Como estudar a Bíblia segundo João Wesley

  

 

 

Odilon Massoar Chaves

 

 


 

 

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Odilon Massolar Chaves é pastor metodista aposentado, doutor em Teologia e História pela Universidade Metodista de São Paulo.

Sua tese tratou sobre o avivamento metodista na Inglaterra no século XVIII e a sua contribuição como paradigma para nossos dias.

Foi editor do jornal oficial metodista e coordenador de Curso de Teologia.

É escritor, poeta e youtuber.

Toda glória seja dada ao Senhor


 

"Meu terreno é a Bíblia. Sim, sou intolerante à Bíblia. Eu a sigo em todas as coisas, tanto grande e pequena.” [1]
(João Wesley)

 

  

Índice 

 

·      Introdução

·      Um homem de um livro

·      A Bíblia, uma luz para o cristão

·      Sabendo ler a Bíblia

·      O valor das línguas originais

·      Regras para a interpretação de um texto bíblico

·      Revelação progressiva

·      Orientação de Wesley para meditar na Bíblia 

 


Introdução 

 

O livro “Como estudar a Bíblia segundo João Wesley” procura resgatar um pouco da profunda e histórica relevância que Wesley dava à Bíblia. 

São grandes e profundas as afirmações de Wesley sobre a Bíblia. Seus ensinos estavam muito além do seu tempo e muito atuais para nossos dias. 

Acrescentamos alguns complementos em determinados estudos para eles estarem mais claros e explicados para o leitor. Esses complementos não contradizem Wesley. As afirmações de Wesley estão sempre entre aspas e com citações da fonte. 

Colocamos alguns breves exercícios para o leitor se aprofundar no aprendizado. 

A pesquisa sobre o tema foi intensa. Entendemos que o básico de Wesley sobre o estudo da Bíblia está contido neste livro. 

Uma pesquisa maior, contudo, certamente acrescentará maiores orientações sobre como estudar a Bíblia na visão de Wesley. 

Que o Espírito Santo ilumine sua mente na leitura deste livro.  

O Autor

 

Um homem de um livro 

 

Wesley se considerava um homem de um livro, a Bíblia, apesar de estudar e ter muitos outros livros. 

“Wesley quis dizer que não considera nenhum livro comparativamente além da Bíblia. As Escrituras são o primeiro livro de importância, mas não o único livro importante”.[2] 

De uma forma poética, bela e profunda, ele disse: 

Eu pensei, eu sou uma criatura de um dia, passando pela vida como uma flecha através do ar. Eu sou um espírito vindo de Deus, e voltando a Deus: Apenas pairando sobre o grande golfo; até que, alguns momentos, portanto, eu não sou mais visto, mas eu não sou mais Eu caio em uma eternidade imutável! Quero saber uma coisa, o caminho para o céu; como pousar seguro naquela costa feliz. O próprio Deus condescendeu-se em ensinar o caminho: Para este mesmo fim ele veio do céu. Ele escreveu em um livro. Ó me dê esse livro! A qualquer preço, me dê o livro de Deus! Eu tenho isso: aqui está o conhecimento suficiente para mim. Deixe-me ser homo unius libri (" um homem de um livro")”.[3] 

Randy L. Maddox, teólogo norte-americano da Igreja Metodista Unida e professor de Estudos Wesleyanos e Metodistas na Duke University, no seu livro: “John Wesley – “Um homem de um livro” -  explica que Wesley era um homem que tinha o foco somente na Bíblia e utilizava várias traduções para compreender melhor às Escrituras.  Wesley e seu irmão Carlos liam o original grego e hebraico.

“Como seu  irmão Charles, John Wesley estudou  outras  traduções    em inglês, bem  como traduções  em alemão e  francês.    Isso  pode  ser  demonstrado  mais  plenamente  para Charles, porque    temos listas  de  catálogos   da  biblioteca  pessoal de Charles   em torno de   1765.9 Além   do  KJV (1611), essas  listas  incluem o  Novo Testamento  em a  tradução  em inglês  de  Miles Coverdale, que  foi  a  primeira  versão  em inglês  da    Bíblia autorizada  para a  Igreja  da  Inglaterra  por  Henrique VIII em 1539 (muitas vezes  chamado  de  " Grande  Bíblia"). Carlos também possuía  uma  renderização  em inglês  da  tradução  de  Theodore Beza do  Novo Testamento  para  o  alemão (em 1556), juntamente  com  um Novo Testamento alemão   e  a  "Bíblia de Genebra" (1560) em francês.  Embora  grande parte  da  biblioteca  pessoal de   John Wesley  tenha  sido  perdida, sua  cópia  da tradução  alemã  da     Bíblia   de  Lutero sobrevive  na  casa  de Wesley  em Londres.10 Indo  a  Passo  adiante, os  irmãos Wesley valorizavam  a  Bíblia em suas  línguas originais  sobre todas as traduções posteriores. Eles herdaram  essa  ênfase  de  seu  pai, que  uma vez  descreveu  comparando  diferentes  traduções  com  as línguas originais  como "o  melhor  comentário  no     mundo", e  encorajou  pastores  a  usar uma   Bíblia poliglota que  incluía  textos  em hebraico, grego, aramaico caldeano, siríaco, samaritano, árabe, ethiopic   e  persa. Enquanto      poucas  evidências  de  facilidade  com  as  outras  línguas,  João e  Carlos eram  proficientes  em grego  e  hebraico. Eles frequentemente  apelam para  essas  línguas  ao sugerir  alternativas  às  renderizações    atuais  em inglês de   palavras ou  frases  bíblicas.  E  eles  se  equiparam  para  ler  desta  maneira  comparativa. Consultando novamente  os  registros  mais completos   no  caso de Carlos , sua  biblioteca  pessoal  incluía  um   Testamento Hebraico, dois  saltérios hebraicos, uma cópia  da  Septuaginta  (o  Antigo  Testamento  em grego ), e  quatro   versões gregas diferentes    do    Novo Testamento.”[4] 

Além disso, “como Randy Maddox observa, Wesley possuía mais de 1.000 livros, desde a história cristã até a medicina, política, poesia e além”.[5] 

Mas Wesley se considerava um homem de um só livro, a Bíblia.


