O discípulo amado por Jesus

 

Com comentários de Wesley

 

Odilon Massolar Chaves

 

 


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Livros publicados na Biblioteca Wesleyana: 180

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Odilon Massolar Chaves é pastor metodista aposentado, doutor em Teologia e História pela Universidade Metodista de São Paulo.

Sua tese tratou sobre o avivamento metodista na Inglaterra no século XVIII e a sua contribuição como paradigma para nossos dias.

Foi editor do jornal oficial metodista e coordenador de Curso de Teologia.

É escritor, poeta e youtuber.

Toda glória seja dada ao Senhor

 

 


“Reclinado sobre o peito de Jesus um de seus discípulos,

aquele a quem Jesus amava”.

 

 (João 13. 23) 

 


Índice

 

·       Introdução

·       João, cheio de graça

·       De filho de trovão a discípulo amado

·       João, amado e aperfeiçoado em amor

·       O amor segundo o apóstolo João

·       João, o fleumático

 


Introdução

 

“O discípulo amado por Jesus” trata da vida e ministério do apóstolo João chamado também de apóstolo do amor.

O livro trata da questão de João ser o único a ser chamado de discípulo amado.

Afinal, Jesus teve preferências?

João viveu e exalou amor. Foi o escritor bíblico que mais falou sobre amor. João percebia os atos de amor de Jesus, inclusive por si mesmo.

Ele foi muito próximo de Jesus.

O seu temperamento ajudou nessa proximidade além da sua experiência de transformação de filho de trovão para discípulo amado.

Um livro exclusivamente bíblico com alguns comentários de João Wesley.

João foi o mais jovem discípulo e o último também dos 12 apóstolos a morrer.

Que o Espírito Santo ilumine a sua mente na leitura deste livro.

 

O Autor

 


João, cheio de graça

 

João foi agraciado por Deus. Seu nome traz a marca da graça de Deus em sua vida e tem origem no “hebraico YehokhananIohanan, composto pela união dos elementos Yah, que significa Javé, Jeová, Deus”, e hannah, que quer dizer ‘graça’. Significa ‘Deus é gracioso, agraciado por Deus, a graça e misericórdia de Deus, Deus perdoa”.[1]

Antes de ser intitulado discípulo amado, cheio da graça e do amor de Deus, João tinha marcas fortes da carne em sua vida. Jesus deu a “Tiago e João o título de Boanerges ou ‘filhos do trovão’. Porque eles perguntaram a Jesus se deveriam invocar fogo do céu sobre uma aldeia de samaritanos que O havia rejeitado (ver Lucas 9.51–56), esse apelido pode sugerir que eles eram impetuosos ou pelo menos tinham personalidade forte”.[2]

É considerado o mais jovem dos 12 apóstolos.

João era filho de Zebedeu. Era irmão de Tiago, ambos eram pescadores. “Possivelmente Tiago era mais velho do que João, visto que ele sempre é citado primeiro (Mateus 10:2-4). O apóstolo João era pescador de profissão. Seu pai foi um homem próspero no ramo da pesca, pois tinha alguns empregados (Marcos 1:20)”.[3]

“Sendo solteiro, vivia com os seus pais em Betsaida; era pescador e trabalhava com o seu irmão Tiago, em sociedade com André e Pedro”.[4]

João era bem próximo de Jesus. Havia muito amor em João vindo do amor de Jesus pelos discípulos. “

No evangelho de João, o discípulo amado surge como um amigo íntimo e pessoal do Senhor. 

Sua posição na mesa ao lado de Jesus durante a Última Ceia refletia honra e proximidade. É bom lembrar também que João, Pedro e Tiago eram uma espécie de auxiliares pessoais de Jesus. 

Por causa de sua proximidade e amor por Jesus, ele sempre esteve próximo dos acontecimentos mais importantes da vida de Jesus como junto a cruz.

 A tradição cristã acredita que ele teria sobrevivido às perseguições e teria sido o único a não sofrer o martírio[5]

O discípulo amado segue Jesus

A Bíblia diz: “Pedro voltou-se e viu que o discípulo a quem Jesus amava os seguia. (Este era o que estivera ao lado de Jesus durante a ceia e perguntara: "Senhor, quem te irá trair?" (João 21.20).

Wesley comentou:

Pedro, voltando-se, viu que seguia o discípulo que Jesus amava; o qual também se apoiou em seu peito para a ceia, e disse: Senhor, quem é aquele que te trai?

