O Poder da Compaixão no
Ministério de Wesley
Wesley teve compaixão pelos pobres, crianças, prisioneiros
e escravos
Odilon Massolar Chaves
Copyright © 2024, Odilon Massolar
Chaves
Todos os direitos reservados ao autor.
É proibida a reprodução total ou
parcial do livro,
Art. 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19
de fevereiro de 1998.
Livros publicados na Biblioteca
Wesleyana: 98
Endereço: https://bibliotecawesleyana.blogspot.com
Tradutor: Google
-----------------
Odilon Massolar Chaves é pastor metodista aposentado, doutor em Teologia
e História pela Universidade Metodista de São Paulo.
Sua tese tratou sobre o avivamento metodista na Inglaterra no século
XVIII e a sua contribuição como paradigma para nossos dias.
Foi editor do jornal oficial metodista e coordenador de Curso de
Teologia.
É escritor, poeta e youtuber.
Toda glória seja dada
ao Senhor
“e nos quatro dias seguintes, fui implorar pelos
pobres.”
(João Wesley)
Índice
· Introdução
· Wesley e os pobres
· Wesley e os prisioneiros da Inglaterra
· Agindo em defesa dos oprimidos
· Wesley e os prisioneiros franceses
·
Wesley e as crianças
·
Sua compaixão e luta contra a escravidão
Introdução
O livro “O Poder da Compaixão no Ministério de
Wesley” mostra a sua compaixão pelos pobres, crianças, prisioneiros e escravos.
O livro trata da sua fidelidade à missão dada por Deus ao metodismo de espalhar
a santidade bíblica.
Santidade na visão bíblica de Wesley é
essencialmente amar a Deus e ao próximo.
Wesley viveu no século XVIII, na Inglaterra, onde
estava ocorrendo o progresso com a Revolução Industrial, mas também o
retrocesso no tratamento às pessoas, especialmente aos pobres, crianças,
prisioneiros e escravos.
O metodismo de Wesley lutou contra a escravidão, por
melhores escolas e pela reforma das prisões. Wesley, muitas vezes, agiu
profeticamente contra as explorações.
Ele teve compaixão e foi prático na solução dos
problemas sociais.
O Autor
Wesley e os pobres
“Se eu pudesse escolher, eu ainda deveria (como
tenho feito até agora) pregar o evangelho aos pobres”
Preferindo pregar aos pobres
No sábado, 17 de novembro de 1759, em Londres,
“passei uma hora de forma agradável e proveitosa com Lady G—H—, e Sir C—H—.”,[1]
disse Wesley.
Ele disse que “alguns dos ricos e nobres são
chamados” e completou: “Oh, que Deus aumentasse o número deles! Mas eu deveria
me alegrar (se fosse a vontade de Deus), se isso fosse feito pelo ministério
dos outros. Se eu pudesse escolher, eu ainda deveria (como tenho feito até
agora) pregar o evangelho aos pobres”.[2]
Pregando para os pobres
“Eram todos pobres”
Abril de 1762: "Onde pregar em Belfast eu não
sabia”, disse Wesley. “Estava muito molhado para pregar no exterior, e um
mestre de dança estava ocupado na parte superior da casa do mercado, até que
aos doze o soberano o colocou para fora, mantendo sua corte lá. Enquanto ele
estava acima, comecei abaixo para um público muito sério e atento. Mas eram
todos pobres; os ricos de Belfast "não se importavam com nenhuma dessas
coisas".[3]
Preocupação com o povo pobre
“Embora o povo pobre tenha
sido exposto a fortes chuvas durante todo o sermão”
Maio de 1787, na Irlanda: "Eu não precisava ter
tido tanta pressa, pois o culto da igreja não começou até os doze”, exclamou
Wesley. “Tal número de comungantes, suponho, nunca foi visto nesta igreja
antes. O serviço terminou por volta das três e meia. A questão então era: onde
eu deveria pregar. O vento furioso e a chuva violenta tornaram impraticável
pregar (onde eu pretendia) à frente do mercado; mas eu fiz a mudança para ficar
de um lado em uma porta, onde eu estava muito bem abrigado. Embora o povo pobre tenha sido exposto a fortes chuvas
durante todo o sermão, nenhum deles parecia considerá-lo; e Deus realmente
enviou uma chuva graciosa sobre suas almas, de modo que muitos se alegraram com
alegria indescritível...[4]
Cuidando dos pobres
“Costumamos distribuir carvão e pão entre os pobres
da sociedade”
Na terça-feira, 4 de janeiro de 1784, Wesley disse:
“Nesta época, costumamos distribuir carvão e pão entre
os pobres da sociedade. Mas agora eu considerei, eles queriam roupas, bem
como comida”. [5]
Wesley foi à luta pelos pobres
“Implorei duzentas libras para vesti-las que mais
precisavam”
“Então, neste e nos quatro dias seguintes, caminhei
pela cidade e implorei duzentas libras para vesti-las que mais precisavam”,
disse Wesley. “Mas foi um trabalho árduo, pois a maioria das ruas estava cheia
de neve derretida, que muitas vezes ficava até o tornozelo; de modo que meus
pés estavam mergulhados na água da neve quase de manhã até a noite. Aguentei-o
muito bem até sábado à noite; mas eu estava deitado com um fluxo violento, que
aumentava a cada hora até que, às seis da manhã, o Dr. Whitehead me chamou”.[6]
Implorando pelos pobres
“Fui implorar pelos pobres”
Na segunda-feira, 8 de janeiro de 1787, “e nos quatro dias seguintes, fui implorar pelos
pobres.”, disse Wesley. “Eu esperava poder fornecer comida e roupas para
aqueles da sociedade que estavam em necessidade premente, mas não tinham
subsídio semanal; estes eram cerca de duzentos. Mas fiquei muito desapontado.
