Uma visão teológica sobre a Cura Interior


Fundamentado nos ensinos de Wesley



Odilon Massolar Chaves


 

 

 

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Odilon Massolar Chaves é pastor metodista aposentado, doutor em Teologia e História pela Universidade Metodista de São Paulo.

Sua tese tratou sobre o avivamento metodista na Inglaterra no século XVIII e a sua contribuição como paradigma para nossos dias.

Foi editor do jornal oficial metodista e coordenador de Curso de Teologia.

É escritor, poeta e youtuber.

Toda glória seja dada ao Senhor 

 

 

Índice

                                 

- Introdução                                       

- As doenças da alma                         

- O novo nascimento                          

- A realidade do pecado                     

- A vigilância sobre a Dalila                       

- A necessidade da cura da alma         

- A necessidade da inteira santificação                

- Palavras sábias                                

- Referências bibliográficas                

 


Introdução

 

 

        Um dia participava de uma reunião de oração em minha igreja. Em um determinado momento, uma jovem senhora caiu e começou a falar como uma criança. Pensei em possessão, mas percebi logo que não era. Notei, então, que ela estava revivendo fatos do passado, pois chamava pela mãe. Foi assim que entrei nesse mundo complexo e maravilhoso do inconsciente e da cura interior. 

        Tive que aprender em livros, na prática, com colegas e, acima de tudo, com o Espírito Santo. Ministrei em alguns estados como São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Rondônia e Rio de Janeiro. Percebi a grande necessidade das pessoas. Percebi, também, as barreiras existentes nos mais conservadores e o entusiasmo dos avivados em relação à ministração de cura interior.

        Decidi, então, colocar meus conhecimentos e experiências à disposição, com a finalidade de ajudar, principalmente, os líderes. Foram já milhares de ministrações. Sempre as faço com temor e tremor, mas, também, na certeza de que o Espírito Santo vai atuar. 

        Este livro tem como pano de fundo os ensinamentos de João Wesley, um cristão que viveu no século XVIII, e que, na verdade, é o pai da cura interior, pois a sua teologia e prática sempre tiveram como objetivos eliminar as doenças da alma e alcançar a perfeição cristã na medida da estatura de Jesus.

     Wesley nasceu em 1703; Freud, em 1856, mas, cento e cinquenta anos antes, João Wesley já falava em “esgotamento”, “desordem nervosa”, “mal histérico”, etc.. Falava em “cura da maledicência”, “inimigo interior”, “pecado interior”. Ainda nos deu ensinamentos fantásticos dizendo que uma ferida não pode ser curada enquanto o dardo estiver encravado na carne. 

       Disse ainda que os métodos de cura de enfermidades da alma devem ser variados, como são as causas dessas enfermidades. Por fim, disse que devemos evocar o tempo que passou para descobrirmos as causas das nossas enfermidades. 

        Com bom humor, ele fala da Dalila que ainda existe em cada um de nós e quer nos levar para o abismo. 

        Agradeço a Deus o sustento e a Sua graça.     

                                           

O Autor


As doenças da alma

 

 

        Existe uma imensidade de doenças da alma. Algumas são graves. Se não forem curadas, teremos, inclusive, a morte eterna (Gl 5.19-21; Ap 21.8). Outras enfermidades são resultado de traumas e problemas emocionais, especialmente na infância.       

        O importante é saber que Jesus veio para curar  todos e  todas as enfermidades. Ele veio nos trazer o Shalom, que é paz, integridade, saúde, vida plena. Mas Jesus só pode curar os que abrirem o coração de uma forma humilde. Ele veio para “curar os quebrantados de coração” (Is 61.1).  

        Entre as doenças da alma que precisam ser curadas estão: 

