Ministério Feminino no tempo de Wesley
Wesley acreditava que houve uma concessão extraordinária
de Deus às mulheres
Odilon Massolar Chaves
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Art. 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de
1998.
Livros publicados na Biblioteca Wesleyana: 130
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Tradutor: Google
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Odilon Massolar Chaves é pastor metodista aposentado, doutor em
Teologia e História pela Universidade Metodista de São Paulo.
Sua tese tratou sobre o avivamento metodista na Inglaterra no
século XVIII e a sua contribuição como paradigma para nossos dias.
Foi editor do jornal oficial metodista e coordenador de Curso de
Teologia.
É escritor, poeta e youtuber.
Toda
glória seja dada ao Senhor
Rio de
Janeiro - Brasil
“Não creio que todas as mulheres são chamadas para falarem
em público, nem que todos os homens o são para serem pregadores metodistas;
porém, algumas têm um chamado extraordinário para isso, e ai daquela que não o
obedece"
(Wesley)
Índice
·
Introdução
·
O Ministério Feminino dentro do messianismo de Wesley
·
A mulher dentro das Dispensação Extraordinária da
Providência de Deus
·
A pregadora eloquente
·
Sarah Crosby e seu pioneirismo na pregação
·
Mulheres que se destacaram nos diferentes ministérios
Introdução
“Ministério Feminino no tempo de Wesley” é
um livro que trata sobre o ministério das mulheres no metodismo primitivo,
especialmente das mulheres pregadoras.
Wesley entendeu que Deus deu ao metodismo
diversas responsabilidades, no século XVIII, na Inglaterra. Uma delas foi de espalhar
a santidade bíblica por toda terra.
O ministério feminino no metodismo estava
dentro de certeza que tinha Wesley de ser uma concessão especial e
extraordinária ao metodismo, no século XVIII, num tempo de impedimento sobre
essa prática.
O fato é que a pregação das mulheres foi algo
entregue ao metodismo, naquela época. Não significa hoje que outras Igrejas não
tenham também esse chamado.
Havia toda uma cultura contra às pregações
das mulheres em público. Se hoje há tanto preconceito, imagina naquela época.
Contudo, Wesley acreditava que o metodismo
estava dentro de uma concessão extraordinária de Deus. Alguns chamam isso de
messianismo de Wesley.
Por isso, Wesley foi em frente.
Sarah Crosby e Mary Bosanquet deram início às
pregações em público.
Hoje o ministério pastoral feminino é uma
realidade no metodismo mundialmente.
Muitas Igrejas entendem até que essa não é
uma prática bíblica.
A prática no metodismo, contudo, está
alicerçada dentro da certeza de que Deus foi quem fez esse chamado. Os frutos
sempre comprovaram esse chamado.
O Autor
O Ministério Feminino dentro do messianismo de Wesley
“Não creio que todas as mulheres são chamadas para falarem
em público, nem que todos os homens o são para serem pregadores metodistas;
porém, algumas têm um chamado extraordinário para isso, e ai daquela que não o
obedece"
(Wesley)
O que é o messianismo?
“O messias pode ser um líder religioso ou
político-social com carisma messiânico, poderes mágicos e autoridade.
O messianismo surge, quase sempre, em um
contexto social de miséria e profundo descontentamento com a situação em que se
vive. O messias é, então, o salvador, o emissário de Deus que porá fim à ordem
presente e instaurará uma nova era de virtude e justiça”.[1]
A visão messiânica de Wesley
“As
considerações escatológicas de Wesley impactaram muito sua pregação e o mesmo
pode ser verdade para os herdeiros de Wesley. O que Wesley acreditava sobre a
obra pretendida por Deus na história e no próximo milênio ajuda a explicar
parte da motivação e do poder por trás de sua pregação e do sucesso do
movimento metodista primitivo. Em vários sermões, Wesley mencionou que uma nova
criação estava chegando a esta terra. Seus sermões ‘O Livramento Geral’ (1781)
e ‘A Nova Criação’ (1785) certamente apontam para uma era paradisíaca
nesta terra que não pode ser espiritualizada ou tornada coincidente com a era
da igreja”.[2]
A esperança de
Wesley
“Wesley esperava que Deus trouxesse um reavivamento do
cristianismo primitivo”
“A
escatologia de Wesley permitiu-lhe ser fiel às esperanças dos primeiros
cristãos e às audaciosas esperanças do melhor na pregação de avivamento de sua
própria época. Wesley esperava que Deus trouxesse um reavivamento do
cristianismo primitivo para o mundo inteiro antes da consumação da história”. [3]
O Ministério Feminino e o messianismo de Wesley
“A abertura ao Ministério Feminino era uma concessão e delegação de Deus ao metodismo”
Wesley tinha uma consciência clara que a ênfase na Perfeição Cristã, bem como a abertura ao Ministério Feminino era uma concessão e delegação de Deus ao metodismo, no século XVIII, a partir de 1738.
