Os 25 Artigos de Religião do Metodismo

 

 

Odilon Massolar Chaves

 

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Toda gloria a Deus!

Odilon Massolar Chaves é pastor metodista aposentado, doutor em Teologia e História pela Universidade Metodista de São Paulo.

Sua tese tratou sobre o avivamento metodista na Inglaterra no século XVIII e a sua contribuição como paradigma para nossos dias.

Foi editor do jornal oficial metodista e coordenador de Curso de Teologia.

Declaração de direitos autorais: Esses arquivos são de domínio público e são derivados de uma edição eletrônica que está disponível no site da Biblioteca Etérea dos Clássicos Cristãos.

Rio de Janeiro – Brasil

 

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Índice

 

·       Introdução

·       Resumo sobre a história e o conteúdo dos artigos de religião

·       A origem dos artigos de religião na Igreja Anglicana

·       Os artigos de religião no metodismo

·       Os 25 Artigos de Religião

·       Os artigos em sua totalidade

·       Entendendo o 1º artigo sobre a Trindade

·       A teologia metodista nos 25 artigos

 

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Introdução

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“Os 25 Artigos de Religião do Metodismo” é um livro de 28 páginas e trata sobre a história e os 25 artigos de religião do metodismo.

Os artigos de religião começaram com o rei Henrique VIII, que ao se separar do catolicismo, precisava de uma base doutrinária começando com 10 artigos, em 1736, sendo concluído em 1771, com 39 artigos.

Wesley excluiu doutrinas e práticas que não tinham nada em comum com o metodismo, especialmente no que se referia a predestinação. Ele deixou apenas 25 artigos de religião.

Nos 25 artigos de religião, o metodismo aceita a “a autoridade final da Escritura e afirma a ortodoxia teológica e cristológica dos primeiros cinco séculos. O metodismo afirma a espiritualidade e o desejo de conformidade com Cristo expressos em muitos dos escritores espirituais do cristianismo medieval. O metodismo se separou claramente das principais doutrinas distintivas do calvinismo”.

Um livro necessário para todos os metodistas O fundamento essencial da doutrina metodista é a Bíblia. Outros fundamentos essenciais são o Credo Apostólico; os 25 Artigos de Religião; os sermões doutrinários de Wesley e suas Notas explicativas sobre o Novo Testamento.

O Autor

 

 

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Resumo sobre a história e o conteúdo dos artigos de religião

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A origem dos artigos de religião na Igreja Anglicana

38 Artigos foram publicados em 1562 no início do reinado da Rainha Elizabeth I. Esses artigos foram aprovados pelos bispos e clérigos da Inglaterra, mas não sem alguns debates com a rainha. Em 1571, vários foram melhorados e o Artigo 19 foi adicionado para fazer os 39 artigos que temos agora

Os artigos de religião no metodismo

Uma disciplina foi adotada, contendo as Regras Gerais e Artigos de Religião, resumida por Wesley a partir dos Trinta e Nove Artigos, a nova forma sendo despojada de todos os elementos distintamente católicos e calvinistas, e uma liturgia, também preparada por Wesley

Os 25 Artigos de Religião

(1) Da fé na Santa Trindade; (2) Do Verbo ou Filho de Deus que se fez verdadeiro Homem; (3) Da ressurreição de Cristo; (4) Do Espírito Santo;[1] (5) Da suficiência das Santas Escrituras para a salvação; (6)

Os artigos em sua totalidade

Há um só Deus vivo e verdadeiro, eterno, sem corpo nem partes; de poder, sabedoria e bondade infinitos; criador e conservador de todas as coisas visíveis e invisíveis. Na unidade desta Divindade, há três pessoas da mesma substância, poder e eternidade – Pai, Filho e Espírito Santo

Entendendo o 1º artigo sobre a Trindade

Os metodistas evangélicos acreditam na Trindade: Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo (Espírito Santo).