1.  (  ) Afobação / Agitação

2.  (  ) Amnésia

3.  (  ) Ansiedade

4.  (  ) Antipatia / Repugnância

5.  (  ) Anti-sociabilidade

6.  (  ) Autopiedade / Autocomiseração

7.  (  ) Autopunição

8.  (  ) Autoritarismo / Dominação

9.  (  ) Bajulação

10.(  ) Blasfêmia

11.(  ) Ciúme

12.(  ) Complacência com o erro 

13.(  ) Complexos

14.(  ) Contendas / Brigas

15.(  ) Covardia

16.(  ) Crítica destrutiva

17.(  ) Dependência

18.(  ) Depressão

19.(  ) Descontrole sexual

20.(  ) Desmotivação

21.(  ) Desobediência / Rebeldia

22.(  ) Desordem / Indisciplina

23.(  ) Dificuldade de se comunicar

24.(  ) Distração / Alienação / Fuga

25.(  ) Egoísmo / Voracidade

26.(  ) Excesso de desconfiança

27.(  ) Excesso de trabalho

28.(  ) Falta de humor

29.(  ) Falta de perdão

30.(  ) Frieza espiritual / Incredulidade

31.(  ) Frieza sentimental

32.(  ) Gritaria

33.(  ) Gostar de sofrer / Masoquismo

34.(  ) Hipocondria

35.(  ) Hipocrisia

36.(  ) Histeria / Nervosismo

37.(  ) Homossexualismo

38.(  ) Impulsividade

39.(  ) Inconstância / Instabilidade

40.(  ) Indiferença

41.(  ) Ingratidão

42.(  ) Insatisfação

43.(  ) Insegurança

44.(  ) Insensibilidade

45.(  ) Inveja

46.(  ) Irresponsabilidade

47.(  ) Irritação / Impaciência / Intolerância

48.(  ) Maledicência

49.(  ) Manias / Esquisitices

50.(  ) Mau humor

51.(  ) Medo / Fobia

52.(  ) Mentiras

53.(  ) Mexerico / Fofoca

54.(  ) Moleza / Preguiça / Inércia

55.(  ) Murmuração

56.(  ) Obsessão / Neurose obsessivo-compulsiva

57.(  ) Obstinação / Teimosia

58.(  ) Pânico

59.(  ) Pensamento de Morte / Suicídio

60.(  ) Pequenos furtos / Cleptomania

61.(  ) Perfeccionismo

62.(  ) Piadinhas picantes / Anedotas

63.(  ) Possessividade

64.(  ) Preconceito

65.(  ) Psicose

66.(  ) Racionalização

67.(  ) Rejeição

68.(  ) Ressentimento / Rancor

69.(  ) Sentimento de culpa

70.(  ) Soberba / Orgulho / Presunção

71.(  ) Subserviência

72.(  ) Tagarelice

73.(  ) Timidez / Vergonha / Acanhamento

74.(  ) Tiques / Cacoetes

75.(  ) Trapaças para levar vantagens

76.(  ) Transferência de sentimentos

77.(  ) Transferência de culpa

78.(  ) Vaidade / Presunção

79.(  ) Vícios

80.(  ) Vingança / Desejar o mal

81.(  ) Violência / Ira / Agressividade82.(  ) Zombaria

 

        Cremos que o Senhor pode curar estas e outras enfermidades não relacionadas aqui. Evidentemente, temos que procurar aqueles servos e servas que têm este ministério comprovadamente. As doenças da alma só podem ser curadas adequadamente pelo Senhor. 

          Não devemos correr para aqueles que não têm a graça de Deus: “Quando Efraim viu a sua enfermidade, e Judá, a sua chaga, subiu Efraim à Assíria e se dirigiu ao rei principal, que o acudisse; mas ele não poderá curá-los, nem sarar a sua chaga.” (Os 5.13). O Senhor diz: “... me disponho a mudar a sorte do meu povo e a sarar a Israel ...” (Os 7.1). O Senhor promete curar a Israel de sua idolatria, prostituição com os outros deuses: “Curarei a sua infidelidade ...” (Os 14.4). Ele irá curar demonstrando amor: “... eu de mim mesmo os amarei, porque a minha ira se apartou deles.” (Os 14.4). 

        Quando estamos feridos, se não formos curados, secaremos: “Ferido está Efraim, secaram-se as suas raízes; não dará fruto ...” (Os 9.16). Mas, mesmo que não vejamos e nem percebamos, aqueles que são do Senhor serão curados por causa de Sua misericórdia e do Seu grande amor: “... tomei-os nos meus braços, mas não atinaram que eu os curava .” (Os 11.3). 

        A promessa do Senhor é: “Serei  para Israel como orvalho, ele florescerá como o lírio e lançará as suas raízes como o cedro do Líbano. Os que se assentam de novo à sua sombra voltarão; serão vivificados como o cereal e florescerão como a vide; a sua fama será como a do vinho do Líbano.” (Os 14.5,7). 

        Jesus cumpriu essa promessa do Senhor. Ele veio para os doentes. Ele cancelou o “escrito de dívida, que era contra nós...” (Cl 2.14). Quando nós somos justificados, temos a paz (Rm 5.1). Sim, Jesus veio para trazer boas novas aos pobres, libertação aos cativos, restauração da vista aos cegos e para pôr em liberdade os oprimidos (Lc 4.18). 

        Ele está vivo intercedendo por nós à direita do Pai. Ele veio para que tivéssemos vida em abundância.   

 

O novo nascimento 

 

        Jesus disse que “se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.” (Jo 3.3). Para Wesley, nascer de novo não tem nada a ver com o batismo ou mudança exterior, mas é uma “mudança operada na alma pela influência do Espírito Santo: mudança em todo o modo de existência, porque, desde o momento em que somos nascidos de Deus, passamos a viver de maneira totalmente diversa da que éramos antes: entramos por assim dizer, num mundo diferente”.1 

        Se antes seus sentidos eram bloqueados, “toda a sua alma é agora sensível às manifestações de Deus ...”.2 

        Segundo Wesley, o sopro do Espírito se infunde naquele que nasceu de novo e continuamente ele é inspirado pela fé e expirado pelo amor, orações, louvor e ações de graças. Essas orações, louvor e amor são respirados pela alma que é verdadeiramente nascida de Deus. 

        Quem nasce de novo tem os olhos do entendimento abertos e vê o invisível; seus ouvidos estão abertos e ouvem a voz de Deus; conhece a voz de seu Pastor. 

