Em que creem os metodistas
Fundamento bíblico, teológico e histórico
Odilon Massolar Chaves
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Odilon Massolar Chaves é pastor metodista
aposentado, doutor em Teologia e História pela Universidade Metodista de São
Paulo.
Sua tese tratou sobre o avivamento metodista
na Inglaterra no século XVIII e a sua contribuição como paradigma para nossos
dias.
Foi editor do jornal oficial metodista e
coordenador de Curso de Teologia.
É escritor, poeta e youtuber.
Toda glória seja dada ao Senhor.
Índice
·
Introdução
·
Os atributos
de Deus
·
Jesus, Senhor
e Salvador
·
O Espírito
Santo
·
O pecado e a
justificação pela fé
·
Novo
Nascimento
·
Livre arbítrio
· A certeza da salvação
·
A Trindade
·
A perfeição
cristã
·
Ceia do Senhor
·
O Batismo
Cristão
·
O Batismo de
crianças
· Os 25 artigos de religião
·
Conclusão
Introdução
Alguns costumam dizer que a Igreja Metodista não tem doutrinas.
Tem sim!
A maior parte das pessoas desconhece as doutrinas da Igreja Metodista. Na verdade, outras denominações questionam a Igreja por não ser tão regida com costumes.
O metodismo brasileiro tem os fundamentos da sua doutrina claramente delineados. Os princípios de fé da Igreja Metodista no Brasil são os mesmos aceitos pelo Metodismo universal.
Sob a liderança de João Wesley, os pregadores participavam de reuniões
para avaliação, aprovação de assuntos relacionados à vida e à missão do
metodismo. Nas Conferencias Anuais haviam estudos, debates, orientações, exame
dos pregadores, planos, etc, proporcionando assim a formação da identidade e
trazendo unidade aos metodistas.[1]
A primeira Conferência Anual teve início em 25 de junho de 1744 e foi um marco no desenvolvimento da doutrina e disciplina wesleyana. Foi uma reunião realizada para direcionar o reavivamento e fazer ajustes. A Conferência durou uma semana. Além dos irmãos Wesley e os pregadores, estavam presentes mais quatro ministros anglicanos: João Hodges, Henrique Piers, Samuel Taylor e João Meriton.[2]
“A Conferência tinha em sua ordem do dia três perguntas:
1.O que ensinar?
2.Como ensinar?3.Como regulamentar a doutrina, a disciplina e a prática?”[3]
Na segunda Conferência, realizada em 1º de agosto de 1745, a santificação continuou sendo o principal assunto.[4] Foi discutido "o que pregar" e as doutrinas básicas com ênfase na perfeição sem negligenciar a justificação. Ficou estabelecida a prática de uma Conferência Anual.[5]
“As resoluções das consultas das conferências anuais do movimento de Wesley foram protocoladas e publicadas, formando a base doutrinária (...)”.[6]
“A perfeição cristã, cria Wesley, era o depositum que Deus havia entregue aos metodistas como sua responsabilidade especial.”[7]
Richard Heitzenhater disse:
“O foco unificador para Wesley era a preocupação com o espalhar a santidade bíblica. Esta ênfase na teologia pratica era o traço central da tradição do ´viver santo´ que por séculos havia atravessado muitas das divisões tradicionais dentro do cristianismo (...).”[8]
Wesley acreditava ter sido o metodismo levantado por Deus para mudar a situação vigente, ou seja, para: “(...) reformar a nação (...) e espalhar a santidade bíblica sobre a terra.”[9]
O fundamento essencial da doutrina metodista é a Bíblia, tanto o Antigo como o Novo Testamento.
Em um nível imediatamente inferior à Bíblia estão outros fundamentos essenciais da nossa doutrina:
1) O Credo Apostólico;
2) Os 25 Artigos de Religião e;
3) Os sermões doutrinários de Wesley e suas Notas explicativas sobre o Novo Testamento.[10]
Cremos nas seguintes doutrinas: Trindade (Deus, Jesus e Espírito Santo), livre arbítrio, justificação pela fé, novo nascimento, certeza da salvação, perfeição cristã, ressurreição dos mortos, volta de Jesus, julgamento final, vida eterna, etc.
É essencial termos uma clareza e fundamento daquilo que cremos.
Convido você a mergulhar na beleza doutrinária metodista.
O Autor
Os atributos de Deus
Quem pode sondar a perfeição de Deus?
“Nenhuma das suas criaturas o pode. Ele se agradou em revelar-nos na sua palavra apenas alguns dos seus atributos”, afirmou Wesley. [11]
Pela Bíblia podemos entender como é o nosso Deus. Os atributos de Deus são as suas qualidades, o caráter que Ele revela em Sua ação. As perfeições de Deus, afirmou Wesley, nós chamamos de atributos.
Podemos assim dizer com toda convicção que Deus é:
Amor
A Bíblia registra a principal característica de Deus:
* Deus é amor (1Jo 4.8; Jo 3.16; 1Jo 4.16);
* O amor procede de Deus (1Jo 4.7);
* Deus prova o Seu amor pelo fato do Seu filho ter morrido por nós (Rm
5.8).
Eterno
* “(...) desde a eternidade, tu és Deus” (Sl 90.2; 93.2; Is 9.6);
* João Wesley afirma: “Deus é um ser eterno. Existe de eternidade a eternidade”.[12]
Onipresente
* Ele está em todos os lugares (Sl 139.7-8);
* João Wesley diz: “Ele não pode existir senão através de um espaço
infinito”.[13]
Perfeito
* João Wesley declara: “Este ser eterno e onipresente é também perfeito.
Possui, de eternidade a eternidade, todas as perfeições”.[14]
* Jesus declarou: “Sede vós perfeitos, como perfeito é o vosso Pai Celeste” (Mt 5.48).
Misericordioso
* Ao Senhor pertence a misericórdia (Dn 9.9);
* Ela dura para sempre (Sl 136.1);
* Deus é rico em misericórdia (Ef 2.4).
Justo
* O Senhor julgará o mundo com justiça (Sl 96.13);
* A justiça pertence a Deus (Dn 9.7);
* Deus é justo, mesmo em sua ira (Rm 11.22).