Seis ou sete, de fato, de nossos irmãos, deram dez libras cada. Se quarenta
tivessem feito isso, eu poderia ter levado meu projeto à execução. No entanto,
muito bem foi feito com duzentos quilos, e muitos corações tristes se
alegraram”.[7]
Ajudando os desempregados
“Descobrindo
que muita gente estava sem emprego”
Em
seu tempo, aumentaram as injustiças sociais e o desemprego. Em seu diário, João
Wesley comenta, em 1772, sobre um grande desemprego como nunca se tinha visto
antes:
“Descobrindo
que muita gente estava sem emprego, e consequentemente em necessidades, por
causa de uma crise no comércio, crise tão grande como nunca houvera igual
lembrança do homem (...).”[8]
“(...) estivera em atividade durante todo o dia; mas sua preocupação era apenas com os açambarcadores do mercado, que tinham comprado trigo em toda parte, para matar de fome os pobres e carregar um navio holandês, que estava no cais; mas a turba trouxe-o todo de volta para o mercado e vendeu-o pelos comerciantes ao preço comum. E isso fizeram com toda calma e compostura imagináveis, sem atacar nem ferir ninguém.”[10]
A aceitação das mensagens de Wesley e de seus companheiros, especialmente pela classe mais pobre, se deu porque elas atingiram suas necessidades:
“Foi esta combinação de piedade e misericórdia que deu à espiritualidade wesleyana a sua vitalidade e ministério. Essa combinação impediu que as Sociedades Unidas se tornassem introvertidas e autossuficientes. Wesley fez do mundo a sua paróquia e desejava que os seus seguidores fizessem o mesmo.”[11]
O teólogo metodista Steve Harper, por isso, define a espiritualidade wesleyana como espiritualidade social.[12] Ela surgiu da ênfase de Wesley nos Atos de Piedade e Obras de Misericórdia.[13]
De acordo com o teólogo metodista norte-americano Theodore Jennings (1942-2020), "Wesley não podia mais imaginar uma semana sem visitar os casebres dos pobres do que poderia uma semana sem participação na Eucaristia" (Theodore Jennings Jr., "Wesley and the Poor: an Agenda for Wesleyans", em The Portion of the Poor: Good News to the Poor in the Wesleyan Tradition, p. 21). Seu compromisso era implacável”.[14]
Wesley e os prisioneiros da Inglaterra
“Foi o exemplo mais glorioso que já vi, de fé
triunfando sobre o pecado e a morte”
Foi no período do Clube Santo, criado em 1729 por
Carlos Wesley, que os metodistas começaram a visitar os presos na Prisão do
Castelo incentivados por Willam Morgan. No dia 14 de agosto de 1730, os irmãos
Wesley acompanharam Morgan na visita aos presos. Em dezembro de 1730, o grupo
expandiu suas atividades e passou a incluir a visitação aos encarcerados da
prisão na cidade no North Gate (Bocardo).[15]
Visitando
prisioneiros condenados
“Último bom ofício aos
malfeitores condenados”
Wesley registra em seu diário diversas visitas aos
pros, especialmente, aos condenados à morte.
Na quarta-feira, dia 3 de novembro de 1738, João e Carlos foram fazer o último bom ofício aos malfeitores condenados”, disse
Wesley. “Foi o exemplo mais glorioso que já vi, de fé triunfando sobre o pecado
e a morte. Um observador que observava as lágrimas escorrerem rapidamente pelas
bochechas de um deles em particular, enquanto seus olhos estavam firmemente
fixos para cima, alguns momentos antes de morrer, perguntou: ‘Como você sente
seu coração agora?’ Ele calmamente replicou∣: ‘Eu sinto uma paz, que eu não poderia ter sido ∣ ser possível. E sei que é a paz de Deus, que excede
todo o entendimento."[16]
“Deus dos meus pais, aceita-me também entre eles”
Wesley disse: “Meu irmão aproveitou a ocasião de
declarar o evangelho da paz, a uma grande assembleia de publicanos e pecadores.
Ó Senhor Deus dos meus pais, aceita-me também entre
eles, e não me expulse do meio das tuas crianças∣ filhos!”[17]
Pregando aos criminosos
condenados
No domingo, 17 de setembro de 1738, Wesley estava na
Inglaterra. Ele disse: “Comecei novamente a declarar em meu próprio país as
boas novas da salvação, pregar três vezes e depois expor a Sagrada Escritura a
uma grande companhia nas Minorias”.[18]
Sociedade e criminosos
“Fui aos criminosos condenados em Newgate e
ofereci-lhes a salvação gratuita”
Wesley listou o que fez: “Na segunda-feira,
alegrei-me por me encontrar com a nossa pequena sociedade, que agora consistia
em 32 pessoas. No dia seguinte, fui aos criminosos condenados em Newgate e
ofereci-lhes a salvação gratuita.
“Os piratas John Richardson e Richard Coyle
que foram enforcados”
A prisão de Newgaste executava prisioneiros. Dentre
os que foram executados em janeiro de
1738, estão:
Os piratas John Richardson e Richard Coyle
que foram enforcados em 25 de janeiro de 1738.[19]O
crime de pirataria é geralmente acompanhado de assassinato. Richardson, a ambos
os crimes, acrescentou o da fraude”.[20]
Richard Coyle elaborou um plano segredo
com Richardson para assassinar o capitão do navio onde trabalhavam. Depois de
executado o plano, Coyle, então assumiu o comando do navio. Mais tarde, ambos
foram presos.
Depois
da prisão, à noite, Wesley foi a uma sociedade em Bear-yard e pregou
arrependimento dos pecados. “Na
noite seguinte, falei o ‘mais apaixonado’ em uma sociedade na rua Aldersgate
(...).”[21]
Na prisão de
Bocardo
“Comecei a ler orações em
Bocardo”
No domingo, dia 3 de dezembro de 1738, Wesley
escreveu em seu diário: “Comecei a ler orações em Bocardo (a prisão da cidade)
que há muito tempo estava descontinuada. À tarde, recebi uma carta, desejando
sinceramente, para publicar meu relato sobre a Geórgia: e outra tão
sinceramente me dissuadindo dela, "porque isso me traria muitos
problemas". Consultei Deus em sua palavra e recebi duas respostas; o
primeiro Ez. xxxiii. 2-6. O outro, portanto, suportas dificuldades, como um bom
soldado de Jesus Cristo”.[22]
Visitava uma vez por mês
“A Prisão de Bocardo costumava estar ligada à torre
de São Miguel da Porta Norte, que fazia parte da antiga muralha da cidade”.[23]
Wesley costumava visitar a prisão de Bocardo uma vez
por mês, em Oxford. Em 1772, a prisão foi demolida.
Prisioneiros do Castelo
“Oportunidade de pregar
mais uma vez aos pobres prisioneiros do Castelo”
Na quarta-feira, 14 de março de 1739, Wesley disse:
“tive a oportunidade de pregar mais uma vez aos pobres prisioneiros do
Castelo”. Na quinta-feira, dia 15, “parti de manhã cedo e à tarde
vim para Londres”, disse Wesley.[24]
Pregando para presos condenados
à morte
“Quarenta e sete estavam sob sentença de morte”
No domingo, 26 de dezembro de 1784, Wesley disse:
“preguei o sermão dos criminosos condenados em Newgate”, disse Wesley. “Quarenta e sete estavam sob sentença de morte.