        Quem é nascido de Deus recebe sempre na alma o fôlego da vida comunicado por Deus e a graciosa influência do Seu Espírito. Ele,  “crendo, amando e constantemente percebendo, pela fé, a ação de Deus sobre seu Espírito, retribui, por uma espécie de reação espiritual, a graça que recebe, com incessante amor, louvor e oração”.3 

        Utilizando categorias psicológicas, Stanley Jones diz que, na conversão, uma nova vida é introduzida na alma; nascemos de novo, mas é possível haver uma luta interna pelo fato do  “subconsciente não estar convertido”.4 

        É preciso também, diz ele, que o Espírito Santo tome posse do subconsciente para que haja só a direção do Espírito e não dos impulsos do ego, do sexo e da  herança. 

        Assim, não somente a parte consciente, mas também o inconsciente precisam ser restaurados e dominados, caso contrário, os impulsos irão querer assumir o controle e a direção. 

        A Palavra em Ezequiel é bem clara quando diz: “... porei dentro de vós espírito novo ...” (Ez 36.26). Diz mais: “Porei dentro em vós o meu Espírito e farei que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos e os observeis.” (Ez 36.27). 

        Wesley, sem utilizar categorias psicológicas, já havia falado o mesmo antes de Stanley Jones. Ele comenta a necessidade de chegarmos à circuncisão do coração, que é “ um reto estado de alma, mente e  espírito renovados à imagem Daquele que os criou”.5 

        Jesus falou dessa luta interna: “... o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca.” (Mt 26.41), por isso, Ele alerta: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação...” (Mt 26.41).

        O certo é que, mesmo após o novo nascimento, a alma ainda tem marcas do pecado. Por isso, Paulo afirma: “... mesmo que o nosso homem exterior (alma) se corrompa, contudo, o nosso homem interior (espírito) se renova de dia em dia.” (II Co 4.16). 

        Sim, o Espírito do Senhor vem ao nosso espírito: “... vos conceda que sejais fortalecidos com poder, mediante o seu Espírito no homem interior” (Ef 3.16). Ele diz ainda: “... o próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus.” (Rm  8.16). 

        Há uma experiência linda no novo nascimento. Um mundo novo se abre para nós. Mas não é o bastante. 

        Como o pecado é considerado uma doença, Wesley usa a expressão “cura da alma”. Para restaurar a natureza humana, totalmente corrompida em todas as suas  faculdades, Wesley fala sobre “o método divino de curar a alma, que se encontra enferma”.6 

        Para curar o nosso ateísmo, o que é preciso ser feito? 

        Segundo ele, Deus cura através de duas maneiras: pelo conhecimento de si mesmo e de Jesus Cristo. 

        Pela graça de Deus, nós recebemos a fé “uma divina evidência ou convicção de Deus e das coisas de Deus, em particular desta importante verdade: Cristo me amou e deu-se a si mesmo por mim”.7 

        E como ser curado do orgulho? 

        Essa doença mortal, como Wesley a chama, é debelada “pelo arrependimento e pela humildade de coração”.8 

        E a obstinação, como é curada? 

        Depende de nós. É curada pela “resignação, brandura e grata submissão à vontade de Deus”.9 

        Por fim, ele diz que somos curados do amor ao mundo em todos os seus aspectos pelo derramamento do amor de Deus em nossos corações. Segundo Wesley, este é o soberano remédio. 

        Portanto, no novo nascimento, é preciso também haver uma cura da alma que está enferma.

 

Notas

1- WESLEY, João. Sermões de Wesley, Vol. I, p. 388.

2- Idem, p. 390.

3- Idem, p. 392.

4- JONES, Stanley. Enfermidades, Curas e o Espírito Santo,   

     p.26.

5- WESLEY, João . Vol. I, p. 351.

6- WESLEY, João. Vol. II, op. cit. p. 375.

7- Idem.

8, 9- Ibidem


A realidade do pecado


        Afinal, se quando nascemos de novo há uma nova vida, por que a ministração de cura interior?       

        Afinal, “... se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas.” (II Co 5.17), então por que pensar no passado? 

        Com estas afirmações e pensamentos sinceros, muitos não entendem como tratar de lembranças que estariam arquivadas no nosso inconsciente. 

        Wesley argumenta contra esta idéia com várias afirmações. Quem nasce de novo é espiritual, “mas pode ser ou não ser totalmente espiritual”1. Diz mais: “Sua mente carnal fora pregada na cruz, mas não fora  totalmente destruída”.2 

        Sobre as coisas antigas que já passaram, ele diz: “... seu velho conceito acerca da justificação, santificação, felicidade e, numa palavra, no tocante às coisas de Deus em geral, passou; assim também passaram seus antigos desejos, desígnios, afeições, tendências e conversação. Todas estas coisas se tornaram realmente novas, grandemente mudadas em relação ao que eram antes; contudo, sendo novas, não são totalmente novas. Ainda ele sente, para sua tristeza e confusão, que algo permanece do velho homem, permanecem traços demasiadamente manifestos de seus primitivos pendores e afeições, embora estes não possam obter vantagem sobre sua alma, enquanto permanecer vigilante na oração”.3 

        Ele diz que somos reconciliados com Deus pelo sangue de Jesus. A  corrupção da natureza é posta debaixo dos nossos pés. “Ela, entretanto, ainda existe e ainda é, por sua natureza, inimizade para com Deus, por isso que cobiça contra o Espírito”.4

        O pecado existe, embora não sejamos governados por ele. Há orgulho, mas o orgulho não governa os nascidos do Espírito. Os que são do mundo obedecem ao pecado, ao orgulho ou à ira; os nascidos de novo não obedecem. 