Pedro se virando - como ele estava caminhando após Cristo.

Vê o discípulo a quem Jesus amava o seguindo - Há um espírito peculiar e ternura nesta passagem simples. Cristo ordena a São Pedro que o siga em sinal de sua prontidão para ser crucificado em sua causa. St. John não fica para a chamada; ele se levanta e o segue também; mas não diz uma palavra de seu próprio amor ou zelo. Ele escolheu que a ação apenas falasse isso; e mesmo quando ele registra a circunstância, ele nos diz não o que aquela ação significava, mas com grande simplicidade relata apenas o fato. Se aqui e ali um coração generoso o vê e emula, que assim seja; mas ele não deseja que os homens o admirem. Foi endereçado ao seu amado Mestre, e bastou que ele o entendesse.[6]

O discípulo amado encostado no peito de Jesus

Agora estava encostado no peito de Jesus um de seus discípulos, a quem Jesus amava (João 13.23).

Lá estava deitado no seio de Jesus - Ou seja, sentado ao lado dele à mesa. Essa frase expressa apenas a postura então costumeira nas refeições, onde todos os convidados se encostavam de lado nos sofás (...).

Um dos discípulos que Jesus amava - São João evita com muito cuidado nomear-se expressamente. Talvez nosso Senhor agora lhe deu a primeira prova de seu amor peculiar, revelando este segredo para ele.[7]

João era extraordinário em seu caráter e fé. “As heranças deixadas nos escritos de João, demonstram uma personalidade extraordinária. De acordo com as descrições ele seria imaginativo nas suas comparações, pensativo e introspectivo nas suas dissertações e pouco falador como discípulo. É notório o seu amadurecimento na fé através da evolução da sua escrita”.[8]

Foi o apóstolo do amor.

A tradição cristã atribui a João a autoria do Evangelho de João, o livro de Apocalipse e as três epístolas de João.

Jesus tinha um relacionamento mais particular com três discípulos: Pedro, Tiago e João. Eles foram as únicas testemunhas da ressurreição da filha de Jairo. Os três foram também as testemunhas da Transfiguração e da Agonia no Horto.

Pedro e João, estiveram ainda mais perto e foram preparados por Jesus para liderar a Sua Igreja. Somente João e Pedro foram enviados por Jesus a Jerusalém para os preparativos finais para a ceia pascal.

Depois da Ascensão e do Pentecostes, João e  Pedro tiveram um papel fundamental no direcionamento da igreja cristã que havia surgido.[9]

“Nos seus escritos, as três palavras que João mais falou foram: Verdade – 45 vezes, Amor – 80 vezes e Testemunho – 70 vezes”. [10]

Amor, verdade e testemunho são marcas de quem tem Cristo em sua vida.

Seu irmão Tiago foi o primeiro apóstolo a morrer (Atos 12.1). João foi o último apóstolo a morrer.

  


De filho de trovão a discípulo amado

 

João é chamado ou se autodenomina de “discipulado amado” ou o discipulado que Jesus amava (João 21.20).

No original grego,  "discípulo amado"  ὁ μαθητὴς ὃν ἠγάπα ὁ Ἰησοῦς; romaniz.: o mathētēs on ēgapa o Iēsous”.[11]

Seu evangelho destaca muito o amor de Jesus e de Deus.

É o único que diz: “Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu filho unigênito para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3.16).

É o único que diz que seremos reconhecidos como discípulos de Jesus, se amarmos uns aos outros (João 13.35). Destaca ainda Jesus falando que deveríamos amá-lo para sermos amados pelo Pai (João 14.21).

João destaca muito as referências de Jesus sobre o amor (João 14.15; João 14.23; João 15.9). Ele destaca Jesus afirmando que deveríamos permanecer em Seu amor (João 15.9).  Destaca Jesus dizendo: “O que eu vos mando a vocês é isto: amem uns aos outros” (João 15.17).

João, como filho de trovão

Mas João não foi sempre assim. Quando chamou os 12 apostolo, ele deu o apelido de “Filhos de trovão” aos irmãos Tiago e João (Mc 3.17). Estudiosos afirmam que era por causa de sua impetuosidade.

João já teve antes sentimento de ódio, discriminação e vingança. Os irmãos João e André, certa vez, queriam pedir fogo dos céus para destruir os samaritanos que não receberam Jesus em suas terras (Lc 9.51-56).