Eles são coeternos em existência, coiguais em poder, sabedoria e bondade

A teologia metodista nos 25 artigos

O Metodismo aceita a autoridade final da Escritura e afirma a ortodoxia teológica e cristológica dos primeiros cinco séculos

 

 

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A origem dos artigos de religião na Igreja Anglicana

 

38 Artigos foram publicados em 1562 no início do reinado da Rainha Elizabeth I. Esses artigos foram aprovados pelos bispos e clérigos da Inglaterra, mas não sem alguns debates com a rainha. Em 1571, vários foram melhorados e o Artigo 19 foi adicionado para fazer os 39 artigos que temos agora

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     A origem dos Artigos de Religião tem origem no reinado do rei Henrique VIII.

    “Os Artigos de Religião declaram as principais doutrinas da Igreja Anglicana, mas não são uma declaração sistemática de toda a doutrina cristã. A Igreja Anglicana assume que as Escrituras ensinam aos anglicanos a verdade sobre outras doutrinas.

     Durante os reinados de Henrique VIII e Eduardo VI, vários conjuntos de artigos foram aprovados pelos reis. Henrique escreveu 10 em 1536, e 42 foram aprovados em 1553, perto do fim da vida de Eduardo.

       38 Artigos foram publicados em 1562 no início do reinado da Rainha Elizabeth I. Esses artigos foram aprovados pelos bispos e clérigos da Inglaterra, mas não sem alguns debates com a rainha. Em 1571, vários foram melhorados e o Artigo 19 foi adicionado para fazer os 39 artigos que temos agora.

      Eles ainda são a declaração oficial da doutrina anglicana”.[2]

 

Início no reinado de Henrique VIII

 

      “Quando Henrique VIII rompeu com a Igreja Católica e foi excomungado, ele começou a reforma da Igreja da Inglaterra, que seria chefiada pelo monarca (ele mesmo), e não pelo papa. Nesse ponto, ele precisava determinar quais seriam suas doutrinas e práticas em relação à Igreja de Roma e aos novos movimentos protestantes na Europa continental. Uma série de documentos definidores foram escritos e substituídos ao longo de um período de trinta anos, à medida que a situação doutrinária e política mudou desde a excomunhão de Henrique VIII em 1533 até a excomunhão de Elizabeth I em 1570. Essas posições começaram com os Dez Artigos em 1536 e concluíram com a finalização dos Trinta e Nove Artigos em 1571. Os Trinta e Nove artigos, em última análise, serviram para definir a doutrina da Igreja da Inglaterra no que se refere à doutrina calvinista e à prática católica”.[3]

 

Durante o reinado de Eduardo VI

 

      Durante o reinado de Eduardo VI, filho de Henrique VIII, os Quarenta e Dois Artigos foram escritos sob a direção do arcebispo Thomas Cranmer em 1552. Foi neste documento que o pensamento calvinista atingiu o auge de sua influência na Igreja Inglesa. Esses artigos nunca foram colocados em ação, devido à morte de Eduardo VI e à reversão da Igreja Inglesa ao catolicismo sob a filha mais velha de Henrique VIII, Maria I.

       Finalmente, após a coroação de Elizabeth I e o restabelecimento da Igreja da Inglaterra como separada da Igreja Católica, os Trinta e Nove Artigos de Religião foram iniciados pela Convocação de 1563, sob a direção de Matthew Parker, o Arcebispo de Canterbury”. [4]

 

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Os artigos de religião no metodismo

 

    Uma disciplina foi adotada, contendo as Regras Gerais e Artigos de Religião, resumida por Wesley a partir dos Trinta e Nove Artigos, a nova forma sendo despojada de todos os elementos distintamente católicos e calvinistas, e uma liturgia, também preparada por Wesley

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     “Os Vinte e Cinco Artigos de Religião são uma declaração doutrinária oficial do Metodismo - particularmente do Metodismo Americano e suas ramificações. John Wesley resumiu os Trinta e Nove Artigos da Igreja da Inglaterra, removendo as partes calvinistas entre outras, refletindo a teologia arminiana de Wesley”.  [5]

   

       Se João Wesley e os primeiros metodistas discordavam, em parte, da Igreja Anglicana e criam que Deus os havia levantado, inclusive, para mudar esta Igreja, ela deixou uma grande influência na  estrutura e na base doutrinária do metodismo.

