Cuidando da saúde emocional



Odilon Massolar Chaves


 


Copyright © 2024, Odilon Massolar Chaves  

Todos os direitos reservados ao autor. 

É permitido ler, copiar e compartilhar gratuitamente

Art. 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998. 

Livros publicados na Biblioteca Wesleyana: 151

Endereço: https://bibliotecawesleyana.blogspot.com

 Tradutor: Google

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Odilon Massolar Chaves é pastor metodista aposentado, doutor em Teologia e História pela Universidade Metodista de São Paulo.

Sua tese tratou sobre o avivamento metodista na Inglaterra no século XVIII e a sua contribuição como paradigma para nossos dias.

Foi editor do jornal oficial metodista e coordenador de Curso de Teologia.

É escritor, poeta e youtuber.

Toda glória seja dada ao Senhor  


Índice 

 

·      Introdução

·      Diferentes modos de sermos curados

·      Curados pela confissão

·      A cura do pavio curto

·      Curando a ansiedade

·      Libertando-se das prisões

·      Curando os impulsos

·      Como superar a baixa autoestima

·      Curando a dor da perda

·      Curando os traumas

·      A cura pelo perdão  


Introdução

 

 

“Cuidando da saúde emocional” é um livro que aborda pastoralmente sobre questões que afligem quase todos serem humanos. 

As lutas e situações adversas trazem para nossa vida doenças emocionais que afetam nosso corpo. 

“Doenças emocionais nascem de cargas exaustivas de trabalho, de situações contínuas de tensão e estresse, de experiências traumáticas, de sentimentos ligados à preocupação, como a ansiedade e de estados de depressão, considerada o mal do século pela Organização Mundial da Saúde”.[1] 

Jesus é nosso modelo de pessoa que viveu entre nós como padrão de normalidade, especialmente por causa de sua vivência em amor. A Bíblia foi a base para escrevermos este livro. 

O propósito deste livro é despertar às pessoas para essas questões que afligem a fim de que possam se tratar. 

O ser humano tem algumas dificuldades emocionais que pastoralmente podemos orientar, aconselhar, orar ou encaminhar para os profissionais dá área. 

É um livro simples e objetivo resultado de experiências e pesquisas. 

O Autor  


Diferentes modos de sermos curados 



Constantemente somos agredidos pelas pessoas. Uns sentem mais do que outros. As agressões podem trazer feridas emocionais. A Bíblia diz: “ferido como a erva, secou-se o meu coração” (Sl 102.4). 

As feridas trazem enfermidades. A Bíblia adverte: “Cuidado para que ninguém se torne como planta amarga que cresce e prejudica muita gente com o seu veneno” (Hb 12.15). 

Uma pessoa ferida sente dor, reage com violência, perde o equilíbrio, sente instabilidade e falta de paz. 

Por isso, temos que cuidar das feridas emocionais para que não tragam doenças e a própria morte. Conheço muitas pessoas que ficaram magoadas, passaram a ter ressentimentos e raiz de amargura. Como consequência, passaram a ter úlcera, pressão alta, desânimo, depressão. 

Pessoas feridas precisam ser curadas adequadamente: “curam superficialmente a ferida do meu povo, dizendo: paz, paz; quando não há paz” (Jr 6.14). 

O propósito do Senhor é curar: “Eu curarei as vossas rebeliões” (Jr 3.22). Diz mais: “Ouviu o Senhor a Ezequias, e sarou a alma do povo” (2Cr 30.20). 

Nós podemos ser curados através da fé e posse dos méritos de Jesus na cruz. Somos perdoados mediante a fé e alcançamos a paz (Rm 5.1). Jesus é a nossa paz (Ef 2.14). 

Somos curados através do perdão. Perdoar quer dizer desatar cadeias, ataduras. Quem não perdoa está preso aos espíritos, está em trevas. 

Quem peca contra nós, deve ser perdoado, para sermos perdoados pelo Pai (Mt 18.21-35). 

