Pentecostes para nossos dias

 

 

Odilon Massolar Chaves


 

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Art. 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998. 

Digitação: Liliana Hidd Fonteles

Livros publicados na Biblioteca Wesleyana: 140 

Endereço: https://bibliotecawesleyana.blogspot.com

 Tradutor: Google

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Odilon Massolar Chaves é pastor metodista aposentado, doutor em Teologia e História pela Universidade Metodista de São Paulo.

Sua tese tratou sobre o avivamento metodista na Inglaterra no século XVIII e a sua contribuição como paradigma para nossos dias.

Foi editor do jornal oficial metodista e coordenador de Curso de Teologia.

É escritor, poeta e youtuber.

Toda glória seja dada ao Senhor

Rio de Janeiro – Brasil 

  

"Nosso Pentecoste finalmente chegou"[1], afirmou Wesley, em 1762, "ao contemplar os progressos da obra missionária. Somente em Londres, mais de 400 membros das sociedades testificaram que foram libertos de todo o pecado. Em Liverpool, a sociedade passou por uma verdadeira metamorfose em sua perfeição, e Wesley achou ali um notável crescimento da piedade na maioria dos cristãos"[2].


Índice

 

Introdução

Quando o Pentecostes vem

A pessoa do Espírito Santo

Pentecostes no meio do povo metodista

Os símbolos do Espírito Santo

- Pomba

- Vento

- Fogo

- Tremer o lugar

- Pentecostes

O poder do Espírito Santo

- O dom do Espírito

- Unção do Espírito

- Derramamento do Espírito

- Revestimento da força do alto

- Fruto do Espírito

- Primícia do Espírito

- Penhor do Espírito

- Selo do Espírito

- Testemunho do Espírito

- Cheio do Espírito

- Batismo com o Espírito Santo                                  

- Plenitude do Espírito

Os dons do Espírito Santo

- A Palavra de Conhecimento

- A Palavra de Sabedoria

- A Fé

- Dons de Cura 

- Operações de milagres

- Profecia

- Discernimento de espíritos  

- Variedade de Línguas

- Capacidade de interpretar línguas

Dons e santidade

 

 Introdução 

 

 

O título deste livro – “Pentecostes para nossos dias” – aponta para uma expectativa e vivência entre os metodistas, na Inglaterra, no século 18. Carlos e Wesley esperavam um novo Pentecostes cujo resultado seria trazer santidade e maior participação nos ministérios. 

Carlos Wesley afirmou: "O dia de pentecoste não chegou ainda na sua plenitude; mas não duvido que venha”.[3] Wesley acreditava que os dons do Espírito estão disponíveis para os cristãos hoje. Para ele os dons do Espírito são uma conseqüência natural da santidade genuína e da morada do Espírito de Deus no coração. E ele veio! 

Esse livro aponta para a necessidade de alcançar o alvo final que é a plenitude do Espírito, a santidade bíblica, o caráter de Cristo.  

O Pentecostes no formato de Atos 2 pode não se repetir mais. Mas outros derramamentos do Espírito aconteceram depois. Em Atos também vemos o derramar do Espírito na casa de Cornélio (Atos 10.44-47); Eféso (Atos 19.1-7) etc. Na casa de Cornélio, Pedro disse que eles “também receberam como nós o Espírito Santo” (Atos 10.47). Ele se referiu ao Pentecostes de Atos 2.1-13. O Pentecostes aconteceu quando os judeus celebravam a tradicional Festa de Pentecostes.[4] 

No início, Pedro chamou assim a vinda do Espírito Santo Pedro: “E, quando comecei a falar, caiu sobre eles o Espírito Santo, como também sobre nós ao princípio. E lembrei-me do dito do Senhor, quando disse: João certamente batizou com água; mas vós sereis batizados com o Espírito Santo. Portanto, se Deus lhes deu o mesmo dom que a nós, quando havemos crido no Senhor Jesus Cristo, quem era então eu, para que pudesse resistir a Deus?” (Atos 11.15-17). Pedro aqui se refere ao Pentecostes como “dom” e “caiu sobre eles”. Lucas,  autor de Atos dos  Apóstolos, diz a mesma coisa: “E, dizendo, Pedro ainda estas palavras caiu o Espírito Santo sobre todos os que ouviam a palavra” (Atos 10.44-45). 

O Novo Testamento fala em Pentecostes duas vezes, além de Atos 2. Paulo disse: “Ficarei, porém, em Éfeso até ao Pentecostes” (1Co16.8), mas aqui Paulo se refere a Festa do Pentecostes dos judeus.[5] Sobre a mesma festa, Lucas diz: “Porque já Paulo tinha determinado passar ao largo de Éfeso, para não gastar tempo na Ásia. Apressava-se, pois, para estar, se lhe fosse possível, em Jerusalém no dia de Pentecostes” (Atos 20.16). Posteriormente, o termo “Pentecostes” passou a ser a designação que os cristãos passaram a utilizar para o dia da vinda do Espírito Santo. 

Carlos e João Wesley tinham expectativa de um novo Pentecostes. Carlos Wesley dizia frequentemente: "O dia de pentecoste não chegou ainda na sua plenitude; mas não duvido que venha; e então você verá tantas pessoas santificadas como justificadas."[6] Em 1762, Wesley afirmaria que o Pentecostes finalmente havia chegado e ele viu alguns sinais como o progresso da obra missionária e uma verdadeira metamorfose na sociedade metodista em relação a perfeição cristã. 

Wesley acreditava que os dons do Espírito estão disponíveis para os cristãos hoje. Para ele os dons do Espírito são uma consequência natural da santidade genuína e da morada do Espírito de Deus no coração. 

Ele afirmou: "Não parece que esses dons extraordinários do Espírito Santo fossem comuns na Igreja por mais de dois ou três séculos ... A causa disso não era porque não havia ocasião para eles porque todo o mundo se tornou cristão.  A verdadeira causa foi [que] "o amor de muitos", quase todos os cristãos, assim chamados, estavam "gelados". Esta era a verdadeira razão pela qual os dons extraordinários do Espírito Santo já não se encontravam na Igreja cristã, porque os cristãos voltaram a ser pagãos e só restavam uma forma morta”.[7] O Espírito Santo, os dons e o fruto do Espírito não são opções que podemos ter como cristãos. São necessidades em nossa vida. 

Esse livro aponta para a necessidade de alcançar o alvo final que é a plenitude do Espírito, a santidade bíblica, o caráter de Cristo. Dois líderes do evangelismo mundial, H. Eddie Fox e George E. Morris relatam uma história fantástica em Tonga, onde há um monumento ao Espírito Santo. Eles acreditam que o tempo está maduro para um Pentecostes mundial. 

Para fundamentação bíblica e teológica deste livro, recorremos aos escritos de João Wesley, Bíblia, diversos autores e ao dicionário grego. 

 O Autor 

 

Quando o Pentecostes vem 

 

Pentecostes não vem simplesmente com cânticos de fogo ou ministrações onde as pessoas caem. Neste caso, pode haver manifestação do poder de Deus ocorrendo dons, danças espirituais, curas e outros fenômenos, mas isso não é ainda o Pentecostes e não é garantia de ser algo transformador e permanente. Esse movimento pode até levar para um Pentecostes, mas não podemos confundi-lo com o Pentecostes. 

No Pentecostes em Atos 2 ocorreram muitas manifestações do poder do Espírito: 

O poder sobrenatural dos discípulos pregarem e os outros povos entenderem (Atos 2.8) foi algo para aquele momento histórico e não necessariamente terá que ocorrer quando houver um novo Pentecostes: “E, quando aquele som ocorreu, ajuntou-se uma multidão, e estava confusa, porque cada um os ouvia falar na sua própria língua” (Atos 2.6). A manifestação das línguas neste Pentecostes foi para que as 14 nações presentes ouvissem a Palavra em sua própria língua. 

Mas houve ainda outras manifestações do poder de Deus, que devem ocorrer num genuíno Pentecostes: 

- O poder da autoridade espiritual. Pedro pregou com ousadia para os judeus (Atos 2.14); 

- O poder de ministrar a Palavra fixando impressões salvadoras na mente dos ouvintes com grandes frutos (Atos 2.41); 

- O poder de perseverar para viver uma vida santa (Atos 2.42) e isso incluía uma vida de submissão aos apóstolos, prática e fidelidade à doutrina ensinada, vida de oração, vida de comunhão com o povo de Deus. 

- O poder da fé para curar. Pedro disse que não tinha dinheiro para esmola, mas tinha o poder de curar em nome de Jesus (Atos 3.6, 16); 

- O poder da coragem para testemunhar em meio às adversidades (Atos 4.31,33). Pedro e João haviam acabado de sair da prisão e foram ameaçados, se pregassem de novo a Palavra. Mas eles não pararam; 

- O poder de viver unido como Corpo de Cristo (Atos 4.32). Isso só foi possível porque o EU foi crucificado e eles se tornaram servos e servas uns dos outros; 

- O poder de uma vida de abnegação e de amor para repartir e suprir as necessidades de cada um (Atos 4.33-34). 

É saber que o cessationismo (a crença de que os dons cessaram depois que os apóstolos morreram) foi generalizada durante o tempo de João Wesley e ainda com falta de fundamentação bíblica para esta tomada de posição.  

“Portanto, Wesley foi um dos precursores ao declarar a necessidade de que os dons sobrenaturais de Deus sejam vivenciados hoje. Wesley acreditava que não era possível apenas que  as  pessoas em seu tempo falassem em línguas e experimentassem os outros dons milagrosos do Espírito Santo, mas que era  necessário!”[8]  

Biblicamente e historicamente, o Pentecostes vem quando há dependência completa de Deus ou entrega total ao Senhor. Isso inclui as orações fervorosas e o arrependimento. 

Wesley relata sobre esta verdade: “(...) Deus respondeu às nossas orações. Parecia que as portas do céu foram abertas.”[9] As orações, o arrependimento, a adoração e a santidade tocam no coração de Deus. 

Para Wesley: “O mesmo Espírito que conduz o pecador arrependido a Cristo e lhe permite confessar  ´Jesus é Senhor´ (1Co 12.3) faz-nos não apenas andar uniformemente como Cristo andou (1Co 11.1) como também ter o mesmo sentimento que nele houve, a saber, o de esvaziar-se a si mesmo e identificar-se com  a nossa humanidade, nossa  miséria, nosso pecado e nossas contradições, a  fim de nos remir (...).”[10] 

O derramar do Espírito ocorria nas ministrações de João Wesley porque havia a busca de santidade e clamor de todo coração. Wesley sabia que “(...) onde não se encontra o poder de Deus, o trabalho enfraquece.”[11] 

Havia manifestações espirituais que Wesley descrevia as pessoas como sendo fulminadas, feridas pela espada do Espírito, tomadas de fortes dores. Algumas caíam de joelhos, outras tinham estranhos acessos, mas ele registra ainda que a maioria era aliviada pela oração e alcançava a paz.[12] Mas isso não era ainda Pentecostes. 

Em 1749, Wesley relatou sobre algumas manifestações no final do culto: “Quando, enfim, despedi o povo com a benção, ninguém se mexeu; ficaram todos nos seus lugares, enquanto eu ia passando no meio deles. Logo se ouviu uma pessoa que gritou: ´Meu Deus, meu Deus, tu te esquecestes de mim´. Tendo dito isto, caiu no chão. Oramos a Deus em favor dela. Seus gritos junto com de muitos outros, clamando a Deus, se aumentaram. Mas nós continuamos lutando com Deus em oração, até que Ele nos atendeu com a paz.”[13] Mas isso não era ainda Pentecostes. 

Wesley fala de um avivamento ocorrido em 1767 em Cork: “Estive aqui quando a chama do avivamento estava mais alta, e preguei ao ar livre, no centro da cidade e no lado sul, perto do quartel, e diversas vezes em Blackpool, que fica ao norte. Mais e mais interessados, e houve aqui avivamento maior do que em qualquer outra parte do reino”.[14] 

Wesley acreditava que o Pentecostes traria transformações profundas e muitas pessoas seriam justificadas e santificadas. 

O Pentecostes vem quando há verdadeira adoração ao Senhor e clamor de todo coração. Foi assim com Paulo e Silas presos na cadeia. “Por volta da meia-noite, Paulo e Silas estavam orando e cantando hinos a Deus; os outros presos os ouviam. De repente, houve um terremoto tão violento que os alicerces da prisão foram abalados. Imediatamente todas as portas se abriram, e as correntes de todos se soltaram” (Atos 16.25-26). 

O Pentecostes, o poder de Deus se manifesta quando há profundo arrependimento. Deus visita, então, poderosamente o Seu povo: “E se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra. Agora estarão abertos os meus olhos e atentos os meus ouvidos à oração deste lugar” (2 Crônicas 7.14-15). 

Em 1907, aconteceu o chamado “Pentecoste coreano”. O sinal maior foi quebrantamento, confissão de pecados e arrependimento “(...) por parte dos pastores e missionários americanos, bem como dos crentes coreanos, da Igreja Presbiteriana. Longe de ser o ‘reavivalismo’ característico do evangelismo moderno, onde a ênfase é nas manifestações carismáticas e em libertação dos males temporários, o avivamento coreano pregava santidade de vida, confissão de pecados, testemunho pessoal e vida cheia do Espírito Santo. Após a visitação do Espírito ocorrida em Pyongyang em 1907, milhares de coreanos experimentaram uma genuína obra de conversão”.[15]  

O exemplo histórico dos moravianos ocorrido em 1727 é notável. Os moravianos eram cristãos de diferentes países que fugiam de perseguições religiosas. Foram acolhidos pelo conde Zinzendorf, na Moravia. Eles viviam juntos, mas guardavam ressentimentos e tinham posições divergentes. Algo precisava ser feito para eles permanecerem juntos e mais ainda, unidos. 

No dia 5 de agosto de 1727 passaram a noite em oração e fizeram a Aliança Fraternal. 

O amor fraternal e a unidade em Cristo seriam as correntes douradas que os ligariam uns aos outros. “Os irmãos prometeram, um por um, que seriam verdadeiros seguidores do Salvador. Vontade própria, amor próprio, desobediência – eles se despediram de tudo isso. Procurariam ser pobres de espírito; ninguém deveria buscar seu próprio interesse. Cada um se entregaria para ser ensinado pelo Espírito Santo.”[16] 

“No dia 13 de agosto, mais ou menos ao meio-dia, numa reunião onde se celebrava a ceia do Senhor, o poder e a benção de Deus vieram de forma tão poderosa sobre o grupo inteiro que tanto o pastor como o povo caíram juntos no pó diante de Deus e nesse estado de mente continuaram até a meia-noite, tomados de oração e cântico, choro e suplicas”.17] 

A oração os uniu e trouxe um novo derramar do Espírito Santo. Os quatro anos seguintes foram tempos de avivamento constante. A reunião de oração continuou 24 horas por dia durante cem anos. Eles iniciaram um movimento missionário mundial.

 Em sua viagem de navio para Savannah, em 1736, Wesley os conheceu e ficou impressionado com a seriedade de seu comportamento, fé, doçura e verdadeira humildade que tinham. Segundo Wesley, eles eram isentos de espírito de medo, orgulhoso, ira e vingança.[18] 

Era comum o avivamento, reavivamento, derramar do Espírito ou Pentecostes no movimento metodista. Wesley disse: “Aprouve a Deus derramar Seu Espírito em todas as partes, tanto na Inglaterra como na Irlanda, e de uma maneira tal que nunca sequer vimos antes, pelo menos nestes últimos vinte anos.”[19] 

O avivamento em Dublin foi o mais notável para Wesley. Teve início com um pregador chamado João Manners, pessoa singela e sem eloquência, mas que parecia destinada a essa obra. João Wesley descreveu o que viu: “Essa gente está tomada pelo fogo divino; nunca presenciei dias como o domingo passado. Enquanto orava na sociedade, o poder de Deus tomou conta de nós completamente, e alguns exclamavam em voz alta, ‘Senhor, já posso crer.”[20] 

Ele pregou em cima do túmulo de seu pai, por ter sido impedido de pregar no templo anglicano, em Epworth: “Neste local, algumas vezes, sua voz era abafada pelo choro e clamor dos ouvintes e diversos caíram como se estivessem mortos. Ele disse: Meu pai trabalhou aqui durante quase 40 anos; mas houve pouco fruto. Eu sofri também entre este povo, e parecia que os meus esforços eram feitos em vão, mas os frutos aparecem agora.”[21] 

Samuel Wesley, seu pai e pastor, havia dito para João Wesley esperar porque o Pentecostes viria. O Pentecostes também é possível em nossos dias. Ele pode demorar, mas se perseverarmos e o buscarmos dentro dos princípios bíblicos, ele vira. 

 

A pessoa do Espírito Santo 

 

É importante conhecer o que a Bíblia ensina sobre o Espírito Santo para que possamos saber como nos relacionar com Ele. 

A promessa de Jesus é que enviaria o Consolador para estar para sempre conosco: “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre” (João 14.16). 

“Wesley acreditava também na ‘personalidade’ do Espírito Santo. Repetidamente faz uso de pronomes pessoais e imagens ao descrever o Espírito na relação com os seres humanos. Uma leitura dos Hinos dos Wesleys na trindade revela uma concepção do Espírito Santo como ‘uma presença viva, ativa, ‘pessoal’ que entra em uma amizade interpessoal intima com o homem (...).”[22] 

Mais do que um poder, uma energia ou um dom, o Espírito Santo é uma pessoa e faz parte da Trindade: Deus-Pai, Deus-Filho, Deus-Espírito Santo. Podemos dizer que Ele é Deus em nós. 

