Ministério Feminino no tempo de Wesley

 

Wesley acreditava que houve uma concessão extraordinária de Deus às mulheres

 

Odilon Massolar Chaves

 

 

 


Copyright © 2024, Odilon Massolar Chaves 

Todos os direitos reservados ao autor. 

É permitido ler, copiar e compartilhar gratuitamente

Art. 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998. 

Livros publicados na Biblioteca Wesleyana: 130

Endereço: https://bibliotecawesleyana.blogspot.com

 Tradutor: Google

-----------------

Odilon Massolar Chaves é pastor metodista aposentado, doutor em Teologia e História pela Universidade Metodista de São Paulo.

Sua tese tratou sobre o avivamento metodista na Inglaterra no século XVIII e a sua contribuição como paradigma para nossos dias.

Foi editor do jornal oficial metodista e coordenador de Curso de Teologia.

É escritor, poeta e youtuber.

Toda glória seja dada ao Senhor

Rio de Janeiro - Brasil

 

 

“Não creio que todas as mulheres são chamadas para falarem em público, nem que todos os homens o são para serem pregadores metodistas; porém, algumas têm um chamado extraordinário para isso, e ai daquela que não o obedece"

(Wesley)

 


Índice

 

·      Introdução

·      O Ministério Feminino dentro do messianismo de Wesley

·      A mulher dentro das Dispensação Extraordinária da Providência de Deus

·      A pregadora eloquente

·      Sarah Crosby e seu pioneirismo na pregação

·      Mulheres que se destacaram nos diferentes ministérios

 

 

Introdução

 

“Ministério Feminino no tempo de Wesley” é um livro que trata sobre o ministério das mulheres no metodismo primitivo, especialmente das mulheres pregadoras.

Wesley entendeu que Deus deu ao metodismo diversas responsabilidades, no século XVIII, na Inglaterra. Uma delas foi de espalhar a santidade bíblica por toda terra.

O ministério feminino no metodismo estava dentro de certeza que tinha Wesley de ser uma concessão especial e extraordinária ao metodismo, no século XVIII, num tempo de impedimento sobre essa prática.

O fato é que a pregação das mulheres foi algo entregue ao metodismo, naquela época. Não significa hoje que outras Igrejas não tenham também esse chamado.

Havia toda uma cultura contra às pregações das mulheres em público. Se hoje há tanto preconceito, imagina naquela época.

Contudo, Wesley acreditava que o metodismo estava dentro de uma concessão extraordinária de Deus. Alguns chamam isso de messianismo de Wesley.

Por isso, Wesley foi em frente.

Sarah Crosby e Mary Bosanquet deram início às pregações em público.

Hoje o ministério pastoral feminino é uma realidade no metodismo mundialmente.

Muitas Igrejas entendem até que essa não é uma prática bíblica.

A prática no metodismo, contudo, está alicerçada dentro da certeza de que Deus foi quem fez esse chamado. Os frutos sempre comprovaram esse chamado.

O Autor

 


O Ministério Feminino dentro do messianismo de Wesley 

 

 

“Não creio que todas as mulheres são chamadas para falarem em público, nem que todos os homens o são para serem pregadores metodistas; porém, algumas têm um chamado extraordinário para isso, e ai daquela que não o obedece"

(Wesley)

O que é o messianismo?

“O messias pode ser um líder religioso ou político-social com carisma messiânico, poderes mágicos e autoridade.

O messianismo surge, quase sempre, em um contexto social de miséria e profundo descontentamento com a situação em que se vive. O messias é, então, o salvador, o emissário de Deus que porá fim à ordem presente e instaurará uma nova era de virtude e justiça”.[1]

A visão messiânica de Wesley

“As considerações escatológicas de Wesley impactaram muito sua pregação e o mesmo pode ser verdade para os herdeiros de Wesley. O que Wesley acreditava sobre a obra pretendida por Deus na história e no próximo milênio ajuda a explicar parte da motivação e do poder por trás de sua pregação e do sucesso do movimento metodista primitivo. Em vários sermões, Wesley mencionou que uma nova criação estava chegando a esta terra. Seus sermões ‘O Livramento Geral’ (1781) e ‘A Nova Criação(1785) certamente apontam para uma era paradisíaca nesta terra que não pode ser espiritualizada ou tornada coincidente com a era da igreja”.[2]

