus, da tribo de Levi. Sua tia era mãe de João Marcos (Cl 4.10), o autor do
Evangelho de Marcos. A Bíblia diz que Barnabé era “homem bom, cheio do Espírito
Santo e de fé” (At 11.24). Ele de fato foi assim. Entre as práticas de Barnabé
estão:
Barnabé era fiel e
abnegado
Ele fazia doações e
era fiel nas ofertas e dízimos. Barnabé possuía terras em Chipre (Atos
4.36-37), que vendeu, doando o dinheiro para a igreja em Jerusalém.
Barnabé se
entusiasmava e se dedicava à obra de Deus
Ele vibrava (Atos
11.23); dava tempo para seu ministério (At 11.25-26) e realizava a obra do
Senhor com dedicação (Atos 15.35). Barnabé tinha ousadia na Palavra e não temia
tomar decisões radicais (Atos 13.43-52).
A consagração de
Barnabé, seu amor e a sua centralidade da Palavra em Cristo levou os habitantes
de Antioquia pela primeira vez a chamar os seguidores de Jesus de cristãos (At
11.26).
Wesley diz: “E
os discípulos foram chamados pela primeira vez cristãos em Antioquia -
Aqui foi que eles primeiro receberam esta denominação permanente. Eles
eram antes chamados de nazarenos e galileus”.[25]
Barnabé era
submisso à liderança e estava pronto para servir
Os líderes de
Jerusalém enviaram Barnabé para coordenar o trabalho da Igreja em Antioquia
(Atos 11.22). Depois, os cristãos de Antioquia enviaram Barnabé e Saulo (Paulo)
à Judéia para levarem suprimentos aos cristãos (Atos 11.30).
Ele foi o grande
responsável por discipular e organizar a Igreja de Antioquia, que passou a ser
uma Igreja cheia do Espírito Santo com visão missionária.
Ele lutou para a
ênfase da graça permanecer na Igreja (Atos 15.1-5)
Num momento de
definição doutrinária, quando alguns cristãos judeus queriam preservar os ritos
judaicos e obrigar os não-judeus convertidos a praticá-lo, Barnabé com coragem
ajudou a mudar essa visão: “Então toda a multidão se calou e escutava a Barnabé
e a Paulo, que contavam quantos sinais e prodígios Deus havia feito por meio
deles entre os gentios” (Atos 15.12).
Barnabé encorajava
e dava oportunidade
Foi assim com Saulo
que havia se convertido, mas seu passado ainda amedrontava às pessoas. Barnabé abriu
a porta para Saulo: “Então Barnabé,
tomando-o consigo, o trouxe aos apóstolos” (Atos 9:27).
Foi assim com
Marcos (At 15.36-41). Paulo não queria levar o jovem Marcos em sua viagem
missionária por estar decepcionado com ele que, em outra ocasião, havia
desistido de continuar a viagem. Barnabé ficou ao lado de Marcos: “Barnabé,
levando consigo a Marcos, navegou para Chipre” (Atos 15.39).
Barnabé era humilde
Barnabé foi um
servo de Deus humilde. Ele reconheceu suas limitações quando foi enviado para
Antioquia. Ele busca Paulo, em Tarso, para ajudá-lo nessa tarefa, como
companheiro e parceiro de ministério (At 11.22–26).
Também demonstra
humildade, quando ele e Saulo foram comissionados pelo Espírito Santo para a
primeira viagem missionária. Barnabé iniciou a missão como líder, pois seu nome
vinha à frente do nome de Saulo. Depois o nome de Saulo (Paulo) passou a ser
citado na Bíblia primeiro significando a liderança de Paulo.
Para refletir: Você é uma pessoa que encoraja aos outros?
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O servo
sábio
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“E não podiam resistir à
sabedoria,
e ao Espírito com que
falava”
Nos dias de hoje é
possível obter o caráter de Cristo ou a perfeição cristã? É possível em meio às
turbulências da vida ser cheio de fé, amor e sabedoria?
É possível, sim! Um
exemplo é Estevão (At 6.5-15), o primeiro mártir cristão.
Seu nome vem do
grego Στέφανος (Stéphanos), o qual se traduz para aramaico como Kelil,
significando coroa.
Chamado para servir
alimentos (Atos 6), exerceu também o ministério da Palavra, o "serviço da
palavra" (diakoniāi toū logou).
Estevão era sábio.