Wesley disse assim sobre o Espírito Santo: “Creio no Espírito infinito e eterno de Deus, igual ao Pai e ao Filho, não somente perfeito em si mesmo, mas sendo a causa de toda a nossa perfeição. Aquele que ilumina nosso entendimento, retifica a nossa vontade e afeições, renova a nossa natureza, une a nossa pessoa com Cristo, dá-nos a certeza da nossa adoção como filhos, guia-nos em nossas ações, purifica a nossa alma e nosso corpo para gozo completo e eterno de Deus.”[23] 

A expressão grega utilizada para dizer "Espírito" no Novo Testamento, bem como "espírito humano" é  pneuma. Em relação ao Espírito, 'pneuma' aparece cerca de 335 vezes no Novo Testamento. Os livros onde aparece mais são: Atos (68), 1Coríntios (40), Lucas (37), Romanos (32), Apocalipse (24), Marcos (23), João (23), Mateus (19), Gálatas (16), Efésios (14), etc. 

Nos livros de Filemon e 2º e 3º João não aparece a expressão "Espírito", contudo, sabemos que os apóstolos João e Paulo mencionam nos seus outros livros sobre o Espírito Santo. 

Nos livros do Antigo Testamento a tendência maior é colocar o Espírito como sendo de origem divina (Ex 31.1-3; 2Cr 24.20-21), mas não como tendo uma personalidade. Em diversas ocasiões (Nm 11.17; Jz 14.6; Mq 3.8) o Espírito é descrito mais como sendo uma força, um poder divino. 

No Novo Testamento aparecem algumas expressões sobre o Espírito Santo: apagar o Espírito (1Ts 5.19); selado com o Espírito (Ef 1.13); derramado o Espírito (Tt 3.6) etc.   

Mas, como veremos mais detalhadamente à frente, o Espírito tem uma personalidade. É uma pessoa. Por isso mesmo, ele faz parte da Trindade (Mt 28.19; 2Co 13.13). 

O fato é que pela mente humana não vamos entender as coisas espirituais. Pela razão não vamos entender a Trindade e muito menos o Espírito Santo. Paulo conclui dizendo que o Espírito é o próprio Jesus. É o próprio Deus. Sim, o Espírito não é simplesmente uma energia. Ele é divino, Ele é Deus em nós (Jo 14.17). Por isso, Paulo fala que Jesus é o próprio Espírito (2Co 3.17) e a Bíblia fala em "Espírito de Deus" (1Co 2.14) e "Espírito de Jesus" (At 16.7).             

Se no Antigo Testamento o Espírito era muito mais um poder, em Jesus e com Jesus Ele tem uma personalidade, pois Ele atuou plenamente no Filho de Deus. Por isso, Jesus disse que enviaria o Espírito aos discípulos. O Espírito se torna o "executor" ou o continuador da obra de Jesus. Ele lembrará e ensinará tudo o que Jesus disse aos discípulos (Jo 14.26). Sim, é através do Espírito que Jesus voltará ao coração de cada discípulo (Jo 14.16-18); Ele glorificará a Jesus e anunciará o que receber de Jesus (Jo 16.14) etc.            

O Espírito é divino, mas o Novo Testamento procura descrevê-lo com traços humanos para mostrar que Ele é uma pessoa.       

A Bíblia descreve sua personalidade: Ele fala (At 8.29); escolhe (At 13.2); envia (At 13.4); impede de ir a determinado lugar (At 16.6); ensina (Jo 14.26); geme (Rm 8.26); conhece (1 Co 3.11) etc.         

 Só há um Espírito (Ef 2.18 4.4), mas o Espírito recebe cerca de vinte nomes. Esses nomes mostram sua origem: Espírito de Cristo (Rm 8.9); Espírito de Jesus (At 16.7); Espírito do Deus vivo (2Co 3.3); Espírito do Senhor (2Co 3.17).        

Eles mostram sua função: Espírito de Santidade (Rm 1.4); Espírito da Verdade (Jo 14.17); Espírito da vida (Rm 8.1-2).         

Eles mostram suas características: Espírito Santo (At 6.5); Espírito Eterno (Hb 9.14); Espírito da Graça (Hb 10.29); Espírito da Glória (I Pe  4.14) etc. 

 A Bíblia ainda fala dos seus diferentes nomes: Espírito (1Co 2.13); A Promessa (At 2.38-39); Espírito da Promessa (Ef 1.13); Paráclito (Jo 14.16); Espírito de Seu Filho (Gl 4.6); Espírito de nosso Deus  (1Co 6.11) etc.   


Pentecostes no meio do povo metodista 

     

Para muitos o Pentecostes aconteceu só no tempo da Igreja Primitiva, mas a própria Bíblia nos ensina que o derramamento do Espírito aconteceu diversas vezes (Atos 8.14-17; 10.44-45; 19.1-6). Só não era chamado de Pentecostes porque a Igreja ainda não tinha a tradição de chamar a vinda do Espírito Santo (Atos 2.1-13) como Pentecostes. 

Jesus disse muito claramente que, se pedirmos o Espírito Santo, o Pai nos dará: "(...) quanto mais o Pai celestial dará o Espírito Santo 'aqueles que lho pedirem (...)" (Lc 11.13). 

Foi por estarem em oração que houve uma manifestação grande do poder de Deus sobre diversos metodistas no dia 1º de janeiro de 1739. Wesley disse: “Pelas 3 horas da manhã, enquanto nos mantínhamos em oração, o poder de Deus veio poderosamente sobre nós, de tal modo que muitos clamaram de indizível alegria, e muitos caíram por terra.”[24]  

O Senhor pode também derramar o Seu Espírito Santo para ficarmos cheios, plenos. E esta possibilidade vem por um propósito nosso (Efésios 5.18). Foi o que aconteceu com os discípulos. Após o Pentecostes, eles haviam ficado cheios do Espírito (At 2.5). Com as lutas e ameaças das autoridades, eles haviam se desgastado e precisavam novamente de toda capacidade vinda do Espírito. Então pediram ao Senhor: "(...) agora, Senhor, olha para as suas ameaças, e concede aos teus servos que anunciem com toda a intrepidez a tua palavra" (At 4.29).   

O resultado veio logo: "Tendo eles orado, tremeu o lugar onde estavam reunidos; todos ficaram cheios do Espírito Santo, e, com intrepidez, anunciavam a palavra de Deus" (At 4.31). 

Na casa de Cornélio (Atos 10.44-47); com os discípulos de João Batista, em Éfeso (Atos 19.1-6) também o Espírito Santo foi derramado. 

Em Samaria, João e Pedro oraram para que os novos convertidos recebessem o Espírito Santo: “Os apóstolos, pois, que estavam em Jerusalém, ouvindo que Samaria recebera a palavra de Deus, enviaram para lá Pedro e João. Os quais, tendo descido, oraram por eles para que recebessem o Espírito Santo (Porque sobre nenhum deles tinha ainda descido; mas somente eram batizados em nome do Senhor Jesus).Então lhes impuseram as mãos, e receberam o Espírito Santo” (Atos 8.14-17). Em todos esses lugares houve um derramar do Espírito, houve um Pentecostes. 

Para João Wesley, o pentecostes, missão e santidade estão interligados: “Nosso Pentecoste finalmente chegou’, disse em 1762, ao contemplar os progressos da obra missionária. Somente em Londres, mais de 400 membros das sociedades testificaram que foram libertos de todo pecado. Em Liverpool, a sociedade passou por uma verdadeira metamorfose em sua perfeição.”[25] 

 

Em 1781, Wesley publicou na Revista Arminiana um texto do metodista Joseph Benson, que disse: “Admitindo que (eu penso) nem a Razão, nem as Escrituras nos proíbem de aceitar que Deus pode, e que Ele freqüentemente o faz instantaneamente assim batizar uma alma com o Espírito Santo, e com fogo, de maneira a purificá-la de toda impureza, e refiná-la como ouro; de maneira a renová-la no amor, no amor puro e perfeito, como ela nunca fora antes.”[26]

 

Para Wesley, Pentecostes é amor entronizado no coração. “Em seu sermão “Sobre o Zelo” (1781), Wesley disse: “Esta é aquela religião que nosso Senhor estabeleceu sobre a terra, desde a descida do Espírito Santo no dia de Pentecoste … amor entronizado no coração” [= inteira santificação]. Wesley acreditou que a inteira santificação não se tornou uma possibilidade, até o dia de Pentecoste.”[27]

Wesley acreditava nos dons espirituais para a sua época. "Um estudo cuidadoso das Obras de Wesley e, em particular, das vidas dos primeiros pregadores metodistas revela evidências que todos os dons espirituais listados em 1 Coríntios 12: 8-10 foram exercidos, com a única exceção da interpretação das línguas.”[28]  

João Wesley registrou no diário diversos momentos em que eles clamaram, perseveraram até que o Espírito do Senhor fosse derramado. Dentre esses relatos, estão:

- 10/07/1767: "(...) Deus respondeu às nossas orações. Parecia que as portas do céu foram abertas;"[29]

- 09/10/1768: "(...) não cessaram de clamar a Deus enquanto não foram atendidos. Deus lhes transbordou o coração de alegria."[30] 

- 19/05/1769: "(...) oramos por avivamento no trabalho do Senhor (...) desta feita Deus tocou o coração do povo, e até o coração daqueles que estavam mortos no pecado."[31]

Apresentamos alguns relatos maravilhosos e marcantes do mover do Espírito Santo. 

João Wesley escreveu em seu diário diversas experiências que as comunidades metodistas tiveram com o Espírito Santo, no século 18, dentre elas: 

 

   Pentecostes metodista em 1739 

      

Não somente o dia 24 de maio de 1738 foi marcante na vida de Wesley. Ele registra o primeiro derramar do Espírito Santo sobre mais de sessenta metodistas, que passavam a noite de vigília, em 1739, em Londres, realizando a Festa Ágape: 

"Janeiro, 1, 1739. Mr.Hall, Kinchin, Ingham, Whitefield, Hutchins e meu irmão Carlos estavam presentes 'a nossa festa de amizade em Fetter Lane, com mais sessenta de nossos irmãos. Pelas 3 horas da manhã, enquanto nos mantínhamos em oração, o poder de Deus veio poderosamente sobre nós, de tal modo que muitos clamaram de indizível alegria, e muitos caíram por terra. Logo que recobramos um pouco daquele espanto e do temor que nos sobreveio da presença da Majestade Divina, entoamos em uma  só voz: ´Louvamos-Te, ó Deus, reconhecemos a Ti como Senhor."[32] 

"Essas demonstrações da obra do Espírito Santo levaram Wesley a refletir sobre sua própria vida espiritual afirmando que no passado ele não era um cristão, "pois um cristão é alguém que tem os frutos do Espírito de Cristo,"[33] o que ele afirmava não ter tido no passado. 

Sua mente foi aberta mais nesse ano ao ler as obras do avivalista Jonathan Edwards e percebeu novas possibilidades da ação do Espírito entre o povo. 

 

Reavivamento de Bristol em 1739 

       

Visitando Britol, Wesley registrou em seu diário que em muitas ocasiões as pessoas foram ´fulminadas', ´feridas pela espada do  Espírito'.

Wesley diz que elas foram “tomadas de fortes dores' ou ´caiam de joelhos' nas reuniões da sociedade; a mesma coisa  começou a acontecer ocasionalmente nos ofícios públicos em Newgate e em outros lugares."[34]      

Esse fato era comum com o mover do Espírito, naquele tempo. "(...) em Bristol, João Wesley viu a ação do Espírito da maneira que havia apenas lido na descrição de Jonathan sobre o reavivamento na Nova Inglaterra."[35]

 

Manifestação do poder de 1750

 

Wesley escreveu em seu diário, em 18 de fevereiro de 1750:

"Hoje, também, onde nos reunimos, Deus manifestou seu poder; mas particularmente em nossa Festa de Amor. A simplicidade com que muitos falaram, declarando a maneira como deus lhes tinha falado, inflamou o coração de outros; e a chama se espalhou mais e mais, e, tendo ficado quase uma hora mais do que o costume, estávamos constrangidos por ter de separar-nos."[36]

O Pentecostes de 1762

Em 1761 já havia um avivamento nas sociedades. A melhor prova era de que levavam a sério a Missão. Em Dublim, o avivamento foi grande promovido por um pregador chamado João Manners. "Essa gente está tomada pelo fogo divino",[37] afirmou Wesley.      

Apesar disto, ele escreveu em 28 de outubro de 1762, em seu diário sobre afirmações de seu irmão Carlos Wesley: "O dia de pentecoste não chegou ainda na sua plenitude; mas não duvido que venha; e então você verá tantas pessoas santificadas como justificadas."[38]

Em 1962 foi notório o mover do Espírito Santo. Wesley afirmou: "Aprouve a Deus derramar seu Espírito este ano."[39] Foi um avivamento contínuo por  mais de 20 anos. O avivamento começou em uma reunião caseira para oração, cântico de hinos e conversas sobre a necessidade de santificação.[40]

"Nosso Pentecoste finalmente chegou"[41], afirmou Wesley, em 1762, "ao contemplar os progressos da obra missionária. Somente em Londres, mais de 400 membros das sociedades testificaram que foram libertos de todo o pecado. Em Liverpool, a sociedade passou por uma verdadeira metamorfose em sua perfeição, e Wesley achou ali um notável crescimento da piedade na maioria dos cristãos."[42] 

A expectativa sobre a vinda do Pentecostes metodista “foi dramaticamente cumprida entre os anos 1758-1763. No final do último ano, Wesley refletiu: ‘Aqui, fiquei de pé e olhei para trás sobre as ocorrências tardias. Antes de Thomas Walsh ter deixado a Inglaterra em 13 de abril de 1758, Deus havia começado esse excelente trabalho que Ele continuou desde então sem qualquer intervalo considerável. Durante todo esse tempo, muitos foram convencidos do pecado, muitos justificados e muitos desviados curados. Mas o trabalho peculiar desta temporada foi o que São Paulo chama de ‘o aperfeiçoamento dos santos’. Muitas pessoas em Londres, em Bristol, em York, e em várias partes da Inglaterra e da Irlanda, experimentaram uma tão profunda e universal mudança que antes não tinham imaginado entrar em seus corações. Depois de uma profunda convicção de pecado inato, de sua queda total de Deus, eles foram tão cheios de fé e amor (e geralmente em um momento), que o pecado desapareceu” (...).[43]

Contudo, os anos de Pentecostes também foram anos de provações para Wesley em relação ao clero anglicano e a unidade entre os metodistas.

Mas havia a graça de Deus. Em seu diário, em 28 de abril de 1762, ele escreveu que após o sermão tiveram uma Festa de Amor: "Foi hora deliciosa. Deus derramou abundantemente seu Espírito sobre nós. Muitos ficaram cheios de consolação."[44]

 

Reavivamento em Weardale em 1772

 

Em Weardale, a característica da ação do Espírito Santo era semelhante aos outros reavivamentos: surgimento inesperado, rápido progresso, grande numero de conversões, emoções violentas e o povo simples que o liderou.

A diferença foi que "este era um verdadeiro reavivamento do trabalho, não um começo; o povo foi despertado e justificado em tempo muito mais curto; um número maior foi convertido; o número de visões e revelações ´fatalmente fabricadas pelo diabo' foi bem menor; e o grupo de liderança incluía três pregadores itinerantes que foram ´renovados em amor.”[45]

Encorajando ao reavivamento em1784

 

Wesley encorajou os metodistas da Nova Inglaterra (Estados Unidos) a passarem pelo reavivamento como ocorria na Inglaterra. Ele disse: "Verdadeiramente esses são os símbolos de nossa missão, prova de que Deus nos enviou. Sessenta mil pessoas volvendo suas faces para o céu, e muitas delas se regozijando em Deus Seu salvador."[46] 

O Pentecostes em Tonga 

 

Há muitos anos, Tonga tem sido governada por um rei, um cristão comprometido na Igreja Wesleyana Livre. Tonga é conhecida como as “ilhas amigáveis”. A hospitalidade tem sido maravilhosa. 

Em Tonga ocorreu um maravilhoso Pentecostes, um mover do Espírito que mudou o país. Missionários metodistas enfrentaram grandes dificuldades na evangelização dos habitantes da ilha. Alguns morreram, mas algo maravilhoso aconteceu:     

“A história de Tonga está ligada ao metodismo e a algo que aconteceu na ilha ‘Itui, que tem cerca de 3 mil pessoas: “Em 3 de julho de 1834 um milagre aconteceu em ‘Itui que teria um impacto em todo o Pacífico Sul. Um grupo de fiéis cristãos metodistas reuniu-se num campo perto da vila para jejuar e orar. Durante esta reunião de oração, as pessoas experimentaram uma visitação pentecostal. O Espírito Santo desceu sobre as pessoas com tal poder que toda a comunidade foi transformada. As pessoas sentiram-se abrasadas neste ‘Pentecostes Tonganiano’ a espalhar o evangelho através de todo o reino de Tonga. A igreja cresceu com rapidez impressionante. Novas congregações foram estabelecidas em todo o reino.  

Em 1835 tonganianos subiram em suas canoas marítimas, e o poder do Pentecostes os empurrou 800 quilômetros a oeste para compartilhar o evangelho com seus vizinhos nas ilhas Fiji. Um ano depois eles viajaram pelo mar 540 quilômetros ao norte até Samoa para testemunhar o evangelho aos seus antigos e ferrenhos inimigos. Este é um dos mais notáveis fatos na história da atividade missionária”. 

Um monumento foi erguido para comemorar a visitação do Espírito Santo. 

