A
essência do amor ágape
segundo
João Wesley
Odilon
Massolar Chaves
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Odilon Massolar Chaves é
pastor metodista aposentado, doutor em Teologia e História pela Universidade
Metodista de São Paulo.
Sua tese tratou sobre o
avivamento metodista na Inglaterra no século XVIII e a sua contribuição como
paradigma para nossos dias.
Foi editor do jornal
oficial metodista e coordenador de Curso de Teologia.
É escritor, poeta e youtuber.
Toda glória seja dada ao Senhor
“Oh! Permite que nada em minha alma
Habite senão teu puro amor.
Oh! Possa teu amor possuir-me todo,
Minha alegria, meu tesouro, minha
coroa.
Paixões estranhas de meu coração
remove.
Sejam de amor meus atos, palavras e
pensamentos”
(João Wesley)
Índice
Introdução
Comentários de Wesley sobre o Evangelho de João
O amor segundo o apóstolo João
O amor segundo Wesley
Introdução
“A essência do amor ágape
segundo João Wesley” é um livro que trata especificamente sobre o amor.
Dividimos o livro em três
partes. Primeiro, os textos bíblicos que tratam do amor no Evangelho de João,
com comentários de João Wesley na maior parte dos trinta versículos. Esses
comentários foram retirados de suas Notas sobre o Novo testamento.
Em segundo lugar, analisamos
os textos bíblicos também das epístolas de João verificando o original grego e
também contando com alguns comentários de teólogos.
Em terceiro lugar, abordamos a
visão que João Wesley tinha sobre a importância do amor.
Wesley foi um dos líderes
religiosos que mais enfatizaram o amor. Para ele, alcançaremos a santidade
quando tivermos o perfeito amor.
O amor é a essência e a fonte
da vida. Sem o amor, não temos vida aqui e nem na eternidade. A Bíblia diz que
Deus é Amor.
Esse livro procura despertar a
todos para a importância do amor na vida cristã.
O Autor
Comentários
de Wesley sobre o Evangelho de João
Deus amou o mundo
“Porque Deus amou o mundo de tal maneira
que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça,
mas tenha a vida eterna” (João 3.16).
Este é o texto mais citado sobre o amor
de Deus. É o genuíno amor ágape, que se doa.
João Wesley comentou: Sim,
e esse foi o próprio objetivo do amor de Deus em enviá-lo ao mundo. Todo aquele
que nele crê - Com aquela fé que opera por amor, e mantém firme o princípio de
sua confiança até o fim. Deus amou tanto o mundo - Ou seja, todos os homens
debaixo do céu; mesmo aqueles que desprezam o seu amor, e por essa causa
finalmente perecem. Caso contrário, não acreditar não seria pecado para eles.
Para o que eles deveriam acreditar? Eles deveriam acreditar que Cristo foi dado
por eles? Então ele foi dado por eles. Ele deu seu único Filho - verdadeira e
seriamente. E o Filho de Deus se entregou, Gálatas 4: 4, verdadeira e
seriamente.[1]
O Pai ama ao Filho
“Porque o Pai ama o Filho, e
mostra-lhe tudo o que faz; e ele lhe mostrará maiores obras do que estas, para
que vos maravilheis” (João 5.20).
Deus é Amor. Quem é amor abre
possibilidades infinitas para quem ama, Jesus.
João
Wesley comentou: O Pai mostra-lhe todas as coisas que ele mesmo
faz - Uma prova da unidade mais íntima. E ele lhe mostrará - Ao fazê-las. Ao
mesmo tempo (não em momentos diferentes) o Pai mostra e faz, e o Filho vê e
faz. Obras
maiores - Jesus os chama mais frequentemente de obras do que sinais ou
maravilhas, porque não eram maravilhas aos seus olhos. Vocês se maravilharão -
assim fizeram, quando ele ressuscitou Lázaro.[2]
O Pai ama a Jesus
“Ainda tenho outras ovelhas que não são
deste aprisco; também me convém agregar estas, e elas ouvirão a minha voz, e
haverá um rebanho e um Pastor. Por isto o Pai me ama, porque dou a minha vida
para tornar a tomá-la” (João
10.16-17).
Quem ama com o amor ágape se doa. Jesus
amou até o fim intensamente.
|
João Wesley comentou: Eu também tenho outras ovelhas - as quais ele conheceu; que não são desta dobra - Não da Igreja ou nação judaica, mas gentios. Devo trazê-los da mesma forma - Em minha Igreja, a assembleia geral daqueles cujos nomes estão escritos no céu. E haverá um rebanho - (nem uma dobra, uma impressão simples e falsa) nenhum rebanho corrupto ou dividido restante. E um pastor - que deu a vida pelas ovelhas, e não deixará mercenário entre elas. A unidade do rebanho e do pastor será completada em sua estação. O pastor trará tudo em um rebanho; e todo o rebanho ouvirá o único pastor. Eu dou a minha vida para que eu possa levá-la novamente - eu morro alegremente para expiar os pecados dos homens, até o fim eu posso ressuscitar por sua justificação.[3] |
|
Jesus chora porque amava a Lázaro
“Jesus chorou. Disseram, pois, os judeus:
Vede como o amava” (João 11.35-36).
Jesus nos mostrou a verdadeira
humanidade, com sensibilidade e amor. Homem que é homem, chora. Mulher que é
mulher, chora.
João Wesley comentou: Jesus chorou - Por
simpatia com aqueles que estavam em lágrimas ao seu redor, bem como por um
profundo sentimento da miséria que o pecado trouxe à natureza humana.[4]
Quem ama a sua vida vai perde-la
“Quem ama a sua vida perdê-la-á, e quem
neste mundo odeia a sua vida, guardá-la-á para a vida eterna” (João 12.25).
A vida só tem sentido, se for uma doação.
Nós a recebemos de Deus. Somos chamados a amar até nos consumir. A vida em amor
será eterna.
João Wesley comentou: Aquele que ama a
sua vida - Mais do que a vontade de Deus; a perderá eternamente: e quem odeia a
sua vida - Em comparação com a vontade de Deus, a preservará. Mateus 10:39.[5]
Amaram a glória dos homens
“Apesar de tudo, até muitos dos principais
creram nele; mas não o confessavam por causa dos fariseus, para não serem
expulsos da sinagoga. Porque amavam mais a glória dos homens do que a glória de
Deus” (João 12.42-43).
Sempre temos que decidir entre amar a
Deus e o mundo. Ao que mais amarmos vamos nos dedicar.
Jesus amou até o fim
“Ora, antes da festa da páscoa, sabendo
Jesus que já era chegada a sua hora de passar deste mundo para o Pai, como
havia amado os seus, que estavam no mundo, amou-os até o fim” (João 13.1).
João Wesley comentou: Antes da festa - Ou
seja, na quarta-feira, na semana pascal. Tendo amado os seus - Seus apóstolos,
ele os amou até o fim - De sua vida.[6]
O discípulo que Jesus amava
“Ora, um de seus discípulos, aquele a
quem Jesus amava, estava reclinado no seio de Jesus” (João 13.23).
O próprio apóstolo João fala de si mesmo
e por humildade não cita seu nome. João ficou com a responsabilidade de cuidar
da mãe de Jesus. Foi o que disse Jesus ainda na cruz.
João Wesley comentou: Havia deitado no
seio de Jesus - isto é, sentado ao lado dele à mesa. Essa frase só expressa a
postura habitual nas refeições, onde todos os convidados se inclinavam de lado
nos sofás. Dizia-se que cada um estava no seio daquele que foi colocado ao lado
dele. Um dos discípulos que Jesus amava - São João evita com muito cuidado a
nomeação expressa de si mesmo. Talvez nosso Senhor agora tenha lhe dado a
primeira prova de seu amor peculiar, revelando esse segredo a ele.[7]
O novo mandamento
“Um novo mandamento vos dou: Que vos
ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos
ameis” (João 13.34).
Jesus como Mestre ensinou aos seus
discípulos como amar. Ele precisou dar o exemplo e ser modelo para seus
discípulos.
João Wesley comentou: Um novo mandamento
- não é novo em si; mas novo na escola de Cristo, porque ele nunca os havia
ensinado expressamente. Igualmente novo, quanto ao seu grau, como eu te amei.[8]
Pelo amor seremos reconhecidos como discípulos
“Nisto todos conhecerão que sois meus
discípulos, se vos amardes uns aos outros” (João 13.35).
Era o principal ensinamento de Jesus
fazendo toda a diferença com os outros rabis, na época. Acima de tudo, Jesus
amou e ensinou a amar.
Sinal que amamos a Jesus
“Se me amais, guardai os meus
mandamentos” (João 14.15).
Palavras não são suficientes para mostrar
que amamos. É necessário provar que os discípulos amavam a Jesus e por isso o
seguiam.
João Wesley comentou: Se me amais,
guardai meus mandamentos - Imediatamente após a fé, ele exorta ao amor e às
boas obras.[9]
A importância de ter os mandamentos de Jesus
“Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei, e me manifestarei a ele” (João 14.21).
Muito forte essa afirmação. Não basta
dizer que ama a Deus. Jesus veio para reconciliar o ser humano com Deus. Por
isso, amar a Jesus significa que seremos amados pelo Pai.
João Wesley comentou: Aquele que tem meus
mandamentos - está escrito em seu coração. Vou me manifestar a ele - mais
abundantemente.[10]
Jesus completa a afirmação agora falando
de forma negativa. E diz porque deveriam guardar a sua palavra.
“Quem não me ama não guarda as minhas
palavras; ora, a palavra que ouvistes não é minha, mas do Pai que me enviou” (João
14.24).
Jesus amou aos discípulos
“Como o Pai me amou, também eu vos amei a vós; permanecei no
meu amor” (João 15.9).
Tudo se resume no amor. O Pai ama, Jesus ama e os discípulos
devem amar.
João Wesley comentou: Permaneçam no meu
amor - Mantenha seu lugar no meu carinho. Veja que você não perde essa bênção
inestimável. Quão desnecessária é a cautela, se lhes fosse impossível não
permanecer nela? [11]
Como permanecer no amor de Jesus
“Se guardardes os meus mandamentos,
permanecereis no meu amor; do mesmo modo que eu tenho guardado os mandamentos
de meu Pai, e permaneço no seu amor” (João 15.10).
Jesus explica porque é importante os
discípulos guardarem os seus mandamentos.
João Wesley comentou: Se guardardes os
meus mandamentos, permanecerás no meu amor - Nestes termos, e em nenhum outro,
permanecereis os objetos do meu carinho especial.[12]
Amar uns aos outros
“O meu mandamento é este: Que vos ameis
uns aos outros, assim como eu vos amei” (João
15.12).
Jesus tinha um mandamento: amar uns aos
outros. Todo o restante então passa a acontecer, inclusive, guardar os seus
mandamentos.
João Wesley comentou: Sua alegria será
plena, se vocês se amam.[13]
O maior amor
“Ninguém tem maior amor do que este, de
dar alguém a sua vida pelos seus amigos” (João
15.13).
O amor ágape tem tamanho. Um amor imenso
leva a uma doação plena aos seus amigos.
João Wesley comentou: Maior amor - Para
seus amigos. Ele aqui fala apenas deles.[14]
Jesus manda amar uns aos outros
“Isto vos mando: Que vos ameis uns aos
outros” (João 15.17).
Novamente, Jesus repete que os discípulos
devem amar uns aos outros. Não pode haver espaço para o ressentimento, raiva,
inveja, ódio, etc, no coração do discípulo de Jesus.
O Pai nos ama
“Pois o mesmo Pai vos ama, visto como vós
me amastes, e crestes que saí de Deus” (João
16.27).
Jesus fala algo fantástico que deve ter
em muito alegrado os corações dos discípulos: eles eram amados pelo Pai e
explica o motivo.
O amor de Deus em Jesus
“E eu lhes fiz conhecer o teu nome, e lho
farei conhecer mais, para que o amor com que me tens amado esteja neles, e eu
neles esteja” (João 17.26).
O amor de Deus é o amor ágape. O
propósito de Jesus era que esse mesmo amor estivesse na vida e atitudes dos
seus discípulos.
João Wesley comentou: Eu declarei a eles
o teu nome - Teu novo e melhor nome de amor; que o amor com o qual me amaste -
que tu e o teu amor, e eu e o meu amor, esteja neles - que possam me amar com
esse amor.[15]
Jesus pergunta a Pedro se ele o ama
“E, depois de terem jantado, disse Jesus
a Simão Pedro: Simão, filho de Jonas, amas-me mais do que estes? E ele
respondeu: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe: Apascenta os meus
cordeiros” (João 21.15).
Quando jesus perguntou a Pedro se ele o
ama, Jesus utilizou o verbo agapao, o amor perfeito. Pedro respondeu que amava
apenas como amigo (phileo).
João Wesley comentou: Simão, filho de
Jonas - A denominação que Cristo havia lhe dado, quando se fez aquela confissão
gloriosa, 16:16, cuja lembrança poderia torná-lo mais profundamente sensível à
sua negação tardia daquele a quem ele havia confessado. Amas-me tu? - Por três
vezes, nosso Senhor pergunta a ele, que o negou três vezes: mais do que estes -
Seus companheiros discípulos fazem? - Peter pensou assim uma vez, 26:33, mas
agora ele responde apenas - eu te amo, sem acrescentar mais do que isso. Tu
sabes - Ele agora tinha aprendido por triste experiência que Jesus conhecia o
seu coração. Meus cordeiros - O mais fraco e terno do rebanho.[16]
Jesus pergunta novamente a Pedro se ele o
ama
“Tornou a dizer-lhe segunda vez: Simão,
filho de Jonas, amas-me? Disse-lhe: Sim, Senhor, tu sabes que te amo.
Disse-lhe: Apascenta as minhas ovelhas” (João 21.16).
Novamente, Jesus utiliza o verbo agapao e Pedro responde que o
amava como amigo, phileo.
Jesus pergunta pela terceira vez a Pedro se ele o ama
“Disse-lhe terceira vez: Simão, filho de
Jonas, amas-me? Simão entristeceu-se por lhe ter dito terceira vez: Amas-me? E
disse-lhe: Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que eu te amo. Jesus disse-lhe:
Apascenta as minhas ovelhas” (João
21.17).
Agora, Jesus pergunta a Pedro se ele o
amava utilizando o phileo, amar como amigo. Pedro respondeu que o amava, sim,
como phileo.
João Wesley comentou: Porque ele disse pela terceira vez -
Como se ele não acreditasse nele.[17]
O discípulo a quem Jesus amava
“E Pedro, voltando-se, viu que o seguia
aquele discípulo a quem Jesus amava, e que na ceia se recostara também sobre o
seu peito, e que dissera: Senhor, quem é que te há de trair?” (João
21.20).
João Wesley comentou: Pedro se virando -
enquanto caminhava atrás de Cristo. Vê o discípulo a quem Jesus amava segui-lo
- Há um espírito e uma ternura peculiar nesta passagem clara. Cristo ordena que
São Pedro o siga em sinal de sua prontidão para ser crucificado em sua causa.
São João não fica para a ligação; ele se levanta e o segue também; mas não diz
uma palavra de seu próprio amor ou zelo. Ele escolheu que a ação deveria apenas
falar isso; e mesmo quando ele registra a circunstância, ele nos diz não o que
essa ação significava, mas com grande simplicidade relaciona apenas o fato. Se
aqui e ali um coração generoso o vê e emula, seja assim; mas ele não é solícito
que os homens a admirem. Foi dirigido ao seu amado Mestre, e bastava que ele
entendesse isso..[18]
O amor
segundo o apóstolo João
O
apóstolo João é mais incisivo sobre a necessidade do amor na vida do cristão.
Ele utiliza o termo ágape para se referir ao verdadeiro amor. Ele declarou:
“Aquele que não ama (αγάπη) não conhece a
Deus, porque Deus é amor (αγάπη)” (1 João 4.8).
Então, Deus
não ama simplesmente. Ele
é o amor em sua essência. Tudo
o que Deus faz flui do Seu amor.[19]
João
utiliza especialmente ágape para falar sobre o amor (João 5.42; João 13.35;
João 15.9; João 15.10; João 15.13; João 17.26, etc).
Ele
afirma que o amor é necessário para a nossa salvação: “Sabemos que já passamos
da morte para a vida porque amamos nossos irmãos. Quem não ama permanece na
morte” (1 João
3.14).
Nas
suas epístolas, João orienta sobre o amor. É o principal destaque. Não é sem
motivo que Jesus o chama de discípulo amado.
João
é muito forte nas afirmações: “Amados, amemos uns aos outros, pois o amor
procede de Deus. Aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus” (1Jo 4.7).
O
amor procede de Deus porque Ele é a fonte do amor. E, na verdade, só podemos
amar verdadeiramente porque Ele nos amou primeiro: “Nós amamos porque ele nos
amou primeiro. Se alguém afirmar: ‘Eu amo a Deus’, mas odiar seu irmão, é
mentiroso, pois quem não ama seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem
não vê” (1 João
4.19-20).
A
obediência é a essência do amor a Deus, segundo João: “Porque nisto consiste o
amor a Deus: em obedecer aos seus mandamentos. E os seus mandamentos não são
pesados” (1 João
5.3).
João
também destaca a vinda de Jesus ao mundo para salvar os pecadores por amor, um
amor sacrificial: “Foi assim que Deus manifestou o seu amor entre nós: enviou o
seu Filho Unigênito ao mundo, para que pudéssemos viver por meio dele. Nisto
consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou
e enviou seu Filho como propiciação pelos nossos pecados” (1 João
4.9-10).
E
orienta para a necessidade de permanecermos no amor. Só assim permaneceremos em
Deus. Só dessa forma também o amor é em nós aperfeiçoado: “Assim conhecemos o
amor que Deus tem por nós e confiamos nesse amor. Deus é amor. Todo aquele que
permanece no amor permanece em Deus, e Deus nele. Dessa forma o amor está
aperfeiçoado entre nós, para que no dia do juízo tenhamos confiança, porque
neste mundo somos como ele. No amor não há medo; ao contrário o perfeito amor
expulsa o medo, porque o medo supõe castigo. Aquele que tem medo não está
aperfeiçoado no amor” (1 João
4.16-18).
O
apóstolo João afirma que no amor ágape não há medo (1Jo 4.18).
Qual
o motivo?
“O
medo não está dentro do amor, antes o verdadeiro amor lança para fora o medo;
porque o medo possui dentro de si o castigo ou pena, e o que tem medo não é
perfeito em amor’ (...). Depois o texto enfatiza que o verdadeiro AGÁPE retira
o medo da situação ou pessoa que está recebendo o AGÁPE. Então quando o AGÁPE
age, o medo vai embora, é expulso (...)”.[20]
Na
epístola, João ainda destaca a prática do amor pelos outros: “Esta é a mensagem
que vocês ouviram desde o princípio: que nos amemos uns aos outros” (1 João 3.11):
“Sabemos
que já passamos da morte para a vida porque amamos nossos irmãos. Quem não ama
permanece na morte” (1 João 3.14).
O
apóstolo João explicou o que é o amor dando o exemplo de Jesus que se doou indo
até a cruz para nos salvar: “Nisto conhecemos o que é o amor: Jesus Cristo deu
a sua vida por nós, e devemos dar a nossa vida por nossos irmãos. Se alguém
tiver recursos materiais e, vendo seu irmão em necessidade, não se compadecer
dele, como pode permanecer nele o amor de Deus? Filhinhos, não amemos de
palavra nem de boca, mas em ação e em verdade” (1 João
3.16-18).
1
João 3.1 descreve sobre um grande amor de Deus por nós: “Vede que grande amor
nos tem concedido o Pai” (3.1). A palavra grega para grande (potapós) é sempre
utilizada em contexto onde o maravilhar-se está presente, de forma que a
expressão em si tem um ar de magnitude. Dessa forma, notamos que o amor que
Deus tem é imenso”. [21]
João
registrou no Evangelho que Jesus orientou aos seus discípulos sobre a
importância de permanecermos e praticarmos o amor: "Como o Pai me amou,
assim eu os amei; permaneçam no meu amor. Se vocês obedecerem aos meus
mandamentos, permanecerão no meu amor, assim como tenho obedecido aos
mandamentos de meu Pai e em seu amor permaneço” (João 15.9-10).
Em
João 17.24, Jesus fala do amor ágape que permanece ativo e que é eterno: “(...)
porque tu me amaste antes da fundação do mundo”.