 

       A Igreja Anglicana surgiu em 1534 por vontade do rei Henrique VIII, que se separou da Igreja Católica para obter o divórcio e se casar de novo para ter um herdeiro. Ele havia se casado secretamente em 25 de janeiro de 1533 com Ana Bolena. O Papa Clemente VII preparara uma bula ameaçando o rei de excomunhão em 11 de julho de 1533.[6]

 

   “A resposta do rei foi uma série de leis obtidas em 1534 do parlamento. Por elas foram proibidos quaisquer pagamentos ao papa; todos os bispos seriam eleitos por indicação do rei; todos os juramentos de obediência ao papa, licenças romanas e outros reconhecimentos da autoridade papal eram nulos.”[7]

 

       O Parlamento inglês aprovou o "Ato de Supremacia"  reconhecendo  o rei como o único cabeça da Igreja na Inglaterra e não  mais o papa. O rei elaborou dez artigos de religião, uma espécie de credo, mas quando ele morreu a Inglaterra ainda tinha muito do catolicismo.[8]

 

       Os antepassados de João e Carlos Wesley foram anglicanos. O pai, Samuel Wesley, foi pastor na Igreja da Inglaterra. Wesley foi ordenado sacerdote e serviu em Epworth durante três anos, ajudando  seu pai. Por isso, também  havia um respeito grande pela  Igreja de origem, tanto que João e Carlos Wesley lutaram contra a separação e morreram anglicanos.

 

       Dos 39 Artigos de Religião da Igreja oficial, os metodistas deixaram 25 como parte da base doutrinária.

 

  Revisão de Wesley

 

  “Wesley revisou os Artigos em 1784 para o trabalho metodista na América.  Seus vinte e quatro artigos refletem tanto seus compromissos teológicos quanto seu desejo de clareza doutrinária, encurtando alguns artigos e excluindo outros se pudessem ser facilmente mal interpretados.”[9]

 

Dos itens excluídos

 

    “Uma disciplina foi adotada, contendo as Regras Gerais e Artigos de Religião, resumida por Wesley a partir dos Trinta e Nove Artigos, a nova forma sendo despojada de todos os elementos distintamente católicos e calvinistas, e uma liturgia, também preparada por Wesley.” [10]

 

     “Entre os itens excluídos por Wesley como desnecessários para os metodistas estavam artigos sobre Das obras antes da justificação, que no calvinismo são amplamente descontados, mas no metodismo elogiados; Da Predestinação e Eleição, que Wesley sentiu que seria entendido de uma maneira calvinista que os metodistas rejeitaram; e Das Tradições da Igreja, que Wesley sentiu não estar mais em questão”. [11]

 

Conferência de Natal de 1784

 

     “O credo foi aceito na conferência em Baltimore, Maryland, em 1784, quando a Igreja Metodista Episcopal foi formalmente organizada”.[12]

 

  Os Vinte e Cinco Artigos resultantes foram adotados na Conferência de Natal de 1784,  e são encontrados nos Livros de Disciplina das Igrejas Metodistas, como o Capítulo I das Doutrinas e Disciplina da Igreja Metodista Episcopal Africana e o parágrafo 103 do Livro de Disciplina da Igreja Metodista Unida.  Eles permaneceram relativamente inalterados desde 1808, exceto por alguns artigos adicionais adicionados nos anos posteriores tanto na tradição Metodista Unida quanto na Conexão Metodista Wesleyana Allegheny, entre outras conexões metodistas”[13]

 

 

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Os 25 Artigos de Religião

 

(1)         Da fé na Santa Trindade; (2) Do Verbo ou Filho de Deus que se fez verdadeiro Homem; (3) Da ressurreição de Cristo; (4) Do Espírito Santo;[14] (5) Da suficiência das Santas Escrituras para a salvação; (6)

 

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         Nos 25 Artigos de Religião, que formam basicamente a herança doutrinária que o metodismo herdou do anglicanismo, estão: (1) Da fé na Santa Trindade; (2) Do Verbo ou Filho de Deus que se fez verdadeiro Homem; (3) Da ressurreição de Cristo; (4) Do Espírito Santo;[15] (5) Da suficiência das Santas Escrituras para a salvação; (6) Do Antigo Testamento; (7) Do pecado original;[16] (8) Do livre arbítrio; (9) Da justificação do homem; (10) Das boas obras; (11) Das obras de superrogação;[17] (12) Do pecado depois da justificação; (13) Da Igreja; (14) Do purgatório;[18] (15) Do falar na congregação em língua desconhecida; (16) Dos Sacramentos; (17) Do batismo; (18) Da Ceia do Senhor; (19) De ambas as espécies; (20) Da ablação única de Cristo sobre a cruz; (21) Do casamento dos ministros; (22) Dos ritos e cerimônias da Igreja; (23) Dos deveres civis dos cristãos; (24) Dos bens dos cristãos; (25) Do juramento do cristão. [19]