Uma experiência maravilhosa com o Espírito Santo aconteceu também em Tonga (compostas de diversas ilhas) com H. Eddie Fox, que era Diretor Mundial de Evangelismo do Conselho Mundial Metodista, e George E. Morris, que pertencia ao Instituto Metodista de Evangelismo Mundial. Eles relatam esse fato no livro Anunciemos o Senhor. H. Eddie Fox e George E. Morris ao visitarem o país e saberem como o Espírito Santo havia sido derramado no passado, “queriam ajoelhar nesta terra santa a fim de orar por um novo derramamento do Espírito Santo e um Pentecostes mundial. Nosso estudo da história da Igreja nos ensinou que houve um Pentecostes em Jerusalém, um Pentecostes Wesleyano, e um Pentecostes tonganiano. Acreditamos que o tempo está maduro para um Pentecostes mundial.     

Um dos momentos mais comoventes de nossas vidas ocorreu num grande culto ao ar livre em 20 de janeiro de 1991, em ‘Itui. Depois de um sermão sobre a necessidade do batismo do Espírito Santo, nós dois nos ajoelhamos diante do marco comemorativo do Pentecostes tonganiano e pedimos aos líderes da Igreja Metodista de Tonga que impusessem suas mãos sobre nós e orassem para que Deus nos desse poder para realizar o ministério para o qual havia nos chamado. Enquanto os líderes estavam orando, espontaneamente, homens e mulheres de ‘Itui vieram à frente e caíram prostrados em terra. Todos começaram a orar fervorosamente por um Pentecostes mundial e por nós. Após uma longa sessão de oração, pessoas de ‘Itui e da região vieram à frente pedir-nos a imposição de mãos para o recebimento do Espírito Santo. Milagrosamente, o espírito de reavivamento começou em ‘Itui. Nos dias subsequentes, experimentamos o mesmo derramamento do Espírito em Neiafu, Ha’ apai, e ‘Eua. As pessoas respondiam às centenas e vinham à frente para receber o Espírito Santo e para comprometerem-se com o testemunho de sua fé. 

Esta experiência confirmou em nós a convicção de que estamos na alvorada de um novo Pentecostes mundial que está produzindo um novo movimento missionário mundial. Por todo o mundo o Espírito está movendo, dando às pessoas a coragem e o poder para pregar e testemunhar. Mais e mais pessoas estão obedecendo ao Espírito, e como o salmista estão dizendo, digam-no os remidos do Senhor.”[47] 

Outra maravilhosa experiência com o mover do Espírito Santo ocorreu com o missionário metodista W.R.Lambuth, no Japão, no ano de 1890. Lambuth foi médico e missionário na China, África, Japão. Posteriormente, se tornou bispo e supervisionou a Missão Metodista no Brasil, na primeira década do século 20. 

O redator do Expositor Cristão, Jornal oficial da Igreja Metodista, relatou a experiência na primeira página e colocou na introdução o seguinte: 

“Houve um avivamento religioso todo especial na cidade de Oita, Japão, em maio de 1890. O trabalho evangélico estava sendo perseguido fortemente e corria o perigo que a Igreja Católica Romana correu anos atrás quando foi exterminada. A perseguição humilhou os crentes e os obreiros. Entregaram-se à oração, buscando o poder lá do alto sobre eles e sua obra. Deus foi propício e derramou o seu Espírito Santo abundantemente sobre os seus servos; mas não foi a primeira vez. Antes mesmo da chegada à Oita, do dr. Lambuth e dois dos seus colegas de trabalho, os drs. Yoskioto e H. Nakamura, já o Espírito Santo se havia manifestado no meio da Igreja.     

O dr. Wainright era o pregador a cargo e sentia a força da perseguição, e o dr. Lambuth como superintendente da Missão sentia uma grande responsabilidade em dirigir o trabalho. Nessas condições ambos se entregaram a oração constantemente. Vamos deixar o dr. Wainright contar o que se deu numa reunião de oração.”[48]     

“Não estamos bem certos se teria sido o último dia do ano ou dois ou três dias mais cedo. Na véspera de um culto que tinha sido anunciado à noite para a congregação, quatro de nós ajoelhamos em oração no meu quarto, às 4 horas da tarde, a saber: W.R.Lambuth, Y.Yosrioka, H. Nakamura e eu. Depois de passar algum tempo ajoelhados e enquanto o dr. Lambuth estava orando, uma coisa estranha se deu. Enquanto orava deliberadamente, de repente a sua voz começou a enfraquecer gradualmente até que não se pôde mais ouvir. Entendemos pela sua linguagem que sentia a presença de Deus de maneira excepcional. Ele rogava a Deus que fosse livrado da opressão, que as suas forças não mais podiam agüentar. O que o perturbou e o amedrontou foi a percepção de que Deus lhe estava perto e misteriosamente visível. 

A falta de suas forças, que nos poderia ter alarmado, não nos causou qualquer perturbação, e ao mesmo tempo parecia que a sua vida estava desaparecendo. Quando a sua voz ficou fraca até ao ponto de desaparecer, ele começou a invocar o nome de Jesus, pedindo-lhe que ficasse entre ele e a presença real de Deus. Este pedido foi atendido, pois logo em seguida começou a voltar a si tendo uma visão clara de aproximação de Cristo. Foi neste ponto, em que principiou a recuperar as forças, que uma onda espiritual passou pela sala. Os fardos que tinham pesado sobre nós por meses desapareceram. Os nossos espíritos ficaram libertados e a nossa alegria era tanta que não sabíamos se estávamos no corpo ou fora do corpo. O tempo ia passando e antes de levantar os nossos joelhos a empregada veio nos chamar para o jantar.     

A nossa primeira experiência foi tão viva e tão cheia de gozo que não nos lembrávamos de outra qualquer coisa. Todos os Cenáculos não se acham somente em Jerusalém, mas lá naquele lugar distante Deus tinha derramado o seu Espírito sobre nós como fez sobre os apóstolos, no princípio’.A reunião que logo em seguida se realizou no salão de cultos foi caracterizada pela manifestação do poder do Espírito Santo sobre o povo. Muitas pessoas se converteram nessa ocasião. Desse dia em diante a causa de Cristo prosperou na cidade de Oita. Foi uma grande vitória para a causa do Mestre.”[49] 

  

Os símbolos do Espírito Santo 

      

Para Wesley, o Espírito Santo pode vir sobre as pessoas “como uma torrente enquanto experimentam o poder dominador da graça salvadora (...). Mas Ele opera em outros de maneira muito diferente: Ele exerce a sua influencia de maneira delicada, refrescante como o orvalho silencioso.”[50] 

Wesley compara aqui o Espírito Santo a um derramamento e a um orvalho. São expressões para falar da ação do Espírito Santo em nossas vidas. 

A Bíblia utiliza diversos símbolos para falar do Espírito Santo. Entre os principais estão estes: 

                                                                                         Pomba  


Este símbolo do Espírito está relacionado com a criação e com a vida. É o que nos mostra Gn 1.2: "O Espírito de Deus pairava por sobre as águas" trazendo assim a vida ao mundo caótico, mundo vazio e sem vida. "Pairar" aqui tem o sentido de "chocar". Seria como se o Espírito - à semelhança de uma ave (pomba) - estivesse chocando o mundo para ele nascer.     

Após o dilúvio, a pomba trouxe um ramo verde de oliveira (Gn 8.11), significando assim que estava sendo começada uma nova Era. No mesmo sentido, no batismo de Jesus, o Espírito desceu em forma de pomba, significando ali que Jesus Cristo estava começando uma nova Criação (Mt 3.16; Mc 1.10; Lc 3.21; Jo 1.32).Por outro lado, a pomba é símbolo de pureza e era utilizada também para o sacrifício, que traria perdão aos culpados (Lv 5.7; Lc 2.24). Assim, podemos dizer que ao descer e permanecer em Jesus, na forma de pomba. Cristo tornou-se simbolicamente a "pomba" que, através do seu sacrifício, salvaria o mundo do pecado (Hb 9.14). Assim, como ele é o Cordeiro, é também a Pomba.

  Vento      


No Pentecostes aconteceu este vento: "De repente veio do céu um som, como de um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam assentados" (At 2.2). O vento significa, em muitas partes do Antigo Testamento, o hálito das narinas de Deus. Os textos bíblicos de Ex 15.8; 2Sm 22.16; Sl 18.15 registram este fato.     

É através deste sopro que vem o fôlego da vida: "Então formou o Senhor Deus ao homem do pó da terra, e lhe soprou nas narinas o fôlego da vida, e o homem passou a ser alma vivente" (Gn 2.7).     

Este vento no Pentecostes tem o significado da presença divina, enchendo a casa com o hálito da vida e da nova Criação.  

 Fogo      


Este símbolo está relacionado com o "batismo com o Espírito Santo": "Eu vos batizo com água, mas vem aquele que é mais forte do que eu, do qual não sou digno de desatar a correria das sandálias, ele vos batizará com o Espírito Santo e com o fogo" (Lc 3.16; cf Mt 3.11).

No dia de Pentecostes  "apareceram umas como línguas de fogo, que se distribuíram e foram pousar sobre cada um deles" (At 2.3).     

Se entendermos que os discípulos ainda não eram convertidos (Lc 22.32), pois também tinham dúvidas (Jo 20.25-27), podemos aplicar vários textos do Antigo Testamento, que mostram o fogo como purificador (Is 5.24; Zc 13.9; Ml 3.2-3). Assim, quando os discípulos creram realmente em Jesus (At 11.17), eles teriam recebido o Espírito Santo e teriam sido purificados.     

Mas se entendermos que eles já eram crentes, que já estavam salvos, pois "vossos nomes estão inscritos nos céus" (Lc 10.20) e viviam em oração, esperando a promessa de Jesus (At 1.14; 2.1), podemos aplicar vários textos do Antigo Testamento que mostram o fogo somente como sinal da presença de Deus (Êx 3.2; 3,1-6;19.18; Dt 9.3). Portanto, ele pode ter o sentido de purificação ou sinal da presença de Deus entre os homens.         

                Tremer o lugar      


O texto diz: "Enquanto oravam, tremeu o lugar onde se achavam reunidos; todos ficaram cheios do Espírito e puseram-se a anunciar a Palavra de Deus com firmeza" (At 4.31).     

O termo grego usado aqui significa "agito, abalo, sacudo, movo, faço tremer, perturbo". Não quer dizer, porém, que, necessariamente, moveu o lugar da presença e poder de Deus naquele local (Êx 19.18; Is 6.4; Sl 68.8).     

Algo interessante a dizer é que Êxodo 19.18, como Isaías 6.4, falam de "fogo"e "tremer" ao mesmo tempo. Parece que Lucas - autor de Atos dos Apóstolos- falando de "fogo" em At 2.3 e falando de "tremer" em Atos 4.31, quis destacar estes dois termos como sinal da presença divina naquele lugar. 

O importante é não tomar estes termos e outros ao pé da letra, pois a Bíblia usa de muitos símbolos para falar sobre a presença de Deus. Muitos problemas podem surgir hoje, se não entendermos isto corretamente, pois alguém, não vendo tremer o lugar ao orar, pode duvidar da presença de Deus em sua vida.                                            

  Pentecostes      


Parece que Lucas, ao narrar o evento do Pentecostes (At 2.1-13), procurou se contrapor aos acontecimentos da Torre de Babel (Gn 11.1-9). Através de várias comparações, pode-se chegar a esta conclusão:     

Nos acontecimentos de Babel, os homens se engrandecem: "Edifiquemos para nós uma cidade, e uma torre cujo topo chegue até aos céus, e tornemos célebre o nosso nome" (Gn 11.4), mas no Pentecostes Deus é quem é engrandecido: "Como os ouvimos falar em nossas próprias línguas as grandezas de Deus?" (At 2.11).     

Nos acontecimentos de Babel - que significa confusão - os homens se confundem e não compreendem mais a linguagem um do outro: "Desçamos e confundamos ali a sua linguagem para que um não entenda a linguagem do outro" (Gn 11.7). 

No Pentecostes eles - povos de diferentes nações - entendem a linguagem um do outro: "Cada um ouvia falar em sua própria língua materna" (At 2.6) e adiante o texto diz que eles "diziam entre si" (At 2.12).     

Nos acontecimentos de Babel, os povos são dispersos: "Confundiu o Senhor a linguagem de toda a terra, e dali os dispersou" (Gn 11.9), mas no Pentecostes os povos são reunidos: "Partos, Medos e elamitas, e os naturais da Judéia, Capadócia e Ásia, da Frígia e da Panfília, do Egito e das regiões da Líbia, nas imediações de Cirene, tanto judeus como prosélitos, crentenses e arábicos, como os  ouvimos falar em nossas próprias línguas (...)" (At 2.9-11). 

Outro texto diz: "Achavam-se então em Jerusalém homens piedosos de todas as nações que há debaixo do céu" (At 1.5).     

Assim, existe muito de simbolismo na narração do Pentecostes, que foi um fato histórico. 

 

O poder do Espírito Santo 

 

“Wesley acreditava e buscava o poder do Espírito. Ele sabia que onde há falta do poder de Deus, a obra enfraquece, mas ele combateu o fanatismo. Em seu Diário, em 3 de abril de 1786, ele relata vários tipos de comportamento fanático que ele testemunhou durante sua vida. Apesar de discordar dessas práticas, Wesley acredita que os fanáticos não devem ser corrigidos com dureza, mas com gentileza e amor.”[51] 

Wesley passou por diversas experiências fortes. Numa delas, ele disse: “O amor de Deus foi derramado no meu coração, e uma chama acendeu-se lá, com dores tão violentas, mas tão arrebatadora, que meu corpo estava quase despedaçado. Eu amei. O Espírito chorou forte em meu coração. Eu suava. Eu tremia. Eu desmaiei. Eu cantei (...)”.[52] 

Para Wesley, o Espírito Santo pode vir sobre alguém “como uma torrente”, mas opera em outro de maneira delicada, refrescante como o “orvalho silencioso.”[53] 

Para falar da ação e do poder do Espírito Santo em nossas vidas, a Bíblia utiliza diversas expressões. Estas expressões procuram falar do grande significado e função do Espírito Santo em nossas vidas, dentre as principais estão: 

O dom do Espírito 

 

Este termo significa que o Espírito Santo é dado aos que creem (At 11.15-17), mas não é dado por merecimento ou por algo que se faz. O termo significa que o Espírito é um dom gratuito de Deus. A raiz grega - doreá - quer dizer "dom gratuito de Deus".     

Vários textos bíblicos confirmam que o Espírito é dádiva de Deus: At 10.45; At 2.38; At 8.18; At 11.17; At 15.8; Jo 3.34; Rm 5.5; 1Ts 4.8, etc. A Bíblia chega a condenar àqueles que pretendem "comprar" o Espírito Santo (At 8.18-20).     

Não devemos, porém, confundir "o dom do Espírito" com "dons do Espírito". Os dois significam dádivas, mas "o dom do Espírito" quer dizer que foi enviado ou será enviado o próprio Espírito Santo às pessoas. Já "dons do Espírito" (1Co 12.1; 12.4; 12.11; 12.30; 14.12; 1Tm 4.14, etc)  quer dizer que o Espírito Santo - que já vive na vida do cristão - está distribuindo, está capacitando com "ferramentas" o crente para a vida cristã e para a obra evangélica ser realizada e o Corpo de Cristo ser edificado.     

"O dom do Espírito" vem geralmente com o artigo definido "o" sempre no singular. "Os dons do Espírito" são sempre no plural, a não ser quando se quer falar de um dom somente: "O dom de curas" (1Co 12.30).    

 

  Unção do Espírito   

   

A unção com óleo, no Antigo Testamento entre as suas utilidades, era um meio de separar alguém para uma determinada obra. Os profetas (1Rs 19.16), sacerdotes (Lv 8.12) e reis (1Rs 19.16) foram ungidos com óleo para realizarem as suas tarefas.

No Novo Testamento, a unção do crente, do discípulo de Cristo, não é mais feita através do óleo e sim do Espírito Santo. A unção é chamada no original grego de carisma - daí vem o nome "carismático" - e através da unção do Espírito o Messias (Lc 4.18; At 4.27; 10.38) e o crente (2Co 1.21; 1 Jo 2.20; 2.27) são separados para a carreira cristã.     

O carisma, a unção está relacionada com a distribuição de dons. O carisma tem o significado de dom, dote e "dons extraordinários, que distinguem certos cristãos, dando-lhes o poder de servir à igreja de Cristo, sendo este poder de servir à igreja de Cristo, sendo este poder e estes dons o resultado da graça divina nas suas vidas (Rm 12.6; 1Co 1.7; 12.4; 1Pe 4.10)".      

 Derramamento do Espírito  

    

O termo "derramamento" tem no original grego o significado de "distribuo largamente". Em relação ao Espírito, ele é aplicado duas vezes no Novo Testamento: At 10.45; Tt 3.5-6. Nestes dois textos bíblicos, ele foi distribuído a grupos de pessoas e não somente a uma pessoa, daí ser usado este termo, pois significa que foi distribuído abundantemente.     

Não necessariamente, porém, este termo deverá ser usado para indicar que o Espírito veio sobre grupo de pessoas, pois em outros grupos de pessoas o Espírito foi "derramado" e este termo não foi usado.  

  Revestimento da força do alto      


Aparece uma única vez no Novo Testamento: "eis que eu vos enviarei o que meu Pai prometeu. Por isso, permanecei na cidade até serdes revestidos da força do alto" (Lc 24.29).

Este termo no original grego pode ser traduzido também por "visto; entro e insinuo-me".  

Já o outro termo grego aqui empregado é "dínamis", que tem o significado de poder ou força. Este poder é inerente, ou seja, essencial ao cristão. Aqui também pode ser traduzido por força física e idiomática. 

