A saga e o legado, 

missionários wesleyanos no Japão

 

 

Odilon Massolar Chaves

 

 

 

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Toda gloria a Deus!

Odilon Massolar Chaves é pastor metodista aposentado, doutor em Teologia e História pela Universidade Metodista de São Paulo.

Sua tese tratou sobre o avivamento metodista na Inglaterra no século XVIII e a sua contribuição como paradigma para nossos dias.

Foi editor do jornal oficial metodista e coordenador de Curso de Teologia.

Rio de Janeiro - Brasil

 

 

“A Igreja Metodista do Japão (Nippon Methodist Kyokwai) é uma das denominações mais progressistas e influentes do Japão. Tem sido a grande e boa sorte dessa igreja estar sob uma liderança forte e influente, tanto nativa quanto estrangeira.

 

Entre os bispos e outros altos funcionários daquela igreja no Japão havia e há homens de suprema devoção, bom senso e alto intelecto, que têm sido os espíritos-guia, não apenas daquela igreja, mas de todas as forças cristãs no Japão”.[1]

 

(1920)

 


 

Índice

 

·      Introdução

·      O início do metodismo

·      As maçãs de John Ing

·     O ministério de Robert S. Maclay

·      O ministério de Teikichi Sunamoto

·      O ministério de James William Lambuth

·      A influência do metodismo em 1920

·      Ministério de Walter Russell Lambuth

·      Perseguição às Igrejas

·      Prisioneiros dos japoneses na 2ª Guerra Mundial

·      O metodismo hoje no Japão

·      Igreja do Nazareno no Japão

·      Igreja Metodista Livre no Japão

 

 

 

Introdução

 

“A saga e o legado, missionários wesleyanos no Japão” é um livro que revela a grande dedicação e lutas dos missionários e missionárias no Japão. 

História que nos traz grandes lições. Uma história marcada por perseguições e grandes lutas dos missionários.

Uma história de fé, abnegação e amor ao Reino de Deus e ao metodismo.

Uma história contada, especialmente, a partir da vida e ministério de diversos missionários e missionárias.

Incluímos na história do metodismo no Japão as Igreja Metodista Livre e Igreja do Nazareno, Igrejas com raiz e teologia wesleyana.

No início, o metodismo era muito influente e admirado no Japão, mas hoje como denominação, a Igreja Metodista Unida e a Igreja Metodista associada à Inglaterra, não está mais em solo japonês, mas o legado dos missionários e missionárias, sim.

O Autor

 

O início do metodismo

 

Chegada do metodismo

Os missionários presbiterianos e reformados chegaram no Japão em 1858. “A primeira igreja protestante, a Nihon Kirisuto Kyokai (Presbiteriana-Reformada), foi estabelecida em Yokohama em 1872”.[2]

Foi em 1873, após a proibição ao cristianismo  no período feudal ter sido suspensa pelo governo, os primeiros missionários residentes, Rev. e Sra. Robert S. Maclay, chegaram da Igreja Metodista Episcopal.

“Bases missionárias foram instaladas em Tóquio, Nagasaki e Yokohama, e Maclay foi fundamental na fundação do que hoje é a Universidade Aoyama Gakuin”.[3]

Missão da Igreja Metodista Episcopal Sul

O início da Missão no Japão pela Igreja Metodista Episcopal Sul, “data de 6 de maio de 1885, quando, no primeiro dia da Trigésima Nona Reunião Anual da Junta de Missões, a seguinte resolução foi oferecida pelo Bispo Keener, adotada pela Junta e divulgada nas Atas: "Resolvido, Que estabeleçamos uma missão no Japão,  e que nos apropriamos para isso [e] da quantia de $ 3.000.   Em setembro do mesmo ano, o Rev. J. W. Lambuth, DD, a pedido de casa, fez uma longa viagem de inspeção tanto na costa quanto no interior remoto. Em outubro, ele voltou para a China muito satisfeito e fez um relatório muito favorável ao Conselho”. [4]

Quase um ano depois, “uma carta do bispo McTyeire, encarregado da Missão China, datada de Nashville, 20 de abril de 1886, e recebida em Xangai em 20 de maio, nomeou J. W. Lambuth, W. R. Lambuth e O. A. Dukes para o Japão. Outras cartas do secretário e do tesoureiro vieram em confirmação e indicaram definitivamente 1º de julho como a data a partir da qual os missionários da China acima seriam considerados membros da Missão Japão”. [5] 

No dia 25 de julho de 1886, o Dr. Dukes, o Dr. J. W. e a Sra. Lambuth desembarcaram em Kobe, Japão.