Diversos homens discutiam com Estêvão, mas não podiam fazer frente "à
sabedoria e ao espírito com que falava":
“E levantaram-se
alguns que eram da sinagoga chamada dos libertinos, e dos cireneus e dos
alexandrinos, e dos que eram da Cilícia e da Asia, e disputavam com Estêvão. E
não podiam resistir à sabedoria, e ao Espírito com que falava” (Atos 6.9-10).
Quais eram as
marcas em sua vida que mostram que ele andava segundo o coração de Deus?
Estevão era cheio
do Espírito:
Era cheio do Espírito
Santo para servir, testemunhar e pregar: “Mas ele, estando cheio do Espírito
Santo” (Atos 7.55; cf. Atos 6.5).
Era simples, um
servo
Foi escolhido com
outros seis para servir às viúvas na alimentação diária (Atos 6.1): “E este
parecer contentou a toda a multidão, e elegeram Estêvão, homem cheio de fé e do
Espírito Santo” (Atos 6.5).
Era um homem de fé
e dons do Espírito
Era instrumento do
poder e graça de Deus: “E Estêvão, cheio de fé e de poder, fazia prodígios e
grandes sinais entre o povo” (At 6.8);
Tinha grande
sabedoria
Com sua sabedoria
derrotava a todos adversários: “E não podiam resistir à sabedoria, e ao
Espírito com que falava” (At 6.10);
Tinha o caráter de
Cristo
A glória de Deus
resplandecia em sua vida (At 6.15): “Então, todos os que estavam assentados no
Sinédrio, ao fixarem seus olhos em Estevão, viram que seu rosto parecia como o
rosto de um anjo”.
Era destemido
Tinha autoridade e
coragem para testemunhar em meio à oposição. Ele foi levado diante do Conselho
e pregou para eles e, no final, disse: “Homens de dura cerviz, e incircuncisos
de coração e ouvido, vós sempre resistis ao Espírito Santo; assim vós sois como
vossos pais” (At 7.51);
Mesmo na dor viu a
glória de Deus
Depois de ser
apedrejado, estevão teve uma experiência linda com Deus. Ele viu a glória de
Deus: “Mas ele, estando cheio do Espírito Santo, fixando os olhos no céu, viu a
glória de Deus, e Jesus, que estava à direita de Deus” (At 7.55);
Tinha a certeza da
vida eterna
No final da vida,
pediu ao Senhor para recebe-lo: “E apedrejaram a Estêvão que em invocação
dizia: Senhor Jesus, recebe o meu espírito” (At 7.59);
Tinha um coração
perdoador
Seu coração cheio
de amor estava pronto para perdoar: “E, pondo-se de joelhos, clamou com grande
voz: Senhor, não lhes imputes este pecado. E, tendo dito isto, adormeceu” (At
7.60).
Estevão era cheio
do Espírito - cheio de fé, amor e sabedoria.
É possível, sim, ser como Estevão.
Para refletir: O que você tem de
Estevão?
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O
discípulo poderoso na Palavra
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“Apolo, natural de
Alexandria,
homem eloquente e
poderoso nas Escrituras”
(Atos 18.24)
Apolo significa
beleza, elegância e harmonia.[26]
Outro significado afirma que Apolo “é um nome de origem grega. Surge do
grego Apóllon, que significa “espírito do calor”.[27] Ele era natural de Alexandria, Egito e foi
um eficaz expositor das sagradas escrituras, e um fluente orador (Atos 18.28).
Apolo era um judeu
inteligente, bem formado em retórica, discípulo de um grande pensador judeu
alexandrino chamado Filo de Alexandria, autor de numerosas obras filosóficas e
históricas.
Apolo ministrou na
cidade de Corinto depois da partida de Paulo para a Síria (Atos 19.1).
Dentre os grupos
que se formaram em Corinto havia o de Apolo (1Co 3.6-8): “O grupo de Apolo era
formado pelos crentes elitistas, intelectuais, filósofos e sábios de Corinto (I
Coríntios 1:20-23; I Coríntios 2:1-6; I Coríntios 3:18-19). Embora
um partido se formasse em torno de seu nome, Apolo não apoiava a
qualquer facção na Igreja Local”.[28]
Ainda em 1 Coríntios 16.12, Paulo escreveu dizendo que
havia pedido muito para que Apolo fosse visitar a igreja de Corinto, porém o
mesmo “não teve vontade de ir”. Muito provavelmente essa recusa de Apolo em ir
ter com os cristãos daquela cidade, tenha ocorrido devido a tais tensões que
existiam dentro da igreja, de modo que ele não queria alimentar esse tipo de
sentimento partidário presente em alguns dali.[29]
Entre as suas
virtudes, estão:
Ele tinha ótima
retórica (arte/técnica de bem falar com eloquência e argumentação) e falava
muito bem (Atos 18.24). O talento que tinha foi usado por Apolo para o Reino de
Deus.