A esperança de Wesley

“Wesley esperava que Deus trouxesse um reavivamento do cristianismo primitivo”

“A escatologia de Wesley permitiu-lhe ser fiel às esperanças dos primeiros cristãos e às audaciosas esperanças do melhor na pregação de avivamento de sua própria época. Wesley esperava que Deus trouxesse um reavivamento do cristianismo primitivo para o mundo inteiro antes da consumação da história”. [3]

O Ministério Feminino e o messianismo de Wesley

“A abertura ao Ministério Feminino era uma concessão e delegação de Deus ao metodismo”    

Wesley tinha uma consciência clara que a ênfase na Perfeição Cristã, bem como a abertura ao Ministério Feminino era uma concessão e delegação de Deus ao metodismo, no século XVIII, a partir de 1738. 

Tudo começou de fato em 1738

“Em 1738, quando Deus começou a sua grande obra na Inglaterra, comecei a pregar às mesmas horas, verão ou inverno, e não faltaram os ouvintes.”[4] 

Ele chamou a esse momento de “Dispensação Extraordinária da Providência de Deus.” 

O líder do metodismo chegou a essa conclusão, especialmente, quando percebeu que algumas mulheres poderiam pregar no metodismo. Deus estava permitindo fazer uma exceção às regras tradicionais existentes na Inglaterra. Wesley afirmou: 

 “Não creio que todas as mulheres são chamadas para falarem em público, nem que todos os homens o são para serem pregadores metodistas; porém, algumas têm um chamado extraordinário para isso, e ai daquela que não o obedece" (documents, 4:171). Wesley aceitou o argumento de um "chamado extraordinário" reconhecendo que não apenas a pregação leiga, mas também 'todo o trabalho de Deus chamado metodismo, era uma 'dispensação extraordinária da providência de Deus.” [5] 

A Abertura ao ministério feminino 

“O metodismo pode ter sido o primeiro” 

Começando com Susana Wesley[6] e continuando com pregadoras como Mary Bosanquet, Sarah Crosby, Sarah Ryan[7] e outras,[8] o metodismo pode ter sido o primeiro movimento religioso a abrir espaço para o ministério feminino.

“Susannah acendeu o pavio do reavivamento”

 “Se Susannah acendeu o pavio do reavivamento, John Wesley abanou a chama até transformá-la num verdadeiro incêndio. Sua praticidade característica teve papel importante nos reavivamentos, inclusive a modificação de seus pontos de vista sobre a participação feminina.”[9]

Indo mais além

“Elas passaram da exortação para a pregação”

Segundo Stanley J.Grenz, inicialmente, Wesley deu autorização para as mulheres somente “exortar” e não “pregar”. Contudo, elas passaram da exortação para a pregação.[10]

A conclusão de Wesley

“O sucesso desses esforços finalmente levou Wesley a concluir que o chamado da mulher era um fator-chave na determinação desse ministério”.[11]

Dentro do movimento das Escolas Dominicais, a metodista Ana Ball se destacou:

“A senhorita Ana Ball, de High Wycombe, é considerada a fundadora da primeira Escola Dominical Metodista, no sentido exato do termo. Organizada no ano de 1769, a sua escola Dominical funcionou por muitos anos.”[12]

Muitas mulheres foram líderes de células (Band) no metodismo na Inglaterra com Carlos e João Wesley. Carlos relatou no domingo, dia 11 de maio de 1740: “conheci as mulheres Líderes pela primeira vez; e, depois de uma oração viva, levei-as à mesa do Senhor em São Paulo”, disse.[13]

Susanna Designe foi outra líder de célula (Band). No sábado, 8 de janeiro de 1743, “conheci a banda de Susanna Designe, com os três Quakers, e uma extraordinária presença de Deus entre eles”, [14]disse Carlos Wesley.

 A oportunidade concedida às mulheres de pregarem está também dentro do messianismo[15] de Wesley.

