O Ministério de Wesley,

um modelo para nossos dias

 

Odilon Massolar Chaves

 

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Livros publicados na Biblioteca Digital Wesleyana: 435

Livros publicados pelo autor: 545

Livretos: 3

Tradutor: Google

Toda glória a Deus!

Odilon Massolar Chaves é pastor metodista aposentado, doutor em Teologia e História pela Universidade Metodista de São Paulo.

Sua tese tratou sobre o avivamento metodista na Inglaterra no século XVIII e a sua contribuição como paradigma para nossos dias.

Foi editor do jornal oficial metodista e coordenador de Curso de Teologia.

Declaração de direitos autorais: Esses arquivos são de domínio público e são derivados de uma edição eletrônica que está disponível no site da Biblioteca Etérea dos Clássicos Cristãos.

 

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“É claro para mim que toda a obra de Deus chamada Metodismo é uma dispensação extraordinária de Sua providência. Portanto, não me pergunto se várias coisas ocorrem nele que não se enquadram nas regras normais de disciplina.” [1]

 

João Wesley

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Índice

 

 

 

·       Introdução

·       Wesley envolvido em algo extraordinário de Deus

·       Pregando para um povo incrédulo

·       As Bandas

·       A degradação moral e social na Inglaterra

·       O ministério de Wesley junto aos pobres

·       O cuidado de Wesley com a saúde física e mental

·       Wesley e os prisioneiros da Inglaterra

·       Wesley, o amor e o ensino para as crianças

·       Sua compaixão e luta contra a escravidão

 

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Introdução

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“Ministério de Wesley, um modelo para nossos dias” é um livro de 41 páginas sobre o ministério pastoral na Inglaterra, no Século XVIII.

O livro é um chamado para o ministério pastoral de hoje olhar para a pratica pastoral de Wesley e aplicar em nosso contexto sua visão e atitudes, de acordo com as necessidades locais.

A visão de Wesley era de que o metodismo estrava envolvido em algo extraordinário de Deus.

Havia um mandato de Deus para o metodismo espalhar a santidade bíblica por toda terra e nisso havia concessões de Deus para a pregação dos leigos, ministério das mulheres e ênfase doutrinária metodista como pregar a santidade, restaurar a doutrina do Espírito Santo. Tudo sempre fundamentado na Bíblia.

Sempre houve uma amplitude e um equilíbrio na sua compreensão da Bíblia e na prática do seu ministério.

Ele pregava para as pessoas se arrependerem de seus pecados, ensinava sobre a busca da santidade e criou clinicas populares gratuitas para o povo e lutou contra a escravidão.

O índice deste livro mostra essa amplitude: Wesley envolvido em algo extraordinário de Deus; Pregando para um povo incrédulo; As Bandas; A degradação moral e social na Inglaterra; O ministério de Wesley junto aos pobres; O cuidado de Wesley com a saúde física e mental; Wesley e os prisioneiros da Inglaterra; Wesley, o amor e o ensino para as crianças; Sua compaixão e luta contra a escravidão

O ministério pastoral de Wesley é um modelo para os pastores e pastoras nos dias de hoje.

A Faculdade Adventista do Paraná afirmou: “Considera-se que a vida e o ministério de John Wesley é um exemplo que deve ser adotado como modelo de liderança pelos pastores adventistas atuais para alcançar a eficiência na pregação do evangelho”.[2]

A sua vida e ministério devem ser mais estudadas e seguidas. Recomendo que comecemos com este livro.

 

O Autor

 

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Wesley envolvido em algo extraordinário de Deus

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João Wesley teve a consciência de estar envolvido em algo extraordinário que o próprio Deus fazia no mundo.[3]

O próprio resgate da doutrina da perfeição cristã fazia parte da responsabilidade dada por Deus ao metodismo, no século XVIII:

 “A perfeição cristã, cria Wesley, era o depositum que Deus havia entregue aos metodistas como sua responsabilidade especial.”[4]

A própria expansão do metodismo, além da Inglaterra, deve ser vista dentro desse entendimento de Wesley. Em 1746, ele definiu sua visão da seguinte forma:

“(...) um chamado suficiente da Providência´ para novos lugares, tais como Dublin ou Edinburgo: `1: Um convite de...um homem sério temente a Deus, que tem uma casa para nos receber. 2. A probabilidade de fazermos o melhor indo mais adiante, do que ficando mais tempo onde estamos.”[5]

A participação leiga e todo o trabalho metodista eram vistos como uma dispensação extraordinária da providência de Deus.[6]

O ministério feminino incluindo ensino nas células e a pregação fazia parte da Providencia Extraordinária de Deus.

Wesley acreditava ter sido o metodismo levantado por Deus  para mudar a situação vigente, ou seja, para:  “(...) reformar a nação (...) e espalhar a santidade bíblica sobre a terra.”[7]

Fatos extraordinários comprovam o chamado

O ministério de Wesley em Bristol, nos meses de abril e maio de 1739, foi marcado pela presença de grandes multidões e por sinais exteriores.

 

Só em abril de 1739, Wesley pregou para cerca de 45.800 mil pessoas em Bristol, que é considerado o berço do Movimento Metodista.

Em maio de 1739, ele pregou para 39.500 pessoas. Em junho cerca de 45 mil pessoas ouviram suas pregações. Um total em três meses de cerca de 131.800 pessoas em Bristol.

Dois fatos marcantes passaram a ocorrer nas pregações de Wesley, a partir de abril de 1739, em Bristol: presença de milhares de pessoas e fenômenos espirituais com diversas pessoas, que Wesley chamava de sinais exteriores ou sinais e maravilhas como resultado do poder de Deus.

Dentre as definições de fenômeno está
“acontecimento raro, extraordinário”.[8] Nesse sentido, foi um fenômeno. Wesley não afirmava que esses acontecimentos eram avivamentos, o que só passou a acontecer mais tarde e impulsionou muito mais o Movimento Metodista.

Wesley, disse sobre seu ministério em Bristol: “Mostrar-te-ei aquele que até então era leão e agora é cordeiro; aquele que era um bêbado, e agora está exemplarmente sóbrio: o prostituto que era, que agora abomina a própria veste manchada pela carne. Estes são os meus argumentos vivos para o que afirmo, a saber, que Deus dá agora, como antes, a remissão dos pecados e o dom do Espírito Santo, mesmo a nós e aos nossos filhos: sim, e isso sempre de repente, até onde eu soube, e muitas vezes em sonhos ou nas visões de Deus. Se não for assim, sou encontrado um falso testemunho diante de Deus. Por estas coisas eu faço, e por sua graça o farei, testifico."[9]

E Wesley continuou pregando em Bristol em 1739 onde Deus realizou grandes maravilhas.

 

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Pregando para um povo incrédulo

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Pregando principalmente para o povo inglês, que na sua maioria pertencia à Igreja Anglicana, um dos textos que Wesley mais pregou foi “Rejeite todas as suas transgressões; pois por que morrereis, ó casa de Israel?"

Como Wesley e Carlos Wesley precisaram passar por uma profunda experiencia com Deus, a conversão. Wesley acreditava que os ingleses também precisavam de arrependimento e conversão, depois buscar a perfeição.

Sua pregação era para arrependimento. Nas células, o propósito era a santidade.

No seu diário, Wesley registrou muitos desses momentos, que mostramos aqui:

Para dar arrependimento a Israel e remissão de pecados

“Daí fui aos moinhos batistas e declarei aquele a quem Deus exaltou ser príncipe e Salvador, para dar arrependimento a Israel e remissão de pecados”

Nesse período, maio de 1739,  Wesley foi pregar no Moinho Batista (Baptist Mills): “Daí fui aos moinhos batistas e declarei aquele a quem Deus exaltou ser príncipe e Salvador, para dar arrependimento a Israel e remissão de pecados. Voltando-se para J—n H—, descobrimos que sua voz estava perdida e seu corpo fraco como o de uma criança. Mas sua alma estava em paz, cheia de amor e regozijando-se na esperança da glória de Deus”.[10]

Quando as pessoas se convertiam e passavam a ter fé, elas eram incluídas em classe, band e na sociedade com vista ao desenvolvimento espiritual e alcançar o perfeito amor.

Palavras terríveis em 1788

Wesley pregava com muita seriedade e consciente do que precisava pregar especialmente para os anglicanos:

“Apliquei veementemente aquelas palavras terríveis: ‘Por que morrereis, ó casa de Israel?”

No domingo. 14, setembro 1788, Wesley cita o Sr. Shepherd e diz: “Tivemos o dobro de comungantes aqui de que me lembro. Pouco antes do culto, o Sr. Shepherd veio e me ofereceu seu serviço. Não poderia ter sido mais oportuno. Tive muita liberdade de espírito na primeira vez que preguei hoje; mas maior às duas e meia, e o maior de todos à noite; quando apliquei veementemente aquelas palavras terríveis: “Por que morrereis, ó casa de Israel?”,[11] pregou Wesley.

A forte pregação de Wesley

"Às quais gritei em voz alta: ‘Rejeite todas as suas transgressões; pois por que morrereis, ó casa de Israel?"

Quando Wesley escreve que gritou, ele mostra sua grande ênfase na necessidade de arrependimento do povo inglês.

