A visão de Wesley sobre o jejum

 

 

 

Odilon Massolar Chaves


 

 

 

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Odilon Massolar Chaves é pastor metodista aposentado, doutor em Teologia e História pela Universidade Metodista de São Paulo.

Sua tese tratou sobre o avivamento metodista na Inglaterra no século XVIII e a sua contribuição como paradigma para nossos dias.

Foi editor do jornal oficial metodista e coordenador de Curso de Teologia.

É escritor, poeta e youtuber.

Toda glória seja dada ao Senhor


Índice

 

 

- Introdução

- O seu significado                              

- O tempo do jejum

- Os motivos do jejum

- O jejum aceitável ao Senhor

- A importância da humildade e oração

 

  

Introdução

 

           A grande verdade é que não valorizamos o jejum como fazia o Povo de Deus no Antigo Testamento e a Igreja Primitiva.

          Com isso estamos perdendo a grande oportunidade de alcançarmos grandes bênçãos para nós, pois é inegável as respostas que o Senhor dava ao Seu povo quando humildemente clamavam, após jejuar.

          Quando alguém resolve jejuar, muitas vezes, acaba deixando de praticar um jejum aceitável ao Senhor, exatamente por falta de orientação da Igreja.

          Por essa razão é que fizemos um resumo, com acréscimos, ao sermão de João Wesley sobre o jejum e o publicamos nesse livreto.

           Esse sermão encontra-se no livro Sermões de Wesley, volume II, entre as páginas 17 e 36. Tudo que se encontra entre aspas significa a palavra de Wesley.

          Procuramos colocar nesse livreto diversos versículos para percebermos mais claramente a prática comum do jejum e a seriedade com que o Povo de Deus o exercia.

          Há igrejas hoje que têm a prática semanal do jejum e clamam ao Senhor pelas chamadas causas impossíveis. Outros têm uma prática quase diária.

          Devemos levar a sério a prática do jejum verificando a orientação bíblica para, inclusive, evitar erros e exageros.

          Conheço pessoas que tiveram problemas por causa dos exageros, bem como conheço pessoas que jejuaram conforme a orientação bíblica e foram abençoadas.

          Por esse e outros motivos devemos levar a sério a prática do jejum.

          No último capítulo fazemos algumas observações e damos orientações sobre o verdadeiro objetivo do jejum.

 O Autor

 

       O seu significado

 

 

          Jejuar é algo simples. Os escritores da Bíblia “dão a palavra jejuar o sentido único de não comer, abster-se de alimentos ...”. É não comer por um tempo determinado”.

          O seu significado é “afligir a alma” No Salmo 35.13 Davi diz: “As minhas vestes eram de pano de saco; eu afligia a minha alma com jejum, e em oração me reclinava sobre o peito”.

          Também o Senhor falou a Moisés: “Mas aos dez deste mês sétimo será o dia da expiação: tereis santa convocação, e afligireis as vossas almas; trareis oferta queimada ao Senhor” (Lv 23.27).

          Vemos também que no Antigo Testamento haviam algumas outras práticas quando se jejuava: “No dia vinte e quatro deste mês se ajuntaram os filhos de Israel com jejum e pano de saco, e traziam terra sobre si” (Ne 9.1).

          Alguns colocavam cinzas sobre a cabeça, outros deixavam de usar colares e roupas novas e belas. Procuravam dar uma aparência triste e humilde. No Novo Testamento não vemos essas preocupações. Vemos um jejum normal em Paulo (2Co 6.5; 11.27), na Igreja Primitiva (At 13.2; 14.23) e nas recomendações de Jesus: “Quando jejuares, não vos mostreis contristados como os hipócritas; porque desfiguram o rosto com o fim de parecer aos homens que jejuam. Em verdade vos digo que eles já receberam a recompensa. Tu, porém, quando jejuares, unge a cabeça e lava o rosto com o fim de não parecer aos homens que jejuas, e sim, ao teu Pai em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará” ( Mt 6.16-18).

          Davi se afligiu em jejum para salvar o filho (2Sm 12.16-18). Depois, quando viu que a criança havia morrido, ele “se levantou da terra lavou-se, ungiu-se, mudou as vestes, entrou na casa do Senhor, e adorou: depois veio para sua casa, e pediu pão; puseram-no diante dele, e ele comeu”(2Sm 12.20).

          Outros tinham até a preocupação de ferir, afligir o corpo. Wesley diz que “tal disciplina somente iria bem aos sacerdotes e cultuadores de Baal”.

          Ele ainda diz: “Os deuses pagãos não passavam de demônios: era, certamente, agradável a seu deus satânico o fato de os sacerdotes (1Reis 18.28) gritarem com alarido e ferirem-se até que o próprio sangue os cobrisse”. Segundo Wesley ainda isso não pode ser aceitável ao Senhor que veio não para destruir e sim para salvar.

          Mas qual o motivo de afligir a alma?

          Ora, a alma é constituída de sentimentos, intelecto e vontade. Mesmo após o novo nascimento existe ainda em nós a natureza má, que precisa ser transformada. Ela luta contra o Espírito e impede a ação de Deus em nossa vida.

           Quando temos tendência a vaidade, inveja, ciúmes, orgulho, ira, maledicência etc, isso significa que a alma está se opondo ao Espírito e ao nosso espírito. Precisamos, por isso, nos humilhar. Uma das formas de nos humilharmos é com o jejum. Com ele você está procurando depender unicamente de Deus e não da sua capacidade. Você está pedindo perdão ao Senhor e clamando pela sua misericórdia.

          É importante ressaltar que beber água não quebra o jejum. Jejuar é deixar de comer alimentos. Quando Jesus jejuou durante quarenta dias, o texto diz: “E, depois de jejuar quarenta dias e quarenta noites, teve fome”(Mt 4.2). E sobre Davi, depois de jejuar, diz o texto que ele “veio para sua casa e pediu pão” (1Sm 12.20). Isso significa que eles bebiam água durante o jejum.

  

O tempo do jejum

  

             Afinal, durante quanto tempo devemos jejuar?

          A Bíblia fala de diversos tipos de jejum. O mais raro é o de quarenta dias. Foram casos excepcionais. Moisés, Elias e Jesus estiveram jejuando durante quarenta dias. Eram pessoas que foram usadas imensamente por Deus e tinham um ministério especial.

          A duração do jejum que a Bíblia mais comenta é de um dia: “... no dia do jejum” (Jr 36.6); “... passou a noite em jejum, e não deixou trazer à sua presença instrumentos de música” (Dn 6.18) etc.

          Outra prática do jejum é até às três horas da tarde. Era praticado semanalmente, na quarta e sexta feira, durante todo o ano. Era uma prática comum dos judeus (Lc 18.12) e depois na Igreja Cristã. Não comiam nada e ficavam no culto até às 15 horas.

          Outra forma de jejuar é através da abstinência, que é praticada em razão de enfermidade ou fraqueza física. Nesse caso, a pessoa come pouco ou deixa de comer certos alimentos.

          Wesley diz: “Não ocorre nenhuma passagem nas Escrituras alusiva a tal prática, mas não a posso condenar, desde que a Escritura não o faz”. Segundo ele, esse jejum tem a sua utilidade e sem dúvida recebe a bênção de Deus.

          Wesley diz que a mais simples prática do jejum é a abstinência de manjares agradáveis: “Resolveu Daniel firmemente não se contaminar com as finas iguarias do rei, nem com o vinho que ele bebia ...” (Dn 1.8). Daniel pediu: “peço-te, os teus servos dez dias; e que se nos deem legumes a comer e água a beber” (Dn 1.12).

          Os judeus tinham também jejuns estabelecidos: do sétimo mês (Lv 23.27); quarto, quinto e décimo mês (Zc 8.19). Em contraste com outras práticas de jejum, o Senhor diz sobre esses: “... será para a casa de Judá regozijo, alegria e festividades solenes; amai, pois, a verdade e a paz” (Zc 8.19).

          Na Igreja Cristã haviam jejuns estabelecidos tanto anuais como semanais. Havia - diz Weslley -  um que precedia a Páscoa. Era guardado por alguns durante quarenta e oito horas, por outros durante a semana inteira, por muitos durante duas semanas. Eles não se alimentavam até o entardecer.

          A Igreja Cristã antiga também praticava os jejuns do quarto e sexto dia da semana. Era um fato inegável.

          Há ainda os jejuns ocasionais. Eram observados de tempos em tempos, segundo as circunstâncias e oportunidades: “Depois disto, os filhos de Moabe e os filhos de Amom, com alguns dos amonitas, vieram à peleja contra Josafá ... Então Josafá teve medo, e se pôs a buscar ao Senhor; e apregoou jejum em todo Judá”(2Cr 20.1,3). Diante da oposição da Babilônia, o rei Jeoaquim apregoou jejum diante do Senhor a todo o povo que vinha das cidades de Judá e Jerusalém (Jr 36.9).


Os motivos do jejum

 

           Wesley fala também sobre os fundamentos do jejum. Ele fala, pelo menos, sobre cinco razões:

          1 - “Para aquele que se encontra sob aflição profunda, subjugado pela tristeza do pecado e pela mais alarmante expectação da ira de Deus”.

          Saul jejuou todo um dia e ainda fez algo errado por consultar a médium. Depois o texto diz: “... faltaram-se as forças, porque não comera pão todo aquele dia e toda aquela noite” (1Sm 28.20).

           Durante o naufrágio do navio em que Paulo os orientou: “Paulo rogava a todos que se alimentassem, dizendo: hoje é o décimo quarto dia em que esperando, estais sem comer, nada tendo provado. Eu vos rogo que comais alguma coisa; porque disto depende a vossa segurança; pois nenhum de vós perderá nem mesmo um fio de cabelo. Tendo dito isto, tomando um pão, deu graças a Deus na presença de todos e, depois de o partir, começou a comer” (At 27.33-35).

          Durante esse tipo de jejum - diz Wesley - as pessoas “tremem, vacilam, são interiormente tocadas de quebrantamento de coração e a ninguém podem acusar a não ser a si mesmos: descobrem sua dor ante o Todo-Poderoso Deus, a Ele pedem misericórdia”. 

          2 - “Para suprir o alimento de luxúria e da sensualidade, afastar os incitamentos aos desejos loucos e perigosos, as afeições baixas e fúteis”.

          Esse jejum é para as pessoas que têm sido levadas à prática do pecado: abuso de coisas ilícitas; excesso de alimentação; falta de temperança e de sobriedade; louca excitação do intelecto e desatenção às coisas do mais profundo alcance.

          Quem tem tido essas práticas procura se privar daquilo que os leva à perdição.

          3 - “Por piedosa vingança sobre si mesmo”

          Esse jejum é para aquele que percebe que a carne está assumindo o controle em sua vida. Percebe que estão sempre fazendo alguma coisa errada. Então, ele procura se vingar da alma com jejuns. Aflige a alma, castiga a alma.

           Wesley lembra que Davi e Paulo agiram assim em determinado momento de suas vidas. Mas Wesley diz também que não devemos dar demasiada importância a esse jejum.

          4 - “A mais poderosa razão para a observância do jejum é que ele constituiu auxílio à oração”.

          Deus se alegra em elevar a alma de seus servos e servas acima de todas as coisas da terra, arrebatando-a algumas vezes até o terceiro céu.

          Esse jejum - diz Wesley - confirma e aumenta a “seriedade do espírito; à penetração, a sensibilidade e a delicadeza de consciência; a indiferença para o mundo e, consequentemente, o amor de Deus”.

          Wesley diz ainda que Deus elegeu o jejum para que por esse meio se retire a ira de Deus e assim obtenhamos as bênçãos.

          Wesley cita vários exemplos de bênçãos que vieram depois do jejum: Acab se humilhou e o Senhor não trouxe o mau em seus dias ( I Rs 21.25-29); foi para esse fim que Daniel jejuou para abrandar a ira de Deus e receber as Suas bênçãos (Dn 9.3,16).

           O mesmo aconteceu com o rei de Nínive: “Os ninivitas creram em Deus; e proclamaram um jejum, e vestiram-se de panos de saco, desde o maior até o menor” (Jn 3.5).

          Wesley diz que “o jejum é meio, não somente de apaziguar a ira de Deus, mas de atrair também qualquer bênção de que tivermos necessidade”.

          Ele cita o povo de Deus lutando contra Benjamim: “... vieram a Betel, choraram e estiveram ali perante o Senhor, e jejuaram aquele dia até a tarde; e perante o Senhor ofereceram holocaustos e ofertas pacíficas”(Jz 20.26).

          O Povo de Deus estava envolvido com os ídolos, por isso, até a arca do Senhor havia sido roubada. Eles caíram em si e “jejuaram aquele dia, e ali disseram: pecamos contra o Senhor” (1Sm 7.6). Foram vitoriosos (1Sm 7.10).

          Esdras apregoou “um jejum junto ao rio Aava, para nos humilharmos perante o nosso Deus, para pedirmos jornada feliz para nós ... (Ed 8.21).

          A Igreja Primitiva jejuou para a escolha dos apóstolos (At 13.1-3). Jesus chega a dizer que: “Esta casta de demônios não se lança fora senão à força de oração e jejum” (Mt 18.19-20).

          Wesley completa dizendo que não só bênçãos temporais vêm através do jejum, mas também a grande promessa evangélica do derramar do Espírito.

  

O jejum aceitável ao Senhor 

 

          Afinal, todo jejum é aceito por Deus?

          Evidente que não!

          Certa vez, os israelitas perguntaram aos sacerdotes: “Continuaremos nós a chorar, com jejum, no quinto mês, como temos feito por tantos anos?” (Zc 7.3).

          O Senhor disse: “Quando jejuastes e pranteastes, no quinto e no sétimo mês, durante estes setenta anos, acaso foi para mim que jejuastes, como efeito para mim?” (Zc 7.5).

          Afinal, então, qual é o jejum aceitável ao Senhor?

          Wesley coloca, pelo menos, quatro práticas:

          1 - “Seja ele praticado na presença de Deus, com nossos olhos simples fixados nele. Seja nossa intenção,  única, glorificar a nosso Pai que está nos céus ...”.

          Nada de agradar aos homens e mulheres. Nem devemos supor que merecemos coisa alguma por causa do jejum. “O jejum é apenas um caminho que Deus ordenou, no qual esperamos em Sua imerecida misericórdia, e no qual, sem nenhum merecimento de nossa parte, Ele prometeu livremente dar-nos Sua bênção”.

          Por isso, no jejum devemos expressar nosso pecado; esperar por um aumento da graça purificadora; adicionar seriedade e fervor às orações.

          De um jejum praticado assim, o Senhor se agrada

          2 - Devemos procurar afligir a nossa alma e não ao nosso corpo.

          Um simples ato externo não agrada a Deus, pois estaremos afligindo o corpo e não a alma, que precisa ser humilhada, moldada, restaurada.

          Wesley diz que devemos ter cuidado com a saúde de nosso corpo: “Deve-se ter todo cuidado, toda vez que se jejue, em guardar proporção entre a abstinência e a resistência física. Não podemos oferecer a Deus um suicídio, nem podemos destruir o corpo para auxílio da alma”.

           Ele completa: “Se não podemos abster-nos totalmente de alimento, podemos, pelo menos, abster-nos de manjares delicados. ..”

          Em todo jejum devemos exercitar a vida de piedade, que implica num coração contrito e humilde, que produz arrependimento e leva a mudança de vida.

          3 - “Juntemos ao jejum, em todos os tempos, nossas orações fervorosas, derramando nossa alma inteira diante de Deus ( ... ). Essa é a época de alongarmos nossas orações, em nosso proveito e a bem de nossos irmãos”.

          Oração e jejum devem andar juntos, como no tempo apostólico.

          Não tem sentido, portanto, uma pessoa apenas deixar de comer. É necessário que ela tenha momentos de oração, clamando ao Senhor pela transformação de vida e pela bênção tão desejada.         

          4 - “Resta somente, para que nossa observância de um tal jejum seja aceitável ao Senhor, que a ele adicionemos esmolas, obras de misericórdia, segundo nossas posses, tanto em benefício do corpo, como em proveito da alma de nosso próximo”.

          Diz Wesley que com tais sacrifícios Deus também se agrada. Assim declarou o anjo a Cornélio: “As tuas orações e as tuas esmolas subiram para memória diante de Deus” (At 10.4).

          Na pergunta feita no início desse capítulo, no livro de Zacarias, se os israelitas deveriam continuar jejuando, pois há setenta anos eles o faziam e nada acontecia, o Senhor ainda disse para eles: “Executai juízo verdadeiro, mostrai bondade e misericórdia cada um a seu irmão; não oprimais a viúva, nem o órfão, nem o estrangeiro, nem o pobre, nem intente cada um em seu coração o mal contra o seu próximo”(Zc 7.9-10).

          O Senhor conclui e responde porque não atendia os jejuns: “Visto que eu clamei e eles não me ouviram, eles também clamaram e eu não os ouvi ... “(Zc 7.12).

          Wesley cita Isaías, que fala do verdadeiro jejum: Parte o teu pão com o que tem fome, e introduza em tua casa os pobres e peregrinos; quando vires o nu, cobre-o ...”(Is 58.7).

          Quando jejuamos e praticamos atos de amor, “então romperá a tua luz como a alva, a tua cura brotará sem detença, a tua justiça irá adiante de ti, e a glória do Senhor será a tua retaguarda; então clamarás, e o Senhor te responderá ... (Is 58.8-9).

          Isaías conclui: “... e serás como um jardim regado, e como uma fonte de águas, cujas águas jamais faltarão” (Is 58.11).  

 

A importância da humildade e oração

 

           É importante ressaltar que no Antigo Testamento houve prática de jejum em que não somente o povo deixou de comer, mas também de beber: “... jejuai por mim, e não comais nem bebais por três dias”(Et 4.16). Isso não significa uma recomendação bíblica.

          Havia também jejuns praticados que trouxeram reação desfavorável do Senhor. Jezabel, por exemplo, apregoou um jejum e determinou que Nabote fosse apedrejado (1Rs 21.8-10). E Acab ainda tomou sua herança. Por isso, o Senhor quis enviar o mal para a vida de Acab (1Rs 21.19).

          Vendo a sua situação, Acab “rasgou as suas vestes, cobriu de pano de saco o seu corpo, e jejuou; dormia em sacos, e andava cabisbaixo”(1Rs 21.27). Por ele ter se humilhado o Senhor o livrou: “... visto que se humilha perante mim, não trarei este mal nos seus dias ...”(1Rs 21.29).

          Aqui, então, entra uma questão muito importante: não existe oferta de jejum ao Senhor. A Bíblia fala de várias ofertas: “ofertas voluntárias” (Dt 16.10); “apresentou ofertas pacíficas” (1Rs 3.15); “ofertas de manjares”(Sl 20.3); Cristo se ofertou (Ef 5.2); Sacrifícios e ofertas (Hb 10.10). Não diz de ofertar jejum.

          O jejum é um meio e não um fim.

          A Bíblia diz também sobre oferecer holocaustos (Gn 22.2) e sacrifícios (Gn 46.1), mas não diz sobre oferecer jejum. O jejum auxilia. Deus olha para o coração.

          O jejum é sempre para nos levar a humildade, arrependimento. Com o coração humilde clamamos ao Senhor e Ele nos atende, segundo a Sua boa vontade. Foi assim em Nínive. Eles creram, proclamaram um jejum e se vestiram de pano de saco (Jn 3.5).

         O rei vendo e sabendo da situação tirou as vestes reais e cobriu-se de pano de saco e ainda assentou-se sobre cinza (1Rs 3.6). Determinou ainda que ninguém, inclusive os animais, provassem de coisa alguma e nem mesmo bebessem água (Jn 3.7). Todos foram cobertos de pano de saco. O texto ainda diz: “... clamarão fortemente a Deus; e se converterão, cada um do seu mau caminho, e da violência que há nas suas mãos” (Jn 3.8).

          O objetivo de tudo isso foi: “Quem sabe se voltará Deus e se arrependerá, e se apartará do furor da sua ira, de sorte que não pereçamos? (Jn 3.9). E realmente isso aconteceu: “Viu Deus o que fizeram, como se converteram do seu mau caminho: e Deus se arrependeu do mal que tinha dito lhes faria, e não o fez” (Jn 3.10).

          Quando Esdras determinou que o povo jejuasse o objetivo foi “... um jejum junto ao rio Aava, para nos humilharmos perante o nosso Deus, para lhe pedirmos jornada feliz para nós ...”(Ed 8.21).

          É evidente que quando nós jejuamos nós também clamamos pedindo alguma bênção ao Senhor. Mas o jejum é um meio para que humildemente possamos chegar até ao Senhor e  assim sermos abençoados.

          Por isso, a Salomão o Senhor disse: “... se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, orar e me buscar, e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra”(2Cr 7.14).

          É claro que jejuamos para o Senhor (Zc 7.5).

          Quando falamos, no capítulo anterior, sobre o jejum aceitável, deixamos claro que ele deve ser praticado na presença de Deus; é para afligir a alma; deve ser praticado com orações fervorosas e com obras de amor, misericórdia. Assim, jejuamos pensando somente no Senhor.

          O jejum deve produzir em nós frutos: arrependimento, humildade, dependência do Senhor. Com um coração quebrantado, o Senhor tem muito mais possibilidade de nos abençoar. Veja que em todas as ocasiões o Senhor olhou para a humildade e mudança de vida.

          Se você tem um objetivo na vida, então jejue. Mas saiba que Deus irá olhar para o seu coração e para a sua fé.

          Quando jejuamos estamos dizendo “não” às tendências carnais, que impedem o fluir do Espírito e à ação de Deus. Estamos declarando que o estômago não é nosso Deus. Estamos aceitando algo simples, louco para o mundo, como tendo vindo de Deus. Sim, quando jejuamos e oramos, liberamos poder espiritual. Por isso, o jejum deve ser específico, deve ter um objetivo. O Senhor não deixará de nos atender no momento certo de Sua maravilhosa vontade. O jejum fortalece o espírito.

          O jejum que tem um fim em si mesmo acaba sendo a prática de uma obra. E Paulo já nos orientou dizendo “... não de obras, para que ninguém se glorie” (Ef 2.9).

          Por isso, devemos jejuar reconhecendo que precisamos de Deus, que confiamos no Seu grande amor.

          Certa vez, os israelitas perguntaram ao Senhor: “Por que jejuamos nós, e Tu não atentas para isso? Por que afligimos as nossas almas, e Tu não o levas em conta?” (Is 58.3).

          Veja que aqui não se fala em oferta de jejum e sim do motivo deles jejuarem e o Senhor não levar em conta a aflição da alma e as orações.

          O Senhor respondeu: “Eis que jejuais para contendas e rixas, e para ferirdes com punho iníquo; jejuando assim como hoje não se fará ouvir a vossa voz do alto” (Is 58.4). Não era o jejum que o Senhor aceitaria e sim ouviria ou não as orações feitas em jejum.

          Logo à seguir o Senhor falou da necessidade deles praticarem um jejum que revelasse atos de amor, misericórdia e justiça (Is 57.6-7).

 

  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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