Tudo
começou de fato em 1738
“Em 1738, quando Deus começou a sua grande obra na Inglaterra, comecei a pregar às mesmas horas, verão ou inverno, e não faltaram os ouvintes.”[4]
Ele chamou a esse momento de “Dispensação Extraordinária da Providência de Deus.”
O líder do metodismo chegou a essa conclusão, especialmente, quando percebeu que algumas mulheres poderiam pregar no metodismo. Deus estava permitindo fazer uma exceção às regras tradicionais existentes na Inglaterra. Wesley afirmou:
“Não creio que todas as mulheres são chamadas para falarem em público, nem que todos os homens o são para serem pregadores metodistas; porém, algumas têm um chamado extraordinário para isso, e ai daquela que não o obedece" (documents, 4:171). Wesley aceitou o argumento de um "chamado extraordinário" reconhecendo que não apenas a pregação leiga, mas também 'todo o trabalho de Deus chamado metodismo, era uma 'dispensação extraordinária da providência de Deus.” [5]
A Abertura ao ministério feminino
“O metodismo pode ter sido o primeiro”
Começando com Susana Wesley[6]
e continuando com pregadoras como Mary Bosanquet, Sarah Crosby, Sarah Ryan[7]
e outras,[8]
o metodismo pode ter sido o primeiro movimento religioso a abrir espaço para o
ministério feminino.
“Susannah acendeu o
pavio do reavivamento”
“Se Susannah acendeu o pavio do reavivamento, John Wesley
abanou a chama até transformá-la num verdadeiro incêndio. Sua praticidade
característica teve papel importante nos reavivamentos, inclusive a modificação
de seus pontos de vista sobre a participação feminina.”[9]
Indo mais além
“Elas passaram da
exortação para a pregação”
Segundo Stanley J.Grenz, inicialmente, Wesley
deu autorização para as mulheres somente “exortar” e não “pregar”. Contudo,
elas passaram da exortação para a pregação.[10]
A conclusão de Wesley
“O sucesso desses esforços finalmente levou
Wesley a concluir que o chamado da mulher era um fator-chave na determinação
desse ministério”.[11]
Dentro do movimento das Escolas Dominicais, a
metodista Ana Ball se destacou:
“A senhorita Ana Ball, de High Wycombe, é
considerada a fundadora da primeira Escola Dominical Metodista, no sentido
exato do termo. Organizada no ano de 1769, a sua escola Dominical funcionou por
muitos anos.”[12]
Muitas mulheres foram líderes de células
(Band) no metodismo na Inglaterra com Carlos e João Wesley. Carlos relatou no
domingo, dia 11 de maio de 1740: “conheci as mulheres Líderes pela primeira
vez; e, depois de uma oração viva, levei-as à mesa do Senhor em São Paulo”,
disse.[13]
Susanna Designe foi outra líder de célula
(Band). No sábado, 8 de janeiro de 1743, “conheci a banda de Susanna Designe,
com os três Quakers, e uma extraordinária presença de Deus entre eles”, [14]disse
Carlos Wesley.
A
oportunidade concedida às mulheres de pregarem está também dentro do
messianismo[15]
de Wesley.