Somos curados também quando recebemos o amor. O amor cobre multidão de pecados. O amor é o remédio criado por Deus para sarar as feridas emocionais. A Bíblia diz: “Com amor eterno eu te amei; por isso, com benignidade te atraí.” (Jr 31.3). 

Somos curados ainda quando Jesus visita o nosso interior, o arquivo da nossa vida, e retira os traumas emocionais. É obra do Espírito Santo.

Nós herdamos sentimentos, pensamentos, costumes, crenças que nos prejudicam: “... nossos pais herdaram só mentiras e vaidades ...” (Jr 16.19).  

Nem sempre percebemos o que há em nós, pois já faz parte da nossa personalidade. Só a ação do Espírito Santo, como aconteceu com Pedro (At 10.9-35), é que poderá nos conscientizar e curar. 

Esta célula têm o propósito de lhe ajudar a tomar consciência das enfermidades existentes e, também, trazer a cura para a sua vida.                                           

 

Curados pela confissão 

 

Quando guardamos em nosso interior alguma culpa, ressentimento, ódio, mágoa etc nós ficamos doentes. 

O nosso coração fica contaminado, infeccionado. Passamos a ficar fisicamente também doentes. 

Foi o que havia acontecido com Ana (1Sm 1-2), que viria a ser mãe de Samuel. Como ela era estéril, a sua rival a agredia constantemente e a irritava (1Sm 1.6). Ela chorava e não comia (1Sm 1.7). 

O seu coração era triste (1Sm 1.8). Vivia com amargura de alma (1Sm 1.10). Era atribulada de espírito (1Sm 1.15). 

Uma pessoa assim precisa aprender a por para fora o “lixo” que está em seu coração (1Sm 1.10). Ana, um dia, decidiu derramar a sua alma perante o Senhor (1Sm 1.12). A sua aflição (1Sm 1.16) cessou porque ela descansou no Senhor (1Sm 1.18). 

Ela passou a guardar a palavra do sacerdote que lhe disse: “Vai-te em paz, e o Deus de Israel te conceda a petição que lhe fizeste” (1Sm 1.17). Ana teve diversos filhos (1Sm 2.21). 

A psicologia chama esse processo de catarse, que quer dizer purificação. “Catarse é uma palavra grega (katharsis) utilizada tanto na medicina quanto na religião e na filosofia e que significa purificação, libertação ou purgação”.[2] 

É uma exteriorização verbal e emocional de traumas afetivos reprimidos. 

O objetivo da catarse é a eliminação de ideias e sentimentos que produzem o mal no interior da pessoa. 

A Bíblia está cheia de orientações: “Derrama perante ele o vosso coração. Deus é o nosso refúgio” (Sl 62.8). 

Diz ainda: “Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros, e orai uns pelos outros para serdes curados” (Tg 5.16). 

Nosso coração não deve ser um depósito de “lixo” e sim um habitat de Deus. 

Derrama e confessa ao Senhor todo o mal que está em você. Você se sentirá aliviado, perdoado e terá a cura e a paz.


A cura do pavio curto 

 

A “Síndrome do Pavio curto” é também chamada de Transtorno Explosivo Intermitente. [3] 

É caracterizado pela instabilidade com possibilidades de explosões de ódio, raiva,[4] etc,  que acaba prejudicando e comprometendo a vida social e profissional de quem age assim. 

“Pessoas que com frequência apresentam explosões de raiva e agressividade podem sofrer de um transtorno mental chamado de Transtorno Explosivo Intermitente”.[5] 

Pavio curto é não ter longanimidade, a paciência. É ter a facilidade de se zangar facilmente. É ter os sentimentos à flor da pele. Qualquer coisa é motivo para uma reação negativa ou agressiva. 

O estresse pode ser uma causa. Pode ter uma causa neurobiológica, que acontece por uma desregulação dos neurotransmissores (...). Em muitos casos, é preciso associar uma medicação junto com a psicoterapia.[6] 

Pessoa caladas que não expressam suas insatisfações tendem a explodir mais facilmente. 