Segundo o historiador metodista Duncan Reily, “João Wesley teve a consciência de estar envolvido em algo extraordinário que o próprio Deus fazia no mundo.”[16]

O próprio resgate da doutrina da perfeição cristã, segundo o historiador Reily, fazia parte da responsabilidade dada por Deus ao metodismo, no século XVIII:

 “A perfeição cristã, cria Wesley, era o depositum que Deus havia entregue aos metodistas como sua responsabilidade especial.”[17]

A própria expansão do metodismo, além da Inglaterra, deve ser vista dentro desse entendimento de Wesley. Em 1746, ele definiu sua visão da seguinte forma:

“(...) um chamado suficiente da Providência´ para novos lugares, tais como Dublin ou Edinburgo: `1: Um convite de...um homem sério temente a Deus, que tem uma casa para nos receber. 2. A probabilidade de fazermos o melhor indo mais adiante, do que ficando mais tempo onde estamos.”[18]

A participação leiga e todo o trabalho metodista eram vistos como uma dispensação extraordinária da providência de Deus.[19]

Esse messianismo de Wesley, segundo Max Weber, surge em oposição à liderança tradicional e à liderança burocrático-legal. Ele se posiciona e é visto como um instrumento de Deus para consertar o que está de errado na sociedade.[20] E Wesley acreditava ter sido o metodismo levantado por Deus  para mudar a situação vigente, ou seja, para:  “(...) reformar a nação (...) e espalhar a santidade bíblica sobre a terra.”[21]

A crise social, na Inglaterra, no século XVIII, como resultado da Revolução Social, havia criado um ambiente propício para o surgimento das ideias messiânicas.[22]

O ordinário e o extraordinário

John Wesley escreveu a seu irmão Charles em 1739: "Tenho uma ligação ordinária e uma extraordinária", escreveu. O chamado comum, explicou João, era sua ordenação, naquele momento em que o bispo coloca as mãos em nossa cabeça e diz: "Toma tu autoridade". O chamado extraordinário é o que Deus nos ordena que façamos com nossa ordenação. 

Na visão de João, os que ordenam não são os que chamam, e os que ordenam não são os que têm a palavra final sobre o que fazemos com essa ordenação”. [23]

Fatos extraordinários comprovam o chamado

O ministério de Wesley em Bristol, nos meses de abril e maio de 1739, foi marcado pela presença de grandes multidões e por sinais exteriores.

 

Só em abril de 1739, Wesley pregou para cerca de 45.800 mil pessoas em Bristol, que é considerado o berço do Movimento Metodista.

Em maio de 1739, ele pregou para 39.500 pessoas. Em junho cerca de 45 mil pessoas ouviram suas pregações. Um total em três meses de cerca de 131.800 pessoas em Bristol.

Dois fatos marcantes passaram a ocorrer nas pregações de Wesley, a partir de abril de 1739, em Bristol: presença de milhares de pessoas e fenômenos espirituais com diversas pessoas, que Wesley chamava de sinais exteriores ou sinais e maravilhas como resultado do poder de Deus.

Dentre as definições de fenômeno está
“acontecimento raro, extraordinário”.[24] Nesse sentido, foi um fenômeno.

Wesley não afirmava que esses acontecimentos eram avivamentos, o que só passou a acontecer mais tarde e impulsionou muito mais o Movimento Metodista.

Wesley, disse sobre seu ministério em Bristol: “Mostrar-te-ei aquele que até então era leão e agora é cordeiro; aquele que era um bêbado, e agora está exemplarmente sóbrio: o prostituto que era, que agora abomina a própria veste manchada pela carne. Estes são os meus argumentos vivos para o que afirmo, a saber, que Deus dá agora, como antes, a remissão dos pecados e o dom do Espírito Santo, mesmo a nós e aos nossos filhos: sim, e isso sempre de repente, até onde eu soube, e muitas vezes em sonhos ou nas visões de Deus. Se não for assim, sou encontrado um falso testemunho diante de Deus. Por estas coisas eu faço, e por sua graça o farei, testifico."[25]

E Wesley continuou pregando em Bristol em 1739 onde Deus realizou grandes maravilhas.  