Como At 1.8 usa o mesmo termo "dínamis" e Jesus afirma que eles receberiam poder para serem testemunhas e como testemunha no original significa "afirmo o que vi, ouvi ou experimentei ou o que sei por divina revelação ou inspiração", concluímos que o revestimento da força do alto seria para os discípulos terem a coragem e a capacidade de anunciarem Jesus ao mundo, principalmente, a respeito de sua ressurreição (Lc 24. 48; At 2.32; 3.15; 4.33; 5.32; 22.15, etc.). 

   Fruto do Espírito      


Para a Igreja na Galácia, Paulo orienta: "(...) mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio" (Gl 5.22-23). O termo grego empregado é "carpós", que significa fruto, resultado ou efeito do Espírito Santo em nossa vida.     

Necessariamente, estes são os frutos que devem existir naquele que tem o Espírito Santo em sua vida. Paulo, porém, realça o amor como a marca primeira e principal (1Co 13.1-13; Rm 5.5; Gl 5.22, etc.). Podemos dizer que são estas as marcas do caráter Cristão. É o Espírito Santo, então, quem forma o caráter do discípulo de Cristo. 

Para Wesley, “os frutos imediatos do Espírito que governa o coração são: “amor, alegria, paz, entranhas de misericórdia, humildade mental, benignidade, mansidão e compaixão. Os frutos exteriores são: fazer o bem a todos os homens, não fazer o mal aos outros e andar na luz – uma obediência zelosa e uniforme a todos os mandamentos de Deus”.[54] 

   Primícia do Espírito      


Primícia significa a primeira parte da safra, os primeiros frutos colhidos. Assim, em relação à ressurreição, Cristo é a primícia (1Co 15.20-23), ou seja, ele foi o primeiro que ressuscitou. Depois virão os que pertencem a Cristo (1Co 15.23).     

O primeiro convertido na Ásia é chamado também como primícia: "saudai meu amado Epêneto, primícias da Ásia para Cristo" (Rm16.5). O termo "primícia" dá, porém, a ideia de complemento, significa que o restante virá no momento oportuno.     

Em relação à primícia do Espírito, Paulo afirma: "E não somente ela. Mas também nós que temos as primícias do Espírito, gememos interiormente, suspirando pela redenção do nosso corpo" (Rm 8.23). Significa aqui que o Espírito Santo ainda não completou a salvação em nós, pois "gememos interiormente, suspirando pela redenção de nosso corpo" (Rm 8.23). 

Somos filhos de Deus (Rm 8.16) e herdeiros da vida eterna (Rm 8.17), mas o restante, o resultado final, completo, um dia acontecerá pelo mesmo Espírito que ressuscitou a Jesus (Rm 8.11).

Portanto, ter a primícia do Espírito é ter os primeiros frutos da salvação e a garantia da entrega do restante: a vida eterna.    

    Penhor do Espírito      


Nos dois lugares no Novo Testamento em que se encontra esta expressão - 2Co 5.5 e Ef 1.13-14 - há um relacionamento com a ressurreição e a redenção. Penhor significa no original "uma parte do pagamento total, adiantada como prestação e garantia da entrega do resto".     

Já que penhor é a parte adiantada, então, podemos dizer que penhor do Espírito significa que o Espírito, que nos foi dado pela fé em Cristo Jesus, é esta parte de pagamento total, já adiantada por Deus. O Espírito Santo é a garantia de que teremos a vida eterna. Assim, a vida eterna já começa aqui, pela presença do Espírito em nossa vida.  

Selo do Espírito 

 

Há uma ligação entre primícia, penhor e selo do Espírito. Os três estão relacionados com a salvação e penhor significa que temos apenas uma parte do pagamento total, com a garantia da entrega do resto, selo significa que temos apenas uma parte do pagamento total, com a garantia da entrega do resto. 

Selo significa que estamos sendo guardados e protegidos por Deus através de Sua marca em nós - o selo do Espírito - que indica que somos agora propriedade de Deus.     

Somente em três lugares no Novo Testamento encontramos esta expressão: 2Co 1.11; Ef 1.13; 4.30.  

  Testemunho do Espírito     


Esta expressão está relacionada também com a salvação. Somente em um lugar no Novo Testamento aparece: "O próprio Espírito se une ao nosso espírito para testemunhar que somos filhos de Deus" (Rm 8.16).     

Esta palavra "testemunho" significa "afirmo o que vi, ouvi ou experimentei...". No original grego vem acompanhado o "testemunho", a conjunção "sim", que tem o significado de "íntima comunhão, conjunção com, cooperação, acompanhamento, etc".    

Assim, podemos dizer que é o Espírito, em comunhão conosco, nos dando a certeza de que somos herdeiros do Reino de Deus, que somos filhos de Deus, que estamos salvos. Isto, porém, ocorre quando há íntima comunhão do Espírito conosco.  

 Cheio do Espírito   

   

É o termo ligado ao Espírito que mais vezes aparece no Novo Testamento. Também são usadas mais de uma raiz em relação a este termo: 

- Pléto: é usada em At 2.4 e 4.31 e significa "encho, cumpro".

- Pléres: é usada em Lc 4.1; At 6.3; 6.5; 7.55 e 11.24 e quer dizer "cheio, grado, pleno".

- Pimplemi: é usada em Lc 1.15; 1.41; 1.67; At 4.8; 9.17 e 13.9 e significa "encho, cumpro".     

Três raízes diferentes para dizer, praticamente, a mesma coisa. Seria praticamente, o mesmo que usar as palavras "lindo, belo e bonito" em relação a uma pessoa. Três palavras diferentes, mas que têm o mesmo significado. 

No grego, estas três palavras querem dizer que algo está completo, cheio. Se estas raízes significam "cheio", esta palavra "cheio" tem, pelo menos, dois sentidos diferentes na Bíblia, como veremos abaixo: 

- Qualidade de vida     

Isto significa que, onde aparece a palavra "cheio', está querendo mostrar que a pessoa tem uma  qualidade de vida espiritual muito boa. Vemos isto, pelo menos, em três lugares no Novo Testamento: 

- "Procurai, antes, entre vós, irmãos, sete homens de boa reputação, cheios do Espírito e de sabedoria, e nós os colocaremos na direção deste ofício" (At 6.3).

- "A proposta agradou a toda assembléia, e foram escolhidos: Estevão, homem cheio de fé e do Espírito Santo (...)" (At 6.5). 

- Outro lugar se refere a Barnabé: "Pois era um homem bom, e cheio do Espírito Santo e de fé" (At 11.24).     

Como vimos, nestes três lugares, a palavra "cheio" está se referindo a alguém que tem uma qualidade de vida espiritual muito boa. Nestes três exemplos, é usada a raiz grega "Pléres". 

 - Dom de profecia 

Aqui está uma afirmação que o leitor comum da Bíblia, geralmente, não consegue perceber. Não por culpa dele, mas sim porque ele não tem acesso ao original grego ou a determinados livros, que nos esclarecem isto. Estamos querendo dizer que nos textos bíblicos de Lc 1.41; 1.67; At 2.4; 4.8; 4.31;  7.55; 9.17 e 13.9 este "cheio", que ali aparece, "não significa plenitude da graça santificante, mas dom de profecia pelo qual o falar é inspirado".[55]     

Significa dom de profecia? Como pode ser isto? Será verdade que uma palavra na Bíblia pode ter dois significados? Sim! A palavra "cheio" dependendo do local onde é empregada tem sentidos diferentes, assim, como a palavra "vale", no português:  

 

- Significa um lugar: "No vale da Caledônia".

- Significa valor financeiro: " Isto vale  muito".

Empregando a palavra "cheio" também como sendo profecia poderemos entender que no Pentecostes se cumpriu realmente a profecia de Joel, que dizia: "E acontecerá nos últimos dias; diz o Senhor, que derramarei do meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão..." (At 2.17). Era isto que Pedro procurava explicar aos presentes no Pentecostes. Aquilo que havia acontecido era o cumprimento da profecia de Joel (At 2.15-16).

Mas que havia acontecido para se chegar à conclusão que estava se cumprindo o que Joel dissera? 

O texto diz: "Todos ficaram cheios do Espírito Santo, e passaram a falar em outras línguas (...)" (At 2.4). Mas falar em línguas é dom de profecia?" É evidente que não! Como entender, então? O segredo está na palavra "cheio", que vem antes de "falar em línguas".

Aqui o "cheio" tem o sentido que estamos procurando explicar, ou seja, significa dom de profecia. Mas por que eles falaram também em línguas? Havia estrangeiros de vários lugares, então, Deus lhe deu a capacidade de profetizarem, falando a linguagem dos povos ali reunidos, caso contrário, estes não poderiam entender e receber a mensagem de Deus. 

 Batismo com o Espírito Santo 


Os metodistas foram os primeiros a usar a frase batismo do Espírito Santo aplicado a uma segunda e santificadora graça (experiência) de Deus.[56]  

Wesley não acreditava que falar em línguas é equivalente ao batismo do Espírito Santo.[57] Ele viu os dons do Espírito como uma parte natural da experiência cristã conectando-a com a doutrina da santificação.[58] Wesley nunca colocou uma ênfase particular em nenhum dom. Todos tinham o mesmo nível de importância. Wesley afirmou que, após a justificação, o Espírito dá um dom ou talento, mas um homem santificado recebe muito mais.[59] 

“A afirmação de Wesley sobre os dons e manifestações do Espírito não era meramente teórica. Sua insistência sobre os dons do Espírito também resultou dos primeiros dias do avivamento metodista (1739-1759), onde muitos indivíduos em Londres, Oxford e Bristol relataram curas sobrenaturais, visões, sonhos, impressões espirituais, poder em evangelização, concessão extraordinária de sabedoria” etc.[60]  

Este termo "batismo" é aplicado somente em três ocasiões - com certeza - em relação ao Espírito Santo. Sempre que ele é usado, está em comparação a João Batista e à água (Mc 1.8; At 1.5; At 11.16).        

João Batista pregava o batismo com água para arrependimento (Mt 3.11; At 19.4), o que envolvia confissão dos pecados (Mt 3.6) e preparava o povo para a vinda daquele que haveria de batizar com o Espírito Santo e com o fogo (Mt 3.11; Lc 3.16). 

Significa isto que o Espírito Santo haveria de "purificar o povo do mal", como previa a profecia de Isaías: "Quando o Senhor lavar a imundícia das filhas de Sião, e limpar Jerusalém da culpa de sangue do meio dela, com o Espírito de justiça e com o Espírito purificador" (Is 4.4). Outra profecia afirmava que o Messias purificaria com fogo (Ml 3.2-3). 

O Espírito daria um novo coração ao povo da Nova Aliança, como disse a profecia de Ezequiel: "Dar-vos-ei coração novo, e porei dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne. Porei dentro em vós o meu Espírito, e farei que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos e os observeis" (Ez 36.26-27; cf Jr 31.32-34; Tt 3.5-6; Rm 5.5; Gl 5.22).     

Assim, a expressão "batizo com o Espírito Santo" está ligada mais à purificação, Inclusive - no original grego- o termo "batizo" quer dizer também "purifico, limpo, lavo". Poderíamos, então, dizer também: "Eu vos batizo com água para arrependimento (...). Ele vos purificará com o Espírito Santo e com fogo" (Mt 3.11).     

A comparação com João Batista tem o objetivo de mostrar que a obra e a pessoa de Jesus são superiores à obra e a João Batista: "Eu vos batizo com água para arrependimento, mas aquele que vem depois de mim é mais forte do que eu. De fato  , eu não sou digno nem ao menos de tirar-lhe as sandálias. Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo" (Mt 3.11).     

Alguém recebe a "purificação do Espírito", não por méritos ou obras, pois isto é um dom de Deus. Pedro, falando sobre o envio do Espírito aos gentios, disse "Se Deus, portanto, lhes concedeu o mesmo dom que a nós (...)" (At 11.17). A condição de ser "batizado" é a aceitação de Jesus Cristo (Jo 7.39; Gl 3,14; Ef 1.13; At 11.17, etc).     

Percebe-se claramente na Bíblia que, com o passar dos anos, este termo "batismo" deixou de ser usado de maneira freqüente. Provavelmente, porque não houve mais necessidade de fazer a comparação com o batismo de João Batista e porque Paulo lidava com os gentios, que geralmente não sabiam do passado e do batismo de João Batista.     

Paulo fala de outros termos para dizer do recebimento do Espírito: 

"Concede o Espírito" (Gl 3.5); "recebamos o Espírito prometido" (Gl.14); " Espírito Santo que nos foi dado" (Rm 5.5). Diz mais ainda:  "Deus, que vos infundiu o seu Espírito Santo" (1Ts 4.8) e "Espírito Santo, que ele ricamente derramou sobre nós" (Tt 3.5-6), etc.

                                                                    Plenitude do Espírito  


Um líder pentecostal - Juan Carlos Ortiz - afirmou: "A plenitude da promessa do Pai vai muito além deste 'pequenino' batismo do Espírito Santo que herdamos de nossos prezados irmãos pentecostais". 

De fato, não se pode confundir "batismo" com "plenitude". Um é o começo, o outro, é o final. "Batismo" é o momento de receber o Espírito Santo em nossa vida. "Plenitude" é quando o Espírito toma completamente a nossa vida, por isso, ele é o alvo maior. Somente em dois lugares no Novo Testamento é usada a raiz grega "plerón", em relação ao Espírito: At 13.52 e Ef 5.18.[61].     

Outros textos no Novo Testamento usam esta raiz "plerón" para dizer que determinadas coisas estão cheias, plenas ou completas, como vemos abaixo: 

. Rede cheia de peixes (Mt 13.47-48);

. A casa inteira ticou cheia do perfume (Jo 12.3);

. A tristeza encheu os vossos corações (Jo 16.6);

. Para que a vossa alegria seja completa (Jo 6.24);

. Enchia-se de sabedoria (Lc 2.40).      

A plenitude tem o significado de ser o "último de uma série", por isso, é maior do que o "batismo com o Espírito Santo".     

"Plerón coloca a chave da abóbada, não só terminando, mas unificando e harmonizando". Plenitude significa também "encho a ponto de transbordar, dou plenitude ou acabamento a (...)."[62]     

Enfim, o alvo maior do cristão deve ser: "buscai a plenitude do Espírito" (Ef 5.18). 

“Wesley acreditava na continuidade dos dons, carismas e revelações especiais. Eles são úteis para a edificação da igreja, impressionando e convertendo almas para Cristo e para predizer eventos futuros. No entanto, estes não servem o propósito de estabelecer a fé e doutrina. Para Wesley, a base da fé e doutrina é a certeza da Palavra de Deus (...).”[63]   

Os dons do Espírito Santo 

 

Wesley acreditava que os dons “estão disponíveis para os cristãos hoje”.[64] Para ele os dons do Espírito são uma conseqüência natural da santidade genuína e da morada do Espírito de Deus no coração.[65]  Ele falava dos dons extraordinários e comuns do Espírito. Os primeiros são ocasionais e especiais; o segundo é comum a todos os crentes.[66] 

Segundo Wesley, “os ‘dons comuns’ incluíam ‘discurso convincente’, persuasão, conhecimento, fé, ‘elocução fácil’ e pastores e professores como ‘oficiais comuns’.  Entre os ‘dons extraordinários’ que ele incluiu cura, milagres, profecia (no sentido de prever), o discernimento dos espíritos, falar em línguas, e a interpretação de línguas. Ele descreve os apóstolos, os profetas e os evangelistas como ‘oficiais extraordinários."[67] 

 “Embora o ‘caminho mais excelente’ seja o caminho do amor, Wesley ainda insistiu para que possamos ‘cobiçar fervorosamente’ dons como evangelismo para ‘ sondar os incrédulos corações; o dom do conhecimento para entender tanto a providência quanto a graça de Deus, ou o dom da fé ‘que em ocasiões particulares vai muito além do poder das causas naturais."[68] 

O apóstolo Pedro explica bem a finalidade dos dons: “Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus” (1 Pedro 4.10).Paulo afirma que temos diferentes dons:  “(...) tendo diferentes dons, segundo a graça que nos é dada” (Romanos 12.6).  

Para a Igreja em Corinto, Paulo afirmou: “há diversidade” de dons” (1 Coríntios 12.4). Diz também que devemos procurar os melhores dons: “Portanto, procurai com zelo os melhores dons (1 Coríntios 12.31).

Wesley via a importância de uma série de dons espirituais, dentre eles: Expulsar demônios; falar novas línguas; curar os enfermos; profecia, predizendo coisas por vir; visões; sonhos divinos; discernimento dos espíritos etc.[69] 

Ele cita alguns fatos relacionados a expulsão de demônios, dentre eles: “Um homem, com o nome de John Haydon, teria lido um sermão, quando ‘mudou de cor, caiu da cadeira e começou a gritar terrivelmente e a bater-se contra o chão’. Wesley chegou à cena apenas para ser acusado pelo demônio como ‘um enganador do povo’. O demônio fingiu ser uma manifestação do Espírito Santo na esperança de transformar as pessoas contra Wesley, mas Wesley lutou. Ele e todos os outros lá começaram a orar. Logo, as dores de Haydon cessaram e seu corpo e alma ficaram livres.”[70] 

Em Romanos 12.6-8; Efésios 4.11 e 1 Coríntios 12. 8-10 aparecem relacionados diversos dons do Espírito. Na lista de Romanos, Paulo fala de dons que não aparecem na lista de 1 Coríntios 12: “De modo que, tendo diferentes dons, segundo a graça que nos é dada, se é profecia, seja ela segundo a medida da fé; se é ministério, seja em ministrar; se é ensinar, haja dedicação ao ensino; ou o que exorta, use esse dom em exortar; o que reparte, faça-o com liberalidade; o que preside, com cuidado; o que exercita misericórdia, com alegria” (Romanos 12.6-8). 