Para curar apostasias

“Deus exaltou para ser Príncipe e Salvador”

Completou Wesley: “Apliquei fortemente aquelas graciosas palavras: “Eu curarei suas apostasias, eu os amarei livremente”, a quinhentas ou seiscentas pessoas sérias. Em Trezuthan Downs, oito quilômetros mais perto de St. Ives, encontramos setecentas ou oitocentas pessoas, às quais gritei em voz alta: "Rejeite todas as suas transgressões; pois por que morrereis, ó casa de Israel?" Depois do jantar, preguei novamente para cerca de mil pessoas sobre Aquele a quem “Deus exaltou para ser Príncipe e Salvador”. Foi aqui que observei pela primeira vez uma pequena impressão causada em dois ou três dos ouvintes; os restantes, como sempre, demonstrando enorme aprovação e absoluta despreocupação.[12]

Para curar retrocessos

“Clamei, com toda a autoridade do amor: "Por que morrereis, ó casa de Israel?" O povo tremeu e ficou quieto”

No sábado, 10 de setembro de 1743, Wesley disse: “Havia orações em St. Just à tarde, que não terminaram até as quatro. Eu então preguei na Cruz para, creio eu, mil pessoas, que se comportaram de maneira tranquila e séria.

Às seis horas preguei em Sennan, perto do fim da Terra; e designou a pequena congregação (composta principalmente de homens velhos e de cabeça cinzenta) para me encontrar novamente às cinco da manhã. Mas no domingo, 11, grande parte deles se reunia entre três e quatro horas: assim, entre quatro e cinco, começamos a louvar a Deus; e expliquei e apliquei em grande parte: "Curarei seus retrocesso; Eu os amarei livremente." [13]

Com toda autoridade e amor

“Clamei, com toda a autoridade do amor: ‘Por que morrereis, ó casa de Israel?"

Depois disse: “Descemos depois, até onde pudemos ir com segurança, em direção ao ponto das rochas no fim da Terra. Foi uma visão horrível! Mas como estes se derreterão quando Deus se levantar para o julgamento! O mar entre eles de fato "ferve como uma panela". "Alguém poderia pensar que o fundo é horrível." Mas "embora inchem, ainda assim não podem prevalecer. Ele estabeleceu os seus limites, que eles não podem ultrapassar" [ver Salmo 104:8].

Entre oito e nove eu preguei em St. Just, na planície verde perto da cidade, para a maior congregação (eu fui informado) que já tinha sido visto nessas partes. Clamei, com toda a autoridade do amor: "Por que morrereis, ó casa de Israel?" O povo tremeu e ficou quieto. Eu não tinha conhecido tal hora antes na Cornualha.”[14]

 

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As Bandas

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“A reunião da banda foi a principal expressão da síntese de John Wesley da piedade anglicana e morávia”[15]

 

Wesley criou classes, bandas e sociedades. 

Uma função central da banda era o que Wesley chamou de "conversa próxima".[16] 

Band foi um modelo para tornar os discípulos perfeitos. Foi o local ideal para se buscar a santidade do coração.[17] 

Os bands eram pequenas companhias criadas para levarem os metodistas ao perfeito amor. 

Os bands foram importantes no processo de formação da organização metodista.[18] 

“Além das reuniões da Sociedade e da Classe, bandas de cerca de cinco pessoas do mesmo sexo e estado civil se reuniram para confessar pecados e lutas específicas uns aos outros. Estima-se que cerca de 1 em cada 4 metodistas participavam regularmente de uma banda”.[19] 

As principais atividades dos bands “eram a confissão e a oração; o alvo deles era o crescimento espiritual. Os bands eram homogêneos, de acordo com o modelo morávio; havia band de mulheres, de homens e mesmo de rapazes (...).”[20] 

Em 1738, Wesley foi à Alemanha conhecer de perto sobre a prática cristã de homens santos e sobre as bandas. 

Dentro do seu dinamismo, Wesley aplicou algumas práticas dos moravianos e outras deixou de lado.

 

 

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A degradação moral e social na Inglaterra

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“Em 1743, a nação de seis milhões e meio de pessoas bebeu mais de 18 milhões de litros de gim. E a maioria foi consumida pela pequena minoria da população que então vive em Londres e outras cidades. As pessoas no campo continuaram bebendo cerveja, cerveja e cidra”.[21]

Em 1730, havia cerca de 7 mil lojas de gim em Londres. O gim era chamado de “a ruína da mãe.

O gim do século XVIII na Inglaterra era um caldo do inferno.[22]

“Para muitos londrinos da classe trabalhadora, o gim tornou-se mais do que uma bebida. Saciava-se desesperadamente dores de fome, oferecia alívio do frio perpétuo, e era uma fuga abençoada da brutal labuta da vida nas favelas e casas de trabalho. Era um zumbido barato que poderia ser tido por centavos em qualquer arquibancada decrépita da esquina ou nas entranhas de algum porão fedorento — e rapidamente destruiu o interior da cidade de Londres”.[23]

O surgimento da epidemia do Gin na Inglaterra foi incentivado pelo Parlamento inglês.

• “O Parlamento inglês promoveu ativamente a produção de gim para utilizar grãos excedentes e aumentar a receita. Incentivados por políticas públicas, espíritos muito baratos inundaram o mercado. Foi numa época em que havia pouco estigma ligado à embriaguez. Os crescentes pobres urbanos em Londres buscaram alívio das realidades da vida urbana bebendo excessivamente a bebida barata. Assim, a chamada Epidemia de Gin se desenvolveu.

• Em 1685, o consumo de gim tinha sido de pouco mais de meio milhão de litros.  Em 1714, a produção de gim era de dois milhões de litros. Foi o dobro da produção de 1696. Em 1727, a produção oficial (declarada e tributada) atingiu cinco milhões de galões. Seis anos depois, só a área de Londres produziu 11 milhões de litros de gim.[24]

 A degradação social na Inglaterra, no século XVIII, atingia a todas as classes, inclusive os ministros da Igreja.

Em 1789, “O primeiro uísque do Kentucky foi destilado pelo Reverendo Elijah Craig, um pastor batista”.[25]

Os valores cristãos estavam distorcidos. A religião era dissociada da vida das pessoas e dos negócios.

Mas Wesley “rejeitou a noção comum de que a religião poderia ser mantida separada dos negócios, pois a menos que fosse permeada por valores cristãos e dedicada aos objetivos cristãos, Wesley pensou que os negócios não poderiam deixar de ser transformados em fins diabólicos. Wesley protestou contra a degradação social e cultural de sua época, defendendo os pobres, punindo a aristocracia britânica por desperdiçar e acumular seus bens, condenando o tráfico de bebidas alcoólicas que havia reduzido a força de trabalho do país a um estupor bêbado, e repreendendo advogados e políticos por usarem a lei para satisfazer seus próprios desejos gananciosos”.[26] 

Wesley escreveu aos soldados ingleses em 1745 apontado os males da profissão de soldado: embriaguez, vingança, fornicação e adultério e indicou que a embriagues é a facilitadora dos três outros males.

“Num dos seus pequenos tratados dirigidos aos soldados, Wesley (1745a, p.5-6) explicita que "embriaguez, vingança, fornicação, adultério" acompanham a profissão. Nesse caso, a embriaguez é vista como facilitadora das três práticas mencionadas em seguida. Fornicação e adultério referem-se provavelmente à procura de prostitutas por soldados; vingança, talvez, às crueldades cometidas que iam além dos deveres do soldado de desmobilizar ou desarmar seu inimigo. Novamente, o descontrole é o alvo do julgamento, da censura, apesar de Wesley ter mantido durante toda a sua vida uma posição muito crítica em relação a qualquer tipo de guerra”.[27]

Wesley tinha também uma posição cuidadosa em relação ao café e chá. “Em seu livro de saúde e bem-estar Primitive Physick, Wesley escreveu: "Café e chá são extremamente dolorosos para pessoas que têm nervos fracos."[28]

Certamente, hoje muitos metodistas discordam de Wesley. Mas outros o apoiam, como Stephen Burk:

“Gosto do conselho de homens piedosos, como John Wesley, e Adam Clarke, e considero muito valioso. Se não bebêssemos chá e café, refrigerante e outras bebidas com cafeína e açúcar, teríamos menos diabetes, pressão alta e câncer. Pagaremos as consequências por comer e viver intemperados. Sofremos pelo nosso prazer míope!!”.[29]

Dever do metodista não beber

As Regras Gerais do metodismo condenavam a bebida alcoólica.

"As Regras Gerais de 1743 descartaram a compra ou a bebida de 'bebidas espirituosas' exceto em casos de extrema necessidade, o que significa uso medicinal", disse Campbell. "Não foi abstinência total, mas abstinência das coisas duras, uísque e gim em particular."[30]

“Em 1746, Wesley publicou seu primeiro guia medicinal, "Coletânea de receitas para uso dos pobres". Em termos do uso medicinal de álcool, o texto refere-se seis vezes ao uso de vinho (Wesley, 1746, p.5, 7, 9, 13, 14, 15). Na página 5 (receita 35), aconselha-se tomar um remédio ou com água ou com vinho; na p.7 (receita 60), p.9 (receita 144) e p.14 (receita 168), recomenda-se tomar um remédio com uma taça de vinho branco. Tais propostas de uso correspondem à permissão do uso medicinal "em casos de necessidade", encontrada tanto nas "Regras gerais" como no sermão 50”.[31]

O “guia Primitive physick (Wesley, 1747, p.XX) distingue duas classes e diversos tipos de bebidas alcoólicas:

- Licores fortes não conseguem prevenir os males de um excesso, nem ajudam a superar seus efeitos de forma tão segura quanto a água.