“A primeira Conferência da Igreja da Igreja Metodista de Kobe reuniu-se em 3 de dezembro de 1886, na casa de J. W. Lambuth” [6] com a presença de seis membros europeus, um chinês e um japonês.


As maçãs de John Ing


John Ing (1840–1920) foi missionário metodista na China e Japão. John e sua esposa Lucy, que estava doente, foram para Hirosaki dar aulas em Tsugaru Clan School, To-O-Gijuku.

Eles começaram classes da Escola Dominical e, em 1875, uma Igreja foi organizada, que chegou a dois mil membros.

Em meados de 1870, John Ing introduziu no Japão maçãs usando técnicas de cultivo ocidental, que eram maiores e doces. As maçãs no Japão eram pequenas, amargas e pouco comidas.

Hoje a região de Aomori, onde John plantou as sementes, é a maior região produtora de maçãs no Japão.  John Ing é conhecido como o "Johnny Appleseed* do Japão" por sua contribuição para a indústria de maçã. Ele também ensinou aos camponeses a cultivar couves, tomates, etc. John é lembrado como o homem que trouxe a salvação econômica e espiritual para o norte do Japão.[7]

“Em 1884, o Comitê de Missões da Conferência Geral da Igreja Metodista Episcopal organizou o trabalho no Japão em uma conferência anual. A conferência tinha 32 membros do clero - 13 missionários e 19 ministros japoneses - juntamente com 1.148 membros da igreja, 241 membros probacionistas e 1.203 pessoas matriculadas em escolas dominicais.

 

Em 1895, a Associação do Japão tinha nove distritos, 68 clérigos - 18 missionários americanos e 51 clérigos japoneses. Havia 3.371 membros e 668 estagiários”. [8]

 

O ministério de Robert S. Maclay


Foi em 1873, após cessar a proibição ao cristianismo no país, que Robert S. Maclay (1824-1907), após anos como missionário na China chegou como missionário no Japão. Ele foi nomeado “superintendente da recém-fundada missão no Japão. Maclay chegou a Yokohama em 12 de junho de 1873 e imediatamente começou a aprender a língua japonesa e buscar convertidos. Tornou-se parte integrante da missão wesleyana no Japão, ajudando a fundar e servir como primeiro presidente do Anglo-Japanese College (agora Aoyama Gakuin) em Tóquio”.[9]

Tóquio, Nagasaki e Yokohama foram locais escolhidos para serem base da Missão. Robert S. Maclay foi fundamental na fundação do que é hoje a Universidade Aoyama Gakuin.

 Ele é considerado o primeiro presidente da Universidade Aoyama Gakuin.

E a Igreja logo cresceu. “Em 1884, o Comitê Geral de Missões da Igreja Episcopal Metodista organizou o trabalho no Japão em uma conferência anual. A conferência contou com 32 membros do clero - 13 missionários e 19 ministros japoneses - juntamente com 1.148 membros da igreja, 241 membros do supervisor e 1.203 pessoas matriculadas em escolas dominicais”.[10]

Em dez anos, o crescimento foi grande. “Em 1895, a Conferência do Japão tinha nove distritos, 68 clérigos-18 missionários americanos e 51 clérigos japoneses. Havia 3.371 membros e 668 supervisores. A Sociedade Missionária Estrangeira teve 23 missionários estacionados no Japão – 19 trabalhando em escolas e o resto com mulheres da Bíblia em missões evangélicas”.[11]

O ministério de Teikichi Sunamoto


O Rev. Teikichi Sunamoto teve uma participação efetiva no desenvolvimento do metodismo no Japão. Nascido em Hiroshima, Japão, foi para os Estados Unidos como marinheiro e se converteu na Igreja Metodista.[12]

Em 1886, voltou ao Japão com o propósito de evangelizar sua mãe. O missionário metodista Dr. Lambuth foi a Hiroshima e realizou reuniões silenciosas em seu hotel. Em fevereiro de 1887, a mãe do Sr. Sunamoto e outras onze pessoas foram batizadas.

“A primeira capela, localizada em Daiku Machi, também foi usada para uma escola para meninas com quarenta alunos matriculados em 1887 e dirigida pelo Sr. Sunamoto. A Srta. N. B. Gaines se tornou a diretora desta escola e, sob sua liderança, a atual Escola de Meninas de Hiroshima foi desenvolvida. O Sr. Sunamoto foi casado com a Srta. Watanabe em 8 de agosto de 1887”. [13]

Sunamoto viajou constantemente com os Drs. JW e WR Lambuth e o Dr. OA Dukes, ajudando na abertura do trabalho metodista em diversos lugares, dentre eles,  Tadotsu, Iwakuni, Yanai, Hirao, Shobara, Uwajima, Yawatahama, Oita, Matsuyama e Himeji.