Segundo o historiador metodista Duncan Reily,
“João Wesley teve a consciência de estar envolvido em algo extraordinário que o
próprio Deus fazia no mundo.”[16]
O próprio resgate da doutrina da perfeição
cristã, segundo o historiador Reily, fazia parte da responsabilidade dada por
Deus ao metodismo, no século XVIII:
“A
perfeição cristã, cria Wesley, era o depositum que Deus havia entregue aos
metodistas como sua responsabilidade especial.”[17]
A própria expansão do metodismo, além da
Inglaterra, deve ser vista dentro desse entendimento de Wesley. Em 1746, ele
definiu sua visão da seguinte forma:
“(...) um chamado suficiente da Providência´
para novos lugares, tais como Dublin ou Edinburgo: `1: Um convite de...um homem
sério temente a Deus, que tem uma casa para nos receber. 2. A probabilidade de
fazermos o melhor indo mais adiante, do que ficando mais tempo onde estamos.”[18]
A participação leiga e todo o trabalho
metodista eram vistos como uma dispensação extraordinária da providência de
Deus.[19]
Esse messianismo de Wesley, segundo Max
Weber, surge em oposição à liderança tradicional e à liderança
burocrático-legal. Ele se posiciona e é visto como um instrumento de Deus para
consertar o que está de errado na sociedade.[20]
E Wesley acreditava ter sido o metodismo levantado por Deus para mudar a situação vigente, ou seja, para:
“(...) reformar a nação (...) e espalhar
a santidade bíblica sobre a terra.”[21]
A crise social, na Inglaterra, no século
XVIII, como resultado da Revolução Social, havia criado um ambiente propício
para o surgimento das ideias messiânicas.[22]
O ordinário e o extraordinário
John Wesley escreveu a seu irmão Charles em
1739: "Tenho uma ligação ordinária e uma extraordinária", escreveu. O
chamado comum, explicou João, era sua ordenação, naquele momento em que o bispo
coloca as mãos em nossa cabeça e diz: "Toma tu autoridade". O chamado
extraordinário é o que Deus nos ordena que façamos com nossa ordenação.
Na visão de João, os que ordenam não são os
que chamam, e os que ordenam não são os que têm a palavra final sobre o que
fazemos com essa ordenação”. [23]
Fatos extraordinários comprovam o chamado
O
ministério de Wesley em Bristol, nos meses de abril e maio de 1739, foi marcado
pela presença de grandes multidões e por sinais exteriores.
Só
em abril de 1739, Wesley pregou para cerca de 45.800 mil pessoas em Bristol,
que é considerado o berço do Movimento Metodista.
Em maio de 1739, ele pregou para 39.500 pessoas. Em
junho cerca de 45 mil pessoas ouviram suas pregações. Um total em três meses de
cerca de 131.800 pessoas em Bristol.
Dois fatos marcantes passaram a ocorrer nas
pregações de Wesley, a partir de abril de 1739, em Bristol: presença de
milhares de pessoas e fenômenos espirituais com diversas pessoas, que Wesley
chamava de sinais exteriores ou sinais e maravilhas como resultado do poder de
Deus.
Dentre as definições de fenômeno está
“acontecimento raro, extraordinário”.[24]
Nesse sentido, foi um fenômeno.
Wesley não afirmava que esses acontecimentos eram
avivamentos, o que só passou a acontecer mais tarde e impulsionou muito mais o
Movimento Metodista.
Wesley, disse sobre seu ministério em Bristol:
“Mostrar-te-ei aquele que até então era leão e agora é cordeiro; aquele
que era um bêbado, e agora está exemplarmente sóbrio: o prostituto que era,
que agora abomina a própria veste manchada pela carne. Estes são os meus
argumentos vivos para o que afirmo, a saber, que Deus dá agora, como antes,
a remissão dos pecados e o dom do Espírito Santo, mesmo a nós e aos nossos
filhos: sim, e isso sempre de repente, até onde eu soube, e muitas vezes em
sonhos ou nas visões de Deus. Se não for assim, sou encontrado um falso
testemunho diante de Deus. Por estas coisas eu faço, e por sua graça o
farei, testifico."[25]
E Wesley continuou pregando em Bristol em 1739 onde Deus realizou grandes maravilhas.
A mulher dentro das Dispensação Extraordinária da
Providência de Deus
“É claro para mim que toda a obra de Deus
denominada metodismo é uma dispensação extraordinária de Sua providência”.