Tinha um
conhecimento profundo das Escrituras (Atos 18.24).
Falava com
entusiasmo e seu ensino sobre Jesus era correto (Atos 18.25).
Quando precisou ser
discipulado para aprofundar seu conhecimento bíblico, ele se submeteu
humildemente e aceitou (Atos 18.26).
Era querido e digno
de confiança. Quando desejou ir para Corinto (Acaia) os discípulos de Éfeso o
animaram a ir e escreveram cartas para que ele fosse bem recebido pela igreja
(Atos 18.27).
Ajudou muitos às
pessoas que haviam crido em Jesus, em Corinto (Atos 18.27; Atos 19.1).
Contribuiu
grandemente para a edificação da Igreja em Corinto e Paulo reconheceu o
ministério de Apolo: "Eu plantei, Apolo regou, mas Deus é quem fez
crescer; de modo que nem o que planta nem o que rega é alguma coisa, mas
unicamente Deus, que efetua o crescimento" (1Co 3.6-8).
Em 1 Coríntios 3.4, Paulo criticou a divisão
na Igreja envolvendo seu nome e de Apolo. João Wesley comentou: “Pois enquanto
alguém diz que sou de Paulo; e outro, eu sou de Apolo; não sois carnais?
Eu
sou de Apolo - São Paulo nomeou a si mesmo e Apolo, para
mostrar que ele condenaria qualquer divisão entre eles, mesmo que fosse a favor
de si mesmo ou do amigo mais querido que ele tivesse no mundo”.[30]
Apolo foi imbatível
nas discussões com os judeus defendendo que Jesus era o Messias esperado (Atos
18.28).
Sabedoria,
humildade, fervoroso, exatidão e apoio são algumas das virtudes que encontramos
em Apolo. Ele pregava com fervor e com fidelidade sobre Jesus. Ele ajudava os
novos discípulos na Palavra e com seu testemunho.
Martinho Lutero sugere que a autoria da Epístola aos
Hebreus é de Apolo. Ele é um dos Setenta Discípulos.[31]
Em tempos de
superficialidade e de falta de aprofundamento bíblico, precisamos de novos
Apolos nos dias de hoje.
Para refletir: Você
procura se aprofundar na Palavra?
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Maria
Madalena, nos passos de Jesus
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"Maria, entretanto,
permanecia junto
à entrada do túmulo"
(Jo 20.11)
Os
evangelhos contam a história de Maria Madalena de quem Jesus expulsou sete
demônios (Lc 8.2). Maria Madalena mudou radicalmente a sua vida após ser
liberta e seguir os passos de Jesus. Dentre as suas virtudes por seguir os
passos de Jesus, estão:
Um coração doador. Maria Madalena e outras mulheres ajudavam a
manter o ministério de Jesus com seus bens: "as quais lhes prestavam
assistência com os seus bens" (Lc 8.3).
Maria
aprendeu que mais bem-aventurado é dar do que receber. Quem tem o amor ágape
sempre se doa ao próximo e a Deus. Quem vive segundo somente a sua própria
natureza, a tendência é sempre querer mais de uma forma descontrolada e, muitas
vezes, desumana e injusta.
Era movida pelo amor. No dia da semana, Maria Madalena foi ao
sepulcro de madrugada" (Jo 20.1).
Cá
entre nós, quem levantaria de madrugada para ir ao cemitério ver um morto? É
verdade que ela esperava encontrar o corpo de Jesus. Deus expulsou o espírito
de medo e lhe deu espírito de coragem e de amor!
O que
moveu Maria Madalena para ter essa coragem foi o amor que ela tinha por Jesus.
A Bíblia diz que o perfeito amor lança fora o medo (1Jo 4.18). Quem tem
experiência com Jesus e experimenta seu amor passa a ter qualidade de vida e
sabe que nEle está o manancial da vida.
Tinha a alegria de compartilhar sobre Jesus: “(...) correu e foi ter com Simão Pedro e
com o outro discípulo, a quem Jesus amava" (Jo 20.2).
Ela
compartilhou do que sabia. Mostrou ser responsável e ter compromisso. Isso se
aplica ao nosso compromisso com a comunidade, Igreja, trabalho, família e
relacionamento com os amigos e amigas. Isso se chama também cidadania.