Onisciente* Ele sabe de tudo (Sl 139.1-4);
* Wesley afirma: “A onisciência de Deus é uma evidência clara e necessária da Sua onipresença (...)”.[15]
Onipotente
* Ele tudo pode (Lc 1.37; Sl 91.1);
* João Wesley: “Não pode haver mais limite para o Seu poder do que para a Sua presença”.[16]
Santo
* “Tu és Santo” (Sl 22.3; Ap 4.8);
* João Wesley declara: “Ele está infinitamente distante de qualquer toque do mal”. [17]
Espírito
Deus é espírito (Jo 4.24).
João Wesley afirma: “Este Deus é espírito; não possui corpo, as partes e
as paixões que os homens possuem”.[18]
Jesus, Senhor e Salvador
João Wesley assim definiu Jesus Cristo: “Eu creio que o Jesus de Nazaré era o Salvador do mundo, o Messias há tanto predito; que, sendo ungido pelo Espírito Santo, era um profeta que nos revelou toda a vontade de Deus; que era um sacerdote que se deu a si mesmo como sacrifício pelo pecado e ainda faz intercessão pelos transgressores; que é um rei que tem todo o poder no céu e na terra e reinará até que tenha subjugado todas as coisas a si mesmo”. [19]
E diz mais: “Creio que Ele é o Filho de Deus, Deus de Deus, verdadeiro Deus de verdadeiro Deus e que é o Senhor de tudo (...)”.[20]
Ele é o segundo Adão que fez o sacrifício pelo pecado, “como representante de todos nós, Deus reconciliou-se com todo o mundo e lhe deu uma nova aliança”, disse Wesley. [21]
Jesus recebeu muitos títulos. Dentre eles, estão: Filho de Deus, o Senhor, Salvador, Mestre, Filho do Homem, o Caminho, a Verdade, a Vida, Luz do mundo. É o Emanuel, Deus conosco. Ele é o nosso intercessor e nosso Advogado. Ele é o Rei dos reis, o Senhor dos senhores.
O propósito de Jesus é nos restaurar à imagem e
semelhança de Deus nos dando uma vida plena (João 10.10).
João Wesley disse: “Somos reputados justos perante Deus somente pelos merecimentos de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, por fé e não por obras ou merecimentos nossos; portanto, a doutrina de que somos justificados somente pela fé é mui sã e cheia de conforto”. [22]
Precisamos nos revestir o Senhor Jesus.
Comentando Romanos 13.14: “Mas revesti-vos do Senhor
Jesus Cristo, e não tenhais cuidado da carne em suas concupiscências “,
Wesley disse: “Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo - Nisto está contida toda
a nossa salvação. É uma expressão forte e bela para a mais íntima união
com ele, e estar revestido de todas as graças que nele havia. O apóstolo
não diz: Revesti-vos de pureza e sobriedade, paz e benevolência; mas ele
diz tudo isso e mil vezes mais de uma vez, ao dizer: Revesti-vos de Cristo. E
não tomes providências - Para despertar desejos tolos, ou, quando eles já estão
elevados, para satisfazê-los”.[23]
Somos chamados
a nos revestir e a seguir os passos de Jesus. Afinal, foi Ele mesmo quem disse:
"Aprendei de mim" (Mt 11.29).
Precisamos crescer até que Cristo seja formado em nós (Gl 4.19).
O Espírito Santo
João Wesley resgatou a doutrina do Espírito Santo em seu tempo. Durante séculos, havia o conceito de que os dons haviam cessado.
Ele afirmou: "Não parece que esses dons extraordinários do Espírito Santo fossem comuns na Igreja por mais de dois ou três séculos ... A causa disso não era porque não havia ocasião para eles porque todo o mundo se tornou cristão. A verdadeira causa foi [que] ‘o amor de muitos’, quase todos os cristãos, assim chamados, estavam "gelados". Esta era a verdadeira razão pela qual os dons extraordinários do Espírito Santo já não se encontravam na Igreja cristã, porque os cristãos voltaram a ser pagãos e só restavam uma forma morta”.[24]
Nos 25 artigos de religião do metodismo está a explicação sobre o Espírito Santo.
Este artigo 4º afirma: “O Espírito Santo, que procede do Pai e do Filho, é da mesma substância, majestade e glória com o Pai e com Filho, verdadeiro e eterno Deus.”[25]
O Espírito Santo, os dons e o fruto do Espírito não são opções para os cristãos. São necessidades em nossa vida.
João Wesley afirmou: “Creio no Espírito Santo infinito e eterno de Deus, igual ao Pai e ao
Filho, não somente perfeito em si mesmo, mas sendo a causa de nossa perfeição.”[26]
O Espírito Santo passa a habitar em nós quando cremos em Jesus (Gl 3.2; 3.14; Ef 1.13).
Dentre as suas funções estão:
·
Consolar (Jo
14.16-17; 16.7);
·
Convencer-nos
do pecado (Jo 16.7-8);
·
Guiar-nos à
verdade (Jo 14.26; 16.13-15);
·
Santificar-nos
(1Co 6.11; Tito 3.5);
·
Transformar o
nosso caráter (Gl 5.22-23);
·
Capacitar-nos
a fazer a vontade de Deus (Gl 5.16; Rm 8.13);
·
Dar-nos
testemunho de que somos filhos e filhas de Deus (Rm 7.16);
·
Distribuir os
dons nos capacitando para a Missão (1Co 12.7-11);
·
Para vivermos
no Espírito e não na carne (Gl 5.16-26), etc.
Para Wesley: “O mesmo Espírito que conduz o pecador arrependido a Cristo e lhe permite confessar ´Jesus é Senhor´ (1Co 12.3) faz-nos não apenas andar uniformemente como Cristo andou (1Co 11.1) como também ter o mesmo sentimento que nele houve(...).”[27]
O pecado e a justificação pela fé
Afinal, o que é pecado?
Podemos dar vários nomes para o que é pecado. Afirmamos que é descrença, incredulidade (Jo 16.8-9; Hb 3.12-13).
Pecado é querer ser o próprio Deus (Gn 3.5), é querer ser o “centro do mundo”[28]; é desobediência (Rm 5.19), quebra da Lei de Deus (1Jo 3.4) etc.
Os nomes são diferentes, mas as consequências são as mesmas.
