O maior missionário médico do século XIX
A história do missionário
metodista Walter Russell Lambuth
Odilon Massolar Chaves
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Odilon Massolar Chaves é
pastor metodista aposentado, doutor em Teologia e História pela Universidade
Metodista de São Paulo.
Sua tese tratou sobre o
avivamento metodista na Inglaterra no século XVIII e a sua contribuição como
paradigma para nossos dias.
Foi editor do jornal oficial
metodista e coordenador de Curso de Teologia.
É escritor, poeta e youtuber.
Toda glória seja dada ao Senhor
Rio de Janeiro – Brasil
“Que
a Junta de Missões tome medidas o quanto antes de estabelecer uma missão na
África”.
Índice
· Introdução
· A Família Lambuth
· James e Mary
· A história de Mary McClellan
· A formação e missão de Walter Lambuth
· Experiência com o Espírito Santo no Japão
· Bispo no Brasil
· Missão no Congo Belga
· Missão com John Wesley Gilbert
· Ministério em tempo da guerra
· Reconhecimento e legado
· O príncipe do Reino de Deus
Introdução
“O maior missionário médico do século XIX” é um livro sobre a história
do missionário metodista Walter Russell Lambuth.
A família Lambuth, como nenhuma
outra família, se deu integralmente para às missões no exterior.
Uma das referências ao trabalho missionário da família Lambuth afirma
que poucas famílias contribuíram com mais energia e pessoal para a missão
cristã global do que os Lambuths.[1]
Foram pioneiros abrindo trabalho metodista em diversos países. Deixaram
grande marca especialmente na China e Japão.
Seus pais, James e Mary, deram início ao trabalho missionário na China
com uma história edificante.
Abordamos especialmente a história de Walter Lambuth que foi pioneiro em
diversas partes do mundo sendo, inclusive, bispo no Brasil.
A missão no Congo Belga teve uma participação importante de John Wesley
Gilbert.
Uma história que deixou grande legado, que nos inspira e desperta para levar
a sério as Missões pelo mundo.
O Autor
A Família Lambuth
A família Lambuth teve um papel,
excepcionalmente importante na história do metodismo, como ministros e
missionários.
Os metodistas de Mississippi têm um
reconhecimento, muito especial, a essa família extraordinária, cuja influência
foi sentida desde meados de 1800.
“Poucas famílias contribuíram com mais energia
e pessoal para a missão cristã global do que os Lambuths do condado de Madison,
Mississippi. Cinco gerações de missionários partiram de 1800, quando Francis
Asbury enviou William Lambuth para trabalhar entre os nativos americanos, na
década de 1950 com o serviço de Margarita Lambuth Sherertz, sua tataraneta e
seu marido, na África e na China. O filho de William, John Russell, também
serviu entre os nativos americanos e os crioulos da região de Bayou, e plantou
a família na Igreja do Rio das Pérolas e na comunidade de Madison Country”.[2]
A lista da família Lambuth inclui:
·
Rev. William Lambuth
(1765-1837). Missionário em Kentucky e Tennessee. ·
Rev. William Lambuth III.
Membro da Conferência de Kentucky. ·
Rev. John Russell Lambuth
(1801-1892). Missionário do Alabama e Louisiana, pastor em Mississippi. ·
Rev. James William Lambuth
(1830-1892). Missionário na China e Japão. ·
Mrs. J. W. Lambuth ( -1904).
Missionário na China e Japão. ·
Rev. John Wesley Lambuth ( - 1882). Igreja de Pearl River. ·
Rev. Robert Wilkins Lambuth ( -1867). Pastor, Conferência de
Mississippi. ·
Rev. Walter Russell Thornton Lambuth (1854-1921). Missionário
e Bispo ·
Dr. William Hector Park ( -
1927). Medico Missionário no Japão e China. ·
Mrs. Nora Lambuth Park (1863-1949). Missionária . ·
Mrs. Nettie Craig Lambuth Lewis (-1965) Missionária na China. ·
Rev. Dwight Lamar Sherertz.
Educador missionário na China. ·
Mrs. Mary Margarita Park Sherertz (1889- ). Missionária
na China. ·
Rev. William Hector
Sherertz. Membro da Conferência Metodista de Ohio [3]. |
James
e Mary
James William Lambuth (1830-1892)
realizou o ministério metodista servindo primeiramente em Virgínia, depois em
Kentucky e em Tennessee como um missionário aos Indianos.
Casou-se com Crenshaw, e
estabeleceu-se em Fountainhead, Tennessee, até sua morte, em 1837, deixando
três filhos e pelo menos uma filha.