A Bíblia, uma luz para o cristão 

 

Wesley disse: "Esta é uma lanterna aos pés de um cristão, e uma luz em todos os seus caminhos”.[6] 

Ele disse: “Aqui estou: eu e minha Bíblia. Eu não vou, não ouso, variar deste livro, seja em grandes coisas ou pequenas (...). Estou determinado a ser cristão bíblico, não quase, mas completamente. Quem vai me encontrar neste terreno? Junte-se a mim sobre isso, ou não em tudo”.[7] 

A palavra Bíblia é derivada da palavra grega Biblos, que significa “papel, livro, papiro”.[8]

Significa livro, rolo ou Coleção de livros. 

Wesley disse sobre as Escrituras: 

“Com referência às Escrituras em geral, pode-se observar que a palavra do Deus vivo que dirigiu também os primeiros patriarcas foi escrita no tempo de Moisés. Foram adicionados a esta os escritos dos outros profetas em várias gerações posteriores. Depois os apóstolos e os evangelistas escreveram o que o Filho de Deus pregou e o que o Espírito Santo falou através dos apóstolos. Isto é o que nós agora chamamos de Escritura Sagrada. Esta é a palavra de Deus que permanece para sempre; dessa palavra não passará um til, embora passem os céus e a terra. Portanto, a Escritura do Antigo e do Novo Testamentos é o mais sólido e precioso sistema de verdade divina”. [9] 

A Bíblia foi inspirada por Deus. Esta palavra deriva-se de in spiro, que significa “soprar para dentro, insuflar”. 

“A palavra inspiração, quando empregada em relação à Bíblia, significa soprada por Deus”.[10]

“Wesley firmemente considerou que a Escritura foi inspirada, no entanto, ele acreditava que não era sempre exata sobre “assuntos tangenciais” (genealogias, por exemplo). Wesley argumentou que a Bíblia era “infalivelmente verdadeira”. A palavra “inerrância” não estava em uso no seu tempo”.[11] 

A diferença entre um autor ter a inspiração para escrever um livro secular e um homem santo ter a inspiração para escrever a Bíblia: 

A inspiração do autor secular vem de dentro, de sua inteligência.

O autor bíblico recebeu de fora para dentro porque veio de Deus (in spiro). 

Vela estas afirmações bíblicas: 

“Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que todo o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” (2Tm 3.16-17). 

“Homens santos falaram da parte de Deus movidos pelo Espírito Santo” (2 Pe 1.20). 

Wesley disse: “Peço licença para propor um argumento curto, claro e forte para provar a inspiração divina das Sagradas Escrituras. A Bíblia deve ser a invenção de homens bons ou de anjos; de homens maus ou de demônios; ou de Deus. 1 - Ela não podia ser a invenção de homens bons ou de anjos, pois eles não fariam nem poderiam fazer um livro contando mentiras durante todo o tempo em que o estavam escrevendo, dizendo: "Assim disse o Senhor" quando o livro era a sua própria invenção. 2 - Ela não podia ser a invenção de homens maus ou de demônios pois eles não fariam um livro que impõe todos os deveres, proíbe todos os pecados e condena as suas almas ao inferno por toda a eternidade. 3 - Eu tiro portanto a conclusão de que a Bíblia precisa ter sido dada pela inspiração divina”.[12].

Deus transmitiu a homens santos Seus pensamentos. A Bíblia tem uma autoria dupla: 

Contém as palavras humanas, como autor secundário, e a Palavra de Deus. 

A Bíblia não foi ditada por Deus ao ser humano. Foi inspirada. Deus não eliminou o estilo, perspectiva e o condicionamento cultural do escritor. 

No Apocalipse, o Senhor disse ao apóstolo João que ele deveria escrever: “O que vês escreve em livro e manda às sete Igrejas” (Ap 1.11). 

O texto “O que vês escreve em livro e manda às sete Igrejas” mostra a liberdade de escrever que o Senhor deu aos homens santos. 

A Bíblia é chamada de “As Escrituras” e os “oráculos de Deus” (Rm 3.2). 

A frase “está escrito” mostra a sua origem em Deus. Segundo alguns, a expressão “assim diz o Senhor” ocorre 359 vezes na Bíblia. 

Para outros: “Assim diz o Senhor”, ocorre no Antigo Testamento 276 vezes em 18 livros”.[13]

Por fim, outros afirmam que as “expressões como “Assim diz o Senhor” aparecem aproximadamente 500 vezes no Pentateuco e mais de 1.200 vezes nos profetas”.[14]

Deus agiu e inspirou durante séculos sendo comprovada a veracidade da Bíblia através da confirmação dos acontecimentos previstos e na sua prática para se obter a vitória. 

Assim, as Escrituras são consideradas de autoridade divina. 

Jesus disse: “E a Escritura não pode falhar” (Jo 10.34) 

Jesus disse também: “Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam (João 5.39). 

Wesley traduziu o Novo e o Antigo Testamento para corrigir muitos erros da Bíblia a versão do Rei James, usada especialmente na Inglaterra. 

“A tradução de John Wesley do Novo Testamento foi publicada em 1755. Ele também traduziu o Antigo Testamento, mas isso só foi publicado em 1764. A tradução de Wesley do Novo Testamento foi feita para corrigir milhares de erros que estavam contidos na Versão do Rei James, e ele consultou os textos gregos diretamente para fazer isso”.[15]  

 


Sabendo ler a Bíblia 

 

Veja algumas atitudes importantes: 

1 – Para entender a Bíblia é preciso ter a assistência do Espírito Santo 

João Wesley acreditava que o Espírito de Deus não só inspirou aos que escreveram a Bíblia, mas também inspira continuamente de modo sobrenatural aos que a leem com sincera oração. 

“Wesley acreditava que a inspiração do Espírito Santo foi fundamental para a compreensão da Bíblia. “ Precisamos do mesmo Espírito para compreender a Escritura, que permitiu que os santos homens do passado escrevessem-na.”[16] 

Na sua origem estava o Espírito Santo, por isso, a necessidade do mesmo Espírito iluminar nosso entendimento. Uma coisa é estudar a Bíblia racionalmente e outra coisa é ser orientado pelo Espírito. O Espírito Santo exerce um papel essencial não apenas na revelação da verdade, mas também em sua interpretação, e mais especificamente na correta exegese da Bíblia. 

