Derramamento do amor

 

Uma urgência para nossos dias 


Tomo 1

 

Odilon Massolar Chaves

 

 

 

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Odilon Massolar Chaves é pastor metodista aposentado, doutor em Teologia e História pela Universidade Metodista de São Paulo.

Sua tese tratou sobre o avivamento metodista na Inglaterra no século XVIII e a sua contribuição como paradigma para nossos dias.

Foi editor do jornal oficial metodista e coordenador de Curso de Teologia.

É escritor, poeta e youtuber.

Toda glória seja dada ao Senhor


 

 

“Ó gloriosa esperança de amor perfeito! 
Isso me eleva às coisas acima; 
Tem asas de águia. 
Dá a minha alma arrebatada um gosto 
E me faz por alguns momentos festa (...)”.[1]
 

Charles Wesley 
(1707-1788)

 

 

 

Índice

 

Prefácio

Introdução

O amor de Deus nos hinos de Carlos Wesley

O derramamento do amor no coração de Wesley

O derramamento do amor segundo Wesley

A chave para entendermos sobre o derramamento do amor

A ênfase de Lutero no amor ágape

O amor como caridade segundo Agostinho

Do amor fingido ao perfeito amor

O amor de Deus na vida dos primeiros metodistas

Segui o amor

O propósito do derramamento do amor 

 

 

 

Prefácio

 

Variações sobre o “Derramamento do Amor, uma urgência para nossos dias”, conforme o Rev. Odilon Massolar Chaves.

Me sinto privilegiado por ter sido convidado pelo Rev. Odilon para prefaciar o seu livro sobre o “Derramamento do Amor, uma urgência para nossos dias”. Primeiro porque o Rev. Odilon mais que colega de ministério, tem sido amigo. Temos caminhado juntos em diversos momentos do nosso ministério.

Por outro lado, sou um admirador da vida e ministério de seu pai Rev. Adherico, de sua mãe dona Roza, gente santa e crente. Gente que inspirou a muitos.

Este livro dá continuidade a uma longa vocação de escritor do Rev. Odilon. Com o coração voltado para a missão e o pastoreio, Odilon consegue captar na Bíblia e na História da Igreja elementos desafiadores à Igreja dos nossos tempos. Inspirar, instruir e desafiar faz parte desta longa vocação de escritor.

Este livro que começa pela Bíblia e perpassa as figuras mais expressivas da história da Igreja, como Agostinho, Lutero, Wesley, traz uma temática que além de ser atual é de uma relevância bíblica decisiva. Pois sem o amor não haveria salvação: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (João 3:16)

Ao mesmo tempo o tema toca nosso momento, pois é visível à vista das tragédias de violência e morte que contemplamos, onde fica evidente que as pessoas estão odiando mais que amando, e com tristeza vejo que até em ambiente cristão cresce a carência de atos de amor.

Quando falamos da consequência da prática do amor que é o exercício do perdão, mais fragilidade e carência percebemos.

Num quadro assim carecemos de um derramar do amor de Deus nos corações, e é disto que este livro trata. Começando por Paulo e suas reflexões, vamos viajando na história e aprendendo que Lutero dignificou o amor entrega, Carlos Wesley foi decisivamente inspirado por um coração amoroso, Wesley além de poesia, ensinou e pregou o amor incondicional.

Os pregadores do Metodismo primitivo foram movidos de amor pelos perdidos.

Mergulhe você também nesta descrição feliz do sentimento que vem de Deus que é o AMOR, pois: “DEUS É AMOR” (I Jo. 4,8).

 

Bispo Paulo de Tardo de Oliveira Lockmann  

                               

Introdução 

 

O livro “Derramamento do amor, uma urgência para nossos dias” tem como texto base Romanos 5.5 e Efésios 3.16-19 onde Paulo fala do derramamento do amor de Deus em nossos corações pelo Espírito Santo e o fortalecimento do homem interior pelo Espírito Santo. Mas, especialmente, seguimos os ensinamentos de João Wesley com seus comentários bíblicos.

O fato é que o amor é o início e o propósito final da vida cristã. Você ama porque Deus o amou primeiro e o propósito da vida cristã é alcançar o perfeito amor. E só é possível alcançar o perfeito amor com a perfeição cristã.

O derramamento do amor, conforme Romanos 5.5, é fundamental para alcançarmos o perfeito amor.

Para Wesley, o derramamento do amor é o impulso, o motor necessário para se alcançar a perfeição cristã e o perfeito amor.

Grandes líderes concordam em um ponto chave: o amor derramado pelo Espírito é essencial para amarmos a Deus e o próximo. É a razão de ser e o ponto inicial e de chegada da vida cristã.

Jesus e os apóstolos João e Paulo realçaram a importância do amor. O amor é a base da santidade. A experiência com o derramamento de amor é fundamental para o amadurecimento espiritual, emocional e também para a prática pastoral.

Este livro tem como propósito resgatar a ênfase na prática do amor ágape, conforme a Bíblia e os ensinamentos de Wesley.

A maior parte dos membros da Igreja conhece o Caminho e a Verdade, mas nem todos experimentaram a Vida em abundância que Jesus prometeu dar. Falta receber o derramamento do amor que cura as feridas, santifica e faz com que Jesus reine nos corações.

Wesley resgatou a doutrina da santidade em seu tempo e entendeu que esta era a missão, o “grande depósito”, que Deus concedeu ao povo chamado metodista.

Hoje precisamos também urgentemente restaurar a doutrina da santidade, a perfeição cristã que gera o perfeito amor em nossas vidas. Há um grande déficit de amor na Igreja, família e mundo.

Além do “Derramamento do amor”, Tomo 1, mais dois livros compõe a série: “Derramamento do  amor no ensino de grandes líderes”, Tomo 2, e “O propósito do Derramamento do amor”, Tomo 3.

Nossos agradecimentos ao bispo Paulo Lockmann pela sua participação e suas palavras carinhosas no prefácio deste livro. Agradecemos a Eliede Castro Massolar e a pastora Dilcilene Couto pelas correções e sugestões.

Que o Espírito Santo ilumine a sua mente na leitura deste livro e encha seu coração de amor.  

O Autor                       

 

 

 

O amor de Deus nos hinos de

 Carlos Wesley

 

 

“Ó Amor Divino, rico,

 Alegria traz do céu;
     Faz de nós moradas simples,
        Com mercê que é fiel.
     Cristo, pura compaixão és;
        Infinito, puro amor”

 

     (Carlos Wesley)

 

No capítulo anterior, vimos sobre a essência do amor ágape. Ele é um amor imerecido e que se doa. O amor ágape busca o bem maior da outra pessoa, mesmo que ela seja indigna.

O amor ágape é um amor sacrificial, que nega a si mesmo em benefício do próximo. Ágape é o termo usado para descrever o Deus que é amor.

Ágape é definido também como boa vontade para com todas as pessoas que Deus criou. É o amor como uma ação que promove o bem-estar. O amor ágape é “benevolência”.

Deus é a fonte do amor. Ele nos capacita a amar. É o principal atributo de Deus é amor. Deus não ama simplesmente. Ele é o amor em sua essência. Tudo o que Deus faz flui do Seu amor.

Carlos Wesley (1707-1788) em seus hinos descreve sobre esse amor de Deus. Carlos era filho de Suzana e Samuel Wesley. Irmão de João Wesley. Ele criou o Clube Santo, em 1729, e foi como missionário com Wesley para a Geórgia, em 1735.

Carlos experimentou sua própria experiência de “coração estranhamente aquecido” apenas alguns dias antes de Wesley, em 21 de maio de 1738: “(...) no meio de contínuas lutas espirituais  enquanto estava doente no domingo de Pentecostes, sentiu ´uma estranha palpitação no coração´, foi capaz de dizer ´Eu creio, eu creio!´ e achou-se em paz com Deus.”[2]

Ele veio a reconhecer o amor de Deus na presença do Espírito Santo que foi dissipando a escuridão da dúvida de seu coração.  

“Os hinos de Carlos Wesley estão repletos de referências ao amor. Na Páscoa, cristãos de todo o mundo repetem as palavras de sua mais famosa composição: "Cristo, o Senhor ressuscitou hoje" e declaram: "A obra redentora do amor está terminada, Aleluia!".[3] 

Nos títulos e versos dos hinos de Carlos Wesley, vemos a profundidade como ele entendia sobre Deus e o Seu amor. Ele escreveu sobre o “Todo poderoso Deus do amor”; Vem, soberano amor, Jesus”;  “Deus todo poderoso da verdade e do amor”; Ó gloriosa esperança de amor perfeito!”; Amor estupendo do Deus Altíssimo!” etc. 

No início desse último hino acima relacionado, Carlos Wesley escreveu sobre a necessidade de termos esse amor:

 

“Amor estupendo do Deus Altíssimo 
Ele vem ao nosso encontro do céu

Na maior majestade; 
Cheia de graça indizível”.
[4]

 

A visão de Carlos Wesley, Deus é “puro amor ilimitado”, como ele escreveu em um dos seus hinos.

Carlos (Charles) enfatizou o processo gradual pelo qual um cristão cresce em uma peregrinação de fé para alcançar o perfeito amor. “Para Charles, o novo nascimento iniciou uma jornada. Charles Wesley buscou a realização completa do amor perfeito no final de uma vida vivida da graça à graça através do sofrimento”.[5] 

Carlos Wesley foi chamado de o mais talentoso escritor de hinos que a Inglaterra já conheceu". Frank Baker calculou que Carlos escreveu, em média, dez versos por dia durante 50 anos. Ele deve ter escrito cerca de dez mil hinos ou poemas religiosos.[6]  

A primeira coleção dos irmãos Wesley possivelmente também foi a primeira coleção de hinos Ingleses: “Coleção de Salmos e Hinos”. 

Outra Coleção menor de hinos foi publicada em 1738, em Londres, e, em 1739, tiveram início as longas séries de trabalhos originais em verso. Destes, o mais extenso foram os “Hinos e Poemas Sagrados” (Hymns and Sacred Poems), em três volumes.[7] Também em 1740 e 1742 foi publicado outro volume de hinos.[8] 

Em 1762, Carlos Wesley publicou um hinário em dois volumes que se baseava em versículos bíblicos.[9]

Em muitos hinos, Carlos Wesley descreve o amor vindo de Deus e sendo derramado:

Ó tu, Senhor, que do alto

trouxeste fogo a nossa terra,

derrama em mim teu amor sagrado,

chama que o coração me acenda;

Que permaneça ardentemente,

com brilho eterno, cintilante;

e em canto e oração fervente,

retorne a ti para louvar-te eternamente.[10]

 

No hino “Grande Amor”, no primeiro verso, Carlos descreve sobre o amor de Deus, o qual chama de “amor sem par” e “amor Bendito”, que é grande:

 

Ó, Senhor, que a tudo excedes,

Dom celeste, Amor sem par,

Vem, coroa os teus favores,

Entre nós vem habitar.

Grande Amor, Amor bendito” (...).[11] 

 

Nos dois primeiros versos do hino “Tu, oculta fonte de repouso, divino...”, Carlos fala de Jesus e descreve o “amor divino”, que dá repouso, socorre, é refúgio e eterno:

Tu, oculta fonte de repouso,
divino amor, e suficiente
és meu socorro, és meu refúgio;
seguro estou, se Tu és meu,
e do pecado e da vergonha,
Jesus, em Teu nome me escondo.

Teu grande nome é salvação
e eleva a minha alma feliz,
dá-me consolo, força e paz,
dá-me alegria e amor eterno;
com o Teu nome são me dados
santidade, perdão e o céu
.[12]

Nos dois primeiros versos do “Divino Amor”, Carlos escreve que quer adorar ao Senhor por “seu divino e santo amor”:

 

Como contar de Deus o amor,
Que o filho amado ao mundo deu?
Quem poderá sondar a dor
Que meu Jesus, na cruz, sofreu?

 

Quero adorar a meu Senhor
por seu divino e santo amor!
Quero adorar a meu Senhor
por seu divino e santo amor![13]


Outro hino mostra no título o destaque sobre o amor: “Vem, soberano amor, Jesus”.

No primeiro verso diz:

Vem soberano amor, Jesus,
vencer-me o coração!
Assim meus pés de tua luz
jamais se afastarão.

No último verso, Carlos Wesley escreve:

 

Minha alma vem fazer sentir,
constante, o teu amor,
que em tudo eu possa ver, fruir,
teu divinal favor
.[14]

 

No primeiro verso do hino “Ó Amor Divino, rico”, Carlos Wesley fala da riqueza, pureza e infinidade do amor de Deus:

 

Ó Amor Divino, rico,
 Alegria traz do céu;
     Faz de nós moradas simples,
        Com mercê que é fiel.
     Cristo, pura compaixão és;
        Infinito, puro amor;
     Salvação és, nos visita,
        Em nós entra com fulgor
.[15]


No hino “Jesus, Teu vitorioso amor encheu meu coração”, Carlos Wesley fala de um vitorioso amor e afirma que “meu é o teu amor”:

 

1   Jesus, Teu vitorioso amor
        Encheu meu coração,
     Que, firme em Ti, não mais terá
        Nenhuma hesitação,
        Nenhuma hesitação.

2   Que o fogo santo agora em mim
        Comece a arder;
     Paixões, desejos faz sumir,
        Vem montes remover,
        Vem montes remover.

3   Consuma os pecados meus
        A brasa do altar;
     Eu clamo: ó Espírito, vem
        Meu coração tomar,
        Meu coração tomar.

4   Ardente fogo, queima em mim
        A velha criação;
     Expande vida em meu ser,
        Traz santificação,
        Traz santificação.

5   Sustenta aqui meu coração
        Firmado em Ti, Senhor;

     Pois Tu és tudo para mim,
     E Teu é meu amor,
        E Teu é meu amor
.[16]

Certamente por isso que o teólogo Mildred Olive Bangs Wynkoop[17] da Igreja do Nazareno afirmou que ser wesleyano é estar comprometido com uma teologia do amor.[18]

E no hino “Ó vem caminhante”, Carlos Wesley realça o amor de Jesus em um dos versos e o chama de Amor:

 

Amor, é Amor! Foi por mim que morrestes!

Escuto, em sussurro no meu coração.

As trevas se inundam de brilho celeste,

Tu és, do amor, a infinita expressão.

Ó vem, das entranhas da graça e favor,

Essência divina, teu nome é Amor!

Teu nome é Amor![19]

 

 

Só pode compor hinos tão belos e profundos assim quem teve uma grande experiência com o amor de Deus. Carlos Wesley testemunhou e expressou através dos versos esse grande, perfeito e puro amor do Senhor por nós revelando também nos hinos a ênfase do movimento metodista no século XVIII.

 

Por isso Carlos Wesley pode dizer que valeu tudo, no seu hino “Venham todos, venham todos!”.

 

 

Se o amor de Jesus Cristo nos comove e constrange,

Valeu tudo, até a morte de quem deu seu próprio sangue![20]  

 

O derramamento do amor no coração de Wesley

 

 

A grande questão de todos, então, ainda permanece. O amor de Deus é derramado no seu coração?”

 

(João Wesley)

 

Alguns estudiosos interpretam que Wesley não se considerava um convertido por causa de sua afirmação num momento de frustração antes de 24 de maio de 1738: “Fui à América para converter índios; porém, oh! quem me converterá?”[21]

Como Wesley tinha se proposto a buscar a santidade, ele era muito exigente consigo mesmo. Cinquenta anos mais tarde, Wesley reconheceu o engano dessa sua afirmação.

Wesley compreendeu que antes de 24 de maio de 1738 ele tinha a fé de um servo e não de um filho. O servo buscava a fé, enquanto o filho tinha a segurança da fé.[22]

Uma pessoa que lidera o Clube Santo, vai como missionário para a Geórgia e prega um sermão com o título “Sobre o amor”, em 1736, baseado em 1 Coríntios 13,  era, sim, convertido. Wesley buscava a perfeição e uma segurança interior, uma intimidade com Deus, que ele ainda não tinha.

Nesta época, para Wesley, a esperança de salvação estava firmada em sua sinceridade de ter uma vida santa. Desde 1725, ele havia iniciado a busca da perfeição:

Ele disse: “Em 1725, encontrei com ´Regras de Santo Viver e Morrer´ (Rules of Holy Living and Dying), pelo Bispo Taylor. Fiquei impressionado especialmente com o Capítulo sobre Intenção; e senti a intenção fixa de entregar-me a Deus. Nisto fiquei confirmado poucos dias depois pelo Modelo Cristão, e  desejava entregar-me a Deus de todo o coração. Isto é exatamente o que entendo agora pela Perfeição. Eu a busquei desde aquela hora.”[23]

Portanto, Wesley era convertido no sentido que hoje consideramos uma conversão. Ele tinha sim, muitas dúvidas antes de 1738. Além disso, sua desastrosa atuação pastoral na América havia aumentado essa dúvida, mas ele não buscava a conversão e sim a santificação.

Escrevendo em 1733, Wesley disse: “No mesmo ano publiquei (primeira vez que tentei publicar qualquer coisa), para uso dos meus alunos, uma ´Coletânea de Formas de Oração´. E nesta obra falei explicitamente em dar ´totalmente o coração e a vida a Deus´. Esta foi, então, como é agora, a minha ideia a respeito da Perfeição (...).”[24]

Diante dos fracassos que experimentou na América, Wesley foi muito crítico consigo mesmo e, então, notou que o seu coração estava corrompido. Ele precisava de um batismo ou derramamento do amor em seu coração, conforme Romanos 5.5.

Diante desse quadro, Wesley percebeu mais nitidamente o estado do seu coração. Por isso, afirmou que aprendeu na América que o seu coração estava corrompido:  “(...) que eu tenho estado destituído da glória de Deus; que meu coração está completamente corrompido (...).”[25]

 Wesley saiu da Geórgia, na América, com amargura e desapontamento. Como positivo, passou a ser mais cauteloso. Havia aprendido a conhecer com os moravianos a direção paternal de Deus; havia vencido seu medo do mar. Em acréscimo, havia conhecido muitas pessoas que, como ele, buscavam a santidade e desejam servir a Deus.[26]

A consciência de sua situação o levou a procurar ajuda e a se humilhar. Conheceu um moraviano chamado Pedro Bohler que lhe ensinou sobre a fé viva. Wesley disse:

“(...) me surpreendeu mais e mais com a explicação que me deu a respeito dos frutos da fé viva, a santidade e a felicidade que ele afirmou acompanharem tal fé.”[27]

Os moravianos diziam que não existem graus de fé [28]. Ou você tem ou não tem fé [29]. Wesley não tinha a fé que os moravianos tinham, por isso, se julgava um incrédulo. Pedro Bohler lhe ensinou sobre a fé viva.[30]

Wesley estava triste porque seus amigos haviam tido experiências com Deus e ele ainda não. George Whitefield [31] tinha tido uma experiência espiritual, em 1735, e  Benjamim Ingham[32] também já havia experimentado uma transformação. Carlos Wesley [33] também tinha sentido uma "palpitação no coração", em 21 de maio de 1738,[34] mas João Wesley  ainda não havia tido a sua experiência.

Wesley estava consciente do estado do seu coração. Sabia que precisava de uma ação de Deus em sua vida. Havia aprendido que a fé viva poderia restaurar a sua vida. Pela influência dos moravianos, Wesley  pensava que não tinha fé e que era incrédulo. Ele aprendeu que precisa ter uma fé viva.