Um filho, John Russell Lambuth,
transformou-se num ministro metodista, em Mississippi em 1821. Serviu em
Louisiana e Alabama. John Russell casou-se com Nancy Kilpatrick no condado de
Clarke, Alabama, indo para Mississippi em 1843 onde se estabeleceu com sua
família, no condado de Madison, não longe de Natchez.
Havia oito crianças na família:
Alexander Drake, James William, John Wesley, Robert Wilkins, Mary Elizabeth,
Jennie, Bascom e Nancy. Logo depois disso a mãe Nancy faleceu.
O Rev. John R. Lambuth casou-se outra
vez, dois anos mais tarde, com Laura Terry que era mãe de seis crianças:
Califórnia, Florença, Henry, Clara, Laura e um menino.
James William Lambuth, segundo filho,
graduado na primeira classe na Universidade de Mississippi, em 1851,
transformou-se em ministro metodista. Serviu um ano como pastor do circuito de
Vernon, e se casou, em 10 de outubro de 1853, com Mary Isabella McClellan.
Ofereceu-se, no mesmo ano, para ser
missionário na China e Shanghai em 1854. J.W. e Mary serviram, durante quarenta
anos, como missionários na China e no Japão. J.W. morreu em 1892 e foi
enterrado em Kobe, Japão.
A história de Mary McClellan
A história de Mary McClellan é edificante.
Ela era uma professora que saiu de Nova York para Mississipi.
A história é contada assim:
“Era uma reunião missionária da Conferência
de Mississipi, da Igreja Metodista Episcopal do Sul, no longínquo 1880. Uma
mocinha que havia descido do Estado de Nova York para ser professora em
Mississipi, estava no auditório, profundamente movida pelo quadro da
necessidade das missões estrangerias. Quando a salva da coleta passou por ela,
colocou nela uma nota de cinco dólares, e uma nota em que estava escrito: ‘dou
cinco dólares e a mim mesma’, Maria. I. McClellan’.[4]
Mary era do Vale do Rio Hudson em Nova
York e conheceu a família “Lambuth no Mississippi aos 20 anos, quando se tornou
governanta das famílias J. R. Lambuth e Pettus em plantações vizinhas”.[5]
Algum tempo mais tarde, em 20 de
outubro de 1853, casou-se com o pastor metodista William James Lambuth"[6],
e foi como missionária à China.
Depois de uma viagem de seis meses
viajando cerca de vinte e seis mil quilômetros, William e Mary chegaram à
China.
Dois meses depois, nasceu Walter
Lambuth.
Depois do falecimento do seu esposo,
Mary Lambuth viveu diversos anos mais, e foi enterrada na China. J.W. e Mary
eram pais de quatro crianças: Walter Russell, Nettie, Nora e Robert.
Durante uma visita no retorno a
Mississippi durante a guerra civil, a família permaneceu no condado de Madison
por dois anos, atendendo à igreja do Rio da Pérola.
A filha Nettie morreu durante esta
estada e foi enterrada no cemitério do Rio da Pérola.
A família retornou à China".[7]
A formação e missão de Walter
Lambuth
A história de Walter Russell Lambuth
(1854-1921) tem muito o que nos ensinar. Ele foi um americano nascido na China
onde trabalhou como missionário estabelecendo escolas e hospitais na China,
Coréia e Japão na década de 1880.
"Walter Russell Lambuth (1854-1921),
filho de James William Lambuth e de Mary Isabella McClellan, nasceu em
Shanghai, China.
Quando completou cinco anos de idade
foi para os Estados Unidos. Ele foi enviado aos seus parentes em Tennessee e em
Mississippi, para sua instrução.
Graduou-se no Emory e Faculdade Henry,
em Virginia, 1875, e em Teologia, e Medicina, na Universidade de
Vanderbilt. Ordenado em Tennessee, na Igreja Metodista, retornou à China,
como um missionário médico." [8]
Em 1877, ele se casou com Daisy Kelley,
filha de missionários da China e neta da Sra. ML Kelley, que organizou as
primeiras mulheres metodistas do sul para apoiar missões estrangeiras.[9]
"Na sua volta à China, em 1877,
como missionário da Igreja Metodista Episcopal do Sul, uma das primeiras
realizações do jovem médico foi a abertura de um refúgio do ópio em Changai,
dando início ao combate contra a terrível desgraça do ópio"[10].