Era serva, submissa e membro do corpo de
Cristo. Quando viu
que Jesus não estava mais no túmulo, ela procurou à liderança da igreja
mostrando ser submissa aos líderes e contou sobre o desaparecimento do corpo de
Jesus que poderia até mudar a história do cristianismo (Jo 20.2).
O
individualismo é prejudicial. Trabalhar em equipe produz mais e erramos menos.
Respeitar os líderes é fundamental. Traz unidade ao grupo. Devemos compartilhar
uns com os outros.
Era uma mulher perseverante. Os discípulos viram o túmulo vario e
voltaram para casa (Jo 20.10)."Maria, entretanto, permanecia junto à
entrada do túmulo" (Jo 20.11).
O
Senhor lhe deu espírito de persistência, perseverança nas dificuldades. Ela não
olhou para as circunstâncias. Se os discípulos haviam esmorecido, talvez com
medo ou decepção, ela permaneceu firme à procura de Jesus.
Maria Madalena seguiu somente a Jesus. Ela olhou para dentro do túmulo e viu
dois anjos (Jo 20.12), que foram até cordiais com ela e lhes perguntaram porque
ela chorava. Mas ela queria era Jesus e ela respondeu: "porque levaram o
meu Senhor, e não sei onde o puseram" (Jo 20.13).
Há uma
onda de esoterismo no mundo onde muitos anjos são cultuados. Eles acabam sendo
mais importantes do que Jesus. Eles são, sim, nossos auxiliares (Hb 1.14),
mensageiros de Deus, mas o mais importante é Jesus.
Aprendendo com Maria Madalena
Essa
história de Maria Madalena nos mostra que Jesus está perto daqueles que o amam
e o buscam: "Tendo dito isso, voltou-se para trás e viu Jesus em pé"
(Jo 20.14).
Jesus
se preocupa com a nossa dor. Jesus perguntou a Maria: "Mulher, por que
choras? A quem procuras?" (Jo 20.15). Jesus nos conhece pelo nosso
nome. Jesus disse somente "Maria" (Jo 20.16). Uma palavra bastou para
abrir os olhos de Maria e ela entender que Jesus estava ali vivo.
Jesus
nos conhece pelo nosso nome. Jesus nos chama a viver na família da fé. Jesus
disse para Maria Madalena: "Vai ter com meus irmãos e dize-lhes: Subo para
meu Pai e vosso Pai, para meu Deus e vosso Deus" (Jo 20.17).
Voltar
ao convívio fraternal num ambiente de fé é extremamente saudável e necessário.
Precisamos ouvir, expressar nossa fé, aprender e compartilhar em comunidade.
Para refletir:
Você tem alguma das virtudes de Maria Madalena
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Uma
discípula aos pés de Jesus
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“Maria, e esta quedava-se
assentada aos pés do Senhor
a ouvir-lhe os
ensinamentos”
(Lucas 10.39)
Maria, irmã de
Marta e de Lázaro, tinha prazer em estar aos pés de Jesus: “Tendo, pois, Maria
chegado aonde Jesus estava, e vendo-o, lançou-se aos seus pés, dizendo-lhe:
Senhor, se tu estivesses aqui, meu irmão não teria morrido” (João 11.32).
Curvar-se aos pés
de uma pessoa revela humildade, submissão ou adoração. Pode também significar
humildade. Humildade vem de “Humus: terra”, uma palavra de origem
latina significando: aquele que tem os pés no chão [32]. Estar aos pés de Jesus é sinal de humildade.
Paulo foi
discípulo de Gamaliel, seu mestre: “Quanto a mim, sou judeu, nascido em Tarso
da Cilícia, e nesta cidade criado aos pés de Gamaliel” (Atos 22.3).
Uma mulher, cuja
filha tinha um espírito imundo, ouvindo falar de Jesus se lançou aos seus pés
pedindo socorro (Mc 7.25).
Leproso curado
reconheceu o poder de Jesus: “E um deles, vendo que estava são, voltou
glorificando a Deus em alta voz; E caiu aos seus pés, com o rosto em terra,
dando-lhe graças; e este era samaritano” (Lucas 17.15-16).
Pedro se lançou aos pés de Jesus reconhecendo
ser Ele o Senhor: "Vendo isto,
Simão Pedro prostrou-se aos pés de Jesus, dizendo: Senhor, retira-te de mim,
porque sou pecador" (Lucas 5.8).