Por causa deste amor ágape, Deus enviou seu Filho para salvar o mundo (João 3.16; João 3.35). É com este amor ágape que Jesus Cristo nos ama (João 13.1). É com este amor que Deus nos ama e é com ele que devemos amar uns aos outros (João 13.25).[22]
E
na sua célebre orientação sobre a prática do amor, Jesus disse aos seus discípulos:
“Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes (agapáte) uns aos outros” (João 13.35). (...) No texto original, vemos que Jesus está
falando do amor ágape. É o amor da decisão, que depende da livre escolha,
determinação e princípios, e não de sentimentos ou condições. É o amor de
Deus”.[23]
Segundo Dr.DW Ekstrand,[24] “Deus criou o ser
humano com duas necessidades básicas: necessidade
de ser amado e de amar. Nossa necessidade de ‘ser amado’ só pode ser
realizada ao percebermos que Deus nos ama incondicionalmente com o amor
ágape. Quando Cristo entra em nossas vidas, “o amor de Deus é derramado em
nossos corações pelo Espírito Santo” (Rm 5: 5). É o próprio
Deus que entra em nossos corações naquele momento e ‘Ele é amor” (1Jo 4:
8,16)”.[25]
Estes
textos acima descrevem apenas uma parte do que é o grandioso amor de Deus.
Estes textos descrevem ainda a profundidade e beleza do amor ágape, que é
essencial para nossas vidas.
O amor
segundo Wesley
João Wesley disse: “Logo que
cremos, amamos a Deus...” “nós o amamos porque Ele nos amou primeiro”.[26]
Esse amor é apenas o início,
pois há uma medida maior do amor de Deus para recebermos.
O amor de Deus derramado em
nossos corações, segundo Romanos 5.5, “é um dom transformador - produz amor por
Deus e pelos outros”.[27]
Em 28 de abril de 1762, numa
reunião do povo metodista, o Espírito Santo derramou Seu amor nas pessoas
presentes: “Deus derramou abundantemente Seu Espírito sobre nós. Muitos ficaram
cheios de consolação (...) Deus restaurou o homem à luz da Sua face, e deu à
jovem moça a convicção clara do Seu amor.”[28]
Numa outra reunião em 13 de
outubro de 1747, a chama do amor marcou a vida dos presentes: “(...) uma chama
de amor se manifestou de tal maneira como nunca se tinha visto antes.”[29]
Wesley é chamado de “Teólogo
do amor”.
Para ele, o amor é o dom mais
sublime de Deus. Ele diz que não devemos nos esquecer “que todos os dons
mencionados são iguais ou infinitamente inferiores a este dom do amor”.[30]
Para ele, a “marca bíblica
daqueles que são nascidos de Deus, e a maior de todas é o amor”.[31]
Um hino de Wesley fala desse amor:
“Oh! Permite que nada em minha alma
Habite senão teu puro amor.
Oh! Possa teu amor possuir-me todo,
Minha alegria, meu tesouro, minha
coroa.
Paixões estranhas de meu coração
remove.
Sejam de amor meus atos, palavras e
pensamentos. ”[32]
Em seu livro “Um Relato Claro
da Perfeição Cristã”, Wesley afirma que a perfeição implica em “amar a
Deus com todo o nosso coração, entendimento, alma e força e que nada de mau
gênio, nada contrário ao amor, permanece na alma; que todos os pensamentos, palavras
e ações, são governadas pelo puro amor”.[33]
Sabemos que todos que creem
em Jesus como Senhor e Salvador têm o Espírito Santo: “Em quem também
confiastes, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa
salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da
promessa" – (Efésios 1.13; cf. Gálatas 4.6).
Quem tem o Espírito Santo tem
o fruto do amor (Gl 5.22), mas o derramar do amor pelo Espírito é uma
experiência após a justificação, a conversão e após ter a fé em Jesus. A fé é
uma precondição para ter esse amor. Então, não é para incrédulos e sim para os
que já têm a fé e Jesus.