De 1877 a 1885, com apenas um breve
período para estudos adicionais na América, Lambuth trabalhou como a figura
médica ocidental mais notável na China, fundando um centro de tratamento de
ópio em Xangai, abrindo o Hospital Soochow e estabelecendo o que se tornou o
Hospital Rockefeller em Pequim.[11]
Em 1883 com o apoio da Igreja Metodista,
Dr. Lambuth e William Hector Park fundaram Soochow Hospital.
Em 1891, foi nomeado editor da Revisão
Metodista de Missões, nos EUA.
Foi secretário do Conselho de
Missões (1892-1910).
Em
1898, ele foi nomeado Secretário Missionário Sênior para o Conselho de Missões
baseado em Nashville, Tennessee.[12]
Participou da Conferência Missionária Ecumênica de 1900 e da Conferência
Missionária Mundial de Edimburgo de 1910.
Sob sua liderança, os Metodistas do
Sul iniciaram missões em Cuba e na Coréia.
Ele foi então enviado para o oeste do Japão,
onde foram fundadores do trabalho metodista no Japão.
Em 1889, ele fundou o que se tornou uma
das universidades de maior prestígio na região de Kansai, a Universidade
Kwansei Gakuin em Kobe.”[13]
Lambuth planejou estabelecer uma “escola
para meninos com o propósito de treinar pastores e educar os jovens e construiu
um prédio escolar de madeira em Harada no Mori (agora Nada Ward, cidade de
Kobe) em Kwansei Gakuin. Eu o chamei de Kuin). Tudo começou em uma pequena
escola com 5 professores e 19 alunos”.[14]
O
Site da Universidade Kwansei Gakuin
afirma: “W.R. Lambuth estabelece o Campus Kwansei Gakuin Harada-no-Mori
em Kobe, com um seminário e uma academia”.[15]
Experiência
com o Espírito Santo no Japão
No final do século XIX, no Japão, a Igreja Metodista experimentou um
maravilhoso derramar do Espírito na cidade de Oita, em 1890. Num momento de
perseguição japonesa, houve a busca incessante do Espírito Santo por Walter
Lambuth, Superintendente da Missão, o pregador local Wainright, que relatou o
fato.
O Jornal metodista Expositor
Cristão publicou o fato em 1935.
Havia uma declarada perseguição
aos cristãos no Japão. Nesse contexto, os metodistas de Oita estavam reunidos
em oração.
Quando Lambuth estava orando algo estranho aconteceu: “Enquanto orava
deliberadamente, de repente a sua voz começou a enfraquecer gradualmente até
que não se pode mais ouvir. Entendemos pela sua linguagem que sentia a presença
de Deus de maneira excepcional (...). O que o perturbou e o amedrontou foi a
percepção de que Deus lhe estava perto e misteriosamente visível (...). Foi
neste ponto, em que principiou a recuperar as
forças, que uma onda espiritual passou pela sala (...). Deus tinha derramado
o seu Espírito sobre nós como fez sobre
os apóstolos, no princípio”[16].
Vamos ao relato mais completo e
detalhado:
“Houve um avivamento religioso, todo
especial, na cidade de Oita, em maio de 1890. O trabalho evangélico estava
sendo perseguido fortemente, e corria o mesmo perigo que a Igreja Católica
Romana correu anos atrás, quando foi exterminada.
A perseguição humilhou os crentes e os
obreiros. Entregaram-se à oração, buscando o poder lá do alto sobre eles e sua
obra. Deus foi propício e derramou o seu Espírito Santo, abundantemente, sobre
os seus serviços; mas não foi a primeira vez.
Antes mesmo da chegada do Dr. Lambuth
e dois dos seus colegas de trabalho, os Drs. Yoshioko e H. Nakamura, já o
Espírito Santo se havia manifestado no meio da Igreja na cidade de Oita.
O Dr. Wainright era o pregador no cargo e
sentia a força da perseguição, e o Dr. Walter Lambuth, como superintendente da
Missão, sentia uma grande responsabilidade em dirigir o trabalho. Nessas
condições, ambos se entregaram à oração constantemente.
Vamos deixar o Dr. Wainright contar o
que se deu numa reunião de oração: “Não estamos bem certos se teria sido o
último dia do ano ou dois ou três dias mais cedo. Na véspera de um culto que
tinha sido anunciado à noite para a congregação, quatro de nós ajoelharam em
oração no meu quarto, às 4 horas da tarde, a saber: W. R. Lambuth, Y. Yoshioka,
H. Nakamura e eu. [17]
Depois de passarem algum tempo
ajoelhados e enquanto o Dr. Lambuth estava orando, uma coisa estranha se deu.