        O missionário metodista Stanley Jones, que viveu na Índia, tem uma explicação mais moderna para essa questão: “A paixão da carne é o subconsciente não convertido. Os três impulsos diretivos residem no subconsciente: o ego, o sexo e a herança. Tais impulsos, através de propensões inatas e do hábito racial, querem completar-se, realizar-se, efetivar-se separados da nova vida do Espírito e, às vezes, em contrário a essa nova vida”.5 

        A verdade é que, quando somos justificados, ficamos libertos do domínio do pecado, mas ele não é totalmente destruído. Ele ainda existe em nós. Ainda há a velha natureza: a “Dalila”, a natureza má. 

        Wesley utiliza a expressão “Dalila” para falar sobre as tendências ruins que estão junto a nós. Dalila foi uma filisteia que procurou persuadir Sansão a revelar a origem de sua força (Jz 16.4-5). Ela tanto insistiu que Sansão acabou revelando a Dalila o segredo (Jz 16.15-17). Ela o fez  dormir nos seus joelhos e chamou os inimigos de Sansão para que cortassem seus cabelos (Jz 16.19). Os filisteus,  seus inimigos,  ainda vazaram seus olhos (Jz 16.21). 'Dalila', portanto, simboliza a natureza má que insistirá em nos levar à desgraça. Não podemos vacilar. Temos que estar vigilantes. Por isso, falando para cristãos, Paulo dá a seguinte orientação: “... quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe segundo os desejos do engano, e vos renoveis no espírito do vosso entendimento, e vos revistais do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade.” (Ef 4.22-24). 

        A grande questão é que nem todos permanecem “em Cristo”. “Quem está em Cristo é nova criatura”, diz Paulo. Por isso, ele diz aos efésios: “andai em amor” (Ef 5.2). Diz mais: “andai como filhos da luz”   (Ef 5.8). Eles haviam crido em Jesus e até sido selados pelo Espírito (Ef 1.13-14), mas precisavam deixar ainda muitas marcas do pecado: “Longe de vós toda a amargura e cólera, e ira, e gritaria, e blasfêmias, e bem assim toda a malícia” (Ef 4.31). 

        Tiago diz para a igreja: “... despojando-vos de toda impureza e acúmulo de maldade, acolhei, com mansidão, a palavra em vós implantada, a qual é poderosa para salvar a vossa alma.” (Tg 1.21). A questão levantada por Tiago é que muitos só ouvem e não praticam a palavra (Tg 1.22). Tiago diz que aquele que não pratica “... assemelha-se ao homem que contempla, num espelho, o seu rosto natural; pois a si mesmo se contempla, e se retira,  para logo se esquecer de como era a sua aparência.” (Tg 1.23-24). 

        Ele fala da igreja que fazia acepção de pessoas: “... se, todavia, fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado ...” (Tg 2.9). 

        Sobre a luta entre a carne e o espírito, ele fala para a igreja: “De onde procedem guerras e contendas, que há entre vós? De onde, senão dos prazeres que militam na vossa carne?” (Tg 4.1). Eles, certamente, se tornaram novas criaturas, mas não permaneceram em Cristo. 

        Pedro dá a mesma orientação para a Igreja: “Despojando-vos, portanto, de toda maldade e dolo, de hipocrisias e invejas e de toda sorte de maledicências, desejai ardentemente, como crianças recém-nascidas, o genuíno leite espiritual...” (1Pe 2.1-2). 

        João é mais claro: “Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós” (1Jo 1.8). 

        É possível, portanto, o crente ter nascido de novo e acabar na carne: “Sois assim insensatos que, tendo começado no Espírito, estejais, agora, vos aperfeiçoando na carne?” (Gl 3.3). 

        Quando somos, de fato, de Cristo Jesus, nós crucificamos as paixões e concupiscências (Gl 5.24). Mas Paulo adverte: “andai no Espírito e jamais satisfareis à concupiscência da carne.” (Gl 5.16). Para a carne não nos dominar, temos que viver no Espírito. 

        O pecado não domina, mas ele ainda existe nos que nasceram de novo. Por isso, Wesley diz: “Perfeição sem pecado é, portanto, uma frase que nunca uso”.6 

        Wesley prefere dizer que a perfeição é a salvação do pecado. Perfeito é aquele “que de fato não comete pecado”.7 

        Portanto, mesmo tendo nascido de novo, o pecado ainda existe na vida do cristão, apesar dele não dominar. A Dalila ainda existe, mas podemos vencê-la. Toda vigilância, contudo, é necessária.

 

Notas:

1 - WESLEY, João. Vol. I, op. cit. p. 264.

2 - Idem.

3 - Idem, p. 265.

4 - Idem, p. 267.

5 - JONES, Stanley, op. cit. p. 20.