Vamos abordar a lista mais conhecida de 1 Coríntios 12:                       

 A Palavra de Conhecimento      


É um conhecimento intelectual dado por revelação (Ef 3.1-6; Jo 14.16). É a manifestação da onisciência divina sobre um fato determinado (1Co 8.6-7; Jo  2.47-48).     

É uma "palavra" e não todo o conhecimento. Nem é um depósito permanente de conhecimento. 

João Wesley descreve o dom do conhecimento como "uma capacidade extraordinária de compreender e explicar os tipos de profecias do Antigo Testamento”.[71] 

Esse dom nos torna capazes de compreender o profundo significado das Escrituras, através de uma iluminação sobrenatural (1Co 2.13). Esse dom faz com que a nossa mente penetre nas verdades divinas, sem que empreguemos o esforço do raciocínio (1Co 2.11-12). 

Isso não significa deixar de estudar as Escrituras ou de aprimorar o conhecimento através desse dom que entenderemos aquilo que a mente humana não é capaz de penetrar.     

Essa ciência era muito necessária aos cristãos de Corinto, pois eles viviam em meio a filosofias (1Co 1.22) e necessitavam de mais conhecimento divino para combater e evangelizar os gregos. O fato é que a igreja em Corinto não tinha muito conhecimento da Palavra de Deus. Isto Paulo mostra em diversas ocasiões (1Co 3.16; 10.1; 15.34), por isso mesmo havia a necessidade desse dom, que Paulo colocou em segundo lugar na lista.     

Mas há algo ainda importante a acrescentar. As visões, sonhos divinos e revelações, são manifestações do dom de conhecimento ou dom da ciência. Deus mostra a Sua vontade e determinados fatos através de visões, sonhos e revelações (Mt 2.13; At 9.10-12; 10.9-16; 27.10) .     

Veja só esse exemplo: mais uma vez uma senhora estava indo em direção ao altar para que o pastor orasse, a fim de que ficasse curada de uma enfermidade na perna. O pastor, que já estava agoniado com a enfermidade da mulher, então teve uma visão de umas roupas e objetos que estavam dentro de um armário. A mulher informou ao pastor que aquilo era lembranças do tempo em que ela freqüentava o espiritismo. Somente após queimar aqueles objetos e as roupas é que ela ficou curada.

Nem todos os sonhos que temos com pessoas ou fatos são manifestações do dom de conhecimento. Nem todas as visões que temos, necessariamente, serão concretizadas. Certa vez, na véspera de seu casamento, uma jovem teve uma visão de que ela estava sendo acidentada, tendo as duas pernas quebradas. Ela também viu o casamento sendo realizado sem ela. Isto a deixou deprimida. Contudo oramos por ela. Pedimos que Deus eliminasse toda manifestação maligna. No dia do seu casamento, foi com grande alegria que a vi entrar no templo e se casar. 

Em uma ocasião, Wesley escreveu: "Não confie em visões e sonhos; dentro de impressões repentinas, ou forte impulso de qualquer tipo. Lembre-se, não é por estes que você deve saber qual é a vontade de Deus em qualquer ocasião particular; mas por aplicar a simples regra das Escrituras, com a ajuda da experiência e razão, e a assistência comum do Espírito de Deus."[72] 

A Bíblia é o fundamento, mas Wesley acreditava que sonhos e visões podem vir de Deus: “(...) um dos maiores usos de visões e sonhos de Deus para Wesley foi o poder para converter os indivíduos que a experimentam e os indivíduos que ouvem o testemunho dessa poderosa experiência.”[73]     

Esse dom pode ser descrito como a mente de Cristo manifesta à mente do crente e dada quando necessária (1Co 2.16).     

A Bíblia mostra várias manifestações do dom de conhecimento, palavra de conhecimento:

- Eliseu ficou sabendo o lugar do acampamento do exército sírio (1Ts 6.8-23);

- Jesus viu a Natanael debaixo da figueira antes de conhecê-lo (Jo 1.47-50);

- Revelou o pecado da mulher samaritana (Jo 4.17-18,29);

- Revelou a corrupção e mentira de Ananias e Safira (At 5.3);

- Essa palavra de conhecimento mostrou a Pedro que algumas pessoas o procuravam (At 10.17-23);

- Jesus conhece o traidor (Mt 26.25) etc. 

Enfim, podemos dizer que o dom da palavra de conhecimento revela fatos e situações ocultas ao ser humano e que fora de seu conhecimento.  

A Palavra de Sabedoria     


É uma palavra ou frase que o Espírito concede, em determinados momentos, de forma sobrenatural, apesar de que, algumas vezes, nem mesmo quem a proferiu percebeu. 

Em suas anotações em 1 Coríntios 12, Wesley define o dom da sabedoria como "um poder de compreender e explicar a múltipla sabedoria de Deus no grande esquema da salvação dos evangelhos."[74] 

Este dom pode ocorrer durante um aconselhamento, estudo bíblico ou mesmo  durante a pregação. O objetivo desse dom é defender a verdade da fé cristã de um ataque (Mt 10.19-20) e para instruir o Corpo de Cristo (Cl 3.16). O Espírito coloca em nossa boca a palavra e frase certa (Lc 12.11-12; 21.15).

A Palavra de Sabedoria não deve ser vista como um depósito permanente, nem como diplomacia, ou mesmo não deve ser confundida com o falar bonito ou bem.     

Devemos também fazer distinção entre a sabedoria que todo cristão deve ter, para o seu viver diário e para compreender a vontade do Senhor (Rm 16.19; Cl 4.5; Ef 5.15), e o dom da Palavra de Sabedoria.     

O dom da Palavra de Sabedoria nunca levará o servo ou a serva do Senhor a falar algo que contrarie a própria Palavra do Senhor, a Bíblia. 

Em Corinto, esse dom foi muito necessário, devido à influência grega, que enfatiza a sabedoria humana (1Co 1.22; At 17.16-18). 

É bom lembrarmos que a cidade de Corinto pertence a Grécia dos filósofos Sócrates e Platão, que cultivavam a razão. Para a defesa da verdade, o Espírito concedeu esse dom.

Outro motivo da concessão desse dom: na igreja em Corinto esse dom havia falta de pessoas sábias para decidirem os grandes problemas da igreja (1Co 6.1-5).     

Em situações difíceis, o Espírito nos leva a falar de uma forma não pensada anteriormente. Certamente, em igreja que busca o batismo com o Espírito tem levado uma ou outra pessoa a falar algo que leve ao esclarecimento ou à solução de um problema difícil.     

"A Palavra de Sabedoria é a aplicação sobrenatural do conhecimento. É saber o que fazer com o conhecimento natural ou sobrenatural que Deus lhe deu - julgamento adequado para a ação".[75] 

Geralmente, a Palavra de Sabedoria é dada com a Palavra de Conhecimento. Por isso, quando recebemos a Palavra de Conhecimento devemos evitar tomar atitudes precipitadas. Devemos esperar a Palavra de Sabedoria para sabermos a melhor forma de aplicar o conhecimento recebido do Senhor.    

Entre as diversas manifestações desse dom na Bíblia temos esses: 

Daniel teve revelado os segredos dos sonhos do rei Nabucodonosor. Sobre isso, Dn 2.20 diz: "Seja bendito o nome de Deus de eternidade a eternidade, porque dele é a sabedoria e poder". 

O versículo 21 ainda diz: "(...) Ele dá sabedoria aos sábios e entendimento aos entendidos". 

Por fim, completa com o versículo 22 dizendo: "Ele revela o profundo e o escondido”.

Veja outros exemplos: 

- Quando os fariseus tentaram colocar Jesus em situação difícil frente ao governo, Ele teve a Palavra de Sabedoria e disse: "Daí a César o que é de César e a Deus o que é de Deus" (Mt 22.15-22).

- Pedro e João, apesar de serem iletrados, falavam com sabedoria (At 4.19-20);

- Essa Palavra de Sabedoria livrou a Paulo em diversas situações, trouxe conversões e quase tornou o rei Agripa um cristão (At 26.28-29), etc 

Paulo foi uma pessoa muito usada em Palavra de Sabedoria. Ele disse: "(...) falamos, não em palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas ensinadas pelo Espírito (...)" (1Co 2.13). 

A Fé 


Esse dom é uma convicção inabalável. É fé miraculosa. É confiança sobrenatural, que torna o crente capaz de fazer grandes coisas e até milagres (Mt 17.20; 21.21). É a fé que remove montanhas (Mc 11.23; 1Co 13.1-3). 

Wesley sustentou que o dom da fé difere de uma fé geral. “O dom especial da fé é uma ‘extraordinária’ confiança em Deus nas circunstâncias mais difíceis ou perigosas."[76] 

Todos os cristãos têm a fé salvadora (Ef 2.8; Jo 3.16; Rm 5.1). Todos os cristãos devem Ter fé no cumprimento das promessas de Deus (Hb 11.1; 1Co 15.16-19). O dom da fé que remove montanhas, contudo, é dado apenas a determinadas pessoas, pela graça de Deus. Esse dom vem numa ressurreição de Dorcas (At 9.36-43).      

Um dos cânticos que o povo de Deus tem cantado diz: "Não há impossível para Deus. Não há, não, não há. Meu Deus tem todo poder (...)". Com esta fé e através dela o Senhor poderá realizar maravilhas em nosso meio.     

Jesus disse que "Tudo quanto em oração pedires, crede que recebestes, e será assim convosco" (Mc 11.24). Embora a promessa seja para todos, somente alguns tem essa fé. Às vezes, oramos e não somos entendidos. Quando isso acontecer, devemos procurar ver onde está a falha. Deus é fiel em Suas promessas. A lista das bênçãos, em Hebreus 11.1-40, mostra como Deus atende a Seu povo.     

O dom da fé significa que o Espírito Santo pode  capacitar a alguém que foi batizado  pelo Espírito a crer  no grande poder de Deus. 

Naturalmente, essa pessoa já tinha a fé salvadora e a fé que leva a buscar o poder do Espírito.     

A Bíblia cita diversos exemplos de fé, entre eles: 

- Elias invocou, pela fé, a presença do  Senhor: "Responde-me, Senhor, responde-me, para  que esse povo saiba  que Tu, Senhor, És Deus(...)" (1Rs 18.38).

- Daniel foi lançado na cova dos leões, mas ele orava e suplicava ao Senhor, mesmo havendo um decreto  contrário (Dn 6.11-15). O Senhor foi fiel, pois o rei  Dario disse a - Daniel: " O teu Deus, a  quem  tu  continuamente serves, que ele te livre" (Dn 6.16).

Jesus ressuscitou a Lázaro e disse: "Pai, graças te dou porque me ouvistes" (Jo 11.41);

- Pedro e João, pela fé, disseram ao aleijado: "(...) em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, anda!" (At 3.6), etc. 

O dom da fé está ligado diretamente ao dom de milagres. "Se Daniel, na cova dos leões, tivesse matado os perigosos animais com um simples gesto,  isto teria  sido o  dom dos milagres. Mas segundo os acontecimentos, ele  permaneceu ileso na presença de leões totalmente  ativos,  o que  foi  mostra de uma quantia maior fé"[77]. 

O dom da fé é um impulso súbito de fé, geralmente, numa oposição, numa dificuldade, numa crise. O dom da fé vem em especial às pessoas batizadas pelo Espírito, pois se tornaram mais abertas ao poder de Deus hoje em poder.     

Dons de Cura 

 

É o único que vem no plural. Isto pode significar que há diversos tipos de dom de curar. Podemos dizer que há pessoas chamadas mais para realizar curas em pessoas que estão ligadas a umas ou outras doenças.     

Pensando assim, podemos entender o motivo de nem todas as doenças serem curadas, através de determinadas pessoas que Deus tem utilizado nas diversas curas. Talvez, isto explique o motivo de Paulo não curar todas as doenças (1Tm 5.23;2Tm 4.20).   

Wesley cria plenamente na cura pela oração. Ele orou muitas vezes por sua própria recuperação e registrou que Deus o curou de muitas enfermidades em sua vida. Wesley descreve que uma noite, na capela, seus dentes estavam muito prejudicados. Ele orou e “minha dor cessou e não voltou mais.”[78] Ele experimentou outras curas: “Em 10 de maio de 1741, Wesley ficou bastante doente. Ele tinha dor na cabeça, bem como nas costas, febre e tosse que era tão grande que dificilmente podia falar. Mas então um milagre aconteceu com Wesley enquanto ele ‘invocava Jesus em voz alta’. Enquanto falava, sua dor desapareceu, a sua febre se afastou e sua força voltou. E, além disso, ele não sentiu nenhuma fraqueza ou dor por muitas semanas depois.”[79] 

Mas Wesley acreditava também que “o dom da cura não precisa ser completamente confinado às doenças de cura com uma palavra ou um toque. Pode também exercer-se, embora em menor grau, onde os remédios naturais são aplicados; E muitas vezes pode ser essa, não habilidade superior, o que torna alguns médicos mais bem sucedidos do que outros”.[80] 

O Apóstolo Tiago deu instruções a um grupo que podia ter dons de cura. Eram os anciãos. “Está alguém entre vós doente? chame os presbíteros (anciãos) da igreja” (Tiago 5.14). 

É importante lembrar que a cura de um enfermo é obra de Deus e não nossa. É sinal da presença do Reino de Deus (Mt 11.2-5). Não podemos pensar na cura como tendo um fim em si mesmo. Muitas doenças estão ligadas ao pecado, ao contato com o espiritismo etc. Quando elas são curadas espiritualmente, são também curadas fisicamente.     

Deus tem atendido às orações dos grupos, bem como tem 7utilizado determinadas pessoas para realizar a Sua vontade. Quando uma pessoa não é curada, devemos procurar qual o motivo. Às vezes, estava no próprio enfermo, que não teve fé. Paulo curou um coxo, mas o texto diz: "vendo que possuía fé para ser curado" (At 14.9). A pessoa tem que aceitar a graça de Deus. Às vezes, a pessoa ainda está presa ao pecado, por isso Deus não pode atuar. O fato é que devemos ter consciência de que Deus é fiel nas Suas promessas. 

"Os dons de curar são para a cura sobrenatural de lesões, incapacidades físicas ou mentais, e doenças, sem ajuda de meios naturais ou habilidades humanas. São manifestações do Espírito Santo operando através de canais humanos em favor da pessoa  em necessidade. Os que são usados como canais de cura de Deus não deviam ter a pretensão de "possuir" esses dons, nem deviam querer ser chamados "Curadores, antes, deviam compreender que qualquer dos nove dons pode ser manifestado por intermédio deles à medida que o Espírito Santo se move para preencher as necessidades ao seu redor."[81] 

É evidente que qualquer cristão pode orar pelos enfermos e Deus pode usá-lo para a cura, mas quando ele é batizado pelo Espírito, a manifestação do poder do Senhor é maior, pois ele se tornou um canal para a ação do poder do Espírito Santo. 

Em 25 dezembro de 1742, Wesley orou por um homem em seu leito de morte que foi recuperado.  

Em 16 outubro de 1778, uma mulher estava doente por sete meses.  Imediatamente ficou recuperada depois que ele visitou e orou por ela.[82] 

O dom de curas é usado, especialmente, quando a ciência não tem mais solução. Contudo, a cura ocorre, principalmente, quando não há mais possibilidade humana no coração do doente e sim no poder de Deus.     

Entre os exemplos de cura estão: 

- "Vendo-lhes a fé, Jesus disse ao paralítico: tem bom ânimo, filho; estão perdoados os teus pecados" (Mt 9.2);

- "(...) Se eu apenas lhe tocar a veste ficarei curada (...) a tua fé te salvou" (Mt 9.21-22); 

- "Dois cegos (...). Faça-se-vos conforme a vossa fé" (Mt 9.27-29);

- "Senhor, se quiseres, podes purificar-me (...)" (Lc 5.12) etc. 

Há indícios bíblicos de que muitas curas são relacionadas à expulsão de  demônios, o que estaria incluído nos dons de cura. 

Veja a seguir: 

- "(...) como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e poder, o qual andou por toda a parte, fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do diabo" (At 10.38). 

- "(...) também os atormentados por espíritos imundos eram curados" (Lc 6.13); 

- "(...) Jesus repreendeu o espírito imundo, curou o menino e o entregou a seu pai " (Lc 9.42). 

“(...) uma pessoa pode ser usada para trazer cura numa área especializada.

Por exemplo, uma pessoa pode ter fé para a cura da cegueira, outra para a surdez, outra para o câncer, etc. Isto torna mais importante que compreendemos que Jesus tinha poder sobre “toda sorte de doenças e enfermidades”. Mais tarde, Ele deu aos doze discípulos (coletivamente) poder sobre toda sorte de doenças e enfermidades. Mateus 10.1”.[83]         

Operações de milagres      


É a capacidade de realizar algo que foge ao que é entendido como sendo natural. É o dom mais "extraordinário" e, certamente, o menos exercido. Não é, simplesmente, a cura de uma pessoa que tem uma doença comum. Nem também está ligado somente a cura de uma enfermidade. 

Nas suas notas explicativas da Bíblia, para a passagem de Marcos 16. 17, Wesley registra uma de suas experiências na cidade de Leonberg, onde um aleijado foi curado através da pregação deste texto.[84] 

Wesley cita um fato ocorrido com o Sr. Sr. Meyrick como um milagre: “Eu subi e achei todos eles chorando sobre ele, suas pernas estavam frias e (como parecia) já estavam mortas. Todos nos ajoelhamos e invocamos Deus com fortes gritos e lágrimas. Ele abriu os olhos e me chamou. E, a partir daquela hora, continuou a recuperar a força, até restaurar a saúde perfeita”.[85] 

Jesus fez milagres e isto foi visto como sendo um sinal da ação de Deus em Sua vida (At 2.22). Os milagres realizados através de Paulo (At 19.11-12) foram citados como confirmação de seu apostolado (2Co 12.12).