Enquanto orava deliberadamente, de repente a sua voz começou a enfraquecer
gradualmente até que não se pode mais ouvir. Entendemos pela sua linguagem que
sentia a presença de Deus de maneira excepcional. Ele rogava a Deus que fosse
livre da opressão que as suas forças não mais podiam aguentar. [18]
O que o perturbou e o amedrontou foi
a percepção de que Deus lhe estava perto e misteriosamente visível. A falta de
suas forças, que nos poderia ter alarmado, não nos causou qualquer perturbação
e ao mesmo tempo parecia que a sua vida estava desaparecendo.
Quando a sua voz ficou fraca até ao ponto de
desaparecer, ele começou a invocar o nome de Jesus, pedindo-lhe que ficasse
entre ele e a presença real de Deus. Este apelo foi atendido, pois logo em
seguida começou a voltar a si tendo uma visão clara da aproximação de Cristo.
Foi nesse ponto que principiou a recuperar as
forças e que uma onda espiritual passou pela sala. Os fardos que tinham pesado
sobre nós por meses desapareceram. Os nossos espíritos ficaram libertos e a
nossa alegria era tanta que não sabíamos se estávamos no corpo ou fora do
corpo.[19]
O tempo ia passando e antes de
levantar os nossos joelhos a empregada veio nos chamar para jantar. Se não me
engano ninguém atendeu a chamada para o jantar. Essa nossa experiência foi tão
viva e tão cheia de gozo que não nos lembrávamos de qualquer outra coisa. Todos
os cenáculos não se acham somente em Jerusalém, mas lá naquele lugar distante,
Deus tinha derramado o seu Espírito sobre nós como fez sobre os apóstolos, no
princípio.
A reunião que logo em seguida se
realizou no salão de cultos foi caracterizada pela manifestação do poder do
Espírito Santo sobre o povo. Muitas pessoas se converteram nessa ocasião. Desse
dia em diante a causa de Cristo prosperou na cidade de Oita. Foi uma grande
vitória para a causa do Mestre."[20]
Walter Lambuth retornou à América, em 1904, na função de todo o trabalho missionário como Secretário da Sociedade Missionária.
.
Bispo
no Brasil
Walter
Lambuth foi nomeado como bispo para o Brasil, onde chegou, em 1910.
Ele foi Bispo supervisor do
metodismo no Brasil entre 1910-1913.
Ele presidiu a 25ª sessão da
Conferência Anual Brasileira que foi realizada em Ribeirão Preto, SP, em 28 de
julho.
E as notícias eram boas:
“Animadores e promissor de gloriosas bençãos foram os relatórios apresentados”.[21]
Ele também presidiu nos dias 3, 4
e 5 de agosto de 2011 a Conferência Anual Brasileira, em 20ª sessão.
O detalhe é a afirmação de que a
sessão foi “sob a criteriosa
presidência do bispo W.R.Lambuth”.[22]
Lambuth também presidiu a 27ª
sessão da Conferencia Anual Brasileira no dia 17 de julho de 1912.[23]
No dia 6 de agosto de 2013,
Lambuth presidiu a 28ª sessão da Conferencia Anual Brasileira.[24]
Mas na 29ª sessão da Conferencia Anual
Brasileira realizada em 2 de julho de 1914, em Juiz de Fora, MG, o bispo Walter
Lambuth não pode comparecer.[25] Provavelmente
pela situação mundial. A primeira guerra mundial começou no dia 28 de julho de
2014.
Uma importante referência sobre o
Bispo W.R.Lambuth foi publicada no livro “Cincoenta annos do methodismo no
Brasil”. Na legenda da sua foto (a mesma da capa deste livro) está escrito:
“Bispo W.R.Lambuth, D.D.,M.D, que trabalhava tão eficientemente pela
evangelização mundial”.[26]
O bispo Lambuth “durante quatro anos não
deixou de visitar o Brasil, de ano em ano. Os irmãos não podiam deixar de ficar
impressionados com o espírito fraternal e abnegado que o caracterizava. Era
tolerante e clemente, mas firme nas suas convicções.
No gabinete as mesmas características se
manifestavam. Aqui temos o testemunho de um membro do gabinete, a respeito do
Dr. Lambuth.
‘Em muitos sentidos era o Bispo mais
quieto que tenho conhecido, porém quando alguém procurava conseguir alguma
coisa por subterfúgios, ele respondia com uma linguagem que queimava até os
ossos. Duas vezes o testemunhei no gabinete. Feito isto, estava tudo acabado.
Quando tinha refletido sobre um assunto e chegado a uma conclusão, ele a
executava, mesmo quando isso gerava protestos” [27].