As consequências de pecar são grandes e graves. Dentre elas, estão: afastamento de Deus (Gn 3.23-24) e morte (Rm 6.23).
Deus deu liberdade ao ser humano para prestar-lhe obediência ou não.
A árvore representa esta liberdade (Gn 2.15-17). A razão é que toda a raça humana estava representada em Adão (Rm 5.12-14).
Assim, todos são pecadores, por Adão nos representar tão mal (Rm 3.23).
Jesus é o segundo Adão (Rm 5.17; 1Co 15.22) que fez o sacrifício por todos nós (Ef 5.2; Hb 7.26-28). O que temos que fazer agora é aceitar este sacrifício de Jesus (Rm 5.1-11).
Wesley afirma: “(...) mediante o sacrifício pelo pecado, feito pelo segundo Adão, como nosso representante, Deus tão perfeitamente se reconciliou com todo o mundo, que com ele fez um novo pacto, de modo que, uma vez preenchida a simples condição imposta, “não há mais condenação para nós”, mas, “somos justificados livremente pela sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus”.[29]
Diante do pecado entra a doutrina da justificação pela fé.
Wesley afirma que “a noção bíblica de justificação é perdão, o perdão dos pecados. É aquele ato de Deus Pai, por meio deste, por causa da propiciação feita pelo sangue de seu Filho, ele ‘revela sua justiça (ou misericórdia) pela remissão dos pecados passados”.[30]
Nos 25 artigos de religião está explicado sobre a justificação pela fé: “Somos reputados justos perante Deus somente pelos merecimentos de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, por fé e não por obras ou merecimentos nossos; portanto, a doutrina de que somos justificados somente pela fé é mui sã e cheia de conforto”.[31]
Crer em Jesus como Senhor e Salvador nos garante o perdão dos pecados e a reconciliação com Deus.
A justificação leva ao novo nascimento e inicia o processo de santificação.[32].
Após a justificação e o novo nascimento, a dinâmica das Obras de Misericórdia (amor ao próximo), bem como as Obras de Piedade (vida devocional), são também necessárias para que haja santificação.
Wesley diz:” E cabe a todos os que são justificados serem zelosos de boas obras. Estas são tão necessárias que se o homem voluntariamente as negligenciar, não poderá razoavelmente esperar que jamais seja santificado (...)”. [33]
Mas e quem peca depois de ter sido justificado pela fé?
Nos 25 artigos de religião está explicado - Do pecado depois da justificação:
“Nem todo pecado, voluntariamente cometido depois da justificação, é o pecado contra o Espírito Santo e imperdoável; logo, não se deve negar a possibilidade de arrependimento aos que caem em pecado depois da justificação. Depois de termos recebido o Espírito Santo, é possível apartar-nos da graça recebida e cair em pecado, e pela graça de Deus levantar-nos de novo e emendar nossa vida. Devem, portanto, ser condenados os que digam que não podem mais pecar enquanto aqui vivem, ou que neguem a possibilidade de perdão àqueles que verdadeiramente se arrependam”.[34]
Uma das marcas imediatas do perdão dos pecados é a paz: “Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo; por intermédio de quem obtivemos igualmente acesso, pela fé, a esta graça na qual estamos firmes; e gloriamo-nos na esperança da glória de Deus” (Rm 5.1-2).
Novo Nascimento
O diálogo de Jesus com Nicodemos para Wesley ilustra bem a necessidade de novo nascimento (João 3.1-21).
Wesley considerava a justificação pela fé e o novo nascimento como as doutrinas fundamentais do cristianismo.
Ele disse: “A primeira relacionada com a grande obra que Deus faz por nós, em perdoando nossos pecados; o último, para a grande obra que Deus faz em nós, renovando nossa natureza decaída. Na ordem do tempo, nenhum destes é anterior ao outro: no momento em que somos justificados pela graça de Deus, pela redenção que está em Jesus, também somos “nascidos do Espírito”.[35]
Mas quais as principais marcas de alguém que nasceu de novo?
Interpretando o pensamento de Wesley, o professor Kevin M. Watson, do Candler School of Theology, Emory University, EUA, afirma sobre as principais marcas do novo nascimento:
1 - A fé
“A verdadeira fé viva não é apenas um assentimento, mas uma disposição que Deus operou no coração de uma pessoa. Um fruto imediato e constante desta fé é o poder sobre o pecado. Todo aquele que é nascido de Deus não peca. Outro fruto desta fé viva é a paz. [36]
2 - A esperança
“Esta esperança implica (1) testemunho de nosso próprio espírito. Andamos em sinceridade e (2) no testemunho do Espírito. O próprio Espírito testifica com nosso espírito que somos filhos de Deus”.[37]
3 - O amor
Quem nasceu de novo “está unido ao Senhor que é "um só espírito". O fruto necessário deste amor a Deus é o amor ao próximo.[38]
O amor é derramado em nossos corações pelo Santo Espírito.[39] Ao próximo deve ser ministrado esse amor, que proporciona ao
cristão compromisso social. Segundo Wesley: “Os frutos necessários desse amor
de Deus são o amor a nosso próximo – a toda alma que Deus criou, não excetuando
nossos inimigos (...)”.[40]
Quem nasceu de novo tem os olhos do seu entendimento abertos. Está pronto para ouvir o que Deus tem a lhe ensinar.
João Wesley disse mais. Quem nasceu de novo sente em seu coração “a poderosa operação do Espírito de Deus’; não em um sentido grosseiro e carnal, já que os homens do mundo estupidamente e intencionalmente interpretam mal a expressão; embora tenham sido contados repetidas vezes, não queremos dizer nem mais nem menos do que isso: Ele sente, é interiormente sensível às graças que o Espírito de Deus opera em seu coração. Ele sente, tem consciência de uma ‘paz que ultrapassa todo o entendimento’. Ele muitas vezes sente uma alegria em Deus que é ‘inexprimível e cheio de glória’. Ele sente “o amor de Deus derramado em seu coração pelo Espírito Santo que é dado a ele”; e todos os seus sentidos espirituais são então exercitados para discernir o bem e o mal espirituais. Pelo uso deles, ele está diariamente aumentando no conhecimento de Deus, de Jesus Cristo a quem ele enviou e de todas as coisas pertencentes ao seu reino interior. E agora pode-se dizer que ele vive apropriadamente: Deus o tendo vivificado pelo seu Espírito, ele está vivo para Deus por meio de Jesus Cristo. Ele vive uma vida que o mundo não conhece, uma ‘vida que está escondida com Cristo em Deus’. Deus está respirando continuamente, por assim dizer, na alma; e sua alma está respirando em Deus. A graça está descendo em seu coração; e oração e louvor ascendendo ao céu: E por esta relação entre Deus e o homem, esta comunhão com o Pai e o Filho, como por uma espécie de respiração espiritual, a vida de Deus na alma é sustentada (...)”.[41]
Livre arbítrio
No século XVIII, na Inglaterra, a doutrina da predestinação era forte em
algumas Igrejas.
Wesley combateu veementemente essa doutrina afirmando que ela não é bíblica; que ela nega todo amor de Deus pelos pecadores, que anula o sacrifício de Jesus, que torna inútil a pregação do Evangelho, além de aterrorizar às pessoas.
O metodismo defende o arminianismo. A expressão vem de Jacob Armínius (1560-1609). Ele estudou Teologia, Filosofia, Hebraico, Literatura e outras disciplinas. Pastoreou uma igreja em Amsterdã. Foi chamado para defender o calvinismo (que defende a predestinação) e, ao pesquisar, acabou sendo um grande adversário da predestinação defendendo o livre arbítrio.
Wesley seguiu o arminianismo, acreditava no
livre arbítrio. Portanto, somos arminianos. Wesley publicou mensalmente a Revista
Arminiana.[42]
Livre arbítrio é a doutrina que afirma que Deus dá liberdade ao ser humano de aceitar ou não a salvação que está em Cristo. Predestinação é a doutrina que afirma que Deus soberano é quem decide quem é salvo.
Leia a seguir textos bíblicos que relatam sobre o livre arbítrio:
* João 3.16: “Deus amou ... para que todo aquele que nele crê não
pereça, mas tenha a vida eterna”;
* Atos 16.31: “Crê no Senhor Jesus e serás salvo...”
Wesley acreditava na eleição de duas maneiras:
Todos os verdadeiros crentes são eleitos para a vida eterna:
Quem tem o Filho tem a vida (1Jo 5.12). Os descrentes são condenados.
Deus chama alguns para determinadas obras especiais, mas, mesmo assim, eles podem cair como aconteceu com Judas (Jo 6.70) e Saul (1Sm 10.1-8; 15.10-11).[43]
Assim cremos que o livre arbítrio é uma doutrina bíblica.
A certeza da salvação
A experiência de Wesley em 24 de maio de 1738 o levou a defender a
doutrina do “Testemunho do Espírito”, a certeza da salvação.
Ele escreveu em seu diário: “Cerca das vinte horas e quarenta e cinco
minutos, enquanto ele descrevia a mudança que Deus opera no coração mediante a
fé em Cristo, senti o meu coração estranhamente aquecido. Eu senti que agora
confiava realmente em Cristo, somente em Cristo, para salvação: e me foi dada a
segurança de que Cristo havia perdoado os meus pecados, sim, os meus, e que eu
estava salvo da lei do pecado e da morte.”[44]
Segundo Wesley, o Testemunho do Espírito, a Experiência Espiritual é “a
evidência mais forte da verdade do cristianismo”.[45]
A salvação é um presente de Deus para todos que aceitam a Jesus como
Senhor e Salvador e permanecem fiéis (Ap 3.20).
Podemos ter a certeza da salvação: Wesley afirma: “Por testemunho do
Espírito quero dizer a impressão íntima feita sobre a alma pela qual o Espírito
de Deus testifica a meu espírito que sou filho de Deu; que Jesus Cristo me amou
e deu-se a Si mesmo por mim e que todos os meus pecados estão cancelados e eu,
sim eu, sou reconciliado com Deus.[46]
Textos bíblicos que confirmam a certeza da salvação: Rm 8.16; 2Co 5.1-8;
1Co 2.9-16).
A Bíblia diz: “O próprio Espírito testemunha ao nosso espírito que somos
filhos de Deus” (Rm 8.16). O “estar salvo” é uma experiência marcante e
presente, que nos faz crer no amanhã, na vida eterna. Mas não cremos que “uma
vez salvo, somos salvos para sempre”.
Ter a certeza da salvação não inclui a doutrina de “uma vez salvo, salvo para sempre”.
Podemos cair da graça. A Bíblia diz: Portanto, aquele que pensa que está
de pé é melhor ter cuidado para não cair. As tentações que vocês têm de
enfrentar são as mesmas que os outros enfrentam” (1Co 10.12-13).
A Bíblia também diz: “Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida”
(Apocalipse 2.10).
A doutrina do Testemunho do Espírito é uma doutrina bíblica e essencialmente de origem metodista.
A Trindade
A Trindade nem sempre é compreendida exatamente porque a razão não pode entende-la, pois 1+1+1: 1.
São três em um.
A expressão trindade não se encontra na Bíblia, mas nem por isso ela não existe.
Nós cremos em Deus-Pai, Deus-Filho, Deus-Espírito Santo. Não são três deuses, mas um só.
A Bíblia mostra a sua existência: “Jesus, saiu logo da água ... e viu o Espírito de Deus descendo como pomba, vindo sobre Ele. E eis uma voz dos céus, que dizia: este é o meu Filho amado, ...” (Mt 3.16-17).
Paulo escrevendo aos coríntios disse: “A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam, com todos vós.” (2Co 13.13).
Wesley afirmou: “Há um só Deus vivo e verdadeiro, eterno, sem corpo nem
partes; de poder e sabedoria e bondade infinitos; criador e conservador de
todas as coisas visíveis e invisíveis. Na unidade desta divindade, há pessoas
da mesma substância, poder e eternidade - Pai, Filho e Espírito Santo.”[47]
João Wesley disse que não compreendia tudo, mas sabiamente disse: “Há três que dão testemunho no céu; e estes três são um; creio também neste fato ... Que Deus é três em Um. O modo pelo qual ele é três e ao mesmo tempo um não compreendo (...), mas nesse modo está o mistério de Deus”.[48]
“Não seria um absurdo negar o fato porque não entendo o modo?”, disse Wesley.[49]
Do início ao fim da Bíblia vemos a ação da Trindade.
A perfeição cristã
A palavra perfeição não é tão comentada no meio evangélico. Traz a ideia
de soberba, pretensão etc.
Como parece algo inatingível, então é dito que nessa vida não podemos
alcançar e que só Deus é perfeito.
Mas é uma expressão bíblica e uma recomendação do Senhor: “Sede
perfeito” (Mt 5.43-48). Perfeição é acima de tudo amor perfeito! (1Jo 4.18).
Perfeição tem outros sinônimos: santidade, inteira santificação, etc.
Essa é base fundamental da doutrina metodista. Wesley acreditava que
Deus deu a vocação ao metodismo de resgatar essa doutrina em seu tempo.
Wesley acreditava que podemos alcançar a santidade aqui mesmo na Terra.
É precisa entende-la.
Primeiro, nós podemos alcançar a perfeição.
Wesley conheceu em suas sociedades várias pessoas que tinham alcançado a
perfeição. Eis os procedimentos de uma senhora que a alcançou: Trabalhava para
os pobres; tinha ardente amor; tinha grande alegria; estava pronta a morrer; não
gostava de faltar aos cultos; Sentia que a sua vontade era a vontade de Deus.
A perfeição não é absoluta e não nos torna sem erros:
Não nos coloca em igualdade a Deus (Fl 2.6). A nossa palavra não é a palavra de Deus. O
nosso ensino sobre as Escrituras não é infalível.
A pessoa que alcança perfeição sofre também a tentação. E quem alcança a
perfeição pode cair da graça.
É desse jeito que o metodismo entende sobre a perfeição.
Para Wesley, santidade é sinônimo de amor
perfeito: “O amor a Deus com todo nosso coração, mente,
alma e força. Isso implica que nenhum temperamento errado, nenhum
contrário ao amor, permanece na alma; e que todos os pensamentos, palavras
e ações são governados por puro amor. [50]
Em seu livro “Um Relato Claro da Perfeição
Cristã”, Wesley afirma que a perfeição implica em “amar a Deus com todo o
nosso coração, entendimento, alma e força e que nada de mau gênio, nada
contrário ao amor, permanece na alma; que todos os pensamentos, palavras e
ações, são governadas pelo puro amor”.[51]
Para ele, apóstolo João é o exemplo bíblico mais claro de alguém que alcançou a perfeição em amor.
Ceia do Senhor
A ceia do Senhor é um sacramento. É um sinal visível de uma graça invisível
de Deus. Foi instituída por Jesus. A Ceia do Senhor é o sinal de nossa redenção
em Cristo e o memorial perpétuo de sua paixão e morte.
Jesus disse: “Fazei isso em memória de mim!”.
Tomando o pão, deu graças, partiu-o e o deu aos discípulos, dizendo:
"Isto é o meu corpo dado em favor de vocês; façam isto em memória de
mim".
Da mesma forma, depois da ceia, tomou o cálice, dizendo: "Este
cálice é a nova aliança no meu sangue, derramado em favor de vocês” (Lc
22.19-20).
Os elementos que constituem a Ceia do Senhor são: O pão (Mt 26.26), que
simboliza o corpo de Cristo. O vinho (Mt 26.27), que simboliza o sangue de
Cristo.
É um símbolo. Não cremos na transubstanciação – na consagração, o pão e
o vinho se transformarem no sangue e no corpo de Jesus.[52]
A Ceia é para os que creem em Jesus e fazem parte do Povo de Deus. As
crianças fazem parte do povo de Deus.
“Steve Wilkins Wilkins argumenta veementemente que, no Antigo
Testamento, todas as crianças eram admitidas às refeições sacramentais com base
em sua membresia na congregação pactual. A partir disso, ele afirma que, ‘se
não é permitido que as crianças participem da Ceia do Senhor deveríamos esperar
que elas também fossem excluídas da Páscoa”.[53]
Os pais são sacerdotes dos filhos e devem ser os que aprovam a
participação ou não dos seus filhos e filhas analisando suas condutas.
No Didaquê ou Doutrina dos Doze Apóstolos está escrito: “Ninguém coma nem beba de vossa
Eucaristia, se não estiver batizado em nome do Senhor. Pois a respeito dela
disse o Senhor: Não deis as coisas santas aos cães!”[54]
Paulo orientou à Igreja de Corinto que todos participem adequadamente da
Ceia do Senhor (1Co 11.27-28):
“Portanto, qualquer que comer este pão, ou beber o cálice do Senhor
indignamente, será culpado do corpo e do sangue do Senhor. Examine-se, pois, o
homem a si mesmo, e assim coma deste pão e beba deste cálice”. Importante
confessar os pecados e pedir perdão a Deus antes de tomar a Ceia do Senhor.
A importância da confiança no ato da Ceia
Para Wesley, o simples ato da Ceia do Senhor para nada aproveita!
Ele afirmou: “Não há poder para salvação senão no Espírito de Deus”. Não
há mérito senão no sangue de Cristo. “Aquilo que é ordenado por Deus não
transmite graça se não confiarmos somente nele.”[55]
Os benefícios que a Ceia do Senhor são: perdão dos nossos pecados passados, o fortalecimento presente, e a renovação das nossas almas.[56]
O Batismo Cristão
Não havia debate na Igreja Primitiva e nem nos séculos seguintes sobre a forma de batismo.
No livro de Didaquê ou Doutrina dos Doze Apóstolos,[57]
escrito no primeiro século, no capítulo VII, há uma instrução sobre o batismo:
“1 - No que diz respeito ao batismo, batizai em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo em água corrente [Cf Mt 28,19] 2 - Se não tens água corrente, batiza em outra água; se não puderes em água fria, faze-o em água quente. 3 - Na falta de uma e outra, derrama três vezes água sobre a cabeça em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. 4 - Mas, antes do batismo, o que batiza e o que é batizado, e se outros puderem, observem um jejum; ao que é batizado, deverás impor um jejum de um ou dois dias”.[58]
Wesley ensinou que o batismo “é o sacramento iniciatório que nos faz entrar na aliança com Deus. Foi instituído por Cristo, o único que tem poder para instituir um sacramento adequado, Um sinal, um selo, garantia e meio de graça, perpetuamente obrigatório para todos os cristãos”.[59]
A Bíblia não se preocupa com a forma. Apenas diz: “Quem crer e for
batizado será salvo” (At 16.16):
Aspersão. Consiste em jogar um pouco de água na cabeça da pessoa. Há vários acontecimentos na Bíblia que mostram esta prática: Ananias partiu, entrou na casa, impôs-lhe as mãos e disse: “Saulo, meu irmão, quem me envia é o Senhor, esse Jesus que te apareceu no caminho por onde vinhas ... A seguir, levantou-se e foi batizado” (At 9.17-19).
Imersão. Consiste em afundar a pessoa na água. Há uma indicação de que foi assim o batismo de João Batista (Mc 3.6).
Derramamento ou lavagem: Consiste em derramar água sobre a pessoa; há um fato na Bíblia que dá a impressão de ter havido este batismo.
Se existe uma forma clara do batismo está em Ezequiel 36.25 diz:
“Derramarei água pura sobre vós e ficareis purificados”.
O Batismo de crianças
São muitas as denominações sérias e históricas que batizam crianças: Luterana, Presbiteriana, Anglicana, Episcopal, Congregacional, Metodista, etc.
É importante voltarmos ao Antigo Testamento para entendermos sobre a participação das crianças.
No Antigo Testamento, houve a instituição da circuncisão pelo próprio
Deus. Era aplicada às crianças masculinas aos oito dias de vida (Gn 17.12). A criana
não decidia e sim os pais (Gn 17.9-14).
A Salvação era para toda a família: “Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo, tu e a tua casa” (Atos 16.31).
Citando o texto: “Quem crer e for batizado será salvo, quem não crer será condenado” (Marcos 16,16), alguns argumentam que somente quem crer deve ser batizado e as crianças não creem.
Com esse argumento, então, as crianças estão condenadas porque não creem.
É importante saber que o “sentido do batismo de crianças é a consagração
da criança a Deus, e sua inserção na comunidade de fé”.[60]
Veja alguma das famílias em que todos foram batizados, inclusive, as crianças:
* Família de Cornélio (At 11.14; 10.48);
* Família de Lídia (At 16.15);
* família de Estêfanas (1Co 1.16);
* Família de Crispo (At 18.8).
Os pais devem pertencer ao Povo de Deus;
A Igreja dos apóstolos batizava crianças
Orígenes viveu até o ano 231 em Alexandria. Ele foi o mais completo conhecedor da Bíblia entre os escritores da Igreja Primitiva, escreve que a Igreja Cristã praticava o batismo de crianças e que esta prática veio dos apóstolos. Irineu, que foi bispo no 2º século e discípulo de uma pessoa que foi discípula do apóstolo João, foi batizado quando criança.
Ele foi o maior mestre da doutrina cristã em sua época. Como intérprete
da Bíblia exerceu grande influência.
Origines afirmou: “A Igreja recebeu dos Apóstolos o costume de
administrar o batismo inclusive às crianças, pois aqueles a quem foram
confiados os segredos dos mistérios divinos sabiam muito bem que todos carregam
a mancha do pecado original que deve ser lavada pela água e pelo espírito” (In.
Rom. Com. 5,9: EH 249).”[61]
“No ano 252 d.C. no Concílio de Cartago o batismo infantil não era alvo de qualquer contestação. Pelo contrário… neste concílio foi discutido se uma criança podia ser batizada antes do oitavo dia após o seu nascimento”.[62]
Hipólito de Roma (falecido em 235) deu detalhes sobre o batismo. Só deveria ser batizado quem estava apto. Ele disse: “Ouçam os catecúmenos a palavra durante três anos… escolhidos os que receberão o Batismo, sua vida será examinada (...). Os batizados despirão as suas roupas, batizando-se primeiro as crianças. Todos os que puderem falar por si mesmo falem. Os pais, ou alguém da família, falem pelos que não puderem falar por si. Batizem-se os homens e finalmente as mulheres…”[63]
Wesley afirma: “Em resumo, portanto, é nosso dever não somente legal e inocente, mas justo e estrito, de conformidade com a prática ininterrupta de toda a Igreja de Cristo desde os primeiros tempos, consagrarmos nossos filhos a Deus pelo batismo como era ordem para que a Igreja dos judeus o fizesse pela circuncisão”.[64]
Os 25 artigos de religião
Os 25 Artigos de Religião formam a base doutrinária do metodismo e foi herdado do anglicanismo:
(1) Da fé na Santa Trindade; (2) Do Verbo ou Filho de Deus que se fez verdadeiro Homem; (3) Da ressurreição de Cristo; (4) Do Espírito Santo; (5) Da suficiência das Santas Escrituras para a salvação; (6) Do Antigo Testamento; (7) Do pecado original; (8) Do livre arbítrio; (9) Da justificação do homem; (10) Das boas obras; (11) Das obras de superrogação; (12) Do pecado depois da justificação; (13) Da Igreja; (14) Do purgatório; (15) Do falar na congregação em língua desconhecida; (16) Dos Sacramentos; (17) Do batismo; (18) Da Ceia do Senhor; (19) De ambas as espécies; (20) Da ablação única de Cristo sobre a cruz; (21) Do casamento dos ministros; (22) Dos ritos e cerimônias da Igreja; (23) Dos deveres civis dos cristãos; (24) Dos bens dos cristãos; (25) Do juramento do cristão. [65]
Dentre estes artigos,
temos:
- Do pecado original.
Este artigo 7º diz: “O pecado original não está em imitar
Adão, como erradamente dizem os Pelagianos, mas é a corrupção da natureza de
todo descendente de Adão, pela qual o homem está muito longe da retidão
original e é de sua própria natureza inclinado ao mal e isto continuamente”.[66]
Ele acreditava que o homem podia permanecer sem pecado.
Com isso, ele dizia glorificar a Deus “já que reconhecemos que dEle nos vem
esta dádiva e este poder”.[68]
- Das boas obras.