- Licores de malte (exceto uma cerveja clara ou leve [ou um pequeno ale], em seu período de validade) são bastante prejudiciais para pessoas frágeis [ou sensíveis].

'Licores de malte' são cervejas. A mais conhecida, a porter, tinha de 6% a 9,5% de álcool e era uma cerveja tipo ale. Uma pale ale, por sua vez, tinha cerca de 4,6% de álcool, e uma 'cerveja clara ou leve', small beer, aproximadamente 2,6%. A partir da edição de 1781, Wesley refere-se também a uma 'pequena ale' (small ale). Isso parece ter sido uma adaptação linguística, porque nessa época acabou-se usando small ale como sinônimo de small beer.”[32]

Aqueles que bebiam eram expulsos da sociedade metodista.

A questão econômica

Wesley também questionava e combatia o uso da bebida alcoólica por questões econômicas especialmente para o pobre.

Wesley afirmou que a metade do trigo produzido no reino era “consumido a cada ano, não por uma maneira tão inofensiva como jogá-lo no mar; mas convertendo-o em veneno mortal - veneno que naturalmente destrói, não só a força e a vida, mas também a moral de nossos compatriotas!”[33]

E conclui: “(...), mas como o preço do trigo pode ser reduzido? Proibindo para sempre aquela bane da saúde, aquele destruidor de força, da vida e da virtude, destilando. Talvez só isso responda a todo o projeto...”.[34]

Wesley entendia a bebida alcoólica como sendo prejudicial ao ser humano, mas ele foi além, pois a questão era muito mais ampla.

A oposição de Wesley ao uso generalizado de bebidas alcoólicas foi também econômica. “Metade do trigo produzido na Grã-Bretanha ia para a indústria de destilação que tornava o trigo caro e, por sua vez, tornava o pão caro e além dos meios dos muito pobres. Wesley estava, na realidade, atacando a inflação. A carne cara foi causada por cavalheiros agricultores achando mais rentável criar cavalos para exportação para a França e para atender à crescente demanda por carruagens de cavalos. Carne de porco, aves e ovos eram tão caros porque os proprietários de grandes propriedades ganhavam mais com as culturas de dinheiro do que alugando terras para pequenos agricultores inquilinos”.[35]

Veneno Mortal:

“... sobre a atual escassez de provisões... Por que milhares de pessoas estão famintas, perecendo por querer, em todas as partes da Inglaterra...?”.

Wesley via a bebida alcoólica mais como veneno.

Escrevendo para Jornais ou pregando, Wesley atacou a bebida alcoólica. Para ele, quem vendia bebida alcoólica estava envenenando às pessoas.

Em 1744, Wesley pregou 'Sobre o Uso do Dinheiro', seção 4, e disse: “Conhece dez destiladores na Inglaterra? Então desculpe isso. Mas todos os que os vendem da maneira comum, para qualquer um que compre, são envenenadores gerais. Eles matam os súditos de Sua Majestade por atacado, nem sua pena de olho ou sobressalente. Eles os levam para o inferno como ovelhas”.[36]

Quase trinta anos depois, Wesley continuou com a mesma postura. Em 9 de dezembro de 1772, João Wesley escreveu ao editor do Lloyd's Evening Post argumentando sobre a atual escassez de provisões na Inglaterra.

Wesley tinha a resposta e a solução:

“Por que o pão é tão querido? Porque tão imensas quantidades dela são continuamente consumidas pela destilação. De fato, um eminente destilador, perto de Londres, ouvindo isso, respondeu calorosamente: "Não, meu parceiro e eu geralmente destilamos, mas mil quartos de milho por semana!" Talvez sim. Suponha que 5 e 20 destiladores, dentro e perto da cidade, consumam cada um apenas a mesma quantidade. Aqui estão cinco e vinte mil quartos por semana, ou seja, acima de 1.250 mil quartos por ano, consumidos dentro e sobre Londres! Adicione os destiladores por toda a Inglaterra, e não temos razões para acreditar que metade do trigo produzido no reino é consumido a cada ano, não por uma maneira tão inofensiva como jogá-lo no mar; mas convertendo-o em veneno mortal - veneno que naturalmente destrói, não só a força e a vida, mas também a moral de nossos compatriotas!”.[37]

E quando argumentaram que a venda de bebidas aumentava a receita do rei, Wesley, que valorizava o ser humano, afirmou que os ingleses não deviam aumentar a receita real vendendo o sangue e a carne de seus compatriotas!

"Bem, mas isso traz uma grande receita para o rei." Isso é equivalente para a vida de seus súditos? Sua Majestade venderia cem mil de seus súditos anualmente para Argel por 400 mil libras? Certamente não. Será que ele vai vendê-los por essa soma, para serem massacrados por seus próprios compatriotas? — Mas caso contrário, os porcos da Marinha não podem ser alimentados! A não ser que sejam alimentados com carne humana? não, a menos que eles estejam gordos com sangue humano? O não diga em Constantinopla, que os ingleses aumentam a receita real vendendo o sangue e a carne de seus compatriotas! ...”[38]

Wesley tem uma solução para a redução do preço do trigo e, consequentemente do pão:

“Mas como o preço do trigo pode ser reduzido? Proibindo para sempre aquela bane da saúde, aquele destruidor de força, da vida e da virtude, destilando. Talvez só isso responda a todo o projeto...

Sou, senhor, seu humilde servo, JOHN WESLEY.”[39]

 

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O ministério de Wesley junto aos pobres

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“Durante toda a sua vida, ele não teve vergonha de implorar por eles. Da venda de livros e panfletos durante sua vida, estima-se que ele tenha acumulado £ 30.000 que ele doou. Em 1785, ele formou a Sociedade Amiga dos Estranhos ‘instituída para o alívio não de nossa sociedade [metodista], mas de estranhos pobres, doentes e sem amigos".[40]

 

Coleta para os pobres

“Fiz outra coleta na quinta-feira e uma terceira no domingo, pela qual pudemos alimentar cem, às vezes cento e cinquenta, por dia, daqueles que mais precisamos”

Na segunda-feira, 21 de janeiro de 1740, “eu preguei em Hannam, a quatro milhas de Bristol”, disse Wesley. “À noite, fiz uma coleta em nossa congregação para o alívio dos pobres, sem o portão de Lawford; que, não tendo trabalho (por causa da geada severa) e sem assistência da paróquia em que viviam, foram reduzidos à última extremidade”, escreveu Wesley. “Fiz outra coleta na quinta-feira e uma terceira no domingo, pela qual pudemos alimentar cem, às vezes cento e cinquenta, por dia, daqueles que mais precisamos.”[41]

Escola para os filhos dos colisores

 

"Para que seus filhos também pudessem conhecer as coisas que contribuem para a sua paz”

Na terça-feira, dia 27 de novembro de 1738, Wesley fez um breve relato do trabalho metodista em Kingswood e do atual empreendimento.

Os colisores (mineiros) de Kingswood era um povo famoso, ingovernável, chamado de selvagem rude. Poucas pessoas se aventuravam a ir até Kingswood.

Mas eles foram transformados pelas pregações de Whitefield e Wesley.

"Para que seus filhos também pudessem conhecer as coisas que contribuem para a sua paz, já fazia algum tempo que se propunha construir uma casa em Kingswood; e depois de muitas dificuldades previstas e imprevistas, em junho passado as bases foram lançadas. O terreno escolhido estava no meio da floresta, entre as estradas de Londres e Bath, não muito longe do chamado Two Mile Hill, a cerca de três milhas medidas de Bristol”, [42] escreveu Wesley.

“Duas pessoas estão prontas para ensinar, assim que a casa estiver apta a recebê-las”

Wesley relatou: "Aqui uma grande sala foi iniciada para a escola, tendo quatro pequenas salas em cada extremidade para os professores (e, talvez, se agradasse a Deus, algumas crianças pobres) para se alojarem. Duas pessoas estão prontas para ensinar, assim que a casa estiver apta a recebê-las, cuja concha está quase terminada; de modo que se espera que o todo seja concluído na primavera ou no início do verão”.[43]

Ajudando aos pobres

“À noite, fiz uma coleta em nossa congregação para o alívio dos pobres”

Na segunda-feira, dia 21 de janeiro de 1740, “preguei em Hannam, a quatro milhas de Bristol”, disse Wesley. “À noite, fiz uma coleta em nossa congregação para o alívio dos pobres, sem o portão de Lawford; que, não tendo trabalho (por causa da geada severa) e sem assistência da paróquia em que viviam, foram reduzidos à última extremidade. Fiz outra coleta na quinta-feira e uma terceira no domingo, pela qual pudemos alimentar cem, às vezes cento e cinquenta, por dia, daqueles que mais precisamos”.[44]

Empregando pobres

“Levamos doze dos mais pobres e um professor para a sala da sociedade, onde eles foram empregados por quatro meses”

Na terça-feira, 25 de novembro de 1740, em Londres, “depois de vários métodos propostos para empregar aqueles que estavam fora do negócio, decidimos fazer um teste de um que vários de nossos irmãos nos recomendaram”, [45]disse Wesley