Mas existe ainda a questão espiritual. Muitas pessoas com o pavio curto estão doentes emocionalmente e sem revestimento espiritual. 

Uma pessoa se zanga mais facilmente, se o seu coração tem ressentimento, mágoa, sentimento de rejeição etc. Uma pessoa é mais controlada, se ela sem mansidão, longanimidade, domínio próprio, humildade ou amor (Gl 5.22-23). 

Paulo diz: “Longe de vós toda amargura, e cólera, e ira, e gritaria, e blasfêmias, e bem assim toda malícia” (Ef 4.31). 

Quando o Espírito Santo molda o nosso caráter, nós temos o amor, a bondade, a mansidão, o domínio próprio (Gl 5.22-23). Por isso, Paulo fala sobre a vocação do Cristão: andar de modo digno, “com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor” (Ef 4.2).

Quando temos essas virtudes no coração, então, estamos revestidos e temos um escudo contra as agressões ou contra as imaginações e impressões negativas. 

Quem está com o pavio curto está frágil e pensa muito em si próprio. Quem está com o coração cheio de amor está forte e pensa mais no próximo. 


Curando a ansiedade 


A ansiedade não é algo bom. “A ansiedade no coração do homem o abate, mas a boa palavra o alegra” (Pv 12.25).

A orientação da Bíblia é: Não andeis ansiosos por coisa alguma; antes em tudo sejam os vossos pedidos conhecidos diante de Deus pela oração e súplica com ações de graça (Fp 4.6). 

“A ansiedade é um mal-estar que está ligado a sentimentos de medo, tensão e perigo”.[7] Pode ser desenvolvida desde a infância. 

A ansiedade é um desejo ardente; uma aflição injustificada de perigo; uma preocupação exagerada; uma antecipação de preocupações. É uma “perturbação do espírito causada pela incerteza, relação com qualquer contexto de perigo, etc.[8] 

A ansiedade traz temor, tensão, dores musculares, cansaço, insônia, mãos suadas, boca seca, tonteira, perda de sensibilidade nos pés e mãos, enjoos, taquicardia, etc. 

Na verdade, a ansiedade é uma enfermidade dolorosa, uma “doença cruel da alma”.  “As estatísticas são alarmantes: estima-se que no mundo existam 264 milhões de pessoas vivendo com Transtorno de Ansiedade e nós, segundo os dados da organização Mundial de Saúde (OMS)”.[9]      

A ansiedade pode ter sua causa em uma insegurança surgida na infância, bem como em distúrbios físicos. A cafeína, álcool e tóxicos aumentam a ansiedade.[10] 

Uma posição mais radical afirma que a ansiedade é considerada um pecado com uma alta afronta a Deus que governa sabiamente e ordena todas as coisas. Segundo João Wesley é insinuar que o grande Juiz não julga retamente e não dirige bem todas as coisas. 

Às vezes, algumas marcas de ansiedade ficam registradas em nós como resultado de problemas na infância e ainda hoje nos influenciam em nosso viver diário. Como exemplo, podemos citar o que ocorreu numa terapia espiritual com uma jovem senhora. Ela descobriu a razão da sua ansiedade. Ela se viu numa sala olhando para o pai e a mãe. Ao lhe perguntar qual era o sentimento que ela sentia naquele momento, ela respondeu que era ansiedade. Ela estava na expectativa de que seus pais novamente viessem a brigar. 

A ansiedade tem cura. A Bíblia diz para não andarmos ansiosos, mas sim entregarmos tudo nas mãos do Senhor (Fp 4.6-7). 

A solução definitiva vem da entrega plena nas mãos do Senhor. A fé, a confiança plena no grande amor de Deus nos faz descansar. 

Deus é um Pai fiel e amoroso. Apóstolo Pedro disse: “Lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós” (1Pe 5.7).

 

Libertando-se das prisões

 

 

E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará (Jo 8.32). 