A Bíblia nos foi dada não para nos tornar eruditos, mas santos. 

2. Devemos nos utilizar também da ciência:  Exegese e hermenêutica 

A “palavra exegese deriva do grego exegeomai, exegesis;   ex tem o sentido de ex-trair, ex-ternar, ex-teriorizar, ex-por; quer dizer, no caso, conduzir, guiar”.[17] 

Ser exegeta é entender o sentido do texto no contexto cultural da época e extrair os seus ensinamentos para o tempo presente. 

Wesley pode não ter utilizado a palavra exegese, mas ele fazia sua exegese. 

Comentando sobre Cornélio, em Atos 10.1-8, o teólogo e escritor metodista Mark K. Olson afirmou: “Embora Wesley não discuta neste momento a posição soteriológica de membros de outras religiões que exibem a piedade de Cornélio, sua exegese dos Atos 10:35 o colocou firmemente no campo inclusivista que se tornaria evidente em seus sermões e escritos posteriores”.[18] 

O que é a hermenêutica? 

Hermenêutica “é o estudo dos princípios gerais da interpretação bíblica.”[19]  É a ciência das normas que permite descobrir e explicar o verdadeiro sentido do texto. 

A palavra hermenêutica significa explicar ou interpretar. 

A expressão “hermenêutica” já era utilizada no tempo de João Wesley. Este termo, ‘hermenêutica’, foi criado em 1654 por J.C. Dannhauer, exposto em sua obra Hermenêutica sacra sive methodus exponendarum sacrarum litterarum.”[20] 

Wesley também tinha sua hermenêutica. Segundo o Rev Dr. Johnston McMaster, metodista irlandes, a hermenêutica de Wesley era  soteriológica (doutrina da salvação)   e  que  era  essencialmente  anglicana. Wesley não era fundamentalista. 

Para Johnston McMaster, “a hermenêutica  soteriológica de Wesley   é  uma   compreensão mais ampla  da  salvação, incluindo  uma   santidade bíblica  que  se conecta  com ética   política, social, econômica  e  ambiental    praxis”. [21] 

Johnston McMaster, explica mais: “A   hermenêutica  de Wesley no  século XVIII   é clara. Ele viveu  e  morreu  um  padre  anglicano  e  isso  moldou  seu  ponto de vista  hermenêutico.  Sua    abordagem   hermenêutica é adequada  para o século  21   e   ainda     uma   hermenêutica wesleyana viável? Wesley praticou  sua  hermenêutica  na    fronteira  entre  a  abordagem   pré-crítica  e  crítica da    Bíblia. O significado literal   das  escrituras  era  central para ele, mas    isso  não  deve  ser  confundido  com  biblicismo  ingênuo. Ele   não era literalista  no  sentido  fundamentalista  que  é um   fenômeno  do final do século XIX e  início do século  XX. Viveu   durante  o início   do    estudo  crítico  das  escrituras  e  foi  exposto  a  seus métodos  e  resultados  durante  seu  treinamento em    Oxford. Ele estava  convencido    do  valor  da  leitura das   escrituras  em suas  línguas originais. Ele entendeu  as  questões  da crítica  textual, usando  o  melhor  texto  grego  disponível  (de Johannes Bengel) para sua  própria  tradução    do  Novo Testamento  ( uma  atualização da    Versão  Autorizada!). E  ele  se  baseou na   respeitada  bolsa  bíblica  na preparação  de  suas  Notas   Explicativas  Sobre o  Antigo  Testamento  (Notas de OT) e  suas  Notas   Explicativas Sobre  o   Novo Testamento  (NT Notes).[22] 

Princípios para uma boa hermenêutica

Uma palavra dita na Bíblia pode ter um significado muito diferente hoje. 

Exemplo de uma hermenêutica 

“Ouvi esta palavra, vacas de Basã” (Amós 4.1). 

Basã em hebraico äáùï ha-Bashan significa "a luz da terra”. Era uma região que se estendia de
Gileade no sul até Hermom ao norte, e do rio Jordão ao oeste à Salcá ao leste.
 

Entendendo a palavra “Basã”

As vacas e os touros de Basã são símbolos de força, boa alimentação, gordura e que estavam “gordos”, satisfeitos (Sl 22.12).
 

Amós viveu em uma época de relativa paz, prosperidade e busca de prazeres. Sob o governo de Jeroboão II, Israel estava no auge do poder. 

Essa tranquilidade e extravagância contrastavam com o sofrimento e a miséria dos pobres. 

Wesley disse: “Então Amos compara os poderosos, devassados e opressivos governantes de Israel, com aqueles animais plenos, fortes e devassos que nos rebanhos empurravam, machucavam e perturbavam o gado mais fraco”.[23] 

Amós disse: “Eu sei das muitas maldades e dos graves pecados que vocês cometem. Vocês oprimem o justo, recebem suborno e impedem que se faça justiça ao pobre nos tribunais” (Am 5.12). 

A exegese aplicada hoje

Quem são hoje as vacas e os touros de Basã?
 

São os líderes políticos que estão gordos com o dinheiro da iniquidade explorando o pobre. 

3. Observe que tipo de texto você está estudando 

Um dos grandes problemas é não entender que a Bíblia foi escrita em diversas formas literárias. 

Exemplo do Apocalipse 

O Apocalipse foi escrito em tempos de perseguição do imperador romano nos anos 90 d.C usa de muito simbolismo para fortalecer os cristãos em sua fé. 

O número 666 é o número do homem. 

Na Bíblia encontramos que o número 7 significa algo espiritualmente completo. Costuma estar relacionado ao bem e à perfeição (Nm. 8:2, Lv. 4:6,17; 8:11; Ap. 1:4). 

Portanto, o número 6 repetido 3 vezes pode ser identificado como a completa imperfeição.  Satanás irá querer imitar a Trindade divina, pois vemos a atuação de Satanás, da besta e do falso profeta (Ap 16.13). Portanto, 666 é a imperfeição elevada ao seu grau máximo. 