 

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Os artigos em sua totalidade

 

Há um só Deus vivo e verdadeiro, eterno, sem corpo nem partes; de poder, sabedoria e bondade infinitos; criador e conservador de todas as coisas visíveis e invisíveis. Na unidade desta Divindade, há três pessoas da mesma substância, poder e eternidade – Pai, Filho e Espírito Santo

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Os 25 Artigos de Fé datam do tempo do próprio John Wesley e foram por ele retirados dos 37 Artigos de Fé da Igreja Anglicana.

Artigo 1º - Da Fé na Santíssima Trindade.

 

Há um só Deus vivo e verdadeiro, eterno, sem corpo nem partes; de poder, sabedoria e bondade infinitos; criador e conservador de todas as coisas visíveis e invisíveis. Na unidade desta Divindade, há três pessoas da mesma substância, poder e eternidade – Pai, Filho e Espírito Santo.

 

Artigo 2º - Do Verbo ou Filho de Deus que se fez verdadeiro Homem

O Filho, que é o verbo do Pai, verdadeiro e eterno Deus, da mesma substância do Pai, tomou a natureza humana no ventre da bendita Virgem, de maneira que duas naturezas inteiras e perfeitas, a saber, a divindade e a humanidade, se uniram em uma só pessoa para que jamais se separem, a qual pessoa é Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, que realmente sofreu, foi crucificado, morto e sepultado, para nos reconciliar com seu Pai e para ser um sacrifício não somente pelo pecado original, mas, também, pelos pecados actuais dos homens.


Artigo 3º - Da ressurreição de Cristo

Cristo, na verdade, ressuscitou dentre os mortos, tomando outra vez o seu corpo com todas as coisas necessárias a uma perfeita natureza humana, com as quais subiu ao Céu e lá está até que volte a julgar os homens, no último dia.


Artigo 4º - Do Espírito Santo

O Espírito Santo, que procede do Pai e do Filho, é da mesma substância, majestade e glória com o Pai e com o Filho, verdadeiro e eterno Deus.


Artigo 5º - Da suficiência das Santas Escrituras para a salvação

As Santas Escrituras contém tudo que é necessário para a salvação, de maneira que o que nelas não se encontre, nem por elas se possa provar, não se deve exigir de pessoa alguma para ser crido como artigo de fé, nem se deve julgar necessário para a salvação. Entende-se por Santas Escrituras os livros canónicos do Antigo e do Novo Testamento de cuja autoridade nunca se duvidou na Igreja, a saber, do Antigo Testamento:

Génesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronómio, Josué, Juízes, Rute, I e II Samuel, I e II reis, I e II Crónicas, Esdras, Neemias, Ester, Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes, Cânticos de Salomão, Isaías, Jeremias, Lamentações de Jeremias, Ezequiel, Daniel, Oseas, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miqueias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias; e do Novo Testamento: Evangelhos; segundo S. Mateus, S. Marcos. S. Lucas e S. João, Actos dos Apóstolos; Epístolas de S. Paulo: aos Romanos, I e II aos Coríntios, aos Gálatas, aos Efésios, aos Filipenses, aos Colossenses, I e II aos Tessalonicenses, I e II a Timóteo, a Tito e a Filémon; Epístola aos Hebreus; Epístola de S. Tiago; Epístolas I e II de S. Pedro; Epístolas I, II e III de S. João; Epístola de S. Judas, e o Apocalipse.