Vemos que a fé é o elemento essencial para esse dom ser exercido e o alvo a ser alcançado (At 3.1-9; 16; Jo 14.12). Jesus não pôde fazer muitos milagres devido à incredulidade do povo (Mt 13.58). 

Os milagres são vistos como resultado da misericórdia de Deus pelas pessoas e da confirmação do Seu poder (Hb 2.4). É, também, sinal da manifestação do Reino de Deus nesse mundo (Mt 11.2-5). Por isso, não podemos resumir toda a mensagem da Igreja como sendo a realização de curas e milagres. O objetivo maior do Evangelho é a salvação do mundo.     

Esse dom manifesta, realmente, o que é sobrenatural. Não são simplesmente curas!  Especialmente, eles se manifestam para trazer muita glória a Deus.     

Na medida em que as pessoas se tornam canais para a ação do Espírito Santo, esse dom é mais bem exercido. 

Entre os exemplos de milagres, temos:

- A travessia do Mar Vermelho (Ex 14.21-31);

- O cântaro de óleo e o barril de farinha da viúva que não se esgotaram durante o tempo da fome (I Re 17.8-16);     

- As pragas enviadas ao Egito (Ex 7.12);

- O cadáver de Eliseu reviveu um homem ao ser tocado (2Rs 13.21);

- Eliseu tornou saudável as águas de Jericó (2Rs 2.19-22);

- Jesus transformou a água em vinho (Jo  2.1-11);

- Jesus andou sobre a água (Mt 14.25-33);

- Jesus alimentou milhares de pessoas com cinco pães e dois peixes (Mc 6.38-44);

- Jesus acalmou a tempestade (Mc 6.45-52), etc. 

É claro que Satanás tem também poder e faz os seus "milagres". A Bíblia diz: “(...) o aparecimento do iníquo é segundo a eficácia de Satanás, com todo poder, e sinais e prodígios da mentira" (2Ts 2.9).  

Todos os milagres na Bíblia são para o benefício da humanidade e para a glória de Deus. Jesus, sobre a morte de Lázaro, disse: "Esta enfermidade não é para a morte, e sim, para a glória de Deus, a fim de que o Filho de Deus seja por ela glorificado" (Jo 11.4). 

Na medida em que o Espírito Santo derrama Seu poder para fazer milagres, Satanás também procura imitar e confundir as pessoas. Por isso, devemos discernir o que é divino e o que é maligno.     

Devemos ter consciência de que os mesmos milagres que ocorreram nos tempos bíblicos podem ocorrer hoje. Por exemplo, o arrebatamento de Filipe (At 8.39-40), que foi transportado para outra cidade. David  du  Plessis,[86] certa vez estava orando por um homem enfermo, que estava distante cerca de dois quilômetros. Foi quando o Senhor lhe falou, dizendo que a sua presença era necessária ao lado do homem enfermo. Quando ele deu um passo fora do portão, o próximo passo foi nos degraus da casa do homem enfermo.     

Em diversos países há exemplos de fatos milagrosos, inclusive, de andar sobre a água a fim de atravessar rios para pregar o Evangelho.  

 

 Profecia 


Esse dom é uma mensagem divina, especialmente para edificação espiritual, para admoestação dos crentes e para consolação dos entristecidos e dos que esperam em Deus (1Co 14.3). 

No seu sermão “O caminho mais excelente”, Wesley explica o que entende por profecia: “(...) profetizar (no sentido apropriado da palavra; ou seja, predizer coisas vindouras).[87] Nas Notas do Novo Testamento sobre 1 Coríntios 12, ele diz: “Profecia - Preconiza coisas por vir.”[88] 

Wesley testava os profetas para saber se a mensagem vinha de Deus. Para ele um dos benefícios da profecia “é a previsão do futuro, o que é benéfico para toda a comunidade”.[89] 

No entanto, em suas Notas do Novo Testamento sobre Romanos 12.6: “Se alguém tem o dom de profetizar, use-o na proporção da sua fé”, Wesley afirma: “(...) parece aqui significar o dom comum de expor as escrituras. Profetizemos de acordo com a analogia da fé - São Pedro expressa, ‘como os oráculos de Deus’ (...).”[90]    

No exercício desse dom, geralmente, a pessoa fala na primeira pessoa do singular, porém parece haver também a prática de mímica e da terceira pessoa do singular. Isto aconteceu com o profeta Ágabo, que comunicou uma mensagem do Espírito a Paulo, desse modo: "tomando o cinto de Paulo, ligando com ele seus próprios pés e mãos, declarou: isto diz o Espírito Santo: Assim os judeus em Jerusalém farão ao dono deste cinto, e o entregarão nas mãos dos gentios" (At 21.11). 

O dom de profecia não elimina a necessidade da pregação. Deus escolher salvar o mundo pela pregação do Evangelho (1Co 1.21). Esse dom revela os segredos do coração (1Co 14.25), não para envergonhar, mas para seu despertamento espiritual, fortalecimento e edificação. Ele também revela acontecimentos futuros, visando preparar os cristãos para enfrentar os problemas que virão (At 21.10-14; 11.27-30).     

A profecia pode vir através de uma visão ou da interpretação de línguas estranhas. A pessoa não perde a consciência ao transmitir o recado do Senhor.     

Em diversas ocasiões, o Espírito tem levado algumas pessoas, que tem o dom de profecia, a trazer uma mensagem para o grupo que ora ou para determinadas pessoas. Certa vez, em um retiro espiritual, um dos nossos líderes dizia que iria embora, pois sua filha estava doente. Um jovem começou a orar, pedindo que Deus curasse aquela menina. Logo depois, uma jovem teve uma visão onde ela via aquela criança correndo e brincando. O Espírito a levou a dizer: "Servo meu, servo meu, ouça a voz do Senhor. Você não precisa ir embora, pois sua filha já está curada." 

Primeiramente, Deus atendeu a oração daquele jovem curando a menina. Era preciso, contudo, que todos fossem edificados. Assim, Deus mostrou àquela jovem que a menina já estava curada. Essa jovem tem o dom da profecia.     

Em outra ocasião, uma senhora de outra igreja, participava de nossos grupos de oração. Em determinado momento, ela começou a falar em profecia revelando problemas que eu estava vivendo  na igreja. O Espírito me conformou e disse que eu estava no caminho certo: "Você não deve temer o homem. Esta obra é do Espírito. O anjo do Senhor está ao seu lado”.     

"O dom de profecia manifesta-se quando os crentes falam a mente de Deus, pela inspiração do Espírito Santo, e não os seus próprios pensamentos. É um discurso sobrenatural numa língua conhecida".[91] 

São diversas as formas de o crente receber mensagens do Senhor: 

-Através de visões e sonhos (Nm 12.6; Is 1.1), que interpretados se tornam profecias;

-Ouvindo a voz do Senhor (Nm 12.7-8; Jr 1.4);

-Através de línguas (1Co 14.27; 14.5);

-Alguns veem frases com os olhos do espírito e simplesmente lêem. 

A pessoa que é usada por Deus para ser a "Sua boca" (Jr 15.19) deve se santificar, especialmente, a sua língua, para que realmente seja um canal do Espírito Santo.        

A profecia tem que ser julgada. Ela deve estar de acordo com a Bíblia e o Senhor a testificar em nossos corações (1Co 14.29; 1Ts 5.20-21; Rm 8.16).        

Há uma distinção entre dom de profecia e ministério do profeta. Todos os membros podem ter o dom de profecia (1Co 14.31), pois é o Espírito quem inspira palavras e frases, que devem estar em concordância com a Bíblia. O ministério do profeta é algo permanente e é usado para promover a unidade e maturidade da Igreja (Ef 4.8; 11-16). Ele não precisa, necessariamente, das línguas e de sua interpretação (At  21.8-11; At 11.27-28). 

Devemos ter consciência de que os profetas podem falhar, pois são humanos e nós conhecemos em parte e em parte profetizamos (1Co 13.9). A verdadeira profecia se cumpre. A Bíblia fala sempre em "sinal", ou seja, a confirmação de que a obra é de Deus (1Rs 13.1-5). 

Discernimento de espíritos 

  

É a capacidade de distinguir entre as operações do Espírito de Deus e do espírito maligno (1Jo 4.1; 1Tm 4.1; 1Co 14.29). Discernir significa "ver o oculto".        

Nas suas anotações de 1 Coríntios 12, Wesley menciona o “dom de discernimento ‘que segundo ele representa habilidade para saber’ se os homens são de um espírito reto ou não; se eles têm dons naturais ou sobrenaturais para ofícios na igreja; e se eles que professam falar por inspiração falam de um espírito divino, natural ou diabólico."[92] 

Esse dom é dom defensor. É o "guarda-costas" da Igreja e dos outros dons. Ele protege de uma mentira, de uma manifestação, simplesmente, carnal ou demoníaca. Não é a capacidade de julgar ou de supor. É um discernimento espiritual que vem do Espírito. Vemos na Bíblia que Paulo discerniu que Elimas era filho do diabo, (At 13.6-12) e ainda desmascarou o espírito demoníaco de adivinhação de uma jovem (At 16.16-18).        

Mais do que nunca esse dom é necessário hoje devido à influência e manifestação espírita.  Muitos problemas chegam às famílias levado por pessoas que têm boa aparência e aparentam espiritualidade. Há casos até de pessoas assim que chegaram a ocupar o púlpito. Em um culto, quando o pastor fez um apelo para conversão, uma senhora foi à frente e logo começou a falar em línguas. A igreja se alegrou com isso, mas o pastor percebeu algo de anormal. Ele discerniu que aquilo não vinha de Deus e sim do diabo. Ele, então, disse no  ouvido daquela senhora para o demônio sair daquela vida. A mulher caiu no chão e, então o demônio se manifestou nela, sendo expulso.        

Esse dom é concedido no momento em que se faz necessário proteger a igreja de um ataque maligno ou de uma manifestação carnal.  Da mesma forma que outros dons, qualquer crente pode manifestar esse dom, mas ele será mais útil e intensificado depois do batismo do Espírito Santo.        

"Pelo dom do discernimento de espíritos o crente é capacitado a saber, imediatamente, o que está motivando uma pessoa ou situação. O crente pode estar operando sob inspiração do Espírito Santo; pode estar expressando suas próprias idéias, sentimentos e desejos de sua alma; e é até mesmo possível que esteja permitindo que um espírito estranho o oprima, e pode estar apresentando pensamentos desse espírito de erro."[93] 

Um crente em Jesus pode discernir a presença do Espírito Santo pela alegria, paz e amor presente. Pode também, discernir a presença maligna pela sensação de peso, opressão, tristeza, e desanimo em nosso meio. Uma pessoa presente na congregação pode estar sendo veículo para a ação maligna.        

O discernimento é ver o oculto. Jesus viu Satanás caindo do céu como um relâmpago (Lc 10.18). Conhecemos algumas pessoas que vêem os espíritos ao lado de determinadas pessoas. Isto é útil, pois sabemos assim claramente que o seu problema é espiritual, é bruxaria, opressão etc. 

O dom de discernir espíritos é também para descobrir o que é realmente  a pessoa. Vemos alguns exemplos na Bíblia: 

Sem conhecer a Natanael, Jesus disse sobre ele: "um verdadeiro israelita em quem não há dolo" (Jo 1.47); 

Jesus discerniu quando Pedro falava pelo Espírito de Deus (Mt 16.17) e pelo espírito maligno (Mt 16.23).          

Nós devemos ter consciência de que o inimigo pode enviar uma pessoa a uma reunião para trazer confusão, desânimo, oposição. Depois de discernir, devemos usar de autoridade para repreender a oposição (At 16.16-18).     

Variedade de Línguas   

         

O pregador metodista Thomas Walsh, em 8 de março de 1750, escreveu sua experiência com o dom de línguas: "Esta manhã, o Senhor me deu um idioma que eu não conhecia, levando minha alma a Ele de uma maneira maravilhosa."[94] Wesley acreditava na continuação para todos os tempos do dom de línguas e outros dons do Espírito Santo referidos na Bíblia. 

Esse dom é a capacidade de falar uma linguagem ou várias línguas não aprendidas e não conhecidas. É um dos dons mais desejados.           

O dom de línguas tem dois objetivos: ser um sinal para os incrédulos (1Co 14.22) e para edificação individual de quem exercita esse dom (1Co 14.4; 14.28). Ser sinal para os incrédulos significa mostrar àqueles que não crêem a manifestação do poder de Deus. Não é ser sinal para os crentes que têm dúvidas. 

O texto bíblico faz comparação entre os crentes e os incrédulos (1Co 14.22). Crente é aquele que crê. Ora, não se pode receber o Espírito Santo, se não cremos (Jo 7.39; Ef 1.13; Gl 3.2). Já incrédulos são os infiéis.           

Ele traz edificação individual, pois devido às lutas de cada dia, o crente tem dificuldades e, muitas vezes, não sabe orar adequadamente. Aquele que ora em outra língua é assistido pelo Espírito, que intercede por ele junto a Deus (Rm 8.26-27).           

Esse dom nunca deve ser utilizado para gerar confusão. Em reunião pública, somente deve ser utilizado, em voz alta, se houver quem interprete, para a edificação de todos (I Co 14.26-27)  e se for também em um momento em que outro não esteja com a palavra (1Co 14.23-27). Esse dom não deve ser exercido também para se sobrepor à pregação do Evangelho.           

A oração em línguas é a oração feita pelo espírito da pessoa (1Co 14.14)  e é endereçada a Deus (1Co 14.2). Nem todos aqueles que foram batizados pelo Espírito falam em línguas. Quem fala em línguas pode controlar seus sentimentos e emoções, como nos ensina a Bíblia. Assim haverá edificação da pessoa, evitando confusão na Igreja.           

Em Marcos 16.17 está registrado: "Estes sinais hão de acompanhar aqueles que crêem: em meu nome expelirão demônios; falarão novas línguas; pegarão em serpentes (...). "São sinais, portanto, que todos os crentes, pela fé podem  manifestar, segundo  a vontade do Espírito (At 2.4). Eles aparecerão, principalmente, para os incrédulos, para levá-los a Jesus e manifestar a glória de Deus.           

Esses sinais aparecerão, principalmente, também na vida daqueles que foram batizados pelo Espírito, pois se tornaram canais para a ação do poder de Deus. 

Há pessoas que receberam apenas uma determinada língua  e,   às vezes, algumas palavras, que são usadas na sua vida devocional ou mesmo para trazer uma mensagem aos presentes, quando interpretadas.           

Outras pessoas ainda podem receber uma variedade de línguas para falar em determinado momento e, às vezes, nunca mais voltar a falar esse determinado tipo de língua. No dia de Pentecostes, houve 14 tipos de línguas diferentes e não se tem notícias de que elas foram manifestadas de novo. Diz o texto: "(...) passaram a falar em outras línguas (...)" (At 2.4).          

Uma pessoa pode vir a falar uma linguagem e ninguém interpretar, contudo, essa língua pode ter sido dada pelo Espírito para trazer alguém dos presentes a Jesus.

Certa vez, num culto, uma pessoa começou a falar uma língua que ninguém interpretou. Mas logo uma pessoa foi à frente e começou a dizer que entendeu a língua. Ela era de descendência alemã. Foram reveladas coisas que só ela conhecia. É possível que essa pessoa nunca mais tenha vindo a falar essa língua, que só serviu para aquele momento.    

Há diversos exemplos de missionários que passaram a falar, em determinado momento, a língua nativa, o que levou as pessoas presentes a aceitarem a Jesus como Senhor e Salvador.            

Enfim, podemos dizer que "falar em línguas é o seu espírito falando, inspirado pelo Espírito Santo (...)."[95] 

É o seu espírito, local da habitação do Espírito Santo, regenerado, unido ao Espírito Santo, orando ao Pai.   

 Capacidade de interpretar línguas    

           

É uma capacidade sobrenatural dada pelo Espírito, levando o crente a interpretar uma linguagem que ele não aprendeu e nem conhece.              

Esse dom só é exercido, quando o dom de línguas é manifestado no meio dos crentes. Ele pode ser exercido pela mesma pessoa que orou em línguas (1Co 14.13), bem como por outra pessoa que tem esse dom de interpretação (1Co 14.27-28).              

Uma interpretação de línguas nunca pode estar ligada ao uso do raciocínio ou ao conhecimento de idiomas.               

Quando há interpretação do dom de línguas, ele se torna em profecia. Isto é, há uma mensagem para o grupo ou pessoa presente. Se não há interpretação, somente quem fala é edificado. 

Quem tem esse dom conhece a linguagem estranha que é pronunciada. Um membro e líder de uma igreja havia sentido muito a presença do Espírito e queria a confirmação de que havia sido batizado pelo Espírito. O Senhor já havia dado uma confirmação para ele. Ele orou por uma pessoa colocando as mãos em sua cabeça e ela começou a falar em línguas. Mas, em outra ocasião, num grupo de oração, alguém começou a falar em línguas e ele passou a entender tudo que era falado. A pessoa que falou em línguas disse que havia alguém no grupo que iria interpretar e, então, ele começou a dar a interpretação. 

A interpretação da linguagem estranha, contudo, não pode nunca ir contra um princípio bíblico. Aí entra o dom de discernimento, que protegerá a igreja de qualquer equívoco.