“Depois, ele esteve no exterior novamente até 1894, engajado no trabalho cristão no Havaí e em São Francisco. Retornando ao Japão, ele se tornou pastor da Igreja Metodista Kojiya Machi em Nagasaki sob a Missão Episcopal Metodista”. [14] Ele se aposentou em 1927.

O ministério de James William Lambuth


James William Lambuth (1830-1892) foi missionário na China e Japão.

Ele nasceu em Greene County, Alabama, Estados Unidos. Era filho do pastor metodista John Russell Lambuth e Nancy Lambuth. 

Lambuth e sua esposa Mary se ofereceram para serem missionários na China e embarcaram para Xangai onde ficaram inicialmente entre 1854-1861.Voltaram para Mississippi por causa da Guerra Civil, 1861-1864. Retornaram ao trabalho missionário na China, 1864-1876. James Lambuth fundou a Missão Metodista Sul no Japão.

Serviram durante 40 anos como missionários na China e no Japão. Rev. Lambuth organizou a Igreja Hiroshima Nagarekawa, em Hiroshima, em 1887. Mais tarde, ele criou três escolas cristãs japonesas, uma em Hiroshima.

Dentre seus filhos, Walter e Robert Lambuth se tornaram pastores metodistas. Walter Lambuth foi pastor, médico e missionário em diversos países. James foi enterrado no Japão e Mary na China. James Lambuth disse ao morrer: "Eu morro no meu posto. Enviar mais homens”.[15]

A influência do metodismo em 1920

 

"A Igreja Metodista do Japão (Nippon Methodist Kyokwai) é uma das denominações mais progressistas e influentes do Japão. Tem sido a grande e boa sorte dessa igreja estar sob uma liderança forte e influente, tanto nativa quanto estrangeira.

 

Entre os bispos e outros altos funcionários daquela igreja no Japão havia e há homens de suprema devoção, bom senso e alto intelecto, que têm sido os espíritos-guia, não apenas daquela igreja, mas de todas as forças cristãs no Japão.

 

… O grande sucesso do Movimento Centenário das Igrejas Episcopais Metodistas dos Estados Unidos, que com a Igreja Metodista do Canadá se uniu no Japão para formar a Igreja Metodista do Japão, teve muito a ver com essa decisão”.

Japan Review, novembro de 1920.[16]

 

O ministério de Walter Russell Lambuth

 

Walter Russell Lambuth (1854-1921), filho dos missionários metodistas James William Lambuth e Mary Isabella McClellan, nasceu em Shanghai, China. Foi enviado à casa de parentes nos EUA para estudar. Formou-se na Emory e Henry College em 1875. Estudou Medicina na Universidade de Vanderbilt.

Em 1877, foi ordenado presbítero e enviado à China, onde se casou com Margarida Kelley. Retornou aos EUA em 1881 e recebeu um segundo grau de doutor em Medicina. Retornou à China em 1882 e organizou o serviço médico e hospitalar em Soochow e Pequim.

Em 1889, no Japão, estabeleceu a atual Universidade Kwansei Gakuin e a Escola das Meninas de Hiroshima.

Em 1891, foi nomeado editor da Revisão Metodista de Missões, nos EUA. Foi secretário do Conselho de Missões (1892-1910), participou da Conferência Missionária Ecumênica de 1900 e da Conferência Missionária Mundial de Edimburgo de 1910.

Liderou as missões em Cuba e na Coreia. Em 1910, foi eleito bispo da Igreja no Brasil e na África. Em 1911, ele e John Wesley Gilbert viajaram 2.600 milhas de barco e ferrovia e 1.500 km a pé nas selvas até a aldeia de Wembo Nyama, no Congo Belga, onde organizaram uma missão. Fizeram uma viagem juntos como irmãos. Na 1a Guerra Mundial, estabeleceu o metodismo na Bélgica, Polônia e Tchecoslováquia. Em 1921, estabeleceu uma missão na Sibéria. Morreu no Japão, como seu pai. Suas cinzas foram enterradas ao lado de sua mãe, em Xangai.[17]

 

Perseguição às Igrejas

 

Experiência com o Espírito Santo no Japão  

No final do século XIX, no Japão, a Igreja Metodista experimentou um maravilhoso derramar do Espírito na cidade de Oita, em 1890. Num momento de perseguição japonesa, houve a busca incessante do Espírito Santo por Walter Lambuth, Superintendente da Missão, o pregador local Wainright, que relatou o fato.