Artigo 6º - Do Antigo Testamento

O Antigo Testamento não está em contradição com o Novo, pois tanto no Antigo como no Novo Testamento a vida eterna é oferecida à humanidade por Cristo, que é o único mediador entre Deus e o homem, sendo Ele mesmo Deus e Homem; portanto, não se deve dar ouvidos àqueles que dizem que os patriarcas tinham em vista somente promessas transitórias. Embora a lei dada por Deus a Moisés, quanto às cerimónias e ritos, não se aplique aos cristãos, nem tão pouco os seus preceitos civis devam ser necessariamente aceites por qualquer governo, nenhum cristão está isento de obedecer aos mandamentos chamados morais.


Artigo 7º - Do pecado original

O pecado original não está em imitar a Adão, como erradamente dizem os Pelagianos, mas é a corrupção da natureza de todo o descendente de Adão, pela qual o homem está muito longe da rectidão original e é de sua própria natureza inclinado ao mal e isto continuamente.


Artigo 8º - Do livre arbítrio

A condição do homem, depois da queda de Adão, é tal que ele não pode converter-se e preparar-se pelo seu próprio poder e obras, para a fé e invocação de Deus; portanto, não temos forças para fazer boas obras agradáveis e aceitáveis a Deus sem a Sua graça por Cristo, predispondo-nos para que tenhamos boa vontade e operando em nós quando temos essa boa vontade.


Artigo 9º - Da justificação do homem

Somos reputados justos perante Deus somente pelos merecimentos de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, por fé e não por obras ou merecimentos nossos; portanto, a doutrina de que somos justificados somente pela Fé é mui sã e cheia de conforto.


Artigo 10º - Das boas obras

Posto que as boas obras, que são o fruto da fé e seguem a justificação, não possam tirar os nossos pecados, nem suportar a severidade do juízo de Deus, contudo são agradáveis e aceitáveis a Deus em Cristo, e nascem de uma viva e verdadeira fé, tanto assim que uma fé viva é por elas conhecida como a árvore o é pelos seus frutos.


Artigo 11º - Das obras de superrogação

As obras voluntárias que não se achem compreendidas nos mandamentos de Deus, as quais se chamam obras de superrogação, não se podem ensinar sem arrogância e impiedade; pois, por elas, declaram os homens que não só rendem a Deus tudo quanto lhe é devido, mas também da sua parte fazem ainda mais do que devem, embora Cristo claramente diga: “Quando tiverdes feito tudo o que se vos manda, dizei: somos servos inúteis”.


Artigo 12º - Do pecado depois da justificação

Nem todo o pecado, voluntariamente cometido depois da justificação, é pecado contra o Espírito Santo e imperdoável; logo, não se deve negar a possibilidade de arrependimento aos que caem em pecado depois da justificação. Depois de termos recebido o Espírito Santo, é possível apartar-nos da graça recebida e cair em pecado, e pela graça de Deus levantar-nos de novo e emendar nossa vida. Devem, portanto, ser condenados os que digam que não podem mais pecar enquanto aqui vivem, ou que neguem a possibilidade de perdão àqueles que verdadeiramente se arrependam.


Artigo 13º - Da Igreja

A Igreja visível de Cristo é uma congregação de fiéis na qual se prega a pura Palavra de Deus e se ministram devidamente os sacramentos, com todas as coisas a eles necessárias, conforme a instituição de Cristo.


Artigo 14º - Do purgatório

A doutrina romana do purgatório, das indulgências, veneração e adoração, tanto de imagens como de relíquias, bem como a invocação dos santos, é uma invenção fútil, sem base em nenhum testemunho das Escrituras e até repugnante à Palavra de Deus.


Artigo 15º - Do falar na congregação em língua desconhecida

É claramente contrária à Palavra de Deus e ao costume da Igreja Primitiva celebrar o culto público na Igreja, ou ministrar os sacramentos, em língua que o povo não entenda.