"O dom da interpretação pode vir direto à mente da pessoa, no tolo ou simplesmente algumas palavras para começar, e a medida que o intérprete confia no Senhor e começa a falar, vem o resto da mensagem. A interpretação também pode vir em quadro ou símbolos, ou por um pensamento inspirado, ou o intérprete pode ouvir o falar em línguas, ou parte dele, como se a pessoa estivesse falando diretamente em sua própria língua."[96]  

Uma palavra em língua pode ter muitos significados. Não é tradução. É linguagem dos anjos (1Co 13.1) por isso a interpretação também tem que ser inspirada. Veja a linguagem que apareceu na parede do palácio para o rei Belsazar:  MENE, MENE, TEQUEL e PARSIN. Nenhum sábio, encantador e feiticeiro conseguiu entender, pois era de origem divina (Dn 5.25-28).                  

Daniel interpretou assim (Dn 5.25-28):                  

MENE: Contou Deus o teu reino, e deu cabo dele.                  

TEQUEL: Pesado foste na balança, e achado em falta.                 

PERES: Dividido foi o teu reino, e dado aos medos e persas.                 

Uma interpretação para ser verdadeira tem que se cumprir (Dn 5.30-31).                 

Uma palavra pode ter diferentes significados, como por exemplo, a palavra "batismo" em grego (βάπτισμα), que significa: limpo, puro, genuíno, inculpável, sincero, inocente. Para cada frase essa palavra, em grego, terá uma tradução diferente.

Só mais um detalhe para percebermos a questão da linguagem divina. No Antigo Testamento o judeu não utilizava a vogal. As palavras só tinham consoantes, como o nome de Deus YHWH. Hoje uns traduzem por Jeová ou Javé. Assim vemos que a linguagem divina é muito diferente da nossa língua.  

Uma pessoa pode receber apenas algumas palavras em línguas, como: "servo" + "caminho" + "porta" + "oléo". O Espírito Santo coloca no coração do intérprete a frase: "Servo", no fim deste "caminho" haverá uma "porta", onde serás "ungido" (óleo).                                        

Dons e santidade 

 

Entre as funções do Espírito Santo está distribuição dos dons espirituais (carisma) [97], que nos capacita, e a formação do nosso caráter através do fruto do Espírito. 

Wesley diz: “Ele é a grande fonte de santidade para a sua Igreja; o Espírito de quem fluem toda a graça e toda virtude pelas quais as manchas da culpa são lavadas, e somos renovados em todas as disposições santas, e de novo trazemos a imagem de nosso Criador.”[98] 

Normalmente, quando aceitamos a Jesus o Espírito Santo começa a moldar o nosso caráter através da santificação. Às vezes, contudo, os dons vêm junto com a conversão (At 10.44-45). Podemos assim ter os dons e ainda não ter o caráter de Cristo.           

Certamente, esta foi a experiência de muitos crentes da Igreja em Corinto. Eles tinham os dons, mas não tinham ainda a santidade. Ao contrário, Paulo os chama de carnais (1Co 3.1-3; 1Co 13.1-3).           

Havia em Corinto grande ênfase nos dons, mas o fruto do Espírito não era buscado da mesma forma. Isso produziu falsos valores e deu ocasião à carne.           

Em muitas igrejas locais os líderes incentivam o avivamento ou Batismo com o Espírito Santo tendo a preocupação maior com os sinais ou dons espirituais. Esquecem de enfatizar também o caráter de Cristo. Hoje essas igrejas têm líderes sabendo expulsar demônios, exercendo dons espirituais, mas longe de terem o caráter de Cristo (Ef 4.13; Rm 8.29).           

Alguns identificam sinais como marca da aprovação divina. Mas Jesus disse para os que exercem dons e praticam a iniquidade: nunca vos conheci (Mt 7.22-23).           

Temos o fruto do Espírito (Gl 5.22-23) e devemos viver e andar no Espírito (Gl 5.25), isto é, o contrário de viver na carne. É caminhar para ter o caráter de Cristo.           

A pessoa que tem o fruto do Espírito está no caminho da santidade (1Ts 3.11-13). O amor é uma expressão de vida contínua. É "um caminho" excelente (1Co 13.1;14.1).           

Os dons são para determinados momentos concretos, mas o fruto é uma marca da presença contínua do caráter de Jesus em nós.           

O amor não é um dom -"ferramenta"-, mas sim a condição do uso adequado dos dons. Andar no Espírito é andar em amor (Rm 5.5; 12.9-10;13.8-10).           

Os dons podem cessar, mas o fruto, cuja expressão maior é o amor, não deve nunca cessar. É através desse caminho excelente, dessa marca, que seremos reconhecidos como cristãos (Jo 13.35;15.8-13).           

Dons sem a santidade é possível e leva a uma vida desequilibrada, com falsos valores, trazendo prejuízo ao Corpo de Cristo. Por isso, Paulo escreveu o chamado "hino do amor" (1Co 13.1-13). Aqui ele fala da necessidade de dons e frutos andar juntos. Se houver somente os dons, de nada adiantará para nós (Mt 7.22-23)  e para a vida da Igreja (1Co 13.1-13). De nada adiantará para nós, pois sem santificação ninguém verá ao Senhor (Hb 12.14).           

Os dons são "ferramentas" para o trabalho e não garantia de salvação. 

Vemos que no Antigo Testamento Saul foi ungido pelo Espírito (1Sm 10.6) e chegou a profetizar (1Sm 10.20), nem por isso, porém, guardou os mandamentos de Deus (1Sm 13.13-14; 1Sm 28.7). Por isso, Saul caiu da graça de Deus.           

Santificação é o caminho para termos uma vida cheia de amor (1Ts 3.12-13; Mt 5.43-48) e liberta do pecado (1Ts 4.3;5.23).           

Wesley foi um dos líderes que mais falou em santidade, santificação e perfeição cristã. Para ele, o crente pode alcançar, inclusive, a santificação completa.           

Ele disse que conheceu um grande número de pessoas de todas as idades e sexos que foram santificadas totalmente, isto é, "lavados de toda impureza da carne e do espírito", de modo que "amavam ao Senhor seu Deus de todo o seu coração, alma e força", que continuamente "apresentavam as suas almas e os corpos num vivo, santo e aceitável sacrifício a Deus", e, em consequência disso, "regozijavam-se sempre, e orando sem cessar e em tudo davam graças."[99]           

Aqui vemos a vida liberta do pecado; cheia de amor; dedicando-se ao seu Senhor, constantemente alegre, orando sem cessar e em tudo davam graças.  

Dons sem santidade de nada adiantarão para a Igreja, pois é necessário que haja amor em nós para haver edificação. Força sem controle, sem o objetivo de construir, somente traz destruição. É como um carro sem volante. Há apenas força e não o controle, como acontecia com Sansão. Ele tinha o carisma, mas não tinha o caráter de Deus.           

Certa vez, visitava a casa de membros da Igreja e me deram um refrigerante para beber. Fazia muito calor. Contudo, aquele refrigerante não me fez bem. Alguém se esqueceu de lavar o copo, onde havia sido colocado alho. Por isso, o gosto ficou horrível. 

Da mesma forma acontece com a nossa vida. Nós somos os instrumentos de Deus. Ele nos usa como nós somos. Se, contudo, não estivermos totalmente limpos, o dom que exercemos passará por nós de forma inadequada e não atingirá o objetivo perfeitamente.  

Há ainda pessoas que caíram espiritualmente ou estão fracas, mas ainda têm o dom. Conheço uma pessoa que recebeu o dom de línguas e não teve durante um bom tempo uma vida das mais santificadas. Ela, contudo, continuou com o dom de línguas.            

É verdade que isto não é muito aceitável e que é possível aquele que não andar corretamente vir a perder o dom, como Saul. O fato, porém, é que isto é uma realidade e veio a acontecer na Igreja de Corinto. Lá havia, inclusive, caso de relações sexuais ilícitas (1Co 5.1-5).          

A chave para compreendermos bem esta questão está na epístola que Paulo escreveu aos efésios. Ele fala dos ministérios gerais existentes para a Igreja: apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres (Ef 4.11). Estes ministérios gerais tinham um objetivo: levar ao aperfeiçoamento dos santos (Ef 4.12). Santos são os cristãos. 

O que é este aperfeiçoamento? 

É ser santificado para ter uma vida cheia de poder, amor e sabedoria de Deus. É caminhar para adquirir o caráter de Cristo, a perfeita varonilidade, a medida da estatura de Cristo (Ef 4.13). 

Em Coríntios, Paulo fala do aperfeiçoamento da santidade (2Co 7.1). Na carta aos Colossenses, Paulo fala que os crentes daquela igreja estavam aperfeiçoados em Cristo (Cl 2.10). É importante ressaltar que, anteriormente, Paulo deu graças a Deus pela fé e amor da Igreja em Colossos (Cl 1.3-4).           

O apóstolo João fala também no aperfeiçoamento do amor (1Jo 2.5; 4.12). Não se pode esquecer também que Jesus falou da necessidade de amarmos uns aos outros, especialmente aos inimigos, para nos tornarmos perfeitos (Mt 5.43-48). Por isso, Paulo fala de edificação em si mesmo em amor (Ef 4.16). 

Esta perfeição que Jesus fala aqui significa "plenamente desenvolvido" ou "frutos maduros" ou ainda "mercadorias em boas condições ou completas".[100] 

Nesta mesma carta aos efésios, Paulo fala da necessidade daqueles cristãos compreenderem qual é a grandeza imensa do amor de Cristo (Ef 2.18-19).

Este aperfeiçoamento, portanto, é levar à maturidade: "frutos maduros", "adultos". É levar à perfeição, à santidade, ao caráter de Jesus.          

Logo a seguir, Paulo fala "para o desempenho do seu serviço" (Ef 4.12), isto é, para depois de aperfeiçoados poderem executar o nosso ministério (diaconia), exercer o dom concedido a nós. Aqui Paulo mostra a necessidade de termos primeiro a santidade para assim eficientemente exercermos o ministério.           

Podemos dizer, então, que o fruto + o dom é igual a "edificação do Corpo de Cristo" (Ef 4.12). O alvo final será, então, sermos "tomados de toda a plenitude de Deus" ( Ef 3.19); chegarmos à medida da estatura da plenitude de Deus" (Ef 4.13), ficarmos " plenos do Espírito" (Ef 5.18).           

Não significa três realidades diferentes, mas uma mesma realidade. Lembremo-nos de que o Senhor é o Espírito (2Co 3.17). No original grego é usada a mesma raiz para falar das "três plenitudes". Essa expressão nos três textos bíblicos acima mencionados significa "acabamento".           

Ter a plenitude é chegar à maturidade!           

Enfim, dons sem a santidade produzem uma vida desequilibrada, gerando falsos valores, pois o "eu" fica sendo o centro das atenções. Os dons na vida de uma pessoa que tem falta de fruto e é motivada pela vontade de ser notada serão como latas de zinco ressonantes (1Co 13.1).           

Santidade sem os dons do Espírito produz uma vida piedosa voltada mais para si e sem maiores resultados para o Reino de Deus.           

Por isso, os dons e o fruto do Espírito devem caminhar juntos (1Co 14.1).         

O batismo do Espírito é uma realidade, que muitas pessoas têm alcançado. Podemos dizer que isto era algo comum no princípio do cristianismo. A Bíblia, porém, deixa claro que nem todos têm a plenitude do Espírito.         

Por isso há a recomendação para buscar a plenitude do Espírito (Ef 5.18; 3.19;4.13), ou seja, chegar à maturidade cristã, ao caráter de Cristo.           

Paulo deixa claro que há um propósito do Senhor na nossa vida: adquirirmos o caráter de Jesus: “(...) até que todos alcancemos a unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, e cheguemos à maturidade, atingindo a medida da plenitude de Cristo” (Efésios 4.13).           

A plenitude do Espírito é um segundo passo que o cristão dá em busca da perfeita varonilidade.           

Algumas pessoas ainda confundem o batismo do Espírito com a plenitude do Espírito. Como diz o pentecostal Juan Carlos Ortiz, "um é o início, o outro é o complemento".       

Vemos que os efésios já haviam sido batizados pelo Espírito (At 19.1-6;Ef 1.12-14;4.30), mas mesmo assim Paulo pede para eles buscarem a plenitude do Espírito (Ef 5.18).          

É verdade que a Bíblia não fala somente na expressão "batismo", ao contrário, parece que esta expressão com o passar dos tempos foi sendo deixada de lado e foram sendo utilizadas expressões como "concede o Espírito" (Gl 3.5);" recebamos o Espírito prometido" (Gl 3.14); "Espírito Santo que nos foi dado" (Rm 5.5); "Deus, que vos infundiu o Seu Espírito Santo" (1Ts 4.8) e "Espírito Santo, que Ele ricamente derramou sobre nós" (Tt 3.5-6).           

A Bíblia fala também em "plenitude" e "cheio" do Espírito, pelo menos 15 vezes no Novo Testamento.           

Em alguns textos bíblicos vemos que, quando o cristão ficava cheio do Espírito, ele falava corajosamente, exortando, edificando e consolando. Ele evangelizava com ousadia (Lc 1.41; 1.67; At 2.4; 4.8; 7.55; 9.17-20; 13.9). Podemos dizer que o cristão profetizava. 

Vemos também que as pessoas que eram cheias do Espírito tinham uma vida santificada (Lc 1.15; At 4.1; 6.3; 6.5; 11.24; 13.52; Ef 5.18). Em Efésios 3.19, Paulo fala aos crentes "para que sejais tomados de toda a plenitude de Deus". 

Ele diz que ora para que eles sejam fortalecidos em poder, pelo Espírito (3.16), para Cristo habitar nos corações, pela fé (3.17). Diz também para eles estarem fundamentados no amor, para conhecerem plenamente o amor de Deus. Isto é uma vida de poder e de santidade. Ter o caráter de Cristo. 

A importância da plenitude do Espírito era imensa. Pode parecer até estranho para alguns, mas era mais importante do que ser batizado pelo Espírito. O "batismo" era algo comum (o que, talvez, não seja hoje). Já a plenitude era um alvo a ser alcançado. 

O Novo Testamento não destaca ninguém por ser batizado pelo Espírito, exatamente por ser algo bem natural. A Bíblia diz: "A proposta agradou a toda a assembléia, e foram escolhidos: Estevão, homem cheio de fé e do Espírito Santo (...)" (At 6.5). Sobre Barnabé, diz: "sete homens de boa reputação, cheios do Espírito e de sabedoria" (At 6.3). Pessoas de caráter.           

A plenitude era também uma condição para se poder ocupar a liderança da Igreja. Quando os apóstolos quiseram se dedicar somente à "oração e ao ministério da palavra" (At 6.4), pediram à assembléia dos discípulos que escolhessem sete homens "para servir às mesas" (At 6.2), ou seja, atender aos necessitados. A condição era: "sete homens de boa reputação, cheios do Espírito e de sabedoria" (At 6.3).           

A Igreja Primitiva não colocava qualquer um na liderança. Isto é algo que devemos recuperar como Igreja. Às vezes, colocamos algumas pessoas na liderança somente pela sua posição social, conhecimento intelectual ou influência na Igreja. Por causa disso, muitas igrejas estão sempre enfrentando sérios problemas internos, pois falta a capacidade vinda do Alto.           

Aquele que tinha a plenitude do Espírito era capacitado para a obra de Deus, para a Missão da Igreja. Vemos vários exemplos na Bíblia. Um deles é o exemplo de Pedro. Ele havia negado a Jesus (Lc 22.54-62), mas depois que ficou cheio do Espírito passou a pregar sem medo, com intrepidez (At 4.7-9). Isto significa que Pedro deixou de ter falhas, mas o Espírito cada vez mais o capacitava.           

Os discípulos também haviam sido proibidos de falar ou ensinar em nome de Jesus (At 4.18). Eles estavam se sentindo ameaçados: "(...) agora, pois, Senhor, considera suas ameaças" (At 4.29), então pediram ao Senhor que anunciassem o evangelho com intrepidez (At 4.29). E o texto bíblico diz: "Todos ficaram cheios do Espírito Santo e puseram-se a anunciar a palavra de Deus com firmeza" (At 4.31).

O mesmo aconteceu com Estevão. Depois de ter feito um discurso ousado, mostrando os erros dos judeus (At 7.1-53), ele foi ameaçado de morte (At 7.54). Estevão, porém, mostrou-se tranqüilo e firme em sua fé ao final de sua vida e ainda teve tempo de pedir a Deus: "não lhes imputes este pecado" (At 7.60). 

Isto tudo aconteceu porque Estevão era cheio do Espírito Santo (At 7.55). Ele tinha o caráter de Cristo.           

Paulo também logo depois de ficar cheio do Espírito, saiu pregando nas sinagogas (At 9.17-22). Em outras ocasiões, Paulo e Barnabé pregavam na ilha de Pafos. Elimas, o mago, tentou impedir que o procônsul aceitasse a Jesus, mas "Paulo, cheio do Espírito Santo, fixou nele o olhar e disse "Ó filho do diabo (...)" (At 13.9-10). 

Outra marca de uma pessoa cheia do Espírito é ter alegria, mesmo na perseguição. Vemos isto quando Paulo e Barnabé foram ameaçados pelos judeus, em Antioquia: "suscitaram desse modo uma perseguição a Paulo e Barnabé e expulsaram-nos do seu território" (At 13.50).           

A Igreja em Filipos é um exemplo de uma vida sob a ação do Espírito: adoravam a Deus no Espírito (Fp 3.3); Deus efetuava o Seu querer e o realizar nesta igreja (Fp 2.13); ela praticava o amor (Fp 4.14-17) etc. 