6 - BURTNER, Robert - CHILES, Robert. Coletânea da

     Teologia de João Wesley,  p. 213.

7 - Idem, p. 210. 

 

A vigilância sobre a Dalila


        Embora esteja subjugado, o pecado permanece naquele que nasceu de novo. Em muitos dos seus sermões, Wesley alerta os cristãos da necessidade de vigiar e lutar contra a natureza má, os ídolos, a 'Dalila' que ainda reside em nosso interior. A 'Dalila' significa a presença dentro ou próxima de nós da tendência pecaminosa que quer nos seduzir. A Dalila foi uma mulher filistéia, povo inimigo de Israel, que conseguiu seduzir Sansão para descobrir o segredo de sua força. Ela tanto insistiu que conseguiu. Ele acabou cego e preso. É com essa tendência ruim que temos que ter todo o cuidado.

         Mas alguns hão de argumentar: “Aquele que tem o pecado em si, não é escravo do pecado?”. 

        Wesley responde: “O homem pode estar na graça, embora sinta o pecado; perderá aquela condição somente se  submeter-se ao pecado. Ter o pecado em si não afasta o favor de Deus; afasta-o, porém, o dar lugar ao pecado. Embora em ti cobice a carne contra o Espírito, podes ainda ser filho de Deus; se, porém, andares segundo a carne, serás filho do diabo”.1 

        Aqueles que vivem no deserto espiritual - e aqui ele fala dos crentes - é porque permitem que a natureza má os domine: “Como pode então o amor de Deus ter lugar em vosso coração, enquanto não desterrardes vossos ídolos? Não vos enganeis: de Deus não se zomba. Ele não habitará em um coração dividido. Enquanto, pois, acolherdes Dalila em vosso seio, Ele não terá lugar aí”.2 

        Wesley  enumera e dá  nomes ao  pecado interior: “ ... qualquer sentimento, paixão ou afeição pecaminosos, tais como o orgulho, a obstinação, o amor ao mundo, de qualquer espécie ou grau, tais como, a cobiça, a ira e a queixa ...”.3 

        Wesley deixa claro que depois que a pessoa é justificada, ou seja,  perdoada por Deus pela fé (Rm 5.1), há, em toda pessoa, dois princípios contrários: “a natureza e a graça, chamadas por S. Paulo a carne e o espírito” 4, por isso, ele enfatiza a necessidade dos crentes viverem em vigilância  “contra a carne, o mundo e o diabo”.5 

        Essa luta contra o inimigo interior é constante, pois “a sua vontade não está totalmente submissa à vontade de Deus. Sabem que estão nele, mas os seus corações estão prontos a desertar; têm uma tendência para o mal em muitos dos seus aspectos e a voltar as costas ao bem”.6 

        Aos que ensinavam o contrário desta doutrina em seu tempo, trazendo muitos males às pessoas, Wesley fala do perigo: “Eliminam a nossa vigilância contra a  nossa natureza má e contra a Dalila que ainda reside no nosso íntimo, embora os partidários dessa doutrina digam que ela já se foi. Ela destrói o escudo dos crentes fracos, priva-os da sua fé e dessa maneira deixa-os expostos aos assaltos do mundo, da carne e do diabo”.7 

        Ele diz que devemos manter a sã doutrina dada aos santos e transmitida por meio da palavra escrita. Wesley alerta: “Embora sejamos renovados, lavados, purificados e santificados, no momento em que verdadeiramente cremos em Cristo, não somos totalmente, pois, a carne e a natureza má, embora vencidas, ainda continuam e guerreiam contra o Espírito”.8 

        Essa tendência ruim já era denunciada pelo Senhor no passado: “Porque o meu povo é inclinado a desviar-se de mim; se é concitado a dirigir-se acima, ninguém o faz.” (Os 11.7). Diz mais: “Quanto mais eu os chamava, tanto mais se iam da minha presença ...” (Os 11.2). 

        Contudo, o Senhor quer nos resgatar, quer nos restaurar, quer “sarar a Israel” (Os 7.1), quer curar a nossa alma. 

        Wesley diz que somos livres da culpa e do poder do pecado, mas não da sua essência, pois a carne luta contra o Espírito. 

        Quando alguém argumenta que os cristãos só chegarão à Jerusalém Celeste se estiverem puros pois lá nada de impuro pode penetrar (Hb 12.22,23), Wesley responde: “E eles são do mesmo modo santos e sem manchas, enquanto andam segundo o Espírito, embora sentindo que, ao lado do bem, outro princípio há neles, sendo os dois contrários um ao outro”.9 

        Nós somos reconciliados com Deus e a carne é posta debaixo de nossos pés, mas ela ainda existe e é inimizade contra Deus. 

        Apesar de termos crucificado a carne, ela permanece  e sempre luta por se desprender dos braços da cruz. 

        É verdade que Cristo deu-se a si mesmo para que a Igreja fosse santa e sem defeito. “Assim será no fim, mas nunca chegou a sê-lo, desde seu começo até este dia”.10 

        Enfim, aquele que nasceu de novo e anda no Espírito tem o pecado subjugado, apesar dele ainda permanecer. Devemos vigiar e caminhar para a inteira santificação, pois só assim teremos vitória constante sobre a Dalila, sobre a Jezabel que nos instiga para o mal (1Rs 21.25). 