Artigo 16º - Dos sacramentos

Os sacramentos instituídos por Cristo não são somente distintivos da profissão de fé dos Cristãos; são, também, sinais certos da graça e boa vontade de Deus para connosco, pelos quais Ele invisivelmente opera em nós, e não só desperta, como fortalece e confirma a nossa fé n’Ele. Dois somente são os sacramentos instituídos por Cristo, nosso Senhor, no Evangelho, a saber: o baptismo e a Ceia do Senhor. Os outros cinco, vulgarmente chamados sacramentos, a saber: a confirmação, a penitência, a ordem, o matrimónio e a extrema unção, não devem ser considerados sacramentos do Evangelho, sendo, como são, em parte, uma imitação corrompida de costumes apostólicos e, em parte, estados de vida permitidos nas Escrituras, mas que não tem a natureza do baptismo, nem a da Ceia do Senhor, porque não têm sinal visível, ou cerimónia estabelecida por Deus. Os sacramentos não foram instituídos por Cristo para servirem de espectáculo, mas para serem recebidos dignamente. E somente nos que participam deles dignamente é que produzem efeito salutar, mas aqueles que os recebem indignamente recebem para si mesmos a condenação, como diz S. Paulo. (I Coríntios 11.29)


Artigo 17º - Do batismo

O baptismo não é somente um sinal de profissão de fé e marca de diferenciação que distingue os cristãos dos que não são baptizados, mas é, também, um sinal de regeneração, ou de novo nascimento. O baptismo de crianças deve ser conservado na Igreja.


Artigo 18º - Da Ceia do Senhor

A Ceia do Senhor não é somente um sinal de amor que os cristãos devem ter uns para com os outros, mas antes é um sacramento da nossa redenção pela morte de Cristo, para quem recta, dignamente e com fé o recebe, o pão que partimos é participação do corpo de Cristo, como também o cálice de bênção é a participação do sangue de Cristo. A transubstanciação ou a mudança de substância do pão e do vinho na Ceia do Senhor, não se pode provar pelas Santas Escrituras, e é contrária às suas terminantes palavras; destrói a natureza de um sacramento e tem dado motivo a muitas superstições. O corpo de Cristo é dado, recebido e comido na ceia, somente de modo espiritual. O meio pelo qual é recebido e comido o corpo de Cristo, na ceia, é a fé. O sacramento da Ceia de Senhor não era, por ordenação de Cristo, custodiado, levado em procissão, elevado nem adorado.


Artigo 19º - De ambas as espécies

O cálice do Senhor não se deve negar aos leigos, porque ambas as espécies da Ceia do Senhor, por instituição e mandamento de Cristo, devem ser ministradas a todos os cristãos igualmente.


Artigo 20º - Da oblação única de Cristo sobre a cruz

A oblação de Cristo, feita uma só vez, é a perfeita redenção, propiciação e satisfação por todos os pecados de todo o mundo, tanto o original como os actuais, e não há nenhuma outra satisfação pelo pecado, senão essa. Portanto, o sacrifício da missa, no qual se diz geralmente que o sacerdote oferece a Cristo em expiação de pecados pelos vivos e defuntos, é fábula blasfema e engano perigoso.


Artigo 21º - Do casamento dos ministros

Os ministros de Cristo não são obrigados pela lei de Deus, quer a fazer voto de celibato, quer a abster-se do casamento; portanto, é tão lícito, a eles como aos demais cristãos, o casarem-se à sua vontade, segundo julgarem melhor à prática da piedade.


Artigo 22º - Dos ritos e cerimónias da Igreja

Não é necessário que os ritos e cerimónias das Igrejas sejam em todos os lugares iguais e exactamente os mesmos, porque sempre têm sido diferentes e podem mudar-se conforme a diversidade dos países, tempos e costumes dos homens, contanto que nada seja estabelecido contra a Palavra de Deus. Entretanto, todo aquele que, voluntária, aberta e propositadamente quebrar os ritos e cerimónias da Igreja a que pertença, os quais, não sendo repugnantes à Palavra de Deus, são ordenados e aprovados à autoridade competente, deve abertamente ser repreendido como ofensor da ordem comum da Igreja e da consciência dos irmãos fracos, para que os outros temam fazer o mesmo. Toda e qualquer Igreja pode estabelecer, mudar ou abolir ritos e cerimónias, contanto que isso se faça para edificação.


Artigo 23º - Dos deveres civis dos Cristãos

É dever dos cristãos, especialmente dos ministros de Cristo, sujeitarem-se à autoridade suprema do país onde residam e empregarem todos os meios louváveis para inculcar obediência aos poderes legitimamente constituídos. Espera-se, portanto, que os ministros e membros da Igreja se portem como cidadãos moderados e pacíficos.