Wesley disse: “Fora da boca do dragão, da besta selvagem, e do falso profeta - Parece que o dragão luta principalmente contra Deus; a besta, contra Cristo; o falso profeta, contra o Espírito da Verdade; e que os três espíritos impuros que vêm deles, e exatamente se assemelham a eles”.[24] 

Segundo Wesley, eles se esforçam para apagar as obras de criação, da redenção e da santificação.[25] 

O Cordeiro com 7 chifres

“Então vi, no meio do trono e dos quatro seres viventes e entre os anciãos, de pé, um Cordeiro como tendo sido morto. Ele tinha sete chifres, bem como sete olhos” (Ap 5.6). 

Wesley explicou: “Tendo sete chifres - Como rei, o emblema da força perfeita. E sete olhos - O emblema do conhecimento e sabedoria perfeitos. Por estes ele realiza o que está contido no livro, ou seja, por seu todo-poderoso e tudo - espírito sábio. A estes sete chifres e sete olhos respondem aos sete selos e à sétima canção de louvor, versículo 12. Rev 5:12”.[26] 

Um texto simbólico e histórico 

“Então, a serpente vomitou de sua boca, atrás da mulher, água como um rio” (Ap 12.15). 

Wesley deu a seguinte interpretação: “A água é um emblema de um grande povo; esta água, dos turcos em particular. Por volta do ano 1060 eles invadiram a parte cristã da Ásia. Depois, eles derramaram na Europa, e se espalharam cada vez mais, até que transbordaram muitas nações”.[27] 

Sobre as quatro criaturas de Apocalipse 4.6-7: Leão, bezerro, rosto de homem e águia, Wesley explica o simbolismo: “A primeira criatura viva era como um leão para significar coragem destemida. O segundo, como um bezerro - ou boi, Ezequiel 1:10, para significar paciência descarada. O terceiro, com o rosto de um homem, para significar prudência e compaixão. O quarto, como uma águia, para significar atividade e vigor. Cheio de olhos - Para deixar falar sabedoria e conhecimento. Antes - Para ver o rosto dele que se senta no trono. E atrás - Para ver o que é feito entre as criaturas”.[28] 

4. Procure auxílio no original grego 

João Wesley constantemente buscava o sentido das palavras na Bíblia vendo o original grego. Wesley se aprofundou no original grego e explicou a frase “Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus” (Apocalipse 4.8): 


“Há duas palavras no original, muito diferente uma da outra; tanto que traduzimos santo. Aquele significa devidamente misericordioso; mas o outro, que ocorre aqui, implica muito mais. Esta santidade é a soma de todos os louvores, que é dado ao todo-poderoso Criador, por tudo o que ele faz e revela sobre si mesmo, até que a nova canção traz consigo uma nova questão de glória.

Esta palavra significa corretamente separada, tanto em hebraico quanto em outras línguas. E quando Deus é chamado de santo, ele denota essa excelência que é completamente peculiar para si mesmo; e a glória fluindo de todos os seus atributos unidos, brilhando de todas as suas obras, e escurecendo todas as coisas além de si mesmo, pelo qual ele é, e eternamente permanece, de uma maneira incompreensível separada e à distância, não apenas de tudo o que é impuro, mas também de tudo o que é criado. Deus está separado de todas as coisas”. [29]

Wesley possuía pelo menos quatro versões do Novo Testamento grego. 

“Ele sabia que não havia nenhuma cópia pura transmitida da igreja mais antiga. Entre as versões que ele possuía estava o conjunto de dois volumes de John Mill, que reuniu em notas de rodapé a lista mais completa na época das leituras variantes em vários manuscritos. A tradução em inglês que Wesley forneceu para Notas Explicativas sobre o Novo Testamento muitas vezes corrige o KJV, conferindo com essas leituras variantes e com os argumentos sobre quais podem ser mais confiáveis”.[30]

5. Procure auxílio em outras passagens bíblicas 

Wesley pergunta: “Há alguma dúvida sobre o significado do que eu li? Alguma coisa parece escura ou complexa? ... Em seguida, procuro e considero passagens paralelas das Escrituras, "comparando coisas espirituais com espirituais". Eu medito aí, com toda a atenção e seriedade da qual minha mente é capaz.[31] 

Wesley continua: "Se ainda resta alguma dúvida, consulto aqueles que são experientes nas coisas de Deus, e então os escritos pelos quais, estando mortos, eles ainda falam." [32] 

6. O sentido literal de cada texto deve ser tomado, se ele não contraria algum outro texto 

Wesley disse: “O sentido literal de cada texto deve ser tomado, se ele não contraria algum outro texto; neste caso o texto obscuro deve ser interpretado por outros que falem de modo mais claro”.[33] 

7. Entenda que a Bíblia é a Palavra de Deus em linguagem humana

Wesley sabiamente disse: “O Antigo e o Novo Testamento foram escritos pelos homens. Se nós os abstrairmos da sua autoridade divina, eles devem ser tão dignos de aceitação pelo menos quanto todos os outros escritos antigos. Mesmo que nós suponhamos que eles sejam um mero testemunho humano, ainda assim eles merecem pelo menos o mesmo crédito que damos à história profana. Agora, se adicionarmos o testemunho divino a este humano, o que nenhum outro escrito no mundo pode pretender, sendo os milagres de Cristo e de seus apóstolos uma prova desse testemunho, e ainda mais: o cumprimento somente em Cristo de todas as profecias desde o começo do mundo, o fato de que as Escrituras são o único livro no mundo que nos dá uma descrição das séries completas das dispensações de Deus para com o homem durante 4 mil anos desde a criação, a grande exaltação da religião natural visível em todas as partes da mesma, e, por último, o cuidado providencial tão manifesto em todos os tempos na transmissão de diversos livros escritos coma mediação de longo espaço de tempo uns dos outros e todos de nós e o serem eles hoje,   na sua infinita variedade de assuntos os quais foram cuidadosamente colecionados, tão isentos de qualquer erro material que não se pode encontrar oposição entre quaisquer pontos fundamentais de fé ou prática; eu digo que, se estas coisas forem totalmente consideradas, elas darão às Escrituras um tal grau de veracidade que nenhum escrito meramente humano pode ter e serão a maior evidência da verdade das coisas que elas são capazes de receber com uma repetição contínua e diária de milagres”[34]

Deus usou a compreensão, temperamento, capacidade dos profetas, evangelistas e apóstolos para escrever a Bíblia. 