Enquanto eles estavam entrando, havia algo muito horrível no tilintar de suas
correntes. Mas nenhum som foi ouvido, nem deles nem da plateia lotada, depois
que o texto foi nomeado: "Há alegria no céu por um pecador que se
arrepende, mais do que noventa e nove pessoas justas, que não precisam de
arrependimento" (ver Lucas 15:7)”.[25]
A maioria dos prisioneiros
estava em lágrimas
“Cinco dos quais morreram em paz”
“O poder do Senhor estava eminentemente presente, e
a maioria dos prisioneiros estava em lágrimas”, disse Wesley. “Poucos dias
depois, vinte deles morreram de uma só vez, cinco dos quais morreram em paz.
Não pude deixar de aprovar grandemente o espírito e o comportamento do Sr.
Villette, o ordinário; e regozijei-me ao ouvir que era o mesmo em todas as
ocasiões semelhantes”.[26]
Indulto para criminosos
“Talvez tenha sido em consequência disso que eles
tiveram um indulto”
No sábado, 23 de dezembro de 1786, “por grande
importunação, fui induzido (tendo pouca esperança de fazer o bem) a visitar
dois dos criminosos em Newgate, que estavam sob sentença de morte”, afirmou
Wesley. “Eles pareciam sérios, mas eu posso colocar pouca ênfase em aparências
desse tipo. No entanto, escrevi em seu nome a um grande homem; e talvez tenha sido em consequência disso que eles tiveram
um indulto”.[27]
Presos abandonados
“Agora
ninguém que cuidasse de suas almas, nenhum para instruí-los, aconselhá-los,
consolá-los e edificá-los no conhecimento e no amor do Senhor Jesus”
Na quarta-feira, dia 3 de outubro de 1739, Wesley
disse: “Tive um pouco de lazer para ver a condição despedaçada das coisas aqui.
Os pobres prisioneiros, tanto no castelo como na prisão da cidade, tinham agora ninguém que cuidasse de suas almas, nenhum para
instruí-los, aconselhá-los, consolá-los e edificá-los no conhecimento e no amor
do Senhor Jesus. Ninguém foi deixado para visitar as casas de trabalho,
onde também costumávamos nos encontrar com os objetos mais comoventes de
compaixão”, [28]disse
Wesley.
“Não havendo nenhum agora, seja para suprir, seja
para atendê-lo”.
E ele observou e lamentou sobre as crianças pobres:
“Nossa pequena escola, onde cerca de vinte crianças pobres, de cada vez, haviam
sido ensinadas por muitos anos, a ponto de serem se separaram; não havendo
nenhum agora, seja para suprir, seja para atendê-lo. E a maioria dos que estavam
na cidade, que uma vez foram unidos e fortaleceram as mãos uns dos outros
em Deus, foram dilacerados e ∣espetados
no exterior. É hora de tu, Senhor, deitares à tua mão![29]
A transformação de um carcereiro
A conversão de carcereiros pela pregação metodista
foi outro fator importante para o melhoramento dos cárceres. Um dos carcereiros
convertidos foi Dagge. Eis um resumo e adaptação de uma carta de Wesley, sobre
a transformação que este carcereiro teve na prisão:
“1) A cadeia
passou a ficar limpa, pois cada preso ficou com responsabilidade de limpar a
cela;
2) Não houve mais brigas, pois o carcereiro
resolvia logo com os presos as controvérsias que surgiam;
3) O roubo praticamente deixou de existir nas
prisões, pois os presos sabiam que seria restrita a sua clausura se roubassem;
4) Não foi mais permitida a embriaguez, embora o
carcereiro pudesse tirar lucro disto;
5) A prostituição acabou, pois foi tomado o
procedimento de separar as mulheres dos homens nas prisões;
6) A ociosidade foi evitada, pois providenciavam-se
ferramentas para os presos trabalharem;
7) O domingo era observado. Os detentos não se
divertiam nem trabalhavam aos domingos. Eles participavam do culto público;
8) Passou a haver uma preocupação com a vida espiritual do preso.” [30]
Wesley tinha uma grande compaixão pelos presos. Num período de nove meses, ele pregou, pelo menos, 67 vezes em diversas prisões. Ele considerava as prisões o berçário de todo tipo de maldade.[31]
“Wesley era um amigo constante dos prisioneiros. Ele considerava a infame prisão de Newgate, em Londres (onde agora estão os tribunais de justiça de Old Bailey) como a abordagem terrena mais próxima possível do inferno”.32]
Grande reformador
“O grande defensor da reforma da prisão, John
Howard, tirou força espiritual de Wesley, e estátuas de ambos os homens podem
ser vistas juntas na Catedral de São Paulo, em Londres”.[33]
Agindo
em defesa dos oprimidos
“Eles prescrevem droga sobre droga sem conhecer um jota do assunto sobre
a raiz do transtorno”
Argumentando contra a escravidão
A falta de misericórdia é tão nítida que não há
necessidade de provar, disse Wesley.
“De fato, diz-se, ‘que estes Negros sendo prisioneiros
de guerra, nossos capitães e fatores os compram, apenas para salvá-los de serem
condenados à morte. E não é esta misericórdia?" Eu respondo: (1.) Sir John
Hawkins, e muitos outros, se apoderaram de homens, mulheres e crianças, que
estavam em paz em seus próprios campos ou casas, apenas para salvar eles da
morte? (2.) Foi para salvá-los da morte, que eles bateram fora os cérebros
daqueles que eles não poderiam trazer? (3.) Quem ocasionou e fomentou essas
guerras, em que essas pobres criaturas foram feitas prisioneiras? Que os
excitou pelo dinheiro, pela bebida, por todos os meios possíveis, para cair
sobre um ao outro? Não foram eles mesmos?”[34]
Wesley escreveu e apoiou lideres contra a escravidão,
Proibido de ir à prisão de
Newgate
Sobre a prisão de Newgate, ele protestou e disse: de
todos os "assentos de desgraça deste lado do inferno", poucos se
igualavam à prisão de Newgate.”[35]
E “foi por causa das críticas muitas vezes
destemidas de Wesley às condições da prisão que ele às vezes foi proibido de
visitar os presos lá. Isso o levou a fazer a observação cáustica em seu diário
de que ele estava ‘proibido de ir a Newgate por medo de torná-los perversos, e
a Bedlam por medo de enlouquecê-los!"[36]
Mas em 1761, Wesley “escreveu uma carta a um jornal
elogiando a transformação que aparentemente havia ocorrido na prisão de
Newgate, em Bristol”.[37]
Wesley agiu profeticamente, em muitas ocasiões, em
defesa dos pobres e oprimidos.
Dentre elas, estão:
Médicos inúteis
“O caso de uma mulher pobre que tinha dor contínua
no estômago”
No dia 12 de maio de 1759, Wesley escreveu: “Refletindo
hoje sobre o caso de uma mulher pobre que tinha dor contínua no estômago, não
pude deixar de observar a negligência imperdoável da maioria dos médicos em
casos dessa natureza”,[38]
disse Wesley.
“E o que aproveitou os medicamentos enquanto essa
inquietação continuava?”
E Wesley fez uma severa critica: “eles prescrevem
droga sobre droga sem conhecer um jota do assunto sobre a raiz do transtorno. E
sem saber disso, eles não podem curar, embora possam matar, o paciente. De onde
veio a dor dessa mulher? (o que ela nunca teria contado, se nunca tivesse sido questionada
sobre isso) de se preocupar com a morte de seu filho”. [39]
“Segue-se, nenhum homem pode ser um médico completo
sem ser um cristão experiente”
“E o que aproveitou os medicamentos enquanto essa
inquietação continuava? Por que, então, nem todos os médicos consideram até que
ponto os distúrbios corporais são causados ou influenciados pela mente e,
nesses casos, que estão totalmente fora de sua esfera, chamam a ajuda de um
ministro; como ministros, quando encontram a mente desordenada pelo corpo, chamam
a ajuda de um médico? Mas por que esses casos estão fora de sua esfera? Porque
eles não conhecem a Deus. Segue-se, nenhum homem pode ser um médico completo
sem ser um cristão experiente”, afirmou Wesley.[40]
Wesley sabia o que estava dizendo: "Eu
propositadamente estabeleci vários remédios para cada transtorno; não só porque
nem todos são igualmente fáceis de serem obtidos em todos os momentos, e em
todos os lugares; mas também porque o remédio que cura um homem, nem sempre
curará outro da mesma cinomose. Nem curará o mesmo em todos os
momentos." [41]
Wesley criou três clinicas populares para atender
gratuitamente os pobres. Nos seis primeiros meses, foram atendidos cerca de 600
pacientes.
Ele era também fascinado pelo corpo humano e “conduziu muitos experimentos
consigo mesmo, levando ao desenvolvimento de mais de 800 remédios para 300
doenças únicas, que ele registrou em seu livro Primitive Physick.”[42]
Condenando a frivolidade de
Bath
“Condenou veementemente a frivolidade ao seu redor”
Pregou 150 vezes
“Uma cidade para a qual os ricos e ociosos se
reuniram no século XVIII, Bath era o centro social da Inglaterra, conhecido por
"Humbug, Follee e Vanitee". John Wesley pregou pela primeira vez lá,
dos degraus entre Broad Street e Walcot Street, em 10 de abril de 1739 e
condenou veementemente a frivolidade ao seu redor. Em junho de 1739, ele entrou
em confronto com o autointitulado "Rei de Bath", Richard ('Beau')
Nash, no Ham, e ao todo pregou 150 vezes na cidade”.[43]
Entre suas pregações em Bath, estão;
Ofereceu a graça gratuita
"Curar o seu retrocesso”
Abril de 1739:
"Fui desejado para ir a Bath; onde ofereci a cerca de mil almas a graça
gratuita de Deus para "curar o seu retrocesso";
e de manhã a (creio) mais de dois mil".[44]
“Preguei Cristo a
cerca de mil almas”
8 de maio de 1739:
"Fui a Bath, mas não sofri por estar no prado onde estava antes, o que
ocasionou a oferta de um lugar muito mais conveniente, onde preguei Cristo a
cerca de mil almas".[45]
“Eu preguei a cerca
de mil pessoas em Bath”
22 de maio de 1739:
"Eu preguei a cerca de mil pessoas em Bath. Havia várias coisas gays boas
entre eles, a quem chamei especialmente: "Desperta, tu que dormes e
ressuscita dos mortos; e Cristo te dará luz."[46]
“Ganhei um público
muito maior”
Junho de 1739: “Havia
uma grande expectativa em Bath do que um homem notável deveria fazer comigo lá;
e eu fui muito indisciplinado para não pregar, porque ninguém sabia o que
poderia acontecer. Com este relatório, também ganhei um
público muito maior, entre os quais muitos dos ricos e grandes. Eu lhes
disse claramente que a Escritura os havia concluído todos sob o pecado - altos
e baixos, ricos e pobres, uns com os outros. Muitos deles pareciam estar um
pouco surpresos, e estavam afundando rapidamente na seriedade, quando seu
campeão [Beau Nash] apareceu...".[47]
“Eu só tinha os
pobres para ouvir”
Setembro de 1765: "Eu só tinha os pobres para ouvir, havendo serviço ao mesmo tempo na capela da Senhora H. Então eu estava apenas no meu elemento. Eu raramente encontrei tal liberdade em Bath antes." [48]
Wesley e os prisioneiros
franceses
Na chamada “Guerra dos Sete Anos” (1756-1763),
a Inglaterra e França travaram uma guerra. “Foi um conflito ocorrido entre a
Inglaterra e França por terras na América do Norte e no continente asiático.
Envolveu também a Prússia, Áustria, Portugal e Espanha.
A guerra se espalhou por três continentes e
foi travada tanto na Europa como na América e Ásia. Por isso é considerada como
o primeiro conflito mundial”.[49]
Durante a guerra, os ingleses fizeram
prisioneiros franceses. Wesley foi visitar os prisioneiros franceses.
Falando para sobreviventes da invasão
francesa
“John Wesley, fez várias viagens ao Ulster,
incluindo uma em 1760, quando falou com sobreviventes da invasão francesa,
quando uma força francesa sob o comando do comodoro François Thurot tomou
Carrickfergus, mas teve que se render quando derrotado, Thurot sendo morto, em
um engajamento naval”.[50]
Roupas para prisioneiros
franceses
Wesley foi sensível às necessidades dos excluídos e
questionador da situação social do povo. Em 1759, ele comentou sobre a difícil
situação dos presos que estavam em Knowle:
Não oprimirás um estrangeiro
“Fiquei muito afetado e preguei à noite”
Na segunda-feira, 15 de outubro de 1759, “eu caminhei até Knowle, a uma milha de Bristol, para ver os prisioneiros franceses”,[51] disse Wesley.
A vila de Knowle está situada a 3 milhas a
leste-sudeste da cidade de Solihull, West Midlands, Inglaterra.
“Cerca de onze centenas deles, somos informados,
estavam confinados naquele pequeno lugar, sem nada para deitar além de um pouco
de palha suja, ou qualquer coisa para cobri-los, exceto alguns trapos finos e
sujos, de dia ou de noite, de modo que eles morreram como ovelhas podres.”[52]
“Fiquei muito afetado e
preguei à noite (Êxodo 23:9): "Não oprimirás um
estrangeiro, porque conheceis o coração de um estrangeiro, vendo que éreis
estrangeiros na terra do Egito." [53]
“Compramos linho e pano de lã, que foram feitos em
camisas, coletes e bermudas”
Wesley foi além da pregação: “Dezoito libras foram
contribuídas imediatamente, que foram compostas de quatro e vinte no dia
seguinte. Com isso, compramos linho e pano de lã, que
foram feitos em camisas, coletes e bermudas. Cerca de uma dúzia de meias
foram adicionadas; todos os quais foram cuidadosamente distribuídos onde havia
a maior necessidade”. [54]
“Logo depois, a Corporação de Bristol enviou uma
grande quantidade de colchões e cobertores”
E Wesley foi mais além. “Logo
depois, a Corporação de Bristol enviou uma grande quantidade de colchões e
cobertores. E não demorou muito para que as contribuições fossem postas a
pé em Londres e em várias partes do reino; de modo que eu acredito que a partir
deste momento eles foram muito bem providos com todas as necessidades da vida”.[55]
Wesley e as crianças
“No dia seguinte, vi cerca de quarenta meninos e meninas saindo da igreja. Como eu estava logo atrás deles, não pude deixar de observar”
A crianças sempre mereceram atenção especial de
Wesley. Ele aprendeu em sua casa, especialmente com sua mãe Susanna Wesley, a
importância da educação e do amor.
Seu diário registra diversos momentos de atenção às
crianças, dentre elas, estão:
Visitando centenas de crianças
“Estão em tão boa ordem
quanto qualquer família privada”
Na quinta-feira, 14 de fevereiro de 1771, em
Londres, Wesley visitou uma casa que continha uma centena de crianças. Ele
ficou impressionado com o cuidado com as crianças:
“Passei pelas salas superior e inferior da casa de trabalho de Londres. Ele contém cerca de uma
centena de crianças, que estão em tão boa ordem quanto
qualquer família privada. E toda a casa é tão limpa, de cima para baixo,
quanto as necessidades de qualquer cavalheiro. E por que nem todas as casas de
trabalho em Londres, sim, através do reino, estão na mesma ordem? Puramente por
falta de senso, ou de honestidade e atividade, naqueles que a supervisionam”.[56]
Crianças desaprendendo no
orfanato
“Eles haviam desaprendido toda religião e até mesmo
seriedade”
Na segunda-feira, 6 de abril de 1772, Wesley revelou
sua decepção com um orfanato que estava longe de ensinar práticas bíblicas para
as crianças.
Ele disse: “À tarde, bebi chá na Am. O. Mas como
fiquei chocado! As crianças que costumavam se agarrar a mim e beber em cada
palavra estavam em um internato. Ali eles haviam desaprendido toda religião e
até mesmo seriedade e haviam aprendido orgulho vaidade, afetação e tudo o que
pudesse protegê-los contra o conhecimento e o amor de Deus”.[57]
Hospital para crianças pobres
“Certamente nunca houve uma porta tão aberta”
Na quarta-feira, 25 de maio de
1763, Wesley escreveu que “por volta do meio-dia, fui ao Gordon's Hospital,
construído perto da cidade para crianças pobres. É um edifício extremamente
bonito e (o que não é comum) mantido extremamente limpo. Os jardins são
agradáveis, bem dispostos e em extremamente boa ordem; mas o velho solteirão
que a fundou providenciou expressamente que nenhuma mulher deveria estar lá.[58]
Observado a escola e as crianças
“Fiquei
impressionado com a visão da escola charter”
Wesley pregou em Ballinrobe, na sexta-feira, dia
14. No sábado seguiu para Castlebar. “Entrando na cidade” - Wesley disse –
“fiquei impressionado com a visão da escola charter; — nenhum portão para o
pátio, um grande abismo na parede, montes de lixo diante da porta da casa,
janelas quebradas em abundância, o todo um quadro de preguiça, maldade e
desolação!”[59]
“Meninos e meninas
estavam completamente sujos”
Wesley percebeu que as crianças da escola não eram
bem cuidadas. “No dia seguinte, vi cerca de quarenta meninos e meninas saindo
da igreja. Como eu estava logo atrás deles, não pude deixar de observar 1) que
não havia mestre nem amante, embora, ao que parece, ambos estivessem bem; 2)
que meninos e meninas estavam completamente sujos; 3)
que nenhum deles parecia ter ligas, com as meias penduradas nos calcanhares; 4)
que nos saltos, mesmo de muitas das meias das meninas, havia buracos maiores
que uma peça de coroa. Eu dei um relato claro dessas coisas aos curadores da
Charter School em Dublin, se elas estão alteradas ou não, eu não posso dizer”.[60]
Crianças cheias da graça
“Fiquei um pouco surpreso”
Na quinta-feira, dia 4 de junho de 1772, às cinco
horas, Wesley se despediu de umas abençoadas pessoas. “Fiquei um pouco
surpreso, ao olhá-los atentamente, ao observar rostos tão belos como nunca vi
antes em uma congregação; muitas das crianças em particular, doze ou quatorze
das quais (principalmente meninos) sentaram-se cheias na minha opinião. Mas eu
permito, muito mais pode ser devido à graça do que à natureza, ao céu interior,
que brilhou para fora”.[61]
Melhor atendimento
Sua visão de organizador foi colocada em prática
também quando William Morgan,[62] um
irlandês e um dos participantes do Clube Santo, sugeriu que fossem visitados os
presos e condenados na Prisão do Castelo. O jovem irlandês começou também a
trazer crianças das famílias pobres de Oxford. Posteriormente, Wesley percebeu que as crianças pobres precisavam de
um melhor atendimento e uma organização permanente. No fim de junho de 1731,
Wesley contratou a senhora Plat para tomar conta das crianças.[63]
Tocadas no coração
Wesley presenciou a chama do avivamento não somente
entre os jovens e adultos, mas também entre as crianças por volta do ano de
1781.[64] Em
Epworth, a industrialização havia instalado quatro fábricas de fiar e tecer.
Diversas crianças foram empregadas. Algumas delas entraram por acaso em uma
reunião de oração e foram tocados no coração.