João já teve antes atitude de superioridade. Além da vida rude que levavam por serem pescadores, Tiago e João tinham ainda uma mãe que queria privilégios para eles. Queria que, quando Jesus se tornasse rei, concedesse aos seus filhos o privilégio de um se sentar à direita e o outro à sua esquerda (Mt 20.20-22).

Interessante que Jesus se dirigiu aos dois filhos dela – João e Tiago, como sendo eles que estavam por trás desse pedido: “Jesus disse aos dois filhos dela: Vocês não sabem o que estão pedindo” (Mt 20. 22). Marcos diz que foram eles que pediram (Mc 10.35-45). Tanto que os outros discípulos ficaram zangados com os dois irmãos (Mt 20.24).

O amor de Jesus mudou João 

“Tiago e João, ambos, possuíam temperamento semelhante. Eram rudes, vigorosos, intolerantes, ambiciosos, zelosos e explosivos. No entanto, três anos com Jesus começaram a transformar um fanático egocêntrico como João, numa pessoa madura e equilibrada. Três anos com Jesus colocaram esse outro filho do trovão no caminho certo para tornar-se o Apóstolo do Amor. João foi transformado de um cabeça quente intolerante em um líder amoroso e devoto para a igreja primitiva”.[12]

A convivência com Jesus recebendo a ministração da Palavra e vendo suas atitudes de amor; o desejo de se tornar amoroso e manso como o Mestre trouxe mudança radical na vida de João.

Ele foi um dos únicos que permaneceu junto a Jesus na crucificação (João 19.26). E foi a João que Jesus deixou a responsabilidade de cuidar de sua mãe. João a levou para morar com ele (João 19.27).

Por isso, em suas epistolas, João disse: “Vejam como é grande o amor do Pai por nós! O seu amor é tão grande que somos chamados de filhos de Deus e somos, de fato, filhos de Deus” (1Jo 3.1). 


João, amado e aperfeiçoado em amor

 

“Reclinado sobre o peito de Jesus um de seus discípulos,

aquele a quem Jesus amava”.

 

 (João 13. 23)

 

O amor que João conheceu e escreveu era um amor puro, profundo, abnegado, de doação, sacrificial. Foi esse mesmo amor levou Jesus a se entregar na cruz.

João se considerava muito amado por Jesus. Tanto que ele escreveu no Evangelho, ao se referir a si mesmo, como o “discípulo amado” ou o discípulo que Jesus amava (João 13.23).

Ele utiliza especialmente a palavra grega ágape para falar sobre o amor (João 5.42; 13.35; 15.9; 15.10; 15.13; 17.26, etc).

Por estar cheio do amor de Deus, João destaca mais do que os outros três evangelhos sobre o amor de Jesus e de Deus. É o único que diz: “Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu filho unigênito para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3.16).

É o único que diz que seremos reconhecidos como discípulos de Jesus, se amarmos uns aos outros (João 13.35). Destaca ainda Jesus falando que deveríamos amá-lo para sermos amados pelo Pai (João 14.21).

João guardou e registrou muitas afirmações de Jesus sobre o amor (João 14.15; 14.23). Ele cita Jesus afirmando que deveríamos permanecer em Seu amor (João 15.9) e dizendo “o que eu vos mando a vocês é isto: amem uns aos outros” (João 15.17).

Mas João não foi sempre assim. Quando Jesus chamou os 12 apóstolos, deu o apelido de “filhos de trovão” aos irmãos Tiago e João (Mc 3.17). Estudiosos afirmam que era por causa da impetuosidade de João e Tiago.

João já teve antes sentimento de ódio, discriminação e vingança. Os irmãos João e André, certa vez, queriam pedir fogo dos céus para destruir os samaritanos que não receberam Jesus em suas terras (Lc 9.51-56). “Os irmãos, quando levados ao limite, tornavam-se selvagens e barulhentos, o que os fazia se defender como uma tempestade”.[13]

João já teve também antes atitude de superioridade. Além da vida rude que levavam por serem pescadores, Tiago e João tinham ainda uma mãe que queria privilégios para eles. Queria que, quando Jesus se tornasse Rei, concedesse aos seus filhos o privilégio de um se sentar à direita e o outro à sua esquerda (Mt 20.20-22).