Maria esteve três vezes aos pés de Jesus
Maria, irmã de Marta e de Lázaro, três vezes, pelo menos, se encontrou com Jesus e nestas ocasiões se lançou aos seus pés.
Maria
agiu como discípula do seu Mestre Jesus ficando aos seus pés
Marta estava ocupada na cozinha e Maria estava sentada aos pés de Jesus escutando. A Bíblia diz: “Tinha ela uma irmã, chamada Maria, e esta quedava-se assentada aos pés do Senhor a ouvir-lhe os ensinamentos” (Lucas 10.39). Marta ficou transtornada e pediu que Jesus exortasse Maria, mas Jesus abençoou Maria por haver escolhido o melhor: estar aos pés dEle (Lucas 10.42).
Maria se lançou aos pés de Jesus o reconhecendo como o Messias que tem o poder de ressuscitar
O seu irmão Lázaro tinha morrido e Jesus acabara de chegar, quatro dias depois.
As Escrituras dizem que Maria correu e se lançou aos pés de Jesus chorando, não de derrota, mas num ato de grande fé afirmando que se Jesus estivesse ali, Lázaro não teria morrido (João 11.32).
Jesus ficou comovido pela tristeza de Maria e
também chorou (João 11.33). E, depois, Jesus ressuscitou Lázaro.
Maria ofertou o seu melhor a Jesus como gratidão
Parece que foi um
jantar de gratidão porque Jesus havia ressuscitado a Lázaro: “Então,
ofereceram-lhe um jantar; Marta servia, enquanto Lázaro era um dos convidados,
sentado à mesa com Jesus. Maria pegou uma libra de bálsamo de nardo puro, um
óleo perfumado muito caro, ungiu os pés de Jesus e os enxugou com seus cabelos.
E a casa encheu-se com a fragrância daquele bálsamo” (João 12.2-3).
Assim, o nardo
derramado por Maria valia praticamente o salário de um ano de trabalho. Maria
mostrou que Jesus é mais precioso do que o mais puro nardo. Ele havia
ressuscitado seu irmão Lázaro. Provavelmente, Jesus e seus discípulos estavam
alojados na casa de Maria, Marta e Lázaro, disse João Wesley.[33] Foi a última semana de Jesus antes da
crucificação.
João Wesley
lembrou que havia duas pessoas que derramaram unguento em Cristo. Uma para
o início de seu ministério (Lucas 7.37) e outra seis dias antes de sua última Páscoa, em
Betânia.[34] Somos chamados a estar aos pés de Jesus. É sinal
de humildade, reverência, submissão e adoração.
Para refletir: Você
costuma estar aos pés de Jesus?
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Priscila:
líder, abnegada e cooperadora
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"Saudai Priscila e
Áquila,
meus cooperadores em
Cristo Jesus,
os quais pela minha vida
arriscaram a sua própria cabeça”
(Rm 16.3-4)
O nome de Priscila é mencionado seis vezes na Bíblia
(At 18.2,18,26; Rm 16.3; 1Co 16.19; 2Tm 4.19).[35]
Ela foi importante na história da Igreja tendo uma
participação efetiva no evangelismo, discipulado e cultos em sua casa.
Priscila era cooperadora de Paulo
Paulo disse: “Saudai a Priscila e a Áquila, meus cooperadores em Cristo Jesus” (Rm 16.3). Junto com seu marido, serviu ao Senhor.
“Tudo que a Bíblia cita sobre Priscila, a forma como foi a única mulher
a acompanhar, com o marido, o ministério do Apóstolo Paulo tão de perto
mostra-nos que era madura, auxiliadora e preparada para toda a boa obra. Que
ela era uma líder nata, não há dúvidas, assim também como não podemos negar
quão notável ela foi”.[36]
Era uma mulher unida ao seu marido nas
alegrias e na dor
Permaneceram unidos quando o imperador romano Cláudio expulsou os judeus
de Roma. Eles eram parte desses judeus expulsos.
Áquila e Priscila, unidos, enfrentaram essa situação: Tiveram que deixar
Roma por causa de decreto do Imperador: “Cláudio tinha mandado que todos os
judeus saíssem de Roma” (Atos 18.2).
Eles trabalham juntos na mesma profissão: fabricavam tendas (Atos 18.2).
Estavam juntos na realização dos cultos na casa deles.
Paulo diz:” (...) saudai
igualmente a igreja que se reúne na casa deles (...)" (Rm 16.3-5).
