A revolução das células de Wesley
Odilon Massolar Chaves
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Tradução: Tradutor Google
Toda gloria na Deus
“À medida que o avivamento metodista se espalhava pelos subúrbios
pobres das cidades inglesas, no começo de 1740, as novas sociedades metodistas
começaram a ficar cheias de mineiros, criados e muitas outras pessoas de classe
trabalhadora que vivia nos limites da miséria, senão em calamidade.”[1]
Índice
Introdução
A origem dos grupos de Wesley
O discipulado de Wesley
A busca da salvação e santificação
Aprendendo com os grupos de Wesley
Introdução
João Wesley
acreditava que o povo metodista havia sido chamado por Deus para transformar a
Igreja, a nação e para espalhar a santidade por todo o mundo. Não era um
projeto pequeno, mas muito grande.
O propósito de Wesley não era criar uma Igreja e sim fortalecer à Igreja Anglicana, por isso, criou células para santificar às pessoas, na medida que elas se convertiam.
O metodismo surgiu no momento da Revolução Industrial inglesa, no século XVIII. O povo estava sem organização, sem identidade e mesmo sem um sentido para a vida.
Os grupos de Wesley reorganizaram o povo e lhe deu uma identidade um sentido para a vida.
Há indicação de Wesley ter organizado dez mil células. Não foi sem motivo que o metodismo participou efetivamente na criação da classe operária inglesa.
Para Wesley, a Igreja não irá transformar o mundo fazendo convertidos e sim fazendo discípulos.
Neste livro contamos um pouco dessa bela e revolucionária história.
O Autor
Na estrutura metodista, na Inglaterra, século XVIII, havia pequenos e grandes grupos - Sociedades, Bands, Classes e Ágapes.
As sociedades religiosas foram iniciadas na Inglaterra por Anthony Horneck, na década de 1670. Elas eram formadas de pequenos grupos de leigos, que representavam uma fusão quase espontânea de moralismo e devoção, zelosos de promoverem a real santidade.[2] Mais tarde, surgiram outros grupos, como a Sociedade para a Reforma de Costumes, em 1691. “Preocupada com a moralidade da vizinhança, esta sociedade foi designada para encorajar e ajudar os magistrados a executarem seus deveres no cumprimento das leis a respeito de ofensas morais, especialmente ´profanação e devassidão.”[3]
Outra sociedade surgiu - A SPCK (Sociedade para a Propagação do Evangelho). Esta sociedade procurou atacar o que considerou a raiz do problema: a ignorância. A SPCK procurou desenvolver canais para a educação do povo. “O programa da SPCK consistia principalmente em estimular o estabelecimento de escolas de caridade para ensinar os pobres, promovendo a disseminação de bibliotecas de empréstimo e visitando os presos para dar-lhes instrução e livros, além de prestar-lhes assistência religiosa.”[4]
A sociedade era algo
comum. Alguns amigos de Wesley tinham sua própria sociedade, como John Clayton.[5]
A sociedade de Oxford teve início no fim do inverno de 1729/30 quando Bob Kirkham começou a se encontrar com João e Carlos Wesley e Morgam regularmente. Aos poucos o grupo ampliou suas atividades.
O líder moraviano Pedro Bohler organizou no dia 1º de maio de 1738 (antes da experiência de Wesley) a Sociedade de Fetter Lane, que veio a ser o terceiro surgimento do metodismo.[6]
João Wesley e John Hutton participaram da organização da sociedade.[7] As regras tinham o objetivo de proporcionar saúde espiritual. Quando Bohler foi para Londres deixou Wesley na liderança da sociedade.
Os morávios estão ligados historicamente a experiência do “coração aquecido” de Wesley. Ele foi a uma Sociedade Moravia, em 24 de maio de 1738, quando teve sua experiência. Alguns estudiosos chegam a falar de sua “conversão Moravia”.[8]
Após sua experiência, Wesley foi até a Alemanha passar um período com eles. Através dos moravianos, Wesley aprendeu sobre a dedicação total ao senhor.
João Wesley partilhou de alguns pressupostos teológicos do conde Zinzendorf, especialmente a fé: “Os cristãos são santificados unicamente pela fé, em Cristo; mas Wesley tem, além disto, a convicção que o poder santificador da graça de Deus entra eficientemente na vida dos homens e os capacita para o perfeito amor a Deus e os homens.”[9]
Por ser uma pessoa prática, houve afirmações teológicas que Wesley teve que deixar de lado.[10] Ele reteve o que considerou bom.
“Wesley também prestou muita atenção à organização morávia. A divisão de Herrnhut em grupos de vizinhança, chamados “coros”, fornecia a base para onze ‘classes’ baseadas na localização geográfica. Além dessas havia dez classes, determinadas pelo sexo e idade, que formavam a base para a supervisão espiritual diária para conversações religiosas regulares.”[11]
Por outro lado, a fé e a organização morávia foram aceitas, em parte, por Wesley e contribuíram na formação da identidade metodista.
Quando o movimento evangelístico trouxe novos desafios pastorais, Wesley soube tomar novas decisões: “A crescente necessidade de estrutura e organização, à medida que o movimento crescia em tamanho e complexidade, é refletida no sumário de uma reunião realizada no final de junho de 1732, e registrada no diário de Wesley: ´separei homens e tarefas.”[12]
“O propósito das sociedades e classes era trabalhar a salvação de seus membros (cf. Fil. 2:12) e buscar uma vida santa ("sem a qual ninguém verá o Senhor", Hb 12:14)”.[13]
As classes eram agrupadas geograficamente e continham todas as
pessoas da Sociedade. Por volta de
Wesley orientou como as pessoas deveriam se agrupar: “Para
que se possa discernir mais facilmente se estão realmente realizando a sua
salvação, cada sociedade é dividida em grupos menores chamados classes, de
acordo com as suas residências. Há cerca de 12 pessoas em casa classe sendo uma
delas indicada para ser o líder.”[14]
“Os membros
receberam bilhetes trimestrais de Wesley ou de seus ministros, desde que não
tivessem perdido mais de três reuniões de classe durante o trimestre anterior.
Isso levou à sua participação regular e ativa e forneceu uma maneira indolor de
se livrar dos membros que violaram as regras. Geralmente acontecia se alguém
não queria melhorar e corrompia o grupo; contanto que ele tivesse uma centelha
de vida espiritual, ele raramente era excluído. O próprio Wesley prestou muita
atenção às suas sociedades; ele não era apenas um gênio organizador, mas também
se importava com detalhes”.[15]
As classes se
diferenciam dos bands: eram agrupadas geograficamente em vez de serem divididas
pela idade, sexo ou estado civil; elas continham todas as pessoas da sociedade,
não apenas aquelas que voluntariamente se agrupavam.[16]
Sempre que possível,
Wesley se reunia com os lideres semanalmente.