“Visto que muitos empreenderam compor uma narração dos fatos que entre nós se consumaram, como no-los transmitiram os que desde o princípio foram testemunhas oculares e se tornaram «Servidores da Palavra», resolvi eu também, depois de tudo ter investigado cuidadosamente desde a origem, expô-los a ti por escrito e pela sua ordem, caríssimo Teófilo, a fim de reconheceres a solidez da doutrina em que foste instruído” (Lc 1.1-4). 

Wesley disse: “A teologia nada mais é do que a gramática da língua do Espírito Santo. Para entendermos isto perfeitamente, devemos observar a ênfase que existe em cada palavra, os santos sentimentos ali expressos e o temperamento manifesto pelos escritores”.[35]  


O valor das línguas originais 

 

Um conhecimento da língua original é de suma importância. 

A interpretação do texto é mais exata e verdadeira. 

Vamos ver o texto: “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional” (Romanos 12.1).

Alguns podem interpretar o texto como sendo um culto relacionado a mente, ao racionalismo. 

O termo grego original para “racional” é logikós que significa “o que faz sentido”. 

O sentido do texto é um culto com sacrifício vivo, santo e agradável. Um culto feito de todo o coração, de plena entrega. Algumas traduções colocam “culto espiritual”. 

João Wesley procurou resgatar a ênfase no amor ágape, na Inglaterra, no século XVIII. Ele foi o teólogo e pregador que mais falou sobre o amor, que é a base da perfeição cristã.

Admiradores chamam Wesley de teólogo do amor por excelência.[36]

Wesley precisou agir de forma muito forte para resgatar a essência do amor ágape em seu tempo, na Inglaterra. A Bíblia do Rei James (King James) era utilizada desde 1611 pela Igreja Anglicana, na Inglaterra da qual Wesley fazia parte.

Wesley inicialmente usava essa Bíblia, mas como profundo estudioso, ele encontrou erros na tradução da Bíblia. Por exemplo, a Bíblia King James traduzia a palavra ágape (amor) por “caridade” (1Co 13.1-13).

Wesley, então, traduziu o Novo Testamento do grego e o publicou em 1755 revisando a Bíblia King James. Ele estudou cuidadosamente o texto grego e fez cerca de 12.000 alterações.[37]

Os estudiosos afirmam que a “tradução de Wesley do Novo Testamento foi feita para corrigir milhares de erros que estavam contidos dentro da Versão do Rei James, e ele consultou os textos gregos diretamente para fazer isso. As notas de Wesley são fornecidas abaixo do texto em cada página, e o texto em si é com parágrafos, em vez de versado.[38]

Wesley foi muito crítico sobre a inclusão da palavra caridade na Bíblia em lugar de amor. Para ele foi algo infeliz e negativo. Ele disse que as primeiras Bíblias publicadas na Inglaterra tinham a palavra “amor”. Segundo ele, a palavra amor estava na Bíblia de William Tyndale, na Bíblia publicada na autoridade do Rei Henrique VIII e durante o reinado do Rei Eduardo VI, da Rainha Elizabeth e do Rei James I.[39]

Ele afirmou: “As primeiras Bíblias que vi em que a palavra foi mudada foram as impressas por Roger Daniel e John Field, impressas para o Parlamento, no ano de 1649. Por isso, parece provável que a alteração tenha sido feita durante a sessão do Longo Parlamento; provavelmente foi então que a palavra latina caridade foi colocada no lugar da palavra inglesa amor. Foi em uma hora infeliz que essa alteração foi feita; os efeitos negativos disso permanecem até hoje; e estes podem ser observados não apenas entre os pobres e analfabetos; - não apenas milhares de homens e mulheres comuns não compreendem mais a palavra caridade do que o grego original; - mas o mesmo erro miserável se difundiu entre os homens de educação e aprendizado. Milhares destes são enganados assim, e imaginam que a caridade tratada neste capítulo se refere principalmente, se não totalmente, às ações exteriores, e significa pouco mais que esmola! Eu ouvi muitos sermões pregados sobre este capítulo, particularmente antes da Universidade de Oxford. E eu nunca ouvi mais do que um, em que o significado disso não foi totalmente deturpado. Mas se a velha e apropriada palavra amor tivesse sido retida, não haveria espaço para deturpação”.[40]

E explicando sobre que tipo de amor o apóstolo Paulo fala em 1 Coríntios 13, Wesley argumenta: “(...) estou completamente convencido de que o que Paulo está aqui falando diretamente é o amor ao próximo (...)”.[41]

Wesley pergunta e responde: “E de onde esse amor de Deus flui? Apenas da fé que é da operação de Deus”.[42]

Ele argumenta ainda que quem tem essa fé de que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo pode dizer: ‘A vida que agora vivo, eu vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim”.[43]

João Wesley diz que como consequência, então o amor de Deus é derramado em seu coração.[44]

Assim, a mudança da tradução da palavra ágape de caridade para amor mudou completamente a compreensão e prática dos primeiros metodistas e de muitos outros cristãos. A ética metodista passou a ser fundamentada no amor ágape, o amor genuíno e bíblico.

 

Mas o que Wesley disse sobre o que é o amor?

Apesar de Wesley não definir claramente o amor, ele “normalmente entende o amor como uma ação que promove o bem-estar. O amor é “benevolência”, diz ele, “terna boa vontade para com todas as almas que Deus criou”. Outras vezes ele diz que amor é “boa vontade”. A pessoa que ama é alguém que abençoa os outros, beneficia os outros, desfruta de benefício mútuo ou vence o mal com o bem. São todos atos de amor, entendidos como promotores de bem-estar”.[45]

Para Wesley o que é claro na Bíblia é que Deus é a fonte do amor. Além disso, Deus nos capacita a amar. Para Wesley, o atributo principal de Deus é o amor.