Era uma líder reconhecida por Paulo
No tempo de Jesus e Paulo, a mulher era
desconsiderada
em termos de liderança e participação efetiva na sociedade.
“Normalmente as mulheres viviam reclusas em suas residências”.[37]
Jesus interfere na ordem da sociedade
patriarcal, desperta a potencialidade da mulher, as chama para serem também
suas discípulas e isto aconteceu.[38]
Essa mudança é possível ver na atuação de
Priscila. Em determinadas situações, Priscila assumia a direção por ela
provavelmente ser uma grande líder.
Em quatro ocasiões (At 18.18,26; Rm 16.3; 2Tm
4.19), a citação de seu nome ocorre antes de Áquila.
Num desses textos está escrito: “Ele (Apolo)
começou a falar ousadamente na sinagoga; e, quando o ouviram Priscila e Áquila,
o levaram consigo e lhe declararam mais precisamente o caminho de Deus” (Atos
18.26).
Outro texto diz: “Saudações a Priscila e ao seu marido Áquila e também à
família de Onesíforo” (2 Timóteo 4.19).
Por fim, Paulo diz: “Saudai a Priscila e a
Áquila (Atos 16.5).
Priscila arriscou sua vida em prol do Reino
"Saudai Priscila e Áquila, meus cooperadores em Cristo Jesus, os
quais pela minha vida arriscaram a sua própria cabeça; e isto lhes agradeço,
não somente eu, mas também todas as igrejas dos gentios; saudai igualmente a
igreja que se reúne na casa deles (...)" (Rm 16.3-5).
Priscila dedicou a sua vida pelo Evangelho não julgando valiosa sua vida
terrena, mas olhou para o Reino de Deus que é eterno sempre ao lado do seu
marido.
Nos dias de hoje, o Reino de Deus precisa de outras “Priscilas”.
Para refletir: Você destaca qual
virtude em Priscila?
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O
discípulo que aprendeu a tomar a cruz
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“Senhor, mostra-nos o
Pai,
e isso nos basta”
(João 14.8)
Discípulos não nascem prontos. Eles precisam ser treinados e
santificados. O Mestre Jesus tinha esse propósito quando iniciava um
discipulado. Jesus escolheu os discípulos e durante cerca de três anos procurou
ensiná-los, santificá-los e treiná-los convivendo com eles e dando o exemplo.
Alguns não prosseguiram.
Já com outros, como Pedro e Tomé, Jesus precisou ter muita paciência. Um
o negou e o outro teve dúvidas. Mas a todos Jesus amou até o fim. Nessa
caminhada de aperfeiçoamento, encontramos um discípulo que estava em
crescimento e em estágio diferente – Filipe
Filipe, um discípulo que Jesus teve paciência em ensinar
Filipe[39]
era natural de Betsaida, uma cidade da Galileia onde também nasceram André e
Pedro (João 1.44). Seu significado - amante de cavalos - deriva da associação
das palavras gregas Filos e Hippos.[40]
Ele era uma boa pessoa,
mas no princípio do discipulado era muito ainda racional. Isso foi um
complicador em sua vida.
“Filipe estava com vinte e
sete anos quando se juntou aos apóstolos; ele havia se casado recentemente, mas
não tivera filhos até então. O apelido que os apóstolos deram a ele significava
“curiosidade”. Filipe estava sempre querendo que tudo se lhe fosse mostrado.
Ele nunca parecia ver longe, diante de qualquer questão”.[41]
Certa vez, Jesus viu a multidão e perguntou a Filipe para prová-lo:
“Onde compraremos pães para lhes dar de comer?” (João 6.5). Filipe usou apenas
a razão, a máquina de calcular: “Não lhes bastariam duzentos denários de pão,
para receber cada um o seu pedaço” (João 6.7).
Ele se revelou ser ótimo em cálculo, mas fraco na fé. Ele não trouxe
solução, ao contrário, sua resposta colocava um grande problema para Jesus. Ele
não facilitou a vida de Jesus. Se Jesus tivesse seguido o raciocínio de Filipe
teria um grande problema pela frente. Mas Jesus depois conseguiu o milagre da
multiplicação dos pães.
Mais tarde, Filipe demonstraria que continuava agindo apenas na forma
racional e não espiritual. Ele pediu a Jesus: “Senhor, mostra-nos o Pai, e isso
nos basta” (João 14.8).
Essa pergunta parece decepcionar Jesus, que lhe disse: “Filipe, há tanto
tempo estou convosco, e não me tens conhecido? Quem me vê a mim vê o Pai; como
dizes tu: Mostra-nos o Pai?” (João 14.9).