Em 1913, o Bispo
Walter R. Lambuth visitou o sul do Brasil e percebeu o fraco crescimento das
igrejas metodistas. Em vinte e cinco anos (1885-1910), no Rio Grande do Sul, só
havia 1309 membros.
O Testemunho, jornal
oficial do Metodismo no sul, publicou uma mensagem do bispo W.R. Lambuth
convocando a todos do Rio Grande do Sul
para orarem pelo derramamento do Espírito:
“(...) Oração importante e
prevalecente, pelo derramamento do Espírito Santo, sobre o nosso ministério e o
povo. Eu desejaria, meus irmãos, que todos vós tivésseis uma paixão pelas
almas. Para que vos torneis grandes ganhadores de almas os recursos do mundo
invisível têm de estar ao vosso dispor. A oração é a chave pela qual aquela
porta pode ser aberta e é a única chave."[28]
O fato é que o evangelismo realizado pelo metodismo foi sombrio, entre 1906-1912, mas sob a influência do bispo Lambuth houve franco desenvolvimento entre 1913-1917.
Missão no Congo
Belga
Em 1898, ele foi nomeado Secretário
Missionário Sênior para o Conselho de Missões baseado em Nashville, Tennessee.
Lambuth estabeleceu contatos com outras organizações missionárias
americanas, como a Junta de Missões Mundiais da Igreja Presbiteriana do sul.
Seu escritório recebia regularmente revistas e jornais sobre Henry Morton
Stanley, um jornalista explorador anglo-americano, que foi contratado pelo Rei
Leopoldo II de Belgiurr em 1870 para explorar as vastas regiões entre o Lago
Tanganica e o Oceano Atlântico, e Robert Moffat, o primeiro grande nome em
missões africanas.[29]
Henry M. Stanley, um jornalista anglo-americano, disse a Lambuth que a
África seria maometana “se os missionários cristãos não conseguissem ganhar
todo o continente para Cristo”.
Lambuth escreveu: "Após minha entrevista com Henry M. Stanley, fui
confirmado em minhas opiniões e fortalecido
em meu propósito. Ele exortou a mim e à minha igreja para que viéssemos.
Ele disse que "o campo estava aberto e maduro e que o que deveria ser
feito deveria ser feito rapidamente."
Além disso, os presbiterianos do sul, que havia estabelecido uma missão
em Luebo, na província de Kasai, em 1890, e instou repetidamente Lambuth a se
juntar a eles”.[30]
Missão com John Wesley Gilbert
John Wesley Gilbert, ministro da Igreja Episcopal Metodista e professor
do Paine College, foi escolhido para acompanhar Lambuth na viagem de
exploração. [31]
Gilbert, que tinha BA, MA e DD, foi o "primeiro" aluno,
primeiro graduado e primeiro membro afro-americano do corpo docente do Paine
College, fundado em 1882.[32]
Graduado pelo Paine College em Augusta,
Geórgia e na Brown University em Providence, Rhode Island, Gilbert ganhou uma
bolsa para estudar grego na American School of Classics em Atenas, Grécia.
Lingüista talentoso e erudito clássico muito hábil, Gilbert foi nomeado
catedrático de línguas gregas e modernas no Paine College em 1903.[33]
Em
1910, quando W.B.Lambuth era ainda secretário da Junta de Missões, tomou a
seguinte resolução: “Que a Junta de Missões tome medidas o quanto antes de
estabelecer uma missão na África”.
Em 1911 viajou 4.100 milhas através do
Congo belga e abriu a missão metodista na África central. "Quando foi eleito Bispo,
nomearam-no para visitar a África a fim de estudar a questão.
Em 1911, em companhia do Prof. John
Wesley Gilbert, escolheram o Congo
Belga, que fica quase no centro da África, como a região onde julgaram
convenientes fundar a Missão.
Em 1º de
fevereiro de 1912, Lambuth e Gilbert chegaram a Ewangu, a vila do Chefe
Wembo-Nyatna, e receberam uma recepção entusiástica.
Conquistaram a
confiança e amizade do chefe da tribo, Wembo Niama".
Lambuth disse que Gilbert foi muito útil para garantir a concessão de um
local para a missão. Gilbert havia escrito cartas às autoridades belgas e o
trabalho foi tão bem executado que o Ministro Colonial, após a visita
subsequente de Lambuth a Bruxelas, perguntou quem havia escrito as cartas e
comentou que foram os mais corretos e elegantemente expressos entre os
recebidos em seu escritório por alguém que não era natural da França ou da
Bélgica.[34]
Uma concessão de vinte e dois acres de terra
foi posteriormente obtida do governo belga. Lambuth e Gilbert voltaram aos
Estados Unidos em 13 de março de 1912, em busca de recrutas para começar a
trabalhar.[35]
A
segunda visita foi em 1913, quando o Bispo levou consigo uma companhia de
missionários. O chefe Wembo Niama os esperava e os recebeu com alegria"[36].