Artigo 24º - Dos bens dos Cristãos

As riquezas e os bens dos cristãos não são comuns, quanto ao direito, título e posse dos mesmos, como falsamente apregoam alguns; não obstante, cada um deve dar liberalmente, do que possui, aos pobres.


Artigo 25º - Do juramento do Cristão

Assim como confessamos que é proibido aos cristãos por nosso Senhor Jesus Cristo e por Tiago, seu apóstolo, o jurar em vão e precipitadamente, assim também julgamos que a Religião Cristã não proíbe o juramento quando um magistrado o requer em causa de fé e caridade, contanto que se faça segundo ensino do profeta, em justiça, juízo e verdade.

 

 

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Entendendo o 1º artigo sobre a Trindade

 

Os metodistas evangélicos acreditam na Trindade: Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo (Espírito Santo).

Eles são coeternos em existência, coiguais em poder, sabedoria e bondade

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       Os metodistas evangélicos acreditam na Trindade: Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo (Espírito Santo).

      Eles são co-eternos em existência, co-iguais em poder, sabedoria e bondade. Deus Pai, a quem pertence todo o poder, achou por bem designar esse poder a Deus Filho e que esse poder deveria ser expresso por meio dele (Mateus 28:18-20). Nele também habita toda a sabedoria, pois Nele está toda a plenitude da Divindade corporalmente.

      Os metodistas evangélicos não são evolucionistas. Eles acreditam que no princípio Deus criou. Mais uma vez, Deus Pai expressou Seu poder criativo por meio de Deus, o Filho, pois lemos em João 1:1-2: "No princípio era o Verbo e o O Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus. Todas as coisas foram feitas por Ele e sem Ele nada foi feito que foi feito." O Filho. por sua vez, usou Deus Espírito Santo como agente de ação e operação. Em Gênesis I é o Espírito Santo que se move sobre o caos e dele traz forma e ordem.

      Ele não é apenas o Criador de todas as coisas, mas também o Preservador de todas as coisas. Paulo em Colossenses afirma que Cristo não é único Criador, mas que por meio Dele todas as coisas consistem ou se mantêm juntas. Nenhum cristão que conhece sua Bíblia fica alarmado com a gritos de lobo de "cientistas, falsamente chamados" que estão gritando um alarme falso de que o mundo está prestes a se desintegrar, explodir ou encontrar algum outro destino terrível. Ele ainda segura o mundo na palma de Sua mão, os ventos e as ondas ainda obedecem à Sua vontade e as estrelas que lutaram contra Sísera são guiadas por Sua voz. O bebê no berço e o rei em seu trono vivem porque Ele dá o fôlego da vida. O sol que brilha em sua glória nos céus e o átomo invisível em uma gota d'água são as criaturas de Seu plano e propósito.

        Na Divindade Triúna há perfeita unidade. Deus Filho fala apenas as palavras que o Pai dá e vive para fazer a vontade do Pai. O ofício do Espírito Santo é tomar as coisas de Cristo e torná-las conhecidas a nós, operando assim em nós as palavras e vontade do Pai expressa pelo Filho.

        As seguintes referências bíblicas serão benéficas no estudo do primeiro artigo ou doutrina do evangelho Fé metodista: Gênesis 1:1, 17:1; Êxodo 3:13-15, 33:20”.[20]

 

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A teologia metodista nos 25 artigos

 

o Metodismo aceita a autoridade final da Escritura e afirma a ortodoxia teológica e cristológica dos primeiros cinco séculos

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Nos 25 artigos de religião, “o Metodismo aceita a autoridade final da Escritura e afirma a ortodoxia teológica e cristológica dos primeiros cinco séculos. O metodismo afirma a espiritualidade e o desejo de conformidade com Cristo expressos em muitos dos escritores espirituais do cristianismo medieval. O metodismo se separou claramente das principais doutrinas distintivas do calvinismo. A presciência divina é um efeito da onisciência absoluta em Deus e não em seu decreto. A obra expiatória de Cristo é a raiz da graça preveniente, pois seu efeito retroativo é universal na remoção da culpa do pecado de Adão de todos os homens. A obra do Espírito também é um fenômeno universal que restaura, por causa da expiação universal de Cristo, a capacidade intrínseca de responder positivamente à revelação de Deus. Embora mantendo um núcleo ortodoxo e evangélico de doutrina, o Metodismo abraçou a convicção de Wesley de que a experiência de muitos em toda a cristandade pode ser genuinamente salvadora- e fundamentalmente cristã (...)”.[21]