A ética de Wesley está enraizada no amor ou santidade. O principal compromisso social de Wesley é o amor. O amor é a chave na teologia de Wesley para a ética pessoal e social.[46]

 


Regras para a interpretação de um texto bíblico 

 

Apresentamos algumas regras relacionadas aos ensinamentos e visão de Wesley. 

Vamos às regras: 

Primeira regra: A Regra da fé 

Wesley apelou para o que ele chamou de "A Regra da Fé" como uma ferramenta para interpretar a Bíblia. 

O que essa regra significa? 

“A regra da fé identifica os temas centrais e unificadores na Bíblia. Passagens difíceis, ambíguas ou obscuras devem ser interpretadas à luz dos temas centrais das Escrituras”.[47] 

Wesley diz para termos “um olhar constante para a analogia da fé; a conexão e harmonia que existe entre essas doutrinas grandiosas e fundamentais, Pecado Original, Justificação pela Fé, o Novo Nascimento, Santidade Interior e Exterior”.[48]

Segunda regra: Ler o texto dentro do seu contexto 

João Wesley fez algumas perguntas para determinar o nosso nível de seriedade em relação ao estudo da Bíblia.

Uma delas: "Eu leio as Escrituras em grandes porções suficientes para ver passagens isoladas em seu contexto maior?"[49]

Dentro do contexto da parábola do Filho Prodigo, em Lucas 15, Wesley comentou que Jesus “falou - Três parábolas da mesma importação: para as ovelhas, o pedaço de prata, e o filho perdido, todos declaram (em contrariedade direta aos fariseus e escribas) de que forma Deus recebe os pecadores”.[50]

Wesley mostra que a questão das três parábolas era sobre a rejeição dos judeus em relação a salvação dos gentios:

“Nosso Senhor em toda essa parábola mostra, não só que os judeus não tinham motivos para murmurar na recepção dos gentios, (um ponto que na época não se enquadrava tão diretamente em consideração,), mas que se os fariseus fossem de fato tão bons quanto imaginavam ser, ainda não tinham razão para murmurar o tipo de tratamento de qualquer penitente sincero. Assim, ele os condena, mesmo por seus próprios princípios, e assim os deixa sem desculpas. Temos nesta parábola um emblema animado da condição e comportamento dos pecadores em seu estado natural”. [51] 

Terceira regra: As passagens paralelas[52] 

Wesley dizia que quando estava estudando a Bíblia e se tinha alguma dúvida de um texto, ele procurava as passagens paralelas: “Em seguida, procuro e considero passagens paralelas das Escrituras, "comparando coisas espirituais com espirituais". Eu medito com toda a atenção e seriedade da qual minha mente é capaz. Se ainda restam dúvidas, consulto aqueles que são experientes nas coisas de Deus: e então os escritos pelos quais, estando mortos, eles ainda falam. E o que eu aprendo assim, que ensino”.[53] 

Algumas passagens bíblicas tratam do mesmo assunto. Lucas 4.37-39 e Mateus 8.14-17 tratam do mesmo assunto, a cura da sogra de Pedro. 

A leitura simultânea destes textos ajuda a esclarecer a mensagem, pois cada autor deu um enfoque especial por ser Evangelho segundo o autor. 

Algumas edições têm referencias no rodapé ou ao lado do texto bíblico que remetem o leitor às passagens paralelas. 

A chave bíblica traz a relação de passagens paralelas. 

Outro meio de descobrir as passagens paralelas é pelo dicionário bíblico. 

Quando não entendermos uma passagem bíblica devemos procurar uma passagem paralela. 

Exemplo: Paulo em Gálatas 3.27 diz que os batizados são “revestidos de Cristo” 

Em Romanos 13.13-14 e Colossenses 3.12-14 ele explica que significa deixar de ser carnal e ter uma nova vida de misericórdia, benignidade e amor. 

 O exame das passagens paralelas serve para: 

1. Confirmar alguma doutrina;

2. Esclarecer algum texto difícil 

Quarta regra: Use a lente do amor 

Com qual lente lemos à Bíblia? 

“Talvez a maneira mais distinta de Wesley de ler a Bíblia diz respeito às lentes do amor que ele usou para interpretá-la. Wesley reconheceu que os cristãos consideram algumas lentes interpretativas como melhores que outras”. [54] 

Wesley valorizava a teologia de 1 João acima de todos os outros.  “Ele usou 1 João para seu texto de sermão com muito mais frequência do que qualquer outro livro bíblico".[55] 

Wesley disse de 1 João 4.19: "Nós amamos [Deus] porque ele nos amou pela primeira vez" - é ‘a soma de todo o evangelho’. O livro enfatiza claramente o objetivo de Deus de nos transformar para que possamos amar tanto Deus quanto o próximo e viver livre da tirania do pecado”.[56]  


Revelação progressiva

 

“A Bíblia é a progressiva revelação de Deus a respeito de Si mesmo a nós através de eventos históricos e através de Seu relacionamento com as pessoas através da história”. [57]

É comum nós escutamos pessoas dizendo, “mas está na Bíblia”.

Precisamos entender que Deus revelou Sua vontade no tempo da infância teológica, que foi o Antigo Testamento, até que chegasse à maturidade com a vinda de Jesus, a verdade plena.

Qual verdade e linguagem um pai ou mãe utiliza para educar seus filhos e filhas?

Não é a plena verdade para todas as coisas, pois nem a criança entenderia.

Mas quando a criança cresce, os pais devem educar seus filhos de uma forma plena.

Foi o que Jesus fez.

Jesus mesmo disse várias vezes: “Ouvistes o que vos foi dito, eu, porém vos digo” (Mt 5.17-37).

Jesus trouxe a plena revelação do Pai.

Mas o que é Revelação?

Revelação é o processo pelo qual Deus desvenda o Seu caráter e plano eterno, na medida do tempo.

 No Antigo Testamento o foco é num Deus Criador, Provedor, que chama e constitui Seu povo para abençoar todas as famílias da terra. Um Deus que sustenta, protege e disciplina, quando o povo se torna rebelde.

O Antigo Testamento representa esse período antes da maturidade em relação ao conhecimento sobre Deus e ao Seu plano para o mundo.

Com Jesus temos a clareza plena da vontade e do plano de Deus (João 3.16).

Deus se revela através de Jesus Cristo.