A mulher dentro das Dispensação Extraordinária da Providência de Deus

 

 

“É claro para mim que toda a obra de Deus denominada metodismo é uma dispensação extraordinária de Sua providência”.

Escrevendo para Mary Bosanquet

Essa afirmação de Wesley é compreendida pelos estudiosos que foi a autorização oficial de Wesley para a pregação das mulheres:

“John Wesley para Mary Bosanquet, 1771: Acho que a força da causa repousa aí em você ter um chamado extraordinário. É claro para mim que toda a obra de Deus denominada metodismo é uma dispensação extraordinária de Sua providência. Portanto, não me pergunto se nela ocorrem várias coisas que não se enquadram nas regras ordinárias de disciplina. [i] [i] Telford, LJW, v. 5, 257.”[26]

O chamado extraordinário

Segundo alguns estudiosos, o metodismo do século XVIII trazia em sua origem ideais messiânicas, que motivou Wesley a abrir espaço na área de pregação e liderança de bands para as mulheres.

Wesley acreditava na “Dispensação Extraordinária da Providência de Deus” ao metodismo.

Havia um chamado e uma concessão ao metodismo, como a abertura da pregação às mulheres, o que seria nada mais do que uma visão messiânica de Wesley.

Para os homens de Deus e líderes espirituais, um chamado. Para estudiosos, uma visão messiânica.

Para Wesley algumas mulheres possuíam "chamada extraordinária" de Deus que as isentava das regras normais de disciplina.[27] Aqui Wesley escrevia uma carta à Maria Bosanquet sobre Sarah Crosby (1729-1804), que foi a primeira mulher metodista autorizada por Wesley para pregar.[28]

Muitas outras pregaram. “Em 1787, apesar da oposição de alguns pregadores do sexo masculino, Wesley autorizou Sarah Mallet a pregar também, contanto que ela concordasse em manter a doutrina e disciplina metodistas”.[29]

Wesley afirmou: “Não creio que todas as mulheres são chamadas para falarem em público, nem que todos os homens o são para serem pregadores metodistas; porém, algumas têm um chamado extraordinário para isso, e ai daquela que não o obedece" (documents, 4:171). Wesley aceitou o argumento de um "chamado extraordinário" reconhecendo que não apenas a pregação leiga, mas também 'todo o trabalho de Deus chamado metodismo, era uma 'dispensação extraordinária da providência de Deus.” [30]

João Wesley considerava que o movimento metodista era uma Dispensação Extraordinária da Providência de Deus:

 “Wesley aceitou os argumentos de um ´chamado extraordinário, reconhecendo que não apenas a pregação leiga, mas também ´todo o trabalho de Deus chamado Metodista´ era uma ´dispensação extraordinária.” [31]

O metodismo restaurou as doutrinas da santidade e do Espírito Santo.

Para ele, “a perfeição cristã, cria Wesley, era o “depositum” que Deus havia entregue aos metodistas como sua responsabilidade especial.”[32]

Os leigos e as mulheres tiveram grande espaço no metodismo o que na época estava fora de cogitação em qualquer Igreja. Inicialmente, Wesley não tinha pastores no Movimento Metodista e sim pregadores.

Para Wesley, a Dispensação extraordinária da Providência de Deus compreendia a doutrina da Perfeição Cristã,[33] o Ministério Feminino[34] e o surgimento do próprio metodismo.[35]      

Em 1771, numa carta para Mary Bosanquet Fletcher, João Wesley disse:

“É claro para mim que toda a obra de Deus chamada Metodismo é uma dispensação extraordinária de Sua providência. Portanto, não me pergunto se várias coisas ocorrem nele que não se enquadram nas regras normais de disciplina.” [36]

Todo o trabalho de Deus chamado metodismo era uma “dispensação extraordinária da providência de Deus”. 