Os bands foram importantes no processo de formação da organização metodista. Eles eram mais wesleyanos do que muitas sociedades.[17]
“Suas principais atividades eram a confissão e a oração; o alvo deles era o crescimento espiritual. Os bands eram homogêneos, de acordo com o modelo morávio; havia band de mulheres, de homens e mesmo de rapazes (...).”[18]
“A banda consistia em 4 a 6 pessoas do mesmo sexo, estado civil e idade semelhante. A associação era voluntária aqui (embora Wesley a propagasse enfaticamente em outras reuniões como seu grupo favorito), e era para pessoas que queriam crescer lá dentro, na pureza de suas intenções também. Os membros desses grupos compartilharam e examinaram seus motivos e impressões de seus corações com total honestidade”.[19]
Com o desenvolvimento do movimento metodista, Wesley foi necessário tomar decisões radicais e se separar dos moravianos. Procurou seu próprio modelo de bands. Como homem simples e que tinha sensibilidade para com os problemas do ser humano, Wesley percebeu equívocos no modelo morávio: “(...) não se adaptava bem às necessidades da classe trabalhadora inglesa, pessoas que enfrentavam as dificuldades da mudança social e das condições econômicas do mundo de trabalho diário.”[20]
O objetivo principal dos pequenos grupos era reunir “pessoas interessadas em buscar seriamente o estudo de um viver santo”.[21]
Mais tarde, diante das novas exigências, Wesley fez novas adaptações, criou os bands seletos para aqueles que haviam recebido a remissão dos pecados e estavam tendo uma vida exemplar.
Wesley colocou algumas mulheres de Bristol que haviam se tornado negligentes em um band separado. Ficou conhecida como bands penitenciais.[22]
Havia ainda um grande grupo chamado Ágapes "nas quais se reuniam os membros de todas as classes de uma sociedade com o objetivo de partirem o pão juntos, seguindo o costume da igreja primitiva, e onde se relatavam publicamente suas experiências cristãos".[23]
Essas adaptações e abertura ao novo, caracterizaram Wesley e o metodismo, na Inglaterra, no século XVIII.
O discipulado de Wesley
O metodismo começou com os pequenos grupos. Foi assim com a pequena sociedade (Clube Santo) de Oxford em 1729/30 quando Robert Kirkham começou a se encontrar com João Wesley, Carlos Wesley e William Morgam regularmente; foi assim na Geórgia com a criação por Wesley de pequenas sociedades, em 1736; foi assim em Fetter Lane (Londres) com a criação de uma pequena sociedade, um band (célula), em 1738.
Estes três momentos são chamados de três começos ou surgimentos do metodismo.[24]
Wesley escreveu, ensinou e preparou líderes. Foi um grande mestre e criou os pequenos grupos.
Na estrutura metodista, na Inglaterra, século XVIII, havia as Sociedades e os pequenos grupos chamados bands e classes.
A reunião de classes foi o ponto chave para o desenvolvimento do metodismo.
Durante a vida de John Wesley, a reunião de classes foi o coração do metodismo.[25] As classes eram pequenos grupos de discipulado de apoio onde os membros eram responsáveis uns pelos outros. Eles confessavam os seus pecados uns aos outros, oravam uns pelos outros e motivavam uns aos outros ao amor e boas obras.
A única condição para entrar nas classes era o desejo de fugir da ira vindoura, para ser salvo dos seus pecados.[26]
Como vimos, as sociedades religiosas foram iniciadas na Inglaterra por Anthony Horneck, na década de 1670. Elas eram formadas de pequenos grupos de leigos, que representavam uma fusão quase espontânea de moralismo e devoção, zelosos de promoverem a real santidade.[1]
A sociedade era algo comum na Inglaterra, no século XVIII.
Sociedade em Oxford
Os metodistas de Oxford descobriram que a única maneira deles manterem vivo o seu zelo e a espiritualidade era se reunir com frequência juntos.[27]
A sociedade de Oxford teve início no fim do inverno de 1729/30 quando Bob Kirkham começou a se encontrar com João Wesley, Carlos Wesley e Morgam regularmente.
A princípio, os quatro amigos se encontravam todo domingo à noite, em seguida, duas noites por semana, e em todas as últimas noites das seis às nove.
Eles começaram suas reuniões com oração; estudo do Novo Testamento em grego e os clássicos; revisando o trabalho do dia anterior e falando sobre seus planos para o dia seguinte.[28]
Sociedades na América
Como missionário, na América, João Wesley investiu em criar sociedades com as pessoas mais comprometidas da congregação. O objetivo foi desenvolver a vida espiritual.
Wesley organizou duas pequenas sociedades procurando seguir o exemplo da sociedade (Clube Santo) de Oxford, Inglaterra.
Em Frederica. Em seu diário, em junho de 1736, ele disse: “Começamos a cumprir em Frederica o que tínhamos anteriormente concordado fazer em Savannah. Nosso objetivo era [similar ao que faziam em Oxford, no Clube Santo], aos domingos, à tarde, e toda noite, após o culto público, passar algum tempo com os mais comprometidos dos comungantes, cantando, lendo e conversando. Esta noite tivemos somente Mark Hird [o primeiro metodista em Frederica]. Mas, no domingo, o Sr. Hird e outros dois mostraram interesse em ser admitidos. Após um salmo e um pouco de conversa, lemos a Perfeição Cristã do Sr. Law e concluímos com outro salmo”.[29]
Em Savannah. Wesley estabeleceu um pequeno grupo com dias fixos em Savannah: “Quarta-feira, 16. Mais um pequeno grupo se reuniu. O Sr. Reed, Davidson, Walker, Delamotte e eu. Cantamos, lemos um pouco do Sr. Law, e depois conversamos. Estabelecemos as quartas e sextas-feiras para nossas frequentes reuniões.”[30]
Em abril de 1736, Wesley procurou criar um grupo menor para promover uma união mais intima: “Dentre esses, eleger um grupo menor para uma união mais íntima, que poderia ser favorecido, em parte por uma conversa particular que teríamos com cada um, e em parte convidando-os todos juntos para nossa casa, e isto, consequentemente, decidimos fazer todo domingo à tarde.”[31]
Wesley procurava todo lugar e tempo disponível dos paroquianos para que eles crescessem.
Em Savannah, em fevereiro de 1737, ele registrou em seu diário: “Algum tempo após o culto da noite, tantos quantos de meus paroquianos desejarem, nos reunimos em minha casa (como eles fazem também na noite de quarta-feira), e passamos por volta de uma hora em orações, cânticos e exortações mútuas. Um número menor (a maioria dos quais tem a intenção de comungar no dia seguinte) se reúne aqui nas noites de sábado, e alguns desses vêm até mim nas noites restantes, e passam meia hora na mesma ocupação.”[32]
A Sociedade de Savannah parece ter progredido enquanto a de Frederica não teve o mesmo sucesso[33].