Por isso, um ensinamento do Antigo Testamento deve ser seguido, se o Novo Testamento confirmar. Afinal, Jesus mesmo disse: Ouvistes o que disseram os antigos, eu porém vos digo. 

O teólogo da Igreja Metodista Livre norte-americano Walter Stanley Johnson,[58] no seu livro “John Wesley 's Concept of Biblical Authority”, afirma que Wesley acreditava na revelação progressiva de Deus na Bíblia.

Ele escreveu sobre um movimento de Deus e não do homem. Deus levanta o homem de sua “infância teológica do velho testamento até a maturidade do novo testamento. Wesley tinha uma visão similar cuja expressão foi encontrada em seu comentário em Hebreus 1:1 e 2”.[59]

O que Wesley comentou em hebreus 1.1-2?

Wesley disse: “A criação foi revelada na época de Adão; o último julgamento, na época de Enoque: e assim em vários momentos, e em vários graus, conhecimento mais explícito foi dado (...). Em visões, em sonhos, e por revelações de vários tipos. Ambos se opõem à revelação completa e perfeita que ele nos fez por Jesus Cristo. O próprio número de profetas mostrou que profetizou apenas ‘em parte’.”[60]

Havia um conhecimento no Antigo Testamento apenas “em parte”.

Revelação progressiva sobre o caráter de Deus

Deus é visto por muitos no Antigo Testamento como um Deus muito duro. Na verdade, no período do Êxodo, o povo de Deus foi muito desobediente e Deus procurou disciplinar Seu povo.

Deus foi Provedor sustentando Seu povo.

No Novo Testamento Jesus revela a plena face de Deus: “Quem vê a mim vê ao Pai” (Jo 14.9).

Deus revela plenamente a Sua face do amor: "Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamados filhos de Deus!"  (1Jo 3.1a). 

Revelação progressiva sobre a ressurreição

Se no princípio do Antigo Testamento não havia o conceito de ressurreição, nos Evangelhos há plena revelação sobre a ressurreição.

Qual era o motivo dos Saduceus não crerem na ressurreição, nem em anjos ou demônios (Atos 23.6-8)?

Eles só aceitavam os cinco primeiros livros da Bíblia onde não havia ainda a revelação sobre a ressurreição e nem ensinamento claro sobre anjos e demônios.

Embora o Velho Testamento apresente casos de pessoas ressuscitadas, a lei mosaica não apresentou nenhuma promessa de recompensa em outra vida após a morte.

Textos do livro de Jó e de Eclesiastes mostram uma ideia ainda vaga sobre a vida após a morte

“Oxalá me encobrisses na sepultura e me ocultasse até que a tua ira se fosse, e me pusesses um prazo e depois te lembrasse de mim! Morrendo o homem, porventura tornará a viver?” (Jó l3. 13-14).

Era assim que ele cria: “...o homem se deita, e não se levanta: enquanto existirem os céus não acordará, nem será despertado do seu sono” (Jó 13. 12).

  “Pois os vivos sabem que morrerão, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem tampouco têm eles daí em diante recompensa; porque a sua memória ficou entregue ao esquecimento. Tanto o seu amor como o seu ódio e a sua inveja já pereceram; nem têm eles daí em diante parte para sempre em coisa alguma do que se faz debaixo do sol” (Ec 9.5-6).

Com Isaías aparecem alguns conceitos sobre a vida após a morte:

 “Os falecidos não tornarão a viver; os mortos não ressuscitarão; por isso os visitaste e destruíste, e fizeste perecer toda a sua memória” (Isaias 26. 14).

“Os teus mortos viverão, os seus corpos ressuscitarão; despertai e exultai, vós que habitais no pó; porque o teu orvalho é orvalho de luz, e sobre a terra das sombras fá-lo-ás cair” (Isaias 26. 19).

Com o profeta Daniel torna-se mais claro o conceito de ressurreição:

“Muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e horror eterno” (Dn 12.2).

A revelação progressiva sobre a Trindade

 

No Antigo Testamento foi revelada a unidade e a unicidade de Deus. Mas, no Novo Testamento nos é revelado que essa unidade se constitui de um movimento de vida de três pessoas distintas.

São três e um ao mesmo tempo. 

É Jesus quem nos desvenda o mistério de Deus como comunhão de amor entre o Pai e o Filho - que é ele mesmo - e o Espírito Santo.

“Quando, porém, vier o Consolador, que Eu vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da verdade, que dEle procede, esse dará testemunho de Mim” (João 15.26).

O apóstolo Paulo confirma a Trindade em suas epistolas: “A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós” (2Co 13. 13). 


Orientação de Wesley para meditar na Bíblia

 

Para Wesley, a Bíblia é uma lanterna para os pés dos cristãos e luz para todos os caminhos.

É preciso crer e também abraçar a verdade bíblica. “Mesmo os demônios acreditam na Bíblia, diz Wesley, mas eles não abraçam sua verdade salvadora para si mesmos”.[61]

Ele dá a seguinte orientação para estudar a Palavra de Deus:

“Para separar um pouco de tempo, se puder, todas as manhãs e noites com esse propósito?

A cada momento, se você tiver lazer, para ler um capítulo fora do Velho, e um fora do Novo Testamento: você não pode fazer isso, para tomar um único capítulo, ou uma parte de um?

Ler isso com um único olho, para saber toda a vontade de Deus, e uma resolução fixa para fazê-lo? Para saber a vontade dele, você deve,

Ter um olhar constante para a analogia da fé; a conexão e harmonia que existe entre essas doutrinas grandiosas e fundamentais, Pecado Original, Justificação pela Fé, o Novo Nascimento, Santidade Interior e Exterior.

Orações sérias e sérias devem ser constantemente usadas, antes de consultarmos os oráculos de Deus, vendo que "as escrituras só podem ser entendidas thro' o mesmo Espírito pelo qual "foi dado". Nossa leitura também deve ser fechada com oração, que o que lemos possa estar escrito em nossos corações.