A graça de Deus é fundamental para que possamos crescer muito
mais espiritualmente, mas aquele que crê tem que buscar e estar aberto para ter
mais de Deus:
“A graça libera o crente para
seguir a vontade do Espírito e crescer na graça. Tal amadurecimento - indo
até a perfeição no amor - requer que o crente abra sua alma para o derramamento
do Espírito de Deus através das obras de piedade e obras de misericórdia que
nos trazem na comunhão diária com o Espírito para que nosso espírito possa ser
conformado com o espírito de Cristo”.[34]
Sobre graus do amor, Wesley
diz: “O amor de Deus perdoador ‘é derramado abundantemente em nosso coração
pelo Espírito Santo que nos é dado’. Este amor pode realmente admitir milhares
de graus”.[35]
Wesley mesmo teve outras
experiências com o derramamento do amor de Deus. Nem sempre foi suave como uma
brisa. Às vezes, pode ser através de um grau maior:
“O amor de Deus foi derramado no meu coração, e uma chama acendeu-se ali, com dores tão violentas, mas tão arrebatadoras, que meu corpo quase foi despedaçado. Eu amei. O Espírito chorou forte no meu coração. Eu suei. Eu tremi. Eu desmaiei. Eu cantei (...)”.[36]
Para Wesley, amar a Deus é a raiz de toda a santidade: “Precisamos amar a Deus antes de podermos ser santos; está é a raiz de toda a santidade. Mas não podemos amar a Deus enquanto não sabermos que Ele nos ama”.[37]
Santidade
para Wesley é “amor excluindo o pecado; amor enchendo o coração, assumindo toda a capacidade da alma. É o amor 'regozijando-se
sempre, orando sem cessar, em tudo dando graças”.[38]
A “experiência de Romanos 5:5
é o "princípio" a partir do qual "brota benevolência real e
desinteressada para toda a humanidade; tornando-o humilde, manso, gentil
com todos os homens, fácil de ser solicitado”.[39]
“Wesley descreve o amor de
Deus derramado em nossos corações como um tesouro celestial em um vaso de
barro. ‘Esse tesouro produz nossa felicidade duradoura.”[40]
Para Wesley, Romanos 5:5
revela o amor de Deus como um presente transformador: “É o dom de experimentar
o amor de Deus por si mesmo. Esse dom é recebido pela fé como evidência da
relação filial justificada de alguém com Deus. Este presente é a fonte de
nosso amor por Deus e pelos outros, quando respondemos ao amor de Deus com
gratidão. [41]
Escrevendo sobre o abundante
derramar do amor em nosso coração, Wesley esclarece que esse amor “pode admitir
milhares de graus, mas mesmo assim, desde que creiamos, todos nós podemos
verdadeiramente declarar perante Deus: ‘Senhor, Tu sabes que te amo. Sabes que
o meu desejo é para Ti e a lembrança do Teu nome”.[42]
Romanos 5.5 está entre os
textos bíblicos favoritos e mais citados por Wesley.[43] A
epístola de 1 João era o seu livro preferido.[44] O tema
do amor sempre dominou a teologia de Wesley. Ele estava certo de que o tema do
amor era a mensagem central da Bíblia.[45]
[1] https://www.biblestudytools.com/commentaries/wesleys-explanatory-notes/john/john-3.html
[2] https://www.biblestudytools.com/commentaries/wesleys-explanatory-notes/john/john-5.html
[3] https://www.biblestudytools.com/commentaries/wesleys-explanatory-notes/john/john-10.html
[4] https://www.biblestudytools.com/commentaries/wesleys-explanatory-notes/john/john-11.html
[5] https://www.biblestudytools.com/commentaries/wesleys-explanatory-notes/john/john-12.html
[6] https://www.biblestudytools.com/commentaries/wesleys-explanatory-notes/john/john-13.html
[7] https://www.biblestudytools.com/commentaries/wesleys-explanatory-notes/john/john-13.html
[8]
Idem.
[9] https://www.biblestudytools.com/commentaries/wesleys-explanatory-notes/john/john-14.html
[10]
Idem.
[11] https://www.biblestudytools.com/commentaries/wesleys-explanatory-notes/john/john-15.html
[12]
Idem.
[13]
Idem.
[14]
Idem.
[15]
Idem.
[16] https://www.biblestudytools.com/commentaries/wesleys-explanatory-notes/john/john-21.html
[17]
Idem.
[18]
Idem.