Em sua segunda visita à África, o Bispo
Lambuth inaugurou oficialmente a primeira Missão Metodista no Congo Central em
12 de fevereiro de 1914. [37]
O
Chefe Wembo-Nyama disse ao bispo Lambuth: "Kabengele, quando eu terminar a
construção da igreja, meus operários irão à sua concessão e ajudarão na
construção de suas casas; e quando tudo estiver feito, vamos construir uma
cerca alta e forte de cana e palmeiras ao redor da missão para proteger seu
povo dos leopardos. "[38]
Em 1919 iniciou o trabalho
missionário com os russos e coreanos, na Sibéria e em Manchuria.
Mais tarde, viajando à Europa
estabeleceu o metodismo no sul da Bélgica, na Polônia e na Checoslováquia,
supervisionando o trabalho do missionário, até sua morte, em 1921.
John Wesley
Gilbert viu na sua missão no Paine College “sua melhor oportunidade de ajudar
na elevação dos afro-americanos e continuou seu trabalho lá por mais um ano
antes de assumir suas funções em seu novo campo da Missão Africana. Gilbert
falava e escrevia várias línguas muito bem”. [39]
Anos depois, Lambuth prestou-lhe
este tributo: "Conheço John Wesley Gilbert como poucos homens. Por
sinceridade de propósito, caráter elevado e ideias nobres, ele tem poucos
iguais e certamente nenhum superior."[40]
Ministério em tempo da guerra
Os rumores do início da Primeira Guerra
Mundial impediram o bispo Walter Lambuth de presidir a 29ª sessão da Conferência
Anual Brasileira em 1914, em 2 de julho de 1914, em Juiz de Fora, MG. A guerra
começou dia 28 de julho de 2014.
Ele foi impedido de viajar para o
Brasil.
Havia grande perigo em viagens pelo
mar. O transatlântico 'Lusitania' dos EUA foi bombardeado em maio de 1915.[41]
Quando iniciou a Primeira Guerra Mundial
em 1914, o Bispo Lambuth tinha completado a fundação da missão na África e,
devido aos favores que o governo da Bélgica lhe tinha feito, era natural que
tivesse simpatia pelo povo Belga, neste período de aflições.
Logo, depois, ele começou a apelar
para o auxílio em prol dos que sofriam na guerra e por causa da guerra.
E quando os Estados Unidos entraram
na guerra, ele se ofereceu como capelão e fez o que pode para aumentar o número
de capelas para servir aos soldados nos acampamentos, tanto na América, como na
Europa.
Na Primeira Guerra Mundial, ele
estabeleceu o metodismo na Bélgica, Polônia e Tchecoslováquia.
Em 1919, ele iniciou missões para os russos e coreanos.[42] Em 1921, estabeleceu uma missão na Sibéria. [43]
Reconhecimento e legado
Nos arquivos do metodismo no
Mississipi está registrado:
“James William Lambuth foi um
missionário metodista da Conferência do Mississippi na China e no Japão. Seu
filho, Walter Russell Lambuth, foi um missionário metodista para o Japão,
Coréia e Congo Belga da Conferência do Mississippi, Secretário Missionário da
Associação Geral, e mais tarde foi eleito bispo. Os Lambuths estabeleceram
escolas no Japão e tiveram quatro gerações de missionários metodistas em solo
estrangeiro. David Campbell Kelley foi um missionário metodista da Associação
do Tennessee na China. W.R. Lambuth se casou com a filha de D.C. Kelley, Daisy
Kelley Lambuth”.[44]
A Universidade de Kwansei Gakuin, no
Japão, teve origem em 1899, através da Igreja Episcopal Metodista do Sul dos
Estados Unidos, cujo líder, no Japão era o Rev. Walter Russell Lambuth tendo
começado apenas com duas escolas.
A própria Universidade reconhece sua
origem: "A universidade de Kwansei Gakuin foi fundada, em 1889 por
Reverend Walter Russell Lambuth, M.D., um missionário americano emitido pela
Igreja Episcopal Metodista do sul. O Dr. Lambuth era um homem cuja a visão incentivava
milhares, porque estabeleceu escolas e hospitais através da China, da Coréia, e
do Japão"[45].