O amor de Jesus mudou João

A convivência com Jesus recebendo a Palavra e vendo suas atitudes de amor; o desejo de se tornar amoroso e manso como o Mestre trouxe mudança radical na vida de João.

Ele foi um dos únicos que permaneceu junto a Jesus na crucificação (João 19.26). E foi a João que Jesus deixou a responsabilidade de cuidar de sua mãe. João a levou para morar com ele (João 19.27).

Por isso, em suas epistolas, João disse: “Vejam como é grande o amor do Pai por nós! O seu amor é tão grande que somos chamados de filhos de Deus e somos, de fato, filhos de Deus” (1Jo 3.1).

Para João Wesley, o apóstolo João alcançou a perfeição cristã. Respondendo à pergunta: “Há nas Escrituras algum exemplo de pessoas que tenham alcançado este estado (santidade)?” Wesley respondeu: “Sim. O apóstolo João e todos aqueles de quem ele diz: ‘Nisto é em nós aperfeiçoado o amor (...)”.[14]

O Deus que é Amor

João diz que “aquele que não ama (αγάπη) não conhece a Deus, porque Deus é amor (αγάπη)” (1 João 4.8). João utiliza especialmente a palavra grega ágape para falar sobre o amor (João 5.42; 13.35; 15.9; 15.10; 15.13;17.26, etc). Deus não ama simplesmente. Ele é amor em sua essência. Tudo o que Deus faz flui do Seu amor.[15] 

Ele é muito forte nas afirmações: “Amados, amemos uns aos outros, pois o amor procede de Deus. Aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus” (1Jo 4.7).

João experimentou pessoalmente o amor transformador de Jesus e o seu temperamento vingativo e explosivo foi transformado em um temperamento manso, amigo, perdoador, doador e pacificador. Esse amor o fez se tornar o discípulo mais próximo de Jesus.

Seu amor por Jesus o levou a ser preso (Atos 4.3; 5.18) e a ser exilado na Ilha de Patmos (Ap 1.9-11). Foi o último apóstolo a morrer.

 


O amor segundo o apóstolo João

 

A vida do apóstolo João exalava amor. Seu Evangelho está impregnado de amor. É o único que escreveu sobre o amor de Deus pelo mundo entregando Jesus na cruz por nós (João 3.16) e o único também que escreveu que seremos reconhecidos como discípulos, se amarmos uns aos outros (João 13.35).

Ele foi o apóstolo mais incisivo sobre a necessidade do amor na vida do cristão. Ele utiliza o termo ágape para se referir ao verdadeiro amor.

Ele declarou:

 “Aquele que não ama (αγάπη) não conhece a Deus, porque Deus é amor (αγάπη)” (1 João 4.8).

Então, Deus não ama simplesmente. Ele é o amor em sua essência. Tudo o que Deus faz flui do Seu amor.[16] 

João utiliza especialmente ágape para falar sobre o amor (João 5.42; João 13.35; João 15.9; João 15.10; João 15.13; João 17.26, etc).

Ele afirma que o amor é necessário para a nossa salvação: “Sabemos que já passamos da morte para a vida porque amamos nossos irmãos. Quem não ama permanece na morte” (1 João 3.14).

Nas suas epístolas, João orienta sobre o amor. É o principal destaque.

João é muito forte nas afirmações: “Amados, amemos uns aos outros, pois o amor procede de Deus. Aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus” (1Jo 4.7).

Ele também é muito forte quando diz: “Se alguém afirmar: ‘Eu amo a Deus’, mas odiar seu irmão, é mentiroso, pois quem não ama seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê” (1 João 4.19-20).

A obediência é a essência do amor a Deus, segundo João. Foi desse modo que ele definiu a essência do amor: “Porque nisto consiste o amor a Deus: em obedecer aos seus mandamentos. E os seus mandamentos não são pesados” (1 João 5.3).

João é profundo quando fala do amor de Deus: “Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou seu Filho como propiciação pelos nossos pecados” (1 João 4.9-10).

E orienta para a necessidade de permanecermos no amor. Só assim permaneceremos em Deus. Só dessa forma também o amor é em nós aperfeiçoado: “Assim conhecemos o amor que Deus tem por nós e confiamos nesse amor. Deus é amor. Todo aquele que permanece no amor permanece em Deus, e Deus nele. Dessa forma o amor está aperfeiçoado entre nós, para que no dia do juízo tenhamos confiança, porque neste mundo somos como ele. No amor não há medo; ao contrário o perfeito amor expulsa o medo, porque o medo supõe castigo. Aquele que tem medo não está aperfeiçoado no amor” (1 João 4.16-18).