 

Notas

  1 - WESLEY, João. Vol. I, op. cit. p. 270.

  2 - WESLEY, João. Vol. II, op. cit. p. p. 413-414.

  3 - BURTNER, Robert - CHILES, Robert, op. cit. p. 132.

  4 - Idem, p. 178.

  5 - Idem.

  6 - Idem.

  7 - Idem, p. 179.

  8 - Idem.

  9 - WESLEY, João. Vol. I, op. cit. p. 266.

10 - Idem, p. 267.

 

 

A necessidade da cura da alma        

 

        Wesley fala da necessidade da cura da alma, da eliminação do poder da Dalila sobre nós. Ele usa várias expressões: “defeitos internos”, “pecado interior” etc. 

           Para ele, o pecado é uma doença, por isso a expressão “cura” para falar sobre o pecado. 

        Para quem pensa que não tem nenhum problema interior, ele faz uma pergunta: “Mas não podem eles encontrar defeitos internos sem número além daquelas omissões exteriores? Defeitos de toda espécie: não têm o amor que é devido ao próximo ...”.1 

        Quem está tão longe de Deus não percebe o estado doentio de sua alma. Por isso, Wesley deixa claro que quanto mais nos aproximarmos do Senhor, mais teremos consciência daquilo que precisamos mudar. 

           Diz ele: “Quanto mais crescemos na graça, mais sentimos o estado desesperadamente iníquo do nosso coração. Quanto mais avançamos no conhecimento e no amor de Deus através de nosso Senhor Jesus Cristo (...) mais conhecemos o nosso afastamento de Deus, a inimizade que existe em nossa mente carnal e a necessidade de sermos inteiramente renovados em justiça e em verdadeira santidade”.2 

        Assim, a ministração de cura interior é tanto para não crentes, como para pessoas consideradas maduras espiritualmente. O objetivo final da ministração é “curar integralmente e restaurar a personalidade, levando ao exercício pleno das nossas potencialidades, motivando para a busca da auto-realização por meio da comunhão com Deus e o próximo”.3 

        Sim, nós desejamos com a ministração que a pessoa tenha comunhão com Deus e com o próximo num amor de doação; segurança e capacidade de assumir compromissos e responder por eles; aceitação de si próprio sem supervalorização, nem depreciação; capacidade para estar aberto a Deus para ser um instrumento para mudar o mundo. 

        Wesley ainda fala de “defeito de caráter”. 

           Ele diz que a alma, enquanto estiver ligada ao corpo, não poderá pensar sem o auxílio dos órgãos corporais. E “sendo estes órgãos imperfeitos, estamos sujeitos a erros especulativos e práticos (...). Sim, e um erro pode fazer com que eu ame  um bom homem menos do que eu devia, o que é um defeito de caráter”. 

        Ele ainda fala que Satanás não perderá a oportunidade de nos jogar contra Deus, usando toda a sua sabedoria e força, para, numa hora de descuido, nos trazer descontentamento, impaciência e inveja de outros. 

        Wesley diz que o pecado permanece dentro do coração daqueles que crêem. 

            “Ele não reina, mas permanece”.4Ele cita exemplos: “Pois aquele que imaginou que todos os pecados tinham desaparecido, ainda sente que há orgulho no seu coração. Está convencido de que tem atribuído mais importância a si mesmo do que devia em muitos aspectos, e de que gostou do louvor que recebeu ...”.5 

            Isso inclui aqueles que foram regenerados, pois o novo nascimento não é ainda santificação, santidade, perfeição cristã. No novo nascimento, é iniciado um processo de santificação. 

        Wesley diz que “onde menos suspeitamos, encontramos um pouco de orgulho ou de obstinação, de descrença ou de idolatria ...”.6 

        Quem poderia pensar que Pedro tivesse algum pecado? Afinal, ele havia sido cheio do Espírito e realizado curas e milagres após o Pentecostes. Mas, um belo dia em que jejuava e orava, o Espírito do Senhor revelou que ele tinha em seu coração preconceito e que deveria mudar (Cf. At 10.9-16). 

    É o Espírito quem nos convence do pecado. Por isso, nas ministrações,  pedimos ao Espírito que revele, que traga à memória aquilo que precisa ser mudado, curado. 

        Sempre pedimos que Jesus realize a cura. É Ele quem pode fazer isso. O ministrante não pode fazer. Ele é apenas um canal, um instrumento nas mãos do Senhor. 

        Em algumas ministrações aparecem pessoas dizendo  que vieram só ver como é o trabalho, pois não têm problema nenhum. Não demora muito para essas pessoas confessarem que agora vêem que precisam de cura da alma. Basta abrir o coração e o Senhor irá revelar e curar. 

        É o Seu propósito. Afinal, nós fomos criados para sermos conforme à imagem de Jesus (Rm 8.29).

 

Notas

1 - BURTNER, Robert - CHILES, Robert. op. cit. p. 180

2 - Idem.

3 - Folheto de Cura Interior da Igreja Metodista do Jardim Botânico produzido por Odilon Chaves.