O Jornal metodista Expositor Cristão publicou o fato em 1935.

Havia uma declarada perseguição aos cristãos no Japão. Nesse contexto, os metodistas de Oita estavam reunidos em oração.

Quando Lambuth estava orando algo estranho aconteceu: “Enquanto orava deliberadamente, de repente a sua voz começou a enfraquecer gradualmente até que não se pode mais ouvir. Entendemos pela sua linguagem que sentia a presença de Deus de maneira excepcional (...). O que o perturbou e o amedrontou foi a percepção de que Deus lhe estava perto e misteriosamente visível (...). Foi neste ponto, em que principiou a recuperar as  forças, que uma onda espiritual passou pela sala (...). Deus tinha derramado o seu  Espírito sobre nós como fez sobre os apóstolos, no princípio.”[18]

Vamos ao relato mais completo e detalhado:

 “Houve um avivamento religioso, todo especial, na cidade de Oita, em maio de 1890. O trabalho evangélico estava sendo perseguido fortemente, e corria o mesmo perigo que a Igreja Católica Romana correu anos atrás, quando foi exterminada.

 A perseguição humilhou os crentes e os obreiros. Entregaram-se à oração, buscando o poder lá do alto sobre eles e sua obra. Deus foi propício e derramou o seu Espírito Santo, abundantemente, sobre os seus serviços; mas não foi a primeira vez.

Antes mesmo da chegada do Dr. Lambuth e dois dos seus colegas de trabalho, os Drs. Yoshioko e H. Nakamura, já o Espírito Santo se havia manifestado no meio da Igreja na cidade de Oita.

O Dr. Wainright era o pregador no cargo e sentia a força da perseguição, e o Dr. Walter Lambuth, como superintendente da Missão, sentia uma grande responsabilidade em dirigir o trabalho. Nessas condições, ambos se entregaram à oração constantemente.

Vamos deixar o Dr. Wainright contar o que se deu numa reunião de oração: “Não estamos bem certos se teria sido o último dia do ano ou dois ou três dias mais cedo. Na véspera de um culto que tinha sido anunciado à noite para a congregação, quatro de nós ajoelharam em oração no meu quarto, às 4 horas da tarde, a saber: W. R. Lambuth, Y. Yoshioka, H. Nakamura e eu. [19]

Depois de passarem algum tempo ajoelhados e enquanto o Dr. Lambuth estava orando, uma coisa estranha se deu. Enquanto orava deliberadamente, de repente a sua voz começou a enfraquecer gradualmente até que não se pode mais ouvir. Entendemos pela sua linguagem que sentia a presença de Deus de maneira excepcional. Ele rogava a Deus que fosse livre da opressão que as suas forças não mais podiam aguentar. [20]

O que o perturbou e o amedrontou foi a percepção de que Deus lhe estava perto e misteriosamente visível. A falta de suas forças, que nos poderia ter alarmado, não nos causou qualquer perturbação e ao mesmo tempo parecia que a sua vida estava desaparecendo.

Quando a sua voz ficou fraca até ao ponto de desaparecer, ele começou a invocar o nome de Jesus, pedindo-lhe que ficasse entre ele e a presença real de Deus. Este apelo foi atendido, pois logo em seguida começou a voltar a si tendo uma visão clara da aproximação de Cristo.

Foi nesse ponto que principiou a recuperar as forças e que uma onda espiritual passou pela sala. Os fardos que tinham pesado sobre nós por meses desapareceram. Os nossos espíritos ficaram libertos e a nossa alegria era tanta que não sabíamos se estávamos no corpo ou fora do corpo.[21]

O tempo ia passando e antes de levantar os nossos joelhos a empregada veio nos chamar para jantar. Se não me engano ninguém atendeu a chamada para o jantar. Essa nossa experiência foi tão viva e tão cheia de gozo que não nos lembrávamos de qualquer outra coisa. Todos os cenáculos não se acham somente em Jerusalém, mas lá naquele lugar distante, Deus tinha derramado o seu Espírito sobre nós como fez sobre os apóstolos, no princípio.

A reunião que logo em seguida se realizou no salão de cultos foi caracterizada pela manifestação do poder do Espírito Santo sobre o povo. Muitas pessoas se converteram nessa ocasião. Desse dia em diante a causa de Cristo prosperou na cidade de Oita. Foi uma grande vitória para a causa do Mestre."[22]

Walter Lambuth retornou à América, em 1904, na função de todo o trabalho missionário como Secretário da Sociedade Missionária. 