O apóstolo João afirma que no amor ágape não há medo (1Jo 4.18).

Na epístola, João ainda destaca a prática do amor pelos outros: “Esta é a mensagem que vocês ouviram desde o princípio: que nos amemos uns aos outros” (1 João 3.11):

E deixa muito claro que é o amor que nos garante a vida eterna. Sem amor só há a morte: “Sabemos que já passamos da morte para a vida porque amamos nossos irmãos. Quem não ama permanece na morte” (1 João 3.14).

Mais uma vez, o apóstolo João explicou o que é o amor citando o exemplo de Jesus na cruz para nos salvar: “Nisto conhecemos o que é o amor: Jesus Cristo deu a sua vida por nós, e devemos dar a nossa vida por nossos irmãos. Se alguém tiver recursos materiais e, vendo seu irmão em necessidade, não se compadecer dele, como pode permanecer nele o amor de Deus? Filhinhos, não amemos de palavra nem de boca, mas em ação e em verdade” (1 João 3.16-18).

1 João 3.1 descreve sobre um grande amor de Deus por nós: “Vede que grande amor nos tem concedido o Pai” (3.1). A palavra grega para grande (potapós) é sempre utilizada em contexto onde o maravilhar-se está presente, de forma que a expressão em si tem um ar de magnitude. Dessa forma, notamos que o amor que Deus tem é imenso”. [17]

João registrou no Evangelho que Jesus orientou aos seus discípulos sobre a importância de permanecermos e praticarmos o amor: "Como o Pai me amou, assim eu os amei; permaneçam no meu amor. Se vocês obedecerem aos meus mandamentos, permanecerão no meu amor, assim como tenho obedecido aos mandamentos de meu Pai e em seu amor permaneço” (João 15.9-10).

Em João 17.24, Jesus fala do amor ágape que permanece ativo e que é eterno: “(...) porque tu me amaste antes da fundação do mundo”.

Por causa deste amor ágape, Deus enviou seu Filho para salvar o mundo (João 3.16; João 3.35). É com este amor ágape que Jesus Cristo nos ama (João 13.1). É com este amor que Deus nos ama e é com ele que devemos amar uns aos outros (João 13.25).[18] 

E na sua célebre orientação sobre a prática do amor, Jesus disse aos seus discípulos: “Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes (agapáte) uns aos outros” (João 13.35). (...) No texto original, vemos que Jesus está falando do amor ágape. É o amor da decisão, que depende da livre escolha, determinação e princípios, e não de sentimentos ou condições. É o amor de Deus”.[19]

Estes textos acima descrevem apenas uma parte do que é o grandioso amor de Deus. Estes textos descrevem ainda a profundidade e beleza do amor ágape, que é essencial para nossas vidas.

O perfeito amor lança fora o medo

“No amor não há medo; ao contrário o perfeito amor expulsa o medo, porque o medo supõe castigo. Aquele que tem medo não está aperfeiçoado no amor” (1 João 4.18).

O perfeito amor é possível!

Amor perfeito é sinônimo de perfeição cristã ou santidade.

É o que o apóstolo João ensinou.

João Wesley comentou:

Não há medo no amor; mas o amor perfeito lança fora o medo: porque o medo traz tormento. Aquele que teme não é perfeito no amor.

Não há medo no amor - Nenhum medo servil pode estar onde o amor reina. Mas o amor adulto perfeito lança fora o medo servil: porque tal medo traz tormento - E assim é inconsistente com a felicidade do amor. Um homem natural não tem medo nem amor; aquele que está desperto, medo sem amor; um bebê em Cristo, amor e medo; um pai em Cristo, amor sem medo.[20]

Santificar na verdade

“Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade”
(
João 17.17).

João Wesley comentou: Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade.

Santificar - Consagra-os pela unção do teu Espírito ao seu ofício, e aperfeiçoa-os em santidade, por meio da tua palavra.[21] 

 


João, o fleumático

 

 

 

Jesus amava mais a João do que aos outros discípulos?

 

É evidente que não!

 

Jesus amou a todos!

 

Qual o motivo então do Evangelho de João afirmar que apóstolo João era o discípulo a quem Jesus amava?