Esse artigo 10º diz: “Posto que as boas obras, que são o fruto da fé e
seguem a justificação, não possam tirar os nossos pecados, nem suportar a
severidade do juízo de Deus, contudo são agradáveis e aceitáveis a Deus em
Cristo, e nascem de uma viva e verdadeira fé, tanto assim que uma fé viva é por
elas conhecida como a árvore o é pelos seus frutos”.[69]
- Das obras de superrogação.
Este artigo 11º significa: “As obras voluntárias que não se achem
compreendidas nos mandamentos de Deus, as quais se chamam de obras de
super-rogação, não se podem ensinar sem arrogância e impiedade; pois, por elas,
declaram os homens que não só rendem a Deus tudo quanto lhe é devido, mas também de sua parte fazem
ainda mais do que devem, embora Cristo claramente diga: ´Quando tiverdes feito
tudo o que se vos manda, dizeis: Somos servos inúteis”.[70]
- Do purgatório.
Este 14º artigo afirma: “A doutrina romana do
purgatório, das indulgências, veneração e adoração, tanto de imagens de
relíquias, bem como a invocação dos santos, é uma invenção fútil, sem base em
nenhum testemunho das Escrituras e até repugnantes à Palavra de Deus”.[71]
- Da oblação única de Cristo sobre a cruz.
Este artigo 20º afirma: “A oblação de Cristo, feita uma só vez, é a perfeita redenção, propiciação e satisfação por todos os pecados de todo o mundo, tanto o original como os atuais, e não há nenhuma outra satisfação pelo pecado, senão essa. Portanto, o sacrifício da missa, no qual se diz geralmente que o sacerdote oferece a Cristo em expiação de pecados pelos vivos e defuntos, é fábula blasfema e engano perigoso”.[72]
- Dos ritos e cerimônias da Igreja.
Este artigo 22º diz: “Não é necessário que os ritos e cerimônias das Igrejas sejam em todos os lugares iguais e exatamente os mesmos, porque sempre têm sido diferentes e podem mudar-se conforme a diversidade dos países, tempos e costumes dos homens, contando que nada seja estabelecido contra a palavra de Deus. Entretanto, todo aquele que, voluntária, aberta e propositadamente quebrar os ritos e cerimônias da Igreja a que pertença, os quais, não sendo repugnantes à Palavra de Deus, são ordenados e aprovados pela autoridade competente, deve abertamente ser repreendido como ofensor da ordem comum da Igreja e da consciência dos irmãos fracos, para que os outros temam fazer o mesmo. Toda e qualquer Igreja pode estabelecer, mudar ou abolir ritos e cerimônias, contanto que isso se faça para edificação”.[73]
Conclusão
O ensino sempre foi fundamental nos primeiros metodistas. Os pequenos grupos capacitavam aos que se convertiam. Surgiram diversos líderes nos pequenos grupos. A formação da classe operária inglesa foi através de líderes metodistas.
Wesley criou escolas para os pobres e para os filhos dos pregadores metodistas. Entre essas escolas estão "A escola da Fundação de Londres"; "A Casa dos Órfãos em Bristol" e a "Escola Kingswood” que os metodistas abriram para os filhos dos mineiros de Kingswood.[74]
A primeira Escola Dominical foi criada em 1769 pela metodista Hannah Ball (1734-1792) em Wycombe. Ela escreveu a Wesley e disse: “Hannah Ball relatou o seu trabalho a John Wesley, em 1770: “As crianças se reúnem duas vezes por semana, aos domingos e segundas-feiras. É um grupo meio selvagem, mas parece receptivo à instrução. Trabalho entre eles com a ânsia de promover os interesses de Cristo”.[75]
A vocação dada por Deus tem uma força espiritual muito grande. Devemos tomar posse dela. Diversos metodistas, como Francis Asbury e Thomas Coke, acreditaram e fizeram uma grande diferença na América e diversos países.
Diversas mulheres foram grandes líderes como Susanna Wesley (1669-1742); Dorothy Ripley (1767-1832); Mary Barritt-Taft (1772-1851); Grace Murray (1716-1803); Darcy Brisbane (1743-1810); Sarah Ryan (1724-68); Hester Ann Roe (1756-1794); Sarah Crosby (1729-1804); Maria Bosanquet (1739-1815), etc.
0Nossa vocação dada por Deus também continua. Seremos reconhecidos como “metodistas” e o povo do coração aquecido, se tivermos amor por Deus e pelo próximo.
É a marca principal da santidade! É a marca principal do metodista! É amor perfeito!
Santidade é uma vida cheia do amor de Deus e liberta do domínio do pecado.
O metodismo sempre foi um movimento e, depois, uma Igreja séria, que se firma na Bíblia.
Precisamos também nos firmar para semear a Palavra conforme a vocação dada por Deus.
Vamos fazer toda a diferença!
[1] WESLEY. João. Trechos
do Diário de João Wesley, ibidem, p.113.
[2] A
Conferência, que se reuniu na capela de uma antiga fundição, foi precedida, na
véspera, por um culto solene de Santa Ceia, e, na manhã do dia da abertura, por
um sermão de Carlos Wesley (LILIEVRE, Mateo, Ibidem, p. 139-0).
[3]
Ibidem. P. 140.
[4]
WESLEY, João. Explicação Clara da
Perfeição Cristã. Ibidem, p.41.
[5]
HEITZENHATER, Richard P., Ibidem, p. 152.
[6]
KLAIBER, Walter; MARQUARDT, Manfred.
Viver a graça de Deus. São Bernardo do Campo-São Paulo: Editeo-Editora
Cesdro, 1999, p.61-2.
[7] REILY,
Duncan Alexander. Wesley e sua Bíblia.
São Paulo: Editeo, 1997, p.39.
[8]
HEITZENHATER, Richard P. Wesley e o povo chamado Metodista. São Bernardo do
Campo-Rio de Janeiro: Editeo-Pastoral Bennett, 1986, p.322.
[9] HEITZENHATER, Richard P., Ibidem,
p. 230.
[10]
http://www.metodistavilaisabel.org.br/docs/FUNDAMENTOS_DOUTRINARIOS_DO_METODISMO.pdf
[11] BURTNER, Robert – CHILES, Robert.
Coletânea da Teologia de João Wesley, SP, Imprensa Metodista, 1960, p.44.
[12] BURTNER, R. - Chiles, R. Coletânea da
Teologia de João Wesley, S. P., Jugec - 1960, p. 44.