A pregadora eloquente

 

“Verdadeiramente eloquente, seus discursos exibiam muito bom senso e estavam repletos das riquezas do evangelho”

Mary Bosanquet era uma serva e eloquente. “Seus discursos exibiam muito bom senso e estavam repletos das riquezas do evangelho. Ela se destacou naquela poesia de um orador que só pode suprir o lugar de todo o resto, aquela eloquência que vai diretamente ao coração. Ela foi o instrumento honrado de fazer muito bem; e o fruto do seu trabalho manifesta-se agora na vida e nos ânimos dos números, que serão a sua coroa de regozijo no dia do Senhor”.[37]

Seu pioneirismo

“Mary Bosanquet Fletcher, uma Pioneira com ‘Permissão’ para Pregar. Em suas pregações, o que ela mais gostava de discursar, era sobre a vida e os mandamentos de Jesus, e sua forma de se relacionar com as pessoas”.[38]

A origem de Mary Bosanquet

“Se eu não acreditasse assim, não agiria de maneira extraordinária”

(Wesley)

Mary Bosanquet (1739-1815) nasceu em Laytonstone, Inglaterra. Era filha de Samuel Bosanquet e Mary Dunster.

“Ela foi criada em um lar abastado, com divertimentos e lazer. Mas desde pequena Mary teve experiências espirituais, aos 4 anos ela teve a convicção de que Deus ouvia suas orações. Aos 5 anos ela começou a se preocupar com o pecado e a salvação eterna. No catecismo ela ouvia as recomendações bíblicas e percebia que os cristãos não obedeciam”. [39]

Mais tarde, ele viu no metodismo uma oportunidade de participar de uma Igreja semelhante a Igreja Primitiva.

Casamento

Em 1781, Mary se casou com o grande pregador e teólogo John Fletcher, que era pastore anglicano e participante do movimento metodista.

Ela declarou sobre Fletcher: “Seu esforço constante [John] é de me fazer feliz; seu desejo mais forte é o meu crescimento espiritual. Ele, é em todos os sentidos da palavra, o homem a quem minha razão escolheu obedecer”. [40]

Criando um orfanato

Mary Bosanquet Fletcher cresceu em uma família rica,

Ela “evitou sua vida de privilégio depois que ela se voltou para o metodismo. Ela e sua amiga Sarah Ryan estabeleceram um orfanato, onde lideravam reuniões públicas semanais nas quais liam e discutiam as Escrituras. Outra pregadora metodista, Sarah Crosby, ajudou em seus esforços”. [41]

Primeira defesa da pregação feminina

Em 1771, Bosanquet buscou apoio para a pregação e escreveu para João Wesley.

“Esta é vista como a primeira defesa completa e verdadeira da pregação das mulheres no metodismo”. [42]

Embora Wesley estivesse relutante no início, Mary Bosanquet “o convenceu de que tinha um chamado extraordinário: "se eu não acreditasse assim, não agiria de maneira extraordinária – louvo a Deus, sinto-o perto e provo sua fidelidade todos os dias" (carta de 1771 a John Wesley, citada em Paul Chilcote, She Offered Them Christ). [43]

Concordância de Wesley

Wesley concordou com Bosanquet e declarou que “toda a obra de Deus denominada metodismo é uma dispensação extraordinária de Sua providência", permitindo-lhe assim pregar (The Letters of John Wesley, 13 de junho de 1771). Em seu diário, Wesley descreveu o efeito da fala de Maria nas reuniões de classe: "As palavras eram como fogo, transmitindo luz e calor aos corações de todos os que a ouviam".[44]  


Sarah Crosby e seu pioneirismo na pregação

 

“Não vejo que tenha infringido nenhuma lei. Siga com calma e firmeza. Se você tiver tempo, você pode ler para eles as Notas sobre qualquer capítulo antes de falar algumas palavras, ou um dos sermões mais despertadores, como outras mulheres fizeram há muito tempo."

(Wesley)

Sarah Crosby (1729-1804) “é considerada a primeira mulher a deter este título. Crosby, junto com Mary Bosanquet, são as pregadoras mais populares do Metodismo. Estudiosos como Paul Wesley Chilcote consideram Crosby a pregadora metodista mais ocupada, pois ela pregou até o dia em que morreu. Ela também era conhecida por ser hábil na oração, o que na época era visto como uma espécie de oração”.[45]

A relutância e temor de pregar em público

“Eu não tinha certeza se era certo para exortava-me a exortar de maneira tão pública”

Sarah foi atraída pela pregação  de Whitefield, mas influenciada pelo sermão de John Wesley sobre a Perfeição Cristã, ela se juntou à sociedade Foundery e se tornou uma líder de classe em 1752.”[46]

Sarah conheceu e foi trabalhar com Mary Bosanquet e Sarah Ryan em Leytonstone e Cross Hall.