 

O apóstolo João é o único que fala do “discípulo amado” no Evangelhos. Os seus olhos e pensamento eram de amor. Ele via amor sempre em Jesus.

 

Ele foi o único evangelista também que citou sobre o amor de Jesus por Lázaro: “Mandaram-lhe, pois, suas irmãs dizer: Senhor, eis que está enfermo aquele que tu amas” (João 11.3).

 

Também o jovem rico foi amado por Jesus: “Ele, porém, respondendo, lhe disse: Mestre, tudo isso guardei desde a minha mocidade. E Jesus, olhando para ele, o amou e lhe disse: Falta-te uma coisa: vai, vende tudo quanto tens, e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, segue-me” (Mc 10.21).

 

Talvez, por humildade, João não citou seu nome. Preferiu dizer “discipulado amado”, pois era assim que sentia e via as atitudes de Jesus por ele.

 

Tanto que, em outra ocasião, João disse: “Este é o discípulo que dá testemunho a respeito destas coisas e as escreveu (...)” (João 21.24).

 

Os escritores bíblicos afirmam de um modo geral que esse discípulo amado por Jesus era João.

 

Jesus amava a todos!

 

O fato é que João demonstrava muito proximidade e contato com Jesus. Estava sempre perto dele.

 

O temperamento de João influenciou muito nessa proximidade e amor.

 

João era do temperamento fleumático, que tem um forte laço familiar e atos de amor e carinho.

 

Certamente foi essa uma razão de Jesus ter dito na cruz: “Ora Jesus, vendo ali sua mãe, e que o discípulo a quem ele amava estava presente, disse a sua mãe: Mulher, eis aí o teu filho. Depois disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. E desde aquela hora o discípulo a recebeu em sua casa” (João 19.26-27).

 

Jesus conhecia os princípios, o coração e o amor que havia em João. Teve toda confiança de deixar sua mãe aos cuidados dele.

 

Além de sua experiência transformadora de filho de trovão para filho de Deus, seu temperamento influenciou em muito estar sempre junto de Jesus.

 

O que é fleumático?

 

Vem de fleuma, que significa falta de emoção: tendência a não se emocionar com facilidade, nem se mover com rapidez, e sim com moderação e persistência.

 

Mas quais as características de um temperamento fleumático?

 

Fleumático é, portanto, a pessoa que tem paciência excessiva; muito calmo; carinhoso, impassívelimperturbável, tranquilo. É o contrário de acelerado, tempestuoso.[22]

 

Esse temperamento se baseia em princípios. Vamos ver alguns fatos bíblicos relacionados ao apóstolo João, que era fleumático, e destacar os suas principais características:

 

Costuma ser lento nas decisões, indecisa, temerosa

 

Certa vez, Pedro e o discípulo a quem Jesus amava (João) foram ao sepulcro. Apesar de João ter chegado primeiro, ele não teve a coragem de entrar no sepulcro. Deixou essa tarefa para Pedro: “(...) abaixando-se viu os lençóis de linho; todavia, não entrou. Então, Simão Pedro, seguindo-o, chegou e entrou no sepulcro” (Jo 20.5-6).

 

A um pedido, costuma dizer “não”. Está sempre se contendo. Decide com dificuldade.

 

Não é muito de falar, nem de liderar, por ser introvertido

 

“Pedro, fitando-o, juntamente com João, disse: olha para nós (...)” (At 3.4).

 

Apesar de estar junto com Pedro, João não falava quase em público: “Apegando-se ele a Pedro e a João, todo o povo correu atônito para junto deles... À vista disto, Pedro se dirigiu ao povo (...)” (At 3.11-12).

 

Por isso, é mais ligado aos coléricos, que são mais ativos e mais faladores, bem como aos sanguíneos (At 8.14).

 

Às vezes, fica dependente.

 

Gosta muito da família, de pessoas amorosas, em especial do sexo feminino, por serem mais sensíveis e amorosas

 

Por isso, Jesus deixou sua mãe com João:

 

“Vendo Jesus sua mãe, e junto a ela o discípulo amado, disse ao discípulo: Eis aí a tua mãe. Dessa hora em diante, o discípulo a tomou para casa” (Jo 19.26-27).

É calmo, manso, tem palavras amáveis e é conselheiro

 

Tem mais sensibilidade para os problemas das pessoas. Por isso, sabe ouvir e aconselhar.