Escrevendo
para Mary Bosanquet
Essa afirmação de Wesley é compreendida pelos
estudiosos que foi a autorização oficial de Wesley para a pregação das mulheres:
“John Wesley para Mary Bosanquet, 1771: Acho que a
força da causa repousa aí em você ter um chamado extraordinário. É claro para
mim que toda a obra de Deus denominada metodismo é uma dispensação
extraordinária de Sua providência. Portanto, não me pergunto se nela ocorrem
várias coisas que não se enquadram nas regras ordinárias de disciplina. [i] [i]
Telford, LJW, v. 5, 257.”[26]
O chamado extraordinário
Segundo alguns estudiosos, o metodismo do século
XVIII trazia em sua origem ideais messiânicas, que motivou Wesley a abrir
espaço na área de pregação e liderança de bands para as mulheres.
Wesley acreditava na “Dispensação Extraordinária da
Providência de Deus” ao metodismo.
Havia um chamado e uma concessão ao metodismo, como
a abertura da pregação às mulheres, o que seria nada mais do que uma visão
messiânica de Wesley.
Para os homens de Deus e líderes espirituais, um
chamado. Para estudiosos, uma visão messiânica.
Para Wesley algumas mulheres possuíam "chamada extraordinária" de Deus que as
isentava das regras normais de disciplina.[27]
Aqui Wesley escrevia uma carta à Maria Bosanquet sobre Sarah Crosby
(1729-1804), que foi a primeira mulher metodista autorizada por Wesley para
pregar.[28]
Muitas outras pregaram. “Em 1787, apesar da
oposição de alguns pregadores do sexo masculino, Wesley autorizou Sarah Mallet
a pregar também, contanto que ela concordasse em manter a doutrina e disciplina
metodistas”.[29]
Wesley afirmou: “Não creio que todas as mulheres
são chamadas para falarem em público, nem que todos os homens o são para serem
pregadores metodistas; porém, algumas têm um chamado extraordinário para isso,
e ai daquela que não o obedece" (documents, 4:171). Wesley aceitou o
argumento de um "chamado extraordinário" reconhecendo que não apenas
a pregação leiga, mas também 'todo o trabalho de Deus chamado metodismo, era
uma 'dispensação extraordinária da providência de Deus.” [30]
João Wesley considerava que o movimento metodista
era uma Dispensação Extraordinária da Providência de
Deus:
“Wesley
aceitou os argumentos de um ´chamado extraordinário, reconhecendo que não
apenas a pregação leiga, mas também ´todo o trabalho de Deus chamado Metodista´
era uma ´dispensação extraordinária.” [31]
O metodismo restaurou as doutrinas da santidade e
do Espírito Santo.
Para ele, “a perfeição cristã, cria Wesley, era o
“depositum” que Deus havia entregue aos metodistas como sua responsabilidade
especial.”[32]
Os leigos e as mulheres tiveram grande espaço no
metodismo o que na época estava fora de cogitação em qualquer Igreja.
Inicialmente, Wesley não tinha pastores no Movimento Metodista e sim
pregadores.
Para Wesley, a Dispensação extraordinária da
Providência de Deus compreendia a doutrina da Perfeição Cristã,[33]
o Ministério Feminino[34]
e o surgimento do próprio metodismo.[35]
Em 1771, numa carta para Mary Bosanquet Fletcher,
João Wesley disse:
“É claro para mim que toda a obra de Deus chamada
Metodismo é uma dispensação extraordinária de Sua providência. Portanto, não me
pergunto se várias coisas ocorrem nele que não se enquadram nas regras normais
de disciplina.” [36]
Todo o trabalho de Deus chamado metodismo era uma “dispensação extraordinária da providência de Deus”.
A pregadora eloquente
“Verdadeiramente eloquente, seus discursos exibiam
muito bom senso e estavam repletos das riquezas do evangelho”
Mary Bosanquet era uma serva e eloquente. “Seus
discursos exibiam muito bom senso e estavam repletos das riquezas do evangelho.