Num domingo, em 1761, ela escreveu: “À noite, esperava encontrar cerca de trinta pessoas em sala de aula; mas para minha grande surpresa chegaram perto de duzentos. Achei horrível, sentido amoroso da presença do Senhor e muito amor ao povo; mas foi muito afetado tanto no corpo quanto na mente. Eu não tinha certeza se era certo para exortava-me a exortar de maneira tão pública, e ainda assim vi que era inviável atender a todos essas pessoas falando particularmente com cada indivíduo. Eu por isso, dei um hino, e orei, e contei-lhes parte do que o Senhor tinha feito por mim persuadindo-os a fugir do pecado". (Arm. 29, 1806, pp. 518, essa experiência é a mesma de Susanna Wesley. Experiências de Epworth)”. [47]

Escrevendo a Wesley

“Sarah Crosby imediatamente escreveu a Wesley pedindo conselhos sobre o evento. John Wesley não se mostra preocupado. Considere sua resposta enviada quase três dias depois de receber a notícia de Sarah”: [48]

“Não vejo que tenha infringido nenhuma lei. Siga com calma e firmeza”

Chamando-a de “Senhorinha”, escrevendo de Londres, em 14 de fevereiro de 1761, Wesley disse: “Até agora, acho que você não foi muito longe. Não podia muito bem fazer menos. Compreendo que tudo o que você pode fazer mais é, quando se encontrar novamente, dizer-lhes simplesmente: 'Você me coloca sob uma grande dificuldade. Os metodistas não permitem pregadoras mulheres: (por causa da convicção de Wesley de não se separar da Igreja Anglicana), também não assumo tal personagem. Mas eu vou te dizer o que está no meu coração'. Isso evitará, em grande medida, a grande objeção e preparará a vinda de J. Hampson. Não vejo que tenha infringido nenhuma lei. Siga com calma e firmeza. Se você tiver tempo, você pode ler para eles as Notas sobre qualquer capítulo antes de falar algumas palavras, ou um dos sermões mais despertadores, como outras mulheres fizeram há muito tempo." (Wesley Cartas 4:133. Na verdade, outro pregador, um Sr. G-h, veio em seu socorro em vez do Sr. J. Hampson)”. [49]

“A aprovação de John Wesley aos esforços de Sarah Crosby marcou sua aceitação de mulheres pregadoras”

“Antes mesmo de receber a carta de Wesley com a resposta, Sarah Crosby se dirigiu aos fiéis do Derby novamente na sexta-feira, 13 de fevereiro. Nessa grande reunião, Sarah sentiu a confirmação de que estava fazendo a coisa certa. Considere suas próprias palavras:

“À noite, exortei cerca de duzentas pessoas a abandonarem os seus pecados, e mostrou-lhes a disposição de Cristo para salvar”

"À noite, exortei cerca de duzentas pessoas a abandonarem os seus pecados, e mostrou-lhes a disposição de Cristo para salvar: Eles afluem como pombas para a janela, ainda não temos pregador. Certamente, Senhor, tu tens muito pessoas neste lugar! Minha alma ficou muito confortada em falar com a gente, como meu Senhor removeu todos os meus escrúpulos respeitando a propriedade dos meus agindo assim publicamente".[50]

A aprovação de John Wesley aos esforços de Sarah Crosby marcou sua aceitação de mulheres pregadoras”.[51]

Uma pregadora itinerante

“Crosby tornou-se um verdadeiro pregador itinerante ao viajar pelo país para dar sermões a centenas em público”

“Anos mais tarde, Wesley deu um incentivo mais aberto às atividades de Crosby e, em 1771, ele endossou oficialmente a prática de mulheres pregando abertamente, em grande parte a pedido de Crosby e Bosanquet.