 

João escreveu: “Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis; e, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo” (1 João 2.1).

 

Como é introvertido, sensível, de falar pouco, tem tendência para ser escritor, poeta

 

João disse: “Este é o discípulo que dá testemunho a respeito destas coisas e as escreveu (...)” (Jo 21.24).

 

Às vezes, sofre calado e prefere passar para o papel o que sente.

 

É digno de confiança por falar pouco, por mostrar serenidade e constância nas atitudes

 

João estava junto de Jesus. Pedro fez sinal para que João perguntasse a Jesus quem era o traidor: “Então aquele discípulo reclinando-se sobre o peito de Jesus, perguntou-lhe: Senhor, quem é? Respondeu Jesus: É aquele a quem eu der o pedaço de pão molhado (...)” (Jo 13.25-26).

 

Ele passa confiança para as pessoas.

 

Costuma ser bom pai, boa esposa, bom marido, boa

mãe, bom filho, bom irmão

 

Sempre esteve junto do irmão Tiago: “Tiago e João perguntaram (...)” (Lc 9.54); “Então se aproximaram dele Tiago e João, filhos de Zebedeu, com seus filhos (Tiago e João)” (Mt 20.20).

 

Por isso, também é caseiro.

 

11. É constante e fiel

 

Esteve com Jesus no “Monte”: “(...) tomando consigo a Pedro, João e Tiago, subiu ao monte com o propósito de ora” (Lc 9.28).

 

Esteve no Gstsêman: “(...) levando consigo a Pedro e aos dois filhos de Zebedeu” (Mt 26.37).

 

Esteve junto a cruz: “E junto a cruz... o discípulo amado...” (Jo 19.26).

 

Esteve no sepulcro: “Saiu, pois, Pedro e o outro discípulo (João), e foram ao sepulcro.” (Jo 20.3).

 

Seguiu Jesus: “(...) viu que também o ia seguindo o discípulo a quem Jesus amava...” (Jo 21.20).

 

Durante o reinado do imperador romano Domiciano (81-96 d.C.), o apóstolo João foi banido para a Ilha de Patmos onde ele recebeu as revelações do Apocalipse. Com a chegada ao poder do imperador Marco Nerva,  (96-98 d.C.), o apóstolo João foi liberado para retornar a Éfeso.[23]

 

João sobreviveu às perseguições dos imperadores e dos judeus e sua morte foi natural, em Éfeso, depois de 98 d.C, provavelmente no ano 103 d.C., quando tinha 94 anos”.[24]

 

 

 

 

 


 



[1] https://www.dicionariodenomesproprios.com.br/joao/

[2] https://www.churchofjesuschrist.org/study/liahona/2019/01/john-the-disciple-whom-jesus-loved?lang=por

[3] https://estiloadoracao.com/apostolo-joao/

[4] https://bigbluebook.org/pt/139/4/

[5] https://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o,_o_Ap%C3%B3stolo

[6] https://www.christianity.com/bible/commentary.php?com=wes&b=43&c=2

[7] ttps://www.christianity.com/bible/commentary.php?com=wes&b=43&c=13

[8] https://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o,_o_Evangelista

[9] https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o,_o_Ap%C3%B3stolo

[10] http://blog.adai.com.br/joao-o-apostolo-do-amor/

[11] https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o,_o_Ap%C3%B3stolo

[12] http://blog.adai.com.br/joao-o-apostolo-do-amor/

[13] https://pt.wikipedia.org/wiki/João,_o_Apóstolo

[14] WESLEY, João. Explicação clara da perfeição cristã. São Paulo, Imprensa Metodista, 1984, p.47.

[15] http://www.cinthiahiett.com/conversations-with-cinthia/2016/8/22/notes-loving-the-unlovable-and-agape-love

[16]http://www.cinthiahiett.com/conversations-with-cinthia/2016/8/22/notes-loving-the-unlovable-and-agape-love

[19] http://www.thetransformedsoul.com/additional-studies/spiritual-life-studies/the-essence-of-loving-god

[20] https://www.christianity.com/bible/commentary.php?com=wes&b=62&c=4

[21] https://www.christianity.com/bible/commentary.php?com=wes&b=43&c=17

[22] https://www.dicio.com.br/fleumatico/

[23] https://estiloadoracao.com/apostolo-joao/

[24] https://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o,_o_Evangelista

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