Criação da Sociedade de Fetter-Lane
Na Inglaterra, o líder moraviano Pedro Bohler organizou no dia 1º de maio de 1738 (antes da experiência de Wesley) a Sociedade de Fetter Lane, Londres, que veio a ser o terceiro surgimento do metodismo.[34] O primeiro foi em Oxford, o segundo na Geórgia.
João Wesley e John Hutton participaram da organização da sociedade.[35] As regras tinham o objetivo de proporcionar saúde espiritual. Quando Bohler foi embora deixou Wesley na liderança da sociedade.
Os morávios estão ligados historicamente à experiência do “coração aquecido” de Wesley. Ele foi a uma Sociedade Moravia, em 24 de maio de 1738, quando teve sua experiência.[36]
Após sua experiência, Wesley foi até a Alemanha passar um período com eles. Através dos moravianos, Wesley aprendeu sobre a dedicação total ao senhor.
João Wesley partilhou de alguns pressupostos teológicos do conde
Zinzendorf, especialmente a fé: “Os cristãos são santificados unicamente pela
fé, em Cristo; mas Wesley tem, além disto, a convicção que o poder santificador
da graça de Deus entra eficientemente na vida dos homens e os capacita para o
perfeito amor a Deus e os homens.”[37]
Por ser uma pessoa prática, houve afirmações teológicas que Wesley teve que deixar de lado.[38] Ele reteve o que considerou bom.
“Wesley também prestou muita atenção à organização morávia. A divisão de Herrnhut em grupos de vizinhança, chamados “coros”, fornecia a base para onze ‘classes’ baseadas na localização geográfica. Além dessas havia dez classes, determinadas pelo sexo e idade, que formavam a base para a supervisão espiritual diária para conversações religiosas regulares.”[39]
Por outro lado, a fé e a organização morávia foram aceitas, em parte, por Wesley e contribuíram na formação da identidade metodista.
Classe, um modelo para fazer discípulos
Quando o movimento evangelístico trouxe novos desafios pastorais, Wesley soube tomar novas decisões: “A crescente necessidade de estrutura e organização, à medida que o movimento crescia em tamanho e complexidade, é refletida no sumário de uma reunião realizada no final de junho de 1732, e registrada no diário de Wesley: ´separei homens e tarefas.”[40]
As sociedades organizadas no metodismo dividiam os membros em
classes, que eram agrupadas geograficamente e continham todas as pessoas da
Sociedade. Por volta de
Wesley orientou como as pessoas deveriam se agrupar: “Para que se possa discernir mais facilmente se estão realmente realizando a sua salvação, cada sociedade é dividida em grupos menores chamados classes, de acordo com as suas residências. Há cerca de 12 pessoas em cada classe sendo uma delas indicada para ser o líder.” [41]
David Lowes Watson, no seu livro Discipulado Responsável, um moderno manual sobre o sistema de classes, escreve: "Foi uma reunião semanal, uma subdivisão da sociedade, em que os membros eram obrigados a prestar contas uns aos outros de seu discipulado, e, assim, para sustentar um ao outro em seu testemunho”.[42]
Cada metodista pertencia a uma classe. A reunião era uma partilha da experiência pessoal da semana passada. Eles aprenderam com isso a terem autoconfiança e a capacidade de falar em público.
A classe foi um lugar para serem aceitas todas as pessoas de diferentes origens sociais. [43] Todas as pessoas confessavam as suas falhas e buscavam a salvação e a santificação.
Wesley escreveu como uma pessoa era admitida na classe e na Sociedade: Qualquer pessoa determinada a salvar a sua alma podia ser unida com os metodistas (esta é a única condição necessária).
Mas esse desejo devia ser comprovado por três marcas: evitar todo o pecado conhecido, fazer o bem e atender todas as ordenanças de Deus.
A pessoa era então colocada em uma classe que fosse conveniente para ela onde passava cerca de uma hora por semana. E no próximo trimestre, nada se opondo, seria admitida na Sociedade.[44]
A disciplina era fundamental no movimento metodista. “Wesley não hesitou em expulsar alguém da sociedade, se eles não estavam seguindo o Senhor de todo o coração. Wesley sabia a condição de cada membro através da prestação de contas da classe.”[45]
Em uma sociedade, em 1743, Wesley excluiu
alguns membros por não praticarem a disciplina metodista: “Dois por causa de
blasfêmia. Dois por profanar o Dia do Senhor. Dezessete por embriagues. Dois
por vender bebidas alcoólicas. Três por briga. Um por bater na esposa. Três por
contar mentiras habitualmente. Quatro por ter ralhado e falado mal de outros.
Um por preguiça e vadiação. E vinte e nove por mundanismo e leviandade.”[46]
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As
classes se diferenciavam dos bands: eram agrupadas geograficamente em vez de
serem divididas pela idade, sexo ou estado civil; elas continham todas as
pessoas da sociedade, não apenas aquelas que voluntariamente se agrupavam.[47] "As classes serviram como uma ferramenta evangelística (a maioria das conversões ocorreu neste contexto) e como um agente de discipulado”.[48] |
Band, um modelo para tornar os discípulos perfeitos
Os bands eram pequenas companhias criadas para levar os metodistas ao perfeito amor.
Os bands foram importantes no processo de formação da organização metodista.[49]
As principais atividades dos bands “eram a confissão e a oração; o
alvo deles era o crescimento espiritual. Os bands eram homogêneos, de acordo
com o modelo morávio; havia band de mulheres, de homens e mesmo de rapazes
(...).”[50] Os bands eram grupos de cinco ou seis
pessoas do mesmo sexo comprometidos um com o outro e para a vida santa. Eles se reuniam para ajudar uns aos outros no
caminho da perfeição cristã. Estes eram grupos "mais profundos da vida"
e apenas cerca de um terço da típica sociedade metodista entrou, ou foi
convidado a integrar os bands de onde eles compartilharam suas jornadas
espirituais "sem reservas e sem disfarce." John Wesley chamou isso de
"conversa íntima". Ele sentia que o metodismo foi mais próximo do
ideal do Novo Testamento nas reuniões de bands.[51]
Wesley
escreveu cinco questões iniciais a serem utilizadas em cada reunião de bands:
1. Que pecados conhecidos
você cometeu desde nosso último encontro?
2.
Que tentações você sofreu?
3. Como você
cedeu a tentação?
4. O que você
pensou, disse ou fez, do que você dúvida se é pecado ou não?
5. Não
tem nada que você deseja manter em segredo?[52]
Propósito e crescimento dos pequenos
grupos
Para Wesley a disciplina era fundamental nos pequenos grupos. Para
ele, “a alma e o corpo fazem um homem, o espírito e a disciplina fazem um
cristão.”[53]
Veja um exemplo do propósito dos pequenos
grupos em “Regras de Wesley para a Band-Sociedades”
Elaborado 25 de dezembro de 1738.
O desígnio do nosso encontro é para obedecer a essa ordem de
Deus, "Confessai as vossas culpas uns aos outros, e orai uns pelos outros,
para serdes curados...”