Filipe teve o mérito de apresentar Natanael a Jesus de uma forma
sábia: “Filipe achou Natanael, e
disse-lhe: Havemos achado aquele de quem Moisés escreveu na lei, e os profetas:
Jesus de Nazaré, filho de José.
Perguntou-lhe Natanael: Pode vir alguma coisa boa de Nazaré? Disse-lhe Filipe:
Vem, e vê” (Jo 1.45-46).
Filipe esteve no
Pentecostes junto com outros discípulos e apóstolos e isso fez toda a diferença
em sua vida (Atos 2.1-4).
Diz a tradição,
através de Eusébio de Cesareia, que Filipe teria realizado
muitos milagres, inclusive revivido - não ressuscitado, assim como
com Lázaro – uma pessoa em Hierápolis.[42]
Ele aprendeu a tomar a cruz. “Diz a tradição que Filipe pregou o Evangelho na
Palestina, Grécia e na Ásia Menor, onde, se diz, morreu crucificado e, a
seguir, apedrejado no ano 80 d.C. em Hierápolis, na Frígia”.[43]
Filipe aprendeu com Jesus
quando ele falou aos seus discípulos: “Se alguém deseja seguir-me, negue-se a
si mesmo, tome a sua cruz e me acompanhe. Porquanto quem quiser salvar a sua
vida, a perderá, mas quem perder a sua vida por minha causa, encontrará a
verdadeira vida” (Mt 16.24-25).
Precisamos passar pela
cruz para ter o caráter de Jesus. Assim teremos a carne crucificada, o
temperamento transformado e o caráter moldado à semelhança de Jesus.
Para refletir: Você já
passou pela cruz?
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O
discípulo que doou bens e a sua vida
===============================
“E quando Jesus chegou
àquele lugar, olhando para cima,
viu-o e disse-lhe:
Zaqueu, desce depressa,
porque hoje me convém
pousar em tua casa”
(Lucas 19.5)
O nome Zaqueu significa "puro", "justo”. Ele era o
responsável pela coleta de impostos em Jericó segundo Lucas
19.1-10. Os coletores de impostos eram odiados pelos seus
compatriotas judeus, que os viam como traidores trabalhando para
o Império Romano.[44]
Zaqueu vivia uma contradição. Seu nome significa puro e justo e o povo o
acusava de ser o contrário do seu nome. Tinha provavelmente sentimentos de
rejeição e de culpa porque o povo o acusava de estar do lado dos romanos por
ser ele um publicano, cobrador de impostos (Lc 19.2) em uma cidade próspera por
ser o centro de produção e de exportação de bálsamo.
Segundo João
Wesley, a profissão de Zaqueu era “um lugar muito honroso e lucrativo”.[45] Mas ele tinha um vazio em seu coração. Não se
sentia amado e, certamente, as pessoas não gostavam de ir a sua casa. Jesus
causou um impacto em sua vida ao lhe chamar pelo nome e afirmar que queria
ficar em sua casa (Lc 19.5).
Jesus tocou no coração de Zaqueu procurando ter contato mais
pessoal com ele indo em sua casa.
No meio daquela multidão, Jesus teve um grande gesto de amor ao
"olhar para cima" para Zaqueu (Lc 19.5). As pessoas precisam de
atenção. Quando notamos as pessoas, elas entendem que são importantes. O ser
humano tem necessidade de se sentir amado.
Jesus chamou Zaqueu pelo nome (Lc 19.5). Chamar pelo nome significa
reconhecer e valorizar a identidade da pessoa. Há muitos apelidos que são
verdadeiras agressões a dignidade do ser humano. Zaqueu entendeu que não era
apenas mais um no meio da multidão.
Jesus deu prioridade a Zaqueu, quando disse "desce
depressa"(Lc 19.5). Jesus, simplesmente, teria uma boa razão para ignorar
Zaqueu, pois muitos queriam Jesus por perto e certamente ele se sentia
pressionado pela multidão. As palavras de Jesus foram importantes e tocaram
fundo no coração de Zaqueu.
Jesus sabia que Zaqueu ansiava pelo amor, por um coração livre de culpas
e por alegria e paz. Precisava se sentir aceito. Jesus se hospedou em casa de
Zaqueu sem criticá-lo, sem preconceito. Uma alegria imensa veio ao coração de
Zaqueu (Lc 19.6).