Dentro desta vida cheia do Espírito, a alegria era uma constante (Fp 2.2; 2.17; 2.18; 3.1; 4.1; 4.4; 4.10).           

Isto não significa que não havia dificuldades e problemas, mas significava que a vida plena do Espírito fortalecia, dava esperança e certeza de que tudo seria superado, por isso, existia a alegria, vinda do próprio Espírito (Gl 5.22).

Uma das outras marcas de uma vida cheia do Espírito é a submissão do "eu", do ego, da vontade própria.           

Depois da recomendação de se buscar a plenitude do Espírito (Ef 5.18), Paulo enumera várias atitudes de um cristão cheio do Espírito. Assim, podemos dizer que, quando estamos cheios do Espírito, não há divisão, mas união (Ef 5.19); não há cânticos carnais e sim cânticos espirituais (Ef 5.19); não se deseja dominar, mas se submeter uns aos outros (Ef 5.21).           

A expressão "plenitude" significa "encho a ponto de transbordar, dou plenitude ou acabamento, unificando e harmonizando."[101]           

Por tudo que foi enumerado acima é que podemos dizer que a plenitude do Espírito é fundamental para a vida da igreja; para a edificação do Corpo de Cristo; para o testemunho, para uma vida de poder espiritual. 

Podemos dizer que uma pessoa assim adquiriu o caráter de Cristo e está andando como Jesus andou: vida de amor, humildade, comunhão com o Pai, autoridade frente às trevas, libertos do domínio do pecado, mansidão, plena certeza de fé, solidariedade com os que sofrem etc. 

O Pentecostes no movimento metodista entre os anos de 1758-1963, para Wesley, foi “o aperfeiçoamento dos santos’. Muitas pessoas em Londres, em Bristol, em York, e em várias partes da Inglaterra e da Irlanda, experimentaram uma tão profunda e universal mudança que antes não tinham imaginado entrar em seus corações. Depois de uma profunda convicção de pecado inato, de sua queda total de Deus, eles foram tão cheios de fé e amor (e geralmente em um momento), que o pecado desapareceu (...)”.[102] 

Wesley disse que eles descobriram que a partir desse momento estavam sem orgulho, raiva, desejo ou incredulidade. Então, ees podiam sempre se alegrar, orar sem cessar e em tudo dão graças.  

Para Wesley, a santificação deve ser buscada. 

Para ele,  devemos esperar pelo “cumprimento da promessa na obediência universal; em guardar todos os mandamentos; negando a nós mesmos, e assumindo a cruz diariamente. Estes são os meios gerais que Deus ordenou para recebermos a sua graça santificadora. As particularidades são a oração, buscando as Escrituras, a comunicação e o jejum."[103]  

“A pregação da inteira santificação foi convenientemente descrita como ‘um evangelho não apenas para os pecadores, mas para os salvos’. Foi um desafio para a segunda geração de metodistas ‘descobrir altos níveis de santidade pessoal e novas fontes de poder espiritual em uma segunda experiência religiosa pessoal como definitiva e crítica como a experiência cristã inicial’. A possibilidade de uma vida superior da graça veio como uma novidade para a segunda geração de metodistas.”[104] 

Esta possibilidade de “altos níveis de santidade pessoal e novas fontes de poder espiritual” está disponível também a todos nós hoje que cremos no Senhor Jesus Cristo.



[1] LELIÈVRE, Mateo. João Wesley - Sua vida e obra. São Paulo: Editora Vida, 1997.p.217.

[2] LELIÈVRE, Mateo. João Wesley - Sua vida e obra. São Paulo: Editora Vida, 1997.p.217.

[3] BUYERS, Paul Eugene, tradução. Trechos do Diário de João Wesley. Junta Geral de Educação Cristã, Imprensa Metodista, 1065, p.130.

[4] Pentecostes é histórica e simbolicamente ligado ao festival judaico da colheita (Shavuot), que comemora a entrega dos Dez Mandamentos no Monte Sinai cinquenta dias depois do Êxodo (https://pt.wikipedia.org/wiki/Pentecostes).

[5] Bíblia de Estudo.Palavras Chave – CPAD, 2008, p.4013.

[6] BUYERS, Paul Eugene, tradução. Trechos do Diário de João Wesley. Junta Geral de Educação Cristã, Imprensa Metodista, 1965, p.130.

[7] E. H. Sugden. The Standard Sermons of John Wesley' por Vol. I '. https://www.cai.org/bible-studies/scriptural-christianity-john-wesley. cf. http://enrichmentjournal.ag.org/201103/201103_000_holy_sp.cfm 

[8] Andrew Williams. Publicado por Duke Lancaster. John Wesley e o sobrenatural. http://www.vineyardjackson.org/blog/wesley.

[9] WESLEY, João.Trechos do diário de João Wesley,  Ibidem, p.99.

[10] REILY, Duncan Alexander. “João Wesley e o Espírito Santo” em História, Metodismo, Libertações. p. 18.

[11] WESLEY, João. Trechos do diário de João Wesley, ibidem, p.115.

[12] Ibidem,, p.37-8.

[13] Ibidem, p.84.

[14] Ibidem, p.156.

[15] Publicado no livro “O Pentecoste Coreano”, de William Blair e Bruce Hunt. https://pt.scribd.com/document/335239140/o-pentecoste-coreano-pdf

[16] WALKER, John. A História do Avivamento Morávio. Rubiataba, Goiás, 1978, p.2-6.

[17] Idem.

[18] Idem, p.2-6.

[19] LILIÈVRE, Mateo. João Wesley – Sua vida e obra. São Paulo: Editora Vida, 1997p.217.p.217.

[20] LILIÈVRE, Mateo. João Wesley – Sua vida e obra. São Paulo: Editora Vida, 1997p.217p.218.

[21]  FISCHER, Harold A. Avivamentos que avivam. Ibidem, p.102.

[22] STAPLES, Rob L. John Wesley’s doctrine of the hole Spirit. https://iliff.instructure.com/courses/1439137/files/.../download?.

[23] BURTNER, Robert; CHILES, Robert. Coletânea da Teologia de João Wesley, p. 91-92

[24] WILLIAM, Allen. A História dos avivamentos religiosos. Casa Publicadora Batista, 1958, p.32

[25] LELIÈVRE, Mateo. João Wesley - Sua vida e obra. São Paulo: Editora Vida, 1997.p.217.

[26]http://www.johnwesley-izildabella.com.br/2016/01/27/john-fletcher-redescoberto/Laurence W. Wood, Ph. D.Frank Paul Morris Professor of  Systematic Theology Asbury Theological Seminary.

[27] Idem.

[28]  Conferencia Geral da UMC. Diretrizes: A UMC e o Movimento Carismático, 1976. Fonte Davies e Peart, O Movimento Carismático e o Metodismo, 2. http://www.umc.org/what-we-believe/guidelines-the-umc-and-the-charismatic-movement

[29] BUYERS, Paul Eugene. Diário de João Wesley. São Paulo, Imprensa Metodista, 1965, p. 99

[30] Idem.

[31] Idem

[32] WILLIAM, Allen. A História dos avivamentos religiosos. Casa Publicadora Batista, 1958, p.32

[33] HEITZENHATER, Richard P. Wesley e o povo chamado Metodista. São Bernardo do Campo-Rio de Janeiro: Editeo-Pastoral Bennett, 1986,  p.90

[34] Idem, p.100-101.

[35] Idem, p.102.

[36] Idem, p.103.

[37] Idem, p.218.

[38] Idem, p.130.

[39] LILIÈVRE, Mateo. João Wesley – Sua vida e obra. São Paulo: Editora Vida, 1997, p. 217.

[40] Ward & Heitzenrater, Works, Volume 21, 438–439.https://www.lcoggt.org/Articles/methodist_pentecost.htm

[41] LILIÈVRE, Mateo. João Wesley – Sua vida e obra. São Paulo: Editora Vida, 1997, p. 217.    

[42] Idem.

[43] Ward & Heitzenrater, Works, Volume 21, 438–439. https://www.lcoggt.org/Articles/methodist_pentecost.htm.

[44] LILIÈVRE, Mateo. João Wesley – Sua vida e obra. São Paulo: Editora Vida, 1997, p.105.

[45] Idem, p.249.

[46] Idem, p.293.

[47] FOX, H. Eddie – MORRIS, George E. Anunciemos o Senhor. São Paulo, Imprensa Metodista, 1994.

[48] O Poder lá do alto”, em O Expositor Cristão.  9 de abril de 1935,  p.1.

[49] Idem.

[50] BUYERS, Paul Eugene. Diário de João Wesley. São Paulo, Imprensa Metodista, 1965, p.95.

[51] ZIVADINOVIC, Dojcin. Wesley and Charisma: An Analysis of John Wesley’s view spiritual gifts (Wesley e Carisma: Análise da visão de João Wesley sobre dons espirituais), op. cit., p. 60.

[52] Jamin Bradley citando The Works of John Wesley, Volume 19: Journal and Diaries II (1738-1743). https://newfangled.wordpress.com/2010/05/12/john-wesley-and-the-power-of-the-spirit/

[53] BUYERS, Paul Eugene. Diário de João Wesley. São Paulo, Imprensa Metodista, 1965, p.95.

[54] BUYERS, Paul Eugene. Diário de João Wesley. São Paulo, Imprensa Metodista, 1965, p.98.

[55] https://pt.slideshare.net/revpdn/derramamento-doesprito

[56] Conferência Geral: "Diretrizes: a Igreja Metodista Unida e a Renovação Carismática ", 1976. http://www.umc.org/what-we-believe/guidelines-the-umc-and-the-charismatic-movement.

[57] ZIVADINOVIC, Dojcin. Wesley and Charisma: An Analysis of John Wesley’s view spiritual gifts (Wesley e Carisma: Análise da visão de João Wesley sobre dons espirituais), op. cit., p. 68.

[58] Idem, p. 69.

[59] Idem, p.58.

[60] Idem, p. 58.

[61] https://pt.slideshare.net/revpdn/derramamento-doesprito

[62] https://pt.slideshare.net/revpdn/derramamento-doesprito

[63] ZIVADINOVIC, Dojcin. Wesley and Charisma: An Analysis of John Wesley’s view spiritual gifts (Wesley e Carisma: Análise da visão de João Wesley sobre dons espirituais), op. cit., p. 70.

[64] ZIVADINOVIC, Dojcin. Wesley and Charisma: An Analysis of John Wesley’s view spiritual gifts (Wesley e Carisma: Análise da visão de João Wesley sobre dons espirituais). Dojcin Zivadinovic, Ph.D. Candidato à História da Igreja (Andrews University), p.70.

[65] Ibid, p.58. In Wesley, “The More Excellent Way,” (1787) in Works of the Rev. John Wesley, 12 vols. (London: Wesleyan Conference Office, 1872), 7:27 [hereafter referred to as WRJW]. See Wesley’s early longings for Fruits of the Holy Spirit in his diary entry of August 12, 1738 in WRJW 1:120ff; January 4, 1739 in WRJW 1:170-72. See also the entire sermon 4, “Scriptural Christianity,” August 24, 1747, in WRJW 5:37-52.

[66] E. H. Sugden,'The Standard Sermons of John Wesley', Vol. I . https://www.cai.org/bible-studies/scriptural-christianity-john-wesley.

[67] Notas Explicativas , p. 625 (1 Corintios 12:31). Observe seu comentário sobre cura, p. 623.   Veja também o Sermão, "O caminho mais excelente", Works (Jackson), 7:27; Notas Explicativas , p. 713 (em Eph. 4: 8-11). http://www.swartzentrover.com/cotor/e-books/freemeth/flame/tdf04.html.

[68].JR, Robert G. Tutlle. João Wesley e os dons do Espírito Santo. Professor de evangelismo na Escola Missões Mundiais E. Stanley Jones e Evangelismo  no  Asbury Theological Seminary em Wilmore, Kentucky, EUA.. https://ucmpage.org/articles/rtuttle1.html; ZIVADINOVIC, Dojcin. Wesley and Charisma: An Analysis of John Wesley’s view spiritual gifts (Wesley e Carisma: Análise da visão de João Wesley sobre dons espirituais). Dojcin Zivadinovic, Ph.D. Candidato à História da Igreja (Andrews University), p.58.

[69] JR, Robert G. Tuttle. João Wesley e os dons do Espírito Santo. Op.cit.,p.58.

[70] Jamin Bradley citando The Works of John Wesley, Volume 19: Journal and Diaries II (1738-1743). https://newfangled.wordpress.com/2010/05/12/john-wesley-and-the-power-of-the-spirit/

[71]John Wesley's Notes on the Bible. http://wesley.nnu.edu/john-wesley/john-wesleys-notes-on-the-bible/notes-on-st-pauls-first-epistle-to-the-corinthians/#Chapter+XII

[72] ZIVADINOVIC, Dojcin. Wesley and Charisma: An Analysis of John Wesley’s view spiritual gifts (Wesley e Carisma: Análise da visão de João Wesley sobre dons espirituais), op. cit., p. 63.

[73] Idem.

[74]John Wesley's Notes on the Bible. http://wesley.nnu.edu/john-wesley/john-wesleys-notes-on-the-bible/notes-on-st-pauls-first-epistle-to-the-corinthians/#Chapter+XII.

[75] DENNIS & BENNET, Rita.  O Espírito Santo e você. São Paulo, Editora Vida, 1980. 

[76]John Wesley's Notes on the Bible.http://wesley.nnu.edu/john-wesley/john-wesleys-notes-on-the-bible/notes-on-st-pauls-first-epistle-to-the-corinthians/#Chapter+XII

[77] DENNIS & BENNET, Rita .  O Espírito Santo e você. São Paulo, Editora Vida, 1980.

[78] ZIVADINOVIC, Dojcin. Wesley and Charisma: An Analysis of John Wesley’s view spiritual gifts (Wesley e Carisma: Análise da visão de João Wesley sobre dons espirituais), op. cit., p. 64.

[79] Jamin Bradley citando The Works of John Wesley, Volume 19: Journal and Diaries II (1738-1743). https://newfangled.wordpress.com/2010/05/12/john-wesley-and-the-power-of-the-spirit/

[80]John Wesley's Notes on the Bible. http://wesley.nnu.edu/john-wesley/john-wesleys-notes-on-the-bible/notes-on-st-pauls-first-epistle-to-the-corinthians/#Chapter+XII.

[81] DENNIS & BENNET, Rita .  O Espírito Santo e você. São Paulo, Editora Vida, 1980.

[82] ZIVADINOVIC, Dojcin. Wesley and Charisma: An Analysis of John Wesley’s view spiritual gifts (Wesley e Carisma: Análise da visão de João Wesley sobre dons espirituais), op. cit., p. 64.

[83] http://www.ifamilia.com.br/estudo/dons-de-curar/

[84] ZIVADINOVIC, Dojcin. Wesley and Charisma: An Analysis of John Wesley’s view spiritual gifts (Wesley e Carisma: Análise da visão de João Wesley sobre dons espirituais), op. cit., p. 63.

[85] Jamin Bradley citando The Works of John Wesley, Volume 19: Journal and Diaries II (1738-1743). https://newfangled.wordpress.com/2010/05/12/john-wesley-and-the-power-of-the-spirit/

[86] David Johannes du Plessis (7 de fevereiro de 1905 - 31 de janeiro de 1987) foi um ministro pentecostal sul-africano, e é considerado um dos principais fundadores da movimento carismático, em que a experiência pentecostal se espalhou para igrejas não-pentecostais no mundo inteiro. (https://pt.wikipedia.org/wiki/David_du_Plessis).

[87]  WESLEY, João. O Caminho Mais Excelente. Cf. http://enrichmentjournal.ag.org/201103/201103_000_holy_sp.cfm

[88] John Wesley's Notes on the Bible. http://wesley.nnu.edu/john-wesley/john-wesleys-notes-on-the-bible/notes-on-st-pauls-first-epistle-to-the-corinthians/#Chapter+XII.

[89] ZIVADINOVIC, Dojcin. Wesley and Charisma: An Analysis of John Wesley’s view spiritual gifts (Wesley e Carisma: Análise da visão de João Wesley sobre dons espirituais), op. cit., p. 63.

[90] http://www.biblestudytools.com/commentaries/wesleys-explanatory-notes/romans/romans-12.html

[91] DENNIS & BENNET, Rita.  O Espírito Santo e você. São Paulo, Editora Vida, 1980. 

[92] ZIVADINOVIC, Dojcin. Wesley and Charisma: An Analysis of John Wesley’s view spiritual gifts (Wesley e Carisma: Análise da visão de João Wesley sobre dons espirituais), op. cit., p.63.

[93] Idem.

[94] http://enrichmentjournal.ag.org/201103/201103_000_holy_sp.cfm. Stanley H. Frodsham, com sinais seguidos (Springfield, Missouri: Gospel Publishing House, 1941), 258. 

[95] Idem.

[96] Idem.

[97] Carisma (do grego khárisma,atos, graça; favor, benefício, através do latim charísma,àtis, dom da natureza, graça divina).

[98] BUYERS, Paul Eugene. Diário de João Wesley. São Paulo, Imprensa Metodista, 1965, p.92

[99] BUYERS, Paul Eugene. Diário de João Wesley. São Paulo, Imprensa Metodista, 1965, p.192.

[100] TAYLOR, W., Dicionário do Novo Testamento Grego. Casa Publicadora Batista, 1965.

 

[101] http://www.pregacaoexpositiva.com.br/downloads/Derramamento_do_Espirito_relatado_no_Novo_testamento.pdf

[102] Ward & Heitzenrater, Works, Volume 21, 438–439. https://www.lcoggt.org/Articles/methodist_pentecost.htm.

[104] Idem.

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