“Alguns deles entrando por acaso em uma reunião de
oração foram tocados no coração. Seus esforços entre os companheiros mudaram
então as condições em três fábricas.”[65]
Crianças e a Escola Dominical
Wesley ficou entusiasmado também com a Escola
Dominical, que atendia especialmente as crianças. Ele acreditava que era uma
das formas de expandir o avivamento. Ele deu todo apoio ao jornalista Roberto
Raikes, quando ele deu início ao atendimento aos meninos e meninas que andavam
pela rua e incentivou aos metodistas que sempre ensinassem às crianças.[66]
Em 1787, ele escreveu a um de seus pregadores que
havia organizado uma Escola Dominical e disse:
“Parece que essas escolas serão um meio poderoso de
que Deus se valerá para propagar um avivamento religioso no país.” [67]
Criação de escolas para o povo
“Todos eram desesperadamente
pobres financeiramente”
Quase não havia preparo escolar na Inglaterra.[68] Praticamente,
só os ricos estudavam. Isto se fez, inclusive, sentir entre os próprios
pregadores metodistas. Por isso Wesley se preocupou em criar escolas para os filhos
dos pregadores metodistas, um grupo de sessenta e três pregadores.
“Havendo na América nessa época somente oitenta e
três pregadores metodistas. Nenhum deles, com exceção do Dr. Thomas Coke, havia
estado num colégio, ou mesmo no que seria chamado agora, uma escola secundária
rudimentar. Todos eram desesperadamente pobres financeiramente.” [69]
Diante desta situação, quais foram as atitudes de
Wesley?
Wesley criou escolas para os pobres e para os filhos
dos pregadores metodistas. Entre essas escolas estão "A escola da Fundação
de Londres", "A Casa dos Órfãos em Bristol" e a "Escola
Kingswood" que os metodistas
abriram para os filhos dos mineiros de Kingswood.[70]
Whitefield, além de ser avivalista e um grande
pregador do metodismo, também se preocupava com o trabalho social. Foi ele quem
fundou a Escola Kingswood e um orfanato na Geórgia. [71]
Em 4 de janeiro de 1758, Wesley registrou em seu
Diário:
“Cheguei a
Kingswood, e fiquei contente por causa da escola, que é finalmente o que já eu
há muito queria que fosse: uma benção a todos que residem nela, e a todos os
metodistas.”[72]
Wesley observou
que haviam falhas no sistema educacional da Inglaterra, mostrando assim
que tinha uma atitude crítica diante do mundo em que vivia. Eis um resumo das
falhas que ele encontrou:
1) As escolas eram mal localizadas,
2) As crianças piores corrompiam as melhores,
3) A instrução religiosa era falha,
4) As disciplinas eram mal escolhidas,
5) Havia defeitos na pedagogia. [73]
Neste período, o jornalista Robert Raikes criou a
Escola Dominical para educar às crianças pobres que andavam fazendo arruaça
pelas ruas aos domingos.
Nessa escola, Raikes administrava Matemática,
Geografia e Religião, entre outras coisas. Wesley prontamente apoiou tal ideia
e a empregou nas sociedades metodistas.
Tudo indica, inclusive, que a Escola Dominical de Hannah
Ball, membro da Sociedade Metodista em High Wycombe, foi iniciada quatorze anos
antes da de Roberto Raikes.[74]
Hannah Ball,
membro da Sociedade Metodista em High Wycombe, iniciou uma Escola Dominical em
1769.[75]
A primeira Escola Dominical foi criada em 1769 pela metodista Hannah Ball (1734-1792) em Wycombe. Ela escreveu a Wesley e disse: “Hannah Ball relatou o seu trabalho a John Wesley, em 1770: “As crianças se reúnem duas vezes por semana, aos domingos e segundas-feiras. É um grupo meio selvagem, mas parece receptivo à instrução. Trabalho entre eles com a ânsia de promover os interesses de Cristo”.[76]
Assim vemos que Wesley não foi também indiferente à situação educacional na Inglaterra. Seu compromisso social compreendia também as escolas.
Quando encontrava problemas nas escolas, Wesley
demonstrava preocupação. Em 1781, ele disse sobre a Escola de Kingswood:
“Quanta
preocupação esta escola me tem dado por estes trinta anos! Faço planos, mas
quem é que vai executá-los! Eu não sei; o Senhor me ajudará!.”[77]
E quando Wesley observou o progresso na Escola de
Kingswood, ele disse, em 1786:
“Achei tudo como eu queria: as regras estão sendo observadas e o comportamento das crianças demonstra que estão sendo governadas com sabedoria.”[78]
Sua compaixão e luta
contra a escravidão
“Que a posse de escravos é
totalmente inconsistente com misericórdia, é quase simples demais para precisar
de uma prova”. [79]
O comércio de escravos negros era algo considerado normal pelo povo inglês, que era, praticamente, indiferente a esta situação e os ricos prosperavam às custas do sofrimento do escravo.
Wesley agiu energicamente contra tal procedimento de um governo cristão, que permitia a existência da escravidão na Inglaterra. Em 1774, Wesley escreveu um livro chamado “Pensamento Sobre a Escravidão”. Assim ele se expressa nesse livro:
“Metade da riqueza de Liverpool é derivada da execrável soma de todas as vilanias comumente denominadas comércio de escravos. Desejo por Deus que o comércio de escravos nunca mais seja estabelecido. Que nunca mais roubemos e vendamos nossos irmãos como animais, nunca mais os assassinemos aos milhares e dezenas de milhares.”[80]
Seu livro
No seu livro “Pensamentos sobre a Escravidão” publicado em 1774, Wesley contrastou a vida idílica dos negros no seu “habitat, natural da África com o seu cativeiro infeliz. Ele condenou a escravidão nos seguintes pontos: (1) Os meios cruéis de capturar os escravos; (2) os horrores da viagem pelo mar, durante a qual muitos morriam; (3) o tratamento cruel dos mesmos pelos donos. Refutou também o argumento que afirmava que um negro capturado na guerra, ou em que se vendia a si mesmo, ou um filho de escravos podia, legitimamente, ser escravizado, mostrando que a escravidão não era justificável por motivo algum”.[81]
Reconhecimento
No seu livro “John Wesley e Escravidão: Mito e Realidade”, o teólogo Irv Brendlinger descreve a firme posição de Wesley contra a escravidão.
Wesley exerceu uma grande dedicação nessa causa. Aos 69 anos, “algo o incendiou”, disse Irv Brendlinger. “Não era uma nova convicção de que a escravidão estava errada, mas provavelmente uma nova consciência de que ele poderia fazer algo sobre isso. Ele sentiu que tinha que fazer algo a ver com isso. Em relação à sua posição real, Wesley se opôs veementemente ao comércio de escravos. Alguns de seus epítetos mais severos são usados para se referir aos envolvidos no comércio. Ele os chama de ‘homens".[82]
Quando foi atacado por causa de sua firme posição contra a escravidão, Wesley não diminuiu seu ímpeto e nem mudou a sua mensagem. [83]
“Em 1775, Wesley apontou a hipocrisia dos colonos que pediam a liberdade da tirania da Inglaterra enquanto mantinham a prática da escravidão: "um está gritando Assassinato! Escravidão! o outro silenciosamente sangra e morre!”.[84]
Influência de Wesley
para acabar com a escravidão britânica
Wesley claramente influenciou também
a líderes não metodistas, que lutaram contra o comércio de escravos e a
escravidão na Grã-Bretanha: John Newton, Henry Venn, e William
Wilberforce.
Quem foi William Wilberforce (1759 -1833)?
Ele “foi
um político britânico, filantropo e líder do
movimento abolicionista do tráfico negreiro (...). Em 1785
converteu-se ao cristianismo, mudando completamente o seu estilo de vida e
se preocupando ao longo de toda sua vida com a reforma evangélica”.[85]
Wilberforce teve forte ligação com o
metodismo e foi influenciado por Wesley.
“O próprio Wilberforce não só sentia
simpatia, mas fazia parte desse movimento. Em 1786 ele escreveu em seu diário:
‘Espere me ouvir agora universalmente dado para ser um metodista: que Deus o
conceda pode ser dito com verdade." [86]
Nos três anos seguintes, Wilberforce
visitou Wesley, agora com 86 anos. [87]
“Wilberforce foi um fator-chave na
luta contra a escravidão e sua vida foi tocada indiretamente e diretamente por
Wesley. Wesley não só foi crucial para o
movimento que convenceu Wilberforce a entrar na causa, mas o próprio Wesley
interagiu com Wilberforce.”[88]
Escrevendo para Wilbeforce
“O reverendo John Wesley pregou seu
último sermão na casa de Belson em Leatherhead na quarta-feira, 23 de fevereiro
de 1791, e escreveu no dia seguinte sua última carta a William Wilberforce
instando-o a continuar sua cruzada contra o comércio de escravos. Ele morreu em
sua casa em City Road em 2 de março de 1791 com a idade de oitenta e oito
anos”.[89]
Carta de Wesley:
“Meu caro senhor: a não ser que o poder divino o tenha levantado para ser um athanasius contra mundum, não posso ver como poderá o senhor terminar sua gloriosa empresa, opondo-se àquela execrável vilania, que é o escândalo da religião, da Inglaterra e da natureza humana. A não ser que Deus o tenha verdadeiramente levantado para esta obra, o senhor será consumido pela oposição dos homens e dos demônios, mas, se Deus for pelo senhor, quem lhe dará conta? São eles todos juntos mais fortes que Deus? Oh! Não se canse de fazer o bem. Continue, em nome de Deus, e com a força do seu poder, até que a escravidão americana, a mais vil que já houve sob o sol, se desvaneça diante desse poder. O servo qu e o estima, João Wesley.”[90]
A consciência cristã não percebia,
na época de Wesley, que a escravidão era um crime e era algo condenado por
Deus, pois Ele quer restaurar a dignidade humana e o Evangelho é libertador,
restaurador. [91]
A oposição à escravidão não foi uma
atitude isolada de Wesley. A Conferência Anual de 1780 reconheceu que a
escravidão é contrária às Leis de Deus.[92]
“Em 2 de Fevereiro de
1807, a Câmara dos Comuns votou a favor da abolição do comércio de escravos”.[93]
Segundo vários teólogos
e historiadores, dentre eles, o bispo Sante Uberto Barbieri, a luta de Wesley
contra a escravidão cooperou para o seu fim na Inglaterra:
“A abolição da escravidão, na Inglaterra, foi
o resultado do avivamento metodista e da filantropia que inspirou por causa da
ênfase que João Wesley dava à doutrina da salvação universal e da igualdade de
todos os homens perante Deus.”[94]
Segundo ele, foi devido
à doutrina e disciplina metodista que infundiram nos líderes do proletariado e
da burguesia uma inclinação para a ordem, contra a violência.[95]
[1]
https://www.visionofbritain.org.uk/travellers/J_Wesley/11
[2]
Idem.
[3]
https://dmbi.online/index.php?do=app.entry&id=288
[4]http://dmbi.online/index.php?do=app.entry&id=644
[5]
https://www.visionofbritain.org.uk/travellers/J_Wesley/19
[6]
https://www.visionofbritain.org.uk/travellers/J_Wesley/19
[7]
https://www.visionofbritain.org.uk/travellers/J_Wesley/20
[8]
Ibidem, p.110.
[9]Os
motins contra Wesley e os metodistas foram, muitas vezes, incentivados por
párocos. Contudo, em 1789, quando João Wesley voltou a Talmouth, depois de
quarenta anos, aonde chegou a ser preso por um motim imenso, agora todos
olhavam para ele com amor e bondade (Trechos do Diário de João Wesley. Ibidem,
p.56-63).
[10]
THOMPSON, Edward P. A Formação da Classe Operária Inglêsa. 1 v. Paz e Terra,
1987, p.67.
[11]
HARPER,Steve, Ibidem, p.78.
[12]
Ibidem, p.79
[13]
“Steve Harper é um Élder Metodista Unido aposentado na Conferência Anual da
Flórida e um professor aposentado do seminário que lecionou por 32 anos nas
disciplinas de Formação Espiritual e Estudos Wesley. Ele é o autor de 22
livros, o coautor de 19 outros, numerosos artigos, e um orador frequente em
igrejas, conferências e retiros”. https://www.abingdonpress.com/
steve_harper/
[14]https://backtothebible.app/library//solid-rock-church-of-the-nazarene/johnwesleystheologysolidrock/wesley-on-compassionate-ministry/oFNh3d5yCiX
[15]
HEITZENHATER, Richard P., Wesley e o Povo Chamado Metodista, Editeo-Pastoral
Bennett, 1996. p.40.
[16] Um extrato do diário do rev. sr. John Wesley, de 12 de
agosto de 1738 a 1º de novembro de 1739.
https://quod.lib.umich.edu/e/evans/N22587.0001.001/1:18?rgn=div1;view=fulltext
[17] Um extrato do
diário do rev. sr. John Wesley, de 12 de agosto de 1738 a 1º de novembro de
1739.https://quod.lib.umich.edu/e/evans/N22587.0001.001/1:18?rgn=div1;view=fulltext
[18]
Idem.
[20] Idem.
[21] Um extrato do diário do rev. sr. John Wesley, de 12 de
agosto de 1738 a 1º de novembro de 1739.
https://quod.lib.umich.edu/e/evans/N22587.0001.001/1:18?rgn=div1;view=fulltext
[22] Um extrato do
diário do rev. sr. John Wesley, de 12 de agosto de 1738 a 1º de novembro de
1739.
https://quod.lib.umich.edu/e/evans/N22587.0001.001/1:18?rgn=div1;view=fulltext
[23]
http://ukwells.org/wells/john-wesley-visiting-bocardo-prison
[24]
https://quod.lib.umich.edu/e/evans/N22587.0001.001/1:18?rgn=div1;view=fulltext
[25] https://www.visionofbritain.org.uk/travellers/J_Wesley/19
[26] Iem.
[27] Idem.
[28] Um extrato do
diário do rev. sr. John Wesley, de 12 de agosto de 1738 a 1º de novembro de
1739.
https://quod.lib.umich.edu/e/evans/N22587.0001.001/1:18?rgn=div1;view=fulltext
[29] Idem.
[30] REILY, Duncan Alexander.A Influência do Metodismo
Revolução Social na Inglaterra no século
XVIII, Ibidem, p. 13.
[31] https://www.dunedinmethodist.org.nz/articles//view/john-wesley-action-and-compassion-beyond/
[32] Idem.
[33] Idem.
[34]
https://msa.maryland.gov/megafile/msa/speccol/sc5300/sc5339/000091/000000/000001/restricted/2002_09_10/wesley/thoughtsuponslavery.html
[35] https://www.dunedinmethodist.org.nz/articles/view/john-wesley-action-and-compassion-beyond/
[36] Idem.
[37] https://www.dunedinmethodist.org.nz/articles/view/john-wesley-action-and-compassion-beyond/
[39] https://www.visionofbritain.org.uk/travellers/J_Wesley/11
[40] Idem.
[41] https://ntcumc.org/news/taking-care-of-yourself-in-the-way-of-john-wesley
[42] https://sites.duke.edu/theconnection/2014/10/13/health-tips-from-john-wesley/
[43] https://dmbi.online/index.php?do=app.entry&id=173
[44] Idem.
[45] Idem.
[46] Idem.
[47] https://dmbi.online/index.php?do=app.entry&id=173
[48] Idem.
[49]https://www.todamateria.com.br/guerra-dos-sete-anos/
[50] https://ccght.org/about-the-area/history-of-the-area/modern-history/
[51] WESLEY, João.
Trechos do Diário de João Wesley. São Paulo: Imprensa Metodista, 1965, p.108-9.
[52] WESLEY, João.
Trechos do Diário de João Wesley. Ibidem, p.108-9.
[53]https://www.visionofbritain.org.uk/travellers/J_Wesley/11
[54] WESLEY, João.
Trechos do Diário de João Wesley. Ibidem, p.108-9.
[56]
https://www.visionofbritain.org.uk/travellers/J_Wesley/16
[57] Idem.
[59] Idem.
[60]
https://www.visionofbritain.org.uk//travellers/J_Wesley/16
[61] Idem.
[62] William Morgan
influenciou os líderes do Clube Santo para o exercício da solidariedade aos
presos, crianças, idosos e pobres. No Anexo, abordaremos sobre sua vida.
[63] HEITZENHATER,
Richard P., Ibidem, p. 40-1.
[64] HEITZENHATER, Richard P.,
Ibidem, p. 277.
[65] Ibidem.
[66] WALKER, Welliston. História da Igreja
Cristã. 2 v. São Paulo: Imprensa metodista, ASTE, 1967, 224.
[67] Ibidem, p.299.
[68] “Em 1715 havia em todo o Reino Unido
somente 1.193 escolas primárias, freqüentadas por 26.920 alunos” (LILIÈVRE,
Mateo, Ibidem, p.14).
[69] LUCCOCK, Halford, ibidem, p. 65.
Thomás Coke nasceu em 1747, no País de Gales, e recebeu diploma de doutor
[70] ROY, James Richard, ibidem, p. 80.
[71]
HEITZENHATER, Richard P., Ibidem, p. 121.
[72] WESLEY, João.Trechos do Diário de
João Wesley. Ibidem, p.64-5.
[73] REILY, Duncan Alexander, Ibidem, p.
9.
[74] LUCCOCK, Halford E. Linha de
Esplendor Sem Fim. JGEC, Imprensa Metodista, [s.d.] p. 86.
[75]
LUCCOCK, Halford, Ibidem, p. 86.
[76]https://www.mywesleyanmethodists.org.uk/content/people-2/lay_people/hannah-ball-friend-john-wesley-founder-first-sunday-school
[77] WESLEY, João. Trechos do Diário de
João Wesley. Ibidem, p.66.
[78] Ibidem, p. 66.
[79]
https://msa.maryland.gov/megafile/msa/speccol/sc5300/sc5339/000091/000000/000001/restricted/2002_09_10/wesley/thoughtsuponslavery.html
[80] LUCCOCK, Halford E. Linha de
Esplendor Sem Fim. JGEC, Imprensa Metodista, [s.d.], p. 31.
[81] A Influência do Metodismo na Reforma
Social da Inglaterra no Século XVIII1 Duncan Reily
[83] Idem.
[84]
http://www.digitalcommons.georgefox.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=1116&context=ccs
[85]
https://www.fronteiralivre.com.br/noticia/biografia-william-wilberforce
[86]
http://www.digitalcommons.georgefox.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=1116&context=ccs
[87] Idem.
[88] Idem.
[89]
The Impacts of Revd John Wesley’s Life and Ministry on England and Beyond: A
Reflection Uchenna Ebony Amanambu. International Journal of Religion &
Human Relations, Volume 12 No. 1, 2020
[90]
LUCCOCK, Halford E. Linha de Esplendor Sem Fim. JGEC, Imprensa Metodista,
[s.d.], p. 31.p. 30.
[91] LELIÈVRE, Mateo. João Wesley - Sua
vida e obra. São Paulo: Editora Vida, 1997, p. 283.
[92] BONINO et al. Luta pela Vida e
Evangelização. Editora Unimep - Edições Paulinas, 1985, p. 50.
[93]https://faithroot.com/2021/08/19/john-wesley-and-the-slave-trade-1-introduction/
[94] BARBIERI, Sante
Uberto. Aspectos do metodismo histórico. Editora Unimep, 1983, p.15.
[95] Ibidem.
Comentários
Postar um comentário