Satanás é o grande carrasco que prende as pessoas em prisões que impedem o crescimento, impede de sermos abençoados e de sermos instrumentos do Senhor. Essas prisões trazem infelicidade e morte. 

Quando estamos presos, aprisionamos outras pessoas e deixamos de auxiliar outros a serem libertos. 

Algumas das prisões emocionais e espirituais 

1. Preso à culpa 

A culpa aprisiona o inconsciente até que, de alguma forma, a pessoa pague a dívida. Alguns se suicidam. Por pequeno que seja o sentimento de culpa, fica algo de inquietude que lhe tira o prazer da existência. 

A pessoa diz: “Eu cometi tal erro e por isso não mereço me dar bem na vida, não posso ser feliz.” 

Devemos admitir o erro e nos perdoar pelo que fizemos. 

Quando aceitamos o perdão de Deus, ficamos livres da culpa e podemos viver em paz. 

2. Preso pela falta de perdão 

Perdoar quer dizer desatar cadeias, quebrar ataduras. 

Jesus disse sobre isso: “Então o seu senhor, chamando-o, lhe disse: Servo malvado, perdoei-te aquela dívida toda porque me suplicaste; não devias tu, igualmente, compadecer-te do teu conservo como também eu me compadeci de ti? E, indignando-se, o seu senhor o entregou aos verdugos, até que lhe pagasse toda a dívida. Assim também meu Pai celeste vos fará, se do íntimo não perdoardes cada um a seu irmão" (Mt 18. 21-35). 

Para ficarmos livres dessa prisão, só mesmo perdoando. O perdão quebra cadeias. 

3. Preso aos traumas 

Após sofrer em situações negativas da vida, algumas pessoas passam a criar barreiras e limites de proteção e segurança. Um trauma faz com que a pessoa fique paralisada no tempo e no espaço.

O trauma deixa marcas. O trauma aprisiona os sentimentos fazendo com que as pessoas só pensem no que aconteceu de ruim. Somente quando a pessoa recebe a cura vinda de Jesus, ela consegue ficar livre dessa prisão. 

5. Preso pela raiva 

Raiva é um sentimento de protesto, insegurança, timidez ou frustração, contra alguém ou alguma coisa, que se exterioriza quando o ego sente-se ferido ou ameaçado. 

Quem não perdoa, torna-se vítima da própria raiva.Quem fica com raiva deseja a vingança e acaba prisioneiro de satanás. Somente quando a pessoa renuncia ao seu direito e toma a decisão de perdoar é que ela fica livre das algemas. 

Jesus nos liberta de todas as prisões 

“O Espírito do Senhor está sobre mim, porquanto me ungiu para anunciar boas novas aos pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos, e restauração da vista aos cegos, para por em liberdade os oprimidos, e para proclamar o ano aceitável do Senhor (Lc 4.18-19)”. 

Conhecendo essas prisões em nossas vidas podemos dar um passo para sermos libertos. Dependerá muito de cada um.   


Curando os impulsos  

 

Enquanto a nossa natureza terrena, a carne, não é totalmente anulada, crucificada na cruz, nós vivemos uma luta interna muito grande entre a carne e o espírito. 

Às vezes, o comando está com a carne e, então, ficamos submissos aos impulsos e desejos que estão no nosso interior, no inconsciente. 

Impulso sexual, impulso por alimentação. Há ainda compulsão em mentir, comprar, comer, jogar ou roubar. 

A compulsão é chamada de Espectro Obsessivo-Compulsivo, que agrupa transtornos com o comprometimento do controle de impulsos em comum, ou seja, com sintomas impulsivos e/ou compulsivos.[11] 

Segundo Stanley Jones, missionário metodista na Índia e grande amigo de Mahatma Ghandi, disse que “os três impulsos diretivos residem no subconsciente (inconsciente): o ego, o sexo e a herança”.[12] 

Assim, vemos pessoas convertidas que ficam dominadas pela vontade de aparecer, ser superior; vemos filhos de Deus influenciados exageradamente pelo sexo e ainda vemos pessoas bem intencionadas na igreja que têm uma forte influência dos seus antepassados. 