Para este fim, havia o seguinte
propósito:
1. Para se reunir uma vez por semana, pelo menos.
2. Para chegar pontualmente na hora marcada, sem alguma razão
extraordinária.
3. Para começar exatamente na hora, com canto ou oração.
4. Para cada um de nós falar em ordem, livre e claramente, o
verdadeiro estado das nossas almas, com as falhas que cometemos em pensamento,
palavra ou ação, e as tentações que nós sentimos, desde nosso último encontro.
5. Para terminar cada reunião com uma oração, adequada para o
estado de cada pessoa presente.
6. Designar uma pessoa entre nós para falar do seu próprio estado
em primeiro lugar, e depois pedir ao restante, em ordem, para falar sobre
questões relativas ao seu estado, pecados e tentações.[54]
Um exemplo desse propósito pode ser visto em 1746, numa sociedade
em Londres.
“Em 1742, em uma sociedade em Londres havia 426 membros, divididos
em 65 classes. Dezoito meses mais tarde essa mesma sociedade tinha 2200
membros, os quais estavam em classes. Toda semana cada aluno era esperado para
falar abertamente e honestamente sobre o verdadeiro estado de sua alma.”[55]
A vida e a função do líder
O objetivo principal dos pequenos grupos era reunir pessoas interessadas na sua salvação e buscar seriamente um viver santo.
Por isso também, Wesley afirmava que nenhuma pessoa deva ser
permitida entre nosso povo cuja vida não seja santa e irrepreensível. [56]
Uma grande parte do sucesso no sistema de classes tinha a ver com a liderança.
"Eles se reuniam semanalmente com o pregador nomeado por Wesley como ministro de sua sociedade, tanto para informar sobre os seus membros, e para receber conselho e instrução."[57]
As reuniões começaram na hora declarada com um cântico. Depois, “o líder fazia um breve relato de sua vida espiritual e das experiências da semana passada, compartilhando honestamente seu progresso e seus erros, pecados, tentações, tristezas e lutas internas; mostrando um exemplo para os outros. Também era sua responsabilidade garantir que as reuniões tivessem uma atmosfera de aceitação e comprometimento, compreensão e confiança. Eles louvaram a Deus por todo progresso e equilibraram falhas com simpatia e encorajamento”.[58]
A seleção da liderança foi baseada no caráter moral e espiritual, bem como no senso comum.[59]
O líder era geralmente do sexo masculino em grupos mistos ou em todos os grupos do sexo masculino. Uma mulher conduzia grupos femininos.[60]
Um exemplo de líder foi Thomas Walsh.
Sua função era:
1) Para ver cada pessoa na minha classe uma vez por semana, e se
alguém estivesse ausente, para investigar a causa;
(2) Sempre nos reunir para cantar salmos ou hinos e orar com eles,
(3) Para examinar como as suas almas prosperaram, e que progressos
tinham feito na semana anterior no caminho do Senhor.[61]
Acrescentou o líder da classe Thomas Walsh: "como
maravilhosamente nós experimentamos o poder e o amor de Deus sempre que fizemos
a oração e súplica a Ele! Tivemos um céu no meio de nós! Um paraíso dentro de
nós. O Senhor derramou paz e alegria em nossos corações (...) éramos um só coração
e uma só mente na presença de Deus. E não é essa a comunhão dos santos?” [62]
Mais tarde, diante das novas exigências, Wesley fez novas adaptações, criou os bands seletos e os bands penitenciais.
Havia ainda a reunião chamada Ágape ou a Festa do Amor "nas quais se reuniam os membros de todas as classes de uma sociedade com o objetivo de partirem o pão juntos, seguindo o costume da igreja primitiva, e onde se relatavam publicamente suas experiências cristãs”.[63]
Essas adaptações e abertura ao novo caracterizaram Wesley e o metodismo, na Inglaterra, no século XVIII.
George Hunter afirma que para a multiplicação das classes, Wesley
tinha quatro máximas: 1.Pregar e visitar em tantos lugares
que você puder, 2. Vá para onde a maioria quer que você vá, 3. Iniciar tantas
classes quantas possam ser geridas de forma eficaz, 4.Não pregue onde você não possa participar despertando pessoas
para as classes.[64]
Wesley lembra que o trabalho por mais difícil que seja não será perdido. Os frutos um dia virão.
Ele disse: “Oh! Que ninguém pense que seu trabalho de amor é perdido, porque os frutos não se manifestam logo! Por quase quarenta anos meu pai trabalhou aqui, e mui pouco chegou a ver do fruto do seu trabalho. E eu também trabalhei entre este povo; e meus esforços pareciam em vão. Mas agora os frutos aparecem. Não existia na cidade ninguém que ficasse fora dos esforços de meu pai e dos meus. A semente lançada anos atrás nasceu agora, produzindo o arrependimento e a remissão de pecados”. [65]
Com esse revolucionário método, o grande propósito de Wesley era salvar almas e levar o ser humano a ser igual ao caráter de Cristo.
"A salvação quero dizer, não apenas, de acordo com a noção vulgar, libertação do inferno, ou ir para o céu, mas uma libertação presente do pecado, uma restauração da alma para sua saúde primitiva, sua pureza original, uma recuperação da divina natureza, a renovação de nossas almas, segundo a imagem de Deus, em verdadeira justiça e santidade, de misericórdia, justiça e verdade”.[66]
Aos pregadores leigos, disse: "Portanto, gaste e se gaste
neste trabalho. E não vá só para aqueles que precisam de você, mas para aqueles
que mais precisam de você. Não é o seu trabalho pregar tantas vezes e cuidar
desta ou daquela sociedade, mas salvar tantas almas quantas você pode e trazer
possivelmente tantos pecadores ao arrependimento, como você pode”. [67]
O método de discipulado de Jesus foi trabalhar com a multidão + 12 apóstolos + 3 pessoas maduras (Pedro, Tiago, João). Wesley provavelmente seguiu esse modelo criando as Sociedades (multidão); as Classes (12 ou mais pessoas) e os bands (4 a 5 pessoas).[68]
Os passos para entrar numa
Classe, Sociedade e Band
As classes foram o ponto de entrada para as Sociedades Metodistas.
O primeiro objetivo de Wesley após a sua pregação era introduzir as pessoas nas classes. Ele não começava uma classe, se não pudesse dirigi-la de forma eficaz e nem pregava num determinado lugar onde não houvesse a possibilidade de inscrever as pessoas nas classes.[69]
A classe era uma reunião aberta para quem fosse atraído pela graça preveniente.[70] Quem entrava numa classe poderia participar da Sociedade, o grupo maior que reunia todas as pessoas das classes.
Historicamente, em média, depois de 2 a 3 anos de reunião, em uma classe, as pessoas experimentavam a justificação pela graça e desejavam seguir em frente.
