O Exilado


 

O missionário metodista Justus Henry Nelson estabeleceu a primeira Igreja protestante na Bacia Amazônica



Odilon Massolar Chaves

 



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Odilon Massolar Chaves é pastor metodista aposentado, doutor em Teologia e História pela Universidade Metodista de São Paulo.

Sua tese tratou sobre o avivamento metodista na Inglaterra no século XVIII e a sua contribuição como paradigma para nossos dias.

Foi editor do jornal oficial metodista e coordenador de Curso de Teologia.

É escritor, poeta e youtuber.

Toda glória seja dada ao Senhor



 

“Se a Igreja Metodista Episcopal, nestes 45 anos no Brasil, conseguiu atrair algumas pessoas a uma vida limpa por mais diminuto que seja o número, fica plenamente justificado o dispêndio aqui feito, de dinheiro, de trabalho e de vidas preciosas ceifadas no seu vigor”.[1] 

(Justus Henry Nelson)

 

Índice

 

·       Introdução

·       Sua origem, estudos e família

·       Missionário no Pará

·       Redator do Apologista Cristão Brasileiro

·       De volta à pátria

·       Meu divino Protetor

·       Jesus, o centro de sua pregação

·       Seu legado

·       Os hinos, um grande legado



Introdução

 

“O Exilado” reflete como o missionário metodista Justus Henry Nelson se sentia no Pará durante 45 anos.

Ele compôs o conhecido hino “O Exilado”, que diz logo no início: “Da linda pátria estou bem longe; cansado estou”.

Justus organizou a primeira Igreja protestante na Bacia Amazônica.

Foi um missionário que atuou como compositor de hinos, parteiro, médico, dentista e editor de jornal.

Como Abraão deixou sua terra natal sem saber direito sobre o local que iria servir ao Reino de Deus no Brasil.

Como Paulo foi preso, perseguido e viu seu filho, irmão e cunhada serem mortos pela febre amarela.

Foi o primeiro a traduzir e publicar no Brasil hinos de Carlos Wesley.

É considerado um dos missionários mais importantes na introdução de hinos no Brasil.

Criou e foi redator do “O Apologista Christão Brazileiro”.

Não dependeu financeiramente da Igreja. Um exemplo de um missionário dedicado ao Reino de Deus.

 O Autor       


Sua origem, estudos e família

 

Justus Henry Nelson nasceu em 22 de dezembro (1850-1937) em Menomonee Falls, Winsconsin, EUA. Seus pais eram fazendeiros e metodistas.

“Sua família era bem grande, e compreendia seus pais, James Hervey Nelson e Sarah Orelup Nelson juntamente com seus 9 irmãos, 6 meninos e 3 meninas, Nelson era o 2º dos 9”.[2]

Justus decidiu ser pastor. “Aos 18 anos, ele frequentou o Seminário de Evansville, aos 21 anos frequentou a Lawrence University”.[3]

Justus "estudou teologia por quatro anos na Universidade de Boston, pegando emprestado $ 120 do primo Nelson Ladue e ganhou o resto pregando".[4]

Ele se formou em 1879.

Ele “conheceu Fannie Bishop Capen em Boston, nascida em StoughtonMassachusetts, em 1852. Eles se casaram em 13 de abril de 1880, em Stoughton”.[5]

Justus Nelson “se alistou na Missão Episcopal da Igreja Metodista por intermédio de William Taylor que estava recrutando missionários que serviriam de forma autônoma. Enquanto aguardava o resultado, sentiu a necessidade de se aprimorar em curso que lhe desse autonomia para ajudar pessoas na área da saúde. Foi assim que ingressou e estudou na Boston University School of Medicina, lá se preparou como enfermeiro e dentista para melhor atender às necessidades do povo que vivia nos locais para onde seria destinado”.[6]

Justus Nelson traduziu para o português muitos hinos, dentre eles,  o hino “Contemplação” de Isaac Watts e revela seu amor por Jesus e o motivo dele se dedicar ao trabalho missionário:

 

Olhando o lenho crucial
Em que morreu da glória o Rei,
Às honras, vida mundanal
Desprezo eterno votarei.