São memórias que precisam ser tratadas. 

Dentre as dicas para controlar os impulsos, estão: 

- “Quando se sentir invadido (a) por uma emoção desconfortável, pare e tome consciência do que está se passando dentro de você. Perceba seus pensamentos e faça uma correlação entre eles e o que está sentindo. Pergunte-se o que poderia pensar diferente para mudar essas emoções. 

 - Ao perceber a “onda” do impulso se formando, se concentre na sua respiração. Inspire e expire profundamente, prestando atenção no ar que entra e sai dos seus pulmões”[13]. 

Outra dica: “Repita afirmações positivas, ore, leia pequenos textos que tragam mensagens tranquilizadoras.”[14] 

“O Espírito Santo precisa tomar posse do inconsciente”, diz o missionário, que chegou a ser indicado para o Prêmio Nobel da Paz. Assim, quem vai reinar, vai dirigir a nossa vida  será o Espírito e não a carne. 

Paulo fala dessa luta entre a lei que comanda o corpo e a lei que há na mente (Rm 7.24-25). Ele chega a perguntar: “Quem me libertará deste corpo de morte?” (Rm 7.24). 

Nossos desejos e impulsos devem estar sob a direção do Espírito. Quando isso acontece, há unidade entre a mente e o inconsciente. 

A pessoa tem equilíbrio. Aquele que é filho de Deus sabe que deve andar como Cristo andou e o Espírito Santo lhe dá condições para que isso aconteça: “Digo, porém: andai no Espírito e jamais satisfareis à concupiscência da carne" (Gl 5.17).  


Como superar a baixa autoestima 

 

A autoestima proporciona o respeito e amor a nós mesmos e nos dá a percepção e segurança de que somos capazes. 

Já na baixa autoestima a pessoa tem a percepção de si mesma como alguém incapaz, insegura, impotente, não merecedora. 

“Quando sua autoestima está baixa isso significa que sua autovalorização está abalada”.[15] 

Geralmente, ela surge na infância, a partir de como as outras pessoas nos tratam. Ela pode dar uma rasteira em nossa vida profissional, espiritual e sentimental. 

As pessoas com baixa autoestima têm mais possibilidades de terem doenças. Ela ainda influencia os nossos relacionamentos. 

A história bíblica de Gideão se enquadra dentro desse processo. Ele se sentia o último em sua família e incapaz de enfrentar os desafios. O anjo do Senhor o ajudou a superar sua baixa autoestima da seguinte forma:

Estimulando com palavras positivas 

Foi assim que o anjo do Senhor procedeu com Gideão. Ele disse: “O Senhor é contigo homem valente” (Jz 6.12).  As palavras de estímulo recebidas geram em nós pensamentos positivos e esses pensamentos geram atitudes positivas. Por fim, essas atitudes trazem resultados positivos. 

Passando segurança 

O anjo do Senhor passou segurança para Gideão quando lhe disse: “Já que eu estou contigo ferirás os midianitas como se fossem um só homem” (Jz 6.16). 

Quem está nesse processo é necessário se sentir apoiado por alguém mais capaz e de ter a aprovação de Deus. 

Ministrando no coração 

A pessoa com baixa autoestima tem registrada em seu inconsciente imagens e palavras de desmerecimento. Gideão precisou ter uma força vinda além de si e de uma mudança em seu interior: “Então, o Espírito do Senhor revestiu a Gideão” (Jz 6.34). 

Ele foi capacitado e venceu os adversários.

Chamados a ter a imagem de Deus 

Os que têm uma imagem negativa de si têm agora a possibilidade de ter uma imagem positiva adquirindo o caráter de Cristo. Jesus veio para nos restaurar. 

Quando cremos passamos a ser filhos de Deus:
“Mas, a todos quantos o receberam [o Senhor Jesus], deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome [o nome de Jesus Cristo]” (João 1.12; cf. Gálatas 4.4-5).
 

O Espírito Santo nos capacitará para sermos purificados e santificados 

A cura da baixa autoestima é gradual e exige perseverança. Nesse processo, Jesus é fundamental. Ele nos respeita, apoia e nos dá força. 

Ele é o Amigo. Foi assim que ele fez com os humildes pescadores transformando-os em líderes que mudaram o mundo. 


Curando a dor da perda 

 

Na nossa vida diária perdemos e ganhamos algo. Algumas perdas são trágicas e marcam profundamente. 

Perder um pai ou uma mãe na infância não é a mesma coisa que perdê-los na vida adulta. Perder um parente de forma trágica não é a mesma coisa que perder um parente que já esperávamos, ou até achávamos que era o melhor para ele. 

O valor que damos a algo que perdemos também marcará, ou não, a nossa vida. Quem está muito ligado aos bens materiais e tem o carro roubado entrará em desespero. Mas quem tem a sua vida centralizada na vontade do Senhor vai superar com mais facilidade. 

Existem ainda outras perdas que podem nos marcar: emprego, prestígio, casamento, parte do corpo, casa etc. 

Nós não devemos esconder a dor. Temos que pôr para fora o que sentimos, caso contrário, isso trará depois consequências negativas. Não podemos negá-las. Na cultura judaica um luto leva 40 dias. Tempo para a pessoa superar a sua dor. Ela assumia a perda, mas procurava superá-la. 

O psiquiatra cristão pastor Fábio Damasceno[16] fala das etapas vivenciadas diante da perda: 

O indivíduo procura negar. Pode durar alguns minutos ou a vida toda. 

Confronto com a realidade. No falecimento de um parente, muitas vezes, só quando vemos o corpo é que tomamos consciência da realidade. Uns têm sentimento de culpa, outros choram muito e ainda outros procuram ser fortes. 

Fase da revolta. É a reação de uma pessoa que não se conformou com a perda. 

Costuma ficar irado e até arranjar um culpado. 

Fase da rendição ao fato consumado. Reconhece que não pode mudar a realidade. Só pode mesmo aceitar a realidade. 

A cicatrização: a ferida aberta vai se cicatrizando lentamente e parando de doer.

Alguns, por sentimento de culpa, acham que têm que continuar sofrendo até por medo de trair o outro. 

A atitude saudável é voltar aos poucos à vida normal. Não é necessário sentir a dor eternamente. Alguns fatos podem ajudar a  cicatrizar mais rapidamente a ferida. Perdi um dos meus irmãos de forma trágica. Isso me trouxe angústia durante um bom tempo. Um dia, porém, tive um sonho. Sonhei com esse meu irmão sorrindo e dizendo que eu não deveria me preocupar mais, pois o lugar que ele estava era muito bom. Isso me deu tranquilidade e paz. 

Quando estamos na dependência de Deus, nós vamos ter a cicatrização mais rápida. Jó, nas perdas, declarou: “O Senhor o deu, e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor” (Jó 1.21). 

A consciência de Jó era de ter vindo a esse mundo sem nada. Ele sabia que sem nada também voltaria (Jó 1.21). Por isso, ele não blasfemou contra Deus. Sempre o louvou. 

Para superar uma dor precisamos de uma ajuda, de um apoio, de fortalecimento. Paulo encontrou em Jesus: “tudo posso naquele que me fortalece” (Fp 4.13). Ele chegou a declarar: “... mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo” (2 Co 12.9). 

Sua fé era de que Deus conforta os abatidos (2 Co 7.6). Diz ainda: “... a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória, acima de toda comparação” (2 Co 4.17). 

Ele aprendeu a superar a dor, a tribulação que não negava pela graça de Deus.  


Curando os traumas 

 

Trauma é um choque emocional que traz bloqueios e diversas outras consequências negativas no relacionamento com as pessoas. 

“Um trauma é uma emoção em resposta a um momento marcante. Quando uma pessoa sofre um trauma, ela reage. 

Essa resposta pode ser rápida. Porém, ela pode continuar na mente por mais tempo. 

Poucas pessoas vivem sem traumas. Assim, o diferente é como cada lembrança fica guardada na mente”.[17] 

Uma pessoa agredida sexualmente terá problemas na vida sexual, se não for tratada. Terá bloqueios no relacionamento conjugal ou atitude desequilibrada na vida sexual. 

Por exemplo, uma criança do sexo masculino que for violentada poderá crescer necessitando de uma autoafirmação. 

Essa pessoa poderá ser muito ativa na vida sexual para poder assim compensar o sentimento ou a lembrança do fato negativo que aconteceu com ela no passado. Seu medo de se tornar ou se sentir homossexual a levará a um mecanismo de defesa. Sua atitude de “garanhão” poderá esconder um medo. 

Uma pessoa poderá também, por exemplo, ter medo de altura simplesmente porque no seu nascimento quase caiu no chão. Este fato foi compartilhado por uma pessoa publicamente numa ministração. 

Para que haja uma plena cura, o fato tem que ser visto e restaurado. Não podemos camuflar ou esconder. Não podemos simplesmente querer fugir. Houve um traumatismo. Algo foi partido interiormente. Há uma nuvem escura sobre o seu passado. Há um abalo emocional em seu interior. Há um desequilíbrio, por isso, há necessidade de restauração. 

O pior é que um trauma pode nos levar ao pecado, como mostramos acima sobre a pessoa agredida sexualmente e que passa a ter aberrações sexuais. 

A perda de alguém pode se tornar um trauma, especialmente se essa perda (morte ou abandono) for inesperada e violenta ou também se não tivermos uma boa estrutura emocional. Por isso é que é um trauma: algo é partido dentro de nós. 

Mas graças a Deus que nos dá a vitória! 

Fiquei abalado com a morte inesperada e violenta do meu irmão cuja notícia veio através de um telefonema. À partir daí, toda vez que recebia uma ligação telefônica, eu saia correndo para atender. Até que um dia alguém perguntou a razão de eu agir daquela maneira quando recebia uma ligação telefônica. Foi aí que eu tomei consciência das consequências do trauma. 

O trauma foi desmascarado. Veio à tona a verdade. Passei a controlar as minhas emoções e a nuvem escura que havia sobre esse fato saiu. Foi colocada a luz do Senhor. 

O diabo pode se aproveitar de um trauma ou pode agir em fatos para trazer traumas, pois ficaremos marcados e bloqueados no nosso crescimento emocional e profissional. 

Portanto, temos que enfrentar com coragem e determinação o trauma. Por mais que você sinta novamente a dor, não desanime. O Espírito do Senhor veio retirar a emoção negativa e vai restaurar o seu passado e colocar normalidade em seu interior.

O trauma pode vir acompanhado de um sentimento de culpa. A pessoa se sente culpada da morte violenta de alguém. Esse sentimento de culpa pode gerar na pessoa uma autopunição; doenças aparecerão em seu corpo. Por isso, nem todas as doenças poderão ser curadas com uma só oração. Pode até ser, mas o problema poderá voltar, pois a raiz foi o trauma. Enquanto o trauma e o sentimento de culpa não forem curados, a pessoa não estará totalmente restaurada. 

Por isso, também devemos entender que o processo de cura interior pode ser longo, pois há diversos problemas interrelacionados. Mas, graças a Deus que em tudo nos dá discernimento e vitória.  


A cura pelo perdão 


A Bíblia utiliza a expressão “raiz de amargura” (Hb 12.15) para falar das pessoas que foram feridas, magoadas e deixaram crescer o ressentimento a ponto de todo o seu ser e relacionamentos serem atingidos. Uma pessoa assim contamina as demais. É uma bomba-relógio ambulante, pronta para explodir.
 