 Diante das crises, Wesley decidiu procurar os moravianos, que o haviam mostrado sobre uma fé superior.

“Uma semana após ter voltado para a Inglaterra, Wesley se encontrou com Peter Bohler, um ministro luterano (ordenado mais tarde por Zinzendorf para o ministério morávio) recentemente chegado da Alemanha e a caminho da América. O contato de Wesley com Bohler, durante os quatro meses seguintes, proporcionaria modelos tanto para a renovação espiritual como para o desenvolvimento organizacional do metodismo.”[35]

Wesley, contudo, continuava preocupado com a falta de segurança da fé, que havia se tornado evidente em sua viagem durante as duas travessias do oceano.[36] A vida de Wesley começou a ter um novo rumo, quando ele foi sem vontade a uma reunião numa sociedade, no dia 24 de maio de 1738. No culto, alguém comentava sobre a mudança que Deus opera pela fé em Jesus.[37] 

Wesley assim descreveu a sua experiência, quando disse ter sentido seu coração aquecido: “(...) senti que eu agora confiava em Cristo, somente em Cristo, para salvação; e me foi dada à segurança de que Cristo havia perdoado os meus pecados, sim, os meus, e que eu estava salvo da lei do pecado e da morte.”[38]

Wesley comemorou a experiência[39] com um testemunho diante dos presentes. Mais tarde,  continuou no quarto de Carlos Wesley com um hino. [40] Os ensinos de seus mentores morávios se tornaram uma confissão pública. [41]

Essa experiência mudou a vida espiritual de João Wesley.  Ele sentiu, especialmente, segurança: Ele sentiu que agora confiava em Cristo. Somente nele para a Salvação. Foi-lhe dada a segurança de que Cristo havia perdoado os seus pecados. Ele passou a ter  a segurança de ter sido salvo da lei do pecado e da morte , etc.[42]

“Este foi o ponto de virada. A partir de então, João Wesley foi impulsionado, não pela fé ortodoxa e pela doutrina correta, mas pelo amor. E todos os seus consideráveis ​​poderes - de erudição, de pregação e ensino e, acima de tudo, de organização - foram guiados e dominados pelo amor; amor a Deus e amor a outros seres humanos”.[43]

Após sua experiência, Wesley foi à Alemanha conhecer mais de perto o estilo de vida dos moravianos. Ele encontrou e entrevistou diversas pessoas. Entendeu sobre a importância do derramamento do amor em nosso coração no processo de santificação:

“Encontrei aqui aquilo que buscava, a saber, provas vivas do poder da fé: pessoas salvas do pecado interno tanto como do pecado externo, ‘pelo amor de Deus derramado nos seus corações’; e de toda a dúvida e medo pelo testemunho constante ’do Espírito Santo derramado sobre ele”. [44]

Anos mais tarde, contudo, Wesley diria que, após 24 de maio de 1738, ele passou da condição de servo para a condição de filho de Deus.[45]

“Sua experiência do coração aquecido ocorrera numa quarta-feira. No domingo seguinte, Wesley pregou por duas vezes sobre um tema novo para ele: ´Esta é a vitória que vence o mundo, a nossa fé´ (1Jo 5.4) pela manhã e sobre o Deus ´que justifica o ímpio´ (Rm 4.5) de tarde.”[46]

Wesley passou a viver a fé liberta do medo e da dúvida.

O que Wesley experimentou foi uma nova capacidade de confiar em Cristo, o perdão dos pecados, a certeza de que ele era um filho de Deus e um novo nascimento no qual ele começou a crescer no conhecimento e amor de Deus e no amor ao próximo. O que mudou para ele foi motivação. Antes de Aldersgate ele tinha a “fé de um servo”, buscando obedecer a Deus por medo do julgamento. Depois de Aldersgate ele teve a “fé de um filho de Deus”, obedecendo alegremente a Deus por gratidão pelo amor de Deus em Jesus Cristo. Ele agora estava amando os outros não porque precisava, mas porque queria. As disciplinas espirituais então permitiram que ele permanecesse no relacionamento com Deus e crescesse em amor.[47]

No seu sermão de 1741, “The Almost Christian” (Os quase cristãos), Wesley reafirma a importância do derramamento do amor para os cristãos:

“A grande questão de todos, então, ainda permanece. O amor de Deus é derramado no seu coração? Você pode gritar: 'Meu Deus e meu tudo'? Você não deseja nada além dele? Você está feliz em Deus? Ele é sua glória, seu deleite, sua coroa de alegria? E este mandamento está escrito em seu coração: 'Aquele que ama a Deus também ama seu irmão'? Você ama seu vizinho como a si mesmo? Você ama cada pessoa, até mesmo seus inimigos, até os inimigos de Deus, como sua própria alma? Como Cristo te amou? Sim, crês que Cristo te amou e se entregou por ti? … E o Espírito de Cristo testifica com o teu espírito que és filho de Deus?”.[48]

A grande pergunta de Wesley ainda continua para a Igreja hoje e para todos os cristãos: “O amor de Deus é derramado no seu coração?”.

É a chave para termos uma vida cristã saudável e frutífera.

 

O derramamento do amor segundo Wesley

 

 

“Oh! Permite que nada em minha alma

Habite senão teu puro amor.

Oh! Possa teu amor possuir-me todo”

 

(João Wesley)

 

A Bíblia afirma que o amor de Deus é derramado em nossos corações pelo Espírito Santo.

Paulo diz em Romanos 5.5: “Ora, a esperança não confunde, porque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi dado”.[49]

A palavra grega para “derramado”, em Romanos 5.5,  é EKCHO que significa: despejar ou distribuir em abundância.[50]

Todo aquele que crê em Jesus passa a ter o Espírito Santo (Efésios 1.13; Gl 4.6; João 7.38; Atos 2.38), que nos dá o amor.

“Está claro na Bíblia que todo verdadeiro crente recebeu o Espírito Santo (João 7:38; Tito 3: 5-6). Aqui vemos que com o derramamento do Espírito é também o derramamento do amor de Deus em nossos corações (v.5). Este é o indicativo passivo perfeito de ekcheō no grego. Assim, não é algo que ainda estamos esperando, mas algo que podemos começar a desfrutar no presente. Podemos reivindicá-lo agora! Denny traduz que o amor de Deus “se derramou e ainda inunda nossos corações” . [51]

João Wesley diz: “Logo que cremos, amamos a Deus... “nós o amamos porque Ele nos amou primeiro”.[52]

Esse amor é apenas o início, pois há uma medida maior do amor de Deus para recebermos.

No contato com os moravianos, João Wesley conheceu alguns cânticos do pastor Gerhardt, nascido na Alemanha. Nesse cântico, incluído por Wesley em “Hymns and Sacred Poems” (1739), há a ideia do amor ilimitado.[53]

“Este hino é um acréscimo valioso para qualquer hinário, pois fala em viver a fé em Cristo. Ele também tem uma história rica, belas imagens e teologia do som. Gerhardt e Wesley nos encorajam a mostrar o amor de Cristo ao próximo, sabendo que o amor de Cristo preencherá nossa alma. Que o ‘amor ilimitado’ de Cristo transforme e una cada crente, e que o amor de Cristo se expanda do corpo da igreja para mudar e refazer toda a criação. Cindo a estrofe dois, ele diz: "todo ato, palavra, pensamento, seja amor".[54]

Parte do hino traduzido por Wesley diz:

 

 “Jesus, teu amor sem limites para mim

Nenhum pensamento pode alcançar”.[55]

 

O amor de Deus derramado em nossos corações, segundo Romanos 5.5, “é um dom transformador - produz amor por Deus e pelos outros”.[56] 

Em 28 de abril de 1762, numa reunião do povo metodista, o Espírito Santo derramou Seu amor nas pessoas presentes: “Deus derramou abundantemente Seu Espírito sobre nós. Muitos ficaram cheios de consolação (...) Deus restaurou o homem à luz da Sua face, e deu à jovem moça a convicção clara do Seu amor.”[57]

Numa outra reunião em 13 de outubro de 1747, a chama do amor marcou a vida dos presentes: “(...) uma chama de amor se manifestou de tal maneira como nunca se tinha visto antes.”[58]

Essa é a experiência e a visão teológica de Wesley. Ele é chamado de “Teólogo do amor”.

Para ele, o amor é o dom mais sublime de Deus. Ele diz que não devemos nos esquecer “que todos os dons mencionados são iguais ou infinitamente inferiores a este dom do amor”.[59]

Para ele, a “marca bíblica daqueles que são nascidos de Deus, e a maior de todas é o amor”.[60]

Um hino de Wesley fala desse amor:

 

“Oh! Permite que nada em minha alma

Habite senão teu puro amor.

Oh! Possa teu amor possuir-me todo,

Minha alegria, meu tesouro, minha coroa.

Paixões estranhas de meu coração remove.

Sejam de amor meus atos, palavras e pensamentos.[61]

 

“Wesley escreveu a seu amigo dr. Middleton, de Bristol: “Um cristão é cheio de amor pelo seu vizinho, de amor universal, não confinado a um partido sectário, não restrito àqueles que concordam com ele nas opiniões, nas formas externas de adoração, ou àqueles que estão ligados a ele por sangue ou recomendados por proximidade de lugar. Nem ama ele somente àqueles que o amam ou que lhe são caros pela amizade íntima. Mas seu amor se parece com o de Jesus, cuja misericórdia está acima de suas obras. Eleva-se por sobre os limites estreitos, atingindo vizinhos e estranhos, amigos e inimigos”.[62]

Segundo Henry H. Knight III[63]: “Em seu leito de morte, John Wesley teria dito: ‘Onde está meu sermão sobre o amor de Deus? Pegue-o e espalhe-o no exterior, dê a todos. ”Dez mil cópias de“ O Amor de Deus ao Homem Caído ”foram impressas e distribuídas”.[64]

Em seu livro “Um Relato Claro da Perfeição Cristã”, Wesley afirma que  a perfeição implica em “amar a Deus com todo o nosso coração, entendimento, alma e força e que nada de mau gênio, nada contrário ao amor, permanece na alma; que todos os pensamentos, palavras e ações, são governadas pelo puro amor”.[65]

O derramamento do amor não significa necessariamente alcançar a perfeição cristã. Já o perfeito amor é resultado da perfeição cristã.

O derramamento do amor é necessário para alcançarmos a perfeição. “A perfeição cristã, para Wesley, é alcançável nesta vida presente porque tem a ver com as afeições. Quando, pela graça de Deus, infundida na alma através do Espírito Santo, o amor de alguém por Deus e pelos outros é feito puro e completo, seu estilo de vida não pode deixar de aumentar em virtude, encontrando expressão em ações amorosas e altruístas. A fé trabalhando externamente através do amor era um dos temas bíblicos favoritos de Wesley (Gálatas 5: 6)”.[66]

Carlos Wesley tinha a mesma visão sobre a necessidade do derramamento do amor de Deus em nossos corações. Em um dos seus hinos, em parte do seu primeiro verso, ele escreveu:

 

Ó tu, Senhor, que do alto

trouxeste fogo a nossa terra,

derrama em mim teu amor sagrado.[67]

 

Sabemos que todos que creem em Jesus como Senhor e Salvador têm o Espírito Santo: “Em quem também confiastes, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa" – (Efésios 1.13; cf. Gálatas 4.6).

Quem tem o Espírito Santo tem o fruto do amor (Gl 5.22), mas o derramar do amor pelo Espírito é uma experiência após a justificação, a conversão e após ter a fé em Jesus. A fé é uma precondição para ter esse amor. Então, não é para incrédulos e sim para os que já têm a fé e Jesus.

Wesley ensinava aos seus líderes que tivessem o cuidado de preservar a fé dos novos convertidos, mas que eles esperassem muito mais para suas vidas: “Com todo zelo e diligência confirme os irmãos (1) a manterem aquilo que eles já alcançaram – a saber, a remissão de todos os seus pecados pela fé no Senhor crucificado e (2) em esperar uma segunda mudança, pela qual eles serão libertos de todo pecado e aperfeiçoados em amor”.[68]

A graça de Deus é fundamental para que possamos crescer muito mais espiritualmente, mas aquele que crê tem que buscar e estar aberto para ter mais de Deus:

“A graça libera o crente para seguir a vontade do Espírito e crescer na graça. Tal amadurecimento - indo até a perfeição no amor - requer que o crente abra sua alma para o derramamento do Espírito de Deus através das obras de piedade e obras de misericórdia que nos trazem na comunhão diária com o Espírito para que nosso espírito possa ser conformado com o espírito de Cristo”.[69]

Em uma carta de 1738, algumas semanas antes de sua experiência em Aldersgate, “Wesley relaciona a fé à experiência de Romanos 5: 5 como sua precondição. Ele escreve que “a fé viva e justificadora no sangue de Jesus” é aquilo que “nos dá para ter. . . 'o amor de Deus derramado em nossos corações pelo Espírito Santo' que habita em nós, e 'o próprio Espírito testificando com nosso espírito que somos filhos de Deus'. ” Como todos os outros dons de Deus, nós recebemos o amor de Deus derramado em nossos corações pela fé.[70] 

A fé que Wesley ensinava é, acima de tudo, “uma confiança segura na misericórdia de Deus, através de Jesus Cristo. É uma confiança em um Deus perdoador. É uma evidência divina ou convicção de que "Deus estava em Cristo, reconciliando o mundo consigo mesmo, não imputando a eles suas" antigas "ofensas;" e, em particular, que o Filho de Deus me amou e deu a si mesmo por mim; e que eu, agora, estou agora reconciliado com Deus pelo sangue do Cruz”.[71]

E, então, Wesley pergunta: “Você agora acredita?”

Sua resposta é: “Então ‘o amor de Deus é ‘agora’ derramado no seu coração"’ Tu o amais porque ele nos amou primeiro. E porque tu amas a Deus, também amas o teu irmão. E sendo cheio de ‘amor, paz, alegria’, tu também estás cheio de ‘longanimidade, brandura, fidelidade, bondade, mansidão, temperança", e todos os outros frutos do mesmo Espírito (...)”.[72] 

Importante ressaltar que Wesley entendia que podemos ter experiências diversas com o Espírito Santo. Respondendo sobre Efésios 1.13, que afirma que somos selados pelo Espírito Santo, Wesley diz: “Este é um grau mais elevado do que aquele que experimentamos quando pela primeira vez somos renovados em amor!”.[73] 

Sobre graus do amor, Wesley diz: “O amor de Deus perdoador ‘é derramado abundantemente em nosso coração pelo Espírito Santo que nos é dado’. Este amor pode realmente admitir milhares de graus”.[74]

Wesley mesmo teve outras experiências com o derramamento do amor de Deus. Nem sempre foi suave como uma brisa. Às vezes, pode ser através de um grau maior:

“O amor de Deus foi derramado no meu coração, e uma chama acendeu-se ali, com dores tão violentas, mas tão arrebatadoras, que meu corpo quase foi despedaçado. Eu amei. O Espírito chorou forte no meu coração. Eu suei. Eu tremi. Eu desmaiei. Eu cantei (...)”.[75]

A experiência de Romanos 5.5 é central para uma genuína experiência cristã. E deve ser recebida da mesma forma que a justificação pela fé.

Sem a experiência de Romanos 5.5, segundo Wesley, os cristãos são ainda imperfeitos e devem orar para terem a experiência de Romanos 5.5, ou seja, o derramar do amor de Deus, pelo Espírito Santo, que já habita em nós.

Esse derramar do amor pelo Espírito Santo tem o propósito final de levar à santidade. Wesley diz que somos interiormente renovados pelo poder de Deus. Sentimos “o amor de Deus derramado em nosso coração pelo Espírito Santo que nos é dado” [cf. Rom. 5:5], produzindo amor a toda a humanidade, e mais especialmente aos filhos de Deus, expulsando o amor do mundo, o amor ao prazer, à facilidade, à honra, ao dinheiro, juntamente com orgulho, raiva, obstinação e todos os outros maus temperamentos; em uma palavra, mudando a “mente terrena, sensual e demoníaca” para “a mente que estava em Cristo Jesus” [cf. Phil 2:5]”.[76]

Esse derramar do amor de Deus é diferente do dia que experimentamos o amor de Deus, na conversão. É assim que Wesley pensava. Semanas antes da experiência do coração aquecido de 1738, Wesley escreve que “a fé viva e justificadora no sangue de Jesus’ é aquilo que ‘nos dá para ter. . . 'o amor de Deus derramado em nossos corações pelo Espírito Santo' que habita em nós, e 'o próprio Espírito testificando com nosso espírito que somos filhos de Deus”.[77] 

Wesley escreve uma carta a seu irmão Samuel e deseja que ele e todos sintam o “(...) amor espalhado em seu coração pelo seu Espírito que habita em você’. Em sua própria vida portanto, Wesley distinguiu a experiência de Romanos 5:5 (interpretada como um evento) da conversão”.[78] 

“Especificamente, essa experiência assegura ao cristão sua relação filial com Deus como uma revelação do amor de Deus pelo filho de Deus”, afirma Benjamin Nasmith.[79]

Segundo ele, a experiência de Romanos 5.5 transmite aos cristãos o conhecimento de que são filhos e filhas amados por de Deus.

“A experiência de Romanos 5:5 revela o favor de Deus aos filhos de Deus, que eles recebem pela fé com gratidão. Em seu sermão de 1789 “A Unidade do Ser Divino”, Wesley escreve: “A gratidão em relação ao nosso Criador não pode deixar de produzir benevolência para os nossos semelhantes.”[80]

A gratidão, baseada na experiência de Romanos 5: 5, fortalece toda a santificação para com Deus. “Como Wesley escreve em seu sermão de 1788 ‘Sobre o Vinhedo de Deus’, ‘Aquele que encontra o amor de Deus derramado em seu coração pelo Espírito Santo que é dado a ele; e a quem esse amor docemente limita a amar seu próximo, todo homem, como a si mesmo.”[81] 

Quem passa pela experiência de Romanos 5.5 também está sujeito a cair, por isso, precisa perseverar nesse amor. Satanás encoraja a insatisfação para envenenar essa experiência. Wesley diz que “nem o amor, nem a unção do Espírito Santo nos tornam infalíveis”.[82]

Devemos buscar essa medida maior do amor de Deus. “Enquanto ora por uma medida maior, o filho de Deus não deve enterrar seu talento. A experiência do amor de Deus por si mesmo como filho de Deus é preciosa demais para desperdiçar”.[83]

“Deus não é apenas a fonte do nosso amor, Deus também capacita ou nos capacita a amar. Mas para expressar esse amor, diz Wesley, devemos cooperar com Deus. Devemos ser "obreiros junto com ele", diz ele, citando o apóstolo Paulo”.[84]

Para Wesley, essa experiência varia de pessoa para pessoa. Algumas pessoas negligenciam essa experiência porque esperavam receber uma medida maior desse dom. Ele mesmo esperava um derramar decisivo do amor de Deus nos meses seguintes após a sua experiência do coração aquecido.[85]

Wesley escreve: “Tu o amais, porque ele nos amou primeiro. E porque tu amas a Deus, também amas teu irmão.’ Esta lógica explica a experiência de Romanos 5:5. É a nossa experiência do amor de Deus por nós que produz em nós amor por Deus e pelos outros”.[86]

“Em seu sermão de 1746 “Justificação pela Fé”, Wesley liga a experiência dos Romanos 5:5 à imagem do evangelho da árvore e seus frutos. Do pecador, ele escreve, “seu coração é necessariamente, essencialmente, maligno, até que o amor de Deus seja derramado ali. E enquanto a árvore é corrupta, assim são os frutos; 'porque uma árvore má não pode dar bons frutos.'  Antes da experiência de 5:5 de Romanos, não pode haver bons frutos, pois a árvore é corrupta”.[87]

Além disso, “se não formos renovados no espírito de nossa mente, pelo 'amor de Deus derramado em nossos corações pelo Espírito Santo dado a nós, 'não podemos entrar na vida eterna'.[88] 

Essa experiência de Romanos 5.5 provoca amor por Deus, que primeiro nos amou e nos leva a obedece-lo. A obediência é um sinal do amor de Deus em nossa vida.

“Os filhos de Deus têm “o amor de Deus derramado em seus corações, vencendo o amor do mundo; e eles têm poder sobre todos os pecados, mesmo aqueles que os assediaram facilmente”.[89]

Wesley alerta que quando o amor de Deus é derramado em nossos corações é natural que julguemos que não somos mais pecadores. Todavia, ele não reina, mas permanece. Para ele, ainda existe um grau de orgulho nos corações onde foi derramado o amor de Deus.

Por isso, não podemos afirmar que o derramar do amor de Deus em nossos corações nos torna imediatamente perfeitos.

Wesley afirma que não há lugar para o arrependimento naquele que julga não ter pecado. Se não há arrependimento, também “não há lugar para o aperfeiçoamento em amor.”[90] 

“A experiência de Romanos 5: 5 revela o favor de Deus aos filhos de Deus, que eles recebem pela fé com gratidão”.[91] 

A experiência dos Romanos 5: 5 produz amor a todos e mais especialmente aos filhos de Deus; “expulsando o amor do mundo, o amor do prazer, da facilidade, da honra, do dinheiro, juntamente com orgulho, raiva, obstinação e todos os outros maus temperamentos.’ Nossa experiência do amor de Deus por nós, muda “a mente terrena, sensual e demoníaca, na mente que estava em Cristo Jesus.’ O amor de Deus por nós produz nosso amor pelos outros e expulsa nosso antigo amor pelo pecado”.[92] 

A experiência do derramamento do amor em Romanos 5.5 é o motor da santificação. 

Para Wesley, amar a Deus é a raiz de toda a santidade: “Precisamos amar a Deus antes de podermos ser santos; está é a raiz de toda a santidade. Mas não podemos amar a Deus enquanto não sabermos que Ele nos ama”.[93] 

Santidade para Wesley é “amor excluindo o pecado; amor enchendo o coração, assumindo toda a capacidade da alma. É o amor 'regozijando-se sempre, orando sem cessar, em tudo dando graças”.[94] 

A “experiência de Romanos 5:5 é o "princípio" a partir do qual "brota benevolência real e desinteressada para toda a humanidade; tornando-o humilde, manso, gentil com todos os homens, fácil de ser solicitado”.[95] 

“Wesley descreve o amor de Deus derramado em nossos corações como um tesouro celestial em um vaso de barro. ‘Esse tesouro produz nossa felicidade duradoura.”[96]

Para Wesley, Romanos 5:5 revela o amor de Deus como um presente transformador: “É o dom de experimentar o amor de Deus por si mesmo. Esse dom é recebido pela fé como evidência da relação filial justificada de alguém com Deus. Este presente é a fonte de nosso amor por Deus e pelos outros, quando respondemos ao amor de Deus com gratidão. [97]

Escrevendo sobre o abundante derramar do amor em nosso coração, Wesley esclarece que esse amor “pode admitir milhares de graus, mas mesmo assim, desde que creiamos, todos nós podemos verdadeiramente declarar perante Deus: ‘Senhor, Tu sabes que te amo. Sabes que o meu desejo é para Ti e a lembrança do Teu nome”.[98]

Romanos 5.5 está entre os textos bíblicos favoritos e mais citados por Wesley.[99] A epístola de 1 João era o seu livro preferido.[100] O tema do amor sempre dominou a teologia de Wesley. Ele estava certo de que o tema do amor era a mensagem central da Bíblia.[101]

 

 

A chave para entendermos sobre o derramamento do amor

 

“E como ele agora ama a Deus de todo o coração, então Jesus agora reina sozinho em seu coração”.

 

(João Wesley)

 

A questão chave para entendermos mais profundamente sobre o derramamento do amor no coração pelo Espírito Santo é entendermos biblicamente sobre a expressão “homem interior do coração”.

Apóstolo Pedro disse:

“Seja, porém, o homem interior do coração, unido ao incorruptível trajo de um espírito manso e tranquilo, que é de grande valor diante de Deus” (1Pe 3.4).

Paulo também disse: “(...) mesmo que o nosso homem exterior se corrompa, contudo, o nosso homem interior se renova de dia em dia (...)" (2 Coríntios 4.16).

Mas o que é o “homem interior”?

Homem interior é o espírito do ser humano, a parte espiritual preparada para o Espírito Santo habitar. Isso acontece quando o ser humano aceita a Jesus como Senhor e Salvador: "Em quem também confiastes, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa” (Ef 1.13).

Para a Biblical Training do Dr. Bill Mounce  “o homem interior é o eu real e dominante. Paulo foi um exemplo vivo da distinção da melhor forma e, consequentemente, orou para que Deus concedesse aos efésios “para serem fortalecidos com poder através do seu Espírito no homem interior (Ef 3:16)”.[102]

A Enciclopédia Internacional da Bíblia  ensina que o homem interior “como sede das influências espirituais, é a esfera na qual o Espírito Santo realiza Sua obra renovadora e salvadora (Efésios 3:16 )”. [103]

Paulo fala do Espírito Santo no homem interior ou espírito:  “O próprio Espírito testifica ao nosso espírito que somos filhos de Deus” (Rm 8.16).

Então, o coração tem uma parte chamada “homem interior” onde o Espírito Santo deve habitar para iniciar um processo de transformação da nossa vida.

O homem interior, então é “a natureza superior do homem, intelectual, moral e espiritual”.[104]

Paulo ainda diz: “E, porque vocês são filhos, Deus enviou o Espírito de seu Filho aos seus corações, o qual clama: "Aba, Pai" (Gálatas 4.6).

“O espírito do homem recebe a vida de Deus no momento em que ele nasceu de novo. Nascer de novo é nascer no espírito. Seu espírito se torna participante da natureza divina de Deus quando você se entrega ao senhorio de Jesus Cristo para governar sua vida”.[105]

A Bíblia diz: “O espírito do homem é a lâmpada do Senhor, buscando todas as profundezas do seu coração” (Provérbios 20.27).

Mas o que é o coração segundo o Novo Testamento?

A palavra coração é a tradução do grego καρδια (kardia): “Kardia (kardia2 ), segundo Coenen (2000, p.426) “ocorre em 148 passagens no NT; em Paulo, 52 vezes; nos Sinóticos, 47; Atos, 17; Epístolas Gerais, 13; Hebreus, 10; João, 6 e Apocalipse, 3 vezes.”[106]

Ele é a  sede da mente, sentimentos e vontade:  “(...) o coração não significa apenas o órgão cardíaco do corpo humano, mas, principalmente o ser interior do homem e nesse sentido representa a fonte das emoções, razão e vontade”.[107]

É a sede da vida intelectual e também espiritual. Os estudiosos concordam que kardia se “refere basicamente ao interior do ser humano. Coenen (2000, p.426) comenta: “denota mais frequentemente a sede da vida intelectual e espiritual, a vida interior, em contraste com as aparências externas (IICo5.12; ITs2.17).”[108]

Por isso, apóstolo Pedro fala em “homem interior do coração”, ou seja, com uma parte espiritual e outra parte intelectual (1Pe 3.4).

O coração precisa ser transformado para que Cristo possa habitar nele.

Jesus disse: “Porque do coração é que procedem os maus intentos, homicídios, adultérios, imoralidades, roubos, falsos testemunhos, calúnias, blasfêmias” (Mt 15.19).

Outro texto básico para entendermos sobre esta questão é Romanos 5.5: “E a esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus é derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado”.

O amor é o primeiro fruto do Espírito Santo (Gl 5.22). Quando uma pessoa nasce de novo verdadeiramente, ela tem amor, paz e alegria em sua vida, mas não significa necessariamente que já tem o coração cheio de amor e nem que já tenha a inteira santificação.

Há pessoas que guardam raiva, culpas ou baixa autoestima por causa de abusos, abandono e agressividade na infância. São pessoas que creram e experimentaram o amor de Deus, mas não o suficiente para serem curadas. Vivem ainda com cadeias em seu interior. É preciso uma dose bem grande desse amor de Deus para nos curar e santificar.

Tiago lembra bem como pode ser um coração quando não está completamente cheio do amor de Deus. Ele diz: “Se, pelo contrário, tende em vosso coração inveja amargurada e sentimento faccioso, nem vos glorieis disso, nem mintais contra a verdade” (Tiago 3.14).

Para Wesley, o orgulho, a raiva, alguma paixão turbulenta, etc ainda podem permanecer na vida daquele que se converteu, pois não alcançou ainda a perfeição cristã. 

Ele diz: “Até que esta mudança universal foi operada em sua alma, toda a sua santidade foi misturada. Ele era humilde, mas não inteiramente; sua humildade estava misturada com orgulho; ele era manso, mas sua mansidão era frequentemente interrompida por raiva, ou alguma paixão inquieta ou turbulenta. Seu amor a Deus era frequentemente amortecido pelo amor de alguma criatura; o amor de seu próximo por ruins suspeitas, ou algum pensamento, se não temperamento, contrário ao amor”.[109] 

Com o derramamento do amor e o alcance da inteira santificação, sua vida espiritual agora é contínua. Wesley diz: “Toda a sua a alma é agora consistente consigo mesma; não existe um fragmento dissonante. Todas as suas paixões fluem em um contínuo fluxo com um mesmo teor de Deus. Não há mistura de afetos contrários; tudo é paz e harmonia (...)”.[110]

Paulo diz ainda em Romanos 5.5: “(...) pelo Espírito Santo que nos foi dado”. O Espírito Santo está localizado no homem interior (ou espírito). Isto acontece quando cremos em Jesus.

Paulo diz ainda que esse amor é derramado em nosso coração, que é a sede da mente, vontade e sentimentos.

De onde vem esse amor?

Do Espírito Santo que habita no espírito (homem interior). Esse amor é derramado em nosso coração para a cura, para santificar e para Cristo reinar.

Sim, o Espírito Santo habita no homem interior para derramar o amor no coração para transformá-lo.

O que é necessário para o Espírito Santo derramar esse amor?

É preciso ter a fé e um firme propósito. Reconhecer que precisa desse amor de Deus e buscar com perseverança esperando na graça do Senhor.

Um alerta: “Um crente com pouca ou nenhuma "fome e sede de justiça" - como Jesus disse em Mateus 5: 6 - não é candidato a inteira santificação. A experiência vem somente após o novo nascimento e crescimento na graça. O compromisso total - às vezes chamado de consagração total - é a preparação humana necessária para a inteira santificação”.[111]

Wesley disse que quando olhamos com confiança para Cristo, o amor de Deus é derramado em nossos corações pelo Espírito Santo. Então, podemos derramar nossos corações com amor a Deus, amigos, estranhos e até inimigos.[112]

Paulo orou para que os filipenses alcançassem esse amor. Ele disse: “E também faço esta oração: que o vosso amor aumente mais e mais em pleno conhecimento e toda a percepção, para aprovardes as coisas excelentes e serdes sinceros e inculpáveis para o Dia de Cristo, cheios do fruto de justiça, o qual é mediante Jesus Cristo, para a glória e louvor de Deus” (Filipenses 1.9-11).

Veja aqui o processo que Paulo descreve para que os corações dos efésios pudessem ser cheios de amor:

Primeiro, ele ora para que eles sejam fortalecidos com poder pelo seu Espírito no homem interior: “Para que, segundo as riquezas da sua glória, vos conceda que sejais fortalecidos com poder pelo seu Espírito no homem interior”;

Segundo, ele disse que pela fé, Cristo habitará nos corações. Importante entender que o coração é o centro dos sentimentos, vontade e mente. Cristo habitará num coração que esteja preparado.

Paulo tinha esse propósito: Até Cristo ser formado em vós (Gálatas 4.19).

Wesley esclareceu sobre isso: “E como ele agora ama a Deus de todo o coração, então Jesus agora reina sozinho em seu coração”.[113]

“Quando somos fortalecidos com poder no homem interior (Efésios 3:17), o Cristo que está em nosso espírito se manifestará em nosso coração - que é nosso agente atuante. Nosso coração nos representa, e Cristo quer se espalhar do nosso espírito para o nosso coração para ser a Pessoa que vive em nós e se expressa através de nós”.[114]

Terceiro, os efésios estando, então, arraigados e fundamentados em amor poderão “perfeitamente compreender, com todos os santos, qual seja a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade, e conhecer o amor de Cristo, que excede todo o entendimento”.

Quarto, “para que sejais cheios de toda a plenitude de Deus” (Efésios 3.16-19).

Após serem fortalecidos pelo Espírito Santo que habita no homem interior, o amor de Deus será derramado nos corações. E conhecerão todo o amor de Deus em toda a sua profundidade e toda a plenitude de Deus estará na vida deles, pois Deus é amor.

A partir desse momento, eles alcançarão a perfeição cristã e o perfeito amor, ou seja, a “plenitude de Deus”.   

 

 

A ênfase de Lutero no amor ágape

 

 

“Teu amor é vida é paz que enche o meu ser

Se não tenho a ti

Não sei o que iria fazer

Te amo, te amo

Com tudo que é meu”

 

(Martinho Lutero)

 

Martinho Lutero (1483-1546) foi o autor da Reforma Protestante em 1517 com sua famosa 95 teses dando origem às Igrejas protestantes.

Lutero pregou insistentemente que somos justificados por meio da fé (Rm 5.1). Mas é importante lembrar seu ensinamento sobre o papel da fé e do amor na salvação. Ele disse: “A fé deve ser sincera. Deve ser uma fé que realiza boas obras através do amor. Se a fé carece de amor não é fé verdadeira”.[115]

Para ele, o amor não tem nenhum desempenho em nossa justificação, mas sim na santificação.[116]

A “ética de Lutero é determinada em sua totalidade, em seu ponto de partida e em todas as suas principais características, pelo coração e centro de sua teologia, a saber, pela justificação do pecador através da graça que é mostrada em Jesus Cristo”.[117]

Lutero criticou o conceito de alguns teólogos do final da Idade Média e desenvolveu seu próprio conceito de amor. Ele colocou a ênfase no conceito de amor ágape como a expressão bíblica em oposição ao amor como caridade de Agostinho.

Lutero é considerado por alguns como o principal representante do ágape cristão.[118]

Abordando sobre a perfeição na Heidelberg Disputation,[119] que ocorreu em 1518, Lutero “argumentou que Deus espera a perfeição dos seres humanos, e a perfeição consiste em amar a Deus com uma vontade total e fazer o bem a partir do completo e perfeito amor a Deus”.[120]

Lutero tinha consciência de que o ser humano era incapaz de se livrar do amor-próprio para amar o próximo. A “solução de Lutero era postular Deus como o doador de um amor divino puro, altruísta, que fosse capaz (gradualmente) de libertar os seres humanos do amor-próprio e permitir que eles se tornassem canais do amor divino para os outros”.

Para Lutero, o ser humano não tinha que se tornar cativante para receber o amor de Deus. “Lutero argumenta contra a visão de que o amor de Deus opera conforme o mesmo princípio do amor do ser humano: “Em vez de buscar o próprio bem, o amor de Deus flui e concede o bem. Portanto, os pecadores são cativantes porque são amados; eles não são amados porque são cativantes”.[121] 

Lutero “argumentou que o caminho para capacitar seres humanos caídos como nós a amar a Deus e ao próximo é assegurar-nos do amor incondicional anterior de Deus por nós em Cristo, o que nos libera da nossa necessidade e capacidade de nos tornarmos amáveis ​​a Deus através de nossos próprios esforços. Lutero argumentou que, uma vez que experimentamos o influxo desse amor radical em nossos corações e vidas, este amor em si nos move a amar a Deus com confiança infantil e a amar nosso próximo como nós mesmos fomos amados. No seu melhor e no seu coração, a Reforma foi toda sobre essa reforma do amor”.[122]

Foi ouvindo o “Prefácio de Lutero aos Romanos” que João Wesley teve a experiência do coração aquecido em 1738.

No “Prefácio da Epístola aos Romanos” escrito por Lutero, ele cita Romanos 5 e afirma que o derramar do Espírito Santo é uma graça de Deus, mas ainda não nos torna perfeitos.

Lutero diz: “Entre graça e dom há uma diferença. Graça significa propriamente o favor de Deus ou a boa vontade de Deus para conosco, no qual Ele se dispõe a nos dar Cristo e a derramar seu Espírito Santo e seus dons sobre nós. Isto fica claro no capítulo 5 que fala da ‘graça e dádiva em Cristo.’ Os dons e o Espírito aumentam em nós diariamente, embora ainda não sejam perfeitos, e ainda que em nós permaneça a presença do mal e do pecado que guerreiam contra o Espírito, como Paulo menciona em Romanos 7 e Gálatas 5, e na disputa entre a semente da mulher e a semente da serpente conforme predito em Gênesis 3.  Contudo, a graça faz muito mais a ponto de sermos achados completamente justos diante de Deus”.[123]

O Espírito Santo está no centro da estrutura teológica de Lutero. Para ele, ninguém pode conhecer a Cristo ou aceitar a Cristo sem a ajuda do Espírito Santo.

Segundo Martinho Lutero, "o Espírito Santo deve ser entendido como a presença direta de Deus na vida de um ser humano".[124]

No “Grande Catecismo”, Lutero entende que o Espírito Santo permite que um indivíduo passe por um batismo diário. Segundo ele, o primeiro batismo é da água e da Palavra (...)”. E assim ele vai morrendo diariamente para o pecado e ressuscita para Cristo.[125]

Para Martinho Lutero, o Espírito Santo atua em toda a vida do crente em Jesus: “(...).  Esta não é uma ação única feita pelo Espírito Santo em um ponto estagnado em uma linha do tempo; em vez disso, esta é uma ação contínua que o Espírito Santo opera durante toda a vida do crente. Lutero escreve: “O Espírito Santo trabalha através do seguinte: a comunidade de santos ou igreja cristã, o perdão dos pecados, a ressurreição do corpo e a vida eterna.’  Esta santificação é essencial na vida de um crente porque sem este processo não se pode conhecer a Deus.” [126]

Lutero diz mais ainda: “Eu acredito que pela minha própria compreensão ou força eu não posso crer em Jesus Cristo, meu Senhor ou vir a ele, mas em vez disso o Espírito Santo me chamou através do evangelho, me iluminou com seus dons, me fez santo e me manteve na fé verdadeira assim como ele chama, reúne, ilumina e santifica toda a igreja cristã na terra e a mantém com Jesus Cristo na única e verdadeira fé.”[127]

Para Lutero, “o Espírito Santo tem dois ofícios. Primeiro, Ele é um Espírito de graça, que torna Deus misericordioso para nós e nos recebe como Seus filhos aceitáveis, por amor de Cristo. Em segundo lugar, Ele é um Espírito de oração, que ora por nós e por todo o mundo, até o fim de que todo mal possa ser desviado de nós e que todo bem possa acontecer a nós (...)”.[128]

Mas e o amor de Deus derram,ando em nossos corações?

lgumas letras de hinos compostos por Lutero revelam como ele entendia a importância do amor de Jesus em sua vida. No hino “Teu amor”  Lutero revela  a ilusão que é viver longe de Jesus e expressa seu amor a Jesus de uma forma bem pessoal. Ele escreve sobre a importância de transmitir o amor:

 

Teu Amor

 

Eu pensei poder viver

Sem ti ao meu lado ter

Ilusão, tristeza e dor

Foi o que pude obter

És a paz, tu és a luz

Eu não vivo sem ti meu jesus

Agora quero de ti falar

O teu amor mostrar

 

Teu amor é vida é paz que enche o meu ser

Se não tenho a ti

Não sei o que iria fazer

Te amo, te amo

Com tudo que é meu

Me alegro porque agora sou só teu

 

Deixei pra trás o que passou

Vida sem cor e razão

Sonhos que eram de esplendor

Por fim foram de ilusão.[129]

 

Na letra “Perfeita Alegria”, Lutero fala da sua experiência, do grande amor de Deus e do perfeito amor de Deus que ele conheceu. Lembra também da importância de anunciar esse amor a quem jamais sobre o que é amar: 

 

Perfeita Alegria

 

Oh quanta gente vive no mundo a vagar

À espera de alguém, com seu coração a ofertar

 E num instante de pura emoção

Nasce uma nova ilusão

Na ânsia de amar e de viver

Não sabe que está a morrer

 

Cuidado quando for seu coração entregar

Sem carinho pode quebrar

A vida é linda mas há sempre alguém

Que jamais soube o que é amar

A realidade sim, eu vou te falar

É o grande amor de Deus que não pode falar

 

Eu quantas vezes meu coração entreguei

E por não pensar sempre sofri e chorei

Até que encontrei o perfeito amor

Que eliminou toda dor

Tristeza esqueci, o meu caminho achei

Perfeita alegria encontrei.[130]

 

 

A questão do amor foi crucial na vida teológica de Lutero. Ele como monge agostiniano já aderia diversas ênfases e práticas como a bondade, misericórdia e amor ao próximo.

Frequentemente Lutero dizia que Deus é encontrado nos sofrimentos, necessitados e enfermidades dos vizinhos onde Ele deve ser amado: “Deus está assim escondido dentro de humanos desfavorecidos, de modo que Sa bondade é vista somente através deles. Mas Deus também pode ser amado quando alguém experimentou seu amor e misericórdia. Então, experimenta-se como Deus ama alguém que, em si mesmo, não é “nada”. Essa experiência surge do amor como gratidão e da alegria na bondade de Deus”.  [131]

A ênfase agostiniana de amor como caridade (caritas) foi a ideia cristã predominante por mais de mil anos.

Lutero rejeitou esta noção de amor como caritas e retornou à ideia pura de ágape do Novo Testamento.[132]

“A redescoberta de Lutero da primazia do ágape foi o eixo da Reforma e a redescoberta da ética cristã genuína”. [133]

 

O amor como caridade segundo Agostinho

 

O amor foi a base ou o núcleo de toda a ética agostiniana. Segundo Agostinho, o amor ao próximo (a caridade) é a força motriz de toda socialização entre os seres humanos.[134]

Por volta de 421, Agostinho escreveu o Enchiridion de fide, spe et caritate (Manual sobre a fé, a esperança e a caridade)[135].

Caritas se traduz por "caridade" em latim.[136] Agostinho usa os termos amor e caridade como sinônimos.

No século V, “Agostinho tentou sintetizar o ‘eros’ dos gregos com o ‘ágape’ de Cristo e depois chamou-o de "caritas" - pois Agostinho acreditava que "caritas" se expressava melhor na forma doutrinária do derramamento do amor que a Trindade tem para nós”.[137]

Para ele, salvação depende da fé que opera pela caridade (Gl 5, 6). Não basta ser cristão, é preciso operar o bem. Agostinho de certa forma reconduziu toda a doutrina e toda a vida cristã à caridade.[138]

Para Agostinho, “graças à fé é que podemos amar a Deus no qual acreditamos. É por meio dela que veem operadas nossas boas obras (Ef 2, 8-9). Fé que age através da caridade (Gl 5, 6) e que não pode existir sem a esperança (Ench. 2.8). As três virtudes estão intimamente unidas, mas é a caridade, segundo o apóstolo Paulo, a exercer a primazia (1Cor 13)”.[139]

O conceito de amor em Agostinho está relacionado ao amor ao próximo ou a vida em sociedade (vita socialis).[140]

Com isso, Agostinho até hoje influencia especialmente católicos[141] e kardecistas[142] na ênfase na caridade. Inclusive, textos do Novo Testamento sobre o amor são substituídos pela palavra caridade. A Bíblia do Rei James  (Bíblia King James)  publicada em 1611, que é utilizada pela Igreja Anglicana, na Inglaterra, traduziu a palavra amor em 1 Coríntios 13 como caridade. Já a Bíblia do Rei James Atualizada (Bíblia King James)  utiliza a palavra amor para 1 Coríntios 13.[143]

No lado protestante, Martinho Lutero mudou essa ênfase a partir da Reforma Protestante resgatando o puro amor ágape do Novo Testamento. Também João Wesley, em 1755, publicou o Novo Testamento fazendo correções na Bíblia do Rei James mudando a palavra caridade para o amor.

Mas Agostinho contribui também para a vida cristã e sobre o amor.

É atribuído a Agostinho a afirmação de que “a cruz era um púlpito do qual Cristo pregou o amor de Deus ao mundo".[144] 

O teólogo e filósofo Agostinho de Hipona (354-430) nasceu na Numídia (Argélia), África.

“Os seus escritos influenciaram o desenvolvimento do cristianismo ocidental e oriental. Ele foi bispo de Hippo Regius, no norte da África”.[145]

O texto de Romanos 5.5 é o verso mais citado das Escrituras através de Agostinho. 

Para ele, o amor é fundamental para a vida cristã: “Visto que Agostinho identifica o Espírito com o amor que uniu o Pai e o Filho, o dom da presença interior do Espírito enche nossa alma com o amor de Deus, para que nosso coração seja conformado ao coração e à vontade de Deus. Então a imagem de Deus é renovada em nós e somos capazes de cumprir a justiça”. [146] 

Agostinho gostava especialmente de Romanos 5.5: “O amor de Deus foi derramado em nosso coração pelo Espírito Santo que nos foi dado”. Segundo ele, “esse amor em nosso coração nos une àquele que é amor e nos permite vivenciar o amor de Deus ao amarmos o próximo como a nós mesmos”.[147]

Para Agostinho,  “se o amor de Deus é derramado em nossos corações pela recepção do Espírito Santo, assim também é seu deleite, já que não pode haver amor sem deleite”, sem prazer.[148]

Para alguns, isso é “uma noção agostiniana de amor como o próprio desejo”.[149] Neste caso, o amor seria igual ao desejo.

Mas Agostinho faz citações bíblicas sobre o amor: “Aquele que é ao mesmo tempo Deus e homem pode nos reconciliar com Deus pelo seu sangue. O Espírito então derrama o amor de Deus em nossos corações, permitindo-nos amar a Deus e fazer boas obras para a Sua glória”.[150]

Já a frase “fazer boas obras” está relacionada ao seu conceito de amor como caridade.

“Apesar das principais diferenças teológicas, Agostinho está unido a John Wesley sobre a primazia do amor na vida santa. Para Agostinho, o Espírito Santo é o amor mútuo do Pai e do Filho. Quando o Espírito vem habitar no crente, o Espírito derrama amor no coração por Deus e pelo próximo (Romanos 5: 5). Para Agostinho, o amor é a característica definidora da vida santa. É a marca distintiva da igreja. Está no centro de toda virtude cristã. É, em suma, o que significa ser como Cristo”.[151]

O mal segundo Agostinho “é o amor por si mesmo e o bem é o amor por Deus. Os homens que vivem para amar Deus formam a Cidade de Deus e os homens que vivem para amar a si mesmo formam a Cidade dos Homens. Na cidade de Deus vive-se segundo as regras do espírito e na cidade dos homens vive-se segundo as regras da carne”.[152]

Para Agostinho, de acordo com Romanos 5.5, a “unidade dos santos é estabelecida pela caridade que é o dom do Espírito Santo”.[153] 

Aqui, mais uma vez, Agostinho substitui a palavra amor por caridade. 

Agostinho até hoje tem influenciado pensamentos. Um ensinamento que se tornou de conhecimento mundial de Agostinho diz: “Ama e faz o que quiseres. Se calares, calarás com amor; se gritares, gritarás com amor; se corrigires, corrigirás com amor; se perdoares, perdoarás com amor. Se tiveres o amor enraizado em ti, nenhuma coisa senão o amor serão os teus frutos.”[154] 

Sim, ama e faz o que quiseres.

 

Do amor fingido ao perfeito amor

 

 

“O filho de Deus ‘sente’ o amor de Deus derramado em seu coração pelo Espírito Santo que lhe é dado’; e todos os seus sentidos espirituais são então exercitados para discernir o bem e o mal espiritual”

 

(João Wesley)

 

Você sabe o que é um amor “com cera”? 

O amor “philéo” é suficiente para a nossa vida cristã? 

Neste capítulo fazemos uma abordagem sobre “Um amor sem cera”; “O amor philéo de Pedro por Jesus” e “O Perfeito amor”. 

 

1.   Um amor sem cera

 

É possível crer em Jesus e depois passarmos a ter um amor fingido?

Paulo alerta para essa possibilidade.

Na antiga Roma era costume dos fabricantes de vasos ou estátuas disfarçar e vender aqueles vasos ou estátuas que estavam danificados com alguma rachadura. O que eles faziam era camuflar colocando cera na rachadura. Acabavam, na verdade, iludindo aos compradores.

No latim a expressão é “sine cera”, quer dizer sincera.

“A palavra ‘sincera’ vem da junção de duas palavras do latim: sine cera. A versão mais comum para a origem dessa palavra é que, em Roma, os escultores desonestos, quando esculpiam uma estátua de mármore com pequenos defeitos – trincas ou pequenas imperfeições no material ou na confecção – usavam uma cera especial para ocultar e esconder essas imperfeições nas estátuas e de um modo que o comprador não percebesse.[155] 

Amor fingido, “com cera”, é aquele que não é leal, não é autêntico. É aquele que arde em ciúmes; que se conduz inconvenientemente; que procura os seus interesses próprios e guarda ressentimentos.

Com o tempo, as pessoas que compravam essas estátuas ou vasos descobriam as imperfeições, ou seja, descobriam que era uma escultura “cum cera”. Os escultores honestos faziam questão de dizer que suas estátuas eram “sine cera”, ou seja, perfeitas, sem defeitos escondidos”.[156]

O apóstolo Paulo utiliza esta expressão ao falar do amor. Ele diz: “O amor seja sem hipocrisia” (Rm 12.9). Outra tradução diz “não fingido” e outra ainda diz “Seja sincero”.

Wesley afirma: “O amor cristão é em si mesmo generoso e desinteressado; nasce não de qualquer ponto de vista de vantagem para nós mesmos, nem de lucro ou de louvor, nem ainda do prazer do amor”.[157]

No relacionamento sentimental, o amor sincero é fundamental. E o amor sincero tem que ter a essência do amor ágape, que é o amor dádiva, de abnegação, sacrificial. Paulo fala “da abnegação do vosso amor” ao se referir e elogiar aos tessalonicenses (1Ts 1.3).

Quando Paulo diz: “Maridos, amai vossa mulher” (Ef 5.25), a palavra grega usada para “amai” não é “eros” e sim agapáte. O verbo agapáo proporciona uma entrega, abnegação e um sacrifício pela pessoa que amamos.[158]

Muitos desejam viver esse amor, mas para que ele possa existir em nossa vida é preciso vir do Espírito Santo. O mesmo Paulo fala que o fruto do Espírito é amor (Gl 5.22). Ele produz paciência (1Co 13.4). Por fim, o derramamento do amor pelo Espírito Santo (Rm 5.5) nos encherá de amor.

Isso significa que esse amor só vem do Espírito. Ele não vem da própria natureza humana. E por mais que se tenha consciência da importância de sua utilidade, por si só, ninguém consegue expressá-lo autenticamente, sem cera.

A essência do amor sincero, do amor ágape é fazer o bem. Ele é benigno (1Co 13.4).

O casal que tem esse amor tem um relacionamento à prova de tempestades. Ele é um poder e na vida do casal ele é essencial. Esse amor tem o poder de resistir ao sofrimento. Ele tudo suporta (1Co 13.8).

Paulo chega a dizer que o amor é uma couraça (1Ts 5.8). A couraça protege. Somos protegidos pelo amor ágape.

Para Wesley, com o derramar do amor, nossos sentidos espirituais também são exercitados: “O filho de Deus ‘sente’ o amor de Deus derramado em seu coração pelo Espírito Santo que lhe é dado’; e todos os seus sentidos espirituais são então exercitados para discernir o bem e o mal espiritual.”[159]

Segundo Wesley “essa experiência assegura ao cristão sua relação filial com Deus como uma revelação do amor de Deus pelo filho de Deus”. [160]

Sim, a experiência com o amor derramado nos corações (Romanos 5.5) transmite aos cristãos o conhecimento de que são filhos e filhas amados por de Deus.

“A experiência de Romanos 5: 5 revela o favor de Deus aos filhos de Deus, que eles recebem pela fé com gratidão. Em seu sermão de 1789 “A Unidade do Ser Divino”, Wesley escreve: “A gratidão em relação ao nosso Criador não pode deixar de produzir benevolência para os nossos semelhantes.”[161]

Hoje é comum todos falarem de amor até porque ele é essencial na vida do ser humano. Mas muitos estão falando somente do amor Eros (erótico) e até do amor filial (entre amigos e irmãos).

Podemos e devemos buscar esse amor pleno, que foi revelado em Jesus. Sua essência é o amor. A Bíblia diz que Deus é amor. Precisamos dele para ter uma vida feliz e de paz. Precisamos desse amor para termos força e suporte nas adversidades.

 

2.   O amor philéo de Pedro por Jesus

 

Somos filhos e filhas do Pai de amor e podemos amar como Ele ama. Jesus disse para sermos perfeitos como o Pai é perfeito (Mt 5.48).

Paulo fala desse amor ágape em 1Co 13.1: “Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine”.

Jesus perguntou sobre esse amor ágape a Pedro: “Simão, filho de João, você me ama (ágape) mais do que estes outros amam?” (Jo 21.15), ou seja, você me ama com um amor incondicional, que se doa, que se sacrifica?

Mas Pedro usou a expressão philéo que significa – amo como um irmão (Jo 21.15).

Nas duas perguntas iniciais a Pedro: “Tu me amas?” Jesus utilizou a expressão ágape; mas Pedro, respondeu que ama utilizando a expressão philéo. Na verdade, ele disse: “te amo como irmão”.

O amor philéo é fraternal, mas não é suficiente para amarmos ao Senhor e estarmos dispostos a morrer por Ele. O amor que o Senhor espera que tenhamos por Ele deve ser ágape. Pelo amor phileo, Pedro negou a Jesus, por isso, Jesus esperava que Pedro o amasse com o amor ágape.[162]

Jesus disse sobre isso: “Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a sua vida pelos seus amigos. Vós sereis meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando” (João 15.13-14).

A palavra grega utilizada aqui por Jesus para amor é ágape, amor de doação, sacrifício.[163]

O início da cura de Pedro

Pedro estava saindo de uma tragédia: havia negado a Jesus três vezes.

Não tinha ainda condições de ter um amor ágape. O Pentecostes com o derramamento do Espírito ainda não havia acontecido. Ele só tinha para dar o amor filial, de um irmão. Mas Pedro foi sincero.

Por que Jesus perguntou três vezes a Pedro?

Jesus estava dando início a um processo de cura. Jesus não o recriminou.

É importante declarar que amamos. Como Pedro negou três vezes, o Senhor pediu que Pedro declarasse três vezes que o amava, mesmo que fosse ainda imperfeito. Era para dar confiança a Pedro.

Dentro desse processo de cura, Jesus pergunta pela terceira vez: “Amas-me?” usando a palavra philéo, ou seja, “você me ama como um irmão?” (Jo 21.17)

E Pedro humildemente respondeu: “Senhor, tu sabes todas as coisas, tu sabes que eu te amo” (Jo 21.17), ou seja, como irmão (amor philéo).

Jesus sabia que Pedro poderia amá-lo com um amor ágape.

Jesus estava dando tempo a Pedro e sabia que Pedro chegaria a amá-lo mais adiante com um amor ágape, amor sacrificial.

Jesus disse: “Quando você era moço, você se aprontava e ia onde queria. Mas eu afirmo a você que isto é verdade: quando for velho, você estenderá as mãos, alguém vai amarrá-las e o levará onde você não vai querer ir” (Jo 21.18).

O evangelista João explica que “ao dizer isso, Jesus estava dando a entender de que modo Pedro iria morrer e assim fazer com que Deus fosse louvado” (Jo 21.19).

A história declara que Pedro foi preso e morto no ano 67 D.C.[164]

Se você ama ao Senhor com amor semelhante ao amor que você tem pela sua família, você pode chegar muito além. Pode ter um amor de excelência. O amor ágape de Deus é derramado em nossos corações pelo Espírito Santo (Rm 5.5).

Se somos filhos e filhas do Pai de Amor, então podemos amar como Ele ama.

 

3.   O perfeito amor

 

Wesley definiu a santidade de coração ou perfeição no amor da seguinte forma:

“Amar a Deus com todo nosso coração, mente, alma e força. Isto implica que nenhum temperamento errado, nenhum contrário ao amor, permanece na alma; e que todos os pensamentos, palavras e ações são governados por puro amor.[165]

Os filhos e filhas de Deus quando creem passam a ter o fruto do Espírito, que nos dá o amor (Gl 5.22), mas todos devem caminhar para terem o perfeito amor.

O derramamento do amor segundo Romanos 5.5 é fundamental para se alcançar o perfeito amor.

“Wesley levou a sério o convite de Jesus para 'ser, portanto, perfeito como o seu Pai que está no céu é perfeito' (Mt 5:48). Por "perfeição", Wesley não quis dizer perfeição moral ou sem pecado. Ele quis dizer perfeição no sentido da maturidade’.

 

O amor perfeito deve ser mesmo tempo uma experiência no coração e um modo de vida no mundo. [166]

 

Wesley acreditava que poderíamos nos tornar perfeitos em amor nesta vida. Se Jesus nos convida a buscar a perfeição, o amor perfeito é possível. Ele não queria dizer que estaríamos livres de erros, tentações ou falhas.

 

Para Wesley, crescer como cristão é ser cheio de amor, o que acontece pela graça de Deus”.[167]  

E o que é o perfeito amor?

Para Wesley, a perfeição cristã significa amor perfeito.[168] 

Vem de um coração que aprendeu a ter a mente de Cristo e anda como Ele andou. Tem um coração limpo e é santificado por Deus: “Ama ao Senhor seu Deus de todo o seu coração e o serve com todas as suas forças. Ama ao próximo (a todos os homens) como a si mesmo; sim, como Cristo nos amou, especialmente aqueles que o desprezam e o perseguem porque não conhecem ao Filho nem ao Pai. A sua alma é realmente todo amor, cheia de entranhas de misericórdia, bondade, mansidão, magnanimidade e tolerância. A sua vida está de acordo com estas qualidades, cheias das obras da fé, da paciência, da esperança e da obra do amor”.[169]

Mais resumidamente, João Wesley diz que por perfeição ele quer dizer amor perfeito, ou amar a Deus com todo o nosso coração assim como regozijar-se sempre, orar sem cessar e em tudo dar graças.[170] 

O segredo para termos uma vida cristã frutífera e de paz é alcançarmos o perfeito amor.

É possível alcançar o perfeito amor porque a Bíblia assim diz (Mt 5.48).

Os benefícios do perfeito amor: 

1.O perfeito amor lança fora o medo

“No amor não existe medo, antes o perfeito amor lança fora todo medo. Ora, o medo produz tormento; logo, aquele que teme não é aperfeiçoado no amor” (1Jo 4.18). 

Wesley diz: “No amor não há medo – Não pode haver medo escravizante onde o amor reina, mas o amor perfeito e adulto lança fora o medo escravizante”.[171]

O amor de Deus lança fora o medo de sermos condenados e de não herdarmos a vida eterna. Então, o Seu amor em nossas vidas, é como garantia de que nós não somos condenados, pois a Palavra nos: “E nós conhecemos, e cremos no amor que Deus nos tem. Deus é amor; e quem está em amor está em Deus, e Deus nele” (1 João 4.16.)

Romanos 8.38-39 diz: “Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor”.

Esse é o perfeito amor.

2.O perfeito amor nos proporciona amar aos inimigos 

Jesus ensinou que é possível amar aos inimigos, mas para isso é necessário ter a perfeição que proporciona um amor perfeito (Mt 5.48).

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: "Vós ouvistes o que foi dito: 'Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo!' Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos e orai por aqueles que vos perseguem!

Assim, vos tornareis filhos do vosso Pai que está nos céus, porque ele faz nascer o sol sobre maus e bons, e faz cair a chuva sobre os justos e injustos. Porque, se amais somente aqueles que vos amam, que recompensa tereis? Os cobradores de impostos não fazem a mesma coisa? E se saudais somente os vossos irmãos, o que fazeis de extraordinário? Os pagãos não fazem a mesma coisa? Portanto, sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito" (Mt 5. 43-48).

Só um perfeito amor para amar aos inimigos.

Jesus disse mais: “Ouçam todos. Amem os vossos inimigos. Façam bem aos que vos odeiam. Orem pela felicidade dos que vos amaldiçoam. Peçam a bênção de Deus sobre os que vos magoam. Se alguém vos bater numa face, ofereçam ­lhe também a outra! Se alguém vos exigir o casaco, deem ­lhe também a camisa. Deem o que têm a quem vo­-lo pedir; e quando vos levarem as vossas coisas, não se preocupem se as tornam a entregar ou não” (Lucas 6.27-28).

O propósito de Jesus para com os seus discípulos tinha como alvo deles amarem aos inimigos. Amar como Jesus amou. Só assim seriam verdadeiramente discípulos de Jesus.

Comentando sobre 1João 4.7, Wesley diz: “Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor é de Deus; e todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus.

Amemo-nos uns aos outros - Da doutrina que ele acaba de defender, ele faz essa exortação. É pelo Espírito que o amor de Deus é derramado em nossos corações. Todo aquele que ama verdadeiramente a Deus e ao próximo é nascido de Deus”.[172] 

3 O perfeito amor exclui o pecado 

Se nosso coração não é cheio de amor, vamos ter espaço para odiar, revidar, perseguir, vingar, fazer retaliação etc. Se amamos intensamente, tudo será apagado. O amor apaga a afeição do pecador pelo pecado.

Wesley disse: "A inteira santificação, ou perfeição cristã, não é nem mais nem menos que amor puro; amor expulsa o pecado e governa tanto o coração como a vida de um filho de Deus". [173] 

Wesley disse mais: “Como a cera se dissipa diante do fogo, assim o orgulho se derrete diante do amor. Toda arrogância, seja de coração, fala ou comportamento, desaparece onde o amor prevalece”.[174] 

Wesley acreditava que o amor exclui o pecado.[175] Ele diz: “É amor excluindo o pecado; amor enchendo o coração, assumindo toda a capacidade da alma. É o amor 'regozijando-se sempre, orando sem cessar, em tudo dando graças”.[176] 

Mas Wesley faz uma importante observação: “Perfeição sem pecado é, portanto, uma frase que nunca uso”. [177] 

Ele prefere dizer que a perfeição é a salvação do pecado. Perfeito é aquele “que de fato não comete pecado”.[178] 

Este verso de Carlos Wesley abaixo mostra a visão da possibilidade de Deus eliminar todo poder do pecado em nossa vida e nos encher da plenitude de Deus:

 

Venha, Salvador, venha e me faça completo; 
Totalmente todos os meus pecados são removidos; 
Para aperfeiçoar a saúde, restaurar minha alma 
Para aperfeiçoar a santidade e o amor
.[179]

 

João Wesley explica o que entende por pecado:

“Pelo pecado, eu entendo o pecado exterior, de acordo com a simples e comum aceitação da palavra; uma transgressão real e voluntária da lei; da lei escrita e revelada de Deus; de qualquer mandamento de Deus, reconhecido como tal no momento em que é transgredido.. [180] 

O que fazer para não cometer pecado?

Wesley diz: “todo aquele que é nascido de Deus’, enquanto ele permanece na fé e no amor, e no espírito de oração e ação de graças, não apenas não o faz, mas não pode cometer pecado. Desde que ele assim creia em Deus por meio de Cristo e o ame, e esteja derramando seu coração diante dele, ele não pode voluntariamente transgredir qualquer ordem de Deus, seja falando ou agindo o que ele sabe que Deus proibiu; por tanto tempo que a semente que permanece nele, aquela fé amorosa, orante e grata, o compele a abster-se de tudo o que ele sabe ser uma abominação aos olhos de Deus”.[181]

Dr. Joseph Dongell, [182] professor metodista do Asbury Theological Seminary, afirma que para John Wesley o amor é o centro operacional e funcional de todas as coisas. Dr. Joseph escreve sobre cinco pontos de como Wesley entendia o amor, o qual ele retirou da Bíblia. Num dele, ele diz sobre essa compreensão de Wesley sobre o amor excluir o pecado: “O amor derramado por Deus através do Espírito é uma poderosa força que se desprende nas câmaras mais profundas do coração e da comunidade, manifestando uma série de poderosos efeitos internos e externos. Entre seus muitos efeitos internos, Wesley frequentemente falou desse amor infundido como expulsar o pecado do coração. A lógica de Wesley é fácil de seguir. Pois, se o amor enche o coração (e, por sua natureza, cumpre toda a lei de Deus), então o coração tão cheio de amor "não deixa espaço" (metaforicamente falando) para as más intenções e desígnios. Em outras palavras, Wesley via a pureza como resultado de ser infundido (de cima) pelo amor divino”.[183]

Semelhantemente a Wesley, Policarpo de Esmirna[184], bispo e mártir da Igreja, disse: “Porque, se alguém, interiormente, possui estas graças, cumpriu o mandado de justiça, visto que o que tem amor está longe de todo pecado”.[185] 

E Wesley conclui: “Porque ele é ‘puro de coração’. O amor de Deus tem purificado seu coração de toda paixão vingativa, da inveja, malícia e ira, de todo temperamento indelicado ou afeição maligna. Isso o limpou do orgulho e altivez de espírito, de quem, sozinho, emana contenda. E ele agora está “cheio de misericórdia, delicadeza, humildade de mente, brandura, e longanimidade”.[186] 

4.Como nos aperfeiçoar em amor? 

É simples assim: guardando a Sua Palavra: “Aquele, entretanto, que guarda a sua palavra, nele, verdadeiramente, tem sido aperfeiçoado o amor de Deus. Nisto sabemos que estamos nele: aquele que diz que permanece nele, esse deve também andar assim como ele andou” (1 João 2.5-6).

E assim somos chamados a andar em amor: “Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados; e andai em amor, como também Cristo vos amou, e se entregou a si mesmo por nós, em oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave” (Efésios 5.1-2).

“Wesley argumentou que podemos ser vasos que levam o amor de Deus ao mundo e compartilhar os tesouros de sua graça somente se o vaso de nossa alma é reabastecido diariamente, somente se nos alimentamos de nosso pão de cada dia que é o maná da graça. Wesley enfatiza o caráter contínuo e diário da respiração espiritual como parte desse processo de amadurecimento pelo qual o cristão “cresce ... para 'a medida plena da estatura de Cristo (Efésios 4:13)” (II.4).[187] 

No sermão "O Caminho bíblico da Salvação", ele escreve que as obras de santidade são necessárias para essa maturação de tal forma que "... se um homem voluntariamente os negligencia, ele não pode razoavelmente esperar que ele seja santificado no sentido pleno, isto é, ' aperfeiçoado no amor '. Não, pode ele 'crescer' em graça, no 'conhecimento amoroso de nosso Senhor Jesus Cristo'? ”(Sermão 43, III.4)”.[188]

Wesley disse que “por perfeição, quero dizer amor perfeito”.[189] Portanto, devemos buscar a perfeição cristã.

Importante ainda lembrar o que ele disse: “Mas ninguém pode atingir a perfeição a menos que eles acreditem que seja atingível”.[190] 

O derramamento do amor em nossos corações pelo Espírito Santo é fundamental para o aperfeiçoamento do cristão (Rm 5.5). 

Comentando sobre Romanos 5.5, Wesley afirma: “A esperança não nos abala - isto é, nos dá a maior glória. Nós nos gloriamos nesta nossa esperança, porque o amor de Deus é derramado em nossos corações - a divina convicção do amor de Deus por nós, e esse amor a Deus que é ao mesmo tempo sincero e o começo do céu. Pelo Espírito Santo - A causa eficiente de todas essas bênçãos presentes e o fervor daqueles que virão”.[191] 

Para Wesley, sem a experiência de Romanos 5.5 os cristãos são ainda imperfeitos e devem orar para terem a experiência do derramamento do amor. 

O amor é o começo e o fim da fé cristã. O perfeito amor deve ser o alvo de todo cristão. 

 

O amor de Deus na vida dos primeiros metodistas

 

 

"O poderoso poder de Deus desceu sobre mim; meu coração foi esvaziado de todo mal, e Jesus tomou todo o quarto. Eu não podia mais me abster de contar o que Deus tinha feito pela minha alma. Meu coração estava cheio de amor e alegria, e meus lábios o louvavam”.

(Richard Rodda)

 

Os primeiros pregadores e líderes de células metodistas, na Inglaterra, no século  XVIII, foram destemidos, abnegados e santificados. Com João Wesley, esses leigos impactaram a Inglaterra e fizeram toda a diferença. 

A ênfase era buscar o perfeito amor, a santidade, a perfeição cristã entendida como uma vida liberta do domínio do pecado e cheia de amor a Deus e ao próximo. 

A expressão “batismo de amor” não era utilizada, mas a ênfase no perfeito amor, sim!

Wesley disse: “Um metodista é alguém que tem o amor de Deus em seu coração, pelo Espírito Santo que lhe foi dado; é alguém que ama ao Senhor seu Deus, ‘com todo o seu coração, com toda a sua alma, com todo entendimento e força (...).”[192]. Sua definição é mais ampla, mas esta afirmação é a principal.

Wesley disse que conheceu um grande número de pessoas de todas as idades e sexos que foram santificadas totalmente, isto é, "lavados de toda impureza da carne e do espírito", de modo que "amavam ao Senhor seu Deus de todo o seu coração, alma e força", que continuamente "apresentavam as suas almas e os corpos num vivo, santo e aceitável sacrifício a Deus", e, em consequência disso, "regozijavam-se sempre, e oravam sem cessar e em tudo davam graças."[193]

Aqui vemos a vida liberta do pecado; cheia de amor; dedicando-se ao seu Senhor, constantemente alegre, orando sem cessar e em tudo davam graças. 

Em seu Diário, Wesley cita diversas pessoas que experimentaram intensamente e praticavam esse amor.

Sobre miss Berresford havia um ditado que dizia: “Se miss Berresford não for para o céu, ninguém irá”. Ela foi modelo de piedade e de atividade. Ela possuía ardente amor. No final de sua vida, ela disse: “Oh! Estou cheia do amor de Deus”.[194]

Certa vez, numa visita a Rotherham, encontrou cinco homens e seis mulheres que acreditavam estarem salvas do pecado. Regozijavam sempre, oravam sem cessar e em tudo davam louvor. Wesley afirmou: “Creio que nada sentem senão amor”.[195]

Sobre Elizabeth Longmore, Wesley registrou o que ela disse e sentiu durante um culto: “Na hora em que o Sr. Fugill começou a falar, senti que minha alma era toda amor (...) Esquadrinho o coração constantemente, e nada acho ali senão amor”.[196]

Em 1765, visitou Redruth para ouvir a história de Grace Paddy, jovem serena e bem educada. Ela descreveu a mudança em sua vida e disse: “(...) Senti mudança inexplicável no fundo do meu ser, e desde aquela hora não tenho sentido ira, nem vaidade ou mau gênio: nada que seja contra o puro amor de Deus, que sinto constantemente. Não desejo outra coisa senão a Cristo; e tenho Cristo sempre reinando no coração”.[197]

Mas vamos conhecer profundamente mais três experiências sobre a vida de amor:

 

“Deixe só o amor habitar no meu peito!”

 

Elizabeth Ritchie (1754-1835) nasceu em Otley, Yorkshire, Inglaterra. Era filha de John Ritchie. Serviu muitos anos como cirurgião na marinha. Ele era um homem sensato, amável, bem informado. Tinha um grande gosto pelas belezas da natureza. Temia a Deus e recebia os pregadores metodistas hospedando-os em sua casa. Em sua aposentadoria, ele foi para o vale de Wharfdale, uma vila adorável, onde se casou com Beatrice Robinson, de Bram Hope. Depois foram para Otley em 1754. 

Desde pequena Elizabeth teve sensibilidade e sentia muita dor quando um parente ou amigo chorava. Seus pais eram metodistas e João Wesley frequentemente ficava em sua casa. Ela era conhecida também como Eliza Ritchie. 

Quando jovem teve lutas contra as tentações. A oração foi negligenciada e tudo deu errado. Wesley a ajudou com conselhos. Um dia, Wesley lhe perguntou quais livros ela lia e prometeu lhe dar uma lista de coisas que ele achava que poderiam lhe ser úteis. Este parece ter sido o começo de um relacionamento que depois se transformou em uma amizade íntima. 

Aos 18 anos, ela entregou sua vida a Jesus. Certa vez, ela acompanhou Wesley a Birstal. Wesley perguntou a Elizabeth como foi seu encontro com o Senhor. Ela lhe falou desse assunto com o coração aberto e depois escreveu: “De fato, essa oportunidade foi um privilégio que eu não esperava. Eu confio que vou colher um benefício duradouro disso. No sábado seguinte, ao suplicar ao Senhor em oração para me santificar, Ele me abençoou grandemente, com uma aplicação poderosa dessa promessa; Eu sou teu Deus. Senti paz inexprimível; e o grito da minha alma foi: 'Deixe só o amor de vocês habitar no meu peito!' Eu estava consciente de que uma mudança abençoada efetuara dentro de mim. O Senhor estava muito perto e me fez verdadeiramente feliz em mim mesma.” [198]


“Meu coração estava cheio de amor e alegria,

e meus lábios o louvavam”

 

Richard Rodda (1743-1815) nasceu em Sancreed, Cornwall, Inglaterra.  Desde cedo, ele desenvolveu uma consciência grande de Deus e do seu pecado e desejou fugir da ira vindoura. Seus pais rejeitavam o metodismo, pois ouviram dizer que os metodistas eram inimigos da Igreja e do Estado. Mas sua irmã ouviu um pregador metodista e se converteu.

A mudança em sua vida foi tão grande que sua mãe foi ouvi-lo e também se converteu. Em 1756, aos 13 anos de idade, Rodda teve forte convicção do pecado.

Certa vez, Rodda escreveu: "O poderoso poder de Deus desceu sobre mim; meu coração foi esvaziado de todo mal, e Jesus tomou todo o quarto. Eu não podia mais me abster de contar o que Deus tinha feito pela minha alma. Meu coração estava cheio de amor e alegria, e meus lábios o louvavam”.

Ele pregou, em grande parte, em Cornualha, local histórico de perseguição aos metodistas. Ele, contudo, superou tudo e nunca desanimou ou duvidou do seu chamado como pregador itinerante. Certa vez, escreveu a Wesley: “Creio que, para alcançar a salvação final, nossa fé deve ser produtiva de boas obras; que sem santidade completa e pessoal, ninguém verá o Senhor. Isto é tão plenamente afirmado na Palavra de Deus que estou persuadido que todo o ofício dos homens e toda a raiva dos demônios não podem derrubá-lo”.[199]

 

“Acima de tudo, tive uma comunhão ininterrupta com Deus”

 

Alexander Mather (1733-1800) nasceu em Brechin, na Escócia. Foi educado de forma rigorosa e severa pelo pai, que era anglicano. Isso o levou a sair de casa aos 12 doze anos, em 1745, para apoiar os rebeldes contra o rei, na “Revolta Jacobita.”* 

Foi salvo de morrer em combate e, ao ser salvo de um afogamento, sentiu que Deus o salvara para um propósito. Os rebeldes foram perseguidos e seu pai não o recebeu de volta. Depois do perdão aos rebeldes, seu pai o deixou voltar para casa, mas não o apoiou na escola. Mather trabalhou com seu pai na padaria. Aos 19 anos, foi para Londres, onde se tornou padeiro e se converteu com a pregação de Wesley.

Convenceu seu chefe e os outros padeiros de Londres a se recusarem a fazer pão aos domingos. Com o tempo, seu chefe se tornou rico. Isso foi visto como sendo por honrar o domingo.

Em 1756, ao se sentir chamado a pregar, Wesley lhe disse "ser um pregador metodista não é o caminho para a facilidade, honra, prazer ou lucro. É uma vida de muito trabalho e reprovação”.

Sendo franco, Wesley disse que os pregadores muitas vezes, vivem com escassez e “são propensos de serem apedrejados, espancados e abusados de várias maneiras. Considere isso antes de se envolver em um modo de vida tão desconfortável”. Ele era um guerreiro e aceitou. Mather organizou igrejas e sua pregação sobre a perfeição cristã era poderosa.

Wesley pediu e Mather fez um relato de sua experiência, que ocorreu em 1857, em Rotherham, Inglaterra:

“O que eu vivenciei em minha própria alma foi uma libertação instantânea de todos aqueles temperamentos e afeições errados que eu tinha (...), um desapego completo de toda criatura, com um inteiro devotamento a Deus; e desde esse momento eu encontrei um prazer indizível fazendo a vontade de Deus em todas as coisas. Eu tinha também um poder para fazê-lo, e a aprovação constante da minha própria consciência e de Deus. 

Eu tinha simplicidade de coração, e um único olhar para Deus, em todos os momentos e em todos os lugares, com tanto zelo para a glória de Deus e o bem das almas (...). Acima de tudo, tive uma comunhão ininterrupta com Deus (...)”.[200]

 

Encontro o amor de Deus em Cristo Jesus"

 

John Jane é considerado um dos mártires metodistas. Um dos registros sobre ele é de março de 1750, quando Wesley, a caminho da Irlanda, o alcançou em Holyhead com três xelins no bolso. 

Em 1776, John Jane visitou Colne, o primeiro que pregou nesse lugar. Inocentemente andava pela cidade, quando a multidão o puxou para fora de seu cavalo. Ele aproveitou a oportunidade e exortou veementemente a todos para "fugirem da ira vindoura". Ele faleceu com um sorriso no rosto. Suas últimas palavras foram: “Encontro o amor de Deus em Cristo Jesus".[201] 

Esses e outros pregadores e pregadoras metodistas foram destemidos, abnegados e santificados. 

O propósito de Wesley era levar os membros à perfeição em amor

 

Como esses pregadores e pregadoras metodistas chegaram a ser tão consagrados? 

Todas estas três palavras “destemidos, abnegados e santificados” estão relacionados ao perfeito amor: 

- O perfeito amor lança fora o medo (1Jo 4.18); 

- Umas das marcas do amor ágape é a abnegação (1Ts 1.3); 

- Devemos amar os inimigos para sermos perfeitos (Mt 5.48). 

Os metodistas eram capacitados e estimulados a alcançar o perfeito amor por Wesley. 

Durante a vida de John Wesley, a reunião de classe foi o coração do metodismo.[202] As classes eram pequenos grupos de discipulado de apoio onde os membros eram responsáveis ​​uns pelos outros. Eles confessavam os seus pecados uns aos outros, oravam uns pelos outros e motivavam uns aos outros ao amor e boas obras. 

A única condição para entrar nas classes era o desejo de fugir da ira vindoura, para ser salvo dos seus pecados.[203] 

As sociedades organizadas no metodismo dividiam os membros em classes, que eram agrupadas geograficamente e continham todas as pessoas da Sociedade. Por volta de 1742, a Sociedade de Londres tinha mais de mil membros. 

Wesley orientou como as pessoas deveriam se agrupar:  “Para que se possa discernir mais facilmente se estão realmente realizando a sua salvação, cada sociedade é dividida em grupos menores chamados classes, de acordo com as suas residências. Há cerca de 12 pessoas em cada classe sendo uma delas indicada para ser o líder.” [204]      

Cada metodista pertencia a uma classe. A reunião era uma partilha da experiência pessoal da semana passada. Eles aprenderam com isso a terem autoconfiança e a capacidade de falar em público. 

A classe foi um lugar para serem aceitas todas as pessoas de diferentes origens sociais.[205] Todas as pessoas confessavam as suas falhas e buscavam a salvação e a santificação. 

Wesley escreveu como uma pessoa era admitida na classe e na Sociedade: Qualquer pessoa determinada a salvar a sua alma podia ser unida com os metodistas (esta é a única condição necessária). Mas esse desejo devia ser comprovado por três marcas: evitar todo o pecado conhecido, fazer o bem e atender todas as ordenanças de Deus. 

A pessoa era então colocada em uma classe que fosse conveniente para ela onde passava cerca de uma hora por semana. E no próximo trimestre, nada se opondo, seria admitida na Sociedade.[206] 

 As classes se diferenciavam dos bands: eram agrupadas geograficamente em vez de serem divididas pela idade, sexo ou estado civil; elas continham todas as pessoas da sociedade, não apenas aquelas que voluntariamente se agrupavam.[207] 

"As classes serviram como uma ferramenta evangelística (a maioria das conversões ocorreu neste contexto) e como um agente de discipulado”.[208] 

Bands eram pequenos grupos criados para levar os metodistas ao perfeito amor. Os bands foram importantes no processo de formação da organização metodista.[209] 

As principais atividades dos bands “eram a confissão e a oração; o alvo deles era o crescimento espiritual. Os bands eram homogêneos, de acordo com o modelo morávio; havia band de mulheres, de homens e mesmo de rapazes (...).”[210] 

Os bands eram grupos de cinco ou seis pessoas do mesmo sexo comprometidos um com o outro e para a vida santa. Eles se reuniam para ajudar uns aos outros no caminho da perfeição cristã. Estes eram grupos ‘mais profundos da vida" e apenas cerca de um terço da típica sociedade metodista entrou, ou foi convidado a integrar os bands de onde eles compartilharam suas jornadas espirituais "sem reservas e sem disfarce.’ John Wesley chamou isso de "conversa íntima". Ele sentia que o metodismo foi mais próximo do ideal do Novo Testamento nas reuniões de bands.[211] 

Hoje perdemos essa visão. Mas podemos ainda colocar a ênfase na santidade, que gera perfeito amor e o reinado de Cristo em nosso coração. 

Podemos ser, sim, novamente uma Igreja com discípulos destemidos, abnegados e santificados como havia no metodismo primitivo. 

 

Segui o amor

 

 

A palavra “seguir” no grego tem também o sentido de se colocar em movimento rápido; perseguir; seguir, siga a direção de  (Lc 17.23); seguir ansiosamente, esforçar-se seriamente para adquirir (Rm 9.30, 31; 12.13); para avançar (Fp. 3.12, 14). 

(William D. Mounce)[212]

 

Paulo orienta para nós seguirmos o amor: “Segui o amor, e buscai com zelo os melhores dons (1Co 14.1).

A palavra grega dioko (διωκω) significa seguir e é utilizada em diversos versículos como Marcos 1.36; Hebreus 12.14, etc.

A palavra “seguir”  traduzida em 1 Coríntios 14.1 do grego dioko significa seguir, perseguir ou mesmo caçar.[213]

É a mesma palavra para Hebreus 12.14: “Segui a paz com todos” indicando que a paz nem sempre é fácil de encontrar.

Significa uma busca dura e persistente. O texto de Marcos 1.36 descreve esse seguir na afirmação: “Seguiram-no Simão e os que com ele estavam”:

“E, levantando-se de manhã, muito cedo, fazendo ainda escuro, saiu, e foi para um lugar deserto, e ali orava. E seguiram-no Simão e os que com ele estavam. E, achando-o, lhe disseram: Todos te buscam” (Marcos 1.35-37).

O pastor Luciano Subirá[214] no seu livro Maturidade: O Acesso à herança plena lembra que o apóstolo Paulo nos encoraja a buscar mais o amor que os dons e as manifestações do Espírito Santo. 

Ele diz que “há um recurso disponibilizado da parte de Deus para isso. Escrevendo aos Romanos, Paulo afirmou: ‘Porque o amor de Deus é derramado em nossos corações pelo Espírito Santo”.[215]

Depois de citar Romanos 5.5, Luciano Subirá diz: “Por outro lado, não de depende só de Deus. Se assim fosse, todos já estariam completamente maduros e crescidos em amor. Paulo sinalizou aos coríntios, que, assim como os dons devem ser desejados e buscados, o amor precisa também ser buscado. Segui o amor, e buscai com zelo os melhores dons (1Co 14.1). A palavra seguir é dioko (διωκω), e, de acordo com Strong, seu significado inclui: “correr prontamente a fim de capturar uma pessoa ou coisa, correr atrás, perseguir, seguir após. Com isso, Paulo estava dizendo, em outras palavras: “corram atrás do amor”, persigam o amor, corram com afinco até alcançá-lo.

Portanto, é nossa responsabilidade buscar em Deus os recursos que Ele disponibiliza a fim de crescermos em amor”.[216]

Foi assim minha experiência com o amor de Deus. Primeiro, recebi pela graça uma porção desse amor ao meditar no Evangelho do Apostolo João, capítulo 14. Depois, a cada dia, busquei esse amor na meditação da Palavra no Evangelho do discípulo amado, nos capítulos 14, 15 e 16 de João. A cada dia esse amor crescia revelando meu pecado, curando minhas feridas, tratando meu caráter, trazendo paz e segurança etc.

Foi assim durante um ano. A busca não parou. Fui à Fonte diariamente! Anos mais tarde, um homem de Deus disse que eu fui batizado pelo amor.

Lift Hetland fala da importância de sermos receptores desse amor. Jesus veio para nos mostrar o Pai e nos fazer retornar ao Pai, e para ter um encontro com o amor do Pai, o próprio amor que ele tinha com experiência, conforme João 17.26".[217]

É necessário estimular a prática do amor.

Jesus estimulou os discípulos a amarem: “Eu vos dou um novo mandamento: amai-vos uns aos outros. Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros” (Jo 13.34).

Paulo estimulou a praticarem o amor: “Portanto, sede imitadores de Deus, como filhos amados;  e andai em amor como Cristo, que também nos amou e se entregou por nós a Deus como oferta e sacrifício com aroma suave” (Ef 5.1-2).

É preciso seguir o amor, buscar o amor, estimular o verdadeiro amor.

A palavra “seguir” no grego tem também o sentido de se colocar em movimento rápido; perseguir; seguir, siga a direção de  (Lc 17.23); seguir ansiosamente, esforçar-se seriamente para adquirir (Rm 9.30, 31; 12.13); para avançar (Fp. 3.12, 14). [218]

Paulo orienta: “Comunicai com os santos nas suas necessidades, segui a hospitalidade” (Romanos 12.13).

O pastor pentecostal argentino Juan Carlos Ortiz, autor do livro “O discípulo”, sempre estimulou a comunhão, a vida comunitária e a prática do amor.

Ele falou sobre o "amor de batata amassada", um purê. Para explicar essa necessidade da prática do amor, ele fez a seguinte ilustração: "Você sai para o canteiro de batatas e desenterra todas as batatas e as coloca em uma grande sacola. Agora, todas as batatas estão no mesmo tamanho," mas elas ainda são batatas individuais.

Em seguida, eles vão para o galpão de embalagem, onde são limpos e colocadas em sacos menores, e enviados para mercearias. Mas, apesar de estarem em sacos menores, elas ainda são batatas individuais.

Então um cliente compra 5 libras de batatas, leva para casa, descasca-as e coloca-as na panela. Agora elas estão mais próximas. A pele delas não mais as separa. Mas ainda são batatas individuais.

Não é até que estejam fervidos e esmagados e misturados que eles realmente se tornam um. E é isso que Deus quer para nós. Nenhum super star se levantando e dizendo: 'Veja como eu sou uma grande batata'. Mas todos nós misturamos e misturamos, um em Jesus Cristo”.[219]

Israel Belo de Azevedo[220] afirma: “Só o cristão pode amar, porque só o cristão tem o Espírito Santo habitando em seu interior. O amor só é possível quando é uma ação do Espírito Santo em nós. Fora do Espírito, temos o simulacro (imitação) do amor. 

O amor se alimenta de palavras, mas depende de ações concretas para sobreviver (...). 

Podemos alcançar o máximo em termos de espiritualidade, mas se nossa espiritualidade não for motivada pelo amor, não nos aproximará de Deus. A religião deixará de ser rotina quando for permeada pelo amor. A religião deixará de ser espetáculo quando for motivada pelo amor (...).

Amar as pessoas é mais importante do que conhecer a Bíblia e ter capacidade de expô-la. Conhecimento sem amor não tem valor. 

O amor é a condição essencial para que os dons espirituais sejam exercidos. Os dons, que devemos buscar cessam, mas o amor permanece. 

Se você quer amar, ame a Deus. Ele capacitará você a amar. 

Nós precisamos rogar ao Espírito Santo que nos ensine a amar; sem a sua pedagogia, não conseguimos ser aprovados”.[221] 

Devemos seguir esse amor conforme Paulo orienta. 

A Igreja em Éfeso já era selada pelo Espírito Santo (Ef 1.13. 4.30), mas Paulo orou para que a Igreja pudesse ir muito mais além e compreendesse e conhecesse plenamente o amor de Deus (Ef 3.16-19). 

Este derramar do amor de Deus pelo Espírito Santo é para cristãos. Deus tem um grande propósito para nossas vidas ao derramar o Seu amor em nossos corações. 

 

 

O propósito do derramamento do amor

 

“O filho de Deus ‘sente’ o amor de Deus derramado em seu coração pelo Espírito Santo que lhe é dado’; e todos os seus sentidos espirituais são então exercitados para discernir o bem e o mal espiritual.”

 

(João Wesley)

 

Afinal, para que o derramamento do amor?

O derramamento do amor é fundamental para nossas vidas e para a identidade e missão da Igreja. É necessário para sermos fieis à Palavra de Deus. Dentre os diversos benefícios, estão:

1.O derramamento do amor traz cura emocional

Paulo começa esclarecendo, quando diz: “E a esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Romanos 5.5).

Um coração deprimido, medroso ou carente geralmente não tem tanta esperança. Essa pessoa certamente estará confusa diante os seus sonhos e desejos.

Mas a Palavra diz que “no amor não há medo antes o perfeito amor lança fora o medo” (1 João 4.18). Isto é, um coração cheio de amor tem grande convicção e entusiasmo.

Paulo diz isso: “Lembramos continuamente, diante de nosso Deus e Pai, o que vocês têm demonstrado: o trabalho que resulta da fé, o esforço motivado pelo amor e a perseverança proveniente da esperança em nosso Senhor Jesus Cristo” (1Ts 1.3).

Tudo isso como resultado do amor em nosso coração. O amor ágape em grande dose traz cura emocional. Passamos a ter uma firme esperança.

Como já vimos, “a palavra grega para derramado é EKCHO que significa: despejar ou distribuir em abundância”.[222]

João Wesley lembra: “nós o amamos porque Ele nos amou primeiro”.[223] Como o amor foi derramado em nossos corações há intimidade, comunhão com Deus e passamos a ter uma firme convicção e esperança.

Importante recordar uma das experiências que Wesley  e os primeiros metodistas tiveram com o amor de Deus e as consequências desse amor derramado: Em 28 de abril de 1762, numa reunião do povo metodista, o Espírito Santo derramou Seu amor nas pessoas presentes: “Deus derramou abundantemente Seu Espírito sobre nós. Muitos ficaram cheios de consolação (...). Deus restaurou o homem à luz da Sua face, e deu à jovem moça a convicção clara do Seu amor.”[224]

Consolação e convicção clara do amor de Deus. Esses são alguns frutos do derramamento do amor pelo Espírito Santo aos nossos corações.

Dr.David McEwan, Diretor e professor da Faculdade Teológica Nazarena da Austrália, no seu artigo “Amor, Santidade e Felicidade: A receita Wesleyana para uma missão eficaz”, afirmou que como nós permitimos o amor de Deus preencher o coração, nossas inclinações egoístas, egocêntricas e voluntariosas são curadas e restauradas à sua orientação correta, primeiro em direção a Deus, depois ao próximo e ao resto da criação.[225]

A experiência de Leif Hetland, fundador e presidente da Global Mission Awareness, com o batismo do amor é muito relevante. Essa experiência mudou radicalmente a sua vida.

Ele lembra que o amor é o nutriente essencial para o crescimento espiritual do cristão. Segundo Leif, apesar de ter sido criado em uma família cristã, ele tinha um vazio em sua alma por causa de vícios e abusos que sofreu na adolescência. O derramamento do amor o curou.

Ele afirma que esse amor está disponível para nós hoje.

Wesley é muito claro quando lembra que há uma saída para os que vivem sem esperança e sem alegria: “A tempestade não pode ser apagada ou a paz jamais retornou à sua alma, a menos que a mansidão, a gentileza, a paciência ou, em uma palavra, o amor, se apossem dela. Se algum homem encontra em si mesmo má vontade, malícia, inveja ou qualquer outro temperamento oposto à bondade, então a miséria está presente. Quanto mais forte o temperamento, mais miserável ele é. A alma da pessoa maliciosa ou invejosa é o próprio tipo de inferno - cheio de tormento e maldade. Ele já tem o verme que nunca morre, e ele está se apressando para o fogo que nunca pode ser apagado. O grande abismo ainda não está fixo entre ele e o céu. Há um Espírito ainda esperando para renovar seu coração no amor de Deus e assim levá-lo à felicidade eterna”.[226]

Repetindo essa última afirmação de Wesley, que revela que há uma esperança para os que vivem aflitos e deprimidos: Há um Espírito ainda esperando para renovar seu coração no amor de Deus e assim levá-lo à felicidade eterna. 

2.Derramamento do amor é o caminho para a santidade

O derramamento do amor é necessário para alcançarmos a perfeição e o perfeito amor. O derramamento do amor nos leva à santidade e a santidade nos leva a ter um amor perfeito. 

Wesley disse: “A inteira santificação, ou perfeição cristã, não é nem mais nem menos que amor puro; amor expulsa o pecado e governa tanto o coração como a vida de um filho de Deus". - Obras, vol. vii.p.82”. [227]

No seu hino “O Gloriosa Esperança do Amor Perfeito”, Carlos Wesley faz esse pedido ao Senhor:

 

E, com todos os santificados 
Me dê muito amor, 
Me dê muito amor
.[228]

“Em seu sermão de 1746 “Justificação pela Fé”, Wesley liga a experiência dos Romanos 5:5 à imagem do evangelho da árvore e seus frutos. Do pecador, ele escreve, “seu coração é necessariamente, essencialmente, maligno, até que o amor de Deus seja derramado ali. E enquanto a árvore é corrupta, assim são os frutos; 'porque uma árvore má não pode dar bons frutos.'  Antes da experiência de 5:5 de Romanos, não pode haver bons frutos, pois a árvore é corrupta”.[229]

Importante ainda destacar que “especificamente, essa experiência assegura ao cristão sua relação filial com Deus como uma revelação do amor de Deus pelo filho de Deus”. [230]

Para Wesley, a experiência de Romanos 5.5 transmite aos cristãos o conhecimento de que são filhos e filhas de Deus amados.

Essa experiência de Romanos 5.5 provoca amor por Deus, que primeiro nos amou e nos leva a obedecê-lo. A obediência é um sinal do amor de Deus em nossa vida.

“Os filhos de Deus têm “o amor de Deus derramado em seus corações, vencendo o amor do mundo; e eles têm poder sobre todos os pecados, mesmo aqueles que os assediaram facilmente”.[231]

Para Charles Finney, o perfeito amor é necessário porque “todas as ações, palavras e pensamentos devem estar continuamente sob o controle inteiro e perfeito do amor”, etc.[232] 

3.O derramamento do amor e a salvação 

Sabemos que pela fé somos justificados, mas a prática do amor nos dá a certeza da salvação, pois sabemos que somos nascidos de Deus. Paulo colocou o amor acima da fé e da esperança (1Co 13.13).

Importante recordar o que o apóstolo João escreveu sobre o relacionamento do amor com a salvação: “Sabemos que já passamos da morte para a vida porque amamos nossos irmãos. Quem não ama permanece na morte” (1 João 3.14).

Amy Wagner[233], no seu artigo “Wesley sobre a fé, amor e a salvação”, diz: “A salvação começa com amor - o amor de Deus por nós e nossa resposta de amor a Deus e ao próximo”.[234]  

Importante lembrar também o alerta da Bíblia: “Esforcem-se para viver em paz com todos e para serem santos; sem santidade ninguém verá o Senhor” (Hebreus 12.14). Santidade é uma vida de coração limpo, cheio de amor a Deus e ao próximo.

Comentando sobre 1 Coríntios 13.3: "embora eu entregue todos os meus bens para alimentar os pobres, sim, embora eu dê meu corpo para ser queimado e não tenha amor, nada me beneficia", Wesley diz: “O principal sentido das palavras é, sem dúvida, o seguinte: Que tudo o que fizermos, e tudo o que sofrermos, se não formos renovados no espírito de nossa mente, pelo ‘amor de Deus derramado em nossos corações pelo Espírito Santo dado para nós, "não podemos entrar na vida eterna’.[235] 

Como saber se somos de Deus?


Wesley diz: “(...) amamos a Deus e guardamos os seus mandamentos, e ‘por este meio sabemos também que somos de Deus”.[236]

Comentando sobre 1 João 4.7, Wesley diz: “Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor é de Deus; e todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus.

Amemo-nos uns aos outros” - Da doutrina que ele acaba de defender, ele faz essa exortação. É pelo Espírito que o amor de Deus é derramado em nossos corações. Todo aquele que ama verdadeiramente a Deus e ao próximo é nascido de Deus”.[237]

A salvação começa com o amor - o amor de Deus por nós e nossa resposta de amor a Deus e ao próximo.[238]  

4.O derramamento do amor nos impulsiona a amarmos a Deus e realizarmos boas obras 

Para Agostinho de Hipona, o amor de Deus é derramado em nossos corações para podermos amar a Deus e fazer boas obras para a Sua glória: “Aquele que é ao mesmo tempo Deus e homem pode nos reconciliar com Deus pelo seu sangue. O Espírito então derrama o amor de Deus em nossos corações, permitindo-nos amar a Deus e fazer boas obras para a Sua glória”.[239]

E Lutero dizia que Deus deve ser amado “em seus sofrimentos, necessitados e vizinhos enfermos. Deus está assim escondido dentro de humanos desfavorecidos (...)”.[240]

Importante ressaltar que as obras de misericórdia entre os pobres, os doentes e os aprisionados praticadas e ensinadas por Wesley surgiram de uma espiritualidade relacional baseada no amor apaixonado por Deus.[241]

Wesley disse: “Nossa capacidade de amar o próximo e oferecer benevolências de qualquer tipo também não é possível sem a nossa fé e amor abundantes em Deus. Isso é repetido diversas vezes nos ensinamentos do Apóstolo. Paulo escreve: 'Amados, se Deus nos amou também devemos nos amar uns aos outros”.[242] 

No seu artigo “O amor de Deus por nós”, o pastor presbiteriano Hernandes Dias Lopes descreve o amor de Deus como imerecido, provado e abundante. Sobre Romanos 5.5, ele diz:

“O amor de Deus é abundante. A Escritura diz que o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo. É uma espécie de chuvarada bendita de amor que desce do céu sobre nós, regando nossa vida e fazendo-nos frutificar para Deus”[243].

5.O derramamento do amor nos estimula a salvar os pecadores


Charles Finney dizia que “um efeito do amor perfeito a Deus e ao homem será, sem dúvida, que me deleitarei na abnegação por amor a fomentar os interesses do reino de Deus e a salvação dos pecadores”.[244]

Uma pessoa que tem o perfeito amor está morta para o mundo, diz Charles Finney. E conclui afirmando a importância de buscarmos ser cheios de amor: “Amados, que nossos corações sejam estabelecidos em amor perfeito, e não demos descanso a Deus até que nossos corações estejam cheios de amor, e até que nossos pensamentos e nossas vidas estejam cheios de amor a Deus e aos homens”.[245]

Importante lembrar dos moravianos que experimentaram o derramamento do Espírito, em 1727, e o amor de Deus em seus corações. O amor passou a motivá-los. No dia 3 de maio de 1728, uma palavra de ordem para os moravianos foi:

Foi o amor que o instigou de cima; 
Foi o amor que o obrigou a sair do seu trono. 
Então deixe-me dar-lhe amor por amor, 
E mais uma vez, render-se a si mesmo.
[246]

Eles iniciaram um movimento missionário mundial a partir de 1732. Motivados pelo  amor, conde Zinzendorf escreveu:

“Instado pelo amor a todas as nações 
Da raça humana caída 
Vamos publicar a salvação de Cristo 
E declare sua graça comprada pelo sangue; 
Para exibi-lo e retratá-lo, 
Na sua forma e beleza agonizante 
Seja nosso objetivo e prazeroso dever
”.[247]

 

John Stott foi um pastor anglicano britânico, conhecido como um dos grandes nomes mundiais do meio evangélico. Autor de alguns livros, dentre eles: “O discípulo radical”; “Como ser cristão” e “A verdade do Evangelho”.

Ele afirmou: “Se realmente amamos nosso próximo, devemos, sem dúvida, compartilhar com ele as boas novas de Jesus. Como podemos alegar que o amamos se conhecemos o evangelho, mas o guardamos dele? Igualmente, no entanto, se amarmos verdadeiramente o nosso próximo, não pararemos com o evangelismo.[248] 

Para ele, as duas instruções de Jesus - “ame ao seu próximo” - e a grande comissão -“Ide e fazei discípulos” - estão relacionadas. Se amamos realmente ao nosso próximo, vamos levar a Boas Nova ao nosso próximo.

6.O derramamento do amor nos capacita para amarmos de forma eficiente aos nossos irmãos e irmãs 

O derramamento do amor impulsiona para o aperfeiçoamento do amor. David Wilkerson ensina que o amor deve ser aperfeiçoado e todo crente deve chegar a ter o amor perfeito: “(...) as Escrituras descrevem claramente um caminho para todo crente ser capaz de viver e servi-lo sem medo.

Deus nos mostra como podemos viver sem medo, em 1 João. O apóstolo João resume em um verso: “O amor perfeito lança fora o medo” (4:18). Além disso, o apóstolo diz: "Não há temor no amor ... Aquele que teme não é aperfeiçoado no amor" (mesmo verso). Em suma, se estamos vivendo com medo, podemos saber que ignoramos o amor perfeito (...).

Certamente, amamos a Deus, fato que está além da dúvida. Mas considere o que João diz sobre o amor perfeito no início do capítulo: “Se nós amamos, Deus habita em nós e seu amor é aperfeiçoado em nós” (4:12, itálicos meus). Segundo João, a primeira consideração do amor perfeito é o amor incondicional por nossos irmãos e irmãs em Cristo”.[249]

Charles Finney completa: “Aquele que é ao mesmo tempo Deus e homem pode nos reconciliar com Deus pelo seu sangue. O Espírito então derrama o amor de Deus em nossos corações, permitindo-nos amar a Deus e fazer boas obras para a Sua glória”.[250]

John Stott escreveu certa vez: "Toda reivindicação de amar a Deus é uma ilusão se não for acompanhada de amor abnegado e prático por nossos irmãos e irmãs".[251]

Ele disse mais: “Nosso amor por Deus não pode ser separado de nosso amor pelas outras pessoas, porque a maneira como demonstramos nosso amor por Jesus é pela maneira como amamos os outros. A maneira como expressamos nosso amor pelo Senhor é especialmente demonstrada pelo modo como tratamos sua noiva, a igreja. É absurdo pensar que uma pessoa possa amar a Jesus, a quem ele nunca viu, se ele não pode amar as pessoas da igreja - a noiva de Cristo - que ele pode ver.”[252]

 7.O derramamento do amor aperfeiçoa o relacionamento dos filhos e filhas com Deus-Pai

Para Wesley, com o derramar do amor, nossos sentidos espirituais também são exercitados: “O filho de Deus ‘sente’ o amor de Deus derramado em seu coração pelo Espírito Santo que lhe é dado’; e todos os seus sentidos espirituais são então exercitados para discernir o bem e o mal espiritual.”[253] 

Segundo Wesley “essa experiência assegura ao cristão sua relação filial com Deus como uma revelação do amor de Deus pelo filho de Deus”. [254]

Sim, a experiência de Romanos 5.5 transmite aos cristãos o conhecimento de que são filhos e filhas de Deus amados.

“A experiência de Romanos 5: 5 revela o favor de Deus aos filhos de Deus, que eles recebem pela fé com gratidão. Em seu sermão de 1789 “A Unidade do Ser Divino”, Wesley escreve: “A gratidão em relação ao nosso Criador não pode deixar de produzir benevolência para os nossos semelhantes.”[255]

Escrevendo sobre Romanos 8.16, que afirma que o Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus, Wesley diz: “Quando o Espírito de Deus dá testemunho de nosso espírito, temos a certeza de que o Filho de Deus nos amou, nos redimiu, nos libertou, nos fez um novamente com o Senhor, e nossa resposta é amar a Deus e por amor do Senhor, amar o próximo. Após a união do nosso espírito com o Espírito de Deus, os dois se unem em um testemunho confirmando que somos filhos de Deus. Pois há apenas uma resposta à confirmação do grande amor de Deus por nós, respondemos oferecendo amor”.[256]

Segundo Wesley, para sabemos se uma pessoa é filha de Deus, o Espírito Santo deve conduzi-la a todos temperamentos e ações santas.

Ele cita a importância da prática do amor com uma das marcas essenciais para sabermos se uma pessoa é filha de Deus: “Deus nos chamou para sermos santos de coração e santos em conversas externas. É a Palavra de Deus que instilou em nós um coração amoroso para com Deus e para com todos [da humanidade], convidando-nos a abraçar cada criança com afeição sincera e terna, a fim de estarmos prontos a dar a vida por nosso irmão [ ou irmã, apenas] como Cristo deu a sua vida por nós”.[257] 

Por estes testemunhos de pessoas que marcaram uma época com seu ministério e vida de amor, precisamos retomar esse tema e prática.

Vivemos um tempo em que se enfatiza muito uma vida de vitória financeira, mas nem sempre temos uma vida de testemunho e de vida em abundância.

A Igreja tem muitos desafios na atualidade e os líderes religiosos passam por grandes lutas para manterem suas ovelhas firmes na Igreja e fazendo a vontade de Deus.  Mas não podemos negligenciar a Palavra de Deus e deixarmos de seguir os passos de tantas pessoas que foram usadas tremendamente por Deus por causa da experiência com o derramamento do amor em seus corações.

A palavra de Paulo à Igreja em Éfeso ainda é bem atual e necessária para os nossos dias: “Portanto, sejam imitadores de Deus, como filhos amados, e vivam em amor, como também Cristo nos amou e se entregou por nós como oferta e sacrifício de aroma agradável a Deus” (Efésios 5.1-2).

Como disse o bispo Paulo Lockmann, “(...) uma temática que além de ser atual é de uma relevância bíblica decisiva, pois sem o amor não haveria salvação: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3:16).”[258]

 

 


[1] Partes de estrofes do hino de Carlos Wesley. https://finestofthewheat.org/o-glorious-hope-of-perfect-love/

[2] HEITZENHATER, Richard P., Wesley e o Povo Chamado Metodista, Editeo-Pastoral Bennett, 1996, p.79.

[4] https://www.poemhunter.com/poem/hymn-xxv-stupendous-love-of-god-most-high-2/

[8] WESLEY, João. Explicação clara da perfeição cristã. São Paulo, Imprensa Metodista, 1984, p. 34.

[9] Charles WESLEY. Hinos Curtos em Passagens Selecionadas da Sagrada Escritura. 2 volumes, 1762 no jornal John WESLEY (ed.). Revista Arminiana, 1779-1783. [=AJW]. http://portal.metodista.br/cew/acervo/charles-wesley-short-hymns

[17]Mildred Olive Bangs Wynkoop (nascido em 9 de setembro de 1905 em Seattle, Washington , falecido em 21 de maio de 1997 em Lenexa, Kansas ) foi um ministro ordenado na Igreja do Nazareno , que serviu como educador , missionário e teólogo , e o autor de Vários livros.Donald Dayton indica que "Provavelmente a mais influente para uma nova geração de estudiosos da santidade tem sido o trabalho do teólogo nazareno Mildred Bangs Wynkoop, especialmente seu livro A Teologia do Amor: A Dinâmica do Wesleyanismo ". https://en.m.wikipedia.org/wiki/Mildred_Bangs_Wynkoop

[18] https://www.catalystresources.org/a-theology-of-love/

[19] https://portal.metodista.br/fateo/noticias/AMOSTRA_DO_HMB.pdf. Versão de Simei Monteiro.

[20] Op.cit., Versão de Simei Monteiro.

[21] WESLEY, João. Trechos do Diário de João Wesley, Ibidem, p. 20.

[22] HEITZENHATER, Richard P., Wesley e o Povo Chamado Metodista, Editeo-Pastoral Bennett, 1996, p.303.

[23] WESLEY, João. Trechos do diário de João Wesley. Ibidem, p.215.

[24] Idem.

[25] Ibidem, p. 21.

[26] Ibidem, p. 72.

[27] Ibidem, p. 22.

[28] Para James Fowler a fé tem estágios: “Quando falamos do envolvimento de Deus no sentido de iniciar o relacionamento que chamamos fé, normalmente fazemo-lo – pelo menos na tradição bíblica – em termos das categorias de revelação e graça (...). Talvez a coisa mais importante que se pode dizer ao concluir este livro é que nosso estudo do desenvolvimento da fé, até agora, sublinha o fato de que nós, seres humanos, parecemos ter uma vocação genérica – um chamado universal – para nos relacionarmos com o Fundamento do Ser em um relacionamento de confiança e lealdade.” (Estágios da fé, Ibidem, p.247-8)

[29] James Fowler afirma que “a fé é interativa e social, requer comunidade, linguagem, ritual e alimentação. A fé também é moldada por iniciativas que vem de além de nós e de outras pessoas, iniciativas de espírito ou graça” (Ibidem, p.10).

[30] LELIÈVRE, Mateo, Ibidem, p.64.

[31]Whitefield nasceu em Gloucester, Inglaterra, no dia 16/12/1714. Seus pais eram zeladores da Estalagem do Sino. O Clube Santo o ajudou no propósito de ter uma vida santa. Sua experiência espiritual foi em 1735, antes dos irmãos Wesley. Foi maior pregador do que Wesley com quem divergiu em relação a predestinação. No Anexo, abordaremos sobre a vida de Whitefield.

[32] Benjamim Ingham  pertencia ao Clube Santo e foi para a Geórgia junto com os Wesleys e com Carlos Delamontte, outro membro do Clube Santo (LELIÈVRE, Mateo, Ibidem, p. 52-3).

[33] Carlos Wesley  nasceu em 18 de dezembro de 1708 e escreveu mais de seis mil hinos, que eram cantados com entusiasmo pelo povo. No Anexo, abordaremos sobre sua vida.

[34] HEITZENHATER, Richard P., Ibidem, p. 79-0.

[35]HEITZENHATER, Richard P. Ibidem, p.76. O Conde Nicolau von Zinzendorf nasceu em Dresden, no dia 26 de maio de 1700. Seu pai era um alto oficial da Corte eleitoral da Saxônia. Seu pai morreu cedo e a mãe se casou de novo. Ele foi criado pela avó, a baronesa pietista Henrietta Catarina von Gersdorf. No Anexo, abordaremos sobre a vida do Conde Zinzendorf.

[36] Ibidem.

[37] Ibidem, p. 24.

[38] WESLEY, João. Trechos do diário de João Wesley,  Ibidem, p.24.

[39] A “Experiência Mística”  de Wesley, segundo Casiano Floristán e  Juan José Tamayo,  se enquadra igualmente nas experiências de seus companheiros relatadas anteriormente (Conceptos  fundamentales del cristianismo,  Ibidem, p.487).

[40] HEITZENHATER, Richard P., Ibidem, p. 80.

[41] Ibidem.

[42] LELIÈVRE, Mateo, Ibidem, p.66.

[43] http://www.dunedinmethodist.org.nz/articles/view/my-heart-strangely-warmed/

[44] WESLEY, João. Trechos do diário de João Wesley. Ibidem, p.25.

[45] HEITZENHATER, Richard P., Wesley e o Povo Chamado Metodista, Editeo-Pastoral Bennett, 1996, p.303.

[46] REILY, Duncan Alexander. O Metodismo brasileiro e wesleyano, Ibidem, p. 91.

[47]https://www.moumethodist.org/newsdetail/the-meaning-of-the-aldersgate-experience-11412869.

[48] WESLEY, João. Trechos do diário de João Wesley. Ibidem, p.25.

[49] Segundo a Bible Study Tools, Romanos 5. 5 "é um PERFEITO INDICATIVO PASSIVO; literalmente, "o amor de Deus tem sido e continua a ser derramado’. Este VERBO foi frequentemente usado para se referir ao Espírito Santo (veja Atos 2:17 , 18, 33, 10:45 e Tito 3: 6 ), o que pode refletir a passagem em Joel 2: 28-29” .https://www.biblestudytools.com/commentaries/utley/romanos/romanos5.html.

[51] http://www.wordofgodtoday.com/romans-chapter-5/

[52] BURTNER, Robert - CHILES, Robert. Coletânea da Teologia de João Wesley. Junta Geral de Educação Cristã, Imprensa Metodista, 1960, p. 207.

[53] https://www.umcdiscipleship.org/resources/history-of-hymns-jesu-thy-boundless-love-to-me

[54] Idem.

[55] Idem.

[56]NASMITH, Ben - https://medium.com/@BNasmith/john-wesley-on-the-love-of-god-shed-abroad-in-our-hearts-9b9c45cf66b3 - As Obras de John Wesley [vol. 2; ed. AC Outler; Abingdon, 1985], 433. 

[57] WESLEY, João. Trechos do diário de João Wesley, ibidem, p. 105.

[58] Ibidem, p.97.

[59] WESLEY, John. Explicação clara da perfeição cristã. Imprensa Metodista, São Bernardo do Campo, SP, 1984, p.111.

[61] ENSLEY, Francis Gerald. João Wesley, o Evangelista. São Bernardo do Campo, SP, Imprensa Metodista. 1960. http://www.nazarenopaulista.com.br/estudos/Joao_Wesley_O_Evangelista.pdf

[62] Idem.

[63] Henry H. Knigt III é professor de Estudos Wesleyanos na Escola de Teologia de Saint Paul em Kansas City, Missouri e autor de diversos livros, dentre eles: “De Aldersgate a Azusa Street:”; “ A Presença de Deus na Vida Cristã: John Wesley e os Meios da Graça “.

[64] https://www.catalystresources.org/a-theology-of-love/

[65] WESLEY, John. Explicação clara da perfeição cristã. Imprensa Metodista, São Bernardo do Campo, SP, 1984, p.53.

[66] https://www.asbury.edu/about/spiritual-vitality/faith/wesleyan-holiness-theology/

[69] SMITH, J.Warren. “Estar aberto ao Espírito de Deus: a teologia de Wesley sobre os meios da graça” - https://wesleyancovenant.org/2018/05/17/being-open-to-the-spirit-of-god-wesleys-theology-of-the-means-of-grace/

[70] NASMITH, Ben - https://medium.com/@BNasmith/john-wesley-on-the-love-of-god-shed-abroad-in-our-hearts-9b9c45cf66b3

[71] https://www.biblesnet.com/john-wesley-way-of-the-kingdom.pdf.

[72] Idem.pdf

[73] WESLEY, John. Explicação clara da perfeição cristã. Imprensa Metodista, São Bernardo do Campo, SP, 1984, p.101.

[74] BURTNER, Robert - CHILES, Robert. Coletânea da Teologia de João Wesley. Junta Geral de Educação Cristã, Imprensa Metodista, 1960, p. 207.

[76] https://www.ministrymatters.com/all/entry/6401/the-wesleys-holiness-and-life-in-the-spirit.

[77]NASMITH, Ben - https://medium.com/@BNasmith/john-wesley-on-the-love-of-god-shed-abroad-in-our-hearts-9b9c45cf66b3

[78] Idem.

[79]Professor de Física e teólogo amador. Interessado em experiência como fundacional para teologia. Mestre em Artes em Estudos Teológicos (2017) - Seminário Briercrest, Caronport SK. Tese: Idolatria Cognitiva e a Trindade na Filosofia de Paul K. Moser. Mestrado em Física (2008) - Royal Military College, Kingston ON. Tese: Estendendo a Teoria de Londres para Incluir Campos Elétricos Estáveis ​​na Supercondutividade. Bacharel em Ciências com Honras Combinadas em Matemática e Física (2007) - Royal Military College, Kingston ON. - https://medium.com/@BNasmith/john-wesley-on-the-love-of-god-shed-abroad-in-our-hearts-9b9c45cf66b3. https://hcommons.org/members/bnasmith/.

[80] NASMITH, Ben - https://medium.com/@BNasmith/john-wesley-on-the-love-of-god-shed-abroad-in-our-hearts-9b9c45cf66b3

[81] Idem.

[82] WESLEY, John. Explicação clara da perfeição cristã. Imprensa Metodista, São Bernardo do Campo, SP, 1984, p.90.

[83] NASMITH, Ben - https://medium.com/@BNasmith/john-wesley-on-the-love-of-god-shed-abroad-in-our-hearts-9b9c45cf66b3

[84] http:// thomasjayoord.com/index.php /blog/arghives/john

[85] NASMITH, Ben - https://medium.com/@BNasmith/john-wesley-on-the-love-of-god-shed-abroad-in-our-hearts-9b9c45cf66b3

[86] NASMITH, Ben - https://medium.com/@BNasmith/john-wesley-on-the-love-of-god-shed-abroad-in-our-hearts-9b9c45cf66b3

[87] Idem.

[88] Idem.

[89] Idem.

[90] WESLEY, John. “O meio bíblico da salvação” in Sermões de Wesley. Segundo volume, São Bernardo do Campo, SP, Imprensa Metodista, 1981, p.354.

[91] NASMITH, Ben - https://medium.com/@BNasmith/john-wesley-on-the-love-of-god-shed-abroad-in-our-hearts-9b9c45cf66b3

[92] Idem.,

[93] BURTNER, Robert - CHILES, Robert. Coletânea da Teologia de João Wesley. Junta Geral de Educação Cristã, Imprensa Metodista, 1960, p. 208.

[94] https://blog.umcdiscipleship.org/holiness-of-heart-and-life-part-3-of-6/

[95] NASMITH, Ben - https://medium.com/@BNasmith/john-wesley-on-the-love-of-god-shed-abroad-in-our-hearts-9b9c45cf66b3

[96] Idem.

[97] Idem.

[98] BURTNER, Robert W.; CHILES, Robert E. Coletânea da Teologia de João Wesley. JGEC. São Paulo: Imprensa Metodista, 1960, p.207.

[99] https://quizlet.com/24221860/wesleys-favorite-scriptures-flash-cards/

[100]https://deadheroesdontsave.com/2014/01/15/john-wesley-1-john-favorite-book-impact-theology/

[101] https://wesleyanarminian.wordpress.com/2011/04/14/the-bible-and-john-wesley/

[103] https://www.biblestudytools.com/dictionary/inward-man/

[104] Idem.

[105] https://faithcometh.wordpress.com/2010/08/11/the-hidden-man-of-the-heart/

[106] www.teologica.net/revista/index.php/teologicaonline/article/view/89/94

[108] www.teologica.net/revista/index.php/teologicaonline/article/view/89/94   

[109]INTEIRA SANTIFICAÇÃO, “Visão de John Wesley”, por Rev. DA Whedon -  http://media.sabda.org/alkitab-6/wh2-hdm/hdm0212.pdf After being filled with love, there is no more interruption of it than of the beating of his

[110] Idem.

[111] http://home.snu.edu/~hculbert/entire.htm

[112] https://www.soulshepherding.org/warming-cold-hearts-gods-love-john-wesley/

[113] Idem.

[114] https://www.agodman.com/blog/our-regenerated-spirit-inner-man-indwelling-christ-person/

[115] http://www.reformation21.org/blog/2018/11/luther-law-and-love.php

[116] Idem.,

[117]Christian Love: The Key to Wesley's Ethics by Leon O. Hynson. archives.gcah.org/.../Methodist-History-1975-10-Hynson.pdf?

[118]http://oxfordre.com/religion/view/10.1093/acrefore/9780199340378.001.0001/acrefore-9780199340378-e-333

[119]A Disputa de Heidelberg aconteceu no salão de leitura da ordem dos agostinianos de Heidelberg em 25 de abril de 1518[1]. Foi nela que Martinho Lutero, como delegado de sua ordem, teve a primeira oportunidade de articular suas visões reformistas. Em defesa de suas teses, que culminavam num contraste entre o amor divino e o amor profano (humano)[2], Lutero defendeu a doutrina da depravação humana e do aprisionamento do arbítrio (em oposição ao livre arbítrio). https://pt.wikipedia.org/wiki/Disputa_de_Heidelberg

[120] https://world.regent-college.edu/leading-ideas/the-reformation-of-love

[121] Idem.

[122] Idem.

[124] http://thinkingtheologian1.blogspot.com/2014/01/luther-and-holy-spirit-in-catechisms.html

[125] Idem.

[126] Idem.

[127] Idem.

[131]http://oxfordre.com/religion/view/10.1093/acrefore/9780199340378.001.0001/acrefore-9780199340378-e-333

[132] http://www.augsburgfortress.org/media/downloads/9781451487725_Chapter1.pdf

[133] The Oxford Handbook of Ethological Ethics, G. Meilaender, W. Werpehowski, 2007, p. 456. www.maranathamedia.com/.../for-the-love-of-god-eros-agape-and-carit...   

[134] faje.edu.br/periodicos/index.php/pensar/article/viewFile/2775/2952

 [135] https://www.revistamirabilia.com/sites/default/files/pdfs/2010_02_05.pdf

[140] O AMOR NA POLÍTICA: UM DIÁLOGO ENTRE HANNAH ARENDT E SANTO AGOSTINHO, por Renato Augusto Carneiro Jr. https://revistas.ufpr.br/historia/article/view/11324.

 

[143] A Bíblia do Rei Jaime (ou Tiago), também conhecida como Versão Autorizada do Rei Jaime (em inglês: Authorized King James Version), é uma tradução inglesa da bíblia realizada em benefício da Igreja Anglicana, sob ordens do rei Jaime I no início do século XVII. É o livro mais publicado na língua inglesa sendo considerado um dos livros mais importantes para o desenvolvimento da cultura e língua inglesa. https://pt.wikipedia.org/wiki/B%C3%ADblia_do_Rei_Jaime

[145] https://en.m.wikipedia.org/wiki/Augustine_of_Hippo

[146]https://wesleyancovenant.org/2018/05/17/being-open-to-the-spirit-of-god-wesleys-theology-of-the-means-of-grace/

[147] https://books.google.com.br/books?isbn=852750796X

[148] http://www.readingaugustine.com/?p=310

[149] http://thomasjayoord.com/index.php/blog/archives/beyond_wynkoops_love_language

[150] http://cprf.co.uk/articles/covenant3.htm

[151] http://www.thefoundrycommunity.com/holiness-and-tragic-necessity/

[153] https://books.google.com.br/books?isbn=0889202036

[157] BURTNER, Robert - CHILES, Robert. Coletânea da Teologia de João Wesley. Junta Geral de Educação Cristã,

Imprensa Metodista, 1960, p. 208.

[159] NASMITH, Ben - https://medium.com/@BNasmith/john-wesley-on-the-love-of-god-shed-abroad-in-our-hearts-9b9c45cf66b3

[160] Idem.

[161]  Idem.

[162] É verdade que em alguns textos bíblicos vemos que foi utilizada a palavra phileo para falar do amor do Pai por Jesus (João 5.20; 16.27), mas a maior parte dos textos bíblicos mostra que o amor de Deus por Jesus, por aqueles que creem e pela humanidade foi ágape (Mateus 3.17; João 3.16; João 17.26; João 14.21). http://www.biblestudymanuals.net/love.htm.

[163] https://www.biblegateway.com/passage/?search=John+15&version=MOUNCE

[165] Steven W. Manskar, Um Amor Perfeito: Entendendo John Wesley, "Um Relato Simples da Perfeição Cristã" , (Nashville: Discipleship Resources, 2004), 41.

[166] http://www.ccmc.org.sg/4-great-emphases-of-methodist-christianity 

[167]http://www.umc.org/what-we-believe/what-did-john-wesley-mean-by-moving-on-to-perfection

[168] https://www.catalystresources.org/a-theology-of-love/4

[169] BURTNER, Robert - CHILES, Robert. Coletânea da Teologia de João Wesley. Junta Geral de Educação Cristã, Imprensa Metodista, 1960, p. 210.

[170] http://www.craigladams.com/Books/Wesley/page6/

[171] BURTNER, Robert - CHILES, Robert. Coletânea da Teologia de João Wesley. Junta Geral de Educação Cristã, Imprensa Metodista, 1960, p. 205.

[172] https://www.christianity.com/bible/commentary.php?com=wes&b=62&c=4

[174]http://wesley.nnu.edu/john-wesley/the-sermons-of-john-wesley-1872-edition/sermon-139-on-love/

[175] http://thomasjayoord.com/index.php/blog/archives/john.

[176] Wesley, Sermão 43, “O Caminho bíblico da Salvação”, § 9, em Sermões II, 2: 160.

[177] BURTNER, Robert - CHILES, Robert. Coletânea da Teologia de João Wesley, op. cit, p. 213.

[178] Op,cit, p.210.

[179] https://www.craigladams.com/Books/page335/page343/

[180] Idem. Wesley's Sermons, Vol. VI.

[181] Idem.

[182] Dr. Joseph Dongell é professor de estudos bíblicos e diretor de estudos gregos no Asbury Theological Seminary, onde atuou por mais de 25 anos. Ele é um ministro ordenado na Igreja Wesleyana. https://secure.wesleyan.org/3095/three-waves-from-wesley-3rd-of-4-installments.

[183] https://secure.wesleyan.org/3095/three-waves-from-wesley-3rd-of-4-installments

[184] Policarpo foi um bispo da igreja de Esmirna do século II.De acordo com a obra "Martírio de Policarpo", ele foi apunhalado quando estava amarrado numa estaca para ser queimado-vivo e as chamas milagrosamente não o tocavam. Policarpo havia sido discípulo do apóstolo João, fato atestado pelo Bispo Ireneu de Lyon,[ que ouviu-o discursar quando jovem, e por Tertuliano - https://pt.wikipedia.org/wiki/Policarpo_de_Esmirna

[185] Epístola de Policarpo aos filipenses. http://www.newadvent.org/fathers/0136.htm

[187]https://wesleyancovenant.org/2018/05/17/being-open-to-the-spirit-of-god-wesleys-theology-of-the-means-of-grace/

[188] Idem.

[189] https://www.craigladams.com/Books/Wesley/page6/

[190] Idem.

[191] http://bible.christiansunite.com/wes.cgi?b=Ro&c=5

[192] WESLEY, João. As Marcas de Um Metodista. Publicado pelo Departamento de Editoração, São Paulo,  [s.d.], p.3.

[193] BUYERS, Paul Eugene. Diário de João Wesley. São Paulo, Imprensa Metodista, 1965, p.192.

[194] WESLEY, João. Trechos do diário de João Wesley. Traduzido por Paul Eugene Buyers. São Paulo: Imprensa metodista, 1965, p.124.

[195] Idem, p; 126.

[196] Idem, p. 128.

[197] Idem, p.87.

[200] *Os levantes jacobitas, uma série de insurreições, rebeliões e batalhas nos reinos da InglaterraEscóciaIrlanda ocorridas entre 1688 e 1746. As insurreições tinham o objetivo de reconduzir Jaime II da Inglaterra, e mais tarde os descendentes da Casa de Stuart, para o trono após este ter sido deposto pelo Parlamento durante a Revolução Gloriosa. A origem do nome da série de conflitos está em Jacobus, a forma latina do nome inglês James. Apesar de cada levante jacobita ter características únicas, eles foram parte de uma série maior de campanhas militares dos jacobitas, a chamada mesmo a Guerra Jacobita, na tentativa de reconduzir os reis Stuart aos tronos da Escócia e Inglaterra

Fonte: (https://pt.wikipedia.org/wiki/Levantes_jacobitas).

http://holinesslibrary.com/index/htec/m/alexander-mather/

https://www.francisasburytriptych.com/alexander-mather/

http://weeklywesley.blogspot.com.br/2010/11/alexander-mather-methodist-preacher.html

http://www.npg.org.uk/collections/search/portrait/mw64790/Alexander-Mather

http://www.library.manchester.ac.uk/search-resources/guide-to-special-collections/methodist/using-the-collections/biographicalindex/mcallum-mylne/header-title-max-32-words-365421-en.htm.

[201] Rev. J. Wesley’s. The Works of the Rev. John Wesley, A.M. , Volume II, Journal, May, 1776 and april, 1776. New York, 1837. Numerous Translations and Notes by John Emory.

 

[202] http://www.goforthall.org/articles/jw_dscplshp.html

[203] Idem.

[204] BURTNER, Robert; CHILES, Robert. Coletânea da Teologia de João Wesley, ibidem, p.264.

[205] http://www.nph.com/nphweb//html/ht/article.jsp?id=10008759

[207] HEITZENHATER, Richard P. Wesley e o povo chamado metodista. Editeo- Pastoral Bennett, 1996, p.104.

[208] http://www.disciplewalk.com/files/Joel_Comiskey_Methodist.pdf.

[209] LELIÈVRE, Mateo. João Wesley, Sua vida e obra. Editora Vida, 1997, p.118.

[210] Existiam diversas sociedades na Inglaterra. Wesley e outros líderes do Clube Santo lideravam algumas, mas não necessariamente elas eram consideradas metodistas (HEITZENHATER, Richard P., Ibidem, p.103).

[211] http://blogs.nazarene.org/rev4/2011/04/02/the-bands.

[212] William D.Mounce é o filho do notável estudioso Robert H. Mounce . Ele vive como escritor em Washougal , Washington. Ele é o Presidente da BiblicalTraining , uma organização sem fins lucrativos que oferece recursos educacionais para discipulado na igreja local. Ele também administra o Teknia , um site comprometido em ajudar as pessoas a aprender o grego bíblico. Em seu site pessoal, ele escreve três blogs.

[213] https://books.google.com.br/books?isbn=8566217675.

[214] Casado com Kelly, pai de 2 filhos: Israel e Lissa. Pastor da Comunidade Alcance em Curitiba/PR, Brasil, e responsável pelo Orvalho .Com - um ministério de ensino bíblico ao Corpo de Cristo. Pastor Luciano Subirá tem ministrado em encontros da Igreja Metodista. https://www.facebook.com/pg/LucianoSubira/about/?ref=page_internal

[215] https://books.google.com.br/books?isbn=8576896443                                                          

[216] Idem.,

[217]http://www.yousubtitles.com/Supernatural-Baptism-of-Love-Leif-Hetland-Sid-Roths-Its-Supernatural-id-720459

[220] Israel Belo de Azevedo, graduado em comunicação, pós-graduado em história e em teologia e doutor em filosofia, tem vários livros lançados nas áreas de filosofia, história, cultura e teologia, entre eles Apologética Cristã e O Fruto do Espírito, publicados por Edições Vida Nova. Jornalista desde 1970, é pastor da Igreja Batista Itacuruçá, na Tijuca, na cidade do Rio de Janeiro. Foi professor e diretor do Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil e vice-reitor da Universidade Gama Filho. https://vidanova.com.br/54_israel-belo-de-azevedo

[223] BURTNER, Robert - CHILES, Robert. Coletânea da Teologia de João Wesley. Junta Geral de Educação Cristã, Imprensa Metodista, 1960, p. 207.

[224] WESLEY, João. Trechos do diário de João Wesley, ibidem, p. 105.

[225] David McEwan , Ph.D.Decano Acadêmico e Diretor de Pesquisa, Professor Associado de Teologia e Teologia Pastoral, Faculdade Teológica Nazarena (Brisbane, Austrália); Diretor do Centro Australasiano de Pesquisa Wesleyana. O Dr. McEwan tem pastoreado igrejas nazarenas na Escócia, Inglaterra e Austrália antes de se tornar Decano Acadêmico e Professor de Teologia na Faculdade Teológica Nazarena, em Brisbane, em 1997. http://www.mwrc.ac.uk/david-mcewan; https://espace.library.uq.edu.au/view/UQ:373739/UQ373739_OA.pdf.

[226] https://eurekaimpact.wordpress.com/2010/08/05/the-timely-ominous-message-of-john-wesley-is-more-relevant-today-than-at-any-time-in-the-past-that-only-love-can-heal-our-human-woundedness-and-our-broken-world/

[227] http://www.craigladams.com/Books/Wesley/page6/

[228] https://finestofthewheat.org/o-glorious-hope-of-perfect-love/

[229]NASMITH, Ben - https://medium.com/@BNasmith/john-wesley-on-the-love-of-god-shed-abroad-in-our-hearts-9b9c45cf66b3

[230] Idem.

[231] Idem.

[232] Idem.

[233] Diretora de Desenvolvimento e Revitalização da Congregação na WPAUMC, Metodista Unida, EUA - https://www.linkedin.com/in/amy-wagner-02b31725.

[234] https://www.catalystresources.org/wesley-on-faith-love-and-salvation/

[235] http://wesley.nnu.edu/john-wesley/the-sermons-of-john-wesley-1872-edition/sermon-139-on-love/

[236] BURTNER, Robert – CHILES, Robert – A coletânea da Teologia de João Wesley, op.ct, p.205.

[237] https://www.christianity.com/bible/commentary.php?com=wes&b=62&c=4

[238] https://www.catalystresources.org/wesley-on-faith-love-and-salvation/

[239] http://cprf.co.uk/articles/covenant3.htm

[240]http://oxfordre.com/religion/view/10.1093/acrefore/9780199340378.001.0001/acrefore-9780199340378-e-333

[241] https://www.catalystresources.org/wesley-on-faith-love-and-salvation/

[242] http://wsumc.com/multimedia-archive/gods-love-fallen-man/

[246] http://countzinzendorf.ccws.org/moravians/index.html

[247] http://womenofchristianity.com/the-moravian-revival-1727-by-oswald-j-smith/

[248] https://studyandliturgy.wordpress.com/2012/02/19/john-stott-on-being-missional/

[249] https://worldchallenge.org/content/living-without-fear

[250] http://cprf.co.uk/articles/covenant3.htm

[251] http://vitalchurch.online/2017/03/05/john-stott-love/

[252] Idem.

[253] NASMITH, Ben - https://medium.com/@BNasmith/john-wesley-on-the-love-of-god-shed-abroad-in-our-hearts-9b9c45cf66b3

[254] Idem.

[255]  Idem.

[256] http://wsumc.com/multimedia-archive/witness-of-the-spirit/

[257] Idem.

[258] Prefácio deste livro “Derramamento do amor, sua urgência para nossos dias”.

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