Haverá sempre aquele que prefere a crítica, o apedrejamento, a pena de
morte para os que erraram ou pecaram. Jesus precisou enfrentar essa situação
para discipular Zaqueu (Lc 19.7), mas Ele foi em frente dentro do seu propósito
de salvar vidas.
Discipulado tem o propósito de salvar vidas e foi o que aconteceu nesse
discipulado de Jesus. Ele disse: “Hoje, houve salvação nesta casa” (Lc 19.9).
Discipulado leva à mudança de vida. Com Jesus foi algo imediato, mas essa
mudança pode levar um bom tempo, por isso exige paciência e perseverança. Zaqueu decidiu dar aos pobres a metade de
seus bens e restituir quatro vezes mais aos que ele havia defraudado (Lc 19.8).
Jesus investiu em Zaqueu e os resultados foram tremendos. “De acordo com
Clemente de Alexandria[46] em seu livro Stromata, Zaqueu foi apelidado
de ‘Matias’ pelos apóstolos e tomou o lugar de Judas”.[47]
Na eleição para substituir Judas, Matias foi eleito apóstolo (Atos
1.21-26). Matias quer dizer presente de Deus, oferta de Deus, dádiva de Deus.
“De acordo com Nicéforo,[48]
Matias primeiro pregou o Evangelho na Judeia, seguindo para a Etiópia e,
posteriormente, se dirigiu para região da Cólquida (agora conhecida como
Geórgia Caucasiana), onde foi crucificado”.[49]
O amor de Jesus transformou Zaqueu. Ele passou a ser um servo do Senhor
abnegado. Ele experimentou e doou o amor e a sua vida.
Para refletir: Você tem se doado pelo Reino de Deus?
===============================
[2]https://conciliarpost.com/theology-spirituality/john-wesley-and-the-imitation-of-christ/
[3]
Idem.
[4]
Idem.
[5]
https://mail.all-creatures.org/living/perf-13.html
[8]https://www.christianity.com/bible/commentary.php?com=wes&b=44&c=9
[10] “O Caminho
bíblico da salvação” em Sermões II [vol. 3; ed. AC Outler; Abingdon, 1985], 164)”. https://www.catalystresources.org/wesley-on-faith-and-good-works/
[13]
https://www.christianity.com/bible/commentary.php?com=wes&b=44&c=15
[18]
http://hernandesdiaslopes.com.br/tempos-perigosos/
[21]
https://pt.wikipedia.org/wiki/João,_o_Apóstolo
[22] WESLEY, João. Explicação clara da perfeição cristã.
São Paulo, Imprensa Metodista, 1984, p.47.
[23]http://www.cinthiahiett.com/conversations-with-cinthia/2016/8/22/notes-loving-the-unlovable-and-agape-love
[24]
https://www.dicionariodenomesproprios.com.br/barnabe/
[25]
https://www.christianity.com/bible/commentary.php?com=wes&b=44&c=11
[30]
https://www.christianity.com/bible/commentary.php?com=wes&b=46&c=3
[31] Idem.
[33]
http://www.godrules.net/library/wesley/wesleyjoh12.htm
[34]
https://www.christianity.com/bible/commentary.php?com=wes&b=43&c=12
[36]http://www.mir12.com.br/br/2015/congressos/mulheres/ministracoes/313-priscila-uma-mulher-relevante
[39] Não confundir com Filipe, o evangelista e um dos
diáconos da Igreja (At 6.5; 8.5-40; 21.8-9).
[40]
http://assembleianospuritanos.blogspot.com.br/2011/06/historia-do-apostolo-felipe-doze-homens.html
[43] www.pt.wikipedia.org/wiki/Filipe_(apóstolo)
[45]
https://www.christianity.com/bible/commentary.php?com=wes&b=42&c=19
[46]Clemente de Alexandria ou Tito Flávio
Clemente (Atenas (?), . 150 - Palestina, 215) foi um escritor, teólogo, apologista cristão grego nascido
em Atenas. https://pt.wikipedia.org/wiki/Clemente_de_Alexandria
[47]
http://www.oconsolador.com.br/ano9/422/paulo_oliveira.html
[48] Nicéforo I de Constantinopla (em grego: Νικηφόρος
Α΄; transl.: Nikēphoros I) foi um escritor cristão durante do Império Bizantino e o patriarca de
Constantinopla entre 12 de abril de 806 até 13 de
março de 815. https://pt.wikipedia.org/wiki/Nic%C3%A9foro_I_de_Constantinopla
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