4 - BURTNER, Robert - CHILES, Robert. op. cit. p. 182.

5 - Idem, p. 184.

6 - Idem, p. 186. 

 

A necessidade da inteira santificação 

 

                 Entendemos, então, que precisamos nos livrar da “Dalila” que está dentro de nós. Só assim o Senhor poderá habitar em nossos corações. 

        Wesley entendia que isso poderia acontecer na nossa existência aqui na terra pela inteira santificação, santificação completa ou perfeição cristã. Sem a inteira santificação é impossível ser salvo de todo pecado. 

        Wesley cita vários versículos para fundamentar sua palavra: “Ele remirá a Israel de todos os seus pecados” (Sl 130.8); “... de todas as vossas iniqüidades e de todos os vossos ídolos vos limparei.” (Ez 36.25); Tendo estas promessas, “purifiquemo-nos de toda impureza, tanto da carne,  como do espírito, aperfeiçoando a nossa santidade no temor de Deus” (2Co 7.1); “O Senhor teu Deus circundará o teu coração, e o coração da tua descendência, para amares ao Senhor teu Deus de todo o coração e de toda a tua alma, para que vivas.” (Dt 30.6). 

           Por fim, ele cita I Tessalonicenses 5.23: “O mesmo Deus da paz vos santifique totalmente, e rogo a Deus para que todo o vosso espírito, alma e corpo sejam preservados irrepreensíveis até a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo”. 

        Aqui há expressões como “toda impureza”, “todos os seus pecados”, “santifique totalmente”. É preciso estar convencido da profunda corrupção do coração para que haja preocupação com a santificação completa, diz Wesley. 

        Esta santificação completa não exclui erros humanos. Ela não torna o ser humano um Deus infalível: “Creio que não existe perfeição nesta vida que exclua essas transgressões involuntárias, as quais penso serem naturalmente conseqüência da ignorância e dos erros inseparáveis da mortalidade”.1  

          Não há perfeição absoluta na terra. “Um cristão é perfeito a ponto de não cometer pecado”.2 O cristão será perfeito como o seu Mestre e o Mestre era isento de todos os sentimentos pecaminosos. 

           Como afirma David Seamands em seu livro A cura das memórias: “O objetivo final não é simplesmente aliviar a dor do passado ou algum nível de sanidade mental e emocional, mas o crescimento à semelhança de Cristo e uma obra de amadurecimento na santificação e verdadeira santidade”. 

        Mas quais são as marcas essenciais, então, de uma pessoa que alcançou a inteira santificação? 

        Ele responde: “... aquele em quem existe a mente que houve em Cristo e que anda como Cristo andou; que foi lavado de todas as impurezas da carne e do espírito; aquele que não é motivo de tropeço para os outros, e aquele que não comete pecado, (...) aquele a quem Deus santificou totalmente o corpo, a alma e o espírito, aquele que anda na luz como Ele está na luz,   não há nenhuma treva, tendo sido lavado de todo pecado pelo sangue de Jesus Cristo, Seu Filho”.3 

        Wesley ainda diz: “A sua alma é realmente toda amor, cheia de entranhas de misericórdia, bondade, mansidão, magnanimidade e tolerância. A sua vida está de acordo com estas qualidades, cheia de obras de fé, da paciência, de esperança e da obra do amor. Tudo quanto faz, quer em palavras, quer em atos, ele o faz em nome, no amor e no poder do Senhor Jesus”.4 

        Em seu diário, Wesley cita exemplos de pessoas que receberam a bênção, como ele também chama, a inteira santificação. Ele conta a experiência do Sr. Fugill que, numa noite após buscar a Deus, experimentou a bênção. E foi na hora da pregação. Diz esse senhor: “... meu coração se enchia mais e mais, até não mais poder. Queria eu estar a sós, para derramar meu coração perante Deus; e, quando cheguei à casa, não podia fazer outra coisa senão louvar e agradecer a Deus. Desde aquele momento, não tenho sentido mais nada a não ser amor; sem pecado de espécie alguma. E espero nunca mais pecar, nem ofender a Deus”.5 

        Os que foram justificados e nasceram de novo não podem deixar de procurar crescer espiritualmente, não podem deixar de se santificar, pois há ainda no crente a natureza má que luta contra o espírito. Os que ensinam o contrário disso, diz Wesley, trazem as piores conseqüências:  “Ela suprime toda vigilância sobre nossa natureza pecaminosa, sobre a Dalila que nos disseram ter-se ido, embora ela ainda repouse contra nosso peito”.6  Por isso ele ainda diz: “Tanto quanto possível, usemos de toda diligência no 'combater o bom combate da fé'. Cada vez mais ativamente, 'vigiemos e oremos' contra o inimigo interior”.7 

        Ele ainda diz para tomarmos toda armadura de Deus para que, quando lutarmos contra a carne e o sangue e também os “principados, poderes e espíritos depravados nos lugares elevados, possamos 'estar firmes no dia mau', e, tendo feito tudo, permanecermos firmes na fé”.8 

        Enfim, devemos ter consciência de que precisamos sempre caminhar para a inteira santificação. Só assim teremos poder sobre a “Dalila”que teima em ficar repousando contra o nosso peito. 