“E o projeto respondeu: eles foram empregados e mantidos com muito pouco mais do que o produto de seu próprio trabalho”

“Nosso objetivo era, com o menor gasto possível”, disse Wesley, “mantê-los imediatamente longe da carência e da ociosidade, a fim de que, levamos doze dos mais pobres e um professor para a sala da sociedade, onde eles foram empregados por quatro meses, até que a primavera chegou, em cardagem e fiação de algodão. E o projeto respondeu: eles foram empregados e mantidos com muito pouco mais do que o produto de seu próprio trabalho”.[46]

Plano para a sociedade ajudar aos carentes

“Muitos de nossos irmãos e irmãs não tinham comida necessária; muitos eram destituídos de roupas convenientes”

Na quinta-feira, 7 de maio de 1741, “lembrei à Sociedade Unida que muitos de nossos irmãos e irmãs não tinham comida necessária”, disse Wesley, “muitos eram destituídos de roupas convenientes; muitos estavam fora do negócio, e isso sem culpa própria; e muitos doentes e prontos a perecer: que eu tinha feito o que em mim estava para alimentar os famintos, vestir os nus, empregar os pobres e visitar os doentes; mas não era, por si só, suficiente para essas coisas; e, portanto, desejava todos cujos corações eram como o meu coração:

1. Trazer as roupas que cada um poderia poupar para serem distribuídas entre as que mais quisessem.

2. Dar semanalmente um centavo, ou o que eles podiam pagar, para o alívio dos pobres e doentes.

Meu projeto, eu lhes disse, é empregar para o presente todas as mulheres que estão fora do negócio, e o desejam, no tricô.

A estes damos, em primeiro lugar, o preço comum pelo trabalho que fazem; e depois adicionar, de acordo com a necessidade.

Doze pessoas são designadas para inspecioná-los e para visitar e prover coisas necessárias para os doentes.

Cada um deles deve visitar todos os doentes dentro de seu distrito a cada dois dias e se reunir na terça-feira à noite, para dar conta do que ela fez e consultar o que pode ser feito ainda mais”.[47]

 

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O cuidado de Wesley com a saúde física e mental

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João Wesley se preocupava com a saúde das pessoas. Ele não apenas cria no poder da oração para curar, mas procurou publicar também livros de orientações populares sobre cuidados com a saúde. Escreveu cartas e orientou pessoalmente.

 

Em 1747, ele publicou Primitive Physick, ou um método fácil e natural de curar a maioria das doenças. 

“Esse volume encadernado de 119 páginas custou um xelim e se tornou um dos livros mais populares de sua época, com 20 edições exigidas em 1781 e 36 em 1840”.[48]

João Wesley admirava os famosos médicos contemporâneos Sydenham e Dover e foi muito influenciado pelo Livro de Saúde e Longa Vida de Cheyne.[49] 

“Ao considerar o interesse de Wesley em saúde e cura, é útil lembrar que o estudo da medicina básica havia se tornado parte do treinamento de Candidatos ao clero anglicano no século XVII”.[50] 

De diversas formas, Wesley deu conselhos médicos práticos às pessoas de sua época.

 

“Ele publicou vários outros trabalhos relacionados à manutenção ou restauração da saúde, incluindo uma carta a um amigo sobre o chá (1748); O Desideratum, ou eletricidade tornada simples e útil (1760); Pensamentos sobre o pecado de Onan, extraído principalmente deTissot] (1767); Conselhos sobre saúde, extraído de [Tissot] (1769); “Extrato de [William] Cadogan no Gota ”(no vol. 26 de suas Obras , 1774); e uma estimativa das maneiras de Present Times (1782)”. [51]

 

Wesley comunicou à Sociedade Metodista seu desejo e projeto de distribuir remédios aos pobres: “Cerca de trinta chegaram no dia seguinte e, em três semanas, cerca de trezentos. Isso continuamos por vários anos, até que, com o número de pacientes ainda aumentando, a despesa foi maior do que poderíamos suportar”. [52]

 

Nos seis primeiros meses, foram atendidos cerca de 600 pacientes.

 

Ele era também fascinado pelo corpo humano e “conduziu muitos experimentos consigo mesmo, levando ao desenvolvimento de mais de 800 remédios para 300 doenças únicas, que ele registrou em seu livro Primitive Physick.”[53]

 

A maioria dos cristãos de sua época compartilhava a convicção de que Deus proveria cura do corpo e da alma na ressurreição, mas para Wesley ambas as dimensões da cura divina podem ser experimentadas no presente.

 

Wesley desenvolveu ministérios que incluía um papel para mulheres e homens leigos locais nos do dia-a-dia. 

 

“Dentro neste caso, era o escritório do "visitante dos enfermos", de quem se esperava visitar membros doentes em sua área três vezes por semana, para perguntar sobre o estado de suas almas e seus corpos, e para oferecer ou obter conselhos para eles”.[54]

 

Wesley tinha um cuidado especial com a saúde das pessoas. Ele recomendava exercícios.

 

Ele recomendava que o exercício “deve sempre ser feito com o estômago vazio; e o banho frio era recomendado como “grande vantagem” para uma boa saúde. “Promove a transpiração, ajuda a circulação do sangue; e evita o perigo de pegar um resfriado”.[55]

 

Em 1788, “Wesley enviou uma carta para Samuel Bradburn, um dos pregadores leigos, que estava cuidando do irmão seu Charles, que estava com a saúde debilitada: Com relação ao meu irmão, aconselho-o: (1) Quer ele vá ou não, carregue o Dr. Whitehead para ele. (2) Se ele não pode sair, e ainda assim deve fazer exercício ou morrer, persuadi-lo a usar [o cavalo de madeira] duas ou três vezes por dia”.[56]

 

Wesley amadureceu, ao longo do tempo, na compreensão dos problemas emocionais.

 

Passou a haver uma ênfase madura de Wesley na ampla interconexão da saúde física com saúde emocional e espiritual. [57]

 

Wesley dava ênfase à dieta, exercício e descanso. Incentivava também o banho frio e o uso de plantas e raízes para fins medicinais, etc.

 

Ele recomendava: “Use uma dieta totalmente vegetal. Conheço uma que ficou totalmente curada disso, vivendo um ano assim: tomava o café da manhã e jantava leite e água (com pão) e comia nabos, cenouras ou outras raízes, bebendo água”.[58]

 

Ele disse: “Faça o máximo de exercícios diários ao ar livre, sem cansaço”. [59]

 

Essas são algumas de suas dicas para a saúde:

 

§  “A água é a mais saudável de todas as bebidas; acelera o apetite e fortalece ao máximo a digestão.”

§  “O devido grau de exercício é indispensável para a saúde e vida longa.”

§  “Aqueles que leem ou escrevem muito devem aprender a fazê-lo de pé; caso contrário, isso prejudicará sua saúde.”

§  Para a tosse, “faça um buraco no limão e encha-o com mel. Asse e pegue o suco. Tome uma colher de chá disso frequentemente.”

§  Vá para a cama às 21h e levante-se entre 4h e 5h”.[60]

 

Uma outra dica sua: “Use uma dieta totalmente vegetal. Conheço uma que ficou totalmente curada disso, vivendo um ano assim: tomava o café da manhã e jantava leite e água (com pão) e comia nabos, cenouras ou outras raízes, bebendo água”.[61]

 

Wesley também reconheceu que o físico causa ou que contribui para muitos casos de doença emocional/espiritual. 

 

“Ele encorajou as pessoas a ficarem longe de todos os alimentos em conserva, defumados e salgados e a “adequar a qualidade e a quantidade dos alimentos à força da digestão; levar sempre o tipo e a medida de comida que caem leves e fáceis para o estômago”. [62]

 

“(...) incluía remédios naturais para asma, calvície (cebola e mel), dores de ouvido, picadas de abelha, pedras nos rins, vertigem e muito mais. Ele também inclui dicas sobre como manter o bem-estar por meio de exercícios, uma dieta saudável e um sono adequado.

 

Sob a liderança de Wesley, pregadores e capelas metodistas eram conhecidos como distribuidores de remédios para doenças, especialmente para aqueles que não tinham dinheiro para ver um médico. Primitive Physick era sua referência primária”.[63]

 

Fisica Primitiva ou Método Fácil e Natural de Curar a Maioria das Doenças” foi escrito por João Wesley. 

 

Para Wesley, a saúde física e espiritual está intimamente conectada. 

“Em uma carta datada de 26 de outubro de 1778, Wesley oferece este conselho revelador a seu amigo, Alexander Knox. "Alleck ... será uma bênção dupla se você se entregar ao Grande Médico, para que ele possa curar alma e corpo juntos. E, sem dúvida, este é o seu desígnio. Ele quer dar-lhe ... saúde interior e exterior”.[64]

 

Wesley ensinava constantemente sobre o amor de Deus como o grande remédio: "o amor de Deus, pois é o remédio soberano de todas as misérias ... pela alegria indizível e perfeita calma serenidade e tranquilidade que dá à mente ... torna-se o mais poderoso de todos os meios de saúde e longa vida."[65]

 

Em 1746, ele inaugurou uma clínica na Fundição para cuidar dos doentes.