[19]http://www.cinthiahiett.com/conversations-with-cinthia/2016/8/22/notes-loving-the-unlovable-and-agape-love
[20]
www.textospararefletir.blogspot.com/2011/06/no-amor-nao-ha-medo-i-joao-418.html
[21] https://marceloberti.wordpress.com/2008/04/09/a-relacao-entre-o-amor-agape-e-deus/
[22] http://www.prazerdapalavra.com.br/reflexoes/editoriais/17887-as-formas-do-amor
[23]
http://www.thetransformedsoul.com/additional-studies/spiritual-life-studies/the-essence-of-loving-god
[24] Donald
W. Ekstrand é professor adjunto de Estudos Cristãos na Universidade Grand
Canyon, em Phoenix, e Estudos Religiosos no Distrito Maricopa
Community College, no Arizona. Dr. Ekstrand é formado em Finanças,
Educação Secundária, Teologia e Divindade, e é graduado pela Universidade
Estadual do Arizona (Tempe, AZ), pela Escola de Teologia
Talbot (LaMirada, CA) e pelo Seminário Ocidental (Portland,
OR). Ele serviu em cargos de pastor, professor e administração executiva
por quase 40 anos. Don e sua esposa, Barbara, têm duas filhas adultas e
residem em Phoenix, Arizona. http://www.thetransformedsoul.com/about-the-author.
[25]http://www.thetransformedsoul.com/additional-studies/spiritual-life-studies/the-essence-of-loving-god
[26] BURTNER,
Robert - CHILES, Robert. Coletânea da Teologia de João Wesley. Junta Geral de
Educação Cristã, Imprensa Metodista, 1960, p. 207.
[27]NASMITH,
Ben - https://medium.com/@BNasmith/john-wesley-on-the-love-of-god-shed-abroad-in-our-hearts-9b9c45cf66b3 - As
Obras de John Wesley [vol. 2; ed. AC Outler; Abingdon, 1985], 433.
[28] WESLEY,
João. Trechos do diário de João Wesley, ibidem, p. 105.
[29] Ibidem,
p.97.
[30] WESLEY,
John. Explicação clara da perfeição cristã. Imprensa Metodista, São Bernardo do
Campo, SP, 1984, p.111.
[31]http://metodistabacacheri.com.br/site/wp-content/uploads/2011/07/As-marcas-do-novo-nascimento-John-Wesley.pdf
[32] ENSLEY,
Francis Gerald. João Wesley, o Evangelista. São Bernardo do Campo, SP, Imprensa
Metodista. 1960. http://www.nazarenopaulista.com.br/estudos/Joao_Wesley_O_Evangelista.pdf
[33] WESLEY,
John. Explicação clara da perfeição cristã. Imprensa Metodista, São Bernardo do
Campo, SP, 1984, p.53.
[34] SMITH,
J.Warren. “Estar aberto ao Espírito de
Deus: a teologia de Wesley sobre os meios da graça” -
https://wesleyancovenant.org/2018/05/17/being-open-to-the-spirit-of-god-wesleys-theology-of-the-means-of-grace/
[35] BURTNER,
Robert - CHILES, Robert. Coletânea da Teologia de João Wesley. Junta Geral de
Educação Cristã, Imprensa Metodista, 1960, p. 207.
[37] BURTNER,
Robert - CHILES, Robert. Coletânea da Teologia de João Wesley. Junta Geral de
Educação Cristã, Imprensa Metodista, 1960, p. 208.
[38]
https://blog.umcdiscipleship.org/holiness-of-heart-and-life-part-3-of-6/
[39] NASMITH, Ben -
https://medium.com/@BNasmith/john-wesley-on-the-love-of-god-shed-abroad-in-our-hearts-9b9c45cf66b3
[40] Idem.
[41] Idem.
[42] BURTNER,
Robert W.; CHILES, Robert E. Coletânea da Teologia de João Wesley. JGEC. São
Paulo: Imprensa Metodista, 1960, p.207.
[43]
https://quizlet.com/24221860/wesleys-favorite-scriptures-flash-cards/
[44]https://deadheroesdontsave.com/2014/01/15/john-wesley-1-john-favorite-book-impact-theology/
[45]
https://wesleyanarminian.wordpress.com/2011/04/14/the-bible-and-john-wesley/
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