Ela se destacou naquela poesia de um orador que só pode suprir o lugar de todo
o resto, aquela eloquência que vai diretamente ao coração. Ela foi o
instrumento honrado de fazer muito bem; e o fruto do seu trabalho manifesta-se
agora na vida e nos ânimos dos números, que serão a sua coroa de regozijo no
dia do Senhor”.[37]
Seu pioneirismo
“Mary Bosanquet Fletcher, uma Pioneira com ‘Permissão’
para Pregar. Em suas pregações, o que ela mais gostava de discursar, era sobre
a vida e os mandamentos de Jesus, e sua forma de se relacionar com as pessoas”.[38]
A origem de Mary Bosanquet
“Se eu não acreditasse assim, não agiria de maneira
extraordinária”
(Wesley)
Mary Bosanquet (1739-1815) nasceu em Laytonstone, Inglaterra.
Era filha de Samuel Bosanquet e Mary Dunster.
“Ela foi criada em um lar abastado, com
divertimentos e lazer. Mas desde pequena Mary teve experiências espirituais,
aos 4 anos ela teve a convicção de que Deus ouvia suas orações. Aos 5 anos ela
começou a se preocupar com o pecado e a salvação eterna. No catecismo ela ouvia
as recomendações bíblicas e percebia que os cristãos não obedeciam”. [39]
Mais tarde, ele viu no metodismo uma oportunidade
de participar de uma Igreja semelhante a Igreja Primitiva.
Casamento
Em 1781, Mary se casou com o grande pregador e
teólogo John Fletcher, que era pastore anglicano e participante do movimento
metodista.
Ela declarou sobre Fletcher: “Seu esforço constante
[John] é de me fazer feliz; seu desejo mais forte é o meu crescimento
espiritual. Ele, é em todos os sentidos da palavra, o homem a quem minha razão
escolheu obedecer”. [40]
Criando um orfanato
Mary Bosanquet Fletcher cresceu em uma família rica,
Ela “evitou sua vida de privilégio depois que ela
se voltou para o metodismo. Ela e sua amiga Sarah Ryan estabeleceram um
orfanato, onde lideravam reuniões públicas semanais nas quais liam e discutiam
as Escrituras. Outra pregadora metodista, Sarah Crosby, ajudou em seus esforços”. [41]
Primeira defesa da pregação feminina
Em 1771, Bosanquet buscou apoio para a pregação e
escreveu para João Wesley.
“Esta é vista como a primeira defesa completa e
verdadeira da pregação das mulheres no metodismo”. [42]
Embora Wesley estivesse relutante no início, Mary
Bosanquet “o convenceu de que tinha um chamado extraordinário: "se eu não
acreditasse assim, não agiria de maneira extraordinária – louvo a Deus, sinto-o
perto e provo sua fidelidade todos os dias" (carta de 1771 a John Wesley,
citada em Paul Chilcote, She Offered Them Christ). [43]
Concordância de Wesley
Wesley concordou com Bosanquet e declarou que “toda a obra de Deus denominada metodismo é uma dispensação extraordinária de Sua providência", permitindo-lhe assim pregar (The Letters of John Wesley, 13 de junho de 1771). Em seu diário, Wesley descreveu o efeito da fala de Maria nas reuniões de classe: "As palavras eram como fogo, transmitindo luz e calor aos corações de todos os que a ouviam".[44]
Sarah Crosby e seu
pioneirismo na pregação
“Não vejo que tenha infringido nenhuma lei. Siga
com calma e firmeza. Se você tiver tempo, você pode ler para eles as Notas
sobre qualquer capítulo antes de falar algumas palavras, ou um dos sermões mais
despertadores, como outras mulheres fizeram há muito tempo."
(Wesley)
Sarah Crosby (1729-1804) “é considerada a primeira
mulher a deter este título. Crosby, junto com Mary Bosanquet, são as pregadoras
mais populares do Metodismo. Estudiosos como Paul Wesley Chilcote consideram
Crosby a pregadora metodista mais ocupada, pois ela pregou até o dia em que
morreu. Ela também era conhecida por ser hábil na oração, o que na época era
visto como uma espécie de oração”.[45]
A relutância e temor de pregar em público
“Eu não tinha certeza se era certo para exortava-me
a exortar de maneira tão pública”
Sarah foi atraída pela pregação de Whitefield,
mas influenciada pelo sermão de John Wesley sobre a Perfeição Cristã,
ela se juntou à sociedade Foundery e
se tornou uma líder de classe em 1752.”[46]
Sarah conheceu e foi trabalhar com Mary Bosanquet e
Sarah Ryan em Leytonstone e Cross Hall.