        Em Hebreus 3.13, há uma orientação neste sentido: “... exortai-vos mutuamente cada dia, durante o tempo que se chama Hoje, a fim de  que nenhum de vós seja endurecido pelo engano do pecado”. Adiante diz: “Por isso, pondo de parte os princípios elementares da doutrina de Cristo, deixemo-nos levar para o que é perfeito” (Hb 6.1).

 

Notas:

1 - BURTNER, Robert - CHILES, Robert. op. cit. p. 213.

2 - Idem, p. 218.

3 - Idem, p. 210.

4 - Idem.

5 - WESLEY, João. Trechos do Diário de João Wesley, p. 127.

6 - WESLEY, João, Vol. I op. cit. p. 270.

7-  WESLEY, João, Sermões de Wesley,  p. 271.

8-  Idem, p. 271

 

Palavras sábias 

 

        Wesley fez várias afirmações sobre a cura da alma. Entre elas, estão essas: 

     “... uma ferida não pode ser curada enquanto o dardo estiver encravado na carne.”1

 

     “... nem a cura se opera tão logo seja ele retirado, mas a dor e o sofrimento podem durar por muito tempo depois.”2

 

     “... os métodos de cura das enfermidades espirituais, como das corporais, devem ser tão variados, como são as causas dessas enfermidades.”3

 

     “... todo homem prudente refreará sua alma mantendo-a na humildade.”4 

     “Como somos facilmente levados por esse mal, como sobre uma espécie de sonhar acordado, projetando programas distantes e pintando formosas cenas em nossa imaginação.”5

 

     “Não direi, ademais, que aquela profunda e duradoura tristeza de coração não possa, algumas vezes, abalar mesmo uma constituição forte e lançar os fundamentos de distúrbios físicos que não são fáceis de remover ...”6

 

     “O sucesso de uma advertência depende grandemente do espírito com que é feita (... ). Vê que fales num espírito de mansidão, assim como de serenidade, porque a ira do homem não cumpre a justiça de Deus.”7

 

     “O homem pode estar na graça, embora sinta o pecado: perderá aquela ocasião somente se se submeter ao pecado.”8

 

     “... cada pecado nos faz contrair uma nova dívida para com Deus.”9

 

     “Os que são verdadeiramente mansos, discernem com clareza o que é mau e podem suportá-lo. São sensíveis a todo mal, mas ainda assim se dominam a si mesmos.”10

 

     “Fixa teus olhos na bendita esperança de tua vocação e faze as coisas do mundo a Ele servirem.”11

 

     “Os que são de Cristo, os   que nele permanecem ( ... ) embora sintam em si mesmos a raiz de amargura, são, todavia, dotados do poder do Alto para recalcá-la continuamente debaixo dos pés de modo que não possa florescer para os perturbar.”12

 

     “Podemos, entretanto, humildemente conceber uma razão em virtude da qual Deus fixou essa condição: “Se creres no Senhor Jesus Cristo, tu serás salvo”. Esta razão serve para tirar ao homem todo motivo de orgulho.”13

 

     “Mas o Espírito opera sobre a alma por sua imediata influência, e por uma forte, embora inexplicável, atuação, que apazigua os ventos tempestuosos e as ondas revoltas, fazendo doce bonança ...”14

 

 Notas:

   1 - WESLEY, João. Vol. II, op. cit. p. 417.

   2 - Idem.

   3 - Idem, p. 412.

   4 - Idem, p. 24.

   5 - Idem, p. 82.

   6 - Idem, p. 426.

   7 - Idem, p. 463.

   8 - WESLEY, João. Vol. I, op. cit. p. 270.

   9 - Idem, p. 559.

 10 - Idem, p. 454.

 11 - Idem, p. 362.

 12 - Idem, p. 163.

 13 - Idem, p. 120.

 14 - Idem, p. 221.

 

Referências  bibliográficas 

 

 

        BURTNER, Robert - CHILES, Robert. Coletânea da Teologia de João Wesley, São Paulo, Imprensa Metodista, 1960.       

        CHAVES, Odilon. Passos para uma Cura Interior Plena, Rio de Janeiro, 1994. 

        ENSLEY, Francis Gerald. João Wesley, o Evangelista, São Paulo, Imprensa Metodista, 1960. 

        JONES, Stanley. Enfermidades, Curas e o Espírito Santo, São Paulo, Setor Gráfico do IMS, 1989. 

             SEAMANDS,  Davi. A Cura das Memórias. São Paulo, Editora Mundo Cristão, 1995. 

        MORAES, Renate Jost de. As Chaves do Inconsciente. Rio de Janeiro, Editora Agir, 1985. 

        WESLEY, João. As Marcas de um Metodista, São Paulo, Imprensa Metodista. 

        WESLEY, João. Sermões de Wesley, Vol. I, São Paulo, Imprensa Metodista, 1953. 

        WESLEY, João. Sermões de Wesley, Vol. II, São Paulo, Imprensa Metodista, 1981. 

        WESLEY, João. Trechos do Diário de João Wesley, São Paulo, Imprensa Metodista, 1965.

 

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