O passo seguinte era a prestação de contas em um Band, um pequeno círculo de 4 a 6 pessoas agrupadas de acordo com a idade, estado civil e sexo. Esses grupos foram criados para aproximar as pessoas umas da outras.
O projeto deste encontro foi baseado em Tiago 5.16: "Confessai as vossas culpas uns aos outros e orai uns pelos outros para serdes curados".
Aqueles que se tornaram líderes e tinham vontade de alcançar a perfeição na graça santificante também poderiam ser selecionados por João Wesley para entrar na "Sociedade Seleta”,[71] sob sua liderança.
A busca da salvação e
santificação
No período da liderança de Wesley, o metodismo não era uma Igreja. Nem a Ceia do Senhor e o batismo eram ministrados inicialmente pelos metodistas.
A Sociedade Unida começou em fins de 1739 quando cerca de oito a dez pessoas procuraram Wesley convencidas do pecado e suspirando pela sua redenção. [72]
Ele definiu a Sociedade como um “grupo de homens procurando o poder da piedade, unidos para orarem juntos, para receberem a palavra de exortação e para vigiarem uns pelos outros em amor, a fim de que possam auxiliar-se mutuamente a conseguir a sua salvação.”[73]
Wesley organizou a Sociedade em Bands e Classes: “Para que seja mais claramente compreendido que os membros das Sociedades estão operando a sua salvação, serão divididos em pequenos grupos chamados Classes.”[74]
A organização metodista funcionava assim:
Reuniões de Sociedades; Era o maior encontro metodista geralmente aos sábados. Era para as pessoas que desejavam fugir da ira vindoura e buscar um viver santo. Era para quem participava de uma classe. Eles se reuniam para o louvor, ouvir o sermão, orações, Festa do Amor, vigílias etc.
João Wesley cita a sua visitação em diversas sociedades metodistas: Norwich, Londres, Kingswood, Weaver Hall, Colchester, Hemnal, Sunderland, Tanfield, Bristol, Fetter-Lane[75] etc. Ele contava com seu irmão Carlos Wesley e outros líderes para o apoio às Sociedades.
Reuniões de classe. A reunião de classe era um fórum mais ou menos democrático, onde banqueiros e mineiros, jovens e idosos, alfabetizados e analfabetos podiam sentar juntos. As reuniões de classe aconteciam em casas, lojas, salas escolas, sótãos, minas de carvão onde quer que houvesse espaço para dez ou doze pessoas se reunirem.[76]
A classe foi o ponto principal metodista de despertamento dos candidatos que ainda não tinham experimentado a justificação pela fé e a vida nova, mas que desejavam tal experiência.[77]
As reuniões semanais para compartilhar a confissão e os exames periódicos dos membros da classe formaram a base do conceito de responsabilidade mútua.[78]
Michael Henderson, em seu livro Um modelo para fazer discípulos, afirma que Wesley tinha a convicção de que devia haver uma separação entre a instrução e a edificação. Elas devem ser vistas como duas funções distintas. Sessões de instrução são de responsabilidade do ensino (docente). Por outro lado, as células são para encorajamento pessoal, partilha íntima, confissões e relatório pessoal de experiências espirituais.[79]
Reuniões de band (grupos de três a cinco). Os bands foram formados por aqueles que estavam nas classes que já tinham a justificação pela fé e desejavam continuar a busca pela perfeição cristã.
O band foi projetado com a finalidade de comunhão espiritual e supervisão uns pelos outros. Um líder era escolhido dentre os membros do band.[80]
Além desses grupos havia ainda dois grupos adicionais:
Band penitente. Este band de desviados foi projetado especialmente para pessoas sinceras que, por alguma razão, haviam pecado.
Elas queriam fazer o bem, mas não tinham encontrado a força e a disciplina para abandonarem completamente seus pecados e permanecerem no caminho para a perfeição.[81]
“Nas noites de sábado, Wesley encontrava separadamente aqueles que enfrentavam problemas tão graves que não conseguiam atender às exigências da reunião de classe. O formato e as rigorosas medidas dessas reuniões foram projetados para ajudar os realmente penitentes desviados (principalmente alcoólatras). Esse grupo era semelhante à organização de nossos dias chamada Alcoólicos Anônimos”.[82]
Sociedade Seleta. A sociedade seleta era um pequeno grupo treinado nas doutrinas metodista.
“Entre os homens e mulheres mais fiéis, Wesley selecionou alguns como um grupo separado e os treinou semanalmente nas doutrinas e métodos do metodismo, para que eles mostrassem um exemplo para outros Metodistas”.[83]
Não tinha regras e não teve nenhum oficial líder. Qualquer tópico ou preocupação da equipe de liderança poderia ser discutido.
O propósito era avançar na perfeição ajudando a amar mais uns aos outros para melhorar cada liderança e também para Wesley ter um grupo onde pudesse se confessar sem reservas.[84]
“Algumas pessoas não acharam outros grupos suficientemente desafiadores, mas aqui eles poderiam continuar crescendo. Eles não tinham permissão para considerá-lo um prêmio pela conquista da perfeição ou um platô estático. Este grupo não tinha regras especiais nem líder oficial. Wesley iniciou uma discussão aberta, recebeu críticas e até fez com que os membros desse grupo participassem da tomada de decisões e determinassem diretrizes para a doutrina e a prática metodista, enquanto ele também poderia ser totalmente honesto e aberto a eles, e aprender com eles”.[85]
Festa Ágape. João Wesley fez da Refeição Ágape ou Festa do Amor o ponto central das reuniões trimestrais que eram encontros regulares das muitas classes em qualquer paróquia.
Como inicialmente o metodismo não tinha ministros ordenados e não celebrava o Sacramento da Ceia, a Festa Ágape se tornou a refeição comunitária dos metodistas.
Os elementos da refeição ágape são o pão e a água que diferencia do Sacramento da Santa Ceia.[86]
O objetivo era partirem o pão juntos seguindo o costume da Igreja Primitiva onde relatavam publicamente suas experiências cristãs.[87]
Wesley relatou sobre diversas Festas do Amor em seu Diário. Para
ele, a Festa do Amor “é a convocação familiar, em que todas as pessoas, homem
ou mulher, têm liberdade de falar alguma coisa para a glória de Deus”.[88]
Seus relatos são de manifestação do amor e poder de Deus.
Em 1761, escreveu: “Depois do sermão, tivemos uma Festa de Amor. Foi hora deliciosa. Deus derramou abundantemente seu Espírito sobre nós”.[89]
No mesmo ano, disse: “Tivemos uma confortável Festa de Amor, na qual diversos relataram as bênçãos que tinham alcançado recentemente.”[90]
Ecclesiola na Ecclesia
A visão de Wesley era que o metodismo foi levantado por Deus também para reformar a Igreja Anglicana.
Ecclesiola na Ecclesia era um plano que “consistia em trabalhar em prol da reforma das igrejas, por meio de uma organização dentro daquelas igrejinhas (ecclesiolae) como o único meio de manter nelas a vida espiritual.”[91]
Ecclesiola na Ecclesia “significa 'pequena igreja na igreja’ ou ‘pequenas igrejas’ dentro de uma igreja."[92]
Na visão de João Wesley, a Igreja mãe (Anglicana) precisava de uma reforma constante .[93]
Para ele, a comunhão de fé demonstrada tanto em pensamento como em praticas por um grupo intencional e comprometido poderia estar dentro de uma igreja com um propósito gracioso e santo sem levantar a ideia de cisma.[94]
Em Savannah, Geórgia, abril de 1736, Wesley começou a Ecclesiola na Ecclesia: “E concordamos em, 1. Recomendar aos mais compromissados entre eles para se organizarem numa espécie de pequena sociedade, e se reunirem uma ou duas vezes na semana, a fim de admoestar, instruir e exortar uns aos outros”.[95]
Na Inglaterra, ele fez o mesmo. “Toda a sociedade foi então dividida em classes (do latim classis, ou ‘divisão’), subdivisões por vizinhança de cerca de doze pessoas, cada classe tendo um líder determinado.”[96] Passou a ser pratica comum de Wesley visitar as classes: “Por três dias visitei a Sociedade (em Bristol)”[97]. Comecei a visitar as Classe em Londres”[98]. Comecei visitando a Sociedade (em Norwich)”.[99]
O metodismo foi um movimento, não uma denominação. Os cristãos filiados ao Metodismo eram geralmente membros de outras igrejas. Como tal, os irmãos Wesley não queriam separar-se de qualquer expressão legítima do Corpo de Cristo.
Quando John Wesley escreveu "O Regulamento Geral das Sociedades Unidas" em 1744, ele deixou isso muito claro. Desde o início, o metodismo era um movimento ecumênico, bem como um movimento de reforma dentro da Igreja da Inglaterra.[100]
Kenneth Collins, professor de longa data da teologia de Wesley no Seminário Teológico Asbury, em Kentucky, EUA, afirmou que o movimento que Wesley desenvolveu tornou o metodismo uma ordem evangélica dentro da Ecclesia Anglicana[101].
Steve Harper, professor de formação espiritual e Estudos de Wesley no campus da Florida-Dunnam do Seminário Teológico Asbury, em Orlando, afirma que o “metodismo foi visto do começo ao fim como um "ecclesiola en ecclesia", uma "pequena igreja dentro da igreja grande." Pretendeu-se desenvolver discípulos que seriam os melhores membros imagináveis da igreja.[102]
O propósito era reformar a Igreja Anglicana. Os Bands e Classes serviriam para esse fim. Foram pequenas igrejas dentro da Igreja Anglicana.
Aprendendo
com os grupos de Wesley
Temos o sonho hoje de aprender com Wesley sua estratégia para reformar uma Igreja tradicional e desenvolver a santidade e a salvação.
Wesley recebeu a vocação dada por Deus para reformar a nação e, em particular a Igreja Anglicana, e espalhar a santidade bíblica por toda a terra.
Ele desejava reformar a Igreja através dos pequenos grupos, mas desenvolvendo a santidade e salvação: “Para que se possa discernir mais facilmente se estão realmente realizando a sua salvação, cada sociedade é dividida em grupos menores chamados classes, de acordo com as suas residências.”[103]
Ele criou grupos com esse propósito. Seu propósito foi criar pequenas igrejas para reformar a Igreja Anglicana.
Impedido de pregar nas Igrejas Anglicanas, Wesley foi pregar nas praças, cemitérios e tantos outros lugares e criou também os pequenos grupos.
Wesley priorizou os grupos por causa de uma convicção: "Eu estou mais e mais convencido de que o próprio diabo não deseja nada mais do que isso, que as pessoas de qualquer lugar devem ser semiacordadas e depois abandonadas a si próprias para adormecerem novamente."[104]
Por isso, nos pequenos grupos havia semanalmente um “inquérito” sobre como a alma de cada um havia prosperado.[105]
A disciplina era fundamental para Wesley. Ele disse: "A alma e o corpo fazem um homem. O espírito e a disciplina fazem um cristão."[106]
Nos dias de hoje, com os pequenos grupos de Wesley, aprendemos sobre seu grande propósito de ser apoio na busca da santidade e salvação.
Os pequenos grupos em igrejas locais tradicionais contribuirão para uma maior comunhão, liberdade, mobilização, santidade, crescimento etc.
Para Wesley, a “Igreja em Éfeso, como o próprio Apóstolo o explica significa os santos, as pessoas santas ‘que estão em Éfeso e lá se reúnem para cultuar a Deus, o Pai, e seu Filho Jesus Cristo”.[107]
Onde não é possível uma abertura maior à graça de Deus e onde não é possível haver comunhão por causa do formalismo, os pequenos grupos permitem uma maior liberdade.
Podemos ser aquecidos em amor e fortalecidos na fé nos aproximando mais uns dos outros gerando maior unidade.
A própria igreja deve proporcionar as reuniões dos pequenos grupos onde as relações podem crescer entre as pessoas e eles sejam capazes de descobrir as necessidades e ajudar uns aos outros.
Devemos ter o cuidado para evitar querer formar acadêmicos de
teologia ou de somente passar informações bíblicas e teológicas.
Não era um encontro de aprendizado acadêmico. Eles se reuniam semanalmente à noite para a confissão mútua de pecados e prestação de contas para crescer em santidade.[108]
Muitos dos pregadores locais eram líderes das classes. Eles eram
escolhidos pelo caráter.
Diante dos que se apresentavam para receber atribuição de
pregadores locais, Wesley lhes perguntava:
(2) Tens os dons? (reconhecimento do chamamento do Espírito).
(3) Tens os frutos? (comprovação na prática da Graça e dos Dons).[109]
Devemos ter o cuidado com o triunfalismo. Wesley teve também dificuldades com algumas classes e bands. Teve dificuldades com alguns líderes. Algumas classes diminuíram no número de participantes, outras cresceram, mas ele não desistiu por causa disso. Ele acreditou no propósito de Deus para aquele momento histórico.
Os discípulos de Jesus faziam perguntas ao seu Mestre. Nos pequenos grupos de Wesley as pessoas abriam seus corações para falar do estado de sua alma para encontrar apoio no grupo. Hoje precisamos reaprender sobre essa prática.
As reuniões dos pequenos grupos hoje não podem ser de meras
palestras, leituras de textos bíblicos ou de comentário dos estudos.
Os “talmidim” de hoje precisam ter espaço para fazerem perguntas, como os discípulos de Jesus faziam, e devem também ter espaço para abrirem seus corações para serem ouvidos e ministrados, como nos pequenos grupos de Wesley.
Deve haver um profundo acompanhamento dos mestres (Iíderes de pequenos grupos) no desenvolvimento espiritual dos talmidim (discípulos). Nos pequenos grupos de Wesley os líderes compartilhavam “honestamente sobre suas falhas, pecados, tentações, ou batalhas interiores. Eles foram os modelos para os outros.
As reuniões de classe giravam em torno da experiência pessoal, não
doutrina ou informação bíblica. O amor perfeito foi o objetivo das reuniões de
classe”.[110]
Nos dias de hoje, é fundamental treinar novos líderes como um exército do Senhor, mas que sejam santos e irrepreensíveis; que sejam disciplinados tendo o propósito de levá-los à santidade.
Wesley treinou e mobilizou um exército maciço de líderes colocando um de cada dez dos seus membros em cargos de liderança - barbeiros, ferreiros, padeiros, homens e mulheres.
Uma descrição do trabalho daqueles que cuidavam das sociedades e classes enumera algumas de suas atividades: pregar, ensinar, estudar, viajar, conhecer, fazer exercícios diários e comer com moderação.[111]
Na escolha dos líderes hoje estará o sucesso do pequeno grupo. Uma grande parte do sucesso no sistema de classes tinha a ver com a liderança.
A formação da classe operária inglesa teve origem nas classes e bands de Wesley.[112]É fundamental, portanto, preparar novos líderes, valorizar o ministério do mestre.
Precisamos retornar à ênfase de Wesley quando as pessoas eram ouvidas nos pequenos grupos.
Wesley chamava de “conversa íntima” a função central dos Bands e nas Classes havia uma abertura do coração de cada um sobre a semana que passou.
O objetivo era prestar contas e sustentar um ao outro com seu testemunho. A parte principal era o “relatório sobre a sua alma”.[113]
Pelo menos, em parte, hoje podemos retomar essa prática porque além dos pequenos grupos (edificação) temos a Escola Dominical (instrução, ensino).
Certamente, não
podemos reproduzir o processo de Wesley completamente, mas podemos transmitir
os princípios importantes em nossas congregações locais.
Portanto, dentro da visão wesleyana é fundamental hoje priorizar o discipulado. Afinal, o metodismo começou com os pequenos grupos.
As palavras de George Whitefield comentando sobre a prática dos pequenos grupos de Wesley ainda nos falam nos dias de hoje: “Meu irmão Wesley agiu sabiamente, as almas que foram despertadas em seu ministério ele as reuniu em sala de aula e, assim, preservou os frutos de seu trabalho. Isso eu tenho negligenciado e o meu povo é uma corda de areia”.[115]
Whitefield pregava a grandes multidões, mas não seguiu o modelo
dos pequenos grupos de Wesley.
Os pequenos grupos cumprem a sua função quando eles proporcionam a cura das feridas internas e abrem espaço para todos se expressarem sobre as suas dificuldades e vitórias; os pequenos grupos cumprem a sua função quando eles proporcionam intimidade com Cristo gerando uma maior comunhão de uns com os outros; os pequenos grupos cumprem a sua função quando eles proporcionam o revestimento do Espírito Santo e direcionam a uma disciplina e responsabilidade mútua.
Os pequenos grupos cumprem a sua função quando os líderes e discípulos seguem os passos do discipulado de Jesus, Paulo e Wesley.
Assim, poderemos experimentar as palavras de João Wesley, que afirmou: "a Igreja não transforma o mundo fazendo convertidos, mas fazendo discípulos."[116]
[1] HEITZENHATER, Richard P. Wesley e o
povo chamado metodista.Editeo-Pastoral Bennett, 1996op. cit, p.127.
[2] HEITZENHATER, Richard P. Wesley e o povo chamado metodista. Editeo-Pastoral
Bennett, 1996, p.21.
[3] Ibidem, p.24.
[4] Ibidem., p.24.
[5] HEITZENHATER, Richard P. Wesley e o povo chamado metodista.
idem, p.78.
[6] HEITZENHATER, Richard P., Ibidem.,
p.78.
[7]
Ibidem, p.79;
[8]
RUMBLE, L.
“Os Metodistas” em Vozes em defesa da fé. Petrópolis:Editora Vozes
Limitada, 1959, p.30.
[9] KLAIBER, Walter; MARQUARDT, Manfred. Viver a graça de Deus. Editeo-Editora Cedro, 1999, p. 302.
[10]
Em 1739, com
tendências morávias, Philip Henry Molther, passou a ensinar nas sociedades de
Londres que não haviam meios de graça e sim Cristo. Eles deveriam permanecer
"quietos", diante do Senhor. Essa "teologia sublime" era
contrária "a tudo em que Wesley há muito tempo cria e praticava".
Wesley exortou as sociedades a esperarem no Senhor em todas as sua ordenanças
(HEITZENHATER, Richard P., Ibidem, p.106).
[11] HEITZENHATER, Richard P. Ibidem,
p. 84.
[12]
Ibidem, p.45.
[15]
Idem.
[16]
HEITZENHATER,
Richard P., Ibidem, p.104.
[17]
LELIÈVRE,
Mateo. João Wesley, Sua vida e obra. Editora Vida, 1997, p.118.
[18]
Existiam
diversas sociedades na Inglaterra. Wesley e outros líderes do Clube Santo
lideravam algumas, mas não necessariamente elas eram consideradas metodistas
(HEITZENHATER, Richard P., Ibidem, p.103
[19]
Idem.
[20]
Idem, p.119.
[21]
Ibidem,
p.108.
[22]
Ibidem, p.123.
[23]
LELIÈVRE,
Mateo. João Wesley, Sua vida e obra., ibidem, p.366.
[24] HEITZENHATER, Richard P. Wesley e o povo chamado metodista. Editeo- Pastoral Bennett, 1996, p. 78.
[25]
http://www.goforthall.org/articles/jw_dscplshp.html
[26]
Idem.
[27]
http://wesley.nnu.edu/?id=92
[28]
http://wesley.nnu.edu/john-wesley/the-life-of-john-wesley-by-john-telford/the-life-of-john-wesley-by-john-telford-chapter-5/
[30] Idem.
[31]
Idem.
[32] Idem.
[33]
HEITZENHATER, Richard
P. Wesley e o povo chamado metodista. Editeo-Pastoral
Bennett, 1996,p.66.
[34] HEITZENHATER,
Richard P., Ibidem., p.78.
[35] Ibidem, p.79;
[36] RUMBLE, L. “Os Metodistas” em Vozes
em defesa da fé. Petrópolis:Editora Vozes Limitada, 1959, p.30.
[37] KLAIBER, Walter; MARQUARDT,
Manfred. Viver a graça de Deus. Editeo-Editora Cedro, 1999, p. 302.
[38] Em 1739, com tendências morávias,
Philip Henry Molther, passou a ensinar nas sociedades de Londres que não havia
meios de graça e sim Cristo. Eles deveriam permanecer "quietos",
diante do Senhor. Essa "teologia sublime" era contrária "a tudo
em que Wesley há muito tempo cria e praticava". Wesley exortou as
sociedades a esperarem no Senhor em todas as sua ordenanças (HEITZENHATER,
Richard P., Ibidem, p.106).