Perseguição na década de 30

O governo japonês procurou controlar as Igrejas. “Em 1939, a infame Lei das Organizações Religiosas foi promulgada para colocar todos os aspectos das religiões sob rigoroso controle governamental. Em 1940, 34 igrejas protestantes foram obrigadas a formar uma "Igreja de Cristo no Japão". Membros das igrejas que se opunham a essa fusão foram perseguidos e presos”.[23]

Diversos metodistas foram mortos na prisão durante o domínio do Japão (1910-1945): o reverendo Lee Yeong-Han e os pregadores Kwon-Ho Won e Choi In-Gyu. O reverendo Kang Jong-Geun negou adorar os deuses japoneses e foi torturado até a morte em 3 de junho de 1943. No total, 50 protestantes foram mortos e 2 mil sofreram na prisão porque se recusaram a adorar o santuário dos japoneses (1910-1945).

“Com a promulgação da lei das organizações religiosas, todas as igrejas protestantes tinham que se unir. A unidade foi alcançada na Igreja Fujimicho em 1941. No final da Segunda Guerra Mundial, as leis religiosas foram abolidas, e as igrejas Episcopal, Luterana e partes das igrejas Batista e Santidade, com o Exército da Salvação, se retiraram da Igreja Unida”. [24]

A Igreja Unida de Cristo no Japão é a maior denominação protestante do Japão.

 “É uma união de trinta e três denominações protestantes diversas fundidas à força pelo governo japonês em tempo de guerra em 24 de junho de 1941. A UCCJ, que é uma Igreja Independente japonesa, é membro do Conselho Mundial de Igrejas (CCM). Atualmente, a igreja tem cerca de 200.000 membros e 1.725 congregações atendidas por 2.189 pastores.”[25]

 

Prisioneiros dos japoneses na 2ª Guerra Mundial

 

 

Bispo prisioneiro dos japoneses 

 

Hobart Baumann Amstutz (1896-1980) nasceu em Henrietta, Ohio, EUA. Graduou-se em 1915 na escola secundária Oberlin. Foi convocado para o exército na 1a Guerra Mundial.

 

Em 1921, após a guerra, ele se formou na University Northwestern. Em 1923, obteve o bacharelado em Divindade no Seminário Teológico Garrett-Evangelical. Depois, obteve o mestrado em Teologia e, em 1923, se casou com Celeste Bloxsome, que conheceu na University Northwestern. A partir de 1926, o reverendo Amstutz serviu como missionário no Sudeste da Ásia, na Igreja Metodista Wesley, em Cingapura por muitos anos.

 

Em 1942, foi preso pelos japoneses, passando três anos e meio em um campo de prisioneiros. Durante esse período, foi afetado pelo beribéri e perdeu 68 quilos. Antes de os japoneses tomarem Cingapura, enviou para casa a esposa e seus dois filhos.

 

De 1956 a 1964, atuou como bispo metodista no Sudeste da Ásia (Cingapura, Malásia, Indonésia e Burma) e também como presidente fundador do Trinity College, em Cingapura. Foi diretor da Escola Teológica Metodista de Cingapura, editor da revista Sudeste Asiático Metodista, superintendente de missões, tesoureiro e pastor na Igreja Metodista em Cingapura, na língua inglesa.

 

O bispo Amstutz falava fluentemente malaio e alemão. Pouco tempo após a aposentadoria, foi chamado para ser bispo metodista do Paquistão (1964-1968), criando a Igreja Metodista do Paquistão. Viajou milhares de milhas pelo mundo. Ele e sua esposa tiveram três filhos: Bruce, que serviu como diplomata norte-americano no Afeganistão, Beverly e Clarence.[26]

 

O herói que atacou e depois evangelizou o Japão

Jacob Daniel DeShazer (1912-2008) nasceu no Oregon, EUA, e se formou na High School de Madras em Madras, Oregon, em 1931. Entrou para o Exército dos EUA em 1940, tornando-se sargento. Após o ataque japonês a Pearl Harbor em 1941, decidiu se vingar e participar da unidade especial “Os Caçadores da Doolittle” para atacar o Japão.

Após o ataque, Jacob foi capturado e ficou preso durante 40 meses, quando foi muito espancado. Três amigos foram executados e outro morreu de inanição lenta.

Após o fim da guerra, foi resgatado. Ele se converteu, em 1944, lendo a Bíblia na prisão, que o ajudou a sobreviver. Ouviu o chamado de Deus para voltar e evangelizar o Japão. Nos EUA, ele se tornou pastor da Metodista Livre.