 

“Em uma carta ao Vigário Perronet datada de 1748, Wesley relata que em 5 meses, mais de 500 pessoas passaram pela clínica e 71 ‘Foram totalmente curados de doenças que há muito se pensava serem incuráveis’ (WJW Letters 8: 265)”.[66]

 

Wesley trabalhou para aliviar o sofrimento dos pobres. Ele estabeleceu três clínicas gratuitas em Londres, Bristol e Newcastle. 

“Como parte de suas investigações mais amplas, Wesley ficou fascinado pelo trabalho de Franklin e Priestley sobre o valor clínico da eletricidade e usou uma máquina de fricção (ainda a ser vista na Capela de Wesley em Londres), para fins terapêuticos sete anos antes do Hospital Middlesex.” 

Wesley tratou de 3.000 pacientes em dez anos e escreveu “The Desideratum ou Electricity made Plain and Useful “, que foi elogiado por Priestley.[67] 

Para entendermos a dimensão do ministério de Wesley na saúde, Franklin Wilder escreveu o livro: “O notável mundo de John Wesley, pioneiro em saúde mental”. 

Em 1747, Wesley e uns amigos foram observar os experimentos elétricos que estavam se tornando populares. No princípio, Wesley ficou confuso com tais experimentos. 

Em 1753, ele já estava apaixonado pela ideia de usar a eletricidade para a cura dos doentes. 

Após ver os experimentos de Benjamin Franklin, Wesley relatou em seu Diário de 9 de novembro de 1756 que obteve um aparelho elétrico portátil. Ele escreveu: "Ordenei que várias pessoas fossem eletrificadas, que apresentavam vários distúrbios; alguns encontraram uma cura imediata, outros uma cura gradual. A partir deste momento eu marquei, primeiro algumas horas em cada semana, e depois uma hora em cada dia, onde qualquer um que o desejasse poderia experimentar a virtude deste surpreendente medicamento. Dois ou três anos depois, nossos pacientes eram tão numerosos que fomos obrigados a dividi-los; então parte foi eletrificada em Southwark, parte na Fundição, outras perto de St. Paul e o resto perto de Seven Dials. O mesmo método que adotamos desde então; e até hoje, embora centenas, talvez milhares, tenham recebido um bem indescritível, não conheci um homem, mulher ou criança que tenha sido ferido por isso”.[68] 

Wesley escreveu que o choque elétrico era benéfico para mais de 20 enfermidades, mas viu era mais eficaz no tratamento de distúrbios nervosos.[69]

Wesley e os investigadores perceberam que a eletricidade foram benéficas para o alivio do sofrimento humano, mas Wesley sentiu que essas eram as leis de Deus que deveriam ser usadas para todo fim legítimo.[70]

 

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Wesley e os prisioneiros da Inglaterra

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Foi no período do Clube Santo, criado em 1729 por Carlos Wesley, que os metodistas começaram a visitar os presos na Prisão do Castelo incentivados por Willam Morgan. No dia 14 de agosto de 1730, os irmãos Wesley acompanharam Morgan na visita aos presos. Em dezembro de 1730, o grupo expandiu suas atividades e passou a incluir a visitação aos encarcerados da prisão na cidade no North Gate (Bocardo).[71]

Visitando prisioneiros condenados

“Último bom ofício aos malfeitores condenados”

Wesley registra em seu diário diversas visitas aos pros, especialmente, aos condenados à morte.

Na quarta-feira, dia 3 de novembro de 1738,  João e Carlos foram fazer o último bom ofício aos malfeitores condenados”, disse Wesley. “Foi o exemplo mais glorioso que já vi, de fé triunfando sobre o pecado e a morte. Um observador que observava as lágrimas escorrerem rapidamente pelas bochechas de um deles em particular, enquanto seus olhos estavam firmemente fixos para cima, alguns momentos antes de morrer, perguntou: ‘Como você sente seu coração agora?’ Ele calmamente replicou: ‘Eu sinto uma paz, que eu não poderia ter sido ser possível. E sei que é a paz de Deus, que excede todo o entendimento."[72]

“Deus dos meus pais, aceita-me também entre eles”

Wesley disse: “Meu irmão aproveitou a ocasião de declarar o evangelho da paz, a uma grande assembleia de publicanos e pecadores. Ó Senhor Deus dos meus pais, aceita-me também entre eles, e não me expulse do meio das tuas crianças filhos!”[73]

Pregando aos criminosos condenados

No domingo, 17 de setembro de 1738, Wesley estava na Inglaterra. Ele disse: “Comecei novamente a declarar em meu próprio país as boas novas da salvação, pregar três vezes e depois expor a Sagrada Escritura a uma grande companhia nas Minorias”.[74]

Sociedade e criminosos

“Fui aos criminosos condenados em Newgate e ofereci-lhes a salvação gratuita”

Wesley listou o que fez: “Na segunda-feira, alegrei-me por me encontrar com a nossa pequena sociedade, que agora consistia em 32 pessoas. No dia seguinte, fui aos criminosos condenados em Newgate e ofereci-lhes a salvação gratuita.

“Os piratas John Richardson e Richard Coyle
que foram enforcados”

A prisão de Newgaste executava prisioneiros. Dentre os que foram executados em janeiro de  1738, estão:

Os piratas John Richardson e Richard Coyle
que foram enforcados em 25 de janeiro de 1738.[75]O crime de pirataria é geralmente acompanhado de assassinato. Richardson, a ambos os crimes, acrescentou o da fraude”.[76]

Na prisão de Bocardo

“Comecei a ler orações em Bocardo”

No domingo, dia 3 de dezembro de 1738, Wesley escreveu em seu diário: “Comecei a ler orações em Bocardo (a prisão da cidade) que há muito tempo estava descontinuada. À tarde, recebi uma carta, desejando sinceramente, para publicar meu relato sobre a Geórgia: e outra tão sinceramente me dissuadindo dela, "porque isso me traria muitos problemas". Consultei Deus em sua palavra e recebi duas respostas; o primeiro Ez. xxxiii. 2-6. O outro, portanto, suportas dificuldades, como um bom soldado de Jesus Cristo”.[77]

Visitava uma vez por mês

“A Prisão de Bocardo costumava estar ligada à torre de São Miguel da Porta Norte, que fazia parte da antiga muralha da cidade”.[78]

Wesley costumava visitar a prisão de Bocardo uma vez por mês, em Oxford. Em 1772, a prisão foi demolida.

Prisioneiros do Castelo

“Oportunidade de pregar mais uma vez aos pobres prisioneiros do Castelo”

Na quarta-feira, 14 de março de 1739, Wesley disse: “tive a oportunidade de pregar mais uma vez aos pobres prisioneiros do Castelo”. Na quinta-feira, dia 15, “parti de manhã cedo e à tarde vim para Londres”, disse Wesley.[79]

Pregando para presos condenados à morte

“Quarenta e sete estavam sob sentença de morte”

No domingo, 26 de dezembro de 1784, Wesley disse: “preguei o sermão dos criminosos condenados em Newgate”, disse Wesley. “Quarenta e sete estavam sob sentença de morte. Enquanto eles estavam entrando, havia algo muito horrível no tilintar de suas correntes. Mas nenhum som foi ouvido, nem deles nem da plateia lotada, depois que o texto foi nomeado: "Há alegria no céu por um pecador que se arrepende, mais do que noventa e nove pessoas justas, que não precisam de arrependimento" (ver Lucas 15:7)”.[80]

A maioria dos prisioneiros estava em lágrimas

“Cinco dos quais morreram em paz”

“O poder do Senhor estava eminentemente presente, e a maioria dos prisioneiros estava em lágrimas”, disse Wesley. “Poucos dias depois, vinte deles morreram de uma só vez, cinco dos quais morreram em paz. Não pude deixar de aprovar grandemente o espírito e o comportamento do Sr. Villette, o ordinário; e regozijei-me ao ouvir que era o mesmo em todas as ocasiões semelhantes”.[81]

O amor de Wesley pelos prisioneiros

Wesley e os prisioneiros franceses

Na chamada “Guerra dos Sete Anos” (1756-1763), a Inglaterra e França travaram uma guerra. “Foi um conflito ocorrido entre a Inglaterra e França por terras na América do Norte e no continente asiático. Envolveu também a Prússia, Áustria, Portugal e Espanha.

A guerra se espalhou por três continentes e foi travada tanto na Europa como na América e Ásia. Por isso é considerada como o primeiro conflito mundial”.[82]

Durante a guerra, os ingleses fizeram prisioneiros franceses. Wesley foi visitar os prisioneiros franceses.

Falando para sobreviventes da invasão francesa

“John Wesley, fez várias viagens ao Ulster, incluindo uma em 1760, quando falou com sobreviventes da invasão francesa, quando uma força francesa sob o comando do comodoro François Thurot tomou Carrickfergus, mas teve que se render quando derrotado, Thurot sendo morto, em um engajamento naval”.[83]

Roupas para prisioneiros franceses

Wesley foi sensível às necessidades dos excluídos e questionador da situação social do povo. Em 1759, ele comentou sobre a difícil situação dos presos que estavam em Knowle:

Não oprimirás um estrangeiro

“Fiquei muito afetado e preguei à noite”

Na segunda-feira, 15 de outubro de 1759,  “eu caminhei até Knowle, a uma milha de Bristol, para ver os prisioneiros franceses”,[84] disse Wesley.