E não permitas, meu Senhor,
Que me glorie eu senão
Na morte do meu 
Redentor,
Que me salvou da perdição
.

Olhai! Da ensanguentada cruz,
Torrentes de tristeza e amor!
Que dor, que amor do meu Jesus,
Por mim, seu vil perseguidor!

Se o mundo inteiro fosse meu,
Seria oferta sem valor;
Tudo o que sou, Senhor, é teu –
Minha alma e todo o meu amor
.[7]

 

A letra do hino revela sua base teológica, quando fala do sacrifício de Jesus e revela também seu caráter, quando fala do só se gloriar naquilo que seu Redentor, Jesus, fez na cruz:

 

“E não permitas, meu Senhor,
Que me glorie eu senão
Na morte do meu 
Redentor,
Que me salvou da perdição”.



Missionário no Pará

 

Justus Nelson estudava teologia no Seminário e “soube que o bispo William Taylor estava estabelecendo missões autossustentáveis ​​na África e na América do Sul no final da década de 1870.”[8]

Ele se inscreveu na missão criada pelo bispo William Taylor chamada de “Missão Metodista de Sustento Próprio”.

No dia 19 de junho de 1880, juntamente com sua esposa e o bispo William Taylor, desembarcaram no porto de Belém do Pará.

Ele chegou como um missionário autossustentável. Pelo seu próprio trabalho, Justus Nelson se sustentou não dependendo financeiramente da Igreja.

Para seu sustento; ele logo começou a ministrar aulas de inglês.

“A partir de 27 de junho de 1880, iniciaram cultos em língua inglesa para alguns estrangeiros residentes na cidade, e também abriram o Colégio Americano, uma escola de ensino para as crianças brasileiras, em janeiro de 1881, tendo a Bíblia como livro de leitura”.[9]

Os cultos iniciais foram num armazém subalugado.[10]

O Colégio Americano, porém, fechou em 1882. “Missionários adicionais eram necessários para ajudar em seu ensino. William Taylor enviou os irmãos de Justus, John & Willet, a noiva de Willet - Hattie Batchelder (Nelson) e a Srta. Clare Blunt. Pouco depois, o prédio da escola pegou fogo e dois membros do grupo, John Nelson e Hattie Batchelder) morreram de febre amarela. Fannie adoeceu com febre amarela, mas sobreviveu. Esta dupla tragédia fez com que a escola fosse fechada”.[11]

Essa epidemia de febre amarela matou seu irmão John Nelson, sua cunhada que era casada com seu outro irmão, e a professora Hattie Bacheldar.[12]

Apesar de todas essas lutas e perdas, Justus Nelson via o progresso da obra de Deus. “Ainda no final de 1882, o pastor Justus Nelson foi convidado para pregar o Evangelho em português na casa de Justiniano Rabelo Carvalho, na Rua do Rosário, nº 40. E como o espaço ficou pequeno, o culto semanal passou a ser realizado numa casa situada na Av. 29 de Agosto, nº 68, hoje, Av. Assis de Vasconcelos. Foi nesta casa que o povo chamado metodista da Amazônia fundou a Igreja Metodista Episcopal do Pará, testemunhando os desafios do Evangelho nas calorosas terras paraenses”.[13]

Em 1883 foi celebrado um culto na Rua dos Mártires (atual Rua 28 de Setembro, 28 de setembro), próxima à esquina da Av. 15 de agosto (atual Av. Presidente Vargas).[14]

Assim, no dia 1º de julho de 1883 foi estabelecida a primeira Igreja protestante na Bacia Amazônica - Igreja Metodista Episcopal do Pará.[15] 

“A igreja realizava cultos domésticos, Escola Bíblica Dominical, reunião de oração em casas particulares e instrução escolar às crianças.  Rev. Justus foi eleito superintendente do Distrito Brasil da Igreja Metodista Episcopal, abrangendo as missões metodistas do ParáPernambuco e Amazonas.[16]

Justus Nelson foi incansável. Ele foi professor de inglês, francês, alemão, português, editor e escritor do O Apologista Christão Brazileiro”, lançado em 4 de janeiro de 1890.

O hino “Reino Universal” traduzido por Justus Nelson retrata sua visão e sentimento na obra missionária:

 

Ó línguas, povos e nações,
Louvor a Cristo celebrai;
Em alta voz, ó corações,
O Nome de Jesus cantai!
Misericórdia divinal,
Justiça eterna, 
eterno amor,
De litoral a litoral
Apregoai com todo ardor.

Com reverência, com fervor,
O incenso do louvor levai;
Sinceros, gratos ao Senhor,
Oh, vinde, alegres, e exultai!
Com todo ardor, oh, exaltai!
A Cristo, 
autor da redenção;
Em 
toda língua proclamai
Que reino dEle os povos são.
[17]

 

 

Redator do Apologista Cristão Brasileiro 

 

Nelson foi redator, escritor e tradutor de hinos. Escreveu muitos artigos apologéticos. Traduziu muitos sermões de Wesley e escreveu artigos para “O Apologista Christão Brazileiro”.

O seu lema era: "Saibamos e pratiquemos a verdade custe o que custar." [18]

A publicação no jornal incluía lições da Escola Dominical, artigos religiosos, etc. Justus lutou contra a idolatria, jogos de azar, álcool, tabaco, etc.

O Apologista Christão Brazileirodefendeu a democracia, republica e a separação entre Igreja e Estado. Sua ousadia provocou perseguições.[19]

“Em uma das primeiras edições, ele imprimiu itens que incitaram as autoridades católicas locais. Esses funcionários tinham controle suficiente sobre o governo local para prendê-lo. Ele foi julgado e condenado a quatro semanas, mas cumpriu quatro meses. Enquanto ele estava preso, sua esposa Fannie fazia suas refeições com medo de que ele fosse envenenado”.[20]

O jornal era inicialmente semanal. Depois passou a ser quinzenal e, por fim, mensal. “Por suas críticas à Igreja Católica e a seus dogmas, com artigos que foram considerados ofensivos, Nelson foi preso durante quatro meses, em 1893. O jornal foi editado até o ano de partido da família Nelson”.[21]

Eles tiveram cinco filhos, em Belém, um deles morreu de malária.

Um hino que Justus Henry Nelson traduziu para o português que revela seu estado de espírito nessa fase de sua vida e ministério é “A certeza do crente”:

 

Não sei por que de Deus o amor
A mim se revelou,
E para si meu Salvador,
Minha alma resgatou.

Mas eu sei em quem tenho crido,

E sei também que ele é poderoso:

Guardará, pois, o meu tesouro

Até o dia final.


Não sei como é que, enfim, eu sou

Liberto aqui do mal;
E como Cristo me aceitou,
Por graça divinal.

Não sei o que de mal ou bem

É destinado a mim.
Se maus ou áureos dias vêm,
Até da vida o fim!

De quando vem Jesus, não sei,

Se breve ou tarde vem,
Não sei ao certo quando irei
Ao lar celeste, além.[22]

 

De volta à pátria

 

 

Justus Nelson não conseguiu chegar cinquentenário da sua missão no Brasil. Uma crise financeira na região o impossibilitou de continuar.

“Entre 1910 e 1920, a crise da seringa amazônica levou diversos aviadores à falência e endividou os cofres públicos que estocavam a borracha na tentativa de elevar os preços”.[23]

Ele “esperava permanecer na Amazônia até seu cinquentenário de missão, mas com as dificuldades financeiras da crise da borracha na região amazônica, a família Nelson retornou para os Estados Unidos, em 8 de novembro de 1925. Com o fechamento da missão, os metodistas de Belém foram encaminhados para outras igrejas evangélicas”.[24]

Aos 75 anos, no dia 08 de novembro de 1925, ele partiu de Belém para os EUA com sua esposa Fannie e seus 4 filhos: William, Luther, Sarah Louise e Elizabeth.

Enfim, o anseio de sua alma é revelado na letra do seu hino “O Exilado”:

“Da linda pátria estou bem longe

Cansado estou”.

Ele ficou no Brasil durante quarenta e cinco anos e depois voltou para os EUA.

No final da sua vida, Justus Nelson ministrou a em PortlandOregon, EUA, editou jornais e pregou  para brasileiros que viviam em Portland.

Ele faleceu aos 86 anos de idade, no dia 06 de fevereiro de 1937.

Antes de partir para os EUA Justus Nelson disse:

“Se a Igreja Metodista Episcopal, nestes 45 anos no Brasil, conseguiu atrair algumas pessoas a uma vida limpa por mais diminuto que seja o número, fica plenamente justificado o dispêndio aqui feito, de dinheiro, de trabalho e de vidas preciosas ceifadas no seu vigor”.[25]

O seu hino “O exilado” retrata os anseios de seu coração distante da sua pátria:

Da linda pátria estou bem longe

Cansado estou

Eu tenho de Jesus saudade

Oh, quando é que eu vou?

 

Passarinhos, belas flores

Querem me encantar

São vãos terrestres esplendores

Mas contemplo o meu lar

 

Jesus me deu a Sua promessa

Me vem buscar

Meu coração está com pressa

Eu quero já voar

Meus pecados foram muitos

Mui culpado sou

Porém, Seu sangue põe-me limpo

Eu para pátria vou

Qual filho de seu lar saudoso
Eu quero ir
Qual passarinho para o ninho
Pra os braços Seus fugir

É fiel, Sua vinda é certa
Quando? Eu não sei
Mas Ele manda estar alerta
Do exílio voltarei

Sua vinda aguardo eu cantando
Meu lar no céu
Seus passos hei de ouvir soando
Além do escuro véu

Passarinhos, belas flores
Querem me encantar
São vãos terrestres esplendores
Mas contemplo o meu lar
.[26]

 

Justus Nelson colocou a letra em uma música folclórica dos EUA.

O missionário Justus Nelson “que se encontrava, longe de casa, em terra estranha, com saudade da família, etc, seria no mínimo razoável que se lembrasse de uma música folclórica como esta. O missionário Justus Henry Nelson fez a adaptação necessária da melodia rural "Old Folks at home", de Stephen Collins Foster para produzir: "Da linda pátria estou mui longe...".[27]

 

 

Meu divino Protetor

 

O hino de Carlos Wesley “Meu divino protetor” traduzido por Justus Henry Nelson revela as lutas e as dificuldades que ele passou em sua jornada como missionário deixando sua terra natal, como Abraão, indo para um país desconhecido e um lugar de lutas.

Revela ainda a sua fé e dependência de Deus.

1.Meu divino Protetor, quero em Ti me refugiar,
Pois as ondas de terror ameaçam me tragar!
Quase estou a perecer! Dá-me a Tua proteção!
Pois guardado em Teu poder, não receio o furacão!


2. És amparo, meu Jesus! Sem alento venho a Ti.
Não me deixes sem a luz que ilumina a senda aqui.
Eu confio em Teu amor e na Tua compaixão;
És meu forte defensor; que me ampare Tua mão.

3. Graça imensa em Ti se achou, para tudo perdoar;
Sangue Teu se derramou, nele quero me lavar.
Fonte és de todo bem; dá-me sempre de beber!

Confortar minh"alma vem; quero em Teu amor viver.[28]

 

Esse hino retrata muito como Justus Nelson pode suportar a ausência da pátria, viver sem conforto e em meio à oposição. Foi a graça do Senhor com Sua poderosa mão.

 

 Jesus, o centro de sua pregação

 

Justus Nelson tinha uma grande dedicação a Jesus. Seus hinos preferidos traduzidos tinham o foco em Jesus.

Foi assim com o hino “Reino Universal”, que em um verso diz: “O nome de Jesus cantai”; bem como o hino “Rei Excelso” que em um verso diz: “Ao mundo o gozo excelso proclamai do Reino de Jesus”.

Justus Nelson também traduziu o hino “Saudai o nome de Jesus” revelando a sua fé e o foco de sua vida em Jesus.

Rev. Edward Perronet foi o autor da letra e James Ellor o autor da música de “Saudai o nome de Jesus”:

 

Saudai o nome de Jesus!

Arcanjos, adorai!

Ao Rei que se humilhou na cruz

Com glória coroai! Ó escolhida geração

De Deus, o eterno Pai,

 

Ao grande Autor da Salvação

Com glória coroai!

Remidos todos, com fervor,

Hosanas entoai!

 

Ao Verbo feito Redentor

Com glória coroai!

Ó raças, povos e nações,

Ao Rei divino honrai!

A quem quebrou os vis grilhões

Com glória coroai![29]

 

No hino traduzido “Cantai que o Salvador chegou”, um dos versos diz:

 

Ao mundo as novas proclamai
que já raiou a luz.
Ó terra, mar e céus, cantai:
Nasceu o Rei Jesus.
Nasceu o Rei Jesus.
Nasceu, nasceu o Rei Jesus.[30]

 

A frase inicial “Ao mudo as novas proclamai que já raiou a luz” revela sua paixão missionária e o foco de sua pregação: Jesus.

 

Seu legado

 

 

Justus Nelson se preparou muito bem para a missão como missionário no Pará.  Além de pastor, atuou também como médico, dentista e parteiro. 

Sua "formação médica provou ser valiosa em seu trabalho missionário, principalmente em obstetrícia, pequenas cirurgias e tratamento de doenças de pele como furúnculos e úlceras. Não resta registro do número de partos em que o pai oficiou. Parte de seu trabalho missionário a qualquer hora do dia ou da noite ... Junto com seu trabalho médico, ele também arrancou muitos dentes. Em um ano, pela contagem real, ele arrancou mais de 5.000 dentes”.[31]

 

Ele traduziu e escreveu diversos hinos para o português. Dentre eles, estão: Fonte és Tu de toda bênção; Prece ao Trino Deus; Saudai o Nome de Jesus; Jesus, o Bom Amigo: O exilado; “Anelos do Céu”, Na forte aflição, no ´perigos e dor; Saudai o nome de Jesus; Almejo a fé que forte é no mundo tentador; Cantai que o Salvador chegou, etc.[32]

Justus Nelson foi o introdutor dos hinos wesleyanos no Brasil. Traduziu diversos hinos de Carlos Wesley.[33]

Um dos hinos de Carlos Wesley traduzido por Justus Henry Nelson foi “Vem, soberano amor, Jesus”:

 

Vem soberano amor, Jesus

Jesus, thine all-victorious love 

Charles Wesley, 1740
Tradução: Justus Henry Nelson, 1899

1. Vem soberano amor, Jesus,
vencer-me o coração!
Assim meus pés de tua luz
jamais se afastarão.

2. Que o lume purificador
comece agora a arder!
Em mim, ó fogo abrasador,
vem todo o mal vencer.

3. Onipotente e Santo Deus
que tudo aqui nos dás,
consome os vis pecados meus,
vem dar-me a tua paz.

4. Senhor, vem, faze transbordar
meu coração de luz,
e minha vida vem guiar
nos passos de Jesus.

5. Minha alma vem fazer sentir,
constante, o teu amor,
que em tudo eu possa ver, fruir,
teu divinal favor.[34]

 

Ele é mencionado no premiado livro infantil Rascal, escrito por Sterling North, em 1963, sobre as memórias do autor de 1918.[35]

 

Justus Nelson lançou ainda a “semente do Evangelho nas cidades de Benevides/PA, Santarém/PA e Manaus/AM. Tudo independente financeiramente da Igreja norte-americana e da tesouraria da Igreja local”.[36]

Ele tinha paixão missionária e muita dedicação. Ele se doou para o Reino de Deus sem esperar recompensas aqui na terra.

Justus foi superintendente do Distrito Brasil da Igreja Metodista Episcopal, abrangendo as missões metodistas do ParáPernambuco e Amazonas.[37]



Os hinos, um grande legado

 

 

Além de ser precursor dos hinos wesleyanos no Brasil, Justus Nelson é considerado um dos missionários mais importantes da hinódia brasileira.[38]

Justus Nelson “nos deixou um legado de hinos que através de suas mãos e mente, passaram por um crivo e assim ganharam tradução honrosa, letra inspirada e, acima de tudo, um zelo missionário na área musical por nos deixar um material que até os dias de hoje nos falam ao coração”.[39]

Os hinos escolhidos para tradução revelam sua fé como o  coro do hino “A certeza do crente”: “Mas eu sei em quem tenho crido, E sei também que ele é poderoso: Guardará, pois, o meu tesouro Até o dia final”.

E foi o que aconteceu enquanto ele foi missionário no Pará. 

Justus Nelson deixou “uma imensa contribuição para a hinódia evangélica brasileira, tendo sido tradutor e compositor de diversos hinos, textos e melodias, os quais fazem parte até hoje de vários hinários evangélicos no país”.[40]

O hino “Fonte és Tu de Toda Benção” foi traduzido para o português no ano de 1881 por Justus Henry Nelson.[41]

Revela seu reconhecimento de que tudo que ele fez veio de Deus:

 

Fonte és tu de toda bênção;
vem o canto me inspirar;
a misericórdia tua
quero em alto som louvar.
Oh, ensina o novo canto
dos remidos lá dos céus
ao teu servo e ao povo santo
pra louvarmos-te, bom Deus!

Ao Senhor eu agradeço,
pois Jesus me socorreu
e, por sua graça, um dia
vai levar-me para o céu.
Eu, perdido, procurou-me,
longe do meu Deus, sem luz;
dos pecados meus lavou-me
com seu sangue o bom Jesus.
Devedor à tua graça
cada dia e hora sou.
Teu cuidado sempre faça
com que eu ame a ti, Senhor.
O meu ser é vacilante:
toma-o, prende-o com amor,
pra que eu, a todo instante,
glorifique a ti, Senhor.
[42]

 

O missionário Justus Nelson foi um servo de Jesus que reconhecia a sua dependência a cada dia e a cada hora do Senhor. Este hino que ele traduziu revela isso: “Devedor à tua graça cada dia e hora sou”.


A Igreja Metodista e o Concilio Vaticano II

 

 

 

Entre 1962-1965, foi realizado o Concílio Vaticano II que trouxe mudanças na liturgia e abertura ao diálogo ecumênico. O Concílio Geral de 1960 aprovaria um item no Credo Social sobre o ecumenismo dizendo que a Igreja metodista sempre se caracterizou pelo espírito ecumênico.

 

O Concílio Geral da Igreja Metodista do Brasil criou ainda a “Comissão de Atividades Ecumênicas” sob a presidência de Duncan Reily. O objetivo era diálogo ecumênico entre os evangélicos. Posteriormente, as Igrejas Congregacional, Episcopal, Metodista Livre, Evangélica de Confissão Luterana, Presbiteriana do Brasil, Presbiteriana Independente, Assembléia de Deus e Batista foram convidadas para um encontro. Só a Igreja Episcopal viria. Em 1964, a Comissão mudou o nome para “Comissão Inter-Eclesiástica” sob a presidência de Almir dos Santos. Oficialmente, não foi estabelecido diálogo com a Igreja Católica, neste período. Com os Evangélicos duraria pouco.

 

         O Órgão oficial da Igreja Metodista procurou mostrar o lado positivo do ecumenismo com a Igreja Católica. Entre 1961-1964, publicou diversos artigos, entre eles: “Padres fazem autocrítica em debate público”; “Sacerdote católico romano elogia o protestantismo”; “Capelão evangélico convidado a participar de retiro católico”. Na primeira página viriam algumas manchetes, entre elas: “A Bíblia promover ecumenismo na fronteira”; “A Revolução na Igreja Católica”; “Bispo católico recomenda a leitura de Bíblias Protestantes”.

 

         O assunto mexeu com a cabeça de muitas pessoas que sabiam das perseguições católicas do passado e viam a idolatria ainda na Igreja. Enquanto uma ala da Igreja evangélica receberia a notícia da mudança na Igreja Católica com euforia, outra ala - ligada mais a igreja local - ficou confusa com a ênfase evangelística, que desde o princípio havia sido marcada pela evangelização dos católicos.

 

Na própria liderança havia questionamento. O Presidente do Colégio Episcopal, bispo Isaías Sucasas, em 1959, com a notícia da convocação do Concílio  Vaticano II, diria das condições da Igreja Metodista entrar no diálogo ecumênico: “Volta incondicional ao fundamento, que é Jesus Cristo, e à mensagem clara e profunda da paternidade de Deus, fundamentada na Bíblia. Exigimos a extinção de tudo que seja idolatria ...” 54

 



[1] http://www.hinologia.org/justus-henry-nelson/

[2] http://www.hinologia.org/justus-henry-nelson/

[3] https://hinosdaharpa.com/j-h-n/

[4] https://wikimili.com/en/Justus_Henry_Nelson

[5] https://pt.wikipedia.org/wiki/Justus_Henry_Nelson

[6] http://www.hinologia.org/justus-henry-nelson/

[7] https://letrasonora.com.br/90-cantor-cristao-contemplacao-isaac-watts-justus-henry-nelson/

[9] https://pt.wikipedia.org/wiki/Justus_Henry_Nelson

[10] http://www.hinologia.org/justus-henry-nelson/

[11] https://wikimili.com/en/Justus_Henry_Nelson

[12] http://www.metodista.org.br/historico-metodismo-no-brasil

[13] http://www.metodista.org.br/historico-metodismo-no-brasil

[14] https://wikimili.com/en/Justus_Henry_Nelson;

https://pt.wikipedia.org/wiki/Justus_Henry_Nelson

[15] https://pt.wikipedia.org/wiki/Justus_Henry_Nelson

[16] https://pt.wikipedia.org/wiki/Justus_Henry_Nelson

[17] https://letrasonora.com.br/134-cantor-cristao-reino-universal-justus-henry-nelson/

[18] http://www.hinologia.org/justus-henry-nelson/

[19] http://www.hinologia.org/justus-henry-nelson/

[20] https://wikimili.com/en/Justus_Henry_Nelson

[21] https://pt.wikipedia.org/wiki/Justus_Henry_Nelson

[22] https://www.hinarioevangelico.com/2010/04/388-certeza-do-crente.html

[23] https://brasilescola.uol.com.br/historiab/ciclo-borracha.htm

[24] https://pt.wikipedia.org/wiki/Justus_Henry_Nelson

[25] http://www.hinologia.org/justus-henry-nelson/

[26] https://www.letras.mus.br/harpa-crista/450190/

Letra e Música: Stephen Collins Foster; Adaptação: Justus Henry Nelson - https://sites.google.com/site/vieirademelo/hc036-oexilado

[27] https://sites.google.com/site/vieirademelo/hc036-oexilado

[28] https://hymnary.org/text/meu_divino_protetor_quero_em_ti_me_refug

[29] https://metodista.br/faculdade-de-teologia/materiais-de-apoio/liturgias/liturgias-publicadas-em-2015/culto_fateo_20151118-matutino-e-noturno.pdf

[30] https://sites.google.com/site/coletaneahcc/106-cantai-que-o-salvador-chegou

[31] https://wikimili.com/en/Justus_Henry_Nelson

[32] https://hymnary.org/person/Nelson_JH

[33] http://www.hinologia.org/justus-henry-nelson/

[34] https://charleswesley.com.br/ch/index.php/2017/07/06/vem-soberano-amor-jesus/

[35] https://en.wikipedia.org/wiki/Justus_Henry_Nelson

[36] http://www.metodista.org.br/historico-metodismo-no-brasil

[37] https://pt.wikipedia.org/wiki/Justus_Henry_Nelson

[38] https://hinosdaharpa.com/j-h-n/

[39] http://www.hinologia.org/justus-henry-nelson/

[40] https://biografiactp.wordpress.com/2013/06/18/justus-henry-nelson/

[41] https://velhasverdades.com/2006/11/09/historia-e-conteudo-teologico-do-hino-fonte-es-tu-de-toda-bencao-final/

[42] https://sites.google.com/site/coletaneahcc/017-fonte-es-tu-de-toda-bencao

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