Em 1948, voltou ao Japão com a esposa, Florence. Conheceu Mitsuo Fuchida (1902-1976), que liderou o ataque a Pearl Harbor, e ambos se tornaram amigos íntimos.

De origem budista, Fuchida se converteu em 1950, após ler um texto escrito por DeShazer intitulado “Eu era um prisioneiro do Japão”. Decidiu ler a Bíblia. Leu Lucas 23 sobre o perdão de Jesus na cruz e se converteu. Colegas o acusaram de ser um oportunista e traidor. Recusou oferta do governo japonês para reorganizar a Força Aérea. Ele se tornou um evangelista. Fuchida e Jacob logo pregaram juntos no Japão. Fuchida se tornou missionário na Ásia e nos EUA. Escreveu três livros, entre eles De Pearl Harbor ao calvário. Em 1959, Jacob se mudou para Nagoya, onde estabeleceu uma igreja na cidade que havia bombardeado. Ele ajudou a iniciar 23 congregações metodistas. Em 2008, Jacob ganhou a Medalha Presidencial da Liberdade e a Medalha de Ouro do Congresso Americano como herói de guerra e por seu serviço heroico para o povo do Japão, onde ele é visto como um herói da paz e da reconciliação. O filme Pearl Harbor retrata sua história.[27]

O metodismo hoje no Japão


Não há nenhuma Igreja Metodista Unida ou do metodismo da Inglaterra no Japão, mas há a presença da Rev. Claudia Genung-Yamamoto que  é “missionária da Junta Geral de Ministérios Globais da Igreja Metodista Unida (GBGM) e atua como pastora principal da Kobe Union Church em Kobe, Japão”! [28]

A Rev. Claudia se “tornou uma associada missionária da GBGM em 1980-82 e trabalhou no Bott Memorial Children's Home em Machida, Tóquio, Japão.

Mais tarde, ela e seu marido, Toshi, retornaram como missionários em 1993 para trabalhar no Conselho Nacional Cristão do Japão em Tóquio (NCC-J) principalmente com paz, justiça, direitos humanos e outras questões sociais relacionadas ao cristianismo.

Em seguida, eles foram para Kobe, Japão, e ela trabalhou com o Kagawa Center Kobe Jesus Band Church e o Tengokuya (Heaven's) Café por quase oito anos, trabalhando com alcance comunitário e desenvolvimento de igrejas. Em 2019, ela foi chamada para ser pastora na Kobe Union Church, onde estaria envolvida principalmente com o alcance da comunidade e o desenvolvimento da igreja.

A Igreja da União de Kobe é uma congregação diversificada repleta de japoneses, filipinos, africanos (de Gana, Tanzânia, Congo, Guiné), malaios, chineses, coreanos, japoneses, jamaicanos, europeus e alguns americanos”.[29]

 

Igreja do Nazareno no Japão

 

A Igreja do Nazareno no Japão teve início em 1905.

“Os primeiros missionários foram a senhorita Lillian Poole e Miss Lulu Williams, que já estavam no Japão, foram enviadas em 1905 sob os auspícios da Igreja de Santidade de Cristo para trabalhar em Tóquio sob o Oriental Sociedade Missionária (mais tarde a Igreja de Santidade do Japão)”.[30]

“Em 1907, essas duas senhoras foram transferidas para Kyoto, 250 milhas a oeste, onde começou a trabalhar entre as crianças e deu aulas de inglês. Em 1908, quando a Santidade Igreja de Cristo no sul dos Estados Unidos tornou-se parte da Igreja do Nazareno em Pilot Point, TX, esses dois missionários no Japão foram convidados a abrir um trabalho para os jovens denominação naquele país”. [31]

Em 1910 chegaram reforço missionário: “J. A. Chenault (que, logo após a chegada, casou-se com a Srta. Upperman) e o Rev. e Sra. J. W. Thompson. A vinda desses reforços possibilitou que a Srta. Miss Williams retornará aos Estados Unidos para uma missão doméstica muito necessária. Sra. O conhecimento de Chenault sobre a língua e os costumes do povo fizeram dela uma líder valiosa do trabalho que agora floresce”. [32]

Sra. IB Staples e a Srta. Cora Snider de Los Angeles decidiram ajudar e se ofereceu a permanecer no Japão por dois anos para manter o trabalho em andamento.

O Rev. e a Sra. J. I. Nagamatsu voltaram dos EUA ao Japão e começaram a trabalhar com a Srta, mas o progresso em Kyoto

Com o passar do tempo, os “Nagamatsus são os únicos responsáveis pelo trabalho em Fukuchiyama. Eles adquiriram um antigo hospital prédio que foi convertido para uso da igreja e da Escola Dominical, além de um jardim de infância durante a semana. Por 1920, eles reuniram 84 membros. Em pouco tempo, eles tinham 10 Escolas Dominicais acontecendo com um total de 700 inscritos”. [33]

Em 1919, o número estimado era de 1600 adeptos.