Wesley permitiu oficialmente

“Então, em 1771, Wesley permitiu oficialmente que as mulheres pregassem em público e sua decisão veio de um pedido de Mary Bosanquet. Ela havia pedido que as mulheres fossem capazes de pregar quando recebessem um ‘chamado extraordinário’ ou aprovação de Deus.’[52]

Wesley “deu seu selo de aprovação a Bosanquet também. Ambas se tornaram evangelistas incansáveis, e cerca de 41 mulheres acabaram se tornando pregadoras leigas no ‘Metodismo do Sr. Wesley".[53]

Uma pregadora itinerante

Nesse mesmo ano, Crosby tornou-se uma verdadeira pregadora itinerante “ao viajar pelo país para dar sermões a centenas em público. Dizem que ela viajou milhares de quilômetros ao longo de sua vida. Suas atividades atraíram a oposição de alguns pastores anglicanos que começaram a negar a ela e até mesmo a Wesley o acesso às suas paróquias. Isso não parecia atrapalhar Crosby, que às vezes pregava para multidões de mais de 500 pessoas”. [54]

Na década de 80, Sarah deixou de viajar por causa de sua saúde, mas pregava localmente.

Seu falecimento

“Crosby morreu aos 75 anos, em 1804, em Leeds. Ela está enterrada no adro da paróquia local junto com outras duas pregadoras: Sarah Ryan e Ann Tripp”. [55]

Sarah e Bosanquet deram início às pregações em público e deixaram um legado para as mulheres metodistas.

Mulheres que se destacaram nos diferentes ministérios

 

“Em 1791, Alice Cambridge escreveu para John Wesley, que lhe assegurou “que ela deveria seguir seu coração se ela estivesse inclinada a pregar, mas ela não deve pregar perto de um pregador masculino, pois ela pode levar um pouco de seu público”[56] 

Dentre as mulheres que se destacaram em diferentes ministérios, no tempo de João Wesley, estão: 

·      Alice Cambridge, uma vida dedicada à pregação.

·      Elizabeth Ritchie, a santa enfermeira de Wesley.

·      Lady Maxwell, filantropa e criadora de Escolas Dominicais.

·      Dorothy Fisher, pioneira na obra missionária

·      Hester Ann Roe, modelo de perfeição cristã

·      Agnes Bulmer, a poetisa do movimento metodista.

·      Elizabeth Patten Bennis, mentora do movimento metodista.

·      Grace Murray, pioneira na pregação e líder de classe.

·      Hannah Ball, criadora da primeira Escola Dominical. [57]

Muitas outras mulheres se dedicaram no ministério da oração, visitação e discipulado.




[1] https://studhistoria.com.br/qq-isso/messianismo/

[2] https://firebrandmag.com/articles/john-wesley-and-the-end-times

[3]Idem.

[4] WESLEY, João. Trechos do diário de João Wesley, ibidem, p.138. Em 1738, Wesley teve a experiência do coração aquecido.

[5]HEITZENHATER, Richard P., Wesley e o Povo Chamado Metodista, Editeo-Pastoral Bennett, 1996, p. 248.

[6] No Capitulo 3, Seu Ambiente Familiar, é abordado sobre a importância de Susana Wesley no metodismo e na vida de Wesley.

[7]HEITZENHATER, Richard P. , Ibidem, p.249.

[8] Selina Shirley, Condessa de Huntingdon, apesar de ter se unido ao calvinismo de George Whitefield, é chamada a “rainha do metodismo” pelas suas obras sociais. Era conhecida pelo título de Lady Huntingdon. Deixou suas propriedades para o sustento de setenta e quatro capelas (Estranha estirpe de audazes, Ibidem, p.83-0).

[9] GRENZ, Stanley J. Mulheres na Igreja. São Paulo: Candeia, 1997, p.47.

[10] Ibidem.

[11] Ibidem.

[12] REILY, Duncan Alexander. Metodismo brasileiro e wesleyano. São Paulo: Imprensa Metodista, 1981, p.159-0.