William Lambuth escreveu um livro
intitulado Medical Missions. “Neste livro ele revela as condições de
grandes zonas no mundo onde não se encontram médicos e hospitais; é triste
saber-se o estado lastimável de milhões de pessoas que não têm conhecimento
científico de doenças."[46]
Um serviço memorial é realizado todos
os anos na igreja em sua honra - dia do Rio da Pérola de Lambuth que começou em
1927 e é realizado a cada primeira quinta-feira de outubro. Em 9 de agosto de
1900 foi inaugurado o monumento de Lambuth que está na frente da Igreja
Unveiled.
O “Dia de Lambuth” é realizado em 6 de
outubro na Igreja de Pearl River, no condado de Madison, Mississippi.
“No estado do Mississippi, um monumento construído em memória de sua
família está inscrito com as palavras "Cidadão do Mundo e Apóstolo Cristão
para muitas terras".[47]
Recentemente, em 2016, igreja da
família Lambuth, em Pearl River, EUA, foi declarada Patrimônio da Metodista
Unida pela Conferência.[48]
Bispo Walter Lambuth, o maior
médico missionário do metodismo do século 19, foi homenageado com o nome da
Lambuth University em Jackson, Tennessee.[49]
O príncipe
do Reino de Deus
Walter Lambuth recebeu o título de
“Cidadão do mundo”, “Apóstolo cristão para muitas terras”. Foi considerado o
maior missionário médico do século 19. Recebeu também o título de Príncipe do
Reino de Deus.
O site da Conferencia de Lousiana registra
uma referência ao bispo Walter Russell Lambuth após a sua morte. O texto foi de
Henry T. Carley.
O texto havia
sido publicado no Journal Louisiana Conference of the Methodist Episcopal
Church, South, em 1921, ano do falecimento de Walter Lambuth.
Henry Carley começou o artigo
afirmando que Walter Lambuth “combinou estranhas intuições religiosas do
místico com o vigoroso poder intelectual e a eficiência prática do mestre de
negócios”.
Afirmou ainda que ele foi “um dos
produtos mais raros da religião cristã”.
Elogiando ainda Lambuth, Henry T. Carley
disse que “seu próprio coração terno foi tocado pelas mais profundas
experiências espirituais do filho de Deus, enquanto seu poderoso cérebro estava
ocupado com planos para o estabelecimento do Reino de Deus na terra”.
Mas o que influenciou Walter
Lambuth?
Foi o poder impulsionador de um
grande ideal e o poder inspirador de uma grande ideia.
Segundo Henry Carley, foi “o poder
impulsionador de um grande ideal e o poder inspirador de uma grande ideia foram
as influências controladoras que moldaram sua vida e a tornaram uma das
contribuições permanentes para o bem-estar do mundo.
Walter Lambuth tinha uma grande
herança vinda do seu pai que deu a vida pelo trabalho missionário.
“O zelo missionário marcou seu
ministério desde o início, e ele logo se tornou um líder reconhecido em
empreendimentos missionários. Sua igreja o chamava para posições de honra e
responsabilidade em seus negócios, mas eram para ele simplesmente oportunidades
de prestar um serviço maior a seus semelhantes, a quem ele amava”.
Ele se tornou um cidadão do mundo,
segundo Henry Carley. “A sua paixão pelas almas dos homens manifestou-se no seu
ministério ao pobre pecador caminhante, bem como no seu zelo pela evangelização
de um continente”.
Walter Lambuth foi um membro da Royal
Geographical Society pelo seu conhecimento geográfico do mundo.
Lambuth foi chamado por Henry Carley
de “Príncipe do Reino de Deus”, mas também um simples ministro do Evangelho de
Jesus Cristo.
E essa foi a honra maior: (...) seus trabalhos apostólicos o tornaram
um príncipe no Reino de Deus. Nos difíceis campos do Oriente, no Continente
Negro, ao longo das fronteiras remotas da Europa, bem como nos vastos campos do
Hemisfério Ocidental, ele foi sempre e em toda parte um simples ministro do
Evangelho de Jesus Cristo”.
O anúncio de sua morte trouxe
tristeza para a cristandade, mas a sua vida nos inspirou, a sua morte deve
chamar-nos com renovada consagração à gloriosa tarefa da evangelização do
mundo, disse Henry Carley em seu artigo.
Sim, “um desafio à igreja para fazer
da China e de todas as nações da terra possessão de nosso Senhor e de Seu
Cristo”.