“Em 1931, havia 16 igrejas e, em 1932, 22 foram relatadas. Pelo tempo da quinta assembléia distrital, conduzida pelo Superintendente Geral J. B. Chapman em 1935, Havia 33 igrejas com 1.675 membros plenos. Treze das igrejas estavam totalmente autossuficientes, duas das quais eram as congregações coreanas localizadas em Kyoto e Osaka”. [34]

“No final da década de 1930, o poder dos líderes militares no O governo estava se tornando aparente. Em 1931, foi dado o primeiro passo para a realização dos sonhos imperialistas desses líderes quando os japoneses se mudaram para a província chinesa de Manchúria. De lá, em 1937, eles avançaram para a própria China. Ao mesmo tempo, começou uma expurgo interno de quaisquer movimentos dentro do país que não endossem de todo o coração o políticas agressivas do governo. A igreja cristã e todas as instituições relacionadas estavam nesta lista. Os missionários ocidentais eram particularmente suspeitos. Agentes disfarçados compareceram aos serviços para verificar atividades e ensinamentos e muitas vezes exigiam roteiros avançados de sermões. Xintoísmo, o nacional religião do Japão, recebeu status favorecido pelo governo”. [35]

Na década de 30, o governo passou a pressionar mais às Igrejas. “A ordem saiu para que nenhuma igreja pudesse usar seu próprio nome, mas receberia um número pelo qual seria identificado. Além disso apenas 11 números seriam emitidos e estes apenas para as igrejas com substancial o suficiente para merecer tal reconhecimento”. [36]

Posteriormente, “o governo deu um passo adiante e ordenou que os agrupamentos numéricos fossem dissolvidos e todas as onze organizações realizassem o único designação, Nippon Kirisuto Kyodan (a Igreja Cristã do Japão). O próximo passo foi fechar todas as escolas, exceto duas - uma para homens e outra para mulheres. O controle governamental da igreja estava agora virtualmente completo”. [37]

Com os americanos guerreando contra o Japão em meados de agosto de 1945, grande parte do país estava em ruínas.

O que aconteceu dentro da Igreja durante esses anos é difícil de imaginar. “Em Tóquio, todas, exceto duas das 10 igrejas do Nazareno, foram destruídas e 10 em outros lugares também foram perdidos. Todos os pastores foram forçados a trabalhar secularmente ou foram convocados para o militar. Todos os doze pastores da seção oeste foram convocados. O Rev. Saegusa foi baleado no peito e foi inicialmente relatado morto em ação, mas ele sobreviveu (...)”. [38]

“A verdadeira reconstrução da obra nazarena no Japão começou quando W. A. Eckel retornou àquele país em janeiro de 1947. Durante a guerra, ele tinha foi superintendente do Distrito das Montanhas Rochosas nos EUA. Ele renunciou a esse cargo para retornar ao seu antigo campo de trabalho”. [39]

“A notícia se espalhou rapidamente de que o Rev. Eckel havia retornado. Entre os que vieram cumprimentá-lo no Hotel Dai Ichi estavam oito ex-pastores nazarenos. Então veio a notícia de que Hiroshi Kitagawa estava vindo de Kyoto para Tóquio. O homem Rev. Eckel reuniu-se na estação estava tão mudado que mal o reconheceu, mas o fervoroso "Louvado seja o Senhor!" que saiu de seus lábios enquanto os dois apertavam as mãos emocionavam o coração do missionário.

Sabiamente, Isayama e Kitagawa reivindicaram todos os propriedade missionária em seus próprios nomes para mantê-la”. [40]

Hoje, na Ásia-Pacífico, a Igreja do Nazareno tem  119.349 membros em 1.894 igrejas em 46 distritos em 7 campos em 29 áreas do mundo.[41]

Igreja do Nazareno no Japão em nossos dias

“Oficialmente estabelecido em 1905. Em 2018, havia 68 igrejas em todo o Japão (de Hokkaido a Okinawa).”[42]

A Igreja do Nazareno tem o  Seminário Teológico Nazareno do Japão.