Somente o perdão pode desarmar esta bomba e eliminar a raiz da amargura, trazendo paz, saúde, comunhão com Deus e bem-estar nos relacionamentos. 

O que é perdoar 

Perdão quer dizer “desatar cadeias”, desatar ataduras. Perdoar não é apenas um sentimento. É uma escolha, uma decisão pessoal. Deus não pode fazer isso e nem tampouco outra pessoa. Somente você. 

Perdoar é um livre arbítrio. É uma escolha. É decidir entre ficar com o prejuízo e a vingança. É abrir mão dos nossos direitos. 

Perdoar é liberar a culpa de quem ofendeu, como Estevão fez “Senhor, não lhes imputes esse pecado” (A t 7.59). 

O perdão não é para ser dado somente quando tudo estiver bem com quem foi ofendido. Jesus, na dor da cruz, disse: “Pai, perdoai-os pois não sabem o que fazem” (Lc 23.34). 

O perdão é um ato de amor ao próximo.

Os males pela falta de perdão
 

Perdoar é algo sério e urgente. Jesus deixa claro que quem perdoa é perdoado por Deus (Mt 6.14 ). Em outras palavras, quem não perdoa não pode ser perdoado por Deus. 

Jesus chega a dizer que aquele que não perdoa será entregue aos carrascos atormentadores (Mt 18.23-35). Estamos sujeitos a toda sorte de males em
nossa vida diária quando fechamos o coração à graça de Deus e permitimos que o ódio comande as nossas ações e sentimentos.
 

A fata de perdão nos traz prejuízos espirituais. Há quebra de relacionamento com Deus e o próximo. Quem está ferido ou magoado fica agressivo, isolado, impaciente, mau humorado, etc.

Todo o nosso ser é atingido. Doenças podem vir por causa da falta de perdão. Ao paralítico Jesus disse: “Tende bom ânimo, filho, teus pecados estão perdoados” (Mt 9.2). 

Essa é uma das razões de, às vezes, orarmos para a cura de enfermidades e nada acontecer. Esta enfermidade só será eliminada quando perdoarmos.

 


[1] https://coonectse.com.br/blog/gestao/doencas-emocionais

[2] https://www.infoescola.com/filosofia/catarse

[3] https://sorayapsicologa.com/sindrome-do-pavio-curto-entre-desapontamentos-e-frustra

[4] https://religare.com.br/blog/transtorno-explosivo-intermitente-tei-ou-pavio-curto

[5] https://vejasp.abril.com.br/coluna/terapia/explosoes-de-agressividade.

[6] http://saude.ig.com.br/minhasaude/2015-03-03/sinais-de-que-voce-pode-sofrer-da-sindrome-do-pavio-curto.html

[7] https://brasilescola.uol.com.br/psicologia/ansiedade.htm

[8] https://bvsms.saude.gov.br/ansiedade

[9] https://zildinhasequeira.com.br/artigos/o-brasil-e-o-pais-mais-ansioso-do-mundo

[10] https://doutorjairo.uol.com.br/leia/saiba-mais-sobre-ligacao-entre...

[11] http://www.psiqweb.med.br/site/?area=NO/LerNoticia&idNoticia=79

[12] JONES, STANLEY. Enfermidades, Curas e o Espírito Santo, p. 26.

[13] http://www.vaidarcerto.com.br/site/artigo.php?id=863&/desenvolvimento-pessoal/motivacao/dez-dicas-para-controlar-acoes-por-impulso

[14] Idem.

[15] https://www.psicanaliseclinica.com/autoestima-baixa

[16] Fábio Damasceno é  Pastor na Comunidade Cristã S8, de Niterói – RJ, Terapeuta de Família e de Casal e membro do CPPC – Corpo de Psicólogos e Psiquiatras Cristãos. É casado, pai, escritor e Bacharel em Medicina com especialidade em Psiquiatria. https://editorainspire.com.br/book-author/fabio-damasceno

[17] www.psicanaliseclinica.com/o-que-e-trauma-conceito/

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