A vila de Knowle está situada a 3 milhas a leste-sudeste da cidade de Solihull, West Midlands, Inglaterra.

“Cerca de onze centenas deles, somos informados, estavam confinados naquele pequeno lugar, sem nada para deitar além de um pouco de palha suja, ou qualquer coisa para cobri-los, exceto alguns trapos finos e sujos, de dia ou de noite, de modo que eles morreram como ovelhas podres.”[85]

“Fiquei muito afetado e preguei à noite (Êxodo 23:9): "Não oprimirás um estrangeiro, porque conheceis o coração de um estrangeiro, vendo que éreis estrangeiros na terra do Egito." [86]

“Compramos linho e pano de lã, que foram feitos em camisas, coletes e bermudas

Wesley foi além da pregação: “Dezoito libras foram contribuídas imediatamente, que foram compostas de quatro e vinte no dia seguinte. Com isso, compramos linho e pano de lã, que foram feitos em camisas, coletes e bermudas. Cerca de uma dúzia de meias foram adicionadas; todos os quais foram cuidadosamente distribuídos onde havia a maior necessidade”. [87]

“Logo depois, a Corporação de Bristol enviou uma grande quantidade de colchões e cobertores

E Wesley foi mais além. “Logo depois, a Corporação de Bristol enviou uma grande quantidade de colchões e cobertores. E não demorou muito para que as contribuições fossem postas a pé em Londres e em várias partes do reino; de modo que eu acredito que a partir deste momento eles foram muito bem providos com todas as necessidades da vida”.[88]

 

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Wesley, o amor e o ensino para as crianças

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A crianças sempre mereceram atenção especial de Wesley. Ele aprendeu em sua casa, especialmente com sua mãe Susanna Wesley, a importância da educação e do amor.

Seu diário registra diversos momentos de atenção às crianças, dentre elas, estão:

Visitando centenas de crianças

“Estão em tão boa ordem quanto qualquer família privada”

Na quinta-feira, 14 de fevereiro de 1771, em Londres, Wesley visitou uma casa que continha uma centena de crianças. Ele ficou impressionado com o cuidado com as crianças:

“Passei pelas salas superior e inferior da casa de trabalho de Londres. Ele contém cerca de uma centena de crianças, que estão em tão boa ordem quanto qualquer família privada. E toda a casa é tão limpa, de cima para baixo, quanto as necessidades de qualquer cavalheiro. E por que nem todas as casas de trabalho em Londres, sim, através do reino, estão na mesma ordem? Puramente por falta de senso, ou de honestidade e atividade, naqueles que a supervisionam”.[89]

Crianças desaprendendo no orfanato

“Eles haviam desaprendido toda religião e até mesmo seriedade”

Na segunda-feira, 6 de abril de 1772, Wesley revelou sua decepção com um orfanato que estava longe de ensinar práticas bíblicas para as crianças.

Ele disse: “À tarde, bebi chá na Am. O. Mas como fiquei chocado! As crianças que costumavam se agarrar a mim e beber em cada palavra estavam em um internato. Ali eles haviam desaprendido toda religião e até mesmo seriedade e haviam aprendido orgulho vaidade, afetação e tudo o que pudesse protegê-los contra o conhecimento e o amor de Deus”.[90]

Hospital para crianças pobres

“Certamente nunca houve uma porta tão aberta”

Na quarta-feira, 25 de maio de 1763, Wesley escreveu que “por volta do meio-dia, fui ao Gordon's Hospital, construído perto da cidade para crianças pobres. É um edifício extremamente bonito e (o que não é comum) mantido extremamente limpo. Os jardins são agradáveis, bem dispostos e em extremamente boa ordem; mas o velho solteirão que a fundou providenciou expressamente que nenhuma mulher deveria estar lá.[91]

Observado a escola e as crianças

“Fiquei impressionado com a visão da escola charter”

Wesley pregou em Ballinrobe, na sexta-feira, dia 14. No sábado seguiu para Castlebar. “Entrando na cidade” - Wesley disse – “fiquei impressionado com a visão da escola charter; — nenhum portão para o pátio, um grande abismo na parede, montes de lixo diante da porta da casa, janelas quebradas em abundância, o todo um quadro de preguiça, maldade e desolação!”[92]

“Meninos e meninas estavam completamente sujos”

Wesley percebeu que as crianças da escola não eram bem cuidadas. “No dia seguinte, vi cerca de quarenta meninos e meninas saindo da igreja. Como eu estava logo atrás deles, não pude deixar de observar 1) que não havia mestre nem amante, embora, ao que parece, ambos estivessem bem; 2) que meninos e meninas estavam completamente sujos; 3) que nenhum deles parecia ter ligas, com as meias penduradas nos calcanhares; 4) que nos saltos, mesmo de muitas das meias das meninas, havia buracos maiores que uma peça de coroa. Eu dei um relato claro dessas coisas aos curadores da Charter School em Dublin, se elas estão alteradas ou não, eu não posso dizer”.[93]

Crianças cheias da graça

“Fiquei um pouco surpreso”

Na quinta-feira, dia 4 de junho de 1772, às cinco horas, Wesley se despediu de umas abençoadas pessoas. “Fiquei um pouco surpreso, ao olhá-los atentamente, ao observar rostos tão belos como nunca vi antes em uma congregação; muitas das crianças em particular, doze ou quatorze das quais (principalmente meninos) sentaram-se cheias na minha opinião. Mas eu permito, muito mais pode ser devido à graça do que à natureza, ao céu interior, que brilhou para fora”.[94]

Melhor atendimento

Sua visão de organizador foi colocada em prática também quando William Morgan,[95] um irlandês e um dos participantes do Clube Santo, sugeriu que fossem visitados os presos e condenados na Prisão do Castelo. O jovem irlandês começou também a trazer crianças das famílias pobres de Oxford. Posteriormente, Wesley  percebeu que as crianças pobres precisavam de um melhor atendimento e uma organização permanente. No fim de junho de 1731, Wesley contratou a senhora Plat para tomar conta das crianças.[96]

Tocadas no coração

Wesley presenciou a chama do avivamento não somente entre os jovens e adultos, mas também entre as crianças por volta do ano de 1781.[97] Em Epworth, a industrialização havia instalado quatro fábricas de fiar e tecer. Diversas crianças foram empregadas. Algumas delas entraram por acaso em uma reunião de oração e foram tocados no coração.

“Alguns deles entrando por acaso em uma reunião de oração foram tocados no coração. Seus esforços entre os companheiros mudaram então as condições em três fábricas.”[98]

Crianças e a Escola Dominical

Wesley ficou entusiasmado também com a Escola Dominical, que atendia especialmente as crianças. Ele acreditava que era uma das formas de expandir o avivamento. Ele deu todo apoio ao jornalista Roberto Raikes, quando ele deu início ao atendimento aos meninos e meninas que andavam pela rua e incentivou aos metodistas que sempre ensinassem às crianças.[99]

Em 1787, ele escreveu a um de seus pregadores que havia organizado uma Escola Dominical e disse:

“Parece que essas escolas serão um meio poderoso de que Deus se valerá para propagar um avivamento religioso no país.” [100]

Criação de escolas para o povo

“Todos eram desesperadamente pobres financeiramente”

Quase não havia preparo escolar na Inglaterra.[101] Praticamente, só os ricos estudavam. Isto se fez, inclusive, sentir entre os próprios pregadores metodistas. Por isso Wesley se preocupou em criar escolas para os filhos dos pregadores metodistas, um grupo de sessenta e três pregadores.

“Havendo na América nessa época somente oitenta e três pregadores metodistas. Nenhum deles, com exceção do Dr. Thomas Coke, havia estado num colégio, ou mesmo no que seria chamado agora, uma escola secundária rudimentar. Todos eram desesperadamente pobres financeiramente.” [102]

Diante desta situação, quais foram as atitudes de Wesley?

Wesley criou escolas para os pobres e para os filhos dos pregadores metodistas. Entre essas escolas estão "A escola da Fundação de Londres", "A Casa dos Órfãos em Bristol" e a "Escola Kingswood"  que os metodistas abriram para os filhos dos mineiros de Kingswood.[103]                

Whitefield, além de ser avivalista e um grande pregador do metodismo, também se preocupava com o trabalho social. Foi ele quem fundou a Escola Kingswood e um orfanato na Geórgia. [104]

Em 4 de janeiro de 1758, Wesley registrou em seu Diário:

 “Cheguei a Kingswood, e fiquei contente por causa da escola, que é finalmente o que já eu há muito queria que fosse: uma benção a todos que residem nela, e a todos os metodistas.”[105]

Wesley observou que havia falhas no sistema educacional da Inglaterra, mostrando assim que tinha uma atitude crítica diante do mundo em que vivia. Eis um resumo das falhas que ele encontrou:

1) As escolas eram mal localizadas,

2) As crianças piores corrompiam as melhores,

3) A instrução religiosa era falha,

4) As disciplinas eram mal escolhidas,

5) Havia defeitos na pedagogia. [106]

Neste período, o jornalista Robert Raikes criou a Escola Dominical para educar às crianças pobres que andavam fazendo arruaça pelas ruas aos domingos.

Nessa escola, Raikes administrava Matemática, Geografia e Religião, entre outras coisas. Wesley prontamente apoiou tal ideia e a empregou nas sociedades metodistas.

Tudo indica, inclusive, que a Escola Dominical de Hannah Ball, membro da Sociedade Metodista em High Wycombe, foi iniciada quatorze anos antes da de Roberto Raikes.[107]

Hannah Ball, membro da Sociedade Metodista em High Wycombe, iniciou uma Escola Dominical em 1769.[108]

A primeira Escola Dominical foi criada em 1769 pela metodista Hannah Ball (1734-1792) em Wycombe. Ela escreveu a Wesley e disse: “Hannah Ball relatou o seu trabalho a John Wesley, em 1770: “As crianças se reúnem duas vezes por semana, aos domingos e segundas-feiras. É um grupo meio selvagem, mas parece receptivo à instrução. Trabalho entre eles com a ânsia de promover os interesses de Cristo”.[109] 

Assim vemos que Wesley  não foi também indiferente à situação educacional na Inglaterra. Seu compromisso social compreendia também as escolas. 

Quando encontrava problemas nas escolas, Wesley demonstrava preocupação. Em 1781, ele disse sobre a Escola de Kingswood:

 “Quanta preocupação esta escola me tem dado por estes trinta anos! Faço planos, mas quem é que vai executá-los! Eu não sei; o Senhor me ajudará!.”[110]

E quando Wesley observou o progresso na Escola de Kingswood, ele disse, em 1786:

“Achei tudo como eu queria: as regras estão sendo observadas e o comportamento das crianças demonstra que estão sendo governadas com sabedoria.”[111]

 

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Sua compaixão e luta contra a escravidão

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O comércio de escravos negros era algo considerado normal pelo povo inglês, que era, praticamente, indiferente a esta situação e os ricos prosperavam às custas do sofrimento do escravo.        

Wesley agiu energicamente contra tal procedimento de um governo cristão, que permitia a existência da escravidão na Inglaterra. Em 1774, Wesley escreveu um livro chamado “Pensamento Sobre a Escravidão”. Assim ele se expressa nesse livro: 

 “Metade da riqueza de Liverpool é derivada da execrável soma de todas as vilanias comumente denominadas comércio de escravos. Desejo por Deus que o comércio de escravos nunca mais seja estabelecido. Que nunca mais roubemos e vendamos nossos irmãos como animais, nunca mais os assassinemos aos milhares e dezenas de milhares.”[112] 

Argumentando contra a escravidão

A falta de misericórdia é tão nítida que não há necessidade de provar, disse Wesley.

“De fato, diz-se, ‘que estes Negros sendo prisioneiros de guerra, nossos capitães e fatores os compram, apenas para salvá-los de serem condenados à morte. E não é esta misericórdia?" Eu respondo: (1.) Sir John Hawkins, e muitos outros, se apoderaram de homens, mulheres e crianças, que estavam em paz em seus próprios campos ou casas, apenas para salvar eles da morte? (2.) Foi para salvá-los da morte, que eles bateram fora os cérebros daqueles que eles não poderiam trazer? (3.) Quem ocasionou e fomentou essas guerras, em que essas pobres criaturas foram feitas prisioneiras? Que os excitou pelo dinheiro, pela bebida, por todos os meios possíveis, para cair sobre um ao outro? Não foram eles mesmos?”[113] 

Seu livro 

No seu livro “Pensamentos sobre a Escravidão” publicado em 1774, Wesley contrastou a vida idílica dos negros no seu “habitat, natural da África com o seu cativeiro infeliz. Ele condenou a escravidão nos seguintes pontos: (1) Os meios cruéis de capturar os escravos; (2) os horrores da viagem pelo mar, durante a qual muitos morriam; (3) o tratamento cruel dos mesmos pelos donos. Refutou também o argumento que afirmava que um negro capturado na guerra, ou em que se vendia a si mesmo, ou um filho de escravos podia, legitimamente, ser escravizado, mostrando que a escravidão não era justificável por motivo algum”.[114]

Quando foi atacado por causa de sua firme posição contra a escravidão, Wesley não diminuiu seu ímpeto e nem mudou a sua mensagem. [115] 

“Em 1775, Wesley apontou a hipocrisia dos colonos que pediam a liberdade da tirania da Inglaterra enquanto mantinham a prática da escravidão: "um está gritando Assassinato!  Escravidão! o outro silenciosamente sangra e morre!”.[116] 

Influência de Wesley para acabar com a escravidão britânica

Wesley claramente influenciou também a líderes não metodistas, que lutaram contra o comércio de escravos e a escravidão na Grã-Bretanha: John Newton, Henry Venn, e William Wilberforce. 

Quem foi William Wilberforce (1759 -1833)?

Ele “foi um político britânico, filantropo e líder do movimento abolicionista do tráfico negreiro (...). Em 1785 converteu-se ao cristianismo, mudando completamente o seu estilo de vida e se preocupando ao longo de toda sua vida com a reforma evangélica”.[117]

Wilberforce teve forte ligação com o metodismo e foi influenciado por Wesley.

“O próprio Wilberforce não só sentia simpatia, mas fazia parte desse movimento. Em 1786 ele escreveu em seu diário: ‘Espere me ouvir agora universalmente dado para ser um metodista: que Deus o conceda pode ser dito com verdade." [118]

Nos três anos seguintes, Wilberforce visitou Wesley, agora com 86 anos. [119]

“Wilberforce foi um fator-chave na luta contra a escravidão e sua vida foi tocada indiretamente e diretamente por Wesley.  Wesley não só foi crucial para o movimento que convenceu Wilberforce a entrar na causa, mas o próprio Wesley interagiu com Wilberforce.”[120]

Escrevendo para Wilbeforce

“O reverendo John Wesley pregou seu último sermão na casa de Belson em Leatherhead na quarta-feira, 23 de fevereiro de 1791, e escreveu no dia seguinte sua última carta a William Wilberforce instando-o a continuar sua cruzada contra o comércio de escravos. Ele morreu em sua casa em City Road em 2 de março de 1791 com a idade de oitenta e oito anos”.[121]

Carta de Wesley:

 “Meu caro senhor: a  não ser que o poder divino o tenha levantado para ser um athanasius contra mundum, não posso ver como poderá o senhor terminar sua gloriosa empresa, opondo-se àquela execrável vilania, que é o escândalo da religião, da Inglaterra e da natureza humana. A não ser que Deus o tenha verdadeiramente levantado para esta obra, o senhor será consumido pela oposição dos homens e dos demônios, mas, se Deus for pelo senhor, quem lhe dará conta? São eles todos juntos mais fortes que Deus? Oh! Não se canse de fazer o bem. Continue, em nome de Deus, e com a força do seu poder, até que a escravidão americana, a mais vil que já houve sob o sol, se desvaneça diante desse poder. O servo qu e o estima, João Wesley.”[122] 

A consciência cristã não percebia, na época de Wesley, que a escravidão era um crime e era algo condenado por Deus, pois Ele quer restaurar a dignidade humana e o Evangelho é libertador, restaurador. [123]

A oposição à escravidão não foi uma atitude isolada de Wesley. A Conferência Anual de 1780 reconheceu que a escravidão é contrária às Leis de Deus.[124]

“Em 2 de Fevereiro de 1807, a Câmara dos Comuns votou a favor da abolição do comércio de escravos”.[125]

Segundo vários teólogos e historiadores, dentre eles, o bispo Sante Uberto Barbieri, a luta de Wesley contra a escravidão cooperou para o seu fim na Inglaterra:

 “A abolição da escravidão, na Inglaterra, foi o resultado do avivamento metodista e da filantropia que inspirou por causa da ênfase que João Wesley dava à doutrina da salvação universal e da igualdade de todos os homens perante Deus.”[126]

 

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[1] https://hannahadairbonner.com/tag/john-wesley/

[2]https://revistas.faculdadeadventista.edu.br/teologia/article/view/25

[3] REILY, Duncan Alexander. Fundamentos Doutrinários do Metodismo brasileiro, Ibidem, p.47.

[4] REILY, Duncan Alexander. Wesley e sua Bíblia. São Paulo: Editeo, 1997, p.39.

[5] HEITZENHATER, Richard P., Wesley e o Povo Chamado Metodista, Editeo-Pastoral Bennett, 1996.

p. 163.

[6] Ibidem, p.248.

[7] HEITZENHATER, Richard P., Ibidem, p. 230.

[8] https://www.meudicionario.org/ fenômeno

[9] https://quod.lib.umich.edu/e/evans/N22587.0001.001/1:18?rgn=div1;view=fulltext

[10] https://quod.lib.umich.edu/e/evans/N22587.0001.001/1:18?rgn=div1;view=fulltext

[11] http://media.sabda.org/alkitab-11/V6F-Z/WES_WW04.PDF

[12] The Journal of John Wesley By John Wesley Chapter. https://www.ccel.org/w/wesley/journal/cache/journal.pdf

[13] A Revista de John Wesley. Editado por Percy Livingstone Parker, Chicago, Moody Press, 1951.

[14] A Revista de John Wesley. Editado por Percy Livingstone Parker, Chicago, Moody Press, 1951.

[15]https://academic.oup.com/book/27734/chapter-abstract/197911662?redirectedFrom=fulltext

[21] https://www.alcoholproblemsandsolutions.org/liquor-in-the-18th-century-history-distilled-spirits-timeline/

[22] https://www.vice.com/en/article/53jj7z/how-a-gin-craze-nearly-destroyed-18th-century-london

[23] Idem.

[24]https://www.alcoholproblemsandsolutions.org/liquor-in-the-18th-century-history-distilled-spirits-timeline/

[25] https://www.alcoholproblemsandsolutions.org/liquor-in-the-18th-century-history-distilled-spirits-timeline/Grimes, W. Straight Up or On the Rocks: A Cultural History of American Drink. NY: Simon & Schuster, 1993, pp. 52-53.

[26] https://biblemesh.com/blog/drunks-derelicts-and-the-unquietable-conscience-of-john-wesley/

[27] https://www.scielo.br/j/hcsm/a/pkFbnhc7GfQT7tXhjHVtY4P/

[28] https://goodnewsmag.org/2017/05/23/a-cup-of-joe-john-wesley/

[29] https://goodnewsmag.org/2017/05/23/a-cup-of-joe-john-wesley/

[30] https://www.christiancentury.org/article/2011-03/methodists-shun-bottle-no-one-wants-talk-about

[31] https://www.scielo.br/j/hcsm/a/pkFbnhc7GfQT7tXhjHVtY4P/

[32] https://www.scielo.br/j/hcsm/a/pkFbnhc7GfQT7tXhjHVtY4P/

[33] https://nodrinking.com/john-wesley-word-to-a-drunkard/

[34] Idem.

[35] https://www.morepartisanshipplease.org/a_Religious_Issue/John-Wesley_on_social-holiness.htm

[36]  https://nodrinking.com/john-wesley-word-to-a-drunkard/

[38] https://nodrinking.com/john-wesley-word-to-a-drunkard/

[39] Idem.

  [40] https://www.theguardian.com/world/2008/jan/10/religion.uk

[41] A Revista de John Wesley, com uma introdução por Hugh Price Hughes, m.a., editado por Percy Livingstone Parker, chicagomoody press, 1951.

[42] A Revista de John Wesley, com uma introdução por Hugh Price Hughes, m.a., editado por Percy Livingstone Parker, chicagomoody press, 1951.

[43] Idem.

[44] https://www.visionofbritain.org.uk/travellers/J_Wesley/4

[45] https://www.visionofbritain.org.uk/travellers/J_Wesley/4

[46] Idem.

[47] A Revista de John Wesley, com uma introdução por Hugh Price Hughes, m.a., editado por Percy Livingstone Parker, chicagomoody press, 1951.

[48] https://hekint.org/2017/01/30/john-wesley-amateur-physician-and-health-crusader/

[49] Idem.

[51] https://core.ac.uk/download/pdf/37749078.pdf

[52] https://hekint.org/2017/01/30/john-wesley-amateur-physician-and-health-crusader/

[53] https://sites.duke.edu/theconnection/2014/10/13/health-tips-from-john-wesley/

[54] Idem.

[55] https://www.ministrymatters.com/all/entry/1349/john-wesley-on-health

[56] Idem.

[57] Idem.

[58] https://news.mhm.org/lifestyle-changes-and-population-health-the-words-of-john-wesley/

[59] https://news.mhm.org/lifestyle-changes-and-population-health-the-words-of-john-wesley/

[60] https://sites.duke.edu/theconnection/2014/10/13/health-tips-from-john-wesley/

[61] https://news.mhm.org/lifestyle-changes-and-population-health-the-words-of-john-wesley/

[62] https://www.ministrymatters.com/all/entry/1349/john-wesley-on-health

[63] https://www.resourceumc.org/en/content/wesley-and-physical-health-practicing-what-he-preached

[64] Idem.

[65] https://news.mhm.org/lifestyle-changes-and-population-health-the-words-of-john-wesley/

[66] https://place.asburyseminary.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=2480&context=asburyjournal

[67] https://hekint.org/2017/01/30/john-wesley-amateur-physician-and-health-crusader/

[68] https://www.asa3.org/ASA/PSCF/1995/PSCF12-95Malony.html

[69] Idem.

[70] Idem.

[71] HEITZENHATER, Richard P., Wesley e o Povo Chamado Metodista, Editeo-Pastoral Bennett, 1996. p.40.

[73] Um extrato do diário do rev. sr. John Wesley, de 12 de agosto de 1738 a 1º de novembro de 1739.https://quod.lib.umich.edu/e/evans/N22587.0001.001/1:18?rgn=div1;view=fulltext

[74] Idem.

[76] Idem.

[77] Um extrato do diário do rev. sr. John Wesley, de 12 de agosto de 1738 a 1º de novembro de 1739. https://quod.lib.umich.edu/e/evans/N22587.0001.001/1:18?rgn=div1;view=fulltext

[78] http://ukwells.org/wells/john-wesley-visiting-bocardo-prison

[79] https://quod.lib.umich.edu/e/evans/N22587.0001.001/1:18?rgn=div1;view=fulltext

[80] https://www.visionofbritain.org.uk/travellers/J_Wesley/19

[81] Idem.

[82]https://www.todamateria.com.br/guerra-dos-sete-anos/

[83] https://ccght.org/about-the-area/history-of-the-area/modern-history/

[84] WESLEY, João. Trechos do Diário de João Wesley. São Paulo: Imprensa Metodista, 1965, p.108-9.

[85] WESLEY, João. Trechos do Diário de João Wesley. Ibidem, p.108-9.

[86]https://www.visionofbritain.org.uk/travellers/J_Wesley/11

[87] WESLEY, João. Trechos do Diário de João Wesley. São Paulo: Imprensa Metodista, 1965, p.108-9.

[89] https://www.visionofbritain.org.uk/travellers/J_Wesley/16

[90] Idem.

[92] Idem.

[93] https://www.visionofbritain.org.uk//travellers/J_Wesley/16

[94] Idem.

[95] William Morgan influenciou os líderes do Clube Santo para o exercício da solidariedade aos presos, crianças, idosos e pobres. No Anexo, abordaremos sobre sua vida.

[96] HEITZENHATER, Richard P., Ibidem, p. 40-1.

[97] HEITZENHATER, Richard P., Ibidem,  p. 277.

[98] Ibidem.

[99] WALKER, Welliston. História da Igreja Cristã. 2 v. São Paulo: Imprensa metodista, ASTE, 1967, 224.

[100] Ibidem, p.299.

[101] “Em 1715 havia em todo o Reino Unido somente 1.193 escolas primárias, freqüentadas por 26.920 alunos” (LILIÈVRE, Mateo, Ibidem, p.14).

[102] LUCCOCK, Halford E. Linha de Esplendor Sem Fim. JGEC, Imprensa Metodista, [s.d.]., p. 65. Thomás Coke nasceu em 1747, no País de Gales, e recebeu diploma de doutor em leis. Em 1784, foi nomeado por Wesley como Superintendente do Metodismo na América. Título, posteriormente, mudado para Bispo.Idem, p.107-1.

[103] ROY, James Richard, ibidem, p. 80.

[104] HEITZENHATER, Richard P., Ibidem, p. 121.

[105] WESLEY, João.Trechos do Diário de João Wesley. Ibidem, p.64-5.

[106] REILY, Duncan Alexander, Ibidem, p. 9.

[107] LUCCOCK, Halford E. Linha de Esplendor Sem Fim. JGEC, Imprensa Metodista, [s.d.] p. 86.

[108] LUCCOCK, Halford, Ibidem, p. 86.

[109]https://www.mywesleyanmethodists.org.uk/content/people-2/lay_people/hannah-ball-friend-john-wesley-founder-first-sunday-school

[110] WESLEY, João. Trechos do Diário de João Wesley. Ibidem, p.66.

[111] Ibidem, p. 66.

[112] LUCCOCK, Halford E. Linha de Esplendor Sem Fim. JGEC, Imprensa Metodista, [s.d.], p. 31.

[113] https://msa.maryland.gov/megafile/msa/speccol/sc5300/sc5339/000091/000000/000001/restricted/2002_09_10/wesley/thoughtsuponslavery.html

[114] A Influência do Metodismo na Reforma Social da Inglaterra no Século XVIII1 Duncan Reily

https://www.metodista.org.br/content/interfaces/cms/userfiles/files/Influencia_Social_Metodismo_Seculo18.pdf 

[115] Idem.

[116] http://www.digitalcommons.georgefox.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=1116&context=ccs

[117] https://www.fronteiralivre.com.br/noticia/biografia-william-wilberforce

[118] http://www.digitalcommons.georgefox.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=1116&context=ccs

[119] Idem.

[120] Idem.

[121] The Impacts of Revd John Wesley’s Life and Ministry on England and Beyond: A Reflection Uchenna Ebony Amanambu. International Journal of Religion & Human Relations, Volume 12 No. 1, 2020

[122] LUCCOCK, Halford E. Linha de Esplendor Sem Fim. JGEC, Imprensa Metodista, [s.d.], p. 31.p. 30.

[123] LELIÈVRE, Mateo. João Wesley - Sua vida e obra. São Paulo: Editora Vida, 1997, p. 283.

[124] BONINO et al. Luta pela Vida e Evangelização. Editora Unimep - Edições Paulinas, 1985, p. 50.

[125]https://faithroot.com/2021/08/19/john-wesley-and-the-slave-trade-1-introduction/

[126] BARBIERI, Sante Uberto. Aspectos do metodismo histórico. Editora Unimep, 1983, p.15.

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