Igreja Metodista Livre no Japão

 

A Igreja Metodista Livre está no Japão desde 1903. “Paul Kakihara, um jovem do Japão que frequentou o Greenville College em Illinois, foi pioneiro em missões metodistas livres no Japão em 1895. Ele evangelizou pela primeira vez na ilha de Awaji, na Baía de Osaka. Lá ele uniu forças com Teikichi Kawabe, que também pregava na ilha. Kawabe tornou-se o líder na criação das bases para a Igreja Metodista Livre Japonesa.”[43]

A Igreja Metodista Livre se tornou uma Conferência Geral em 1961 com 2.408 membros em 26 igrejas.[44]

“A FMC do Japão tornou-se uma associação geral em 1961 e foi reorganizada em 1984. A conferência geral continua comprometida com a plantação de igrejas no Japão, onde apenas 1 a 2% das pessoas são cristãs. Eles planejam plantar igrejas em grandes cidades, a partir das quais unidades satélites serão lançadas. Um programa de treinamento pastoral nos níveis de graduação e pós-graduação está disponível no Seminário Teológico de Osaka. O Osaka Christian College, uma faculdade júnior com um forte testemunho, está localizado no mesmo campus”.[45]

 

 

 

 

 

 



[1] https://www.oldtokyo.com/methodist-church-japan-c-1920/#:~:text=“The%20Japan%20Methodist%20Church%20(Nippon,leadership%20both%20native%20and%20foreign.

[3] https://www.oldtokyo.com/methodist-church-japan-c-1920/#:~:text=“The%20Japan%20Methodist%20Church%20(Nippon,leadership%20both%20native%20and%20foreig

[4] https://kwansei.rep.nii.ac.jp>record>files>pdf.

[5] Idem.

[6] https://kwansei.rep.nii.ac.jp>record>files>pdf.

[8] https://www.oldtokyo.com/methodist-church-japan-c-1920/#:~:text=“The%20Japan%20Methodist%20Church%20(Nippon,leadership%20both%

[9] https://en.wikipedia.org/wiki/Robert_S._Maclay

[11] www.oldtokyo.com/methodist-church-japan-c-1920

[12] https://methodistmission200.org/sunamoto-teikichi-a-founder-of.

[13] www.oldtokyo.com/methodist-church-japan-c-1920

[14] Idem.

[16] https://www.oldtokyo.com/methodist-church-japan-c-1920/#:~:text=“The%20Japan%20Methodist%20Church%20(Nippon,leadership%20both%20native%20and%20foreign.

[17] Pesquisa: BUYERS, Paul. Os fundadores do Metodismo. Imprena Metodista, 1929, p.XII.www.en.wikipedia.org/wiki/Walter_Russell_www.bu.edu/.../lambuth-walter-russell-1854-1921

[18] BUYERS, Paul. “O Poder lá do Alto” em Expositor Cristão. 09 de abril de 1935, p.1, retirado do livro Os Fundadores do Metodismo, p.430-432.

[19] BUYER, Paul. "O poder do alto" in Expositor Cristão. 9 de abril de 1935, p.1

[20] Idem

[21] Idem

[22] BUYER, Paul. "O poder do alto" in Expositor Cristão. 9 de abril de 1935, p.1

[25] https://en.wikipedia.org/wiki/United_Church_of_Christ_in_Japan

[26] https://en.wikipedia.org/wiki/Hobart_Baumann_Amstutz#/media/File:1942-45-ForeverBegin-p79-Amstutz-Thompson-SimeRdCamp.jpgPesquisa: http://dbpedia.org/resource/Hobart_Baumann_Amstutz Aniversário a 18 de setembro Freebase primária MID "/ M / 0f0089"http://www.encyclo.co.uk/define/Hobart Baumann Amstutzhttp://records.ancestry.com/hobart_baumann_amstutz_records.ashx?pid=126183837

[28]https://www.sgaumc.org/newsdetail/a-united-methodist-presence-in-japan-17056303

[29]https://www.sgaumc.org/newsdetail/a-united-methodist-presence-in-japan-17056303

[30]https://home.snu.edu/~hculbert/japan2.htm

[31]https://home.snu.edu/~hculbert/japan2.htm

[32]Idem.

[33]https://home.snu.edu/~hculbert/japan2.htm

[34]Idem.

[35]https://home.snu.edu/~hculbert/japan2.htm

[36]Idem.

[37]Idem.

[38]https://home.snu.edu/~hculbert/japan2.htm

[39]Idem.

[40]https://home.snu.edu/~hculbert/japan2.htm

[41] https://en.wikipedia.org/wiki/Church_of_the_Nazarene

[42] https://asiapacificnazarene.org/fields/east-asia-field/

[43] https://fmwm.org/japan

[44] https://bfmchurch.blogspot.com/2011/03/news-bulletin-japan-earthquake

[45] https://fmwm.org/asia/japan/

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