[13] Idem, p.44
[14] Idem, p.45.
[15] Idem.
[16] Idem, p.45.
[17] Idem.
[18] Idem, p.46.
[19] BURTNER, R. - Chiles, R. Coletânea da
Teologia de João Wesley, S. P., Jugec - 1960, p. 75.
[20] Idem.
[21] Idem.
[22] CÂNONES da Igreja Metodista, Ibidem,
p.37.
[23]https://www.biblestudytools.com/commentaries/wesleys-explanatory-notes/romans/romans-13.html
[24] E.
H. Sugden. The Standard Sermons of John Wesley' por Vol. I '. https://www.cai.org/bible-studies/scriptural-christianity-john-wesley. cf.
http://enrichmentjournal.ag.org/201103/201103_000_holy_sp.cfm
[25] Ibidem, p.34
[26] BURTNER, R. - Chiles, R. Coletânea da Teologia de João Wesley, S. P., Jugec - 1960, p. 44.
[27] REILY, Duncan Alexander. “João Wesley e o Espírito Santo” em História, Metodismo, Libertações. p. 18.
[28] NEWBIGIN, C. - Pecado e Salvação, SP, JUGEC, 1963, p. 28.
[29]
WESLEY, J. - Sermões de Wesley, SP, Imp. Met., 1954, p. 111, v. 1.
[30] https://johnwesleysermons.com/sermons/justification-by-faith/
[31]https://circulometodista.wordpress.com/2011/07/12/doutrina-metodista/
[32] WESLEY, João. Sermões de Wesley.
Tradutor Nicodemus Nunes. v 1. São Paulo: Imprensa Metodista, 1953, p.112.
[33] WESLEY, João. Sermões de Wesley. 2 v.,
ibidem, p.252.
[34] Idem.
[35]https://www.hopefaithprayer.com/salvationnew/the-new-birth-john-wesley/
[36] Kevin M. Watson é professor no Candler School of Theology, Emory
University. https://kevinmwatson.com/2020/08/18/john-wesleys-sermon-the-marks-of-the-new-birth-a-brief-summary/
[37] Idem.
[38] Idem.
[39] WESLEY, João. Sermões de Wesley. 1 v.,
ibidem, p.376.
[40] Ibidem, p.377.
[41] Kevin M. Watson é
professor no Candler School of Theology, Emory University.
https://kevinmwatson.com/2020/08/18/john-wesleys-sermon-the-marks-of-the-new-birth-a-brief-summary/
[42] https://en.wikipedia.org/wiki/Wesleyan_Methodist_Magazine
[43] BURTNER, R. - Chiles, R. Coletânea da
Teologia de João Wesley, S. P., Jugec - 1960, p.55.
[44]http://bennett.br/pastoral-escolar/prapensar/24-05-a-experiencia-de-john-wesley
[45]
BURTNER, Robert W. - CHILES, Robert, Ibidem, p.30.
[46] WESLEY, J. - Sermões de Wesley, SP,
Imprensa. Metodista., 1954, p. 111, v. 1. 205p.
[47] Cânones da Igreja Metodista, São Paulo, Imprensa Metodista, 1971, p. 19.
[48] BURTNER, R. - Chiles, R. Coletânea da
Teologia de João Wesley, S. P., Jugec - 1960, p. 43 e 44,
[49]
Op.cit, p. 44
[50]https://www.umcdiscipleship.org/blog/holiness-of-heart-and-life-part-3-of-6, por STEVE MANSKAR.
[51] WESLEY, John. Explicação
clara da perfeição cristã. Imprensa Metodista, São Bernardo do Campo, SP, 1984,
p.53.
[52]A doutrina da transubstanciação foi
decretada em 1215 no Quarto Concílio de Latrão, que afirmou que “o corpo o sangue estão verdadeiramente contidos no
sacramento do altar sob as espécies de pão e do vinho”. Henry Bettenson.
Documentos da Igreja Cristã. ASTE, SP, 1967, p.197).
[53] https://cpaj.mackenzie.br/wp-content/uploads/2020/12/Fides_v25_n2_2-As-criancas-e-a-mesa-do-Senhor-Allan-Rene.pdf
[54]
http://www.psaoroque.com.br/download/Didaque.pdf
[55] WESLEY, J. - Sermões de Wesley.
Imprensa Metodista, v.2, 1954, p.269.
[56] Op.cit., p.270.
[57]Didaquê, "ensino",
"doutrina", "instrução", Instrução dos Doze
Apóstolos ou Doutrina dos Doze Apóstolos é um escrito do século I que
trata do catecismo cristão.
Par alguns foi escrito entre os anos 60 e 70 ou70 e 90.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Didaqu%C3%AA
[58]
http://www.psaoroque.com.br/download/Didaque.pdf
[59] WESLEY, J. - Sermões de Wesley.
Imprensa Metodista, v.2, 1954, p.273
[60] http://www.metodista.org.br/batismo
[61]https://www.veritatis.com.br/o-batismo-de-criancas-nos-padres-da-igreja-e-na-historia/
[62]
https://aluzdoshomens.wordpress.com/2018/07/28/porque-as-criancas-devem-ser-batizadas/
[63]
https://cleofas.com.br/o-batismo-no-comeco-da-igreja/
[64] BURTNER, R. - Chiles, R. Coletânea da
Teologia de João Wesley, S. P., Jugec - 1960, p.276.
[65] CÂNONES da Igreja Metodista. São Paulo:
Associação Religiosa Imprensa da Fé, 1998, p.33-43.
[66]
https://circulometodista.wordpress.com/2011/07/12/doutrina-metodista/
[67] BETTENSON, Henry. Documentos da Igreja
Cristã. ASTE, SP, p.87.
[68] BETTENSON, Henry, Ibidem, p.88.
[69]
https://circulometodista.wordpress.com/2011/07/12/doutrina-metodista/
[70] CÂNONES da Igreja Metodista. Ibidem,
p.37.
[71] Idem, p. 38.
[72]https://circulometodista.wordpress.com/2011/07/12/doutrina-metodista/
[73] Idem.
[75]https://www.mywesleyanmethodists.org.uk/content/people-2/lay_people/hannah-ball-friend-john-wesley-founder-first-sunday-school
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