Num domingo, em 1761, ela escreveu: “À noite,
esperava encontrar cerca de trinta pessoas em sala de aula; mas para minha
grande surpresa chegaram perto de duzentos. Achei horrível, sentido amoroso da
presença do Senhor e muito amor ao povo; mas foi muito afetado tanto no corpo
quanto na mente. Eu não tinha certeza se era certo para exortava-me a exortar
de maneira tão pública, e ainda assim vi que era inviável atender a todos essas
pessoas falando particularmente com cada indivíduo. Eu por isso, dei um hino, e
orei, e contei-lhes parte do que o Senhor tinha feito por mim persuadindo-os a
fugir do pecado". (Arm. 29, 1806, pp. 518, essa experiência é a mesma de
Susanna Wesley. Experiências de Epworth)”. [47]
Escrevendo a Wesley
“Sarah Crosby imediatamente escreveu a Wesley
pedindo conselhos sobre o evento. John Wesley não se mostra preocupado.
Considere sua resposta enviada quase três dias depois de receber a notícia de
Sarah”: [48]
“Não vejo que tenha infringido nenhuma lei. Siga
com calma e firmeza”
Chamando-a de “Senhorinha”, escrevendo de Londres, em
14 de fevereiro de 1761, Wesley disse: “Até agora, acho que você não foi muito
longe. Não podia muito bem fazer menos. Compreendo que tudo o que você pode
fazer mais é, quando se encontrar novamente, dizer-lhes simplesmente: 'Você me
coloca sob uma grande dificuldade. Os metodistas não permitem pregadoras
mulheres: (por causa da convicção de Wesley de não se separar da Igreja
Anglicana), também não assumo tal personagem. Mas eu vou te dizer o que está no
meu coração'. Isso evitará, em grande medida, a grande objeção e preparará a
vinda de J. Hampson. Não vejo que tenha infringido
nenhuma lei. Siga com calma e firmeza. Se você tiver tempo, você pode ler
para eles as Notas sobre qualquer capítulo antes de falar algumas palavras, ou
um dos sermões mais despertadores, como outras mulheres fizeram há muito
tempo." (Wesley Cartas 4:133. Na verdade, outro pregador, um Sr. G-h,
veio em seu socorro em vez do Sr. J. Hampson)”. [49]
“A aprovação de John Wesley aos esforços de Sarah
Crosby marcou sua aceitação de mulheres pregadoras”
“Antes mesmo de receber a carta de Wesley com a
resposta, Sarah Crosby se dirigiu aos fiéis do Derby novamente na sexta-feira,
13 de fevereiro. Nessa grande reunião, Sarah sentiu a confirmação de que estava
fazendo a coisa certa. Considere suas próprias palavras:
“À noite, exortei cerca de duzentas pessoas a
abandonarem os seus pecados, e mostrou-lhes a disposição de Cristo para salvar”
"À noite, exortei cerca de duzentas pessoas a
abandonarem os seus pecados, e mostrou-lhes a disposição de Cristo para salvar:
Eles afluem como pombas para a janela, ainda não temos pregador. Certamente,
Senhor, tu tens muito pessoas neste lugar! Minha alma ficou muito confortada em
falar com a gente, como meu Senhor removeu todos os meus escrúpulos respeitando
a propriedade dos meus agindo assim publicamente".[50]
A aprovação de John Wesley aos
esforços de Sarah Crosby marcou sua aceitação de mulheres pregadoras”.[51]
Uma pregadora itinerante
“Crosby tornou-se um verdadeiro
pregador itinerante ao viajar pelo país para dar sermões a centenas em
público”
“Anos mais tarde, Wesley deu um incentivo mais aberto às atividades de
Crosby e, em 1771, ele endossou oficialmente a prática de mulheres pregando
abertamente, em grande parte a pedido de Crosby e Bosanquet.