[39] HEITZENHATER,
Richard P. Ibidem, p. 84.
[40]
Ibidem, p. 45.
[41]
BURTNER, Robert; CHILES, Robert. Coletânea da Teologia de João Wesley, ibidem, p.264.
[42]
http://www.disciplewalk.com/files/Joel_Comiskey_Methodist.pdf.
[43]
http://www.nph.com/nphweb//html/ht/article.jsp?id=10008759
[44]
http://www.andrewthompson.com/
[45] http://www.andrewthompson.com/
[46] WESLEY, João Wesley. Trechos do Diário de João Wesley.
Traduzido por Paul Eugene Buyers. Junta Geral de Educação Cristã, 1965, p.41.
[47]
HEITZENHATER, Richard P., Ibidem, p.104.
[48]
http://www.disciplewalk.com/files/Joel_Comiskey_Methodist.pdf.
[49] LELIÈVRE, Mateo. João
Wesley, Sua vida e obra. Editora Vida, 1997, p.118.
[50] Existiam diversas sociedades na
Inglaterra. Wesley e outros líderes do Clube Santo lideravam algumas, mas não
necessariamente elas eram consideradas metodistas (HEITZENHATER, Richard P.,
Ibidem, p.103).
[51]
http://blogs.nazarene.org/rev4/2011/04/02/the-bands.
[52] Idem.
[53]Obras-de
Wesley Vol. 2, pág. 204:ww.goforthall.org/articles/jw_dscplshp.html.
[54]
http://housechurch.org/miscellaneous/wesley_band-societies.html
[55]
http://coregroups.org/threestrandmodel.html
[56] Cartas Vol. 4, pág. 3,
Para George Merryweather: www.goforthall.org/articles/jw_dscplshp.html
[57]
http://www.disciplewalk.com/files/Joel_Comiskey_Methodist.pdf.
[59] Idem.
[60]
http://www.disciplewalk.com/files/Joel_Comiskey_Methodist.pdf.
[61] www.goforthall.org/articles/jw_dscplshp.html
[62] Idem.
[63] LELIÈVRE, Mateo. João Wesley,
Sua vida e obra., ibidem, p.366.
[64] http://www.bhd.bz/methodistchurch/index.cfm?menuid=6&action=newsview&retrieveid=50. Dr.
George Hunter é Diretor e Professor de Evangelismo e Crescimento da Igreja no
Seminário Teológico Asbury.
[65] WESLEY. João. Trechos do Diário de João Wesley. São Paulo: JGEC, 1965, p.75.
[66] As Obras de John Wesley, vol.
VIII, p.47.)
[67] http://dearleys.wordpress.com/2012/03/11/you-have-nothing-to-do-but-to-save-souls - Obras,
VII, 310.
[68] http://coregroups.org/core3strand.html
[69] http://www.disciplewalk.com/files/Joel_Comiskey_Methodist.pdf
[70] http://pt.wikipedia.org/wiki/Gra%C3%A7a_preveniente - Graça preveniente é divina graça que precede a decisão humana. Ela existe antes de
e sem referência a qualquer feito humano. Como os homens foram corrompidos pelo
efeito do pecado, a graça preveniente permite as pessoas exercerem
o seu livre-arbítrio dado por Deus, podendo então, escolher a salvação oferecida por Deus em
Jesus Cristo ou rejeitar a oferta salvífica.
[71]
http://christianity.livejournal.com/3228115.html.
[72] BURTNER, Robert – CHILES, Robert. Coletânea da Teologia de João Wesley. Idem,
p.264.
[73] Idem.
[74] WESLEY, João. Trechos do Diário de Wesley, Idem, p. 148.
[75]
Idem, p.34-45
[76]
http://blogs.nazarene.org/rev4/page/2/
[77]
http://hermeneutic.org/2009/05/wesley-and-lay-ministry.html
[78]
http://www.andrewthompson.com/
[79] http://www.touchusa.org/Articles/CC_archives/volume6/issue4.htm. Ele tem
sido um pastor e professor de faculdade / seminário, tanto nos Estados Unidos e
na África por 40 anos. Dr. Henderson é um graduado da Asbury College e
Seminário, da Universidade de Yale e da Universidade de Indiana.
[80]
http://hermeneutic.org/2009/05/wesley-and-lay-ministry.html.
[81]
http://blogs.nazarene.org/rev4/2011/04/02/the-penitent-bands.
[84]
http://blogs.nazarene.org/rev4/2011/04/02/the-select-society/
[86]
http://www.wondercafe.ca/discussion/religion-and-faith/what-agap%C3%A9-meal
[87] LELIÈVRE, Mateo. João
Wesley, Sua vida e obra, ibidem, p.366.
[88] WESLEY, João.Trechos do diário de João Wesley, idem, p.104.
[89] Idem.
[90] Idem.
[91] Idem, p.69.
[92]
http://www.the-highway.com/ecclesia_Lloyd-Jones.html
[93]
http://www.confessingcongregations.com/uploads/Collins_-_Holy_Love.pdf
[94] Idem.
[95]
http://www.the-highway.com/ecclesia_Lloyd-Jones.html.
[96]
HEITZENHATER, Richard P., op. cit, p. 118.
[97] WESLEY, João. Trechos do Diário de Wesley, Idem, p.50.
[98] Idem.
[99] Idem.
[100]
http://goodnewsmag.org/2011/07/22/embracing-wesleyan-spirituality.
[101]
http://www.confessingcongregations.com/uploads/Collins_-_Holy_Love.pdf.
[102]
http://goodnewsmag.org/2011/07/22/embracing-wesleyan-spirituality.
[103] BURTNER, Robert; CHILES, Robert. Coletânea
da Teologia de João Wesley, ibidem, p.264.
[104]
http://coregroups.org/threestrandmodel.html.
[105]
http://www.ncnnews.com/nphweb/html/ht/article.jsp?id=10008759.
[106]
http://www.confessingcongregations.com/uploads/Collins_-_Holy_Love.pdf.
[107] BURTNER, Robert – CHILES, Robert. Coletânea da Teologia de João Wesley. Idem,
p.259.
[108]
http://coregroups.org/threestrandmodel.html.
[109]
http://www.metodistasonline.kit.net/donseministerios.htm.
[110]
http://www.ncnnews.com/nphweb/html/ht/article.jsp?id=10008759.
[111]
http://coregroups.org/threestrandmodel.html.
[112] THOMPSON, Edward P. A Formação da Classe Operária Inglesa. 1v. Paz e Terra, 1987.
[113]
http://www.disciplewalk.com/files/Joel_Comiskey_Methodist.pdf.
[114]
http://www.ncnnews.com/nphweb/html/ht/article.jsp?id=10008759.
[115]
http://seedbed.com/feed/how-john-wesley-s-class-meetings-serve-as-identity-formation.
[116] Idem.
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