[1] Este artigo 4º afirma: “O Espírito Santo, que procede do Pai e do Filho, é da mesma substância, majestade e glória com o Pai e com Filho, verdadeiro e eterno Deus” (CÂNONES da Igreja Metodista, Ibidem, p.34).

[2]https://www.allsaintsjakarta.org/anglican-belief

[3] https://en.wikipedia.org/wiki/Thirty-nine_Articles

[4] https://en.wikipedia.org/wiki/Thirty-nine_Articles

[5]https://en.wikipedia.org/wiki/Twenty-five_Articles

[6] WALKER, Welliston, Ibidem, p.83.

[7] Ibidem.

[8] Ibidem, p. 84.

[9]https://en.wikipedia.org/wiki/Twenty-five_Articles

[10]https://en.wikipedia.org/wiki/Twenty-five_Articles

[11]https://en.wikipedia.org/wiki/Twenty-five_Articles

[12] https://www.britannica.com/topic/Twenty-five-Articles-of-Religion

[13]https://en.wikipedia.org/wiki/Twenty-five_Articles

[14] Este artigo 4º afirma: “O Espírito Santo, que procede do Pai e do Filho, é da mesma substância, majestade e glória com o Pai e com Filho, verdadeiro e eterno Deus” (CÂNONES da Igreja Metodista, Ibidem, p.34).

[15] Este artigo 4º afirma: “O Espírito Santo, que procede do Pai e do Filho, é da mesma substância, majestade e glória com o Pai e com Filho, verdadeiro e eterno Deus” (CÂNONES da Igreja Metodista, Ibidem, p.34).

[16] Este artigo diz : “O pecado original não está em imitar Adão, como erradamente dizem os Pelagianos, mas é a corrupção da natureza de todo descendente de Adão, pela qual o homem está muito longe da retidão original e é de sua própria natureza inclinado ao mal e isto continuamente” (CÂNONES da Igreja Metodista, Ibidem, p.36). “Pelágio era um monge inglês, possivelmente, de origem irlandesa. Em 400 veio a Roma e ficou chocado com o baixo nível da península itálica. Achando que havia necessidade de um esforço moral mais acentuado, chocou-se com a oração de Santo Agostinho: ‘Concede-me, Senhor, o que tu exiges, e manda o que for de teu agrado. ’Sua doutrina, parece não Ter provocado distúrbios antes de sua ida `a África após o saque de Roma” (BETTENSON, Henry. Documentos da Igreja Cristã, ibidem, p.87).Ele acredita que o homem podia permanecer sem pecado. Com isso, ele dizia glorificar a Deus “já que reconhecemos que dEle nos vem esta dádiva e este poder” (BETTENSON, Henry, Ibidem, p.88).

[17] Obras de superrogação significa: “As obras voluntárias que não se achem compreendidas nos mandamentos de Deus, as quais se chamam de obras de superrogação, não se podem ensinar sem arrogância e impiedade; pois, por elas, declaram os homens que não só rendem a Deus tudo quanto  lhe é devido, mas também de sua parte fazem ainda mais do que devem, embora Cristo claramente diga: ´Quando tiverdes feito tudo o que se vos manda, dizeis: Somos servos inúteis” (CÂNONES da Igreja Metodista. Ibidem, p.37).

[18] Este 14º artigo afirma: “A doutrina romana do purgatório, das indulgências, veneração e adoração, tanto de imagens de relíquias, bem como a invocação dos santos, é uma invenção fútil, sem base em nenhum testemunho das Escrituras e até repugnantes à Palavra de Deus  (CÂNONES da Igreja Metodista. São Paulo: Associação Religiosa Imprensa da Fé, 1998, p. 38)

[19] CÂNONES da Igreja Metodista. Ibidem, p.33-43.

[20] https://www.imarc.cc/br/br2/wesley25ar1.html

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