Wesley permitiu oficialmente
“Então, em 1771, Wesley permitiu oficialmente que as mulheres pregassem
em público e sua decisão veio de um pedido de Mary Bosanquet. Ela havia pedido
que as mulheres fossem capazes de pregar quando recebessem um ‘chamado
extraordinário’ ou aprovação de Deus.’[52]
Wesley “deu seu selo de aprovação a Bosanquet também. Ambas se tornaram
evangelistas incansáveis, e cerca de 41 mulheres acabaram se tornando
pregadoras leigas no ‘Metodismo do Sr. Wesley".[53]
Uma pregadora itinerante
Nesse mesmo ano, Crosby tornou-se uma verdadeira pregadora
itinerante “ao viajar pelo país para dar sermões a centenas em público.
Dizem que ela viajou milhares de quilômetros ao longo de sua vida. Suas
atividades atraíram a oposição de alguns pastores anglicanos que começaram a
negar a ela e até mesmo a Wesley o acesso às suas paróquias. Isso não parecia
atrapalhar Crosby, que às vezes pregava para multidões de mais de 500 pessoas”. [54]
Na
década de 80, Sarah deixou de viajar por causa de sua saúde, mas pregava localmente.
Seu falecimento
“Crosby morreu aos 75 anos, em 1804, em Leeds. Ela está enterrada no adro da paróquia local junto com outras duas pregadoras: Sarah Ryan e Ann Tripp”. [55]
Sarah e Bosanquet deram início às pregações em público e deixaram um legado para as mulheres metodistas.
Mulheres que se destacaram nos diferentes ministérios
“Em 1791, Alice Cambridge escreveu para John Wesley, que lhe assegurou “que ela deveria seguir seu coração se ela estivesse inclinada a pregar, mas ela não deve pregar perto de um pregador masculino, pois ela pode levar um pouco de seu público”[56]
Dentre as mulheres que se destacaram em diferentes ministérios, no tempo de João Wesley, estão:
·
Alice Cambridge, uma vida
dedicada à pregação.
·
Elizabeth Ritchie, a
santa enfermeira de Wesley.
·
Lady Maxwell, filantropa
e criadora de Escolas Dominicais.
·
Dorothy Fisher, pioneira
na obra missionária
·
Hester Ann Roe, modelo de
perfeição cristã
·
Agnes Bulmer, a poetisa
do movimento metodista.
·
Elizabeth Patten Bennis, mentora do
movimento metodista.
·
Grace Murray, pioneira na pregação e líder de
classe.
·
Hannah Ball, criadora da primeira Escola Dominical. [57]
Muitas
outras mulheres se dedicaram no ministério da oração, visitação e discipulado.
[1] https://studhistoria.com.br/qq-isso/messianismo/
[2]
https://firebrandmag.com/articles/john-wesley-and-the-end-times
[3]Idem.
[4] WESLEY, João.
Trechos do diário de João Wesley, ibidem, p.138. Em 1738, Wesley teve a
experiência do coração aquecido.
[5]HEITZENHATER,
Richard P., Wesley e o Povo Chamado Metodista, Editeo-Pastoral Bennett, 1996, p.
248.
[6] No Capitulo 3,
Seu Ambiente Familiar, é abordado sobre a importância de Susana Wesley no
metodismo e na vida de Wesley.
[7]HEITZENHATER, Richard P. , Ibidem, p.249.
[8] Selina Shirley,
Condessa de Huntingdon, apesar de ter se unido ao calvinismo de George
Whitefield, é chamada a “rainha do metodismo” pelas suas obras sociais. Era
conhecida pelo título de Lady Huntingdon. Deixou suas propriedades para o
sustento de setenta e quatro capelas (Estranha estirpe de audazes, Ibidem,
p.83-0).
[9] GRENZ, Stanley J.
Mulheres na Igreja. São Paulo: Candeia, 1997, p.47.
[10] Ibidem.
[11] Ibidem.
[12] REILY, Duncan
Alexander. Metodismo brasileiro e wesleyano. São Paulo: Imprensa Metodista,
1981, p.159-0.
[13]
https://www.visionofbritain.org.uk/ravellers/C_Wesley/10, vol 1.p. 228
[15] Aqui deixamos de
abordar o tema “ministério feminino” onde só levantamos algumas possibilidades,
para abordar o messianismo em Wesley, que faz parte deste subcapítulo e dentro
do qual se encontra o próprio ministério feminino.
[16] REILY, Duncan
Alexander. Fundamentos Doutrinários do Metodismo brasileiro, Ibidem, p.47.
[17] REILY, Duncan
Alexander. Wesley e sua Bíblia. São Paulo: Editeo, 1997, p.39.
[18] HEITZENHATER, Richard P., Ibidem, p. 163.
[19] Ibidem, p.248.
[20] QUEIRÓZ, Maria
Isaura.O messianismo no Brasil e no mundo. Editora Alfa-Omega, 1977, p.26-9.
[21] HEITZENHATER,
Richard P., Ibidem, p. 230.
[22] No 2º capítulo é
abordado sobre os diversos movimentos espirituais que surgiram na Inglaterra,
especialmente entre os séculos XVI e XVIII.
[23]https://hannahadairbonner.com/2020/01/01/the-umc-in-2020-god-overrules-our-rules/
[24]
https://www.meudicionario.org/ fenômeno
[25]
https://quod.lib.umich.edu/e/evans/N22587.0001.001/1:18?rgn=div1;view=fulltext
[26]
https://www.slideserve.com/albert/roles-of-women-in-the-wesleyan-revival-the-beginning-of-a-long-revolution#google_vignette
[29]
https://www.seedbed.com/key-leaders-of-the-wesleyan-movement/
[30]HEITZENHATER, Richard P., Ibidem, p. 248.
[31] Ibidem, p.248.
[32] REILY, Duncan
Alexander. Wesley e sua Bíblia. São Paulo: Editeo, 1997, p.39.
[33] REILY, Duncan
Alexander. Fundamentos doutrinários do Metodismo brasileiro. Ibidem, p.61.
HEITZENHATER,
Richard P., Wesley e o Povo Chamado Metodista, Editeo-Pastoral Bennett, 1996,.
Ibidem, p. 248.
[35] Ibidem, p. 230.
[36]
https://hannahadairbonner.com/tag/john-wesley/
[37] https://www.slideserve.com/
albert/roles-of-women-in-the-wesleyan-revival-the-beginning-of-a-long-revolution
[38]
https://guiame.com.br/colunistas/caroline-fontes/serie-mulher-crista-mary-bosanquet-fletcher-uma-pioneira-com-permissao-para-pregar.html
[39]
https://guiame.com.br/colunistas/caroline-fontes/serie-mulher-crista-mary-bosanquet-fletcher-uma-pioneira-com-permissao-para-pregar.html
[40]https://guiame.com.br/colunistas/caroline-fontes/serie-mulher-crista-mary-bosanquet-fletcher-uma-pioneira-com-permissao-para-pregar.html
[41]https://firebrandmag.com/articles/exploring-the-fullness-of-faithful-testimony-why-womens-history-month-matters-for-the-church
[42] https://en.wikipedia.org/wiki/Mary_Fletcher_(preacher)
[43]https://firebrandmag.com/articles/exploring-the-fullness-of-faithful-testimony-why-womens-history-month-matters-for-the-church
[44]Idem.
[45]
https://www.youtube.com/watch?v=pi1cEf2aGrI
[46]https://dmbi.online index.php?do=app.entry&id=3162
[47] https://www.francisasburytriptych.com/sarah-crosby-woman-preacher/
[48] Idem.
[49]
https://www.francisasburytriptych.com/sarah-crosby-woman-preacher/
[50] Idem.
[51] Idem.
[52]
https://historyswomen.com/women-of-faith/sarah-crosby/
[53]https://christianhistoryinstitute.org/magazine/article/i-received-my-commission-from-him-brother
[54]https://www.umc.org/en/content/unsung-heroes-of-methodism-sarah-crosby
[55]Idem.
[56]https://en.wikipedia.org/wiki/Alice_Cambridge
[57]A história e ministério dessas mulheres estão
no livro “Mulheres
Extraordinárias do Movimento Metodista” publicado pela
Amazon – www.amazon.com.br.
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