[13] https://www.visionofbritain.org.uk/ravellers/C_Wesley/10, vol 1.p. 228

[15] Aqui deixamos de abordar o tema “ministério feminino” onde só levantamos algumas possibilidades, para abordar o messianismo em Wesley, que faz parte deste subcapítulo e dentro do qual se encontra o próprio ministério feminino.

[16] REILY, Duncan Alexander. Fundamentos Doutrinários do Metodismo brasileiro, Ibidem, p.47.

[17] REILY, Duncan Alexander. Wesley e sua Bíblia. São Paulo: Editeo, 1997, p.39.

[18] HEITZENHATER, Richard P., Ibidem, p. 163.

[19] Ibidem, p.248.

[20] QUEIRÓZ, Maria Isaura.O messianismo no Brasil e no mundo. Editora Alfa-Omega, 1977, p.26-9.

[21] HEITZENHATER, Richard P., Ibidem, p. 230.

[22] No 2º capítulo é abordado sobre os diversos movimentos espirituais que surgiram na Inglaterra, especialmente entre os séculos XVI e XVIII.

[23]https://hannahadairbonner.com/2020/01/01/the-umc-in-2020-god-overrules-our-rules/

[24] https://www.meudicionario.org/ fenômeno

[25] https://quod.lib.umich.edu/e/evans/N22587.0001.001/1:18?rgn=div1;view=fulltext

[26] https://www.slideserve.com/albert/roles-of-women-in-the-wesleyan-revival-the-beginning-of-a-long-revolution#google_vignette

[29] https://www.seedbed.com/key-leaders-of-the-wesleyan-movement/

[30]HEITZENHATER, Richard P., Ibidem, p. 248.

[31] Ibidem, p.248.

[32] REILY, Duncan Alexander. Wesley e sua Bíblia. São Paulo: Editeo, 1997, p.39.

[33] REILY, Duncan Alexander. Fundamentos doutrinários do Metodismo brasileiro. Ibidem, p.61.

[34]

HEITZENHATER, Richard P., Wesley e o Povo Chamado Metodista, Editeo-Pastoral Bennett, 1996,. Ibidem, p. 248.

[35] Ibidem, p. 230.

[36] https://hannahadairbonner.com/tag/john-wesley/

[37] https://www.slideserve.com/ albert/roles-of-women-in-the-wesleyan-revival-the-beginning-of-a-long-revolution

[38] https://guiame.com.br/colunistas/caroline-fontes/serie-mulher-crista-mary-bosanquet-fletcher-uma-pioneira-com-permissao-para-pregar.html

[39] https://guiame.com.br/colunistas/caroline-fontes/serie-mulher-crista-mary-bosanquet-fletcher-uma-pioneira-com-permissao-para-pregar.html

[40]https://guiame.com.br/colunistas/caroline-fontes/serie-mulher-crista-mary-bosanquet-fletcher-uma-pioneira-com-permissao-para-pregar.html

[41]https://firebrandmag.com/articles/exploring-the-fullness-of-faithful-testimony-why-womens-history-month-matters-for-the-church

[42] https://en.wikipedia.org/wiki/Mary_Fletcher_(preacher)

[43]https://firebrandmag.com/articles/exploring-the-fullness-of-faithful-testimony-why-womens-history-month-matters-for-the-church

[44]Idem.

[45] https://www.youtube.com/watch?v=pi1cEf2aGrI

[46]https://dmbi.online index.php?do=app.entry&id=3162

[47] https://www.francisasburytriptych.com/sarah-crosby-woman-preacher/

[48] Idem.

[49] https://www.francisasburytriptych.com/sarah-crosby-woman-preacher/

[50] Idem.

[51] Idem.

[52] https://historyswomen.com/women-of-faith/sarah-crosby/

[53]https://christianhistoryinstitute.org/magazine/article/i-received-my-commission-from-him-brother

[54]https://www.umc.org/en/content/unsung-heroes-of-methodism-sarah-crosby

[55]Idem.

[56]https://en.wikipedia.org/wiki/Alice_Cambridge

[57]A história e ministério dessas mulheres estão no livro Mulheres Extraordinárias do Movimento Metodista publicado pela Amazon – www.amazon.com.br.

 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog