Derramamento do amor
Uma urgência para nossos dias
Tomo 1
Odilon Massolar Chaves
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Odilon
Massolar Chaves é pastor metodista aposentado, doutor em Teologia e História
pela Universidade Metodista de São Paulo.
Sua tese
tratou sobre o avivamento metodista na Inglaterra no século XVIII e a sua
contribuição como paradigma para nossos dias.
Foi editor do
jornal oficial metodista e coordenador de Curso de Teologia.
É escritor,
poeta e youtuber.
Toda glória seja dada ao Senhor
“Ó
gloriosa esperança de amor perfeito!
Isso me eleva às coisas acima;
Tem asas de águia.
Dá a minha alma arrebatada um gosto
E me faz por alguns momentos festa (...)”.[1]
Charles Wesley
(1707-1788)
Índice
Prefácio
Introdução
O amor de Deus nos hinos
de Carlos Wesley
O derramamento do amor no
coração de Wesley
O derramamento do amor segundo
Wesley
A chave para entendermos
sobre o derramamento do amor
A ênfase de Lutero no amor
ágape
O amor como caridade
segundo Agostinho
Do amor fingido ao
perfeito amor
O amor de Deus na vida dos
primeiros metodistas
Segui o amor
O propósito do
derramamento do amor
Prefácio
Variações sobre o “Derramamento do Amor, uma urgência para nossos dias”,
conforme o Rev. Odilon Massolar Chaves.
Me sinto privilegiado por ter sido convidado pelo Rev. Odilon para
prefaciar o seu livro sobre o “Derramamento do Amor, uma urgência para nossos
dias”. Primeiro porque o Rev. Odilon mais que colega de ministério, tem sido
amigo. Temos caminhado juntos em diversos momentos do nosso ministério.
Por outro lado, sou um admirador da vida e ministério de seu pai Rev. Adherico,
de sua mãe dona Roza, gente santa e crente. Gente que inspirou a muitos.
Este livro dá continuidade a uma longa vocação de escritor do Rev. Odilon.
Com o coração voltado para a missão e o pastoreio, Odilon consegue captar na
Bíblia e na História da Igreja elementos desafiadores à Igreja dos nossos
tempos. Inspirar, instruir e desafiar faz parte desta longa vocação de
escritor.
Este livro que começa pela Bíblia e perpassa as figuras mais expressivas
da história da Igreja, como Agostinho, Lutero, Wesley, traz uma temática que
além de ser atual é de uma relevância bíblica decisiva. Pois sem o amor não
haveria salvação: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho
unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.”
(João 3:16)
Ao mesmo tempo o tema toca nosso momento, pois é visível à vista das
tragédias de violência e morte que contemplamos, onde fica evidente que as
pessoas estão odiando mais que amando, e com tristeza vejo que até em ambiente
cristão cresce a carência de atos de amor.
Quando falamos da consequência da prática do amor que é o exercício do
perdão, mais fragilidade e carência percebemos.
Num quadro assim carecemos de um derramar do amor de Deus nos corações,
e é disto que este livro trata. Começando por Paulo e suas reflexões, vamos
viajando na história e aprendendo que Lutero dignificou o amor entrega, Carlos
Wesley foi decisivamente inspirado por um coração amoroso, Wesley além de
poesia, ensinou e pregou o amor incondicional.
Os pregadores do Metodismo primitivo foram movidos de amor pelos
perdidos.
Mergulhe você também nesta descrição feliz do sentimento que vem de Deus
que é o AMOR, pois: “DEUS É AMOR” (I Jo. 4,8).
Bispo Paulo de Tardo de Oliveira Lockmann
Introdução
O livro “Derramamento do amor, uma urgência para nossos dias” tem como
texto base Romanos 5.5 e Efésios 3.16-19 onde Paulo fala do derramamento do
amor de Deus em nossos corações pelo Espírito Santo e o fortalecimento do homem
interior pelo Espírito Santo. Mas, especialmente, seguimos os ensinamentos de
João Wesley com seus comentários bíblicos.
O fato é que o amor é o início e o propósito final da vida cristã. Você ama
porque Deus o amou primeiro e o propósito da vida cristã é alcançar o perfeito
amor. E só é possível alcançar o perfeito amor com a perfeição cristã.
O derramamento do amor, conforme Romanos 5.5, é fundamental para
alcançarmos o perfeito amor.
Para Wesley, o derramamento do amor é o impulso, o motor necessário para
se alcançar a perfeição cristã e o perfeito amor.
Grandes líderes concordam em um ponto chave: o amor derramado pelo
Espírito é essencial para amarmos a Deus e o próximo. É a razão de ser e o ponto
inicial e de chegada da vida cristã.
Jesus e os apóstolos João e Paulo realçaram a importância do amor. O
amor é a base da santidade. A experiência com o derramamento de amor é
fundamental para o amadurecimento espiritual, emocional e também para a prática
pastoral.
Este livro tem como propósito resgatar a ênfase na prática do amor ágape,
conforme a Bíblia e os ensinamentos de Wesley.
A maior parte dos membros da Igreja conhece o Caminho e a Verdade, mas
nem todos experimentaram a Vida em abundância que Jesus prometeu dar. Falta
receber o derramamento do amor que cura as feridas, santifica e faz com que
Jesus reine nos corações.
Wesley resgatou a doutrina da santidade em seu tempo e entendeu que esta
era a missão, o “grande depósito”, que Deus concedeu ao povo chamado metodista.
Hoje precisamos também urgentemente restaurar a
doutrina da santidade, a perfeição cristã que gera o perfeito amor em nossas
vidas. Há um grande déficit de amor na Igreja, família e mundo.
Além do “Derramamento do amor”, Tomo 1, mais dois
livros compõe a série: “Derramamento do amor no ensino de grandes
líderes”, Tomo 2, e “O propósito do Derramamento do amor”, Tomo 3.
Nossos agradecimentos ao bispo Paulo Lockmann pela sua participação e suas palavras carinhosas no prefácio deste livro. Agradecemos a Eliede Castro Massolar e a pastora Dilcilene Couto pelas correções e sugestões.
Que o Espírito Santo ilumine a sua mente na leitura deste livro e encha seu coração de amor.
O Autor
O amor de Deus nos hinos de
Carlos
Wesley
“Ó
Amor Divino, rico,
Alegria
traz do céu;
Faz de nós moradas simples,
Com mercê que é fiel.
Cristo, pura compaixão és;
Infinito, puro amor”
(Carlos
Wesley)
No capítulo anterior, vimos sobre a essência do amor ágape. Ele é um
amor imerecido e que se doa. O
amor ágape busca o bem maior da outra pessoa, mesmo que ela seja indigna.
O amor ágape é um amor sacrificial, que nega a si mesmo em benefício do
próximo. Ágape é o termo usado para descrever o
Deus que é amor.
Ágape é definido também como boa vontade para com todas as pessoas que
Deus criou. É o amor como uma ação que promove o bem-estar. O amor ágape é “benevolência”.
Deus é a fonte do amor. Ele nos capacita a amar. É o principal atributo de
Deus é amor. Deus não ama simplesmente. Ele
é o amor em sua essência. Tudo o que Deus
faz flui do Seu amor.
Carlos Wesley (1707-1788) em seus hinos descreve sobre
esse amor de Deus. Carlos era filho de Suzana e Samuel Wesley. Irmão de João
Wesley. Ele criou o Clube Santo, em 1729, e foi como missionário com Wesley
para a Geórgia, em 1735.
Carlos experimentou sua própria experiência de “coração
estranhamente aquecido” apenas alguns dias antes de Wesley, em 21 de maio de
1738: “(...) no meio de contínuas lutas espirituais enquanto estava doente no domingo de
Pentecostes, sentiu ´uma estranha palpitação no coração´, foi capaz de dizer
´Eu creio, eu creio!´ e achou-se em paz com Deus.”[2]
Ele veio a reconhecer o amor de Deus na presença do Espírito Santo que foi dissipando a escuridão da dúvida de seu coração.
“Os hinos de Carlos Wesley estão repletos de referências ao amor. Na Páscoa, cristãos de todo o mundo repetem as palavras de sua mais famosa composição: "Cristo, o Senhor ressuscitou hoje" e declaram: "A obra redentora do amor está terminada, Aleluia!".[3]
Nos títulos e versos dos hinos de Carlos Wesley, vemos a profundidade como ele entendia sobre Deus e o Seu amor. Ele escreveu sobre o “Todo poderoso Deus do amor”; Vem, soberano amor, Jesus”; “Deus todo poderoso da verdade e do amor”; Ó gloriosa esperança de amor perfeito!”; “Amor estupendo do Deus Altíssimo!” etc.
No início desse
último hino acima relacionado, Carlos Wesley escreveu sobre a necessidade de
termos esse amor:
“Amor
estupendo do Deus Altíssimo
Ele vem ao nosso encontro do céu
Na
maior majestade;
Cheia de graça indizível”.[4]
A visão de Carlos Wesley,
Deus é “puro amor ilimitado”, como ele escreveu em um dos seus hinos.
Carlos (Charles) enfatizou o processo gradual pelo qual um cristão cresce em uma peregrinação de fé para alcançar o perfeito amor. “Para Charles, o novo nascimento iniciou uma jornada. Charles Wesley buscou a realização completa do amor perfeito no final de uma vida vivida da graça à graça através do sofrimento”.[5]
Carlos Wesley foi chamado de o mais talentoso
escritor de hinos que a Inglaterra já conheceu". Frank Baker calculou que
Carlos escreveu, em média, dez versos por dia durante 50 anos. Ele deve
ter escrito cerca de dez mil hinos ou poemas religiosos.[6]
A primeira coleção dos irmãos Wesley possivelmente também foi a primeira coleção de hinos Ingleses: “Coleção de Salmos e Hinos”.
Outra Coleção menor de hinos foi publicada em 1738, em Londres, e, em 1739, tiveram início as longas séries de trabalhos originais em verso. Destes, o mais extenso foram os “Hinos e Poemas Sagrados” (Hymns and Sacred Poems), em três volumes.[7] Também em 1740 e 1742 foi publicado outro volume de hinos.[8]
Em 1762, Carlos Wesley publicou um hinário em dois volumes que se
baseava em versículos bíblicos.[9]
Em muitos hinos, Carlos Wesley descreve o amor vindo de Deus e sendo
derramado:
Ó
tu, Senhor, que do alto
trouxeste
fogo a nossa terra,
derrama
em mim teu amor sagrado,
chama
que o coração me acenda;
Que
permaneça ardentemente,
com
brilho eterno, cintilante;
e
em canto e oração fervente,
retorne
a ti para louvar-te eternamente.[10]
No hino “Grande Amor”, no primeiro verso, Carlos descreve sobre o amor
de Deus, o qual chama de “amor sem par” e “amor Bendito”, que é grande:
Ó,
Senhor, que a tudo excedes,
Dom
celeste, Amor sem par,
Vem,
coroa os teus favores,
Entre
nós vem habitar.
Grande Amor, Amor bendito” (...).[11]
Nos
dois primeiros versos do hino “Tu, oculta fonte de repouso, divino...”, Carlos
fala de Jesus e descreve o “amor divino”, que dá repouso, socorre, é refúgio e
eterno:
Tu, oculta fonte
de repouso,
divino amor, e suficiente
és meu socorro, és meu refúgio;
seguro estou, se Tu és meu,
e do pecado e da vergonha,
Jesus, em Teu nome me escondo.
Teu grande nome é salvação
e eleva a minha alma feliz,
dá-me consolo, força e paz,
dá-me alegria e amor eterno;
com o Teu nome são me dados
santidade, perdão e o céu.[12]
Nos dois primeiros
versos do “Divino Amor”, Carlos escreve que quer adorar ao Senhor por “seu
divino e santo amor”:
Como
contar de Deus o amor,
Que o filho amado ao mundo deu?
Quem poderá sondar a dor
Que meu Jesus, na cruz, sofreu?
Quero
adorar a meu Senhor
por seu divino e santo amor!
Quero adorar a meu Senhor
por seu divino e santo amor![13]
Outro hino mostra no título o destaque
sobre o amor: “Vem, soberano amor, Jesus”.
No primeiro verso diz:
Vem
soberano amor, Jesus,
vencer-me o coração!
Assim meus pés de tua luz
jamais se afastarão.
No último verso, Carlos Wesley escreve:
Minha
alma vem fazer sentir,
constante, o teu amor,
que em tudo eu possa ver, fruir,
teu divinal favor.[14]
No primeiro verso do hino “Ó Amor Divino, rico”,
Carlos Wesley fala da riqueza, pureza e infinidade do amor de Deus:
Ó
Amor Divino, rico,
Alegria traz do céu;
Faz de nós moradas simples,
Com mercê que é fiel.
Cristo, pura compaixão és;
Infinito, puro amor;
Salvação és, nos visita,
Em nós entra com fulgor.[15]
No hino “Jesus, Teu vitorioso amor
encheu meu coração”, Carlos Wesley fala de um vitorioso amor e afirma que “meu
é o teu amor”:
1
Jesus, Teu vitorioso amor
Encheu meu coração,
Que, firme em Ti, não mais terá
Nenhuma hesitação,
Nenhuma hesitação.
2
Que o fogo santo agora em mim
Comece a arder;
Paixões, desejos faz sumir,
Vem montes remover,
Vem montes remover.
3
Consuma os pecados meus
A brasa do altar;
Eu clamo: ó Espírito, vem
Meu coração tomar,
Meu coração tomar.
4
Ardente fogo, queima em mim
A velha criação;
Expande vida em meu ser,
Traz santificação,
Traz santificação.
5
Sustenta aqui meu coração
Firmado em Ti, Senhor;
Pois Tu és tudo
para mim,
E Teu é meu amor,
E Teu é meu amor.[16]
Certamente por
isso que o teólogo Mildred Olive Bangs Wynkoop[17]
da Igreja do Nazareno afirmou que ser wesleyano é estar comprometido com uma
teologia do amor.[18]
E no hino “Ó vem caminhante”, Carlos Wesley realça o amor de Jesus em um
dos versos e o chama de Amor:
Amor, é Amor!
Foi por mim que morrestes!
Escuto, em
sussurro no meu coração.
As trevas se
inundam de brilho celeste,
Tu és, do
amor, a infinita expressão.
Ó vem, das
entranhas da graça e favor,
Essência
divina, teu nome é Amor!
Teu nome é Amor![19]
Só pode compor hinos tão belos e profundos assim quem teve uma grande experiência
com o amor de Deus. Carlos Wesley testemunhou e expressou através dos versos esse
grande, perfeito e puro amor do Senhor por nós revelando também nos hinos a
ênfase do movimento metodista no século XVIII.
Por isso Carlos Wesley pode dizer que valeu tudo, no seu hino “Venham
todos, venham todos!”.
Se o amor de
Jesus Cristo nos comove e constrange,
Valeu tudo, até a morte de quem deu seu próprio sangue![20]
O derramamento do amor no coração de Wesley
“A grande questão de todos, então, ainda
permanece. O amor de Deus é derramado no seu coração?”
(João Wesley)
Alguns estudiosos interpretam que Wesley não se
considerava um convertido por causa de sua afirmação num momento de frustração
antes de 24 de maio de 1738: “Fui à América para converter índios; porém, oh!
quem me converterá?”[21]
Como Wesley tinha se proposto a buscar a santidade,
ele era muito exigente consigo mesmo. Cinquenta anos mais tarde, Wesley
reconheceu o engano dessa sua afirmação.
Wesley compreendeu que antes de 24 de maio de 1738
ele tinha a fé de um servo e não de um filho. O servo buscava a fé, enquanto o
filho tinha a segurança da fé.[22]
Uma pessoa que lidera o Clube Santo, vai como
missionário para a Geórgia e prega um sermão com o título “Sobre o amor”, em
1736, baseado em 1 Coríntios 13, era,
sim, convertido. Wesley buscava a perfeição e uma segurança interior, uma
intimidade com Deus, que ele ainda não tinha.
Nesta época, para Wesley, a esperança de salvação
estava firmada em sua sinceridade de ter uma vida santa. Desde 1725, ele havia
iniciado a busca da perfeição:
Ele disse: “Em 1725, encontrei com ´Regras de Santo
Viver e Morrer´ (Rules of Holy Living and Dying), pelo Bispo Taylor. Fiquei
impressionado especialmente com o Capítulo sobre Intenção; e senti a intenção
fixa de entregar-me a Deus. Nisto fiquei confirmado poucos dias depois pelo
Modelo Cristão, e desejava entregar-me a
Deus de todo o coração. Isto é exatamente o que entendo agora pela Perfeição.
Eu a busquei desde aquela hora.”[23]
Portanto, Wesley era convertido no sentido que hoje
consideramos uma conversão. Ele tinha sim, muitas dúvidas antes de 1738. Além
disso, sua desastrosa atuação pastoral na América havia aumentado essa dúvida,
mas ele não buscava a conversão e sim a santificação.
Escrevendo em 1733, Wesley disse: “No mesmo ano
publiquei (primeira vez que tentei publicar qualquer coisa), para uso dos meus
alunos, uma ´Coletânea de Formas de Oração´. E nesta obra falei explicitamente
em dar ´totalmente o coração e a vida a Deus´. Esta foi, então, como é agora, a
minha ideia a respeito da Perfeição (...).”[24]
Diante dos fracassos que experimentou na América,
Wesley foi muito crítico consigo mesmo e, então, notou que o seu coração estava
corrompido. Ele precisava de um batismo ou derramamento do amor em seu coração,
conforme Romanos 5.5.
Diante desse quadro, Wesley percebeu mais
nitidamente o estado do seu coração. Por isso, afirmou que aprendeu na América
que o seu coração estava corrompido:
“(...) que eu tenho estado destituído da glória de Deus; que meu coração
está completamente corrompido (...).”[25]
Wesley saiu
da Geórgia, na América, com amargura e desapontamento. Como positivo, passou a
ser mais cauteloso. Havia aprendido a conhecer com os moravianos a direção
paternal de Deus; havia vencido seu medo do mar. Em acréscimo, havia conhecido
muitas pessoas que, como ele, buscavam a santidade e desejam servir a Deus.[26]
A consciência de sua situação o levou a procurar
ajuda e a se humilhar. Conheceu um moraviano chamado Pedro Bohler que lhe
ensinou sobre a fé viva. Wesley disse:
“(...) me surpreendeu mais e mais com a explicação
que me deu a respeito dos frutos da fé viva, a santidade e a felicidade que ele
afirmou acompanharem tal fé.”[27]
Os moravianos diziam que não existem graus de fé [28].
Ou você tem ou não tem fé [29].
Wesley não tinha a fé que os moravianos tinham, por isso, se julgava um
incrédulo. Pedro Bohler lhe ensinou sobre a fé viva.[30]
Wesley estava triste porque seus amigos haviam tido
experiências com Deus e ele ainda não. George Whitefield [31] tinha
tido uma experiência espiritual, em 1735, e
Benjamim Ingham[32]
também já havia experimentado uma transformação. Carlos Wesley [33]
também tinha sentido uma "palpitação no coração", em 21 de maio de
1738,[34]
mas João Wesley ainda não havia
tido a sua experiência.
Wesley estava consciente do estado do seu coração.
Sabia que precisava de uma ação de Deus em sua vida. Havia aprendido que a fé
viva poderia restaurar a sua vida. Pela influência dos moravianos, Wesley pensava que não tinha fé e que era incrédulo.
Ele aprendeu que precisa ter uma fé viva.
Diante das
crises, Wesley decidiu procurar os moravianos, que o haviam mostrado sobre uma
fé superior.
“Uma semana após ter voltado para a Inglaterra,
Wesley se encontrou com Peter Bohler, um ministro luterano (ordenado mais tarde
por Zinzendorf para o ministério morávio) recentemente chegado da Alemanha e a
caminho da América. O contato de Wesley com Bohler, durante os quatro meses
seguintes, proporcionaria modelos tanto para a renovação espiritual como para o
desenvolvimento organizacional do metodismo.”[35]
Wesley, contudo, continuava preocupado com a falta
de segurança da fé, que havia se tornado evidente em sua viagem durante as duas
travessias do oceano.[36]
A vida de Wesley começou a ter um novo rumo, quando ele foi sem vontade a uma
reunião numa sociedade, no dia 24 de maio de 1738. No culto, alguém comentava
sobre a mudança que Deus opera pela fé em Jesus.[37]
Wesley assim descreveu a sua experiência, quando
disse ter sentido seu coração aquecido: “(...) senti que eu agora confiava em
Cristo, somente em Cristo, para salvação; e me foi dada à segurança de que
Cristo havia perdoado os meus pecados, sim, os meus, e que eu estava salvo da
lei do pecado e da morte.”[38]
Wesley comemorou a experiência[39] com
um testemunho diante dos presentes. Mais tarde, continuou no quarto de Carlos Wesley com um
hino. [40]
Os ensinos de seus mentores morávios se tornaram uma confissão pública.
[41]
Essa experiência mudou a vida espiritual de João
Wesley. Ele sentiu, especialmente,
segurança: Ele sentiu que agora confiava em Cristo. Somente nele para a
Salvação. Foi-lhe dada a segurança de que Cristo havia perdoado os seus
pecados. Ele passou a ter a segurança de
ter sido salvo da lei do pecado e da morte , etc.[42]
“Este foi o ponto de virada. A partir de
então, João Wesley foi impulsionado, não pela fé ortodoxa e pela doutrina
correta, mas pelo amor. E todos os seus consideráveis poderes - de
erudição, de pregação e ensino e, acima de tudo, de organização - foram guiados
e dominados pelo amor; amor a Deus e amor a outros seres humanos”.[43]
Após sua experiência, Wesley foi à Alemanha
conhecer mais de perto o estilo de vida dos moravianos. Ele encontrou e
entrevistou diversas pessoas. Entendeu sobre a importância do derramamento do
amor em nosso coração no processo de santificação:
“Encontrei aqui aquilo que buscava, a saber, provas
vivas do poder da fé: pessoas salvas do pecado interno tanto como do pecado
externo, ‘pelo amor de Deus derramado nos seus corações’; e de toda a dúvida e
medo pelo testemunho constante ’do Espírito Santo derramado sobre ele”. [44]
Anos mais tarde, contudo, Wesley diria que, após 24
de maio de 1738, ele passou da condição de servo para a condição de filho de
Deus.[45]
“Sua experiência do coração aquecido ocorrera numa
quarta-feira. No domingo seguinte, Wesley pregou por duas vezes sobre um tema
novo para ele: ´Esta é a vitória que vence o mundo, a nossa fé´ (1Jo 5.4) pela
manhã e sobre o Deus ´que justifica o ímpio´ (Rm 4.5) de tarde.”[46]
Wesley passou a viver a fé liberta do medo e da
dúvida.
O que Wesley experimentou foi uma nova capacidade
de confiar em Cristo, o perdão dos pecados, a certeza de que ele era um filho
de Deus e um novo nascimento no qual ele começou a crescer no conhecimento e
amor de Deus e no amor ao próximo. O que mudou para ele foi
motivação. Antes de Aldersgate ele tinha a “fé de um servo”, buscando
obedecer a Deus por medo do julgamento. Depois de Aldersgate ele teve a
“fé de um filho de Deus”, obedecendo alegremente a Deus por gratidão pelo amor
de Deus em Jesus Cristo. Ele agora estava amando os outros não porque
precisava, mas porque queria. As disciplinas espirituais então permitiram
que ele permanecesse no relacionamento com Deus e crescesse em amor.[47]
No seu sermão de 1741, “The Almost Christian” (Os
quase cristãos), Wesley reafirma a importância do derramamento do amor para os
cristãos:
“A grande questão de todos, então, ainda
permanece. O amor de Deus é derramado no seu coração? Você pode gritar:
'Meu Deus e meu tudo'? Você não deseja nada além dele? Você está
feliz em Deus? Ele é sua glória, seu deleite, sua coroa de alegria? E este
mandamento está escrito em seu coração: 'Aquele que ama a Deus também ama seu
irmão'? Você ama seu vizinho como a si mesmo? Você ama cada pessoa,
até mesmo seus inimigos, até os inimigos de Deus, como sua própria alma? Como
Cristo te amou? Sim, crês que Cristo te amou e se entregou por ti? …
E o Espírito de Cristo testifica com o teu espírito que és filho de Deus?”.[48]
A grande pergunta de Wesley ainda continua para a
Igreja hoje e para todos os cristãos: “O amor de Deus é derramado no seu
coração?”.
É a chave para termos uma vida cristã saudável e
frutífera.
O derramamento do amor segundo Wesley
“Oh! Permite que nada em minha
alma
Habite senão teu puro amor.
Oh! Possa teu amor possuir-me
todo”
(João Wesley)
A Bíblia afirma que o amor de Deus é derramado em nossos corações pelo
Espírito Santo.
Paulo diz em Romanos 5.5: “Ora, a esperança não confunde, porque o amor
de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi dado”.[49]
A palavra grega para “derramado”, em Romanos 5.5, é EKCHO que significa: despejar
ou distribuir em abundância.[50]
Todo aquele que crê em Jesus passa a ter o Espírito Santo (Efésios 1.13;
Gl 4.6; João 7.38; Atos 2.38), que nos dá o amor.
“Está claro na Bíblia que todo verdadeiro crente recebeu o Espírito
Santo (João 7:38; Tito 3: 5-6). Aqui vemos que com o derramamento do
Espírito é também o derramamento do amor de Deus em nossos corações
(v.5). Este é o indicativo passivo perfeito de ekcheō no
grego. Assim, não é algo que ainda estamos esperando, mas algo que podemos
começar a desfrutar no presente. Podemos reivindicá-lo agora! Denny
traduz que o amor de Deus “se derramou e ainda inunda nossos corações” . [51]
João Wesley diz: “Logo que cremos, amamos a Deus... “nós o amamos porque
Ele nos amou primeiro”.[52]
Esse amor é apenas o início, pois há uma medida maior do amor de Deus
para recebermos.
No contato com os moravianos, João Wesley conheceu alguns cânticos do
pastor Gerhardt, nascido na Alemanha. Nesse cântico, incluído por Wesley em “Hymns
and Sacred Poems” (1739), há a ideia do amor ilimitado.[53]
“Este hino é um acréscimo valioso para qualquer hinário, pois fala em
viver a fé em Cristo. Ele também tem uma história rica, belas imagens e teologia
do som. Gerhardt e Wesley nos encorajam a mostrar o amor de Cristo ao
próximo, sabendo que o amor de Cristo preencherá nossa alma. Que o ‘amor
ilimitado’ de Cristo transforme e una cada crente, e que o amor de Cristo se
expanda do corpo da igreja para mudar e refazer toda a criação. Cindo a
estrofe dois, ele diz: "todo ato, palavra, pensamento, seja amor".[54]
Parte do
hino traduzido por Wesley diz:
“Jesus, teu amor sem limites
para mim
Nenhum pensamento pode
alcançar”.[55]
O amor de Deus derramado em nossos corações, segundo Romanos 5.5, “é um
dom transformador - produz amor por Deus e pelos outros”.[56]
Em 28 de abril de 1762, numa reunião do povo metodista, o Espírito Santo
derramou Seu amor nas pessoas presentes: “Deus derramou abundantemente Seu
Espírito sobre nós. Muitos ficaram cheios de consolação (...) Deus restaurou o
homem à luz da Sua face, e deu à jovem moça a convicção clara do Seu amor.”[57]
Numa outra reunião em 13 de outubro de 1747, a chama do amor marcou a
vida dos presentes: “(...) uma chama de amor se manifestou de tal maneira como
nunca se tinha visto antes.”[58]
Essa é a experiência e a visão teológica de Wesley. Ele é chamado de
“Teólogo do amor”.
Para ele, o amor é o dom mais sublime de Deus. Ele diz que não devemos
nos esquecer “que todos os dons mencionados são iguais ou infinitamente
inferiores a este dom do amor”.[59]
Para ele, a “marca bíblica daqueles que são nascidos de Deus, e a maior
de todas é o amor”.[60]
Um hino
de Wesley fala desse amor:
“Oh! Permite que nada em minha
alma
Habite senão teu puro amor.
Oh! Possa teu amor possuir-me
todo,
Minha alegria, meu tesouro,
minha coroa.
Paixões estranhas de meu
coração remove.
Sejam de amor meus atos,
palavras e pensamentos. ”[61]
“Wesley escreveu a seu amigo dr. Middleton, de Bristol: “Um cristão é
cheio de amor pelo seu vizinho, de amor universal, não confinado a um partido
sectário, não restrito àqueles que concordam com ele nas opiniões, nas formas
externas de adoração, ou àqueles que estão ligados a ele por sangue ou
recomendados por proximidade de lugar. Nem ama ele somente àqueles que o amam
ou que lhe são caros pela amizade íntima. Mas seu amor se parece com o de
Jesus, cuja misericórdia está acima de suas obras. Eleva-se por sobre os
limites estreitos, atingindo vizinhos e estranhos, amigos e inimigos”.[62]
Segundo Henry H. Knight III[63]: “Em
seu leito de morte, John Wesley teria dito: ‘Onde está meu sermão sobre o amor
de Deus? Pegue-o e espalhe-o no exterior, dê a todos. ”Dez mil cópias de“
O Amor de Deus ao Homem Caído ”foram impressas e distribuídas”.[64]
Em seu livro “Um Relato Claro da Perfeição Cristã”, Wesley afirma que
a perfeição implica em “amar a Deus com todo o nosso coração, entendimento,
alma e força e que nada de mau gênio, nada contrário ao amor, permanece na
alma; que todos os pensamentos, palavras e ações, são governadas pelo puro
amor”.[65]
O derramamento do amor não significa necessariamente alcançar a
perfeição cristã. Já o perfeito amor é resultado da perfeição cristã.
O derramamento do amor é necessário para alcançarmos a perfeição. “A
perfeição cristã, para Wesley, é alcançável nesta vida presente porque tem a
ver com as afeições. Quando, pela graça de Deus, infundida na alma através
do Espírito Santo, o amor de alguém por Deus e pelos outros é feito puro e
completo, seu estilo de vida não pode deixar de aumentar em virtude,
encontrando expressão em ações amorosas e altruístas. A fé trabalhando
externamente através do amor era um dos temas bíblicos favoritos de Wesley
(Gálatas 5: 6)”.[66]
Carlos Wesley tinha a mesma visão sobre a necessidade do derramamento do
amor de Deus em nossos corações. Em um dos seus hinos, em parte do seu primeiro
verso, ele escreveu:
Ó tu, Senhor, que do alto
trouxeste fogo a nossa terra,
derrama em mim teu amor
sagrado.[67]
Sabemos que todos que creem em Jesus como Senhor e Salvador têm o
Espírito Santo: “Em quem também confiastes, depois que ouvistes a palavra da
verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes
selados com o Espírito Santo da promessa" – (Efésios 1.13; cf. Gálatas 4.6).
Quem tem o Espírito Santo tem o fruto do amor (Gl 5.22), mas o derramar
do amor pelo Espírito é uma experiência após a justificação, a conversão e após
ter a fé em Jesus. A fé é uma precondição para ter esse amor. Então, não é para
incrédulos e sim para os que já têm a fé e Jesus.
Wesley ensinava aos seus líderes que tivessem o cuidado de preservar a
fé dos novos convertidos, mas que eles esperassem muito mais para suas vidas:
“Com todo zelo e diligência confirme os irmãos (1) a manterem aquilo que eles
já alcançaram – a saber, a remissão de todos os seus pecados pela fé no Senhor
crucificado e (2) em esperar uma segunda mudança, pela qual eles serão libertos
de todo pecado e aperfeiçoados em amor”.[68]
A graça de Deus é fundamental para que possamos crescer muito
mais espiritualmente, mas aquele que crê tem que buscar e estar aberto para ter
mais de Deus:
“A graça libera o crente para seguir a vontade do Espírito e crescer na
graça. Tal amadurecimento - indo até a perfeição no amor - requer que o crente
abra sua alma para o derramamento do Espírito de Deus através das obras de
piedade e obras de misericórdia que nos trazem na comunhão diária com o
Espírito para que nosso espírito possa ser conformado com o espírito de
Cristo”.[69]
Em uma carta de 1738, algumas semanas antes de sua experiência em Aldersgate, “Wesley relaciona a fé à experiência de Romanos 5: 5 como sua precondição. Ele escreve que “a fé viva e justificadora no sangue de Jesus” é aquilo que “nos dá para ter. . . 'o amor de Deus derramado em nossos corações pelo Espírito Santo' que habita em nós, e 'o próprio Espírito testificando com nosso espírito que somos filhos de Deus'. ” Como todos os outros dons de Deus, nós recebemos o amor de Deus derramado em nossos corações pela fé.[70]
A fé que Wesley ensinava é, acima de tudo, “uma confiança segura na
misericórdia de Deus, através de Jesus Cristo. É uma confiança em um Deus
perdoador. É uma evidência divina ou convicção de que "Deus estava em
Cristo, reconciliando o mundo consigo mesmo, não imputando a eles suas"
antigas "ofensas;" e, em particular, que o Filho de Deus me
amou e deu a si mesmo por mim; e que eu, agora, estou agora
reconciliado com Deus pelo sangue do Cruz”.[71]
E, então, Wesley pergunta: “Você agora acredita?”
Sua resposta é: “Então ‘o amor de Deus é ‘agora’ derramado no seu
coração"’ Tu o amais porque ele nos amou primeiro. E porque tu
amas a Deus, também amas o teu irmão. E sendo cheio de ‘amor, paz,
alegria’, tu também estás cheio de ‘longanimidade, brandura, fidelidade,
bondade, mansidão, temperança", e todos os outros frutos do mesmo Espírito
(...)”.[72]
Importante ressaltar que Wesley entendia que podemos ter experiências diversas com o Espírito Santo. Respondendo sobre Efésios 1.13, que afirma que somos selados pelo Espírito Santo, Wesley diz: “Este é um grau mais elevado do que aquele que experimentamos quando pela primeira vez somos renovados em amor!”.[73]
Sobre graus do amor, Wesley diz: “O amor de Deus perdoador ‘é derramado
abundantemente em nosso coração pelo Espírito Santo que nos é dado’. Este amor
pode realmente admitir milhares de graus”.[74]
Wesley mesmo teve outras experiências com o derramamento do amor de
Deus. Nem sempre foi suave como uma brisa. Às vezes, pode ser através de um
grau maior:
“O amor de Deus foi derramado no meu coração, e uma
chama acendeu-se ali, com dores tão violentas, mas tão arrebatadoras, que meu
corpo quase foi despedaçado. Eu amei. O Espírito chorou forte no meu
coração. Eu suei. Eu tremi. Eu desmaiei. Eu cantei (...)”.[75]
A experiência de Romanos 5.5 é central para uma genuína experiência
cristã. E deve ser recebida da mesma forma que a justificação pela fé.
Sem a experiência de Romanos 5.5, segundo Wesley, os cristãos são ainda imperfeitos
e devem orar para terem a experiência de Romanos 5.5, ou seja, o derramar do
amor de Deus, pelo Espírito Santo, que já habita em nós.
Esse derramar do amor pelo Espírito Santo tem o propósito final de levar
à santidade. Wesley diz que somos interiormente renovados pelo poder de
Deus. Sentimos “o amor de
Deus derramado em nosso coração pelo Espírito Santo que nos é dado” [cf. Rom. 5:5], produzindo amor a toda a humanidade, e mais especialmente aos
filhos de Deus, expulsando o amor do mundo, o amor ao prazer, à facilidade, à
honra, ao dinheiro, juntamente com orgulho, raiva, obstinação e todos os outros
maus temperamentos; em uma
palavra, mudando a “mente terrena, sensual e demoníaca” para “a mente que
estava em Cristo Jesus” [cf. Phil 2:5]”.[76]
Esse derramar do amor de Deus é diferente do dia que experimentamos o
amor de Deus, na conversão. É assim que Wesley pensava. Semanas antes da
experiência do coração aquecido de 1738, Wesley escreve
que “a fé viva e justificadora no sangue de Jesus’ é aquilo que ‘nos dá para
ter. . . 'o amor
de Deus derramado em nossos corações pelo Espírito Santo' que habita em nós, e
'o próprio Espírito testificando com nosso espírito que somos filhos de Deus”.[77]
Wesley escreve uma carta a seu irmão Samuel e deseja que ele e todos sintam o “(...) amor espalhado em seu coração pelo seu Espírito que habita em você’. Em sua própria vida portanto, Wesley distinguiu a experiência de Romanos 5:5 (interpretada como um evento) da conversão”.[78]
“Especificamente, essa experiência assegura ao cristão sua relação
filial com Deus como uma revelação do amor de Deus pelo filho de Deus”, afirma
Benjamin Nasmith.[79]
Segundo ele, a experiência de Romanos 5.5 transmite aos cristãos o
conhecimento de que são filhos e filhas amados por de Deus.
“A experiência de Romanos 5:5 revela o favor de Deus aos filhos de Deus,
que eles recebem pela fé com gratidão. Em seu sermão de 1789 “A Unidade do
Ser Divino”, Wesley escreve: “A gratidão em relação ao nosso Criador não pode
deixar de produzir benevolência para os nossos semelhantes.”[80]
A gratidão, baseada na experiência de Romanos 5: 5, fortalece toda a santificação para com Deus. “Como Wesley escreve em seu sermão de 1788 ‘Sobre o Vinhedo de Deus’, ‘Aquele que encontra o amor de Deus derramado em seu coração pelo Espírito Santo que é dado a ele; e a quem esse amor docemente limita a amar seu próximo, todo homem, como a si mesmo.”[81]
Quem passa pela experiência de Romanos 5.5 também está sujeito a cair,
por isso, precisa perseverar nesse amor. Satanás encoraja a insatisfação para
envenenar essa experiência. Wesley diz que “nem o amor, nem a unção do Espírito
Santo nos tornam infalíveis”.[82]
Devemos buscar essa medida maior do amor de Deus. “Enquanto ora por uma
medida maior, o filho de Deus não deve enterrar seu talento. A experiência
do amor de Deus por si mesmo como filho de Deus é preciosa demais para
desperdiçar”.[83]
“Deus não é apenas a fonte do nosso amor, Deus também capacita ou nos
capacita a amar. Mas para expressar esse amor, diz Wesley, devemos
cooperar com Deus. Devemos ser "obreiros junto com ele", diz
ele, citando o apóstolo Paulo”.[84]
Para Wesley, essa experiência varia de pessoa para pessoa. Algumas
pessoas negligenciam essa experiência porque esperavam receber uma medida maior
desse dom. Ele mesmo esperava um derramar decisivo do amor de Deus nos meses
seguintes após a sua experiência do coração aquecido.[85]
Wesley escreve: “Tu o amais, porque ele nos amou primeiro. E porque
tu amas a Deus, também amas teu irmão.’ Esta lógica explica a experiência de
Romanos 5:5. É a nossa experiência do amor de Deus por nós que produz em nós
amor por Deus e pelos outros”.[86]
“Em seu sermão de 1746 “Justificação pela Fé”,
Wesley liga a experiência dos Romanos 5:5 à imagem do evangelho da árvore e
seus frutos. Do pecador, ele escreve, “seu coração é necessariamente,
essencialmente, maligno, até que o amor de Deus seja derramado ali. E
enquanto a árvore é corrupta, assim são os frutos; 'porque uma árvore má
não pode dar bons frutos.' Antes da
experiência de 5:5 de Romanos, não pode haver bons frutos, pois a árvore é
corrupta”.[87]
Além disso, “se não formos renovados no espírito de
nossa mente, pelo 'amor de Deus derramado em nossos corações pelo Espírito
Santo dado a nós, 'não podemos entrar na vida eterna'.[88]
Essa experiência de Romanos 5.5 provoca amor por Deus, que primeiro nos
amou e nos leva a obedece-lo. A obediência é um sinal do amor de Deus em nossa
vida.
“Os filhos de Deus têm “o amor de Deus derramado em seus corações,
vencendo o amor do mundo; e eles têm poder sobre todos os pecados, mesmo
aqueles que os assediaram facilmente”.[89]
Wesley alerta que quando o amor de Deus é derramado em nossos corações é
natural que julguemos que não somos mais pecadores. Todavia, ele não reina, mas
permanece. Para ele, ainda existe um grau de orgulho nos corações onde foi
derramado o amor de Deus.
Por isso, não podemos afirmar que o derramar do amor de Deus em nossos
corações nos torna imediatamente perfeitos.
Wesley afirma que não há lugar para o arrependimento naquele que julga não ter pecado. Se não há arrependimento, também “não há lugar para o aperfeiçoamento em amor.”[90]
“A experiência de Romanos 5: 5 revela o favor de Deus aos filhos de
Deus, que eles recebem pela fé com gratidão”.[91]
A experiência dos Romanos 5: 5 produz amor a todos e mais especialmente aos filhos de Deus; “expulsando o amor do mundo, o amor do prazer, da facilidade, da honra, do dinheiro, juntamente com orgulho, raiva, obstinação e todos os outros maus temperamentos.’ Nossa experiência do amor de Deus por nós, muda “a mente terrena, sensual e demoníaca, na mente que estava em Cristo Jesus.’ O amor de Deus por nós produz nosso amor pelos outros e expulsa nosso antigo amor pelo pecado”.[92]
A experiência do derramamento do amor em Romanos 5.5 é o motor da santificação.
Para Wesley, amar a Deus é a raiz de toda a santidade: “Precisamos amar a Deus antes de podermos ser santos; está é a raiz de toda a santidade. Mas não podemos amar a Deus enquanto não sabermos que Ele nos ama”.[93]
Santidade para Wesley é “amor excluindo o pecado; amor enchendo o coração, assumindo toda a capacidade da alma. É o amor 'regozijando-se sempre, orando sem cessar, em tudo dando graças”.[94]
A “experiência de Romanos 5:5 é o "princípio" a partir do qual
"brota benevolência real e desinteressada para toda a
humanidade; tornando-o humilde, manso, gentil com todos os homens, fácil
de ser solicitado”.[95]
“Wesley descreve o amor de Deus derramado em nossos corações como um
tesouro celestial em um vaso de barro. ‘Esse tesouro produz nossa felicidade
duradoura.”[96]
Para Wesley, Romanos 5:5 revela o amor de Deus como um presente
transformador: “É o dom de experimentar o amor de Deus por si mesmo. Esse
dom é recebido pela fé como evidência da relação filial justificada de alguém
com Deus. Este presente é a fonte de nosso amor por Deus e pelos outros,
quando respondemos ao amor de Deus com gratidão. [97]
Escrevendo sobre o abundante derramar do amor em nosso coração, Wesley
esclarece que esse amor “pode admitir milhares de graus, mas mesmo assim, desde
que creiamos, todos nós podemos verdadeiramente declarar perante Deus: ‘Senhor,
Tu sabes que te amo. Sabes que o meu desejo é para Ti e a lembrança do Teu
nome”.[98]
Romanos 5.5 está entre os textos bíblicos favoritos e mais citados por
Wesley.[99] A
epístola de 1 João era o seu livro preferido.[100] O tema
do amor sempre dominou a teologia de Wesley. Ele estava certo de que o tema do
amor era a mensagem central da Bíblia.[101]
A chave para entendermos sobre o derramamento
do amor
“E como ele agora ama a Deus
de todo o coração, então Jesus agora reina sozinho em seu coração”.
(João Wesley)
A questão chave para entendermos mais profundamente sobre o derramamento
do amor no coração pelo Espírito Santo é entendermos biblicamente sobre a
expressão “homem interior do coração”.
Apóstolo Pedro disse:
“Seja, porém, o homem interior do coração, unido
ao incorruptível trajo de um espírito manso e tranquilo, que é de grande valor
diante de Deus” (1Pe 3.4).
Paulo também disse: “(...) mesmo que o nosso homem exterior se corrompa,
contudo, o nosso homem interior se renova de dia em dia (...)" (2
Coríntios 4.16).
Mas o que é o “homem interior”?
Homem interior é o espírito do ser humano, a
parte espiritual preparada para o Espírito Santo habitar. Isso acontece quando
o ser humano aceita a Jesus como Senhor e Salvador: "Em quem também confiastes,
depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e,
tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da
promessa” (Ef 1.13).
Para a Biblical Training do Dr. Bill
Mounce “o homem interior é o eu real e dominante. Paulo foi um exemplo
vivo da distinção da melhor forma e, consequentemente, orou para que Deus
concedesse aos efésios “para serem fortalecidos com poder através do seu
Espírito no homem interior (Ef 3:16)”.[102]
A Enciclopédia Internacional da Bíblia ensina que o
homem interior “como sede das influências espirituais, é a esfera na qual o
Espírito Santo realiza Sua obra renovadora e salvadora (Efésios 3:16 )”. [103]
Paulo fala do Espírito Santo no homem
interior ou espírito: “O próprio Espírito testifica ao nosso espírito que
somos filhos de Deus” (Rm 8.16).
Então, o coração tem uma parte chamada “homem
interior” onde o Espírito Santo deve habitar para iniciar um processo de
transformação da nossa vida.
O homem interior, então é “a natureza
superior do homem, intelectual, moral e espiritual”.[104]
Paulo ainda diz: “E, porque vocês são filhos,
Deus enviou o Espírito de seu Filho aos seus corações, o qual clama: "Aba,
Pai" (Gálatas 4.6).
“O espírito do homem recebe a vida de Deus no momento
em que ele nasceu de novo. Nascer de novo é nascer
no espírito. Seu espírito se torna
participante da natureza divina de Deus quando você se entrega ao senhorio de
Jesus Cristo para governar sua vida”.[105]
A Bíblia diz: “O espírito do homem é a lâmpada do
Senhor, buscando todas as profundezas do seu coração” (Provérbios 20.27).
Mas o que é o coração segundo o Novo
Testamento?
A palavra coração é a tradução do grego
καρδια (kardia): “Kardia (kardia2 ), segundo Coenen (2000,
p.426) “ocorre em 148 passagens no NT; em Paulo, 52 vezes; nos Sinóticos, 47;
Atos, 17; Epístolas Gerais, 13; Hebreus, 10; João, 6 e Apocalipse, 3 vezes.”[106]
Ele é a sede da mente,
sentimentos e vontade: “(...) o
coração não significa apenas o órgão cardíaco do corpo humano, mas,
principalmente o ser interior do homem e nesse sentido representa a fonte das
emoções, razão e vontade”.[107]
É a sede da vida intelectual e também espiritual.
Os estudiosos concordam que kardia se “refere basicamente
ao interior do ser humano. Coenen (2000, p.426) comenta: “denota mais
frequentemente a sede da vida intelectual e espiritual, a vida interior, em
contraste com as aparências externas (IICo5.12; ITs2.17).”[108]
Por isso, apóstolo Pedro fala em “homem interior do coração”, ou seja, com
uma parte espiritual e outra parte intelectual (1Pe 3.4).
O coração precisa ser transformado para que
Cristo possa habitar nele.
Jesus disse: “Porque do coração é que procedem
os maus intentos, homicídios, adultérios, imoralidades, roubos, falsos
testemunhos, calúnias, blasfêmias” (Mt 15.19).
Outro texto básico para entendermos sobre
esta questão é Romanos 5.5: “E a esperança não traz confusão, porquanto o amor
de Deus é derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado”.
O amor é o primeiro fruto do Espírito Santo
(Gl 5.22). Quando uma pessoa nasce de novo verdadeiramente, ela tem amor, paz e
alegria em sua vida, mas não significa necessariamente que já tem o coração
cheio de amor e nem que já tenha a inteira santificação.
Há pessoas que guardam raiva, culpas ou baixa
autoestima por causa de abusos, abandono e agressividade na infância. São
pessoas que creram e experimentaram o amor de Deus, mas não o suficiente para
serem curadas. Vivem ainda com cadeias em seu interior. É preciso uma dose bem
grande desse amor de Deus para nos curar e santificar.
Tiago lembra bem como pode ser um coração
quando não está completamente cheio do amor de Deus. Ele diz: “Se, pelo
contrário, tende em vosso coração inveja amargurada e sentimento faccioso,
nem vos glorieis disso, nem mintais contra a verdade” (Tiago 3.14).
Para Wesley, o orgulho, a raiva, alguma paixão turbulenta, etc ainda podem permanecer na vida daquele que se converteu, pois não alcançou ainda a perfeição cristã.
Ele diz: “Até que esta mudança universal foi operada em sua alma, toda a sua santidade foi misturada. Ele era humilde, mas não inteiramente; sua humildade estava misturada com orgulho; ele era manso, mas sua mansidão era frequentemente interrompida por raiva, ou alguma paixão inquieta ou turbulenta. Seu amor a Deus era frequentemente amortecido pelo amor de alguma criatura; o amor de seu próximo por ruins suspeitas, ou algum pensamento, se não temperamento, contrário ao amor”.[109]
Com o derramamento do amor e o alcance da
inteira santificação, sua vida espiritual agora é contínua. Wesley diz: “Toda a
sua a alma é agora consistente consigo mesma; não existe um fragmento
dissonante. Todas as suas paixões fluem em um contínuo fluxo com um mesmo
teor de Deus. Não há mistura de afetos contrários; tudo é paz e harmonia
(...)”.[110]
Paulo diz ainda em Romanos 5.5: “(...) pelo
Espírito Santo que nos foi dado”. O Espírito Santo está localizado no homem
interior (ou espírito). Isto acontece quando cremos em Jesus.
Paulo diz ainda que esse amor é derramado em
nosso coração, que é a sede da mente, vontade e sentimentos.
De onde vem esse amor?
Do Espírito Santo que habita no espírito
(homem interior). Esse amor é derramado em nosso coração para a cura, para santificar
e para Cristo reinar.
Sim, o Espírito Santo habita no homem interior
para derramar o amor no coração para transformá-lo.
O que é necessário para o Espírito Santo
derramar esse amor?
É preciso ter a fé e um firme propósito.
Reconhecer que precisa desse amor de Deus e buscar com perseverança esperando
na graça do Senhor.
Um alerta: “Um crente com pouca ou nenhuma "fome e sede de justiça" -
como Jesus disse em Mateus 5: 6 - não é candidato a inteira
santificação. A experiência vem somente após o novo nascimento e
crescimento na graça. O compromisso total - às vezes chamado de consagração
total - é a preparação humana necessária para a inteira santificação”.[111]
Wesley disse que quando olhamos com confiança para Cristo, o amor de
Deus é derramado em nossos corações pelo Espírito Santo. Então, podemos
derramar nossos corações com amor a Deus, amigos, estranhos e até inimigos.[112]
Paulo orou para que os filipenses alcançassem esse amor. Ele disse: “E
também faço esta oração: que o vosso amor aumente mais e mais em pleno
conhecimento e toda a percepção, para aprovardes as coisas excelentes e serdes
sinceros e inculpáveis para o Dia de Cristo, cheios do fruto de justiça, o qual
é mediante Jesus Cristo, para a glória e louvor de Deus” (Filipenses
1.9-11).
Veja aqui o processo que Paulo descreve para que os corações dos efésios
pudessem ser cheios de amor:
Primeiro, ele ora para que eles sejam fortalecidos com poder pelo seu
Espírito no homem interior: “Para que, segundo as riquezas da sua glória, vos
conceda que sejais fortalecidos com poder pelo seu Espírito no homem interior”;
Segundo, ele disse que pela fé, Cristo habitará nos corações. Importante
entender que o coração é o centro dos sentimentos, vontade e mente. Cristo
habitará num coração que esteja preparado.
Paulo tinha esse propósito: Até Cristo ser formado em vós (Gálatas 4.19).
Wesley esclareceu sobre isso: “E como ele
agora ama a Deus de todo o coração, então Jesus agora reina sozinho em seu
coração”.[113]
“Quando somos fortalecidos com poder no homem
interior (Efésios 3:17), o Cristo que está em nosso espírito se
manifestará em nosso coração - que é nosso agente atuante. Nosso coração
nos representa, e Cristo quer se espalhar do nosso espírito para o nosso
coração para ser a Pessoa que vive em nós e se
expressa através de nós”.[114]
Terceiro, os efésios estando, então, arraigados e fundamentados em amor
poderão “perfeitamente compreender, com todos os santos, qual seja a largura, e
o comprimento, e a altura, e a profundidade, e conhecer o amor de Cristo, que
excede todo o entendimento”.
Quarto, “para que sejais cheios de toda a plenitude de Deus” (Efésios
3.16-19).
Após serem fortalecidos pelo Espírito Santo que habita no homem
interior, o amor de Deus será derramado nos corações. E conhecerão todo o amor
de Deus em toda a sua profundidade e toda a plenitude de Deus estará na vida
deles, pois Deus é amor.
A partir desse momento, eles alcançarão a perfeição cristã e o perfeito
amor, ou seja, a “plenitude de Deus”.
A ênfase de Lutero no amor ágape
“Teu amor é vida é paz que
enche o meu ser
Se não tenho a ti
Não sei o que iria fazer
Te amo, te amo
Com tudo que é meu”
(Martinho Lutero)
Martinho Lutero (1483-1546) foi o autor da Reforma
Protestante em 1517 com sua famosa 95 teses dando origem às Igrejas
protestantes.
Lutero pregou insistentemente que somos justificados
por meio da fé (Rm 5.1). Mas é importante lembrar seu ensinamento sobre o papel
da fé e do amor na salvação. Ele disse: “A fé deve ser sincera. Deve ser
uma fé que realiza boas obras através do amor. Se a fé carece de amor não é fé
verdadeira”.[115]
Para ele, o amor não tem nenhum desempenho em nossa
justificação, mas sim na santificação.[116]”
A “ética de Lutero é determinada em sua totalidade, em seu
ponto de partida e em todas as suas principais características, pelo coração e
centro de sua teologia, a saber, pela justificação do pecador através da graça
que é mostrada em Jesus Cristo”.[117]
Lutero criticou o conceito de alguns teólogos do final
da Idade Média e desenvolveu seu próprio conceito de amor. Ele colocou a ênfase
no conceito de amor ágape como a expressão bíblica em oposição ao amor como
caridade de Agostinho.
Lutero é considerado por alguns como o principal
representante do ágape cristão.[118]
Abordando sobre a perfeição na Heidelberg Disputation,[119] que
ocorreu em 1518, Lutero “argumentou que Deus espera a perfeição dos seres
humanos, e a perfeição consiste em amar a Deus com uma vontade total e fazer o
bem a partir do completo e perfeito amor a Deus”.[120]
Lutero tinha consciência de que o ser humano era
incapaz de se livrar do amor-próprio para amar o próximo. A “solução de Lutero
era postular Deus como o doador de um amor divino puro, altruísta, que fosse
capaz (gradualmente) de libertar os seres humanos do amor-próprio e permitir
que eles se tornassem canais do amor divino para os outros”.
Para Lutero, o ser humano não tinha que se tornar
cativante para receber o amor de Deus. “Lutero argumenta contra a visão de que
o amor de Deus opera conforme o mesmo princípio do amor do ser humano: “Em vez
de buscar o próprio bem, o amor de Deus flui e concede o bem. Portanto, os pecadores são cativantes porque
são amados; eles não são amados
porque são cativantes”.[121]
Lutero “argumentou que o caminho para capacitar seres humanos caídos
como nós a amar a Deus e ao próximo é assegurar-nos do amor incondicional
anterior de Deus por nós em Cristo, o que nos libera da nossa necessidade e
capacidade de nos tornarmos amáveis a Deus através de nossos próprios
esforços. Lutero argumentou que, uma vez que experimentamos o influxo
desse amor radical em nossos corações e vidas, este amor em si nos move a amar
a Deus com confiança infantil e a amar nosso próximo como nós mesmos fomos
amados. No seu melhor e no seu coração, a Reforma foi toda sobre essa
reforma do amor”.[122]
Foi ouvindo o “Prefácio de Lutero aos Romanos” que João
Wesley teve a experiência do coração aquecido em 1738.
No “Prefácio da Epístola aos Romanos” escrito por
Lutero, ele cita Romanos 5 e afirma que o derramar do Espírito Santo é uma
graça de Deus, mas ainda não nos torna perfeitos.
Lutero diz: “Entre graça e dom há uma diferença. Graça
significa propriamente o favor de Deus ou a boa vontade de Deus para conosco,
no qual Ele se dispõe a nos dar Cristo e a derramar seu Espírito Santo e seus
dons sobre nós. Isto fica claro no capítulo 5 que fala da ‘graça e dádiva em
Cristo.’ Os dons e o Espírito aumentam em nós diariamente, embora ainda não
sejam perfeitos, e ainda que em nós permaneça a presença do mal e do pecado que
guerreiam contra o Espírito, como Paulo menciona em Romanos 7 e Gálatas 5, e na
disputa entre a semente da mulher e a semente da serpente conforme predito em
Gênesis 3. Contudo, a graça faz muito mais a ponto de sermos achados
completamente justos diante de Deus”.[123]
O Espírito Santo está no centro da estrutura teológica
de Lutero. Para ele, ninguém pode conhecer a Cristo ou aceitar a Cristo
sem a ajuda do Espírito Santo.
Segundo Martinho Lutero, "o Espírito Santo deve
ser entendido como a presença direta de Deus na vida de um ser humano".[124]
No “Grande Catecismo”, Lutero entende que o Espírito Santo permite
que um indivíduo passe por um batismo diário. Segundo ele, o primeiro batismo é
da água e da Palavra (...)”. E assim ele vai morrendo diariamente para o pecado
e ressuscita para Cristo.[125]
Para Martinho Lutero, o Espírito Santo atua em toda a
vida do crente em Jesus: “(...). Esta não é uma ação única feita pelo Espírito
Santo em um ponto estagnado em uma linha do tempo; em vez disso, esta é uma ação contínua que o
Espírito Santo opera durante toda a vida do crente. Lutero escreve: “O Espírito
Santo trabalha através do seguinte: a comunidade de santos ou igreja cristã, o
perdão dos pecados, a ressurreição do corpo e a vida eterna.’ Esta santificação é essencial na
vida de um crente porque sem este processo não se pode conhecer a Deus.” [126]
Lutero diz mais ainda: “Eu acredito que pela minha
própria compreensão ou força eu não posso crer em Jesus Cristo, meu Senhor ou
vir a ele, mas em vez disso o Espírito Santo me chamou através do evangelho, me
iluminou com seus dons, me fez santo e me manteve na fé verdadeira assim como
ele chama, reúne, ilumina e santifica toda a igreja cristã na terra e a mantém
com Jesus Cristo na única e verdadeira fé.”[127]
Para Lutero, “o Espírito Santo tem dois ofícios. Primeiro, Ele é um Espírito de graça, que torna Deus
misericordioso para nós e nos recebe como Seus filhos aceitáveis, por amor de
Cristo. Em segundo lugar, Ele é um Espírito de oração, que ora por
nós e por todo o mundo, até o fim de que todo mal possa ser
desviado de nós e que todo bem possa acontecer a nós (...)”.[128]
Mas e o amor de Deus derram,ando em nossos corações?
lgumas letras de hinos compostos por Lutero revelam
como ele entendia a importância do amor de Jesus em sua vida. No hino “Teu
amor” Lutero revela a ilusão que é viver longe de Jesus e
expressa seu amor a Jesus de uma forma bem pessoal. Ele escreve sobre a
importância de transmitir o amor:
Teu Amor
Eu pensei poder viver
Sem ti ao meu lado ter
Ilusão, tristeza e dor
Foi o que pude obter
És a paz, tu és a luz
Eu não vivo sem ti meu jesus
Agora quero de ti falar
O teu amor mostrar
Teu amor é vida é paz que
enche o meu ser
Se não tenho a ti
Não sei o que iria fazer
Te amo, te amo
Com tudo que é meu
Me alegro porque agora sou só
teu
Deixei pra trás o que passou
Vida sem cor e razão
Sonhos que eram de esplendor
Por fim foram de ilusão.[129]
Na letra “Perfeita Alegria”, Lutero fala da sua experiência, do grande amor de Deus e do perfeito amor de Deus que ele conheceu. Lembra também da importância de anunciar esse amor a quem jamais sobre o que é amar:
Perfeita Alegria
Oh quanta gente vive no mundo
a vagar
À espera de alguém, com seu
coração a ofertar
E num instante de pura emoção
Nasce uma nova ilusão
Na ânsia de amar e de viver
Não sabe que está a morrer
Cuidado quando for seu coração
entregar
Sem carinho pode quebrar
A vida é linda mas há sempre
alguém
Que jamais soube o que é amar
A realidade sim, eu vou te
falar
É o grande amor de Deus que
não pode falar
Eu quantas vezes meu coração
entreguei
E por não pensar sempre sofri
e chorei
Até que encontrei o perfeito
amor
Que eliminou toda dor
Tristeza esqueci, o meu
caminho achei
Perfeita alegria encontrei.[130]
A questão do amor foi crucial na vida teológica de Lutero. Ele como
monge agostiniano já aderia diversas ênfases e práticas como a bondade,
misericórdia e amor ao próximo.
Frequentemente Lutero dizia que Deus é encontrado nos sofrimentos,
necessitados e enfermidades dos vizinhos onde Ele deve ser amado: “Deus
está assim escondido dentro de humanos desfavorecidos, de modo que Sa bondade é
vista somente através deles. Mas Deus também pode ser amado quando alguém
experimentou seu amor e misericórdia. Então, experimenta-se como Deus ama
alguém que, em si mesmo, não é “nada”. Essa experiência surge do amor como
gratidão e da alegria na bondade de Deus”.
[131]
A ênfase agostiniana de amor como caridade (caritas) foi a ideia cristã
predominante por mais de mil anos.
Lutero rejeitou esta noção de amor como caritas e retornou à ideia pura
de ágape do Novo Testamento.[132]
“A redescoberta de Lutero da primazia do ágape foi o eixo da Reforma e a
redescoberta da ética cristã genuína”. [133]
O amor como caridade segundo Agostinho
O amor foi a base ou o núcleo de toda a ética
agostiniana. Segundo Agostinho, o amor ao próximo (a caridade) é a força motriz
de toda socialização entre os seres humanos.[134]
Por volta de 421, Agostinho escreveu o
Enchiridion de fide, spe et caritate (Manual sobre a fé, a esperança e a
caridade)[135].
Caritas
se traduz por "caridade"
em latim.[136]
Agostinho usa os termos amor e caridade como sinônimos.
No século V, “Agostinho
tentou sintetizar o ‘eros’ dos gregos com o ‘ágape’ de Cristo e depois chamou-o
de "caritas" - pois Agostinho acreditava que "caritas" se
expressava melhor na forma doutrinária do derramamento do amor que a Trindade
tem para nós”.[137]
Para ele, salvação depende da fé que opera
pela caridade (Gl 5, 6). Não basta ser cristão, é preciso operar o bem.
Agostinho de certa forma reconduziu toda a doutrina e toda a vida cristã à
caridade.[138]
Para Agostinho, “graças à fé é que podemos
amar a Deus no qual acreditamos. É por meio dela que veem operadas nossas boas
obras (Ef 2, 8-9). Fé que age através da caridade (Gl 5, 6) e que não pode
existir sem a esperança (Ench. 2.8). As três virtudes estão intimamente unidas,
mas é a caridade, segundo o apóstolo Paulo, a exercer a primazia (1Cor 13)”.[139]
O conceito de amor em Agostinho está
relacionado ao amor ao próximo ou a vida em sociedade (vita socialis).[140]
Com isso, Agostinho até hoje influencia
especialmente católicos[141]
e kardecistas[142]
na ênfase na caridade. Inclusive, textos do Novo Testamento sobre o amor são
substituídos pela palavra caridade. A Bíblia
do Rei James (Bíblia King James)
publicada em 1611, que é utilizada pela Igreja Anglicana, na Inglaterra,
traduziu a palavra amor em 1 Coríntios 13 como caridade. Já a Bíblia do Rei James Atualizada (Bíblia
King James) utiliza a palavra amor para
1 Coríntios 13.[143]
No lado protestante, Martinho Lutero mudou
essa ênfase a partir da Reforma Protestante resgatando o puro amor ágape do
Novo Testamento. Também João Wesley, em 1755, publicou o Novo Testamento
fazendo correções na Bíblia do Rei James mudando a palavra caridade para o
amor.
Mas
Agostinho contribui também para a vida cristã e sobre o amor.
É atribuído a Agostinho a afirmação de que “a cruz
era um púlpito do qual Cristo pregou o amor de Deus ao mundo".[144]
O
teólogo e filósofo Agostinho de Hipona (354-430) nasceu na Numídia (Argélia), África.
“Os
seus escritos influenciaram o desenvolvimento do cristianismo ocidental e oriental.
Ele foi
bispo de Hippo Regius, no norte da África”.[145]
O texto
de Romanos 5.5 é o verso mais citado das Escrituras através de Agostinho.
Para ele,
o amor é fundamental para a vida cristã: “Visto que Agostinho identifica o
Espírito com o amor que uniu o Pai e o Filho, o dom da presença interior do
Espírito enche nossa alma com o amor de Deus, para que nosso coração seja
conformado ao coração e à vontade de Deus. Então a imagem de Deus é
renovada em nós e somos capazes de cumprir a justiça”. [146]
Agostinho
gostava especialmente de Romanos 5.5: “O amor de Deus foi derramado em nosso
coração pelo Espírito Santo que nos foi dado”. Segundo ele, “esse amor em nosso
coração nos une àquele que é amor e nos permite vivenciar o amor de Deus ao
amarmos o próximo como a nós mesmos”.[147]
Para
Agostinho, “se o amor de Deus é derramado em nossos corações pela
recepção do Espírito Santo, assim também é seu deleite, já que não pode haver
amor sem deleite”, sem prazer.[148]
Para
alguns, isso é “uma noção agostiniana de amor como o próprio desejo”.[149]
Neste caso, o amor seria igual ao desejo.
Mas
Agostinho faz citações bíblicas sobre o amor: “Aquele que é ao mesmo tempo Deus
e homem pode nos reconciliar com Deus pelo seu sangue. O Espírito então
derrama o amor de Deus em nossos corações, permitindo-nos amar a Deus e fazer
boas obras para a Sua glória”.[150]
Já a frase
“fazer boas obras” está relacionada ao seu conceito de amor como caridade.
“Apesar das principais
diferenças teológicas, Agostinho está unido a John Wesley sobre a primazia do
amor na vida santa. Para Agostinho,
o Espírito Santo é o amor mútuo do Pai e do Filho. Quando
o Espírito vem habitar no crente, o Espírito derrama amor no coração por Deus e
pelo próximo (Romanos 5: 5). Para
Agostinho, o amor é a característica definidora da vida santa. É a
marca distintiva da igreja. Está no
centro de toda virtude cristã. É, em
suma, o que significa ser como Cristo”.[151]
O mal segundo Agostinho
“é o amor por si mesmo e o bem é o amor por Deus. Os homens que vivem para amar
Deus formam a Cidade de Deus e os homens que vivem para amar a si mesmo formam
a Cidade dos Homens. Na cidade de Deus vive-se segundo as regras do espírito e
na cidade dos homens vive-se segundo as regras da carne”.[152]
Para Agostinho, de acordo com Romanos 5.5, a “unidade dos santos é estabelecida pela caridade que é o dom do Espírito Santo”.[153]
Aqui, mais uma vez,
Agostinho substitui a palavra amor por caridade.
Agostinho até hoje tem influenciado pensamentos. Um ensinamento que se tornou de conhecimento mundial de Agostinho diz: “Ama e faz o que quiseres. Se calares, calarás com amor; se gritares, gritarás com amor; se corrigires, corrigirás com amor; se perdoares, perdoarás com amor. Se tiveres o amor enraizado em ti, nenhuma coisa senão o amor serão os teus frutos.”[154]
Sim, ama e faz o que quiseres.
Do amor fingido ao perfeito amor
“O filho de Deus
‘sente’ o amor de Deus derramado em seu coração pelo Espírito Santo que lhe é
dado’; e todos os seus sentidos espirituais são então exercitados para discernir
o bem e o mal espiritual”
(João Wesley)
Você sabe o que é um amor “com cera”?
O amor “philéo” é suficiente para a nossa vida cristã?
Neste capítulo fazemos uma abordagem sobre “Um amor sem cera”; “O amor philéo de Pedro por Jesus” e “O Perfeito amor”.
1. Um amor sem
cera
É possível crer em Jesus e depois passarmos a ter um amor fingido?
Paulo alerta para essa possibilidade.
Na antiga Roma era costume dos fabricantes de vasos ou estátuas disfarçar
e vender aqueles vasos ou estátuas que estavam danificados com alguma
rachadura. O que eles faziam era camuflar colocando cera na rachadura.
Acabavam, na verdade, iludindo aos compradores.
No latim a expressão é “sine cera”, quer dizer sincera.
“A palavra ‘sincera’ vem da junção de duas palavras do latim: sine cera. A versão mais comum para a origem dessa palavra é que, em Roma, os escultores desonestos, quando esculpiam uma estátua de mármore com pequenos defeitos – trincas ou pequenas imperfeições no material ou na confecção – usavam uma cera especial para ocultar e esconder essas imperfeições nas estátuas e de um modo que o comprador não percebesse.[155]
Amor fingido, “com cera”, é aquele que não é leal, não é autêntico. É
aquele que arde em ciúmes; que se conduz inconvenientemente; que procura os
seus interesses próprios e guarda ressentimentos.
Com o tempo, as pessoas que compravam essas estátuas ou
vasos descobriam as imperfeições, ou seja, descobriam que era uma escultura
“cum cera”. Os escultores honestos faziam questão de dizer que suas estátuas
eram “sine cera”, ou seja, perfeitas, sem defeitos escondidos”.[156]
O apóstolo Paulo utiliza esta expressão ao falar do
amor. Ele diz: “O amor seja sem hipocrisia” (Rm 12.9). Outra tradução diz “não
fingido” e outra ainda diz “Seja sincero”.
Wesley afirma: “O amor cristão é em si mesmo generoso e desinteressado;
nasce não de qualquer ponto de vista de vantagem para nós mesmos, nem de lucro
ou de louvor, nem ainda do prazer do amor”.[157]
No relacionamento sentimental, o amor sincero é fundamental. E o amor
sincero tem que ter a essência do amor ágape, que é o amor dádiva, de
abnegação, sacrificial. Paulo fala “da abnegação do vosso amor” ao se referir e
elogiar aos tessalonicenses (1Ts 1.3).
Quando Paulo diz: “Maridos, amai vossa mulher” (Ef 5.25), a palavra
grega usada para “amai” não é “eros” e sim agapáte. O verbo agapáo proporciona
uma entrega, abnegação e um sacrifício pela pessoa que amamos.[158]
Muitos desejam viver esse amor, mas para que ele possa existir em nossa
vida é preciso vir do Espírito Santo. O mesmo Paulo fala que o fruto do
Espírito é amor (Gl 5.22). Ele produz paciência (1Co 13.4). Por fim, o
derramamento do amor pelo Espírito Santo (Rm 5.5) nos encherá de amor.
Isso significa que esse amor só vem do Espírito. Ele não vem da própria
natureza humana. E por mais que se tenha consciência da importância de sua
utilidade, por si só, ninguém consegue expressá-lo autenticamente, sem cera.
A essência do amor sincero, do amor ágape é fazer o bem. Ele é benigno
(1Co 13.4).
O casal que tem esse amor tem um relacionamento à prova de tempestades.
Ele é um poder e na vida do casal ele é essencial. Esse amor tem o poder de
resistir ao sofrimento. Ele tudo suporta (1Co 13.8).
Paulo chega a dizer que o amor é uma couraça (1Ts 5.8). A couraça
protege. Somos protegidos pelo amor ágape.
Para Wesley, com o derramar do amor, nossos sentidos espirituais também são
exercitados: “O filho de Deus ‘sente’ o amor de Deus derramado em seu coração
pelo Espírito Santo que lhe é dado’; e todos os seus sentidos espirituais
são então exercitados para discernir o bem e o mal espiritual.”[159]
Segundo Wesley “essa experiência assegura ao cristão sua relação filial
com Deus como uma revelação do amor de Deus pelo filho de Deus”. [160]
Sim, a experiência com o amor derramado nos corações (Romanos 5.5)
transmite aos cristãos o conhecimento de que são filhos e filhas amados por de
Deus.
“A experiência de Romanos 5: 5 revela o favor de Deus aos filhos de
Deus, que eles recebem pela fé com gratidão. Em seu sermão de 1789 “A
Unidade do Ser Divino”, Wesley escreve: “A gratidão em relação ao nosso Criador
não pode deixar de produzir benevolência para os nossos semelhantes.”[161]
Hoje é comum todos falarem de amor até porque ele é essencial na vida do
ser humano. Mas muitos estão falando somente do amor Eros (erótico) e até do
amor filial (entre amigos e irmãos).
Podemos e devemos buscar esse amor pleno, que foi revelado em Jesus. Sua
essência é o amor. A Bíblia diz que Deus é amor. Precisamos dele para ter uma
vida feliz e de paz. Precisamos desse amor para termos força e suporte nas
adversidades.
2. O amor philéo de
Pedro por Jesus
Somos filhos e filhas do Pai de amor e
podemos amar como Ele ama. Jesus disse para sermos perfeitos como o Pai é
perfeito (Mt 5.48).
Paulo fala desse amor ágape em 1Co 13.1:
“Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor,
seria como o metal que soa ou como o sino que tine”.
Jesus perguntou sobre esse amor ágape a
Pedro: “Simão, filho de João, você me ama (ágape) mais do que estes outros
amam?” (Jo 21.15), ou seja, você me ama com um amor incondicional, que se doa,
que se sacrifica?
Mas Pedro usou a expressão philéo que
significa – amo como um irmão (Jo 21.15).
Nas duas perguntas iniciais a Pedro: “Tu me
amas?” Jesus utilizou a expressão ágape; mas Pedro, respondeu que ama
utilizando a expressão philéo. Na verdade, ele disse: “te amo como irmão”.
O amor philéo é fraternal, mas não é
suficiente para amarmos ao Senhor e estarmos dispostos a morrer por Ele. O amor
que o Senhor espera que tenhamos por Ele deve ser ágape. Pelo amor phileo,
Pedro negou a Jesus, por isso, Jesus esperava que Pedro o amasse com o amor
ágape.[162]
Jesus disse sobre isso: “Ninguém tem maior
amor do que este: de dar alguém a sua vida pelos seus amigos. Vós
sereis meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando” (João 15.13-14).
A palavra grega utilizada aqui por Jesus para amor é ágape, amor de
doação, sacrifício.[163]
O início da cura de Pedro
Pedro estava saindo de uma tragédia: havia
negado a Jesus três vezes.
Não tinha ainda condições de ter um amor
ágape. O Pentecostes com o derramamento do Espírito ainda não havia acontecido.
Ele só tinha para dar o amor filial, de um irmão. Mas Pedro foi sincero.
Por que Jesus perguntou três vezes a Pedro?
Jesus estava dando início a um processo de
cura. Jesus não o recriminou.
É importante declarar que amamos. Como Pedro
negou três vezes, o Senhor pediu que Pedro declarasse três vezes que o amava,
mesmo que fosse ainda imperfeito. Era para dar confiança a Pedro.
Dentro desse processo de cura, Jesus pergunta
pela terceira vez: “Amas-me?” usando a palavra philéo, ou seja, “você me ama
como um irmão?” (Jo 21.17)
E Pedro humildemente respondeu: “Senhor, tu
sabes todas as coisas, tu sabes que eu te amo” (Jo 21.17), ou seja, como irmão
(amor philéo).
Jesus sabia que Pedro poderia amá-lo com um
amor ágape.
Jesus estava dando tempo a Pedro e sabia que
Pedro chegaria a amá-lo mais adiante com um amor ágape, amor sacrificial.
Jesus disse: “Quando você era moço, você se
aprontava e ia onde queria. Mas eu afirmo a você que isto é verdade: quando for
velho, você estenderá as mãos, alguém vai amarrá-las e o levará onde você não
vai querer ir” (Jo 21.18).
O evangelista João explica que “ao dizer
isso, Jesus estava dando a entender de que modo Pedro iria morrer e assim fazer
com que Deus fosse louvado” (Jo 21.19).
A história declara que Pedro foi preso e
morto no ano 67 D.C.[164]
Se você ama ao Senhor com amor semelhante ao
amor que você tem pela sua família, você pode chegar muito além. Pode ter um
amor de excelência. O amor ágape de Deus é derramado em nossos corações pelo
Espírito Santo (Rm 5.5).
Se somos filhos e filhas do Pai de Amor,
então podemos amar como Ele ama.
3. O perfeito
amor
Wesley definiu a santidade de coração ou
perfeição no amor da seguinte forma:
“Amar a Deus com todo nosso coração, mente,
alma e força. Isto implica que nenhum temperamento errado, nenhum
contrário ao amor, permanece na alma; e que todos os pensamentos, palavras
e ações são governados por puro amor.[165]
Os filhos e filhas de Deus quando creem
passam a ter o fruto do Espírito, que nos dá o amor (Gl 5.22), mas todos devem
caminhar para terem o perfeito amor.
O derramamento do amor segundo Romanos 5.5 é
fundamental para se alcançar o perfeito amor.
“Wesley levou a sério o convite de Jesus para 'ser,
portanto, perfeito como o seu Pai que está no céu é perfeito' (Mt
5:48). Por "perfeição", Wesley não quis dizer perfeição moral ou
sem pecado. Ele quis dizer perfeição no sentido da maturidade’.
O amor perfeito deve ser mesmo tempo uma experiência no coração e um modo
de vida no mundo. [166]
Wesley acreditava que poderíamos nos tornar
perfeitos em amor nesta vida. Se Jesus nos convida a buscar a perfeição, o
amor perfeito é possível. Ele não queria dizer que estaríamos livres de
erros, tentações ou falhas.
Para Wesley, crescer como cristão é ser cheio de amor, o que acontece pela graça de Deus”.[167]
E o que é o perfeito amor?
Para Wesley, a perfeição cristã significa
amor perfeito.[168]
Vem de um coração que aprendeu a ter a mente
de Cristo e anda como Ele andou. Tem um coração limpo e é santificado por Deus:
“Ama ao Senhor seu Deus de todo o seu coração e o serve com todas as suas
forças. Ama ao próximo (a todos os homens) como a si mesmo; sim, como Cristo
nos amou, especialmente aqueles que o desprezam e o perseguem porque não
conhecem ao Filho nem ao Pai. A sua alma é realmente todo amor, cheia de
entranhas de misericórdia, bondade, mansidão, magnanimidade e tolerância. A sua
vida está de acordo com estas qualidades, cheias das obras da fé, da paciência,
da esperança e da obra do amor”.[169]
Mais resumidamente, João Wesley diz que por perfeição ele quer dizer amor perfeito, ou amar a Deus com todo o nosso coração assim como regozijar-se sempre, orar sem cessar e em tudo dar graças.[170]
O segredo para termos uma vida cristã
frutífera e de paz é alcançarmos o perfeito amor.
É possível alcançar o perfeito amor porque a
Bíblia assim diz (Mt 5.48).
Os benefícios do perfeito amor:
1.O perfeito amor lança fora o medo
“No amor não existe medo, antes o perfeito
amor lança fora todo medo. Ora, o medo produz tormento; logo, aquele que
teme não é aperfeiçoado no amor” (1Jo 4.18).
Wesley diz: “No amor não há medo – Não pode
haver medo escravizante onde o amor reina, mas o amor perfeito e adulto lança
fora o medo escravizante”.[171]
O amor de Deus lança fora o medo de sermos
condenados e de não herdarmos a vida eterna. Então, o Seu amor em nossas vidas,
é como garantia de que nós não somos condenados, pois a Palavra nos: “E nós
conhecemos, e cremos no amor que Deus nos tem. Deus é amor; e quem está em amor
está em Deus, e Deus nele” (1 João 4.16.)
Romanos 8.38-39 diz: “Porque eu estou
bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem
as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a
profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus,
que está em Cristo Jesus, nosso Senhor”.
Esse é o perfeito amor.
2.O perfeito amor nos proporciona amar aos inimigos
Jesus ensinou que é possível amar aos inimigos,
mas para isso é necessário ter a perfeição que proporciona um amor perfeito (Mt
5.48).
Naquele tempo, disse Jesus aos seus
discípulos: "Vós ouvistes o que foi dito: 'Amarás o teu próximo e odiarás
o teu inimigo!' Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos e orai por aqueles
que vos perseguem!
Assim, vos tornareis filhos do vosso Pai que está nos céus, porque ele faz
nascer o sol sobre maus e bons, e faz cair a chuva sobre os justos e injustos.
Porque, se amais somente aqueles que vos amam, que recompensa tereis? Os
cobradores de impostos não fazem a mesma coisa? E se saudais somente os vossos
irmãos, o que fazeis de extraordinário? Os pagãos não fazem a mesma coisa?
Portanto, sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito" (Mt 5.
43-48).
Só um perfeito amor para amar aos inimigos.
Jesus disse mais: “Ouçam todos. Amem os
vossos inimigos. Façam bem aos que vos odeiam. Orem pela felicidade dos que vos
amaldiçoam. Peçam a bênção de Deus sobre os que vos magoam. Se alguém vos
bater numa face, ofereçam lhe também a outra! Se alguém vos exigir o casaco, deem
lhe também a camisa. Deem o que têm a quem vo-lo pedir; e quando vos levarem
as vossas coisas, não se preocupem se as tornam a entregar ou não” (Lucas
6.27-28).
O propósito de Jesus para com os seus
discípulos tinha como alvo deles amarem aos inimigos. Amar como Jesus amou. Só
assim seriam verdadeiramente discípulos de Jesus.
Comentando
sobre 1João 4.7, Wesley diz: “Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor é
de Deus; e todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus.
Amemo-nos uns aos outros - Da doutrina que ele acaba de defender, ele faz essa exortação. É pelo Espírito que o amor de Deus é derramado em nossos corações. Todo aquele que ama verdadeiramente a Deus e ao próximo é nascido de Deus”.[172]
3 O perfeito amor exclui o pecado
Se nosso coração não é cheio de amor, vamos
ter espaço para odiar, revidar, perseguir, vingar, fazer retaliação etc. Se
amamos intensamente, tudo será apagado. O amor apaga a afeição do pecador pelo
pecado.
Wesley disse: "A inteira santificação, ou perfeição cristã, não é nem mais nem menos que amor puro; amor expulsa o pecado e governa tanto o coração como a vida de um filho de Deus". [173]
Wesley disse mais: “Como a cera se dissipa diante do fogo, assim o orgulho se derrete diante do amor. Toda arrogância, seja de coração, fala ou comportamento, desaparece onde o amor prevalece”.[174]
Wesley acreditava que o amor exclui o pecado.[175]
Ele diz: “É amor excluindo o
pecado; amor enchendo o coração, assumindo toda a capacidade da
alma. É o amor 'regozijando-se sempre, orando sem cessar, em tudo dando
graças”.[176]
Mas Wesley faz uma importante observação: “Perfeição sem pecado é, portanto, uma frase que nunca uso”. [177]
Ele prefere dizer que a perfeição é a
salvação do pecado. Perfeito é aquele “que de fato não comete pecado”.[178]
Este verso de Carlos Wesley
abaixo mostra a visão da possibilidade de Deus eliminar todo poder do pecado em
nossa vida e nos encher da plenitude de Deus:
Venha,
Salvador, venha e me faça completo;
Totalmente todos os meus pecados são removidos;
Para aperfeiçoar a saúde, restaurar minha alma
Para aperfeiçoar a santidade e o amor.[179]
João Wesley explica o que entende por pecado:
“Pelo pecado, eu entendo o pecado exterior, de acordo com a simples e comum aceitação da palavra; uma transgressão real e voluntária da lei; da lei escrita e revelada de Deus; de qualquer mandamento de Deus, reconhecido como tal no momento em que é transgredido.. [180]
O que fazer para não cometer pecado?
Wesley diz: “todo aquele que é nascido de Deus’, enquanto ele permanece na fé e no amor, e no espírito de oração e ação de graças, não apenas não o faz, mas não pode cometer pecado. Desde que ele assim creia em Deus por meio de Cristo e o ame, e esteja derramando seu coração diante dele, ele não pode voluntariamente transgredir qualquer ordem de Deus, seja falando ou agindo o que ele sabe que Deus proibiu; por tanto tempo que a semente que permanece nele, aquela fé amorosa, orante e grata, o compele a abster-se de tudo o que ele sabe ser uma abominação aos olhos de Deus”.[181]
Dr. Joseph Dongell, [182] professor metodista do Asbury Theological Seminary, afirma que para John
Wesley o amor é o centro operacional e funcional de todas as coisas. Dr. Joseph
escreve sobre cinco pontos de como Wesley entendia o amor, o qual ele retirou
da Bíblia. Num dele, ele diz sobre essa compreensão de Wesley sobre o amor
excluir o pecado: “O amor derramado por Deus através do Espírito é uma poderosa
força que se desprende nas câmaras mais profundas do coração e da comunidade,
manifestando uma série de poderosos efeitos internos e externos. Entre seus muitos efeitos
internos, Wesley frequentemente falou desse amor infundido como expulsar o
pecado do coração. A lógica de Wesley é fácil de seguir. Pois, se o amor enche o
coração (e, por sua natureza, cumpre toda a lei de Deus), então o coração tão
cheio de amor "não deixa espaço" (metaforicamente falando) para as
más intenções e desígnios. Em outras palavras, Wesley via a pureza como resultado de ser
infundido (de cima) pelo amor divino”.[183]
Semelhantemente a Wesley, Policarpo de Esmirna[184], bispo e mártir da Igreja, disse: “Porque, se alguém, interiormente, possui estas graças, cumpriu o mandado de justiça, visto que o que tem amor está longe de todo pecado”.[185]
E Wesley conclui: “Porque ele é ‘puro de coração’. O amor de Deus tem purificado seu coração de toda paixão vingativa, da inveja, malícia e ira, de todo temperamento indelicado ou afeição maligna. Isso o limpou do orgulho e altivez de espírito, de quem, sozinho, emana contenda. E ele agora está “cheio de misericórdia, delicadeza, humildade de mente, brandura, e longanimidade”.[186]
4.Como nos aperfeiçoar em amor?
É simples assim: guardando a Sua
Palavra: “Aquele, entretanto, que guarda a sua palavra, nele, verdadeiramente,
tem sido aperfeiçoado o amor de Deus. Nisto sabemos que estamos nele: aquele
que diz que permanece nele, esse deve também andar assim como ele andou” (1
João 2.5-6).
E assim somos chamados a andar em amor:
“Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados; e andai em amor, como
também Cristo vos amou, e se entregou a si mesmo por nós, em oferta e
sacrifício a Deus, em cheiro suave” (Efésios 5.1-2).
“Wesley argumentou que podemos ser vasos que
levam o amor de Deus ao mundo e compartilhar os tesouros de sua graça somente
se o vaso de nossa alma é reabastecido diariamente, somente se nos alimentamos
de nosso pão de cada dia que é o maná da graça. Wesley enfatiza o caráter
contínuo e diário da respiração espiritual como parte desse processo de
amadurecimento pelo qual o cristão “cresce ... para 'a medida plena da estatura
de Cristo (Efésios 4:13)” (II.4).[187]
No sermão "O Caminho bíblico da Salvação",
ele escreve que as obras de santidade são necessárias para essa maturação de
tal forma que "... se um homem voluntariamente os negligencia, ele não
pode razoavelmente esperar que ele seja santificado no sentido pleno, isto é, '
aperfeiçoado no amor '. Não, pode ele 'crescer' em graça, no 'conhecimento
amoroso de nosso Senhor Jesus Cristo'? ”(Sermão 43, III.4)”.[188]
Wesley disse que “por perfeição, quero
dizer amor perfeito”.[189]
Portanto, devemos buscar a perfeição cristã.
Importante ainda lembrar o que ele disse: “Mas ninguém pode atingir a perfeição a menos que eles acreditem que seja atingível”.[190]
O derramamento do amor em nossos corações pelo Espírito Santo é fundamental para o aperfeiçoamento do cristão (Rm 5.5).
Comentando sobre Romanos 5.5, Wesley afirma: “A esperança não nos abala - isto é, nos dá a maior glória. Nós nos gloriamos nesta nossa esperança, porque o amor de Deus é derramado em nossos corações - a divina convicção do amor de Deus por nós, e esse amor a Deus que é ao mesmo tempo sincero e o começo do céu. Pelo Espírito Santo - A causa eficiente de todas essas bênçãos presentes e o fervor daqueles que virão”.[191]
Para Wesley, sem a experiência de Romanos 5.5 os cristãos são ainda imperfeitos e devem orar para terem a experiência do derramamento do amor.
O amor é o começo e o fim da fé cristã. O perfeito amor deve ser o alvo de todo cristão.
O amor de Deus na vida dos primeiros
metodistas
"O poderoso
poder de Deus desceu sobre mim; meu coração foi esvaziado de todo mal, e Jesus
tomou todo o quarto. Eu não podia mais me abster de contar o que Deus tinha
feito pela minha alma. Meu coração estava cheio de amor e alegria, e meus
lábios o louvavam”.
(Richard Rodda)
Os primeiros pregadores e líderes de células metodistas, na Inglaterra, no século XVIII, foram destemidos, abnegados e santificados. Com João Wesley, esses leigos impactaram a Inglaterra e fizeram toda a diferença.
A ênfase era buscar o perfeito amor, a santidade, a perfeição cristã entendida como uma vida liberta do domínio do pecado e cheia de amor a Deus e ao próximo.
A expressão “batismo de amor” não era
utilizada, mas a ênfase no perfeito amor, sim!
Wesley disse: “Um metodista é alguém que tem
o amor de Deus em seu coração, pelo Espírito Santo que lhe foi dado; é alguém
que ama ao Senhor seu Deus, ‘com todo o seu coração, com toda a sua alma, com
todo entendimento e força (...).”[192]. Sua
definição é mais ampla, mas esta afirmação é a principal.
Wesley disse que conheceu um grande número de
pessoas de todas as idades e sexos que foram santificadas totalmente, isto é,
"lavados de toda impureza da carne e do espírito", de modo que
"amavam ao Senhor seu Deus de todo o seu coração, alma e força", que
continuamente "apresentavam as suas almas e os corpos num vivo, santo e
aceitável sacrifício a Deus", e, em consequência disso, "regozijavam-se
sempre, e oravam sem cessar e em tudo davam graças."[193]
Aqui vemos a vida liberta do pecado; cheia de amor; dedicando-se ao seu Senhor, constantemente alegre, orando sem cessar e em tudo davam graças.
Em seu Diário, Wesley cita diversas pessoas
que experimentaram intensamente e praticavam esse amor.
Sobre miss Berresford havia um ditado que
dizia: “Se miss Berresford não for para o céu, ninguém irá”. Ela foi modelo de
piedade e de atividade. Ela possuía ardente amor. No final de sua vida, ela
disse: “Oh! Estou cheia do amor de Deus”.[194]
Certa vez, numa visita a Rotherham, encontrou
cinco homens e seis mulheres que acreditavam estarem salvas do pecado.
Regozijavam sempre, oravam sem cessar e em tudo davam louvor. Wesley afirmou:
“Creio que nada sentem senão amor”.[195]
Sobre Elizabeth Longmore, Wesley registrou o
que ela disse e sentiu durante um culto: “Na hora em que o Sr. Fugill começou a
falar, senti que minha alma era toda amor (...) Esquadrinho o coração
constantemente, e nada acho ali senão amor”.[196]
Em 1765, visitou Redruth para ouvir a
história de Grace Paddy, jovem serena e bem educada. Ela descreveu a mudança em
sua vida e disse: “(...) Senti mudança inexplicável no fundo do meu ser, e
desde aquela hora não tenho sentido ira, nem vaidade ou mau gênio: nada que
seja contra o puro amor de Deus, que sinto constantemente. Não desejo outra
coisa senão a Cristo; e tenho Cristo sempre reinando no coração”.[197]
Mas vamos conhecer profundamente mais três
experiências sobre a vida de amor:
“Deixe só o amor habitar no meu peito!”
Elizabeth Ritchie (1754-1835) nasceu em
Otley, Yorkshire, Inglaterra. Era filha de John Ritchie. Serviu muitos
anos como cirurgião na marinha. Ele era um homem sensato, amável, bem
informado. Tinha um grande gosto pelas belezas da natureza. Temia a Deus e
recebia os pregadores metodistas hospedando-os em sua casa. Em sua
aposentadoria, ele foi para o vale de Wharfdale, uma vila adorável, onde se
casou com Beatrice Robinson, de Bram Hope. Depois foram para Otley em 1754.
Desde pequena Elizabeth teve sensibilidade e sentia muita dor quando um parente ou amigo chorava. Seus pais eram metodistas e João Wesley frequentemente ficava em sua casa. Ela era conhecida também como Eliza Ritchie.
Quando jovem teve lutas contra as tentações. A oração foi negligenciada e tudo deu errado. Wesley a ajudou com conselhos. Um dia, Wesley lhe perguntou quais livros ela lia e prometeu lhe dar uma lista de coisas que ele achava que poderiam lhe ser úteis. Este parece ter sido o começo de um relacionamento que depois se transformou em uma amizade íntima.
Aos 18 anos, ela entregou sua vida a Jesus.
Certa vez, ela acompanhou Wesley a Birstal. Wesley perguntou a Elizabeth como
foi seu encontro com o Senhor. Ela lhe falou desse assunto com o coração aberto
e depois escreveu: “De fato, essa oportunidade foi um privilégio que eu não
esperava. Eu confio que vou colher um benefício duradouro disso. No sábado
seguinte, ao suplicar ao Senhor em oração para me santificar, Ele me abençoou
grandemente, com uma aplicação poderosa dessa promessa; Eu sou teu Deus. Senti
paz inexprimível; e o grito da minha alma foi: 'Deixe só o amor de vocês
habitar no meu peito!' Eu estava consciente de que uma mudança abençoada
efetuara dentro de mim. O Senhor estava muito perto e me fez verdadeiramente
feliz em mim mesma.” [198]
“Meu coração estava cheio de amor e alegria,
e meus lábios o louvavam”
Richard Rodda (1743-1815) nasceu em Sancreed,
Cornwall, Inglaterra. Desde cedo, ele
desenvolveu uma consciência grande de Deus e do seu pecado e desejou fugir da
ira vindoura. Seus pais rejeitavam o metodismo, pois ouviram dizer que os
metodistas eram inimigos da Igreja e do Estado. Mas sua irmã ouviu um pregador
metodista e se converteu.
A mudança em sua vida foi tão grande que sua
mãe foi ouvi-lo e também se converteu. Em 1756, aos 13 anos de idade, Rodda
teve forte convicção do pecado.
Certa vez, Rodda escreveu: "O poderoso
poder de Deus desceu sobre mim; meu coração foi esvaziado de todo mal, e Jesus
tomou todo o quarto. Eu não podia mais me abster de contar o que Deus tinha
feito pela minha alma. Meu coração estava cheio de amor e alegria, e meus
lábios o louvavam”.
Ele pregou, em grande parte, em Cornualha,
local histórico de perseguição aos metodistas. Ele, contudo, superou tudo e
nunca desanimou ou duvidou do seu chamado como pregador itinerante. Certa vez,
escreveu a Wesley: “Creio que, para alcançar a salvação final, nossa fé deve
ser produtiva de boas obras; que sem santidade completa e pessoal, ninguém verá
o Senhor. Isto é tão plenamente afirmado na Palavra de Deus que estou
persuadido que todo o ofício dos homens e toda a raiva dos demônios não podem
derrubá-lo”.[199]
“Acima de tudo, tive uma comunhão ininterrupta com Deus”
Alexander Mather (1733-1800) nasceu em Brechin, na Escócia. Foi educado de forma rigorosa e severa pelo pai, que era anglicano. Isso o levou a sair de casa aos 12 doze anos, em 1745, para apoiar os rebeldes contra o rei, na “Revolta Jacobita.”*
Foi salvo de morrer em combate e, ao ser
salvo de um afogamento, sentiu que Deus o salvara para um propósito. Os
rebeldes foram perseguidos e seu pai não o recebeu de volta. Depois do perdão
aos rebeldes, seu pai o deixou voltar para casa, mas não o apoiou na escola.
Mather trabalhou com seu pai na padaria. Aos 19 anos, foi para Londres, onde se
tornou padeiro e se converteu com a pregação de Wesley.
Convenceu seu chefe e os outros padeiros de
Londres a se recusarem a fazer pão aos domingos. Com o tempo, seu chefe se
tornou rico. Isso foi visto como sendo por honrar o domingo.
Em 1756, ao se sentir chamado a pregar,
Wesley lhe disse "ser um pregador metodista não é o caminho para a
facilidade, honra, prazer ou lucro. É uma vida de muito trabalho e reprovação”.
Sendo franco, Wesley disse que os pregadores
muitas vezes, vivem com escassez e “são propensos de serem apedrejados,
espancados e abusados de várias maneiras. Considere isso antes de se envolver
em um modo de vida tão desconfortável”. Ele era um guerreiro e aceitou. Mather
organizou igrejas e sua pregação sobre a perfeição cristã era poderosa.
Wesley pediu e Mather fez um relato de sua
experiência, que ocorreu em 1857, em Rotherham, Inglaterra:
“O que eu vivenciei em minha própria alma foi uma libertação instantânea de todos aqueles temperamentos e afeições errados que eu tinha (...), um desapego completo de toda criatura, com um inteiro devotamento a Deus; e desde esse momento eu encontrei um prazer indizível fazendo a vontade de Deus em todas as coisas. Eu tinha também um poder para fazê-lo, e a aprovação constante da minha própria consciência e de Deus.
Eu tinha simplicidade de coração, e um único
olhar para Deus, em todos os momentos e em todos os lugares, com tanto zelo
para a glória de Deus e o bem das almas (...). Acima de tudo, tive uma comunhão
ininterrupta com Deus (...)”.[200]
“Encontro o amor de Deus em Cristo Jesus"
John Jane é considerado um dos mártires metodistas. Um dos registros sobre ele é de março de 1750, quando Wesley, a caminho da Irlanda, o alcançou em Holyhead com três xelins no bolso.
Em 1776, John Jane visitou Colne, o primeiro que pregou nesse lugar. Inocentemente andava pela cidade, quando a multidão o puxou para fora de seu cavalo. Ele aproveitou a oportunidade e exortou veementemente a todos para "fugirem da ira vindoura". Ele faleceu com um sorriso no rosto. Suas últimas palavras foram: “Encontro o amor de Deus em Cristo Jesus".[201]
Esses e outros pregadores e pregadoras metodistas foram destemidos, abnegados e santificados.
O propósito de
Wesley era levar os membros à perfeição em amor
Como esses pregadores e pregadoras metodistas chegaram a ser tão consagrados?
Todas estas três palavras “destemidos, abnegados e santificados” estão relacionados ao perfeito amor:
- O perfeito amor lança fora o medo (1Jo 4.18);
- Umas das marcas do amor ágape é a abnegação (1Ts 1.3);
- Devemos amar os inimigos para sermos perfeitos (Mt 5.48).
Os metodistas eram capacitados e estimulados a alcançar o perfeito amor por Wesley.
Durante a vida de John Wesley, a reunião de classe foi o coração do metodismo.[202] As classes eram pequenos grupos de discipulado de apoio onde os membros eram responsáveis uns pelos outros. Eles confessavam os seus pecados uns aos outros, oravam uns pelos outros e motivavam uns aos outros ao amor e boas obras.
A única condição para entrar nas classes era o desejo de fugir da ira vindoura, para ser salvo dos seus pecados.[203]
As sociedades organizadas no metodismo dividiam os
membros em classes, que eram agrupadas geograficamente e continham todas as
pessoas da Sociedade. Por volta de
Wesley orientou como as pessoas deveriam se agrupar: “Para que se possa discernir mais facilmente se estão realmente realizando a sua salvação, cada sociedade é dividida em grupos menores chamados classes, de acordo com as suas residências. Há cerca de 12 pessoas em cada classe sendo uma delas indicada para ser o líder.” [204]
Cada metodista pertencia a uma classe. A reunião era uma partilha da experiência pessoal da semana passada. Eles aprenderam com isso a terem autoconfiança e a capacidade de falar em público.
A classe foi um lugar para serem aceitas todas as pessoas de diferentes origens sociais.[205] Todas as pessoas confessavam as suas falhas e buscavam a salvação e a santificação.
Wesley escreveu como uma pessoa era admitida na classe e na Sociedade: Qualquer pessoa determinada a salvar a sua alma podia ser unida com os metodistas (esta é a única condição necessária). Mas esse desejo devia ser comprovado por três marcas: evitar todo o pecado conhecido, fazer o bem e atender todas as ordenanças de Deus.
A pessoa era então colocada em uma classe que fosse conveniente para ela onde passava cerca de uma hora por semana. E no próximo trimestre, nada se opondo, seria admitida na Sociedade.[206]
As classes se diferenciavam dos bands: eram agrupadas geograficamente em vez de serem divididas pela idade, sexo ou estado civil; elas continham todas as pessoas da sociedade, não apenas aquelas que voluntariamente se agrupavam.[207]
"As classes serviram como uma ferramenta evangelística (a maioria das conversões ocorreu neste contexto) e como um agente de discipulado”.[208] |
Bands eram pequenos grupos criados para levar os metodistas ao perfeito amor. Os bands foram importantes no processo de formação da organização metodista.[209]
As principais atividades dos bands “eram a confissão e a oração; o alvo deles era o crescimento espiritual. Os bands eram homogêneos, de acordo com o modelo morávio; havia band de mulheres, de homens e mesmo de rapazes (...).”[210]
Os bands eram grupos de cinco ou seis pessoas do mesmo sexo comprometidos um com o outro e para a vida santa. Eles se reuniam para ajudar uns aos outros no caminho da perfeição cristã. Estes eram grupos ‘mais profundos da vida" e apenas cerca de um terço da típica sociedade metodista entrou, ou foi convidado a integrar os bands de onde eles compartilharam suas jornadas espirituais "sem reservas e sem disfarce.’ John Wesley chamou isso de "conversa íntima". Ele sentia que o metodismo foi mais próximo do ideal do Novo Testamento nas reuniões de bands.[211]
Hoje perdemos essa visão. Mas podemos ainda colocar a ênfase na santidade, que gera perfeito amor e o reinado de Cristo em nosso coração.
Podemos ser, sim, novamente uma Igreja com
discípulos destemidos, abnegados e santificados como havia no metodismo
primitivo.
Segui o amor
A palavra “seguir”
no grego tem também o sentido de se colocar em movimento rápido; perseguir;
seguir, siga a direção de (Lc 17.23);
seguir ansiosamente, esforçar-se seriamente para adquirir (Rm 9.30, 31; 12.13);
para avançar (Fp. 3.12, 14).
(William D. Mounce)[212]
Paulo orienta para nós seguirmos o amor: “Segui o amor,
e buscai com zelo os melhores dons (1Co 14.1).
A palavra grega dioko (διωκω) significa seguir e é
utilizada em diversos versículos como Marcos 1.36; Hebreus 12.14, etc.
A palavra “seguir” traduzida em 1 Coríntios 14.1 do
grego dioko significa seguir, perseguir ou mesmo caçar.[213]
É a mesma palavra para Hebreus 12.14: “Segui a paz com
todos” indicando que a paz nem sempre é fácil de encontrar.
Significa uma busca dura e persistente. O
texto de Marcos 1.36 descreve esse seguir na afirmação: “Seguiram-no Simão e os
que com ele estavam”:
“E, levantando-se de manhã, muito cedo,
fazendo ainda escuro, saiu, e foi para um lugar deserto, e ali orava. E
seguiram-no Simão e os que com ele estavam. E, achando-o, lhe disseram: Todos
te buscam” (Marcos 1.35-37).
O pastor Luciano Subirá[214] no seu livro Maturidade: O Acesso à herança plena lembra que o apóstolo Paulo nos encoraja a buscar mais o amor que os dons e as manifestações do Espírito Santo.
Ele diz que “há um recurso disponibilizado da parte de Deus para isso. Escrevendo aos Romanos, Paulo afirmou: ‘Porque o amor de Deus é derramado em nossos corações pelo Espírito Santo”.[215]
Depois de citar Romanos 5.5, Luciano Subirá diz: “Por outro lado, não de depende só de Deus. Se assim fosse, todos já estariam completamente maduros e crescidos em amor. Paulo sinalizou aos coríntios, que, assim como os dons devem ser desejados e buscados, o amor precisa também ser buscado. Segui o amor, e buscai com zelo os melhores dons (1Co 14.1). A palavra seguir é dioko (διωκω), e, de acordo com Strong, seu significado inclui: “correr prontamente a fim de capturar uma pessoa ou coisa, correr atrás, perseguir, seguir após. Com isso, Paulo estava dizendo, em outras palavras: “corram atrás do amor”, persigam o amor, corram com afinco até alcançá-lo.
Portanto, é nossa responsabilidade buscar em Deus os recursos que Ele
disponibiliza a fim de crescermos em amor”.[216]
Foi assim minha experiência com o amor de Deus. Primeiro, recebi pela
graça uma porção desse amor ao meditar no Evangelho do Apostolo João, capítulo
14. Depois, a cada dia, busquei esse amor na meditação da Palavra no Evangelho
do discípulo amado, nos capítulos 14, 15 e 16 de João. A cada dia esse amor
crescia revelando meu pecado, curando minhas feridas, tratando meu caráter,
trazendo paz e segurança etc.
Foi assim durante um ano. A busca não parou. Fui à Fonte diariamente!
Anos mais tarde, um homem de Deus disse que eu fui batizado pelo amor.
Lift Hetland fala da importância de sermos
receptores desse amor. Jesus veio para nos mostrar o Pai e nos fazer retornar
ao Pai, e para ter um encontro com o amor do Pai, o próprio amor que ele tinha
com experiência, conforme João 17.26".[217]
É necessário estimular a prática do amor.
Jesus estimulou os discípulos a amarem: “Eu vos dou
um novo mandamento: amai-vos uns aos outros. Como eu vos amei, assim também vós
deveis amar-vos uns aos outros” (Jo 13.34).
Paulo estimulou a praticarem o amor: “Portanto, sede
imitadores de Deus, como filhos amados; e andai em amor como Cristo, que
também nos amou e se entregou por nós a Deus como oferta e sacrifício com aroma
suave” (Ef 5.1-2).
É preciso seguir o amor, buscar o amor, estimular o
verdadeiro amor.
A palavra “seguir” no grego tem também o sentido de se colocar em
movimento rápido; perseguir; seguir, siga a direção de (Lc 17.23); seguir ansiosamente, esforçar-se
seriamente para adquirir (Rm 9.30, 31; 12.13); para avançar (Fp. 3.12, 14). [218]
Paulo orienta: “Comunicai com os santos nas suas
necessidades, segui a hospitalidade” (Romanos 12.13).
O
pastor pentecostal argentino Juan Carlos Ortiz, autor do livro “O discípulo”, sempre
estimulou a comunhão, a vida comunitária e a prática do amor.
Ele
falou sobre o "amor de batata amassada", um purê. Para explicar essa
necessidade da prática do amor, ele fez a seguinte ilustração: "Você sai
para o canteiro de batatas e desenterra todas as batatas e as coloca em uma
grande sacola. Agora, todas as batatas estão no mesmo tamanho," mas elas ainda
são batatas individuais.
Em
seguida, eles vão para o galpão de embalagem, onde são limpos e colocadas em
sacos menores, e enviados para mercearias. Mas, apesar de estarem em sacos
menores, elas ainda são batatas individuais.
Então
um cliente compra 5 libras de batatas, leva para casa, descasca-as e coloca-as
na panela. Agora elas estão mais próximas. A pele delas não mais as separa. Mas
ainda são batatas individuais.
Não é
até que estejam fervidos e esmagados e misturados que eles realmente se tornam
um. E é isso que Deus quer para nós. Nenhum super star se levantando e dizendo:
'Veja como eu sou uma grande batata'. Mas todos nós misturamos e misturamos, um
em Jesus Cristo”.[219]
Israel Belo de Azevedo[220] afirma: “Só o cristão pode amar, porque só o cristão tem o Espírito Santo habitando em seu interior. O amor só é possível quando é uma ação do Espírito Santo em nós. Fora do Espírito, temos o simulacro (imitação) do amor.
O amor se alimenta de palavras, mas depende de ações concretas para sobreviver (...).
Podemos alcançar o máximo em termos de
espiritualidade, mas se nossa espiritualidade não for motivada pelo amor, não
nos aproximará de Deus. A religião deixará de ser rotina quando for permeada
pelo amor. A religião deixará de ser espetáculo quando for motivada pelo amor
(...).
Amar as pessoas é mais importante do que conhecer a Bíblia e ter capacidade de expô-la. Conhecimento sem amor não tem valor.
O amor é a condição essencial para que os dons espirituais sejam exercidos. Os dons, que devemos buscar cessam, mas o amor permanece.
Se você quer amar, ame a Deus. Ele capacitará você a amar.
Nós precisamos rogar ao Espírito Santo que nos ensine a amar; sem a sua pedagogia, não conseguimos ser aprovados”.[221]
Devemos seguir esse amor conforme Paulo orienta.
A Igreja em Éfeso já era selada pelo Espírito Santo (Ef 1.13. 4.30), mas Paulo orou para que a Igreja pudesse ir muito mais além e compreendesse e conhecesse plenamente o amor de Deus (Ef 3.16-19).
Este derramar do amor de Deus pelo Espírito Santo é para cristãos. Deus tem um grande propósito para nossas vidas ao derramar o Seu amor em nossos corações.
O propósito do derramamento do amor
“O filho de Deus
‘sente’ o amor de Deus derramado em seu coração pelo Espírito Santo que lhe é
dado’; e todos os seus sentidos espirituais são então exercitados para
discernir o bem e o mal espiritual.”
(João Wesley)
Afinal, para que o
derramamento do amor?
O derramamento do
amor é fundamental para nossas vidas e para a identidade e missão da Igreja. É
necessário para sermos fieis à Palavra de Deus. Dentre os diversos benefícios,
estão:
1.O derramamento
do amor traz cura emocional
Paulo começa
esclarecendo, quando diz: “E a esperança não traz confusão, porquanto o amor de
Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado”
(Romanos 5.5).
Um coração
deprimido, medroso ou carente geralmente não tem tanta esperança. Essa pessoa
certamente estará confusa diante os seus sonhos e desejos.
Mas a Palavra diz
que “no amor não há medo antes o perfeito amor lança fora o
medo” (1 João 4.18). Isto é, um coração cheio de amor tem grande convicção e
entusiasmo.
Paulo diz isso:
“Lembramos continuamente, diante de nosso Deus e Pai, o que vocês têm
demonstrado: o trabalho que resulta da fé, o esforço motivado pelo amor e a
perseverança proveniente da esperança em nosso Senhor Jesus Cristo” (1Ts 1.3).
Tudo isso como
resultado do amor em nosso coração. O amor ágape em grande dose traz cura
emocional. Passamos a ter uma firme esperança.
Como já vimos, “a
palavra grega para derramado é EKCHO que significa: despejar ou
distribuir em abundância”.[222]
João Wesley lembra: “nós o amamos porque Ele nos amou primeiro”.[223] Como o
amor foi derramado em nossos corações há intimidade, comunhão com Deus e
passamos a ter uma firme convicção e esperança.
Importante recordar uma das experiências que Wesley e os primeiros metodistas tiveram com o amor
de Deus e as consequências desse amor derramado: Em 28 de abril de 1762, numa
reunião do povo metodista, o Espírito Santo derramou Seu amor nas pessoas
presentes: “Deus derramou abundantemente Seu Espírito sobre nós. Muitos ficaram
cheios de consolação (...). Deus restaurou o homem à luz da Sua face, e deu à
jovem moça a convicção clara do Seu amor.”[224]
Consolação e convicção clara do amor de Deus. Esses são alguns frutos do
derramamento do amor pelo Espírito Santo aos nossos corações.
Dr.David McEwan, Diretor e professor da Faculdade
Teológica Nazarena da Austrália, no seu artigo “Amor, Santidade e Felicidade: A
receita Wesleyana para uma missão eficaz”, afirmou que como nós permitimos o
amor de Deus preencher o coração, nossas inclinações egoístas, egocêntricas e
voluntariosas são curadas e restauradas à sua orientação correta, primeiro em
direção a Deus, depois ao próximo e ao resto da criação.[225]
A experiência de Leif Hetland, fundador e presidente da Global Mission
Awareness, com o batismo do amor é muito relevante. Essa experiência mudou
radicalmente a sua vida.
Ele lembra que o amor é o nutriente essencial para o crescimento
espiritual do cristão. Segundo Leif, apesar de ter sido criado em uma família
cristã, ele tinha um vazio em sua alma por causa de vícios e abusos que sofreu
na adolescência. O derramamento do amor o curou.
Ele afirma que esse amor está disponível para nós hoje.
Wesley é muito claro quando lembra que há uma
saída para os que vivem sem esperança e sem alegria: “A tempestade não pode ser
apagada ou a paz jamais retornou à sua alma, a menos que a mansidão, a
gentileza, a paciência ou, em uma palavra, o amor, se apossem dela. Se
algum homem encontra em si mesmo má vontade, malícia, inveja ou qualquer outro
temperamento oposto à bondade, então a miséria está presente. Quanto mais
forte o temperamento, mais miserável ele é. A alma da pessoa maliciosa ou
invejosa é o próprio tipo de inferno - cheio de tormento e maldade. Ele já
tem o verme que nunca morre, e ele está se apressando para o fogo que nunca
pode ser apagado. O grande abismo ainda não está fixo entre ele e o
céu. Há um Espírito ainda esperando para renovar seu coração no
amor de Deus e assim levá-lo à felicidade eterna”.[226]
Repetindo essa última afirmação de Wesley, que revela que há uma esperança para os que vivem aflitos e deprimidos: Há um Espírito ainda esperando para renovar seu coração no amor de Deus e assim levá-lo à felicidade eterna.
2.Derramamento do amor é o caminho para a santidade
O derramamento do amor é necessário para alcançarmos a perfeição e o perfeito amor. O derramamento do amor nos leva à santidade e a santidade nos leva a ter um amor perfeito.
Wesley
disse: “A inteira santificação, ou perfeição cristã, não é nem mais nem menos
que amor puro; amor expulsa o pecado e governa tanto o coração como a vida de
um filho de Deus". - Obras, vol. vii.p.82”. [227]
No seu hino “O Gloriosa Esperança do Amor
Perfeito”, Carlos Wesley faz esse pedido ao Senhor:
E, com todos os santificados
Me dê muito amor,
Me dê muito amor.[228]
“Em seu sermão de 1746 “Justificação pela Fé”, Wesley liga a experiência
dos Romanos 5:5 à imagem do evangelho da árvore e seus frutos. Do pecador,
ele escreve, “seu coração é necessariamente, essencialmente, maligno, até que o
amor de Deus seja derramado ali. E enquanto a árvore é corrupta, assim são
os frutos; 'porque uma árvore má não pode dar bons frutos.' Antes da experiência de 5:5 de Romanos, não
pode haver bons frutos, pois a árvore é corrupta”.[229]
Importante ainda destacar que “especificamente, essa experiência
assegura ao cristão sua relação filial com Deus como uma revelação do amor de
Deus pelo filho de Deus”. [230]
Para Wesley, a experiência de Romanos 5.5 transmite aos cristãos o
conhecimento de que são filhos e filhas de Deus amados.
Essa experiência de Romanos 5.5 provoca amor por Deus, que primeiro nos
amou e nos leva a obedecê-lo. A obediência é um sinal do amor de Deus em nossa
vida.
“Os filhos de Deus têm “o amor de Deus derramado em seus corações,
vencendo o amor do mundo; e eles têm poder sobre todos os pecados, mesmo
aqueles que os assediaram facilmente”.[231]
Para Charles Finney, o perfeito amor é
necessário porque “todas as ações, palavras e pensamentos devem estar
continuamente sob o controle inteiro e perfeito do amor”, etc.[232]
3.O derramamento do amor e a salvação
Sabemos que pela fé somos justificados, mas a prática
do amor nos dá a certeza da salvação, pois sabemos que somos nascidos de Deus.
Paulo colocou o amor acima da fé e da esperança (1Co 13.13).
Importante recordar o que o apóstolo João escreveu
sobre o relacionamento do amor com a salvação: “Sabemos que já passamos da
morte para a vida porque amamos nossos irmãos. Quem não ama permanece na
morte” (1 João 3.14).
Amy Wagner[233], no seu artigo “Wesley sobre a fé, amor e a salvação”, diz: “A salvação começa com amor - o amor de Deus por nós e nossa resposta de amor a Deus e ao próximo”.[234]
Importante
lembrar também o alerta da Bíblia: “Esforcem-se para viver em paz com todos e
para serem santos; sem santidade ninguém verá o Senhor” (Hebreus
12.14). Santidade é uma vida de coração limpo, cheio de amor a Deus e ao
próximo.
Comentando sobre 1 Coríntios 13.3: "embora eu entregue todos os meus bens para alimentar os pobres, sim, embora eu dê meu corpo para ser queimado e não tenha amor, nada me beneficia", Wesley diz: “O principal sentido das palavras é, sem dúvida, o seguinte: Que tudo o que fizermos, e tudo o que sofrermos, se não formos renovados no espírito de nossa mente, pelo ‘amor de Deus derramado em nossos corações pelo Espírito Santo dado para nós, "não podemos entrar na vida eterna’.[235]
Como saber se somos de Deus?
Wesley
diz: “(...) amamos a Deus e guardamos os seus mandamentos, e ‘por este meio
sabemos também que somos de Deus”.[236]
Comentando
sobre 1 João 4.7, Wesley diz: “Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor
é de Deus; e todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus.
“Amemo-nos
uns aos outros” - Da doutrina que ele
acaba de defender, ele faz essa exortação. É pelo Espírito que o amor de
Deus é derramado em nossos corações. Todo aquele que ama verdadeiramente a
Deus e ao próximo é nascido de Deus”.[237]
A salvação começa com o amor - o amor de Deus por nós e nossa resposta de amor a Deus e ao próximo.[238]
4.O derramamento do amor nos impulsiona a amarmos a Deus
e realizarmos boas obras
Para Agostinho de Hipona, o amor de Deus é
derramado em nossos corações para podermos amar a Deus e fazer boas obras para
a Sua glória: “Aquele que é ao mesmo tempo Deus e homem pode nos reconciliar
com Deus pelo seu sangue. O Espírito então derrama o amor de Deus em
nossos corações, permitindo-nos amar a Deus e fazer boas obras para a Sua glória”.[239]
E Lutero dizia que Deus deve ser amado “em
seus sofrimentos, necessitados e vizinhos enfermos. Deus está assim
escondido dentro de humanos desfavorecidos (...)”.[240]
Importante ressaltar que as obras de
misericórdia entre os pobres, os doentes e os aprisionados praticadas e
ensinadas por Wesley surgiram de uma espiritualidade relacional baseada no amor
apaixonado por Deus.[241]
Wesley disse: “Nossa capacidade de amar o
próximo e oferecer benevolências de qualquer tipo também não é possível sem a
nossa fé e amor abundantes em Deus. Isso é repetido diversas vezes nos
ensinamentos do Apóstolo. Paulo escreve: 'Amados, se Deus nos amou também devemos nos amar uns aos outros”.[242]
No seu artigo
“O amor de Deus por nós”, o pastor presbiteriano Hernandes Dias Lopes descreve
o amor de Deus como imerecido, provado e abundante. Sobre Romanos 5.5, ele diz:
“O amor de Deus é abundante. A Escritura diz que o amor de Deus é
derramado em nosso coração pelo Espírito Santo. É uma espécie de chuvarada
bendita de amor que desce do céu sobre nós, regando nossa vida e fazendo-nos
frutificar para Deus”[243].
5.O derramamento do
amor nos estimula a salvar os pecadores
Charles Finney dizia que “um efeito do amor
perfeito a Deus e ao homem será, sem dúvida, que me deleitarei na abnegação por
amor a fomentar os interesses do reino de Deus e a salvação dos pecadores”.[244]
Uma pessoa que tem o perfeito amor está morta
para o mundo, diz Charles Finney. E conclui afirmando a importância de
buscarmos ser cheios de amor: “Amados, que nossos corações sejam estabelecidos
em amor perfeito, e não demos descanso a Deus até que nossos corações estejam
cheios de amor, e até que nossos pensamentos e nossas vidas estejam cheios de
amor a Deus e aos homens”.[245]
Importante lembrar
dos moravianos que experimentaram o derramamento do Espírito, em 1727, e o amor
de Deus em seus corações. O amor passou a motivá-los. No dia 3 de maio de 1728,
uma palavra de ordem para os moravianos foi:
Foi
o amor que o instigou de cima;
Foi o amor que o obrigou a sair do seu trono.
Então deixe-me dar-lhe amor por amor,
E mais uma vez, render-se a si mesmo.[246]
Eles iniciaram um movimento missionário mundial a partir de 1732.
Motivados pelo amor, conde Zinzendorf
escreveu:
“Instado pelo amor a todas as nações
Da raça humana caída
Vamos publicar a salvação de Cristo
E declare sua graça comprada pelo sangue;
Para exibi-lo e retratá-lo,
Na sua forma e beleza agonizante
Seja nosso objetivo e prazeroso dever”.[247]
John Stott foi um pastor
anglicano britânico, conhecido como um dos grandes nomes mundiais do meio evangélico.
Autor de alguns livros, dentre eles: “O discípulo radical”; “Como ser cristão”
e “A verdade do Evangelho”.
Ele afirmou: “Se realmente amamos nosso próximo, devemos, sem dúvida, compartilhar com ele as boas novas de Jesus. Como podemos alegar que o amamos se conhecemos o evangelho, mas o guardamos dele? Igualmente, no entanto, se amarmos verdadeiramente o nosso próximo, não pararemos com o evangelismo.[248]
Para ele, as duas
instruções de Jesus - “ame ao seu próximo” - e a grande comissão -“Ide e fazei
discípulos” - estão relacionadas. Se amamos realmente ao nosso próximo, vamos
levar a Boas Nova ao nosso próximo.
6.O derramamento do amor nos capacita para amarmos de forma eficiente
aos nossos irmãos e irmãs
O derramamento do amor
impulsiona para o aperfeiçoamento do amor. David Wilkerson ensina que o amor
deve ser aperfeiçoado e todo crente deve chegar a ter o amor perfeito: “(...)
as Escrituras descrevem claramente um caminho para todo crente ser capaz de
viver e servi-lo sem medo.
Deus nos mostra como podemos viver sem medo, em 1
João. O apóstolo João resume em um verso: “O amor perfeito lança fora o medo”
(4:18). Além disso, o apóstolo diz: "Não há temor no amor ... Aquele
que teme não é aperfeiçoado no amor" (mesmo verso). Em suma, se
estamos vivendo com medo, podemos saber que ignoramos o amor perfeito (...).
Certamente, amamos a Deus, fato que está além da
dúvida. Mas considere o que João diz sobre o amor perfeito no início do
capítulo: “Se nós amamos, Deus habita em nós e seu amor é
aperfeiçoado em nós” (4:12, itálicos meus). Segundo João, a primeira
consideração do amor perfeito é o amor incondicional por nossos irmãos e irmãs
em Cristo”.[249]
Charles Finney completa: “Aquele que é ao
mesmo tempo Deus e homem pode nos reconciliar com Deus pelo seu sangue. O
Espírito então derrama o amor de Deus em nossos corações, permitindo-nos amar a
Deus e fazer boas obras para a Sua glória”.[250]
John Stott escreveu certa vez: "Toda reivindicação de amar a Deus
é uma ilusão se não for acompanhada de amor abnegado e prático por nossos irmãos e irmãs".[251]
Ele disse
mais: “Nosso amor por Deus não pode ser separado de nosso amor pelas outras
pessoas, porque a maneira como demonstramos nosso amor por Jesus é pela maneira
como amamos os outros. A maneira como expressamos nosso amor pelo Senhor é
especialmente demonstrada pelo modo como tratamos sua noiva, a igreja. É
absurdo pensar que uma pessoa possa amar a Jesus, a quem ele nunca viu, se ele
não pode amar as pessoas da igreja - a noiva de Cristo - que ele pode ver.”[252]
Para Wesley, com o derramar do amor, nossos sentidos espirituais também são exercitados: “O filho de Deus ‘sente’ o amor de Deus derramado em seu coração pelo Espírito Santo que lhe é dado’; e todos os seus sentidos espirituais são então exercitados para discernir o bem e o mal espiritual.”[253]
Segundo Wesley “essa experiência assegura ao cristão sua relação filial
com Deus como uma revelação do amor de Deus pelo filho de Deus”. [254]
Sim, a experiência de Romanos 5.5 transmite aos cristãos o conhecimento
de que são filhos e filhas de Deus amados.
“A experiência de Romanos 5: 5 revela o favor de Deus aos filhos de
Deus, que eles recebem pela fé com gratidão. Em seu sermão de 1789 “A
Unidade do Ser Divino”, Wesley escreve: “A gratidão em relação ao nosso Criador
não pode deixar de produzir benevolência para os nossos semelhantes.”[255]
Escrevendo sobre Romanos 8.16, que afirma que o Espírito testifica com o
nosso espírito que somos filhos de Deus, Wesley diz: “Quando o Espírito de Deus
dá testemunho de nosso espírito, temos a certeza de que o Filho de Deus nos
amou, nos redimiu, nos libertou, nos fez um novamente com o Senhor, e nossa
resposta é amar a Deus e por amor do Senhor, amar o próximo. Após a união
do nosso espírito com o Espírito de Deus, os dois se unem em um testemunho
confirmando que somos filhos de Deus. Pois há apenas uma resposta à
confirmação do grande amor de Deus por nós, respondemos oferecendo amor”.[256]
Segundo Wesley, para sabemos se uma pessoa é filha de Deus, o Espírito Santo
deve conduzi-la a todos temperamentos e ações santas.
Ele cita a importância da prática do amor com uma das marcas essenciais para sabermos se uma pessoa é filha de Deus: “Deus nos chamou para sermos santos de coração e santos em conversas externas. É a Palavra de Deus que instilou em nós um coração amoroso para com Deus e para com todos [da humanidade], convidando-nos a abraçar cada criança com afeição sincera e terna, a fim de estarmos prontos a dar a vida por nosso irmão [ ou irmã, apenas] como Cristo deu a sua vida por nós”.[257]
Por estes
testemunhos de pessoas que marcaram uma época com seu ministério e vida de
amor, precisamos retomar esse tema e prática.
Vivemos um tempo
em que se enfatiza muito uma vida de vitória financeira, mas nem sempre temos
uma vida de testemunho e de vida em abundância.
A Igreja tem
muitos desafios na atualidade e os líderes religiosos passam por grandes lutas
para manterem suas ovelhas firmes na Igreja e fazendo a vontade de Deus. Mas não podemos negligenciar a Palavra de
Deus e deixarmos de seguir os passos de tantas pessoas que foram usadas
tremendamente por Deus por causa da experiência com o derramamento do amor em
seus corações.
A palavra de Paulo
à Igreja em Éfeso ainda é bem atual e necessária para os nossos dias:
“Portanto, sejam imitadores de Deus, como filhos amados, e vivam em amor, como
também Cristo nos amou e se entregou por nós como oferta e sacrifício de aroma
agradável a Deus” (Efésios 5.1-2).
Como disse o bispo
Paulo Lockmann, “(...) uma temática que além de ser atual é de uma relevância
bíblica decisiva, pois sem o
amor não haveria salvação: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o
seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a
vida eterna” (João 3:16).”[258]
[1] Partes de estrofes do hino de Carlos Wesley. https://finestofthewheat.org/o-glorious-hope-of-perfect-love/
[2] HEITZENHATER, Richard P., Wesley e o Povo Chamado Metodista, Editeo-Pastoral Bennett, 1996, p.79.
[3]https://www.christianitytoday.com/history/2019/february/charles-wesley-romance-love-sally-wesley.html.
[4]
https://www.poemhunter.com/poem/hymn-xxv-stupendous-love-of-god-most-high-2/
[5]https://www.christianitytoday.com/history/2019/february/charles-wesley-romance-love-sally-wesley.html.
[8]
WESLEY, João. Explicação clara
da perfeição cristã. São Paulo, Imprensa Metodista, 1984, p. 34.
[9]
Charles WESLEY. Hinos Curtos em Passagens Selecionadas da Sagrada
Escritura. 2 volumes, 1762 no jornal John WESLEY (ed.). Revista
Arminiana, 1779-1783. [=AJW].
http://portal.metodista.br/cew/acervo/charles-wesley-short-hymns
[10]https://portal.metodista.br/fateo/materiais-de-apoio/liturgias/arquivos-anteriores/Culto-FaTeo-2007---300-anos-de-Charles-Wesley.pdf.
[11]https://portal.metodista.br/fateo/materiais-de-apoio/liturgias/arquivos-anteriores/Culto-FaTeo-2007---300-anos-de-Charles-Wesley.pdf
[17]Mildred Olive Bangs Wynkoop (nascido em 9 de
setembro de 1905 em Seattle, Washington ,
falecido em 21 de maio de 1997 em Lenexa, Kansas )
foi um ministro ordenado na Igreja do Nazareno ,
que serviu como educador , missionário e teólogo ,
e o autor de Vários livros.Donald Dayton indica que "Provavelmente a mais
influente para uma nova geração de estudiosos da santidade tem sido o trabalho
do teólogo nazareno Mildred Bangs Wynkoop, especialmente seu livro A Teologia do Amor: A Dinâmica do Wesleyanismo ".
https://en.m.wikipedia.org/wiki/Mildred_Bangs_Wynkoop
[18]
https://www.catalystresources.org/a-theology-of-love/
[19] https://portal.metodista.br/fateo/noticias/AMOSTRA_DO_HMB.pdf. Versão de Simei Monteiro.
[20] Op.cit., Versão de Simei Monteiro.
[21] WESLEY, João. Trechos do Diário de João Wesley,
Ibidem, p. 20.
[22] HEITZENHATER, Richard P., Wesley e o Povo Chamado
Metodista, Editeo-Pastoral Bennett, 1996, p.303.
[23] WESLEY, João. Trechos do diário de João Wesley.
Ibidem, p.215.
[24] Idem.
[25] Ibidem, p. 21.
[26] Ibidem, p. 72.
[27] Ibidem, p. 22.
[28] Para James Fowler a fé tem estágios: “Quando
falamos do envolvimento de Deus no sentido de iniciar o relacionamento que
chamamos fé, normalmente fazemo-lo – pelo menos na tradição bíblica – em termos
das categorias de revelação e graça (...). Talvez a coisa mais importante que
se pode dizer ao concluir este livro é que nosso estudo do desenvolvimento da
fé, até agora, sublinha o fato de que nós, seres humanos, parecemos ter uma
vocação genérica – um chamado universal – para nos relacionarmos com o Fundamento
do Ser em um relacionamento de confiança e lealdade.” (Estágios da fé, Ibidem,
p.247-8)
[29] James Fowler afirma que “a fé é interativa e
social, requer comunidade, linguagem, ritual e alimentação. A fé também é
moldada por iniciativas que vem de além de nós e de outras pessoas, iniciativas
de espírito ou graça” (Ibidem, p.10).
[30] LELIÈVRE, Mateo, Ibidem, p.64.
[31]Whitefield nasceu em Gloucester, Inglaterra, no dia
16/12/1714. Seus pais eram zeladores da Estalagem do Sino. O Clube Santo o
ajudou no propósito de ter uma vida santa. Sua experiência espiritual foi em
1735, antes dos irmãos Wesley. Foi maior pregador do que Wesley com quem
divergiu em relação a predestinação. No Anexo, abordaremos sobre a vida de
Whitefield.
[32] Benjamim Ingham
pertencia ao Clube Santo e foi para a Geórgia junto com os Wesleys e com
Carlos Delamontte, outro membro do Clube Santo (LELIÈVRE, Mateo, Ibidem, p.
52-3).
[33] Carlos Wesley
nasceu em 18 de dezembro de 1708 e escreveu mais de seis mil hinos, que
eram cantados com entusiasmo pelo povo. No Anexo, abordaremos sobre sua vida.
[34] HEITZENHATER, Richard P., Ibidem, p. 79-0.
[35]HEITZENHATER, Richard P.
Ibidem, p.76. O Conde Nicolau
von Zinzendorf nasceu em Dresden, no dia 26 de maio de 1700. Seu pai era um
alto oficial da Corte eleitoral da Saxônia. Seu pai morreu cedo e a mãe se
casou de novo. Ele foi criado pela avó, a baronesa pietista Henrietta Catarina
von Gersdorf. No Anexo, abordaremos sobre a vida do Conde Zinzendorf.
[36] Ibidem.
[37] Ibidem, p. 24.
[38] WESLEY, João. Trechos do diário de João
Wesley, Ibidem, p.24.
[39] A “Experiência Mística” de Wesley, segundo Casiano Floristán e Juan José Tamayo, se enquadra igualmente nas experiências de
seus companheiros relatadas anteriormente (Conceptos fundamentales del cristianismo, Ibidem, p.487).
[40] HEITZENHATER, Richard P.,
Ibidem, p. 80.
[41] Ibidem.
[42] LELIÈVRE, Mateo, Ibidem, p.66.
[43]
http://www.dunedinmethodist.org.nz/articles/view/my-heart-strangely-warmed/
[44] WESLEY, João. Trechos do diário de João Wesley.
Ibidem, p.25.
[45] HEITZENHATER, Richard P., Wesley e o Povo Chamado
Metodista, Editeo-Pastoral Bennett, 1996, p.303.
[46] REILY, Duncan Alexander. O Metodismo brasileiro e
wesleyano, Ibidem, p. 91.
[47]https://www.moumethodist.org/newsdetail/the-meaning-of-the-aldersgate-experience-11412869.
[48] WESLEY, João. Trechos do diário de João Wesley.
Ibidem, p.25.
[49] Segundo a Bible Study Tools, Romanos 5. 5 "é
um PERFEITO INDICATIVO PASSIVO; literalmente, "o amor de Deus tem
sido e continua a ser derramado’. Este VERBO foi frequentemente usado para
se referir ao Espírito Santo (veja Atos 2:17 ,
18, 33, 10:45 e Tito 3: 6 ),
o que pode refletir a passagem em Joel 2: 28-29” .https://www.biblestudytools.com/commentaries/utley/romanos/romanos5.html.
[51] http://www.wordofgodtoday.com/romans-chapter-5/
[52] BURTNER, Robert - CHILES, Robert. Coletânea da
Teologia de João Wesley. Junta Geral de Educação Cristã, Imprensa Metodista,
1960, p. 207.
[53]
https://www.umcdiscipleship.org/resources/history-of-hymns-jesu-thy-boundless-love-to-me
[54] Idem.
[55] Idem.
[56]NASMITH, Ben - https://medium.com/@BNasmith/john-wesley-on-the-love-of-god-shed-abroad-in-our-hearts-9b9c45cf66b3 - As Obras de John Wesley [vol. 2; ed. AC
Outler; Abingdon, 1985], 433.
[57] WESLEY, João. Trechos do diário de João Wesley,
ibidem, p. 105.
[58] Ibidem, p.97.
[59] WESLEY, John. Explicação clara da perfeição
cristã. Imprensa Metodista, São Bernardo do Campo, SP, 1984, p.111.
[60]http://metodistabacacheri.com.br/site/wp-content/uploads/2011/07/As-marcas-do-novo-nascimento-John-Wesley.pdf
[61] ENSLEY, Francis Gerald. João Wesley, o
Evangelista. São Bernardo do Campo, SP, Imprensa Metodista. 1960. http://www.nazarenopaulista.com.br/estudos/Joao_Wesley_O_Evangelista.pdf
[62] Idem.
[63] Henry H. Knigt III é professor de Estudos
Wesleyanos na Escola de Teologia de Saint Paul em Kansas City, Missouri e autor
de diversos livros, dentre eles: “De
Aldersgate a Azusa Street:”; “ A Presença
de Deus na Vida Cristã: John Wesley e os Meios da Graça “.
[64]
https://www.catalystresources.org/a-theology-of-love/
[65] WESLEY, John. Explicação clara da perfeição
cristã. Imprensa Metodista, São Bernardo do Campo, SP, 1984, p.53.
[66]
https://www.asbury.edu/about/spiritual-vitality/faith/wesleyan-holiness-theology/
[67] https://portal.metodista.br/fateo/materiais-de-apoio/liturgias/arquivos-anteriores/Culto-FaTeo-2007---300-anos-de-Charles-Wesley.pdf
[69] SMITH, J.Warren. “Estar
aberto ao Espírito de Deus: a teologia de Wesley sobre os meios da graça” -
https://wesleyancovenant.org/2018/05/17/being-open-to-the-spirit-of-god-wesleys-theology-of-the-means-of-grace/
[70] NASMITH, Ben -
https://medium.com/@BNasmith/john-wesley-on-the-love-of-god-shed-abroad-in-our-hearts-9b9c45cf66b3
[71]
https://www.biblesnet.com/john-wesley-way-of-the-kingdom.pdf.
[72] Idem.pdf
[73] WESLEY, John. Explicação clara da perfeição
cristã. Imprensa Metodista, São Bernardo do Campo, SP, 1984, p.101.
[74] BURTNER, Robert - CHILES, Robert. Coletânea da
Teologia de João Wesley. Junta Geral de Educação Cristã, Imprensa Metodista,
1960, p. 207.
[76]
https://www.ministrymatters.com/all/entry/6401/the-wesleys-holiness-and-life-in-the-spirit.
[77]NASMITH, Ben -
https://medium.com/@BNasmith/john-wesley-on-the-love-of-god-shed-abroad-in-our-hearts-9b9c45cf66b3
[78] Idem.
[79]Professor de Física e teólogo
amador. Interessado em experiência como fundacional para teologia. Mestre
em Artes em Estudos Teológicos (2017) - Seminário Briercrest, Caronport
SK. Tese: Idolatria Cognitiva e a Trindade na Filosofia de Paul K.
Moser. Mestrado em Física (2008) - Royal Military College, Kingston
ON. Tese: Estendendo a Teoria de Londres para Incluir Campos
Elétricos Estáveis na Supercondutividade. Bacharel em Ciências com Honras
Combinadas em Matemática e Física (2007) - Royal Military College, Kingston ON.
- https://medium.com/@BNasmith/john-wesley-on-the-love-of-god-shed-abroad-in-our-hearts-9b9c45cf66b3. https://hcommons.org/members/bnasmith/.
[80] NASMITH, Ben -
https://medium.com/@BNasmith/john-wesley-on-the-love-of-god-shed-abroad-in-our-hearts-9b9c45cf66b3
[81] Idem.
[82] WESLEY, John. Explicação clara da perfeição
cristã. Imprensa Metodista, São Bernardo do Campo, SP, 1984, p.90.
[83] NASMITH, Ben -
https://medium.com/@BNasmith/john-wesley-on-the-love-of-god-shed-abroad-in-our-hearts-9b9c45cf66b3
[84] http://
thomasjayoord.com/index.php /blog/arghives/john
[85] NASMITH, Ben -
https://medium.com/@BNasmith/john-wesley-on-the-love-of-god-shed-abroad-in-our-hearts-9b9c45cf66b3
[86] NASMITH, Ben -
https://medium.com/@BNasmith/john-wesley-on-the-love-of-god-shed-abroad-in-our-hearts-9b9c45cf66b3
[87] Idem.
[88] Idem.
[89] Idem.
[90] WESLEY, John. “O meio bíblico da salvação” in
Sermões de Wesley. Segundo volume, São Bernardo do Campo, SP, Imprensa
Metodista, 1981, p.354.
[91] NASMITH, Ben -
https://medium.com/@BNasmith/john-wesley-on-the-love-of-god-shed-abroad-in-our-hearts-9b9c45cf66b3
[92] Idem.,
[93] BURTNER, Robert - CHILES,
Robert. Coletânea da
Teologia de João Wesley. Junta Geral de Educação Cristã, Imprensa Metodista,
1960, p. 208.
[94]
https://blog.umcdiscipleship.org/holiness-of-heart-and-life-part-3-of-6/
[95] NASMITH, Ben -
https://medium.com/@BNasmith/john-wesley-on-the-love-of-god-shed-abroad-in-our-hearts-9b9c45cf66b3
[96] Idem.
[97] Idem.
[98] BURTNER, Robert W.; CHILES, Robert E. Coletânea da
Teologia de João Wesley. JGEC. São Paulo: Imprensa Metodista, 1960, p.207.
[99]
https://quizlet.com/24221860/wesleys-favorite-scriptures-flash-cards/
[100]https://deadheroesdontsave.com/2014/01/15/john-wesley-1-john-favorite-book-impact-theology/
[101]
https://wesleyanarminian.wordpress.com/2011/04/14/the-bible-and-john-wesley/
[103]
https://www.biblestudytools.com/dictionary/inward-man/
[104] Idem.
[105]
https://faithcometh.wordpress.com/2010/08/11/the-hidden-man-of-the-heart/
[106]
www.teologica.net/revista/index.php/teologicaonline/article/view/89/94
[108] www.teologica.net/revista/index.php/teologicaonline/article/view/89/94
[109]INTEIRA SANTIFICAÇÃO,
“Visão de John Wesley”, por Rev. DA Whedon -
http://media.sabda.org/alkitab-6/wh2-hdm/hdm0212.pdf After being filled with
love, there is no more interruption of it than of the beating of his
[110] Idem.
[111] http://home.snu.edu/~hculbert/entire.htm
[112]
https://www.soulshepherding.org/warming-cold-hearts-gods-love-john-wesley/
[113] Idem.
[114]
https://www.agodman.com/blog/our-regenerated-spirit-inner-man-indwelling-christ-person/
[115] http://www.reformation21.org/blog/2018/11/luther-law-and-love.php
[116] Idem.,
[117]Christian Love: The Key to
Wesley's Ethics by Leon O. Hynson.
archives.gcah.org/.../Methodist-History-1975-10-Hynson.pdf?
[118]http://oxfordre.com/religion/view/10.1093/acrefore/9780199340378.001.0001/acrefore-9780199340378-e-333
[119]A Disputa de Heidelberg aconteceu no
salão de leitura da ordem dos agostinianos de Heidelberg em
25 de abril de 1518[1].
Foi nela que Martinho Lutero, como delegado de sua ordem, teve a primeira
oportunidade de articular suas visões reformistas. Em defesa de suas teses,
que culminavam num contraste entre o amor divino e o amor profano (humano)[2],
Lutero defendeu a doutrina da depravação humana e do
aprisionamento do arbítrio (em oposição ao livre arbítrio).
https://pt.wikipedia.org/wiki/Disputa_de_Heidelberg
[120]
https://world.regent-college.edu/leading-ideas/the-reformation-of-love
[121] Idem.
[122] Idem.
[124]
http://thinkingtheologian1.blogspot.com/2014/01/luther-and-holy-spirit-in-catechisms.html
[125] Idem.
[126] Idem.
[127] Idem.
[131]http://oxfordre.com/religion/view/10.1093/acrefore/9780199340378.001.0001/acrefore-9780199340378-e-333
[132]
http://www.augsburgfortress.org/media/downloads/9781451487725_Chapter1.pdf
[133] The Oxford Handbook of Ethological Ethics, G. Meilaender, W. Werpehowski, 2007, p. 456. www.maranathamedia.com/.../for-the-love-of-god-eros-agape-and-carit...
[134] faje.edu.br/periodicos/index.php/pensar/article/viewFile/2775/2952
[140] O AMOR NA POLÍTICA: UM DIÁLOGO ENTRE HANNAH ARENDT
E SANTO AGOSTINHO, por Renato Augusto Carneiro Jr.
https://revistas.ufpr.br/historia/article/view/11324.
[141] A Bíblia de Jerusalém - https://www.bibliacatolica.com.br/la-biblia-de-jerusalen-vs-biblia-ave-maria/i-corintios/13/ - e a Bíblia Católica Online - https://www.bibliacatolica.com.br/biblia-ave-maria/i-corintios/13/ - traduzem amor como caridade.
[143] A Bíblia do Rei Jaime (ou Tiago),
também conhecida como Versão Autorizada do Rei Jaime (em inglês: Authorized
King James Version), é uma tradução inglesa da bíblia realizada
em benefício da Igreja Anglicana,
sob ordens do rei Jaime
I no início do século
XVII. É o livro mais publicado na língua inglesa sendo
considerado um dos livros mais importantes para o desenvolvimento da cultura e
língua inglesa. https://pt.wikipedia.org/wiki/B%C3%ADblia_do_Rei_Jaime
[144] http://www.thetransformedsoul.com/additional-studies/spiritual-life-studies/the-essence-of-loving-god; https://banneroftruth.org/media/flippingbook/CrossPulpitofGodsLove/5/.
[145] https://en.m.wikipedia.org/wiki/Augustine_of_Hippo
[146]https://wesleyancovenant.org/2018/05/17/being-open-to-the-spirit-of-god-wesleys-theology-of-the-means-of-grace/
[147] https://books.google.com.br/books?isbn=852750796X
[148] http://www.readingaugustine.com/?p=310
[149]
http://thomasjayoord.com/index.php/blog/archives/beyond_wynkoops_love_language
[150] http://cprf.co.uk/articles/covenant3.htm
[151]
http://www.thefoundrycommunity.com/holiness-and-tragic-necessity/
[153] https://books.google.com.br/books?isbn=0889202036
[157] BURTNER, Robert - CHILES, Robert. Coletânea da Teologia de João Wesley. Junta Geral de Educação Cristã,
Imprensa Metodista, 1960, p. 208.
[159] NASMITH, Ben -
https://medium.com/@BNasmith/john-wesley-on-the-love-of-god-shed-abroad-in-our-hearts-9b9c45cf66b3
[160]
Idem.
[161] Idem.
[162]
É verdade que em alguns textos bíblicos vemos que foi utilizada a palavra
phileo para falar do amor do Pai por Jesus (João 5.20; 16.27), mas a maior
parte dos textos bíblicos mostra que o amor de Deus por Jesus, por aqueles que
creem e pela humanidade foi ágape (Mateus 3.17; João 3.16; João 17.26; João
14.21). http://www.biblestudymanuals.net/love.htm.
[163]
https://www.biblegateway.com/passage/?search=John+15&version=MOUNCE
[165]
Steven W. Manskar, Um Amor Perfeito: Entendendo John Wesley, "Um
Relato Simples da Perfeição Cristã" , (Nashville: Discipleship
Resources, 2004), 41.
[166] http://www.ccmc.org.sg/4-great-emphases-of-methodist-christianity
[167]http://www.umc.org/what-we-believe/what-did-john-wesley-mean-by-moving-on-to-perfection
[168]
https://www.catalystresources.org/a-theology-of-love/4
[169]
BURTNER, Robert - CHILES, Robert. Coletânea da Teologia de João Wesley. Junta
Geral de Educação Cristã, Imprensa Metodista, 1960, p. 210.
[170]
http://www.craigladams.com/Books/Wesley/page6/
[171]
BURTNER, Robert - CHILES, Robert. Coletânea da Teologia de João Wesley. Junta
Geral de Educação Cristã, Imprensa Metodista, 1960, p. 205.
[172]
https://www.christianity.com/bible/commentary.php?com=wes&b=62&c=4
[173] https://www.craigladams.com/Books/Wesley/page6/ - Obras, vol. vii.p.82
[174]http://wesley.nnu.edu/john-wesley/the-sermons-of-john-wesley-1872-edition/sermon-139-on-love/
[175] http://thomasjayoord.com/index.php/blog/archives/john.
[176]
Wesley, Sermão 43, “O Caminho bíblico da Salvação”, § 9, em Sermões II, 2: 160.
[177]
BURTNER, Robert - CHILES, Robert. Coletânea da Teologia de João Wesley, op.
cit, p. 213.
[178] Op,cit, p.210.
[179]
https://www.craigladams.com/Books/page335/page343/
[180] Idem.
Wesley's Sermons, Vol. VI.
[181] Idem.
[182] Dr.
Joseph Dongell é professor de estudos bíblicos e diretor de estudos gregos no
Asbury Theological Seminary, onde atuou por mais de 25 anos. Ele é um ministro
ordenado na Igreja Wesleyana. https://secure.wesleyan.org/3095/three-waves-from-wesley-3rd-of-4-installments.
[183]
https://secure.wesleyan.org/3095/three-waves-from-wesley-3rd-of-4-installments
[184]
Policarpo foi um bispo da
igreja de Esmirna do
século II.De acordo com a obra "Martírio de Policarpo", ele foi apunhalado
quando estava amarrado numa estaca para ser queimado-vivo e
as chamas milagrosamente não o tocavam. Policarpo havia sido discípulo do apóstolo
João, fato atestado pelo Bispo Ireneu de Lyon,[ que
ouviu-o discursar quando jovem, e por Tertuliano - https://pt.wikipedia.org/wiki/Policarpo_de_Esmirna
[185]
Epístola de Policarpo aos filipenses. http://www.newadvent.org/fathers/0136.htm
[187]https://wesleyancovenant.org/2018/05/17/being-open-to-the-spirit-of-god-wesleys-theology-of-the-means-of-grace/
[188] Idem.
[189]
https://www.craigladams.com/Books/Wesley/page6/
[190] Idem.
[191] http://bible.christiansunite.com/wes.cgi?b=Ro&c=5
[192]
WESLEY, João. As Marcas de Um Metodista. Publicado pelo Departamento de
Editoração, São Paulo, [s.d.], p.3.
[193]
BUYERS, Paul Eugene. Diário de João Wesley. São Paulo, Imprensa Metodista,
1965, p.192.
[194]
WESLEY, João. Trechos do diário de João Wesley. Traduzido por Paul Eugene
Buyers. São Paulo: Imprensa metodista, 1965, p.124.
[195]
Idem, p; 126.
[196]
Idem, p. 128.
[197]
Idem, p.87.
[198]
http://www.mymethodisthistory.org.uk/page_id__731.aspx
http://archives.gcah.org/bitstream/handle/10516/9966/Methodist-History-2017-10-Maddox.pdf?sequence=1&isAllowed=yhttp://www.wikidata.org/wiki/Q18759267
https://archive.org/details/memoirsofmrseliz00bulm
[199] http://weeklywesley.blogspot.com.br/2011/03/richard-rodda-methodist-preacher.html
http://www.christian-witness.org/archives/cetf2007/wesleybro39.html
http://holinesslibrary.com/index/htec/r/richard-rodda/
http://archival-classic.sl.nsw.gov.au/item/itemdetailpaged.aspx?itemid=411760
http://www.mymethodisthistory.org.uk/page_id__731.aspx
http://archives.gcah.org/bitstream/handle/10516/9966/Methodist-History-2017-10-Maddox.pdf?sequence=1&isAllowed=yhttp://www.wikidata.org/wiki/Q18759267
[200]
*Os levantes jacobitas, uma série de insurreições,
rebeliões e batalhas nos
reinos da Inglaterra, Escócia
e Irlanda ocorridas
entre 1688 e 1746. As insurreições
tinham o objetivo de reconduzir Jaime II
da Inglaterra, e mais tarde os descendentes da Casa de Stuart,
para o trono após este ter sido deposto pelo Parlamento durante
a Revolução
Gloriosa. A origem do nome da série de conflitos está
em Jacobus, a forma latina do nome
inglês James. Apesar de cada levante jacobita ter características únicas, eles
foram parte de uma série maior de campanhas militares dos jacobitas,
a chamada mesmo a Guerra Jacobita, na tentativa de
reconduzir os reis Stuart aos tronos da Escócia e Inglaterra
Fonte: (https://pt.wikipedia.org/wiki/Levantes_jacobitas).
http://holinesslibrary.com/index/htec/m/alexander-mather/
https://www.francisasburytriptych.com/alexander-mather/
http://weeklywesley.blogspot.com.br/2010/11/alexander-mather-methodist-preacher.html
http://www.npg.org.uk/collections/search/portrait/mw64790/Alexander-Mather
[201] Rev. J. Wesley’s. The Works of the Rev. John
Wesley, A.M. , Volume II, Journal, May, 1776 and april, 1776. New York, 1837.
Numerous Translations and Notes by John Emory.
[202]
http://www.goforthall.org/articles/jw_dscplshp.html
[203] Idem.
[204] BURTNER, Robert; CHILES, Robert. Coletânea
da Teologia de João Wesley, ibidem, p.264.
[205]
http://www.nph.com/nphweb//html/ht/article.jsp?id=10008759
[207]
HEITZENHATER, Richard P. Wesley e o povo chamado metodista. Editeo- Pastoral
Bennett, 1996, p.104.
[208]
http://www.disciplewalk.com/files/Joel_Comiskey_Methodist.pdf.
[209]
LELIÈVRE, Mateo. João Wesley, Sua vida e obra. Editora Vida, 1997, p.118.
[210]
Existiam diversas sociedades na Inglaterra. Wesley e outros líderes do Clube
Santo lideravam algumas, mas não necessariamente elas eram consideradas
metodistas (HEITZENHATER, Richard P., Ibidem, p.103).
[211]
http://blogs.nazarene.org/rev4/2011/04/02/the-bands.
[212]
William D.Mounce é o filho do notável estudioso Robert H. Mounce . Ele
vive como escritor em Washougal ,
Washington. Ele é o Presidente da BiblicalTraining , uma
organização sem fins lucrativos que oferece recursos educacionais para
discipulado na igreja local. Ele também administra o Teknia , um site comprometido
em ajudar as pessoas a aprender o grego bíblico. Em seu site pessoal, ele
escreve três blogs.
[213]
https://books.google.com.br/books?isbn=8566217675.
[214]
Casado com Kelly, pai de 2 filhos: Israel e Lissa. Pastor da Comunidade
Alcance em Curitiba/PR, Brasil, e responsável pelo Orvalho .Com - um ministério
de ensino bíblico ao Corpo de Cristo. Pastor Luciano Subirá tem ministrado em
encontros da Igreja Metodista. https://www.facebook.com/pg/LucianoSubira/about/?ref=page_internal
[215]
https://books.google.com.br/books?isbn=8576896443
[216]
Idem.,
[217]http://www.yousubtitles.com/Supernatural-Baptism-of-Love-Leif-Hetland-Sid-Roths-Its-Supernatural-id-720459
[218] William D.
Mounce - https://www.billmounce.com/greek-dictionary/dioko
[219] https://www.sermoncentral.com/sermon-illustrations/9043/juan-carlos-ortiz-calls-that-mashed-potato-by-melvin-newland.
[220]
Israel Belo de Azevedo, graduado em comunicação, pós-graduado em história e em
teologia e doutor em filosofia, tem vários livros lançados nas áreas de
filosofia, história, cultura e teologia, entre eles Apologética Cristã e O
Fruto do Espírito, publicados por Edições Vida Nova. Jornalista desde 1970, é
pastor da Igreja Batista Itacuruçá, na Tijuca, na cidade do Rio de Janeiro. Foi
professor e diretor do Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil e
vice-reitor da Universidade Gama Filho. https://vidanova.com.br/54_israel-belo-de-azevedo
[221]http://www.prazerdapalavra.com.br/mensagens/por-livros-da-biblia/novo-testamento/350-galatas/galatas-5/4281-galatas-522-o-amor-no-espirito-santo-o-fruto-do-espirito-2
[223]
BURTNER, Robert - CHILES, Robert. Coletânea da Teologia de João Wesley. Junta
Geral de Educação Cristã, Imprensa Metodista, 1960, p. 207.
[224]
WESLEY, João. Trechos do diário de João Wesley, ibidem, p. 105.
[225]
David McEwan , Ph.D.Decano Acadêmico e Diretor de Pesquisa, Professor
Associado de Teologia e Teologia Pastoral, Faculdade Teológica Nazarena
(Brisbane, Austrália); Diretor do Centro Australasiano de Pesquisa
Wesleyana. O Dr. McEwan tem pastoreado igrejas nazarenas na Escócia, Inglaterra
e Austrália antes de se tornar Decano Acadêmico e Professor de Teologia na
Faculdade Teológica Nazarena, em Brisbane, em 1997. http://www.mwrc.ac.uk/david-mcewan;
https://espace.library.uq.edu.au/view/UQ:373739/UQ373739_OA.pdf.
[226]
https://eurekaimpact.wordpress.com/2010/08/05/the-timely-ominous-message-of-john-wesley-is-more-relevant-today-than-at-any-time-in-the-past-that-only-love-can-heal-our-human-woundedness-and-our-broken-world/
[227]
http://www.craigladams.com/Books/Wesley/page6/
[228]
https://finestofthewheat.org/o-glorious-hope-of-perfect-love/
[229]NASMITH, Ben - https://medium.com/@BNasmith/john-wesley-on-the-love-of-god-shed-abroad-in-our-hearts-9b9c45cf66b3
[230]
Idem.
[231]
Idem.
[232]
Idem.
[233]
Diretora de Desenvolvimento e Revitalização da Congregação na WPAUMC, Metodista
Unida, EUA - https://www.linkedin.com/in/amy-wagner-02b31725.
[234]
https://www.catalystresources.org/wesley-on-faith-love-and-salvation/
[235]
http://wesley.nnu.edu/john-wesley/the-sermons-of-john-wesley-1872-edition/sermon-139-on-love/
[236]
BURTNER, Robert – CHILES, Robert – A coletânea da Teologia de João Wesley,
op.ct, p.205.
[237]
https://www.christianity.com/bible/commentary.php?com=wes&b=62&c=4
[238]
https://www.catalystresources.org/wesley-on-faith-love-and-salvation/
[239]
http://cprf.co.uk/articles/covenant3.htm
[240]http://oxfordre.com/religion/view/10.1093/acrefore/9780199340378.001.0001/acrefore-9780199340378-e-333
[241]
https://www.catalystresources.org/wesley-on-faith-love-and-salvation/
[242]
http://wsumc.com/multimedia-archive/gods-love-fallen-man/
[246]
http://countzinzendorf.ccws.org/moravians/index.html
[247]
http://womenofchristianity.com/the-moravian-revival-1727-by-oswald-j-smith/
[248]
https://studyandliturgy.wordpress.com/2012/02/19/john-stott-on-being-missional/
[249]
https://worldchallenge.org/content/living-without-fear
[250]
http://cprf.co.uk/articles/covenant3.htm
[251]
http://vitalchurch.online/2017/03/05/john-stott-love/
[252]
Idem.
[253]
NASMITH, Ben -
https://medium.com/@BNasmith/john-wesley-on-the-love-of-god-shed-abroad-in-our-hearts-9b9c45cf66b3
[254]
Idem.
[255] Idem.
[256]
http://wsumc.com/multimedia-archive/witness-of-the-spirit/
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