De uma forma bela, Henry Carley encerra
o artigo afirmando: “Prestamos terna homenagem a ele e à sua memória e
agradecemos a Deus pelo registro de sua fé triunfante e morte vitoriosa. Um
novo capítulo foi escrito nos atos dos apóstolos”.[50]
[1] https://methodistmission200.org/wp-content/uploads/2019/08/Bicenntenial-Poster_Lumbuth_v4_MO-nc.pdf
[2] https://methodistmission200.org/wp-content/uploads/2019/08/Bicenntenial-Poster_Lumbuth_v4_MO-nc.pdf
[3] Site: Arquivo da Igreja Metodista de Mississipi
[4] LUCCOCK, Halford. Linha de esplendor sem fim. Junta
Geral de Educação Cristã da Igreja Metodista do Brasil. Imprensa Metodista, SP,
p.78.
[5]
https://methodistmission200.org/tag/mary-isabella-mcclellan-lambuth/
[6] Site da First
United Methodist Church, Ellwood City, PA
[7] Idem.
[8] Site: Arquivo da Igreja Metodista de Mississipi
[9]
http://www.bu.edu/missiology/missionary-biography/l-m/lambuth-walter-russell-1854-1921/
[10] LUCCOCK, Halford E. Linha da Esplendor Sem Fim. Junta
Geral de Educação Cristã da Igreja Metodista do Brasil, p.79.
[11]
https://www.ehc.edu/live/profiles/5-walter-lambuth
[12]
missionários.http://archives.gcah.org/bitstream/handle/10516/6240/MH-1998-July-Kasongo.pdf?sequence=1
[13] https://en.wikipedia.org/wiki/Walter_Russell_Lambuth
[14] https://www.kwansei.ac.jp/kikaku/kikaku_003664.html
[16] BUYERS, Paul. “O Poder lá do Alto”
[17] BUYER, Paul. "O poder do
alto" in Expositor Cristão. 9 de
abril de 1935, p.1
[18]
Idem
[19]
Idem
[20] BUYER, Paul. "O poder
do alto" in Expositor Cristão. 9
de abril de 1935, p.1
[21]
KENNEDY, John L. Cinquenta anos de metodismo no Basil. 1927, p.140.
[22]
Idem, p. 143.
[23]
Idem, p.145.
[24]
Idem, p.147.
[25]
Idem, p.149.
[26]
Idem, p.140.
[27] BUYERS, Paul. Os fundadores do
Metodismo. Imprensa Metodista, 1929, p.XII., www.bu.edu/.../lambuth-walter-russell-1854-1921.
[28]
JAIME, Eduardo Mena Barreto. História do Metodismo no Rio Grande do Sul,
1963, p.81.
[29] missionários.http://archives.gcah.org/bitstream/handle/10516/6240/MH-1998-July-Kasongo.pdf?sequence=1
[30]
Idem.
[31] missionários.http://archives.gcah.org/bitstream/handle/10516/6240/MH-1998-July-Kasongo.pdf?sequence=1
[32] Idem
[33] Idem
[34]
Idem.
[35]
Idem
[36] Idem.
[37] Idem
[38] Idem.
[39] Idem
[40]
Idem.
[41]
https://gauchazh.clicrbs.com.br/mundo/noticia/2017/04/com-entrada-na-grande-guerra-ha-um-seculo-eua-viraram-potencia-mundial-9764142.html
[42]http://www.bu.edu/missiology/missionary-biography/l-m/lambuth-walter-russell-1854-1921/
[43] BUYERS, Paul. Os fundadores do
Metodismo. Imprensa Metodista, 1929, p.XII., www.bu.edu/.../lambuth-walter-russell-1854-1921
[44] https://www.millsaps.edu/wp-content/uploads/2020/09/library_cain_lambuth_kelley.pdf
[45] Site
Universidade de Kwansei Gakuin - www.kwansei.ac.jp
[46] BUYER, Paul. Os
fundadores do Metodismo. Imprensa Metodista, 1929.
[47] https://global.kwansei.ac.jp/cms/kwansei_foreign/pdf/about/facts/about_kwansei/0000172987.pdf, http://www.bu.edu/missiology/missionary-biography/l-m/lambuth-walter-russell-1854-1921/
[48]
https://methodistmission200.org/wp-content/uploads/2019/08/Bicenntenial-Poster_Lumbuth_v4_MO-nc.pdf
[49] https://www.ehc.edu/live/profiles/5-walter-lambuth
[50] https://www.la-umc.org/obituary/1548044 - Henry T. Carley publicado no Journal Louisiana Conference of the Methodist Episcopal Church, South, 1921, Page 77.
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