Também pode ser útil, se enquanto lemos, éramos frequentemente pausar, e examinar-nos pelo que lemos, tanto no que diz respeito aos nossos corações, quanto às vidas. Isso nos forneceria uma questão de louvor, onde descobrimos que Deus nos permitiu nos conformar com sua abençoada vontade, e questão de humilhação e oração, onde estávamos conscientes de ter ficado aquém. E qualquer que seja a luz que você receber, deve ser usada para o mais absoluto, e que imediatamente. Que não haja atraso. O que você resolver, comece a executar o primeiro momento que puder. Então você deve encontrar esta palavra para ser de fato o poder de Deus para a salvação presente e eterna."[62]

 

 



[1] http://www.craigladams.com/archive/files/john-wesley-on-the-bible.html

[2] http://thomasjayoord.com/index.php/blog/archives/john_wesley_and_the_bible

[3] http://www.craigladams.com/ arquivo/files/john-wesley-on-the-bible.html

[4] https://divinity.duke.edu/sites/ divinity.duke.edu/files/documents/faculty-maddox/JW_A_Man_of_One_Book.pdf

[5] https://www.ministrymatters.com/all/ entrada/5525/Wesley- a...Um-de-Um- livro-e- a...Mil

[7] Idem.

[8] https://mundoeducacao.uol.com.br/historiageral/biblia.htm

[9] https://www.slideshare.net/deuzilenefrancisco/coletanea-da-teologiadejoaowesley-79740825

[10]http://irmaos.net/biblia04_04.html

[11] http://www.cacp.org.br/a-bíblia-e-john-wesley/

[12] https://www.slideshare.net/deuzilenefrancisco/coletanea-da-teologiadejoaowesley-79740825

[13] https:// irmaos.org/assim-diz-senhor

[14] https://juttadolle.com/pt/quantas-vezes-e-039-diz-o-senhor-039-repetido-na-biblia/

[15] https://library.garrett.edu/collections/special-collections/rare-bible-digital-exhibit/post

[16] http://www.cacp.org.br/...Bíblia... e... John-Wesley/

[17]https:// www.dicionarioinformal.com.br/diferenca-entre/exegese/exeg%C3%A9tica

[18] https://wesleyscholar.com/opening-salvations-door-acts-1035-and-john-wesleys-inclusivism/

[19] https://teologiacomqualidade.com.br/tipos-de-hermeneutica-bibli...

[20] https://criticanarede.com/hermeneutica.html

[21] www.methodist.org.uk/downloads/wc_Revd_John_McMaster_Hermeneutics.pdf

[22] www.methodist.org.uk/downloads/wc_Revd_John_McMaster_Hermeneutics.pdf

[23] http://wesley.nnu.edu/john-wesley/ John...wesleys- notas-em-a Bíblia/notas-em-o- livro-de-amos/

[24]http://wesley.nnu.edu/john-wesley/j john-wesleys-notes-on-the-bible/notes-on-the-revelation-of-jesus-christ/#Chapter+XVI

[25]Idem.

[26]http://wesley.nnu.edu/john-wesley john-wesleys-notes-on-the-bible/notes-on-the-revelation-of-jesus-christ/#Chapter+V

[27] http://wesley.nnu.edu/john-wesley/john-wesleys-notes-on-the-bible/notes-on-the-revelation-of-jesus-christ/#Chapter+XII

[28] jhttp://wesley.nnu.edu/john-wesley/ohn-wesleys-notes-on-the-bible/notes-on-the-revelation-of-jesus-christ/

[29]http://wesley.nnu.edu/john-wesley john-wesleys-notes-on-the-bible/notes-on-the-revelation-of-jesus-christ/

[30] https://www.catalystresources.org/how-john-wesley-read-the-bible/

[32] Idem.

[33] http://www.metodistavilaisabel.org.br/docs/Coletanea_da_Teologia_de_Joao_Wesley.pdf

[34] https://www.slideshare.net/deuzilenefrancisco/coletanea-da-teologiadejoaowesley-79740825

[35] https://pt.scribd.com/document/314478455/Coletanea-Da-Teologia-de-Joao-Wesley

[36] http://thomasjayoord.com/index.php/blog/archives/john

[39] William Tyndale ( Tyndale , Tindall , Tindill , Tyndall ; c. 1494 - c. 6 de outubro de 1536 ) foi um erudito inglês que se tornou uma figura proeminente na Reforma Protestante no Reino Unido . anos que antecederam a sua execução. Ele é bem conhecido por sua tradução (incompleta) da Bíblia para o inglês . https://en.m.wikipedia.org/wiki/William_Tyndale

[40] http://www.wbbm.org/john-wesley-sermons/serm-091.htm

[41] Idem.

[42] Idem.

[43] Idem.

[44] Idem.

[45] http://thomasjayoord.com/index.php/blog/archives/john

[46] Christian Love: A Chave Para Wesley Ética por Leon O. Hynson.

archives.gcah.org/.../Methodist-History-1975-10-Hynson.pdf?

[48] http://www.craigladams.com/archivefiles/john-wesley-on-the-bible.html

[49] https://faithalone.org/blog/john-wesley-on-how-to-read-the-bible/

[52] https://bibliotecadopregador.com.br/passagens-paralelas-biblia/

[53] https://www.bartleby.com/209/750.html

[55] Idem.

[56] http://thomasjayoord.com/ /index.php/blog/archives/john-wesleys-view-scripture 

[57] https://www.gotquestions.org/Portugues/Deus-diferente.html

[58] Walter Stanley Johnson, clérigo americano, educador. Comitê de educação membro Wesley Christian Academy, Portland, desde 1982; membro Oreg.Right to Life Education Foundation, 1982-1983. Pesquisador da Universidade de Yale DivinitySch., 1982.; Membro Associação Filosófica Americana, Sociedade Teológica Wesleyana, Religião da Academia Americana, Sociedade Teológica do Noroeste do Pacífico (presidente 1985).

[59]https://digitalcommons.georgefox.edu/ cgi/viewcontent.cgi?article=1252&context=wes_theses

[60] http://wesley.nnu.edu/john-wesleyjohn-wesleys-notes-on-the-bible/notes-on-the-epistle-to-the-hebrews/#Chapter+I

[61]http://thomasjayoord.com/index.php blog/arquivo/john_wesley_and_the_bible

[62] http://www.craigladams.com/archivefiles/john-wesley-on-the-bible.html

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